Arquitetura Antiga Do Japao

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Universidade de Brasília – UnB Departamento de Línguas Estrangeira e Tradução (LET) Disciplina: Cultura Japonesa 1 Professor: Sachio Negawa Aluno(a): Lígia Dib Carneiro / 0416771 ARQUITETURA ANTIGA DO JAPÃO Brasília, DF, 27 de julho de 2006 Introdução Este trabalho irá tratar sobre o conceito de cultura e mostrar através da arquitetura antiga um pouco da cultura japonesa. A arquitetura antiga japonesa engloba um âmbito muito amplo e variado, por isso será abordado com maior ênfase o tema que se refere aos Pagodes japoneses de três e cinco níveis, os famosos “arranha-céus” da antiguidade, tendo como objetivo principal desvendar os segredos que protegem essas construções tão antigas contra forças sísmicas, como os terremotos bastante freqüentes no Japão. Além de curiosidades da arquitetura antiga como a influência do budismo, do Zen - budismo, estilos arquitetônicos tradicionais e as casa japonesas (uma mistura do velho e do novo). Podendo, assim, ser compreendido ao longo do trabalho o por quê das imagens tão estereotipadas ao se falar de Japão antigo tentando desmistifica-las através do que será abordado. O que é “cultura” para mim? Numerosos são os conceitos sobre cultura. O mais antigo que se tem registrado é possivelmente o de Tylor (1871) : complexo total de conhecimentos, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Há quem a defina como parte do ambiente feita pelo homem ou como o total da tradição social. Asheley Montagu disse que cultura é a resposta dos homens às suas necessidades básicas, ou seja, é o modo de vida de um povo, o ambiente que um grupo de seres humanos, ocupando um território comum, criou em forma de idéias, instituições, linguagem e instrumentos. “A cultura é sempre um complexo, é uma criação do homem. É recebida como herança dentro do grupo em que cada pessoa nasce, é adquirida ao contato com os grupos”. Talvez, poucas pessoas descordem que cultura é uma criação do homem, já que somente ele tem a capacidade de cria-la, possuí-la e transmiti-la. As sociedades animais e vegetais a desconhecem. Portanto, graças à cultura, a humanidade “distanciou-se” do

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Universidade de Brasília – UnBDepartamento de Línguas Estrangeira e Tradução (LET)Disciplina: Cultura Japonesa 1Professor: Sachio NegawaAluno(a): Lígia Dib Carneiro / 0416771

ARQUITETURA ANTIGA DO JAPÃO

Brasília, DF, 27 de julho de 2006

Introdução

Este trabalho irá tratar sobre o conceito de cultura e mostrar através da arquitetura antiga um pouco da cultura japonesa. A arquitetura antiga japonesa engloba um âmbito muito amplo e variado, por isso será abordado com maior ênfase o tema que se refere aos Pagodes japoneses de três e cinco níveis, os famosos “arranha-céus” da antiguidade, tendo como objetivo principal desvendar os segredos que protegem essas construções tão antigas contra forças sísmicas, como os terremotos bastante freqüentes no Japão. Além de curiosidades da arquitetura antiga como a influência do budismo, do Zen - budismo, estilos arquitetônicos tradicionais e as casa japonesas (uma mistura do velho e do novo). Podendo, assim, ser compreendido ao longo do trabalho o por quê das imagens tão estereotipadas ao se falar de Japão antigo tentando desmistifica-las através do que será abordado.

O que é “cultura” para mim?

Numerosos são os conceitos sobre cultura. O mais antigo que se tem registrado é possivelmente o de Tylor (1871) : complexo total de conhecimentos, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Há quem a defina como parte do ambiente feita pelo homem ou como o total da tradição social. Asheley Montagu disse que cultura é a resposta dos homens às suas necessidades básicas, ou seja, é o modo de vida de um povo, o ambiente que um grupo de seres humanos, ocupando um território comum, criou em forma de idéias, instituições, linguagem e instrumentos. “A cultura é sempre um complexo, é uma criação do homem. É recebida como herança dentro do grupo em que cada pessoa nasce, é adquirida ao contato com os grupos”. Talvez, poucas pessoas descordem que cultura é uma criação do homem, já que somente ele tem a capacidade de cria-la, possuí-la e transmiti-la. As sociedades animais e vegetais a desconhecem. Portanto, graças à cultura, a humanidade “distanciou-se” do

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mundo animal. Porém, dizer que a cultura é uma herança que o homem recebe depois de nascer, que determina o comportamento humano e justifica as suas ações, é ser convictamente determinista, o que contradiz a teoria do Inatismo, a qual afirma a existência de idéias inatas, que são, segundo certos filósofos, idéias que não provêm da experiência, mas estão em nosso espírito desde que nascemos. Então, de acordo com a teoria Inatista, a cultura não é um processo de aprendizagem, conceito mais óbvio que se pode ter acerca deste tema. Logo, qual teria contradiz a outra? Não cabe a mim dizer a mais ou a menos correta, mas me vale avaliar cultura no me “eu”. Acredito que podemos sim nascer com algumas características, características essas que não determinam um comportamento seu no futuro. Pois, ao longo de uma vida, milhares de coisas são aprendidas e assimiladas, seja pelo meio em que se vive, seja com as pessoas ao seu redor. Portanto, todo o processo de assimilação e aprendizado, sejam estes políticos, econômicos ou sociais, que o homem é capaz de adquirir e transmitir, pode-se dizer, em verdade, que é Cultura.

A cultura japonesa torna-se bastante visível ao se falar da sua arquitetura, na qual durante muito tempo a madeira serviu de base. Embora seja um país relativamente pequeno, o Japão foi agraciado com abundantes recursos florestais, e a madeira é o material mais adequado para o clima quente e úmido. A pedra não se adequa à construção no Japão tanto por razões de suprimento como de economia. Um traço notável da arquitetura japonesa é a coexistência de tudo, desde os estilos tradicionais, que foram transmitidos de geração a geração, até as modernas estruturas que empregam as mais avançadas técnicas de engenharia.

Influência do BudismoO budismo que chegou ao Japão através da China, no século VI, exerceu uma grande influência sobre a arquitetura japonesa. A arquitetura dos templos budistas transmite, com seus imponentes materiais de construção e escala arquitetônica, uma magnífica imagem do continente. O salão que guarda a estátua do Daibutsu (Grande Buda), no templo Todaiji, em Nara, concluído no século VIII, é a maior estrutura de madeira do mundo.A introdução do budismo em 538 d.C. levou a um período cultural de súbito florescimento artístico, que atingiu seu auge no período cultural Asuka (538-645), quando as artes foram encorajadas pelo apoio imperial. Foram construídos muitos templos budistas, inclusive o célebre Templo Horyuji próximo a Nara, que se acredita ser a construção de madeira mais antiga do mundo. A influência budista é particularmente evidente na escultura figurativa que floresceu nesse período. A ênfase era dada à solenidade e à sublimidade e os traços eram idealizados. Tanto Nara como Kyoto, antigas capitais do Japão, construídas no século VIII, foram projetadas segundo o método chinês de planejamento urbano, que dispõe as ruas em um padrão de tabuleiro de xadrez. A Kyoto moderna conserva a forma que teve à época. O desenvolvimento de estilos japoneses nativos: no período Heian (794-1192), o budismo sofreu uma japonização gradual. O Shinden-zukuri, o estilo arquitetônico empregado nas mansões e casas da nobreza, é característico da arquitetura residencial desse período. O telhado coberto de casca de árvore do cipestre repousa em pilares de madeira e vigas; o interior tem assoalho de madeira sem divisórias fixas dos aposentos; e ouso de biombos flexíveis e de uma só folha, o tatami e de outros materiais leves, possibilitava a livre definição do espaço vital. O Gosho de Kyoto (Palácio Imperial), lar de gerações de imperadores, ainda exemplifica muito bem essa disposição. Alguns traços do aspecto exterior, como os materiais de construção, o telhado de declividade abrupta e calhas largas ainda pode ser visto nas moradias japonesas de hoje. Uma outra característica do Período Heian foi o aparecimento dos jardins com tanques e pavilhões de pesca.

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O Hakuho, ou o chamado período inicial da cultura Nara (645-710), que se seguiu ao período Asuka, foi uma época de forte influência chinesa e indiana. O achatamento da forma e a rigidez da expressão na escultura do período Asuka foram substituídos, pela graça e o vigor. O Tempyo, ou o chamado período final da cultura Nara (710-794), foi a era de ouro do budismo e da escultura budista no Japão. Hoje em dia podem ser vistas algumas das grandes obras desses períodos em Nara e em seus arredores. Ela reflete um grande realismo combinado com uma rara serenidade.

Influência do Zen A influência do Zen: no período Kamakura (1192-1338), os samurais assumiram poder, depondo a nobreza como classe dominante na sociedade. A chegada do Zen-budismo da China nessa era fez surgir o estilo arquitetônico Tang nos templos e mosteiros de Kyoto e Kamakura. Em um dado momento, ele se transformou na arquitetura de vários andares de templos como o Kinkakuji (templo do Pavilhão Dourado) e o Ginkakuji (templo do Pavilhão Prateado) em Kyoto. Tornaram-se populares os jardins de paisagem seca, nos quais são usados areia, pedras e arbustos para simbolizar montanhas e água. Embora todos eles fossem meios muito extravagantes dos samurais e da nobreza mostrarem seu poder, deles resultou também o florescimento de uma cultura artística singularmente japonesa. A austeridade do regime da classe guerreira e do Zen-budismo foi refletida no período subseqüente Kamakura (1192-1338), quando a escultura tornou-se extremamente realista no estilo e vigorosa na expressão. A influência do Zen foi refletida na pureza e simplicidade da arquitetura desse período. Ainda hoje em dia podem ser encontrados na arquitetura japonesa, traços da influência da tradição estabelecida no período Kamakura. Os rolos ilustrados e as pinturas de retratos também estiveram em voga durante esse período. O período Azuchi-Momoyama (1573-1602), que se seguiu, foi um tempo de transição. Também foi um período de grande sofisticação artística. Os artistas expressavam-se com cores vivas e desenhos elaborados. Foram introduzidos os suntuosos biombos flexíveis. Os castelos e templos eram decorados com elaboradas esculturas de madeira.

Pagode japonêsO pagode de cinco níveis é uma estranha peça de arquitetura: fortes terremotos acontecem com freqüência no Japão, mas não há registro de que um pagode sequer tenha sido derrubado por algum abalo sísmico. O Grande Terremoto de Hanshin Awaji de 1995 abateu muitos edifícios modernos na área de Kobe, mas ficaram livres de danos os 13 pagodes de três níveis existentes em Hyogo, província onde se localiza Kobe. Serão desvendados, então, os segredos que protegem os pagodes de três e cinco níveis dos terremotos. O primeiro segredo é o material utilizado: toda a estrutura do pagode de cinco níveis é de madeira. Ao ser sujeita a uma força física, a madeira pode vergar ou deformar-se, mas não se quebra facilmente. E, quando a força é neutralizada, a madeira volta à sua forma anterior. Sendo flexível, a madeira pode absorver tensões sísmicas.O segundo segredo, de ordem estrutural, complementa a flexibilidade da madeira. Nos pagodes, a junção das peças de madeira é feita em ensambladura macho-e-fêmea, praticamente sem o uso de pregos: a lingüeta devidamente entalhada na extremidade de uma das peças é embutida na ranhura da extremidade de outra e assim por diante. Deste modo, quando o chão começa a tremer, a superfície da madeira nas juntas passa por um processo de torção w fricção que ajuda a impedir a condução da energia sísmica muito para cima na torre. Há aproximadamente mil grandes juntas de encaixe em um pagode de cinco níveis, tornando toda a estrutura praticamente tão flexível quanto um bloco de konnyaku, um alimento gelatinoso feito do tubérculo de uma planta da família das aráceas.O terceiro segredo tem a ver co a estrutura em camadas dos pagodes. Quando colocado em posição vertical sobre sua base menor, um bloco alongado de konnyaku não se mantém nessa posição, mas cinco blocos de tamanho crescentemente menor colocados uns sobre os outros permanecem em pé. O termo que designa pagode de cinco níveis japonês, “go-ju no to”, é traduzível como “ torre de cinco camadas.” A referência a camadas é muito precisa

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porque o pagode consiste basicamente em uma estrutura com várias caixas dispostas uma sobre as outras, semelhante às caixas sobrepostas japonesas tradicionais para colocar comida. Nos pagodes, as “caixas” são conectadas com juntas de encaixe. Quando a terra treme, cada uma destas camadas encaixadas balança lenta e independentemente em relação às demais.O quarto segredo envolve um efeito de bamboleio. Cada camada do pagode permite um balanço suave em certa medida, mas se houvesse um deslocamento excessivo para fora do centro os diversos níveis acabariam desabando. Há muito tempo, um carpinteiro especializado nas técnicas de construção da sua época observou por acaso o movimento de um pavilhão de cinco níveis durante um forte terremoto. Ele relatou que, quando a camada mais inferior balançava para a esquerda, a camada imediatamente acima se deslocava para a direita, a outra mais acima movia-se para a esquerda e assim por diante. A torre executava uma espécie de dança da serpente. O bamboleio assemelhava-se ao brinquedo tradicional japonês de balanço yajirobe, cujas camadas de diferente tamanho balançam em direções opostas uma às outras e por fim retornam à posição vertical.Mas seria de esperar que um terremoto realmente forte conseguisse empurrar uma camada do pagode para fora de sua base, fazendo desabar toda a sua estrutura. Um componente estrutural que evita essa queda é o quinto segredo. Imagine um experimento com uma “torre” de cinco tigelas posicionadas de boca para baixo sobre uma bandeja. Um simples toque na bandeja é suficiente para que as tigelas despenquem. Mas basta fazer um furo no fundo de cada tigela, enfiar um longo pauzinho através dos furos e firmar o pauzinho verticalmente para que as tigelas forme uma torre robusta e permaneçam em pé mesmo que se balance um pouco a bandeja. Se uma das tigelas se deslocar levemente para o lado, essa própria tigela e as demais serão mantidas no lugar pelo pauzinho. É o que se poderia chamar de “ Tigelas de Colombo”, por inspiração do ovo de Colombo, que ficou em pé por causa da remoção da casca em uma extremidade. O pauzinho vertical mantém unidas as tigelas, de modo semelhante a um ferrolho que conserva uma porta fechada embora esteja em posição horizontal. No pagode o “ferrolho” é o espesso pilar central que se estende da base ao topo da construção. Se uma das camadas do pagode começa a deslizar lateralmente para fora, o robusto pilar faz com que a camada retorne ao centro.Durante um terremoto, o pilar central balança um pouco, como um pêndulo invertido, para se contrapor à força sísmica. Os pagodes podem ainda ter outros segredos arquitetônicos a revelar!

Estilos Arquitetônicos Tradicionais Arquitetura de Santurário: uma das formas mais antigas sobreviventes no Japão de hoje é a arquitetura de santuário. O santuário Ise Jingu em Ise, na prefeitura de Mie, cujas origens são desconhecidas, é um monumento arquitetônico especialmente importante, que é reconstruído a cada vinte anos com o uso das técnicas originais de construção. A construção simples de cipreste japonês sem pintura reflete o aspecto e espírito da antiga arquitetura japonesa, que se destinava a mesclar-se de maneira harmoniosa com o ambiente em volta.

A casa de chá: O chá, que foi transmitido ao Japão pela China, popularizou-se entre as classes altas na era Muromachi (1338-1573). O espírito da casa de chá, que era construída especialmente para a cerimônia do chá, eventualmente passou a influenciar a arquitetura residencial e desenvolveu-se um estilo arquitetônico chamado sukiya-zukuri, ou estilo da cabana da cerimônia do chá. A Katsura Rukyu de Kyoto, que antes foi uma vila imperial, é o exemplo máximo desse estilo. Construída na primeira parte do período Edo (1603-1868), sua estrutura é famosa por sua soberba harmonia e rara simplicidade. O jardim é considerado um dos melhores exemplos da jardinagem paradisíaca japonesa.

A construção de castelos: muitos castelos foram construídos no Japão durante o século XVI, quando o espírito guerreiro dominou a sociedade japonesa. Embora fossem

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construídos como bases militares, os castelos também cumpriam um importante papel em tempos de paz como símbolo do prestígio de um senhor e como centro de administração. Por esta razão, eles eram projetados não apenas para os propósitos militares, mas também tendo em mente a estética. Hoje em dia sobrevive um grande número de castelos em cidades espalhadas pelo país. Talvez o mais proeminente deles seja o Castelo Himeji.

Casas Japonesas : uma mistura do velho e do novo

As moradias no Japão mudaram muito nos últimos cem anos. As casa tradicionais podem ainda ser encontradas nas áreas rurais do país. Elas são feitas de madeira e argila, com telhados de telhas.A grande maioria das casas atuais é construída em estilo moderno. Essas habitações modernas são feitas principalmente de aço, concreto e madeira. Como a terra é escassa, especialmente nas cidades, as casa são quase sempre muito caras e bastante pequenas. Nas áreas rurais, as casas tendem a ser maiores, com espaço para reuniões e cerimônias que os moradores das cidades fazem em restaurantes e centros comunitários. Embora as pessoas queiram ter suas próprias casas, atualmente constroem-se mais conjuntos habitacionais (danchi) do que casas individuais.O verão no Japão é quente e úmido, por isso as casas são planejadas para serem bem ventiladas. Os cômodos em geral têm portas e janelas deslizantes. Elas podem ser removidas para transformar dois pequenos aposentos em um maior.Numa casa tradicional, o piso da entrada (genkan), dos corredores e da cozinha é de madeira, enquanto que o dos outros cômodos é forrado com esteiras (tatami). Atualmente, porém, a maioria das casas e dos apartamentos usa pisos de madeira ou carpetes, embora sempre haja um aposento de cão de tatami. Obviamente, todas as casas possuem eletrecidade e água corrente. No entanto, o aquecimento central não é comum, com exceção da ilha de Hokkaido, onde os invernos são rigorosos. No resto do Japão, os aposentos são aquecidos apenas quando estão sendo usados. Uma maneira tradicional e prática de aquecer-se é usar um kotatsu, uma mesa baixa que possui um aquecedor elétrico especial preso na parte debaixo dela e coberta com um edredom. Para se aquecer, senta-se numa almofada quadrada e achatada ( zabuton) escondendo as pernas embaixo do edredom. Naturalmente existem também muitos aparelhos modernos de aquecimento.

Conclusão

Este trabalho teve como objetivo tornar um pouco mais conhecida e próxima a cultura japonesa através da sua arquitetura, a qual para ser estudada, teve-se de fazer toda uma retrospectiva de sua história milenar, de suas influências, que foram citadas ao longo do trabalho, e de alguns exemplos de arquiteturas antigas conhecidas mundialmente.

Ao perguntar a uma pessoa qual a imagem que se tem do Japão, a resposta poderá ser uma imagem do Japão antigo, com seus famosos templos, os grandes arranha-céus da antiguidade, ou virá à mente o Japão do mundo tecnológico, com famosas construções apropriadas para terremotos, com suas “cidades subterrâneas”, etc. No trabalho apresentado, juntamente com o trabalho cujo tema é “Arquitetura atual do Japão” pode-se notar que o país do sol nascente não é somente uma coisa ou outra – quero dizer o velho ou o novo – como muitos imaginam que seja. E aí entra o grande objetivo do trabalho, desmistificar, ou seja, quebrar uma imagem estereotipada formada por muitos ao se tratar deste assunto. O país dos grandes templos antigos é ao mesmo tempo uma grande potência tecnológica mundial. É justamente essa mistura de “velho e novo” que se pode encontrar no Japão, desde arquiteturas famosas até uma simples construção de uma casa japonesa.

O famoso Pagode, citado no trabalho, apesar de ser uma construção antiga, consegue resistir a grandes forças sísmicas, como os freqüentes terremotos. Podendo-se

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concluir que não apenas as novas construções de alta tecnologia têm essa propriedade. Logo, o Pagode poderia ser um grande instrumento para poder-se quebrar estereótipos formados por outras sociedades acerca deste tema no Japão. Bibliografia

- BENTON, Willian. Enciclopédia Barsa. Ed. Ltda. Rio de Janeiro, São Paulo – 1969;- Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Ed. Nova Cultural. São Paulo – 1998;- VISTAS DO JAPÃO. Tóquio, 05/1997. Pág. 18 e19;- NIPPONIA n° 33. Tóquio: Heibonsha, 06/2005. Pág.22 à 25;- NIPPONIA n° 30. Tóquio: Heibonsha, 09/2004. - www.google.com.br

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Universidade de Brasília - UNBDepartamento de Línguas Estrangeiras e TraduçãoDisciplina: Cultura Japonesa IPeríodo: 1º semestre de 2006Professor: Sachio NegawaAluno: Evandro Prioli DuarteMatrícula: 05/81445

As Artes Marciais na Cultura Japonesa

Sumário

• Introdução• O que são as artes marciais?• Origem das artes marciais• Budô, o caminho das artes marciais• Sumô, o esporte nacional japonês• Judô, a arte japonesa baseada no jiu-jitsu• Kendô, derivado das técnicas com espadas do Japão feudal, o Kenjutsu• Karatê, educação física aliada à filosofia dos samurais, a "técnica das mãos nuas"• Aikido, o caminho da harmonia da energia vital• Conclusão• Bibliografia

Introdução

O motivo pelo qual escolhi tratar do tema das artes marciais japonesas é minha apreciação pela forma de combate desarmado, e que de todas as fascinantes formas de arte japonesas, a marcial é a que mais se assemelha à minha personalidade.

Neste artigo busco dar uma explicação geral sobre as artes marciais e aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso de Cultura Japonesa, para isso vou dirigir minha análise, partindo do conceito e origem das artes marciais, atingindo a profundidade das que considerei mais relevantes categorias de artes marciais, atravessando uma abordagem de sua prática no Japão (passado histórico e contemporâneo), realizando um paralelo dessas práticas no Brasil e por fim demonstrar como as artes marciais foram um componente fundamental na formação da cultura japonesa, logo derivando num comportamento disciplinado, formador de uma sociedade avançada e organizada, e através de uma visão mais sociológica que antropológica, demonstrar os benefícios dessa aplicação em escala internacional.

Quando disse que minha abordagem será voltada para o plano sociológico e menos para o antropológico, é uma questão de como encaro a necessidade da abordagem. Como diz a própria definição de sociologia, ao expressar que o mundo está ficando menor e mais integrado, pretendo fazer um análise da macro-estrutura social que envolve o conceito das artes marciais, conceito este, que foi primeiramente explorado pelo filósofo japonês Inazo Nitobe (01/09/1862 – 15/10/1933), em sua obra Bushido: Alma de Samurai (Bushido, the Soul of Japan). Nesta obra, Nitobe trata do Bushido, o chamado “código samurai”, que originaria o Budô, que pode ser considerado um estilo de vida no Japão atual. Apesar disso, as artes marciais não são largamente praticadas no Japão, como muitos supõem (incluindo a mim mesmo, antes dessa pesquisa). Entretanto, a filosofia e estilo de vida das artes

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marciais ainda é mantido no dia-a-dia das pessoas, caracterizando um dos fatores culturais mais importantes. Outras formas de artes, como o teatro Nô, o Kabuki e o Bundaku, retratam histórias tradicionais de grandes guerreiros e artistas marciais.

Por fim, a problemática que proponho é uma questão de como a metodologia aplicada no estudo das artes marciais, também pode ser aplicado no conceito de vida. Veja, que esta não é apenas uma retratação do modo de vida japonês, mas de como um de seus componentes culturais, pode, mesclando-se traços de outras culturas, tornar-se um agente benéfico no desenvolvimento de um comportamento sadio de auto-aperfeiçoamento, por parte da população de qualquer Estado-nação – com inclusões óbvias de focalizações voltadas para o cenário brasileiro.

O que são as artes marciais?

As artes marciais são sistemas de práticas e tradições para treinamento de combate, usualmente (mas nem sempre) sem o uso de armas de fogo ou outros dispositivos modernos. Sua origem confunde-se com o desenvolvimento da civilização, quando, logo após o desenvolvimento da onde tecnológica agrícola, alguns começaram a acumular riqueza e poder, dando início ao surgimento de cobiça, inveja, e sua externalização, a agressão. A necessidade abriu espaço para a profissionalização da defesa pessoal.

Atualmente, pessoas de todo o mundo estudam artes marciais por diferentes motivos como condicionamento físico, defesa pessoal, coordenação física, lazer, desenvolvimento de disciplina, participação em um grupo social ou estruturação de uma personalidade sadia, pois a prática possibilita o extravasamento da tensão que harmoniza o indivíduo focalizando-o positivamente.

Origem das artes marciais

Não existem registros escritos precisos sobre a origem das artes marciais, no entanto, acredita-se que elas tenham suas raízes mais remotas na India, há mais de dois mil anos atrás. Há indícios de que nessa época tenha surgido a primeira forma de luta organizada, chamada Vajramushti, que seria um sistema de luta de guerreiros indianos. A história das artes marciais começa a tomar uma forma mais concreta a partir do século VI, quando no ano 520 d.C. um monge budista indiano chamado Bodhidharma – 28º patriarca do Budismo e fundador do Budismo Zen – deixou seu país e partiu numa longa jornada em busca da iluminação espiritual.

Bodhidharma (conhecido no Japão como Daruma) viajou da India para a China, pernoitando nos templos que encontrava pelo caminho e pregando sua doutrina aos monges ou a quem quer que fosse. Depois de ter perambulado por boa parte do território chinês, o destino o conduziu ao Templo Shaolin, localizado na província de Honan. Diz a lenda que, ao penetrar no velho mosteiro, Bodhidharma deparou-se com a precária condição de saúde dos monges, fruto de sua inatividade. Foi então que ele iniciou os monges na prática de uma série de exercícios físicos, ao mesmo tempo em que lhes transmitia os fundamentos da filosofia Zen, com o objetivo de reabilitá-los tanto física quanto espiritualmente.

Budô, o caminho das artes marciais

Conforme as lendas sobre a criação das artes marciais, elas teriam sido criadas por monges budistas, mas que também cultuavam o panteão xintoísta, como forma de mostrar ao povo que Butsu era de fato o principal kami – deus. Sendo assim, as lutas não poderiam ser justificadas apenas como uma forma de defesa pessoal, muito menos como forma de ataque, pois isso era inadmissível numa doutrina tão rígida como a budista. Assim, para

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contornar o problema criado pela religião, os monges adaptaram para tais lutas uma rígida filosofia de vida, na qual as próprias artes marciais teriam seu kami. Ele seria Budo, o deus da guerra.

Para cultura Budo, os monges e outros adeptos das artes marciais deveriam fazer uma série de orações e juramentos, tais como o de nunca portar armas e o de evitar o combate até o último instante, só optando por ele na falta de uma opção pacífica. Faziam parte dos treinamentos uma série de privações, tais como treinamentos em montanhas, onde o ar é rarefeito e a respiração torna-se difícil, ou mesmo treinos ao ar livre nos piores dias do inverno. Toda essa penitência visava não só cultuar Budo, como também, e talvez principalmente, trabalhar a mente dos praticantes no sentido de que eles aprendessem a controlar a dor, o frio e a respiração. Tanto que a principal filosofia das artes marciais japonesas (me referindo especificamente ao Karatê e ao Judô) é o autocontrole. Com ele, acredita-se que é possível concentrar toda a energia do corpo em um só ponto e depois utilizá-la contra o adversário. O local de concentração energética se localizaria dois dedos abaixo do umbigo, e a energia é denominada ki.

Sumô, o esporte nacional japonês

O esporte mais popular no Japão há milênios, apareceu pela primeira vez no livro Kojiki, de 712 d.C., reza a lenda relatada no livro, que no século 5, o arquipélago, atual território japonês, tinha suas ilhas habitadas por diferentes povos e cada uma delas possuía seus próprios deuses, que teriam lutado, pois o soberano de todas elas seria definido através da luta de sumô. De confronto em confronto, surgiu Takemi Kazuchi, um Deus de força monstruosa, que reinou absoluto por vários séculos. Assim, essas ilhas e tribos rivais acabaram se fundindo num único povo.

No século 7, já havia competições e segundo consta, o imperador Seiwa conquistou o direito de ocupar o trono, graças a uma luta de sumô realizada em 858 d.C. Nessa época, a corte imperial promovia competições para assegurar boas colheitas e no século 16, já realizava-se torneios por todo país.

Com a regulamentação inicial de 51 golpes, o esporte começou a se tornar popular na era Tokugawa (1603-1868), o sumô se tornou profissional, financiado pelos daimyo (senhores feudais das províncias) e apoiados pela população. Desde então, a estrutura organizacional do sumô moderno consolidou-se e seus elementos fundamentais permaneceram em grande parte, inalterados até os dias de hoje. Baseado na crença de que o sumô fortalece o espírito e melhora o controle mental, a luta chegou as escolas, ao exército e as empresas.

Ainda hoje, os lutadores de sumô são como mitos e heróis no Japão. Existe no sumô um sistema de hierarquia e o título máximo que um lutador pode alcançar é o de Yokozuna, “campeão supremo”. A associação de sumô promove seis grandes torneios por ano. Durante o torneio que costuma durar 15 dias, todos os lutadores se enfrentam e cada lutador faz uma luta por dia. É declarado vencedor aquele que conseguir somar o maior número de pontos. Os lutadores ganham prêmios em dinheiro e são classificados num minucioso e complexo ranking.

O sumô vem crescendo internacionalmente e fez com que diversos atletas de diferentes esportes de luta aderissem à pratica do sumô. Wrestlers, judo-kas e samboítas completam equipes de vários países na tentativa de se adaptarem ao esporte.

Judô, a arte japonesa baseada no jiu-jitsu

O judô foi criado no Japão no final do século XIX por Jigoro Kano, um praticante de jiu-jitsu, com base em suas observações e conhecimentos de outras artes marciais japonesas, ele desenvolveu aperfeiçoando, principalmente, as técnicas de projeções e imobilizações. Kano selecionou as melhores técnicas de jiu-jitsu, os golpes mais eficazes e os mais racionais.

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O jiu-jitsu era uma prática guerreira baseada na leveza do corpo e do espírito, no entanto tinha diversas técnicas perigosas que foram eliminadas, aperfeiçoou a maneira de cair, criou uma vestimenta especial de treino (judo-gi), pois não havia um traje específico para a pratica do jiu-jitsu, e dedicou-se particularmente aos métodos de projeção ao solo, aperfeiçoando vários golpes de sua autoria. Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no espírito do ippon-shobu (luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o judô, além de sua utilização para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias oportunidades no sentido de serem superadas as própria limitações do ser humano.

Kendô, derivado das técnicas com espadas do Japão feudal, o Kenjutsu

Kendô é uma arte marcial japonesa moderna, desenvolvida a partir das técnicas tradicionais de combate com espadas dos samurais do Japão feudal, o Kenjutsu.

Após a proibição do uso de armas no Japão no fim da década de 1860, a esgrima japonesa foi praticamente extinta, mas a Guerra do Sudoeste ocorrida em 1867 valorizou novamente o kenjutsu. Isso levou à criação do estilo da “Polícia” (Keishichô-riû) e, com a fundação da escola Dai Nihon Butokukai, foi desenvolvido um conjunto unificado de técnicas práticas e conceitos de esgrima japonesa, que se tornou a base do kendô atual e foi introduzido no sistema educacional japonês na época.

Foi somente a partir disso que o kendô se disseminou, recebendo um impulso adicional considerável por ocasião dos três torneios realizados perante o Imperador no início do século 20. Com a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, o kendô foi novamente proibido, sendo permitido apenas anos depois, sob a tutela da Federação Japonesa de Kendô (Zen Nihon Kendô Renmei ou ZNKR).

Atualmente o kendô é regido em nível mundial pela IFK (International Kendo Federation), tendo federações oficialmente filiadas e reconhecidas em diversos países. No Brasil, é a CBK (Confederação Brasileira de Kendô) a entidade responsável pelo kendô, sendo a única oficialmente autorizada a conferir graduações na arte.

Karatê, educação física aliada à filosofia dos samurais, a "técnica das mãos nuas"

O karatê é uma arte marcial japonesa que se originou em Okinawa e foi introduzida nas principais ilhas do arquipélago japonês em 1922. O caratê enfatiza as técnicas de defesa (bloqueios, socos e chutes) ao invés das técnicas de luta com projeções e imobilizações. O treinamento do caratê pode ser dividido em três partes principais: kihon, kumite e kata. Kihon é o estudo dos movimentos básicos, kumite significa luta e pode ser executada de forma definida ou de forma livre e kata significa forma e é uma espécie de luta contra um inimigo imaginário expressa em seqüências fixas de movimentos.

O grande responsável pelo desenvolvimento do karatê, foi o mestre Gichin Funakoshi, que introduziu o karatê como esporte no Japão e foi convidado pelo ministério da educação japonês, para dar aulas de karatê nas escolas e universidades do país. O mestre Funakoshi pretendeu com seu método que visava a educação física como forma de defesa pessoal, aliada à filosofia dos samurais, mas com base científica, ajudar os estudantes em sua formação como homens e cidadãos úteis a sociedade, tudo isso, sem perder o verdadeiro espírito marcial da luta.

Aikido, o caminho da harmonia da energia vital

O aikido foi criado no Japão nas décadas de 1920 a 1960 pelo mestre Morihei Ueshiba, a quem os praticantes desta arte respeitosamente chamam O-Sensei (grande mestre) ou Fundador. Ueshiba concebeu o aikido a partir da sua experiência com dezenas de artes marciais, sendo as principais o daito-ryu aikijujutsu, o kenjutsu (técnica da espada) e o jojutsu (técnica do bastão curto). O termo aikido é composto por três caracteres kanji:

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• 合 Ai: União, harmonia • 気 Ki: Espírito, energia vital • 道 Dô: Caminho filosófico

Então, dessa, teria um significado como: "caminho da harmonia da energia vital". É uma arte marcial espiritualizada, que não tem competições e cujo treino procura desenvolver sentimentos de fraternidade e cooperação. Essencialmente defensiva, baseia-se em movimentos fluidos e circulares. Os ataques são neutralizados através da absorção da energia do atacante, que é então incorporada ao movimento de defesa. Além das técnicas de mãos vazias, os treinos também podem incluir armas: bokken ou bokutô (espada de madeira), jô (bastão curto) e tanken ou tantô (faca de madeira). Os estilos do aikido são Aikikai, Iwama, Shin Shin Toitsu Aikido, Shodokan, Yoshinkan, Yoseikan Budo, Shin'ei Taido e Korindo.

Na sua teoria espiritual o aikido busca a harmonia dos seres com a energia universal chamada ki, tratada anteriormente. Este termo não tem uma tradução estrita para o português, podendo denotar diversos conceitos: respiração, sopro vital, espírito, energia, ou intenção.

Conclusão

Chegando até aqui, suponho que o nível de conhecimento prático e histórico seja suficiente para fazer diferenciações e distinguir as diferentes artes marciais. Todas possuem diferentes técnicas e estilos, origens e objetos diversos, assim como suas filosofias. Mas existe algo em comum em todos os conceitos de arte marcial.

Primeiramente, no próprio termo “marcial” esta claro o aspecto combativo dessas “artes”, com o intuito de combate entre dois ou mais seres humanos. O conceito bélico ligado ao termo, remete a outro aspecto: disciplina. Essa é a idéia que busquei transpor para este trabalho, quando disse no início, sobre quão organizada e disciplinada é a sociedade japonesa.

Também não espero com isso, demonstrar que a arte marcial é a causa de toda a formação cultural do Japão, pois isso seria rídiculo. Apenas busquei tratá-la como um paralelo da sociedade na qual ela esta inserida, refletindo no dia-a-dia do cidadão japonês, mesmo que as razões disso estejam enterradas no passado, como uma filosofia de vida nem sempre seguida conscientemente.

O fato de tantas artes marciais terem se originado no Japão, é prova de que elas refletem a cultura do país. Seja por razões geográficas, históricas, de acessibilidade, religiosas, ou o que seja, elas existem, e são um objeto do estudo do comportamento, através da visão sociológica. E justamente através da sociologia que procurei descobrir a ligação das artes marciais com o desenvolvimento japonês, como a longevidade de seus cidadãos, seus avanços científicos, seu crescimento econômico, seu conceito de estrutura familiar, etc,; e esta ligação se resume ao aspecto que citei: disciplina.

Assim, considero que o padrão de disciplina japonês, seria um dos agente benéficos que poderiam ser aplicados a outros povos, sobretudo no Brasil. E finalmente para encerrar esse ponto, concluo com a filosofia do kendô (mas poderia ser de qualquer outra), que deixei propositalmente para este final.

“O propósito de se praticar kendô é: moldar a mente e o corpo, para cultivar um espírito vigoroso, e pelo treinamento rígido e correto, lutar para desenvolver-se na arte do kendô, obter respeito à cortesia e à honra, para relacionar-se com os outros com sinceridade, e para sempre ter como objetivo o auto-aperfeiçoamento.

Dessa maneira será possível uma pessoa amar seu país e sociedade, contribuir para o desenvolvimento da cultura e promover a paz e prosperidade entre todos os povos.”

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Bibliografia

• Aikido - UESHIBA, Kisshomaru, - Tokyo: Hozansha, 1969• Arte do judô – VIRGILHO, Stanlei. Campinas: Papirus, 1986• Fundamental kendô – Autor desconhecido. San Francisco: Japan Públ.• Clínica de esportes – SASAKI, Yasuyuki. 2 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo,

1989• Melhor do karate - NAKAYAMA, Masatoshi. Sao paulo: Cultrix, 1996• Sumo: The sport and the tradition - SARGEANT, J. A. Rutland: C E Tuttle, 1968• Ningen kakumei to ningen no jouken - IKEDA, Daisaku; MALRAUX, André. Tokyo:

Mizuumi, 1976

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIALET - Departamento de Línguas Estrangeiras e TraduçãoDisciplina: CULTURA JAPONESA 1Professor: Sachio NegawaNome: Lu Yen JenMatrícula: 02/87946

A Cultura da Internet no Japão – Uma Subcultura Exclusiva

IntroduçãoInternet, uma ferramenta cada dia mais popular no mundo inteiro, dentro dele, é um outro mundo limitado, e ao mesmo tempo, infinito.Para maioria de nós, internet é apenas um recurso de pesquisa, um meio de diversão, uma porta para acessar às notícias, ou ainda, uma loja sem precisar sair de casa.Mas para os países com técnicas ainda mais desenvolvidas, o papel de internet está indo muito além. Ele faz parte da vida das pessoas, influenciando a cultura, costume e até mesmo a política, economia de um país; ou seja, ele não é apenas uma simples ferramenta, ao mesmo tempo ele também é uma grande potência que espera a nossa exploração adequada.No Japão, este fenômeno também é muito evidente. O uso de internet pode ser encontrado em qualquer canto das vidas cotidianas japonesas.A escolha deste tema, tem como objetivo mostrar alguns aspectos do papel de internet no Japão, apresentar as conseqüências positivas e negativas, e as influências que ele traz para o povo japonês, e também mostrar alguns fenômenos produzidos de um dos sites mais populares no Japão: 2channel.Este trabalho também tem o objetivo de mostrar uma subcultura exclusiva japonesa, a definição e a interpretação desta palavra (subcultura) e o papel de subcultura dentro da cultura-mãe, em forma de dissertação.Para ter mais conhecimentos nesta área, serão feitas as pesquisas virtuais nos sites orientais, tais como os chineses e japoneses, além dos sites em inglês e português.

DefiniçãoNa sociologia, a subcultura indica uma cultura menor ou um certo grupo de pessoas que possuem comportamentos ou crenças diferentes dentro de uma cultura-mãe. O que diferencia a subcultura com um grupo qualquer da sociedade, é que as pessoas quem pertencem à esta subcultura são conscientes que os próprios vestidos, músicas ou interesses são especiais e exclusivos.O conceito de subcultura se solidificou nas décadas de 70 e 80, no campo de Estudos Culturais do Centro de Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham (CCCS). Dick Hebdige, na obra Subculture, the meaning of style(1996), publicado originalmente em 1979, apresenta a seguinte definição para a subcultura:Subculturas são então formas expressivas mas o que elas expressam, em última instância, é uma tensão fundamental entre aqueles no poder e aqueles condenados a posições subordinadas e vidas de segunda-classe [...] Tenho interpretado subcultura como uma forma de resistência em que contradições experienciadas e objeções a esta ideologia dominante são obliquamente representadas no estilo (HEBDIGE, 1996, p. 132, 133; tradução nossa)Nesta definição, o autor usou a palavra estilo para apresentar os códigos, atividades, interesses, atitudes e músicas de subcultura. O estilo da subcultura e o da corrente principal são diferentes pois o estilo da subcultura é fabricado propositalmente, nele contém uma construtividade; e o da corrente principal possui uma tradição.Geralmente, numa cultura existe várias subculturas; e a maior parte das subculturas são conjuntas com a cultura-mãe. No entanto, em certos aspectos e dimensões, é demonstrada

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uma diferença extrema entre a cultura-mãe com a subcultura. E quando as diferenças chegarem em um certo nível, esta receberá um nome próprio, como por exemplo o emo, hippies, otaku1, entre outros.E a cultura da internet é ainda mais específica e especial.Com o uso da internet cada dia mais popular no mundo inteiro, as culturas de todos os cantos da Terra, além de serem colocadas e compartilhadas nas redes para as pessoas as conhecerem, ao mesmo tempo são assimiladas, integradas, produzidas dentro dela; e ainda mais: uma cultura de internet pode ser criada a partir de uma outra existente, ou até as subculturas do mundo real podem ser derivadas a partir dela. E por isso é extremamente rápida a velocidade de transformação e transmissão desta cultura de mundo virtual.A palavra cultura da internet engloba todos os conjuntos de estilos, comportamentos e meios desenvolvidos a partir da internet, e são totalmente independentes do mundo real. Embora que existam conteúdos e estilos evidentemente diferentes entre as atividades de zonas virtuais diferentes (e estas geralmente são definidas através da diferença de países), os meios, funções, essências e processos realizados são os mesmos no mundo inteiro; ou seja, existem linguagens diferentes na internet para zonas virtuais diferentes, elas têm origens, usos, composições e significados distintos, mas possuem a mesma função de comunicação, expressão ou abreviação.Estas culturas podem ser classificadas pela região (países, línguas usadas, codificações), pelo serviço (fórum, diversão, guestbook) ou pelo desenvolvimento cultural e social (música, mitologia, alimentação, jogos, políticas).

A cultura de internet no JapãoComo um país desenvolvido com alta tecnologia, o uso da internet no Japão é muito popular. E isso acelera a consolidação de uma cultura da internet exclusiva no Japão. Outro elemento que concretiza esta exclusividade, é o uso de caracteres de língua japonesa – uma língua apenas usada na comunidade japonesa. Este segundo fato dificulta a penetração e a influência de outras culturas e torna-se uma chave indispensável para acessar neste mundo virtual japonês. Será apresentado a seguir um dos aspectos mais especiais e específicos na cultura de internet no Japão: 2channel.

Visão geral2channel (2ちゃんねる, pronunciado ni chan’neru, abreviado como 2ch) é o maior fórum do mundo. Em 2001, já possuía mais de 10 milhões de usuários por dia. 2ch é um enorme conjunto de BBS2, a influência dele cresce cada dia mais na sociedade japonesa e está começando a pressionar o espaço de sobrevivência das mídias tradicionais tais como televisão, revista e rádio.Criado pelo Hiroyuki Nishimura (西村博之, conhecido como Hiroyuki-ひろゆき) e hoje em dia a maior parte de manutenções de fóruns é feita de grupos voluntários. 2ch não tem uma

1 Otaku:Este termo, おたく, refere-se geralmente às pessoas que tenham um interesse extremamente grande sobre certos aspectos de subcultura tais como mangá, anime e jogos. O termo japonês, originalmente, tinha um significado pejorativo; no entanto, com o uso cada dia mais freqüente no mundo inteiro, este termo torna-se mais neutro. No Japão, atualmente, este vocábulo tem tendência de incluir também as pessoas que interessam exaustivamente na cultura-mãe ou pessoas que tem uma competência relevante em próprio ramo profissional.

2 BBS:abreviatura de inglês Bulletin Board System, é um sistema informático que permite: descarregar e enviar software e dados; ler notícias; trocar mensagens (conversar) com outros usuários e moderadores; participar em fóruns de discussão ou se divertir com jogos on-line – dependendo o estilo de cada BBS.

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finalidade lucrativa e o sistema é sustentado através de propagandas e serviços de pesquisa de mensagens anteriores.

Características, estilos e culturas de 2ch Sistema anônimo: esta característica faz que um usuário possa mandar mensagens,

usando “sem nome” (名無し ) como a identidade. Não é necessário se registrar no sistema e os usuários podem opinar com tranqüilidade, livres de pressão de serem grupo minoritário ou calouros. Mas por outro lado as pessoas também podem aproveitar este sistema para provocar brigas, mandar vírus, deixar exploit3, entre outros.

ASCII ARTUma arte feita a partir de uso das letras e símbolos de ASCII Code. Abreviado como AA.Alguns exemplos:

3 Exploit:Um código capaz de explorar uma falha em um software. Exploit em inglês pode significar "explorar" ou "façanha". Em segurança de dados, denomina-se "exploit" um programa capaz de se aproveitar de um bug em algum outro software para conseguir acesso ao sistema "bugado".

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EmoticonForma de comunicação paralingüística, um emoticon (em alguns casos, chamado como smiley) é uma seqüência de caracteres tipográficos, tais como: :), ou ^-^ e :-); ou, também, uma imagem (usualmente, pequena), que traduzem ou querem transmitir o estado psicológico, emotivo, de quem os emprega, por meio de ícones ilustrativos de uma expressão facial.Alguns exemplos de emoticons ocidentais:

Alguns exemplos de emoticons orientais (no meio são emoticons derivados de 2ch):

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E algumas aplicações:

A partir dos exemplos, podemos ver que, com o uso de ASCII ART, há uma variação muito maior nos emoticons orientais. E os emoticons de 2ch ainda mostra uma diversificação maior, comparando com outros emoticons fora de 2ch.

Personagens criados no 2ch:Os personagens são feitos a partir de ASCII Code também, e são usados com muita freqüencia ao expressar as emoções de usuários, nas brincadeiras e comunicações.Alguns exemplos (com derivações):Mona (モナー)

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Gato Guiko (ギコ猫)

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Senhor Bom Descanso (おやすみ君)

Uma série de ações:

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Fenômenos sociais conseqüentes:2ch possui uma influência grande na sociedade japonesa, e também aconteceram vários casos significantes a partir deste; entre eles há tanto positivos quanto negativos: Positivos:- Através de pressão de opinião pública, força certos grupos e organizações a corrigir os

erros, problemas e falhas.- Traz espaço de comunicação para os hikikomori4 e otaku. Negativos (a responsabilidade não está em próprio 2ch):- Algumas pessoas imitam os crimes relatados dentro de 2ch ou deixam mensagens sobre

a intensão de cometer um crime. Neutros (outras influências):- Criação de personagens exclusivos de 2ch.- Imitação de sistema anônimo em outros países.- Influência de algumas expressões em outros países.

ConclusãoComo apresentado acima, a função de internet há tanto positiva quanto negativa, dependendo como ele será explorado pelos usuários. E o fenômeno causado pelo internet, não apenas influencia o próprio Japão, com a globalização esta influência chega aos quaisquer cantos do mundo inteiro.Conhecendo o Japão, não podemos entender apenas as culturas tradicionais e as modernas, devemos nos aprofundar mais nas subculturas atrás desta cultura-mãe, para ter uma visão mais clara e real; e esta é o objetivo principal deste trabalho: mostrar uma das subculturas japonesas, e através disso demonstra uma possibilidade de diversificação e variação dentro de cultura japonesa.

Bibliografia:Recursos em português e em inglês:Feitosa, Ricardo Augusto de Sabóia. Perspectivas de abordagem sobre “autenticidade” e “originalidade” na cena de música eletrônica. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und/404_34.htm>. Acesso em: 18 jun. 2006.Uol. Linha defensiva: Dicionário. Disponível em: <http://linhadefensiva.uol.com.br/di cionario>. Acesso em 17 jun. 2006.Wikipedia. 2channel. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/2channel>. Acesso em 16 jun. 2006.Wikipédia. BBS. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/BBS>. Acesso em: 15 jun. 2006.Wikipédia. Emoticon. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Emoticon>. Acesso em: 14 jun. 2006.Wikipedia. Hikikomori. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Hikikomori>. Acesso em: 17 jun. 2006.

Recursos em chinês:Wikipedia. 次文化. Disponível em: <http://zh.wikipedia.org/wiki/%E6%AC%A1%E6% 96%87%E5%8C%96>. Acesso em: 14 jun. 2006.

4 Hikikomori:引き篭り ouひきこもり, um termo japonês usado para referir ao fenômeno em que os adolescentes e jovens se isolam da sociedade, demonstram baixo interesse na vida social e se consideram impossíveis de conseguir um espaço na sociedade. Os hikikomori geralmente não saiam de casa dos pais ou se trancam num quarto com um longo tempo. Segundo a pesquisa, existem no Japão cerca de 1 milhão de hikikomori, praticamente 10% dos adolescentes de todo país.

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Wikipedia. 網路文化. Disponível em: <http://zh.wikipedia.org/wiki/%E7%BD%91%E7 %BB%9C%E6%96%87%E5%8C%96>. Acesso em: 14 jun. 2006.Wikipedia. 二頻道. Disponível em: < http://zh.wikipedia.org/wiki/%E4%BA%8C%E9% A0%BB%E9%81%93>. Acesso em: 16 jun. 2006.Wikipedia. 隱蔽青年. Disponível em: <http://zh.wikipedia.org/wiki/%E9%9A%B1%E 8%94%BD%E9%9D%92%E5%B9%B4>. Acesso em 17 jun. 2006.

Recursos em japonês:2ch BBS. Disponível em: <http://www2.2ch.net/2ch.html>. Acesso em: 20 jun. 2006.Wikipedia. アスキーアート . Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%82%A2%E3 %82%B9%E3%82%AD%E3%83%BC%E3%82%A2%E3%83%BC%E3%83%88 >. Acesso em 19 jun. 2006.Wikipedia. おやすみ君. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%81%8A%E3%82 %84%E3%81%99%E3%81%BF%E5%90%9B> Acesso em 18 jun. 2006.Wikipedia. 顔文字. Disponível em: < http://ja.wikipedia.org/wiki/%E9%A1%94%E6%96%87 %E5%AD%97> Acesso em 10 jul. 2006.Wikipedia. ギコ猫. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%82%AE%E3%82%B3 %E7%8C%AB> Acesso em 18 jun. 2006.Wikipedia. チャーハン作るよ. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%83%81 %E3%83%A3%E3%83%BC%E3%83%8F%E3%83%B3%E4%BD%9C%E3%82%8B%E3%82%88%21>. Acesso em 18 jun. 2006.Wikipedia. モナー. Disponível em: <http://ja.wikipedia.org/wiki/%E3%83%A2%E3%83%8A %E3%83%BC> Acesso em 19 jun. 2006.Wikipedia. 2ちゃんねる. Disponível em: < http://ja.wikipedia.org/wiki/2%E3%81%A 1%E3%82%83%E3%82%93%E3%81%AD%E3%82%8B>. Acesso em: 16 jun. 2006.

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Universidade de Brasília – UnBDisciplina: Cultura JaponesaProfessor: Sachio Negawa.Edvânia Rosa dos Santos

Matricula: 03/08897

O Comércio japonês em Brasília

Brasília, 27 de julho de 2006.

SUMÁRIO

1. – Considerações Iniciais1.– Objetivo...................................................................03 2.– Justificativa .............................................................04

2 – A história................. ..................................................................053 – A migração para Brasília........................................................... 074 – Entrevistas.................................................................................085 – Observações..............................................................................116 – Anexos – Fotos..........................................................................127 – Considerações finais – A ordem inversa – Dekasseguis................................30

8 – Referências bibliográficas consultas..........................................31

Objetivo

Pretendo, em meu seminário, falar um pouco sobre a história dos primeiros japoneses que chegaram aqui em Brasília atrás de um pedaço de chão para plantar e hoje se tornaram comerciantes, na maioria das vezes bem sucedidos. Escolhi o referido tema por achar que se trata de um assunto fundamental para que possamos entender um pouco mais sobre a vida desses trabalhadores e também para que possamos entender sobre a história do comércio brasiliense. Para isso narrarei a trajetória do poro japonês até a chegada em Brasília em 1956, citarei exemplos de alguns desses personagens através de entrevistas e, para ilustrar, anexo algumas fotos de comércios japoneses existentes em alguns pontos do Distrito Federal.

Justificativa

Escolhi o referido tema por considera-lo como uma forma de aquisição de letramento cultural e também porque contribui para o fim da visão estereotipada que temos em relação à outra cultura. Que são objetivos dessa disciplina (Cultura japonesa). É uma forma de aquisição do letramento cultural porque através do tema ocorre o ensino da outra cultura (a japonesa) e contribui para o fim da visão estereotipada da cultura japonesa porque normalmente pensamos nos japoneses como grandes empresários, pessoas ligadas à alta tecnologia e extremamente conservadores em relação aos negócios; o que não é exatamente observado na pesquisa na qual mostra-se a mudança de cidade (migração) e mudança de ramo (versatilidade) e que tais mobilidades também são observadas nos casos dos vendedores ambulantes e nos casos dos Dekasseguis.

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A história

1- Os primeiros japoneses chegaram ao Brasil em 1908 através de um esquema de imigração subsidiada. Houve oposição inicial à imigração desta etnia, que acabou sendo aceita como alternativa as dificuldades impostas pelo governo italiano à imigração subsidiada de italianos para o Brasil.

2- Os japoneses concentraram-se no estado de São Paulo. E o fluxo imigratório de japoneses ganhou relevo no período posterior a 1930 quando a imigração de italianos e de espanhóis reduziu consideravelmente. Entre 1932 e 1935, cerca de 30% dos imigrantes que ingressaram no Brasil eram de nacionalidade japonesa.

3- Eles foram destinados inicialmente as fazendas de café, mas gradativamente tornaram-se pequenos e médios proprietários rurais. Dentre todos os grupos imigrantes foram os que se concentraram no período mais longo nas atividades rurais, em se destacaram pela diversificação da produção dos hortifrutigranjeiros.

4- Em anos recentes, houve forte migração de descendentes de japoneses para os centros urbanos, onde passaram a ocupar posições importantes nas várias atividades.

A migração para Brasília.Busca por dias melhores

O sonho que moveu todas as barreiras para a concretização da Capital da Esperança, dando condições a todos que quisessem inovar, avançar e ousar trouxeram os japoneses para cá.A agricultura também teve uma atenção especial, como projeto estratégico para a auto-suficiência da Nova Capital. Sendo o Brasil um país essencialmente agrícola, naquela época, Brasília deveria experimentar e indicar as novas formas de organização da produção, baseadas nas Colônias Agrícolas, no Cooperativismo, dedicados à piscicultura, aos hortifrutigranjeiros e toda sorte de produtos, frutos do desenvolvimento de novas tecnologias e de novos processos de produção e abastecimento. É dessa época a migração de japoneses, que vieram para o cerrado com a missão de desenvolver novas técnicas de manejo agrícola, num solo ainda desconhecido.

Entrevistas

Entrevista 1Quando chegou a Brasília, em 1964, Kiokasu Uema ficou encantado com a cidade. ‘‘que luzes lindas’’, pensou, enquanto olhava pela janela do ônibus vindo de São Paulo. ‘‘parecia uma grande vitrine de natal’’, lembra. Mas, no caso dele, a primeira impressão não foi a que ficou. Aliás, só durou até o sol nascer. ‘‘De dia, isso aqui era uma grande terra vermelha. Só tinha poeira e construção’’, ri o simpático seu Antônio, nome como kiokasu ficou conhecido em vargem bonita, onde mora desde 1964. A família dos Uema, unida a centenas de conterrâneos, lutou ao lado do presidente Juscelino Kubitschek e de Israel Pinheiro, então diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), pela construção de Brasília. Eles deixaram o Japão, onde apenas 15% da terra é adequada à lavoura para herdar alguns hectares de puro cerrado no coração do Brasil. Os mais velhos contam que os primeiros japoneses chegaram aqui em 1956. Analisaram o solo, para ver se era possível fazer pomares e desanimados :‘‘A terra aqui é muito ruim para plantar’’, reclamaram, sem esperança. O diretor da Novacap não pensou dois segundos e retrucou: ‘‘Vocês acham que se ela fosse boa precisaria de japonês?’’. Antônio Uema não foi o primeiro da família a vir de São Paulo para cá. O pai, Luis Uema, saiu do Japão em 1934 para trabalhar nas fazendas paulistas de plantio do algodão.

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Acompanhou a construção de Brasília desde 1958, quando o presidente Kubitschek idealizou a criação do cinturão verde em volta da nova cidade. Animado com a proposta do presidente, o patriarca, que morreu em 1982, trouxe para o Planalto Central os filhos que estavam em São Paulo e no Japão, além de outras nove famílias da cidade de Okinawa, sua terra natal. A viagem de navio dos imigrantes brasileiros levou 30 dias em alto-mar, até que eles finalmente chegaram ao porto de Santos. ‘‘A história de imigração dos japoneses é parecida com a dos italianos que vemos na novela Terra Nostra, da Rede Globo’’, conta o filho Antônio. Mais alguns dias de trem e pronto: a comunidade de Vargem Bonita estava praticamente formada. Hoje, das 67 chácaras, pelo menos 45 estão nas mãos dos japoneses e seus descendentes.A vila, próxima ao Park Way, preserva a cultura de um povo que cresceu junto com Brasília. ‘‘Todos os japoneses que imigraram naquela época chegaram com uma mão na frente e outra atrás. Mas valeu a pena vir’’, conta Antônio. Quando construíram as primeiras casas, o lugar era bem desconfortável. ‘‘Não tínhamos energia, água e nem telefone. Éramos tão isolados da cidade que quase não sentimos a mudança do governo do Jango para os militares (em 64), mesmo morando a 40 km de distância do Palácio da Alvorada’’, diz o pioneiro. Ainda na época do regime militar, os imigrantes ganharam a infra-estrutura básica. Mas, no começo, a situação era tão precária que os japoneses adultos se locomoviam em carroças. Seus filhos iam de bicicleta até o Núcleo Bandeirante, onde estava o ônibus que os levaria à escola no Plano Piloto. ‘‘Graças a Deus que não é mais tão difícil assim’’, brinca o caçula de Antônio, Rodrigo no caminho da faculdade. Hoje, os chacareiros nisseis se preocupam ao ver os herdeiros escolhendo profissões bem distantes da realidade da roça. Os três filhos de Antônio, por exemplo, têm nível superior. Ricardo, de 22 anos, terminou a faculdade de Ciências da Computação, mesmo curso do caçula, Rodrigo. A primogênita de Antônio, Denise, estudou Contabilidade e, assim comoRicardo é bancária. ‘‘Dos três, nenhum quer saber de enxada’’, lamenta o pai, que nem chegou a terminar o segundo grau. Mas os dois garotos ajudam Antônio na hora de vender seus produtos no varejão do Ceasa, todos os sábados. ‘‘Tempo bom mesmo foi o da Sociedade de Abastecimento de Brasília, a SAB. O caminhão vinha buscar as hortaliças e frutas na nossa casa’’, conta Antônio, em tom de nostalgia. Os campos de alface, couve, tomates e outras verduras e legumes em Vargem Bonita são resultado de muito trabalho no Brasil, combinado com a velha técnica japonesa. Segundo os pioneiros, a terra era ácida demais e não existia calcário. ‘‘Em São Paulo plantávamos milho, algodão, hortelã e outros cereais sem usar um punhado de adubo sequer. Mas tivemos de estudar muito o solo deste cerradão até fazer nascer comida aqui’’, explica Antônio.

Entrevista 2O imigrante Assao Suzuki é a história viva da trajetória dos comerciantes japoneses que participaram da formação do local. Ele está ali desde a sua fundação. “Aqui, vivi bons momentos, fiz grandes amigos e consegui dar estudo para os meus filhos”, revela. Suzuki é natural da província de Ibaraki e veio ao Brasil já na adolescência, aos 17 anos. Ele foi o pioneiro na venda do cogumelo shiitake no entreposto e, certamente, um dos primeiros no Brasil. “Ainda bem que os brasileiros começaram a se interessar por comidas exóticas”, diz. Entrevista 3Para o imigrante, a redução de comerciantes japoneses no mercado é devido às dificuldades em trabalhar com a falta de compromisso de muitas empresas. “O que nós aprendemos aqui nenhuma faculdade do mundo ensinaria. Nós, comerciantes, precisamos saber lidar com o produtor, o consumidor e com a companhia, onde todo mundo quer sair lucrando. É uma vida difícil”, desabafa. Kelsen Sato.

Entrevista 4No dia 30 de junho, o Centro Estadual de Abastecimento de São Paulo (Ceasa), hoje conhecido como Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de S.P), prepara

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uma grande festa para comemorar seus 40 anos. Para marcar a data, está prevista uma série de homenagens, em especial aos nipo-brasileiros. “A história do entreposto confunde-se com a da comunidade japonesa no Ceasa. Sem sombra de dúvida, hoje o local é tudo o que é graças à dedicação dos comerciantes japoneses”, diz o gerente Carmo Zeitune.

Entrevista 5A homenagem aos nikkeis tem explicação. Há 40 anos, algo em torno de 90% dos permissionários que trabalhavam no local eram de origem japonesa. Hoje, apenas 30% permanecem na companhia. “Para nós, essa homenagem é motivo de orgulho. É o reconhecimento de um longo trabalho”, declara Keiji Kato, vice-presidente do Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp).

Observações

As mais de duas mil famílias de ascendência nipônicas que vivem atualmente no Distrito Federal — cerca de cinco mil pessoas — nem podem ser consideradas uma colônia estrangeira, pois os filhos de japoneses (nisseis) e netos (sanseis) se misturaram aos goianos, cariocas e mineiros que também vieram para cá. Hoje é possível encontrar gente dessa comunidade de olhos puxados em todos os cantos. Os japoneses que conservaram a tradição do plantio vivem em núcleos rurais como Vargem Bonita, Alexandre Gusmão e Incra (próximos a Brazlândia); Sobradinho e em Vicente Pires (colônia perto de Águas Claras). Já os que partiram para o ramo de comércio se concentram em Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Plano Piloto.

Assim sendo, anexo a seguir, fotos que consiro representativas e entendo estarem relacionadas ao tema proposto neste trabalho. Estão distribuidas da seguinte maneiera: foto do Ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e do presidente da Câmara do comércio e industria japonesa do Brasil, Makoto Tanaka; fotos de comércios japoneses localizados em alguns lugares da cidade de Taguatinga – DF e, por último, fotos dos produtos vendidos dentro destes estabelecimentos comerciais.

DekasseguisA ordem inversa Na atualidade é comum abordar a migração de descendentes de japoneses que vão trabalhar no Japão na qualidade de trabalhadores não especializados, aproveitando a falta deste tipo de mão-de-obra naquele país. Realizam o fluxo inverso de seus pais e avós que chegaram ao Brasil no início do século com a mesma perspectiva, ou seja, poder retornar ao país e iniciar uma vida com condições melhores junto a seus familiares.

Referências bibliográficas:

CATTA P. Andrea - Correio Braziliense - Brasília, terça-feira, 21 de março de 2000.

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MELCHIOR, Lilían; Mestranda em Geografia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, São Paulo. Bolsista CNPq/Brasil

Sites consultados: www2.correioweb.com.br/hotsites/bsb40anos.

Fotos:Edvânia Rosa dos Santos Santiago

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UnB – Universidade de Brasília

A culinária japonesa

Aluno: Elisa Costa Nascimento 01/23030

Trabalho apresentado como parte da avaliação do curso Cultura Japonesa, ministrada pelo professor Sachio Negawa.

2006

UnB – Universidade de BrasíliaIL - Instituto de LetrasLET - Departamento de Línguas Estrangeiras e TraduçãoDisciplina: Cultura Japonesa 1Aluno: Elisa Costa Nascimento - 01/23030

A culinária japonesa

1. Culinária é cultura?

A culinária é um dos elementos culturais. Cultura é aquilo que diferencia um povo de todos os demais. É aquilo que não faz parte da genética dos seres humanos, mas que se aprende no convívio em sociedade durante toda a vida. Cada povo tem seus próprios costumes, seus hábitos culturais, e a culinária é um dos aspectos através dos quais se pode identificar um povo. Se pensarmos em culinária tipicamente brasileira pensaremos, por exemplo, na feijoada. Se pensarmos em culinária chinesa, lembraremos d frango xadrez. Enfim, dentre os diversos hábitos culturais que compõe uma nação, um dos mais marcantes é a comida. Tanto é assim que em Brasília, por exemplo, existem restaurantes especializados em comidas típicas de vários países, inclusive japonesa.

2. Hipótese a ser defendida

A intenção deste trabalho é quebrar o estereótipo que se tem em relação ao Japão no que diz respeito à sua culinária. Hoje, no Brasil, quando alguém afirma que vai, por exemplo, almoçar em um restaurante japonês, o que logo se escuta é “Odeio peixe cru!”. Será mesmo que tudo o que compõe a alimentação deste fantástico povo é o peixe cru? Há alimentos que de fato são feitos a partir desse ingrediente, como alguns tipos de sushi e o sashimi, mas a minha pesquisa foi iniciada justamente na curiosidade em saber o que mais faz parte da alimentação um povo tão culturalmente rico em tradições. A tese a ser defendida neste trabalho final de curso é que a alimentação japonesa, apesar de realmente ser rica em frutos do mar, vai muito além do tal “peixe cru”, e que os alimentos que são diretamente associados aos japoneses muitas vezes nem sequer fazem parte de sua alimentação diária. Além disso, pretendo também demonstrar a diferença da relação entre ser humano e alimento na nossa cultura e na cultura japonesa e relacionar alguns pratos e rituais típicos dos orientais. Pretendo comprovar que, de fato, os hábitos alimentares japoneses são bem diferentes daqueles que compõe a cultura brasileira, mas que é possível conhecer e valorizar aquilo que, para nós, é diferente, e inclusive aprender com a cultura do próximo.

3. A relação dos japoneses com o alimento

Os japoneses encontram no alimento uma forma de conexão com a natureza. Isso significa que se procura preservar e respeitar, ao máximo, aquilo que é naturalmente

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oferecido. Um exemplo de como isso se manifesta é que os japoneses procuram sempre, ao preparar alimentos, utilizar aqueles que são próprios da estação, gerando uma grande variedade nos tipos de comida consumidos ao longo do ano. Assim, legumes, verduras e peixes utilizados nos alimentos são aqueles mais fáceis de se encontrar naquele período e que, portanto, não irá desequilibrar o meio ambiente. Outra característica da culinária japonesa é que ela busca agradar não só ao paladar: os pratos são verdadeiras obras de arte, a fim de que se possa admirar a beleza. Procura-se, portanto, harmonizar as cores, o estilo, a fim de que os pratos sejam também um banquete para os olhos. Uma grande diferença entre a culinária japonesa e a ocidental é que os japoneses permitem que os alimentos tenham seu sabor próprio. Na cultura ocidental, é comum usar-se uma enorme quantidade de tempero: muito sal, muito açúcar, pimenta do reino, etc. Para os japoneses, os alimentos não precisam ter um sabor tão forte.A comida japonesa tem por característica o extremo cuidado na preparação, nos sabores e na apresentação dos pratos. Os ocidentais estão sempre à procura de alimentos de preparo muito rápido, sanduíches, comidas pré-prontas. Os japoneses valorizam o ritual, a manipulação cuidadosa e delicada dos ingredientes, a simbologia que há por trás de cada prato.

4. A base da culinária

A base da alimentação é o arroz, alimento profundamente ligado à cultura japonesa. Ele chegou ao Japão pelo continente eurasiático por volta do ano 300 a.C., durante a era Yayoi. Foi nesse período que imigrantes, vindos da China devido a problemas políticos, migraram para o Japão, introduzindo o plantio do arroz. Assim, japoneses nativos foram deixando a caça e a pesca para também se dedicarem à rizicultura. Em menos de cem anos a partir de então, o plantio de arroz passou a ser a principal atividade econômica do arquipélago japonês. Para se ter idéia da importância do arroz para a culinária japonesa, durante a Idade Média o arroz era utilizado como moeda no pagamento de impostos, além do nome japonês para arroz cozido, gohan, ter se tornado sinônimo de refeição para os japoneses. O destaque da rizicultura sobre outros tipos de plantio deve-se ao fato do Japão ser um país de estações muito definidas, ou seja, faz muito frio no inverno e um calor excessivo no verão. A maior parte dos vegetais utilizados na agricultura não sobrevive a essas variações altíssimas, mas o arroz adaptou-se perfeitamente ao clima japonês. O arroz é utilizado para acompanhar qualquer tipo de prato, e serve como ingrediente na preparação de iguarias específicas, como o onigiri, um bolinho de arroz coberto com alga e recheado com peixe ou picles.

5. Restaurantes japoneses em Brasília

Há, em Brasília, restaurantes dedicados à culinária japonesa, mas quando há uma transposição de elementos de uma cultura para outra, acaba acontecendo uma mistura dos elementos das duas culturas. Assim, quando se tem um restaurante japonês no Brasil, alguns aspectos são modificados e adaptados à nossa cultura: nos restaurantes de comida japonesa em Brasília, por exemplo, suhis, sashimis e outras iguarias orientais são feitas em grande quantidade e colocados em balcões para que cada cliente se sirva daquilo que mais lhe agradar, o que de certa maneira fere a idéia de comer o alimento perfeitamente fresco e na medida certa. Além disso, são preparados sushis que incorporam elementos que fazem parte da nossa cultura, e não da alimentação japonesa. Em visita recente a um dos mais acessíveis restaurantes japoneses na cidade, foi possível verificar que havia sushis, por exemplo, de chocolate, cream cheese ou recheados com frutas como morango e manga, ou ainda com queijo e goiabada, mistura típica da nossa culinária.

6. Tipos de comida

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6.1 O shushi

Foi em restaurante especializado em comida japonesa, localizado em Brasília, que tive contato, pela primeira vez, com o sushi, por exemplo, a iguaria que tem por base o arroz, temperado com vinagre, e recheado com peixe, frutos do mar, vegetais ou ovo. É importante ressaltar que, para os japoneses, a palavra sushi denomina uma grande variedade de alimentos preparados tendo por base o arroz temperado com vinagre, enquanto que, para a maioria dos brasileiros, que tem apenas um contato superficial com a cultura japonesa, sushi é sinônimo de peixe cru. Alguns exemplos de tipos de sushi são o Makisushi, o Hozomaki, o Tekkamaki e o Oshizushi. Infelizmente, o estereótipo do peixe cru ainda permanece na mente dos brasileiros no que se refere à culinária japonesa: o hábito n Brasil é cozinhar, assar ou fritar tudo aquilo que se consome, inclusive verduras e legumes, raramente consumidos crus, a idéia de pratos que levam um tipo de carne crua apavora a maioria das brasileiros, que nem chegam a experimentar pratos japoneses por puro preconceito. No entanto, o peixe cru é utilizado apenas no preparo de alguns dos pratos, e inclusive não costuma estar diariamente na mesa dos japoneses, é considerado uma iguaria de festas e comemorações. É claro que, como o Japão é um país cercado pelo mar, tenham sido desenvolvidas várias maneiras de preparar o peixe, mas a realidade é que os japoneses utilizam muito mais o peixe seco, principalmente no preparo de caldos e temperos, e o peixe grelhado. A tradicional refeição matinal japonesa traz sempre o himono (peixe salgado, seco ao sol e grelhado na chama quente antes de servir). Este costume de secar o peixe ao sol vem do período Nara: os peixes eram secos ao sol para servirem de oferenda aos deuses. O peixe seco demora mais a estragar e mantém melhor as proteínas e componentes do sabor.

6.2 O sashimi

Além do sushi, um dos pratos mais conhecidos da culinária japonesa, aqui no Brasil, é o sashimi, também facilmente encontrado em restaurantes especializados em culinária japonesa. Ele é composto por frutos do mar muito frescos, fatiados delicadamente, servidos apenas com um molho de mergulhar, geralmente molho de soja. Embora a maioria dos ingredientes seja, de fato, servida crua, alguns elementos, como o polvo, por exemplo, costumam ser servidos cozidos. Em refeições formais japonesas, o sashimi é o primeiro prato a ser servido. Como ele tem sabor leve e delicado, deve ser comido antes que outros temperos mais fortes afetem o paladar. A preparação e apresentação do sashimi constituem uma cerimônia chamada shikibocho. O mestre corta muito rapidamente uma carpa crua em delicados filés, utilizando, para isso, uma faca extremamente afiada e hashi ou pauzinhos para comer.

6.3 O camarão e outros frutos do mar

Além do peixe, outros frutos do mar são comumente usados na alimentação japonesa. Camarões, por exemplo, são bastante apreciados e geralmente consumidos frescos e crus. Existe um ritual para ingestão de camarões conhecido como odori: os camarões são comidos vivos e retorcendo-se (OdoriI significa dança): o camarão é retirado vivo de um tanque, limpo em menos de cinco segundos, apanhado pelo rabo, mergulhado em um molho e comido. Os gourmets dizem que o sabor é infinitamente superior.

6.4 As sopas

Também de grande importância na culinária japonesa é a sopa. No Brasil, é comum o consumo de sopas, principalmente em dias frios (geralmente sopas “pesadas”, que levam em sua preparação carnes e macarrão) ou como entrada, antes do prato principal, para que o sabor do mesmo seja mais bem apreciado, sem que a pessoa esteja com fome demais.

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No Japão, entretanto, a sopa acompanha o prato principal, para facilitar a digestão do arroz. Ela é tomada aos poucos durante toda a refeição, para realçar o sabor dos alimentos, e ao final dela, para limpar o paladar e completar o cardápio. Essas sopas dividem-se em caldos, sumashi-jiru, e sopas de missô, missô-shiru. Os caldos são preparados a partir do caldo de peixe, temperado com sal e shoyu. Utilizam-se flocos de peixe seco, conforme já citado anteriormente, e algas. Já na sopa de missô o caldo de peixe é misturado a uma pasta de soja fermentada (missô), e seu sabor varia de região para região, e até mesmo entre famílias, já que os ingredientes sólidos e as consistências são bastante variados.

6.5 O macarrão

Outro alimento bastante comum no Japão é o macarrão. Os dois principais tipos de macarrão são o udon, feito a partir de farinha de trigo, e o sobá, feito a partir do trigo sarraceno. O soba faz parte de uma importante tradição japonesa: é preparado na noite de 31 de dezembro e servido na comemoração do ano novo. Essa tradição é comemorada desde o período Edo e acredita-se que traga vida longa (isso porque o fio do soba é fino e comprido). Qualquer que seja o tipo de macarrão escolhido, ele é comido às vezes quente e coberto com carne, ovo ou outros ingredientes, com um molho à base de shoyu, mas também pode ser servido gelado, o que para a cultura brasileira é bem difícil compreender. Um tipo de macarrão geralmente consumido na primavera e no verão, estações mais quentes do ano, é o somen, macarrão fino, à base de farinha de tricô, a cuja massa se adiciona óleo de gergelim e é preparado em uma série de diferentes sabores. Ele é servido acompanhado de caldo gelado e cubos de gelo. Há também um macarrão que é servido nas estações de metrô, em uma espécie de fast-food japonês: todo o processo dura quatro minutos apenas. O macarrão é conhecido como “tati- udom”, a palavra “udon” significa “em pé”, ou seja, é uma refeição para ser comida realmente de maneira rápida, sem que ao menos se sente para fazê-lo.

6.6 O tofu

É necessário, também, dar-se destaque a um importante componente da culinária japonesa: o tofu. Na época em que o consumo de carne era proibido por motivos religiosos, o tofu era utilizado como importante fonte de proteínas. Ele é produzido à base de grãos de soja secos e leite de soja. 90% do tofu é composto de água. Normalmente, serve-se tofu cortado em cubos dentro da sopa de missô, mas ele é utilizado como ingrediente no preparo de diversas iguarias.

7. A alimentação cotidiana dos japoneses

Conforme objetivo descrito deste trabalho, a alimentação habitual japonesa baseia-se em arroz branco, geralmente com algum legume cozido no shoyu, legumes e verduras em uma espécie de conserva, carne e sopa (missoshiru). O almoço é a refeição menos importante para os japoneses, pois a essa hora do dia o pai de família geralmente está trabalhando e as crianças estão na escola. Dessa forma, são muito mais valorizados o café-da-manhã e o jantar. Algumas regras de etiqueta durante as refeições, no Japão, são, ante de comer, dizer “Itadakimasu”, que significa algo como ‘bom apetite’, ‘vamos comer’ ou ‘obrigado pela comida’. É uma forma de gratidão antecipada pela comida. Ao terminar a refeição, deve-se dizer gochisousama deshita, que é uma forma de agradecimento. A comida é servida em uma mesa baixa, ao lado da qual as pessoas ajoelham-se ou sentam-se com os pés sob ela. Para comer, ao invés de garfo, faca e colher (uso comum no ocidente), os orientais, inclusive os japoneses, utilizam-se de hashi, os famosos “pauzinhos”, outro desafio para os brasileiros que tentam ter maior contato com a culinária japonesa. O hashi é utilizado como se fosse um prolongamento dos dedos da mão. Assim, deve-se

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segurar a comida como se faria com o indicador e o polegar, caso se fosse come-la com as mãos. Espetar a comida com o hashi, lambê-lo, usá-lo para puxar uma tigela ou apontar algo é considerado extremante rude e mal educado. Alguns alimentos japoneses são consumidos com colheres, como a sopa de macarrão. Garfos e facas são utilizados para comer iguarias da culinária ocidental.

8. A cerimônia do chá

Outro importante aspecto da culinária japonesa que não se pode deixar de mencionar é a importância do chá na alimentação e a tradicional cerimônia do chá. O hábito de tomar chá teve origem na China, mas, com o contato e interação entre os dois países, estabeleceu-se e desenvolveu-se também no Japão. O preparo e apreciação da bebida tornaram-se uma arte japonesa. Uma reunião para tomar chá, no Japão, envolve uma série de preparativos: a sala onde ele será servido é cuidadosamente ornamentada, uma refeição é preparada, as pessoas chegam com antecedência. Este ritual de preparar e tomar o chá ficu conhecido como Chado, ou caminho do chá. Utiliza-se, nesta cerimônia, o chá verde, cada vez mais popular no Brasil por suas propriedades medicinais e introduzido no Japão por mestres Zen. Entretanto, o mais conhecido e considerado como quem instituiu a cerimônia do chá foi Sem Rikkiu, que definiu o chá da seguinte maneira: “O Chá nada mais é do que isso: primeiro você aquece a água, depois você prepara o chá. Depois você bebe adequadamente. Isso é tudo o que você precisa saber”. Rikkiu resume em quatro os princípios básicos do Chado: o primeiro é Wa, ou seja, harmonia. O segundo é Kei, ou respeito. O terceiro é Sei, traduzido como pureza. O quarto é Jaku, que é a tranqüilidade resultante dos três outros princípios. Como é possível perceber, a cerimônia do chá é algo ligado diretamente à espiritualidade e à harmonia entre os seres humanos e entre estes e a natureza, com base nos princípios do Zen budismo. Para a cerimônia do chá, as seguintes regras devem ser observadas: o chá é servido em uma casa de chá (cha-shitsu), em que deve haver uma sala de espera, uma sala de preparo e um caminho ajardinado por onde passem os participantes da cerimônia. As roupas utilizadas pelos participantes devem ser de cores discretas. Os convidados devem levar um leque dobrável e uma almofada de kaishi. A cerimônia tradicional e completa do chá leva em torno de quatro horas. O chá verde é consumido puro, sem açúcar ou leite. Encontrar um pedaço da erva boiando na xícara é sinal de boa sorte.

9. A carne e a relação com a culinária ocidental

Com o grande consumo de frutos do mar, os japoneses não tinham costume de comer carne, inclusive por motivos religiosos. Entretanto, a partir do século XIX, com a restauração Meiji e a abertura do Japão a culturas estrangeiras, o consumo da carne passou a ser bastante comum. A partir desse período, grandes redes alimentícia (inclusive fast-foods, passaram a se instalarem no país, agradando bastante ao paladar dos japoneses, principalmente jovens e crianças.

Conclusão:

Por esta breve explanação deve ter sido possível perceber que, para a maioria dos brasileiros, a culinária japonesa é um total mistério, coberta de mitos e preconceitos. É por isso que, neste trabalho,tentei apresentar os pratos mais conhecidos da culinária japonesa no Brasil, mostrando seu modo de preparo e suas variedades, quanto aqueles de que pouco se conhece. Procurei também explicar também alguns hábitos japoneses, como a maneira correta de se portar à mesa, comparando com hábitos de nossa própria cultura, para que as diferenças, sendo melhor conhecidas, possam ser valorizadas como individualizadoras, particulares. Acredito que a culinária seja um forte reflexo da história de um país e, portanto, um dos fortes aspectos culturais dele. Espero ter podido demonstrar, através deste trabalho,

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o quanto a culinária japonesa vai além do estereótipo que os brasileiros têm dela e contribuir para divulgar uma cultura tão rica.

Bibliografia

Sites:

Site do restaurante Sushi Yoshi, em Pernambuco: http://paginas.terra.com.br/arte/yuka/imigrao.htm#texto2Artigo das professoras Akiko Kurihara, Hiroko Nishizawa e Hurenai Nagahama: http://www.nippobrasil.com.br/2.historia_jp/256.shtmlArtigo escrito por Cristina Brayner: http://cybercook4.uol.com.br/exibir_materia.php?codmat=267Site do colégio Joana D’arc:http://www.colegiojoanadarc.com.br/cursoonline/japao/texto3.htmWikipédia, vocábulo “história do sushi” http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_sushi#OrigemSite Portal do Japãohttp://www.japao.org.br/Material fornecido pelo Centro de Chado Urasenke do Brasil:http://www.nihonsite.com/ceri/index.cfmSite dos alunos do curso de Cerimônia do chá da Universidade de São Paulo:http://br.geocities.com/chanoyu_usp/Guia da cultura japonesa, por Eije Kitsune:http://br.geocities.com/tmhp4/cultura.htm#comida

Revistas:

Nipponia – nº 26, nº 27 e nº30.

Livros:Nações do mundo – Japão. Editora Cidade Cultural, Rio de Janeiro. (O livro tem vários autores).

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Universidade de BrasíliaCultura Japonesa 1

Trabalho FinalJúlio César Santana da Silva Filho 03/43897Apresentação em 18 de julho de 2006

Esse trabalho pretende apresentar a indústria japonesa de videogames; para essa tarefa, apresento o quadro mundial do setor e, ao final, destaco o mais renomado personagem nacional da área de desenvolvimento de jogos no Japão, Hideo Kojima, bem como sua principal obra, a Metal Gear Series. Não pretendo ser exaustivo em minhas linhas, mas abranger o escopo suficiente e adequado às exigências da disciplina. Ao final do trabalho, apresento alguns gráficos e tabelas que ilustram as minhas argumentações tecidas no corpo do ensaio.

Justificativa/Conclusão

Conhecer a cultura de um país significa conhecer a maneira pela qual os habitantes desse país se humanizam por meio de práticas que criam a existência social, econômica, política, religiosa, intelectual e artística.

No Japão, a paixão por tecnologia é bastante difundida, especialmente nas grandes cidades. Isso abraça a indústria de videogame, diversão que faz parte do dia-a-dia de muitos japoneses, sendo integrante de sua cultura.

Decidi, então, realizar esse ensaio focado na indústria de videogame japonesa para compreender melhor a sua realidade no país, centrando o seu aspecto mercadológico devido aos meus interesses pessoais na área de relações internacionais, que inclui o comércio internacional. Isso permite alimentar o letramento cultural em relação à cultura nipônica, revelando a fragilidade dos esteriótipos. Um Japão tão diverso e tão diferente das imagens que são vendidas pela mídia está longe de ser um exemplo de inclusão tecnológica e de amplo acesso aos aparatos sofisticados como os videogames, que, ao contrário, têm perdido espaço no mercado doméstico.

Indústria de videogame

A indústria de videogame é o setor econômico envolvido no desenvolvimento, marketing e venda de jogos e equipamentos desse estilo. O setor abraça uma grande variedade de tipos de trabalho e emprega milhares de pessoas em todo o mundo. Esses empregados são, muitas vezes, especializados em algumas áreas comerciais tradicionais, mas alguns são dedicados exclusivamente ao setor de videogames (programador, designer, produtor, artistas etc). A maioria desses profissionais são contratados por vídeo game developers e video game publishers.

A emergência dessa indústria data de 1971, com o lançamento do Pong, o primeiro videogame internacionalmente oferecido. A partir daí, o setor tornou-se uma cultura de hobby, mais especificamente no final dos anos 70, em coincidência com a distribuição mundial de computadores pessoais. A indústria cresceu junto com o avanço da tecnologia da computação, e, muitas vezes, conduziu o desenvolvimento desta. Atualmente, trata-se de um símbolo de desenvolvimento.

Apesar de estar madura, a indústria de videogame ainda apresenta-se muito volátil, com developers de categoria inferior aglomerando-se e, da mesma maneira súbita, perdendo espaço no mercado. O setor tem experimentado uma fase de consolidação e de integração vertical como uma reação de custos crescentes. Há algumas décadas, os custos

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de desenvolvimento eram mínimos e os videogames poderiam ser bastante lucrativos – os jogos eram desenvolvidos por um único programador ou por um pequeno grupo destes. À medida que aumentaram o poder de computação e poder gráfico, também cresceu o tamanho desses grupos de trabalho. Os jogos modernos exigem números crescentes de força de trabalho e de equipamentos. Essa dinâmica torna os publishers (que financiam os developers), muito mais importantes do que em outras áreas de tecnologia. A indústria de videogame continua a crescer enquanto produz tanto jogos de baixa qualidade e sem originalidade quanto títulos populares e inovadores.

A indústria de videogame japonesa

A indústria de videogames do Japão é marcadamente diferente daquelas dos Estados Unidos e da Europa. Geralmente, os jogos têm muito mais atenção cultural no Japão do que no Estados Unidos e sua parcela total do mercado de diversão é também mais ampla. O Japão tem desenvolvido alguns dos maiores e mais caros títulos já criados, como Final Fantasy X e a série Metal Gear Solid, e, provavelmente, seguirá liderando, mundialmente, o caminho de altos valores de produção e de grandes equipes. Além disso, a estrutura e a cultura de um game developer japonês são muito diferentes dos padrões ocidentais. Ao longo da história do game design japonês, muitos developers têm preferido o anonimato, usando, inclusive, pseudônimos nos créditos dos videogames.

Os fabricantes japoneses de jogos e dos próprios videogames têm dominado esse mercado mundialmente. A indústria tem aumentado o valor de seus carregamentos desde 1998, especialmente para mercados internacionais. O mercado doméstico foi reduzido, em 2002 e 2003, devido a poucos lançamentos de títulos de sucesso e a um crescente aumento dos jogos em aparelhos celulares. O Instituto de Pesquisa Yano estima que o mercado japonês reduziu em aproximadamente 20% em 2003.

O mercado japonês de videogame está saturado, o que tem levado os principais fabricantes nacionais a se concentrarem, cada vez mais, nos mercados internacionais. As vendas internacionais crescentes têm ajudado alguns fabricantes a superar as fracas e declinantes vendas domésticas, aumentando sua performance operacional total. Há ainda um aumento no número de fusões e parcerias entre os fabricantes japoneses. A estrutura dessa indústria tem sido modificada drasticamente.

Estrutura da indústria (hardware e software)

Hardwares são os próprios videogames. Existem dois tipos de hardware: stationary ou console (máquinas que são conectadas a uma televisão para jogos em domicílio) e portable ou handheld (máquinas equipadas com tela de cristal líquido que podem ser carregadas para jogos fora de domicílio).

Softwares são, em geral, os jogos utilizados nos videogames. No final de 2002, existiam, aproximadamente, duzentos fabricantes japoneses de software (também conhecidos como publishers). Uma vez que hardwares fabricados pela Nintendo, Sony e Microsoft são mutuamente incompatíveis, os fabricantes de software devem criar e vender títulos com padrões específicos para cada equipamento. Estes fabricantes pagam royalties àqueles. Todos os três fabricantes de hardware, no Japão, desenvolvem, fabricam e vendem seus próprios softwares, sendo considerados também como publishers. Outros fabricantes de software com negócios no Japão são Capcom, Koei, Square Enix, Sega e Konami. Esta última será tratada mais detalhadamente adiante.

Os fabricantes de software têm baixado seus custos pelo desenvolvimento e venda de uma menor quantidade de títulos. Em lugar de produzir títulos inéditos, seqüências de

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sucessos anteriores têm sido produzidas e lançadas em números consideráveis. No entanto, esse tratamento tem, ao mesmo tempo, conduzido o setor a uma queda de inovação e assumido o perigo de uma tendência de perda de interesse dos consumidores em relação a esses jogos. Os gêneros mais populares de jogos são os role-playing games (RPG), os de ação e os simuladores. O preço aceito pelos consumidores tem sido reduzido devido a tendências como o crescente número de lojas de desconto. Títulos de baixo custo têm-se tornado o principal segmento do mercado.

As elevadas exportações da indústria japonesa, em contraste com a importação bastante limitada, destina-se, majoritariamente, ao mercado norte-americano. Internacionalmente, o Japão é extremamente competitivo em videogames, mas essa competição tem aumentado como um resultado do aumento dos jogos online na Coréia do Sul, e estratégia global da Microsoft e outros fatores.

HIDEO KOJIMA

Nascido em 24 de agosto de 1963, Hideo Kojima é um videogame designer na Konami. Ex-vice-presidente da Konami Computer Entertainment Japan, ele é, atualmente, o diretor da Kojima Productions, uma nova equipe dedicada ao desenvolvimento de jogos criativos. Kojima é o criador e diretor de muitos jogos de sucesso, incluindo a série Metal Gear (apresentada mais adiante).

Seu estilo marcante tem-lhe servido para tratar muitos aspectos e questões amplas e importantes na vida humana de modo filosófico e prolixo. Ele tem sido, algumas vezes, interpretado como um dos poucos game designers pós-modernistas; a própria série Metal Gear é repleta de realismo mágico. Sua paixão por filmes é também visível em seus jogos, nos quais ele presta homenagem através de suas histórias e personagens. Kojima é também conhecido por seu senso de humor caprichoso e irreverente.

Carreira no desenvolvimento de jogos

Nascido em Setagaya, Tokyo, Kojima mudou-se, aos três anos, para Kobe. Inicialmente com ambições de se tornar um diretor de cinema, ele integrou a equipe da Konami para o MSX home computer division, em 1986, como um designer.

Seu primeiro jogo lançado foi Metal Gear, em 1987, rumo ao sucesso. Com o lançamento de Metal Gear Solid, em 1998, para o Playstation, Kojima tornou-se uma celebridade internacional em sua área.

Kojima Productions

Em 1º de abril de 2005, após a Konami ter absorvido muitas de suas subsidiárias, a equipe de Kojima, na Konami Computer Entertainment Japan, transformou-se na Kojima Productions. Com essa nova equipe, Kojima já não está envolvido nas responsabilidades burocrático-administrativas de antes, focando mais estritamente a criação de jogos. No entanto, em edição especial da revista Weekly Famitsu, de junho de 2005, Kojima afirmou que, na verdade, assumiu o papel de diretor e de designer.

Metal Gear

Metal Gear é um jogo de espionagem desenhado por Hideo Kojima e desenvolvido e publicado pela Konami. O jogo serviu como título inaugural da série Metal Gear. Muitas versões da série foram lançadas para várias plataformas de hardware.

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O jogo

Em 1995, a 200km de Galzburgo, África do Sul, encontra-se Outer Heaven, um estado fortificado fundado por um legendário mercenário no final dos anos 80. Rumores invadiram o mundo ocidental de que, nas profundezas de Outer Heaven, uma arma de destruição em massa estava sendo construída. Os agentes públicos convocaram FOXHOUND, a unidade de alta tecnologia das Forças Especiais, para infiltrar a fortaleza, desvendar a situação e neutralizar a ameaça.

Em uma missão conhecida como “Operation: Intrude N313”, o operador da FOXHOUND, Gray Fox, infiltrou o estado. Alguns dias mais tarde, perde-se o contato com Gray Fox e sua última transmissão diz apenas “Metal Gear...”. O operador Solid Snake, o novo recrutado da FOXHOUND, é convocado pelo líder Big Boss a resgatar Gray Fox e concluir sua missão.

Usando todas as suas habilidades e equipamentos, Snake consegue resgatar Fox, que conta a ele que Metal Gear é o codinome de um tanque de guerra nuclear, destinado a dominar todas as formas de combate assim como lançar suas ogivas nucleares de qualquer localidade. Outer Heaven planeja usar o Metal Gear para impor-se como a nova superpotência mundial.

Munido com informações sobre como destruir Metal Gear, além de sua habilidade e espírito indomável, Snake luta contra as forças de Outer Heaven. Ao destruir o poderoso sistema de defesa de Outer Heaven, Snake pode neutralizar Metal Gear. Através de sua aventura em Outer Heaven, ele enfrenta o misterioso líder mercenário das forças do estado, que, descobre-se, é o próprio Big Boss.

Big Boss tinha usado suas conexões com o governo norte-americano para estabelecer sua própria força mercenária, corromper e adentrar a inteligência militar, além de financiar suas atividades. Sua meta era fazer de Outer Heaven a potência mais poderosa do mundo, sendo liderada por ele próprio. Ele queria que Snake entrasse em Outer Heaven para que fosse capturado e pudesse passar informações falsas ao governo dos Estados Unidos.

Após perder o Metal Gear e muita força, Big Boss começa a destruir Outer Heaven, e conduz uma batalha subterrânea com Solid Snake. Apesar de machucado, Snake derrota Big Boss e escapa de Outer Heaven, enquanto esta se destrói em chamas. Big Bossa fica para trás e, supostamente, morre após a explosão.

A versão mais atualizada da série Metal Gear é Metal Gear Solid 3: Snake Eater, de 2004, para Palystation 2. O jogo se passa, em 1964, na Guerra Fria. Dessa vez, Big Boss é o personagem controlado pelo jogador; no entanto, ele ainda não ganhou tal título nessa época. Resumo da história: um cientista de armas russo chamado Sokolov pede abrigo aos Estados Unidos, que o resgata, mas, logo após, a Rússia pede o cientista de volta e, em troca, tiraria seus mísseis de Cuba. Os Estados Unidos concordam e devolvem o cientista, mas ele pede para ser salvo novamente, de onde descobrem que ele estaria desenvolvendo uma arma nuclear que seria capaz de aniquilar os Estados Unidos. Snake é enviado para resgatá-lo.

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ÍNDICE

CULTURA..........................................................................................................02O GO..................................................................................................................05O GO NO OCIDENTE........................................................................................08JUSTIFICATIVA.................................................................................................09BIBLIOGRAFIA..................................................................................................10

Universidade de Brasília - UnBInstituto de Letras – Departamento de Línguas Estrangeiras e TraduçãoCurso de Letras Portuguesa - LicenciaturaCultura Japonesa IProf: Sachio NegawaAluno: Pedro Henrique Arazine de Carvalho Costandrade Matrícula: 06/37858Turma: A Período: Noturno

Cultura

A questão da cultura deve ser vista e tratada com cuidado, pois, não raro, os povos formam juízos de valor acerca das formas de vida que diferem dos seus próprios, quando tais povos estudam sistemáticamente, a comparação entre as diferentes formas de condutas dão origem às classificações dos modelos de vida. Emitem-se juízos morais sobre os princípios éticos que guiam a conduta e estuturalizam os sistemas de valores dos diferentes povos. Organizam-se suas estruturas econômicas, sociais, políticas, crenças religiosas, manifestações artisticas por ordem de complexidade, eficácia e desejabilidade.

No entanto, torna-se cada vez mais latente que tais avaliações desse tipo subsistam ou desmoronam com a aceitação ou não das premissas de que derivam. Aqlém disso, tais critérios se baseiam em juízos incompatíveis com o povo estudade, de modo que que as conclusões formuladas da definição do que é desejável não coincidem com as conclusões baseadas em uma outra formulação de valores. Fica claro que se considerarmos os valores dos que vivem em tais sociedades diferentes da nossa há a possibilidade de respostas alternativas baseadas em diferentes concepções daquilo que se tem por desejável.

Devido a tais aspectos surgiu o príncipio do relativismo cultural, que se apoia em uma vasta acumulação de dados obtidos mediante a aplicação de técnicas nos estudos de campo que permitiu aos cientistas penetrarem nos sistemas de valores subjacentes às sociedade de costumes diversos. Dessa forma tal princípio seria de que os juízos de valor baseiam-se na experiência, e a experiência é interpretade pelo indíviduo de acordo com sua própria endoculturação.

Nesse sentido surge o problema dos valores, pois os critérios morais apenas direcionam a conduta no ponto em que concordem com as orientações de um certo povo em um certo período de sua história. Segundo Cassier a realidade só pode ser experimentada através do simbolismo da linguagem. Dessa forma a realidade é definida e redefinida pelos simbolismos variantes de cada período histórico de um dado povo. Todos os fatos do mundo fisico são interpetados mediante a endocultura do indivíduo, dessa forma, a percepção do

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tempo, distância, peso, tamanho e outras “realidades” são condicionadas pelas convenções culturais do grupo.

Após terem sido tratados o problema dos diferenets valores de cada sociedade e da mesma sociedade variando na história da mesma, cabe definir o que seria cultura. Dessa forma, nenhuma cultura é um sistema fechado, inerte as alterações sociais e aos progrssos realizados nas arás de conhecimento humano. Nesse sentido M. J. Herskovits traz duas definições de cultura, a saber: pela natureza da cultura, reduz-se a uma soma da conduta dos habituais modos de pensar das pessoas que em tempo e lugar determinados constituem uma sociedade particular e, graças ao hábito da aprendizagem se submetem aos modos do grupo dentro do qual nasceram, mas variam, todavia, em suas relações às situações da vida com que em comum se deparam. Traz, também, que a soma de condutas que são chamadas de cultura é flexível, não rigida, e contém muitas possibilidades de escolha em sua ampla armação, dessa forma, identificar os valores reconhecidos por um determinado grupo não implica de forma alguma que eles constituam um fator constante nas vidas das gerações sucessivas do mesmo grupo.

Diante de tudo o que foi exposto pode-se afirmar que a definição daquilo que é normal ou anormal, está reacionado com a endoculturação do sujeito que emite o valor. Como forma de avaliação de cultura, prevalece o etnocentrismo, sendo, este, o ponto de vista segundo o qual o próprio modo de vida é preferível aos demais modos existentes. Daí a importância da relativização cultura, pois aquilo que é bom para um certo grupo não o é necessariamente a outro, nem o que seja ruim para outro grupo o seja necessariamente mal para um terceiro grupo. Atualmente, a superioridade tecnológica é usada para definir o que seria melhor ou pior em termos de sociedade, no entanto, mesmo este aspecto não pode ser usado ao extremo, pois se para nós andar de carro é melhor que andar a pé, para alguns grupos andar a pé ou à cavalo seja mais aconselhável.

O Go

A referência mais antiga desse jogo milenar data da China de 548 A.C., no entanto, de acordo com a lenda, o jogo foi usado como ferramenta de ensino após o antigo Imperador chinês Yao, que criou o jogo para seu filho, Danzhu, que ele imaginava que precisava aprender disciplina, concentração e balanço. Outra teoria sobre o surgimento do Go considera que os Senhores da guerra e os generais costumavam colocar pedras em um mapa para estudar posições de ataque.

Uma terceira teoria sobre a origem do Go, diz que as 361 interscções do tabuleiro correspondem aos dias do ano (no antigo calendário chinês haviam apenas 361 dias), que cada uma das faces do tabuleiro representava uma estação do ano e que uma volta completa no tabuleiro simbolizaria um ano. Segundo essa corrente, o Go estaria ligado a adivinhação do futuro e suas pedras brancas e pretas representariam as forças opostas que agem no ser humano.

Seja qual for a origem do jogo, é um jogo fascinante. Sua complexidade vai muito além da imaginada por alguém que simplesmente vê seu tabuleiro vazio. Em um tabuleiro de Go existem não menos que 3361×0.012 = 2.1×10170 posições possiveis.

O Go chegou ao Japão por volta do século VII D.C., e se tornou popular na corte Imperial no século VIII D.C., no entanto, apenas no inicio do século XIII o jogo passou a ser jogado pelo público em geral no Japão. Logo no inicio do século XVII foi fundada a primeira escola de Go no Japão, e, para seu direto, foi indicado Honinbo Sansa, então o melhor jogador do Japão, esta escola elevou o nivel dos jogos de maneira fenomenal e introduziu o sistema

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das artes marciais de classificar os jogadores em rankings. Com o fim da era Togugawa o governo deixou de estimular a pratica do jogo.

Uma das coisas que faz deste jogo algo ainda mais facinante é a simplicidade das regras, apesar dessa simplicidade não se refletir nas estratégias do jogo. Um movimento feito no início do jogo de um lado do tabuleiro pode influenciar a forma e os conflitos que irão surgir no fim do jogo do outro lado do tabuleiro. O jogo enfatiza a importância do balanço em diferentes níveis e tem tensos internas.

Para garantir uma área do tabuleiro, é bom fazer jogadas perto uma das outras, mas para cobrir a maior área possível o jogador tem que espalhar suas jogadas. Para ter certeza que um jogador não irá perder o jogo, é necessário um jogo expansionista, no entanto jogar muito agressivamente deixa fraquezas que, não defendidas, podem ser exploradas. Jogar muito próximo das extremidades do tabuleiro assegura território insuficiente e pouca influência, mas jogar muito longe das extremidades permite que o oponente invada seu território. Muitos consideram o jogo atrativo pela sua “reflexão das necessidades contraditórias da vida real”.

O Computador não pode derrotar um ser humano no GO, pelo menos não aqueles que já tenha jogado por no mínimo um mês. Para jogar GO, uma pessoa deve ser capaz de identificar formas, confiar na intuição e antecipar movimentos, levando em conta o tabuleiro como um todo. Estes são atributos do ser humano que o poder de processamento do computador com a força bruta ainda não é capaz de realizar. Por exemplo, o supercomputador Deep Blue da IBM (processa 200 milhões de posições por segundo), gastou três minutos em cada movimento para derrotar o Campeão Mundial de Xadrez Garry Kasparov em 1997. Para analisar a mesma quantidade de movimentos no jogo de Go, o Deep Blue levaria mais de 1,5 anos e provavelmente ainda faria um lance errado. "O GO pode ser o último refúgio da inteligência humana" segundo Dallas Morning News. Ou, pelo menos, como um programador declarou "o Cálice Sagrado da programação de computadores" e "o maior dos desafios na ciência de computação" - artigo na página da Trend Micro, Inc.

Atualmente, no Japão, o Go (mais conhecido por Igo) possui uma liga profissional, que acabou por se expandir pelo mundo, possuindo uma filial em São Paulo, outras nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Anualmente se realiza nos Estados Unidos uma conferência internacional sobre este jogo milenar onde mais de 150 mil jogadores passam, desde profissionais a amadores. Além disso, os executivos da atualidade, têm encarado este jogo como um mapa de como expandir e desenvolver seus negócios dando uma outra característica ao jogo.

O Go no Ocidente

Embora inventado pelos chineses, foi o Japão que se encarregou de divulgar e profissionalizar o jogo. Hoje a Nihon Ki-in, Associação Japonesa de Go, organiza diversos campeonatos – amadores e profissionais – com premiações que podem a chegar a 400 mil dólares. O próprio Brasil esteve representado em uma das últimas competições mundiais da categoria disputada em Abril deste ano em Tóquio.

Acredita-se que haja mais de 50 milhões de jogadores no mundo, 10 milhões só no Japão. No Brasil, de acordo com o Clube de Go de São Paulo, o jogo deve ter em torno de 10 mil adeptos. Para aumentar a divulgação do Go no País, o Clube de Go de São Paulo está oferecendo cursos gratuitos à população e iniciou recentemente um projeto para ensinar o jogo nas escolas.

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O Go chegou ao ocidente através de um engenheiro alemão que morou no Japão entre 1878 e 1886, Oscar Korschelt. Ele publicou um artigo detalhado sobre Go em 1880 e alguns anos depois publicou um livro, ele foi o responsável por levar o jogo para a Alemanha e para a Áustria. Como ele aprendeu Go no Japão os termos do jogo no ocidente, bem como padrões e formas de jogar, vem, também, do Japão.

Na década de 1950 foi que o Go passou a ter maior expressão no mundo ocidental, e, somente, em 1978 um ocidental recebeu um certificado de jogador profissional de uma entidade de Go asiática. E, apenas, em 2000 um ocidental foi promovido a 9-dan, o maior rank no mundo do Go.

A partir disso, a pratica do Go no ocidente tem crescido e se difundido, sendo aplicada a outras áreas que não apenas o entretenimento. Diversos livros têm sido publicados se referindo a potencialidade das estratégias desse maravilhoso jogo no mundo dos negócios, e, até, no dia-a-dia das pessoas.

Justificativa

Juntamente com o Go, surge a necessidade de pesquisar sobre a cultura japonesa, que de forma decisiva influenciou a construção do Go atual, seja no mundo oriental, seja no mundo ocidental. A infinidade de termos encotnrados no Go de origem japonesa acabam por requerer uma busca sobre as origens do Go. Não se pode jogar Go sem entender suas estrategias e origens, sua complexidade.

Qualquer jogador de Go que queira se aventurar mais a fundo neste mundo tem como pré-requisito entender como o Go se encontra estruturado no Japão atualmente, as práticas rotineiras que acontecem no mundo do Go japones, pois esse mundo não pode ser deslocado do mundo do Go como um todo.

A curiosidade sobre a sociedade e cultura japonesa acabam por contribuir para gerar uma visão despreconceituosa e uma melhor compreensão da cultura japonesa, corroborando com a formação do letramento cultural.

Referências Bibliográficas

HERSKOVITS, M. J.. O problema do relativismo cultural.IN WOOTMANN, Ellen F.; GUIDI, Maria L. M.; MOREIRA, Maria R. De L. P.. Respeito à Diferença: Uma Introdução à Antropologia. Brasília – D.F.: CESPE/UnB, 1999.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de direito. São Paulo: Saraiva,2002.

http://en.wikipedia.org/wiki/Go_(board_game) – Acesso em 17/06/2006

http://paginas.terra.com.br/esporte/go/ - Acesso em 17/06/2006

Brasília, D.F., 27 de julho de 2006.

Pedro Henrique Arazine de Carvalho Costandrade

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Universidade de BrasíliaInstituto de Letras – IL

Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LETDisciplina Cultura Japonesa 1

Professor Sachio Negawa

Samurais Modernos

AlunoBruno [email protected]

(03/17136)

1 - Justificativa

Escolhi o tema “Samurais Modernos” por ser uma oportunidade de falar sobre os guerreiros que estiveram no controle do Japão por mais de 700 anos e que influenciaram com seu modo de vida, a sociedade japonesa. Em fato até os dias atuais os ensinamentos samurais podem ser seguidos para o aprimoramento do espírito e do corpo. E em uma sociedade com cada vez menos valores é valido resgatar a sabedoria antiga para melhorar o dia dia. O samurai moderno não se engaja em batalhas sangrentas mas dependendo do ponto de vista nossa época é mais cruel do que o japão feudal. Esse observação pode ser um pouco exagerado mas também não é exagerada a busca do lucro de qualquer forma sem respeito a vida e o que está no caminho ? Este conceito de ultilizar técnicas da espada no cotidiano vem sido apresentado como samurais modernos que fazem proveito desses ensinamentos nas mais diversas áreas inclusive em outros esportes como auxílio para se concentrar e treinar com mais eficiência. Então aprender mais sobre os samurais e aplicar seus ensinamentos no cotidiano é uma forma de quebra de esteriótipo e ao mesmo tempo letramento cultural.

2- Conceito de cultura

O foco deste trabalho é a quebra de esteriótipo e a transmissão de letramento cultural para aquele que for lê-lo, através da apresentação dos ensinamentos da espada. Mas para isto é preciso primeiramente definir o termo “cultura” que será usado. “Cultura” é o conjunto de regras, costumes e tradições. Muito mais que isso, a “cultura” é a argamassa que mantém a sociedade. Essa argamassa é aquilo que aprendemos e repassamos, é o modo de nos vestir e falar até o modo de andar é um aspecto cultural de um povo. Então o conceito de “cultura” usado neste trabalho é o mais abrangente possível é o molde que faz um povo ser como tal.

3- Introdução

“Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você ver o caminho em tudo o que fizer, você se tornará o caminho.” Miyamoto Musashi [1]O verdadeiro guerreiro é aquele que persegue seu objetivo sem deixar que seja atrapalhado, porque a única coisa que pode ficar entre ele e seu caminho, é ele mesmo. Perseguir um objetivo seguindo as regras da boa conduta do seu código de ética é a essencia do samurai. Suas 7 virtudes GI - Justiça e MoralidadeAtitude direta, razão correta, decidir sem hesitar; YU - CoragemBravura heróica; JIN – Compaixão Benevolência, simpatia, amor incondicional para com a humanidade; REI - Polidez e Cortesia Amabilidade; MAKOTO – Sinceridade Veracidade total, nunca mentir; MEIYO – Honra Glória; 7.CHUGO - Dever e Lealdade

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Devoção, Lealdade [1] são características adimiráveis e que se estivessem presente em mais pessoas, poderiamos estar vivendo em uma socidade mais justa. Mas como a realidade do mundo é outra, ditada pelas regras de sobrevivência, vivemos em um mundo cada dia mais competitivo e para nos destacaramos precisamos de características distintas. É onde podemos recorrer ao bushido afim de nos educarmos, absorver o que é bom e cabível para a vida urbana agitada. O samurai deve ser um mestre na pena e na espada, deve ser um ser humano completo, conhecer da sua história e estar ciente acontecimentos conteporâneos, apreciar as artes quando não estiver ocupado com seus afazeres militares em suma para o cotidiano a pessoa completa deve se destacar conhecendo não somente o ramo em que atua como também as areas adjacentes e ademais para sempre estar refescando seu conhecimento com idéias novas. Além disso devemos nos dedicar a uma prática que nos eleve o espírito, os antigos samurais praticavam shodô (caminho da caligrafia) e chadô (cerimônia do chá) entre muitas outras artes. Cada movimento samurai nessas praticas era executado com perfeição e graça como se aquele fosse o último. Isso de fato era algo que os samurais carregavam consigo no dia. Para a vida de hoje, executar tudo com perfeição como se aquela tarefa fosse a ultima ou a mais importante, vivenciar o momento com sinceridade é um fator que pode diferenciar quem se destaca da multidão. O bushido exige que a conduta do guerreiro seja correta em todos os sentidos e abomina qualquer forma de preguiça, não deixe pra fazer amanhã o que pode ser feito hoje, amanhã pode ser muito tarde ou até ja está feito. O homem que se transformar no guerreiro será bem sucedido.[2]

4 - Os Samurais e o Bushido

Os samurais surgiram na época Heian e incialmente protegiam os donos latifundios (daymio) ou a nobreza, esta que seria mais tarde a classe mais respeitada e adimirada do Japão foram os mais letais guerreiros que já existiram. A princípio qualquer um podia ser um samurai bastanto ser forte, dominar artes marciais e ter uma boa reputação para ser contratado por um senhor feudal. Os samurais que perdessem seu daymio em cicunstancias que não fossem sua responsabilidade, eram chamados ronin ,samurais desempregados que muitas vezes tinha que vender suas espadas para pode se alimentar. Isto gerava um grande problema esses ronin por muitas vezes se tornavam bandidos. Mais tarde o título de samurai se tornou uma casta, passado de pai para filho e era um título de nobreza a partir dai é mais apropriado se referir a eles como bushi (guerreiro) porque o termo samurai é poco específico como será explicado mais tarde. Os bushi eram homens que seguiam a risca os ensinamentos do bushido ( caminho do gurreiro) que era transmitido de forma oral e ditava o estilo de vida do guerreiro. Esse código de honra talvez seja umas das qualidades que mais fascina sobre esses notáveis guerreiros pois o samurai dormia samurai e acorda da mesma forma e devia manter sua postura a todo instante[3][4]. O bushido foi influenciado por fortes correntes budistas, xintoistas e confucionista que por consequencia moldaram o carater da classe dos samurais e fazem parte da cultura japonesa. A falta de medo de morrer foi conferido aos bushi pelos ensinamentos budistas que pregavam haver vida após a morte e que os guerreiros reencarnariam novamente como guerreiros. O xintoismo se fazia presente no forte patriotismo fortalecido pelo isolamento do japão e a crença de que a Terra não existe apenas para suprir as necessidades das pessoas "É a residência sagrada dos deuses, dos espíritos de seus antepassados..." A Terra deve ser cuidada, protegida e alimentada por um patriotismo intenso. O Confucionismo oferece ao bushido sua crença em relação aos seres humanos e suas famílias, ressalta o dever filial e as relações entre senhor e servo, pai e filho, marido e mulher, irmão mais velho e mais novo e entre amigos, que são seguidas pelos samurais. Junto com estas virtudes, o bushido também prega a justiça, a benevolência, o amor, a sinceridade, a honestidade, e o autocontrole[2][1]. A palavra samurai vem do verbo saburai, que significa "aquele que serve ao senhor" por isso é um termo vasto, depois de virar uma classe os guerreiros devem ser chamados bushi. A

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classe dos bushi, dominou a história do Japão por cerca de 700 anos. Sua função passsou de guerreiros para os senhores do japão nos períodos dos shogunatos. O bushi cada vez mais um cargo burocrático foi abolido como classe na restauração Meiji com a proibição de andar carregando o símbolo da alma bushi , as 2 espadas wakisashi (espada curta 40cm) e a kataná(apartir de 60cm) mas até o presente esta facinante classe se faz presente e nos influencia[3].5 - Samurais Modernos

"Seguir o bushido, é dar ênfase à lealdade, fidelidade, auto-sacrifício, justiça, bons modos, humildade, espírito marcial e honra acima de tudo, morrer com dignidade"[5].

Esse é um tema já foi aborado várias vezes em reportagens recentes, pesquisa do na internet são facilmente encontradas reportagens em várias revistas de grandes editoras, muitas pessoas inclusive executivos praticam os antigos ensinamentos na forma de artes marciais, há inúmeros centros e dojos que oferecem aulas. Na publicidade é comum que os profissionais leiam a Arte da Guerra livro escrtito por Sun Tzu escrito no século IV a.C obra que se mantem incrivelmente atual mesmo passados mais de 2500 anos. No japão é quase obrigatória a leitura pelos executivos do livro de Miyamoto Musashi os 5 anéis como aperfeiçoamento pessoal e profissional. Os ensinamentos buscam ensinar equilibrio e disciplina o que ajuda no controle de situações e a dominar também as emoções para que essas não dirijam a pessoa a tomar decisões erradas por impulso. Os empresários encaram desafios diários como batalhas então precisam estar sempre concentrados e estar afrente do conconrrente, aqui que se encaixam os ensinamentos da espada adptados para a realidade moderna. A procura dos empresários brasileiros pelas técnicas da espada foi tal que, foi criada uma modalidade específica. O Instituto Niten é um dos estabelecimentos mais famosos que oferecem as artes da espada kendo e kenjutsu sob o comando do sensei Jorge Kishikawa que há mais de 34 anos estuda as artes samurais e a 10 transmite seu conhecimento à seus dicipulos. Umas das artes marciais mais procuradas é o kenjutsu onde o aluno treina com uma espada de madeira maciça chamada boken ou bokuto que reproduz a kataná (espada utilizada pelos samurais) e trajam hakamás (uma espécie de calça folgada com 7 pregas que representam as virtudes samurais) e um gi (parte superior). Um dos métodos criados pelo sensei é o KIR (Ken Intensive Recuperation) ou recuperação intensiva pela espada e busca recuperar os talentos ocultos nas pessoas atrvéz da espada. O instuto também oferece a modalidade KIR empresarial que é que mais se encaixa nesse trabalho. Em palestras e workshops solicitados sob demanda pela empresa os ensinamentos do bushido são disseminados tendo como objetivo a obtenção de maior discplina, força de vontade, trabalho em equipe, respeito a hierarquia e lealdade. Tudo isso tendo em vista maior produtividade na empresa e mais entrosamento entre os empregados. Sem dúvida o modo de vida samurai tem ainda muito ao que somar na vida do homem moderno[6].

6 - Conclusão

A arte da espada traz um grande enriquecimento, atingir o equilíbrio leva tempo, paciência e dedicação para realizar tal feito precisamos, estar concentrados e motivados. Esses valores são ensinados atravéz da espada, no dojo o aluno deve manter sempre a postura, estar atento e por o coração nos movimentos porque todos devem ser executados com precisão, perfeição e eficiência atingindo o adversário da melhor forma com mínimo de esforço o aluno também aprende a esperar com paciência hora certa de atacar e também a se sacrificar para ganhar uma luta, as vezes é preciso perder um pouco de território para vencer. Seja pelo kenjutsu, kendo ou iaido aquele que praticar, se dedicar e viver a filosofia por traz da espada será um vencedor mesmo que não seja um guerreiro[7].

7 – Referências

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1- Wilipedia – Bushido - http://pt.wikipedia.org/wiki/Bushido acesso em 20 de junho de 20062- Yuzan, DAIDON – Bushido o código do samurai. São Paulo: Madras, 2005. 125 p.3- Bushido Online - http://www.bushido-online.com.br/samurai.htm acesso em 20 de junho

de 20064- Wikipedia – Samurai - http://pt.wikipedia.org/wiki/Samurai acesso em 20 de junho de

20065- Kenjutsu - http://www.kenjutsu.com.br/filosofia.html acesso em 20 de junho de 20066- Niten KIR - http://www.kir.com.br/metkir.htm acesso em 20 de junho de 20067- Kishikawa, JORGE – ShinHagakure. São Paulo: Conrad, 2004. 136 p.

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Universidade de Brasília – UnbInstituto de Letras – ILDisciplina: Cultura Japonesa 1Professor: Sachio NegawaEstudante: Raquel Moita ViannaMatrícula: 99/10298

SUSHI

BRASIL – JAPÃO

INTRODUÇÃO

Minha história com o sushi apesar de não ser muito antiga, não é menos profunda. Aprendi a fazer sushi no mesmo dia em que experimentei pela primeira vez. Acompanhei todos os procedimentos e participei efetivamente da sua “confecção”. Fiquei absolutamente encantada pela singularidade das técnicas e seu belíssimo resultado. Me apaixonei também pelos sabores tão diferentes de tudo o que já tinha experimentado até então. Desde aquela noite tenho feito sushi de vez em quando para os amigos, trocado receitas e aprendido a cada dia um pouco mais sobre essa arte.

Há um certo tempo vinha me perguntando sobre as suas origens e, ao começar o curso de Cultura Japonesa 1 confesso que me surpreendi ao aprender que não se trata de uma culinária tradicional japonesa. Optei, portanto, pelo tema “Sushi Brasil-Japão”, em que pretendo desenvolver um panorama histórico do surgimento e desenvolvimento do sushi no Japão, descrever as modalidades de sushi no Japão e traçar um comparativo com a versão brasileira dessa técnica, tendo por base a noção de que qualquer tipo de manifestação cultural própria de um país qualquer (inclusive a culinária), ao se instalar em país estrangeiro, recebe interferência direta da cultura local. Com o sushi não foi diferente. Pretendo enfocar no meu trabalho esse panorama comparativo, em que gostaria de alcançar as diferenças nos sabores e nas preferências entre apreciadores dos dois países.

DESENVOLVIMENTO

Panorama Histórico – Japão

Não se pode dizer com absoluta certeza das origens do Sushi no Japão. Sabe-se que antigamente costumava-se acondicionar os alimentos em caixas de madeira e conta-se que certo dia um homem resolveu guardar um peixe grelhado e salgado numa caixa que continha uma certa quantidade de arroz. O homem esqueceu-se de que tinha colocado o peixe na caixa do arroz e, ao lembrar-se dele alguns dias depois constatou que o peixe havia fermentado ali dentro e exalava, portanto, um cheiro azedo. Como naquela época havia muita dificuldade de se conseguir comida, o homem teve pena de jogar o peixe fora e resolveu provar um pedaço dele. O gosto era diferente, azedo e meio adocicado, e o homem achou até agradável. Como não passou mal, ele tentou repetir a façanha algumas outras vezes. Até hoje se faz uma modalidade de sushi em que se acrescenta, numa caixinha de madeira, um pouco de arroz, coloca-se peixe por cima e depois uma camada de legumes.

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As técnicas de preparação do Sushi desenvolveram-se ao longo de muitos anos, os pescadores comiam com as mãos bolinhos de arroz com peixe cru por cima, envoltos com alga, parecidos com esses que temos hoje em dia..

Por ser um país insular, os japoneses usam uma variedade de peixes, ovas de peixe e mariscos que não encontramos no Brasil. Esse é o principal motivo dos altos custos desse prato.

Panorama Histórico – Brasil

Os primeiros Japoneses chegaram ao Brasil em 1908, no navio Kasato-Maru e se depararam com uma culinária completamente diferente da sua. Acostumados com o tradicional chá verde, cheio de propriedades medicinais, depararam-se com o potente café. Acostumados com peixes e mariscos, depararam-se com carnes pesadas como a carne seca, o charque, além das farinhas de milho, de trigo, enfim, tudo muito diferente e pesado demais para o paladar japonês. Começaram a formar uma pequena comunidade na região que corresponde ao atual bairro da Liberdade, onde possuíam pequenas fábricas de tofu, udon, tudo muito simples e feito para o consumo interno, dos próprios japoneses. Naquela época não tínhamos o hábito de comer fora de casa e a comida japonesa não era agradável ao paladar brasileiro, então os pequenos restaurantes japoneses, tradicionais e caros, não resistiram e acabaram falindo.

A contribuição Contemporânea e a Questão do Estereótipo

No Ocidente, mais precisamente nos EUA, alguns executivos japoneses não conseguindo se adaptar ao paladar ocidental, importaram do Japão o know-how da culinária japonesa e logicamente as técnicas começaram a sofrer algumas alterações. Devido à impossibilidade de se ter acesso a alguns peixes e mariscos muito caros, os sushimans criaram modalidades de sushi mais baratos utilizando frutas e legumes, além do salmão, kani-kama, atum etc.

No Brasil, os Sushi-Bar tiveram lugar mais efetivamente na década de 80 e alguns, menos tradicionalistas acrescentaram as modalidades importadas dos EUA, mas ainda assim podemos encontrar alguns restaurantes que permanecem, de alguma maneira, mais fiéis ao estilo japonês de preparar e servir esse prato maravilhoso. Hoje em dia, com a globalização, está em alta a comida dita “light”, sem gorduras, portanto a comida japonesa é um “prato feito” para o homem ocidental contemporâneo de maneira geral.

Sushi no Japão pressupõe uma culinária para ser apreciada. Aprecia-se os sabores, visualmente aprecia-se as cores e formas e também a louça. Como o Japão possui

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estações do ano bem definidas, os ingredientes também obedecem essa ordem natural. Assim sendo, existem ingredientes típicos das estações do ano (Exemplo: O Atum é um peixe típico do outono- inverno Japonês) e existem diferenças para os sushis e para as louças de acordo com a estação do ano em que forem servidos.

A maneira de se servir o sushi nos restaurantes Japoneses também é muito diferenciada. Há saudações de chegada e de despedida oferecidas aos clientes, o sushiman fica à disposição dos mesmos e serve sushis na hora em que termina de prepará-los. Devem ser servidos frios, quase gelados.

No Brasil é muito diferente. Encontramos, além dos restaurantes japoneses, sushis sendo vendidos em restaurantes self-service, junto com outros tipos de comida, como a chinesa, por exemplo. Não conhecemos outros ingredientes mais tradicionais, tampouco podemos apreciar as louças. Nunca fomos saudados ao entrar num restaurante tipicamente Japonês. É uma pena...

Ao contrário do que se pensa, a comida Japonesa não se resume ao Sushi, que é um prato muito caro. Existem pratos quentes, sopas, chás, uma variedade de pratos leves e bastante nutritivos compõem o cardápio cotidiano dos Japoneses.

CONCLUSÃO

Aprendi muito sobre essa culinária maravilhosa. Já sabia que encontraria algo novo e diferente do que conhecia (mesmo porque conhecia muito pouco), mas não imaginava que seriam tantas essas diferenças. Acabei ficando ainda mais curiosa e ainda mais encantada e não pretendo parar essa pesquisa por aqui.

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Universidade de Brasili – UnB 12/06/2006Departamento de línguas estrangeiras e tradução – LETCultura japonesa 1Professor: Sachio NegawaAluno: Taygoro Braga de Brito KudoMatricula – 04/20352

Ainu

Indice

As origens do povo japonês 03O povo Ainu 04Historia 05Língua 06Literatura 07Folclore 08Situação atual 09

As origens do povo japonês

Durante a ultima era glacial há registros de que o Japão era ligado ao continente asiático por uma camada de gelo. Grupos nômades de caçadores migraram da Ásia central, atravessando pelo gelo em duas rotas, uma delas pelo norte e a outra pelo sul. A migração feita pelo sul ocorreu primeiro, a cerca de cinqüenta mil anos antes de Cristo, quando as ilhas de Honshu, Shikoku e Kyushu eram interligadas devido à glaciação, formando uma grande ilha. Enquanto a migração desse povo pelo norte se deu por volta de dezoito mil anos antes de cristo. Como pode se ver no mapa, a grande ilha formada pelo gelo e Hokkaido não possuíam nenhuma formação glacial que servisse de ponte entre essas duas ilhas. Sendo assim esses dois povos ficaram separados desde o inicio. O que fez com que essa diferença de tempo evidenciasse a diferença de fisionomia entre ambos os povos.

Imagem retirada da pagina fieldmuseum.com

Por muito tempo o grupo do qual os Ainu se originaram ficou indefinido. Alguns pesquisadores achavam que eles eram caucasóides enquanto outros achavam que eram

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australóides ou mongolóides devido a características físicas, mas exames de sangue puderam identificar um padrão mais próximo dos mongolóides.

O povo Ainu

Em geral Ainu, termo quase que genérico para definir as diversas tribos residentes no território das ilhas ao norte, são aborigenes, de origem controversa que habitam as ilhas de Hokkaido, ao norte do Japão, Kurile e Sakhalin ao sul da Rússia. Sempre passaram por situações de discriminação por parte do povo japonês, mas nem sempre foram a minoria que se apresenta hoje. Eles habitavam a região norte da ilha de Honshu e foram com o tempo sendo isolados na região ao extremo norte, em Hokkaido. E com as leis de proteção, sua cultura está sendo preservada e ensinada, de modo a tentar diminuir a discriminação com relação a esse povo e preservar parte da historia do arquipélago japonês.

Mapa representando a região habitada pelo povo Ainu entre 1200 e 1500 d.C.Imagem retirada do site fieldmuseum.com

Historia

Por volta de 300 A.C. enquanto o Japão, ilha de Honshu, estava passando pelos períodos Yayoi e Muromachi, a ilha de Hokkaido, que ainda não era considerada parte integrante do Japão, foi habitada por povos de culturas de desenvolvimento diferente, como Zoku-Jomon, Satsumon e Okhotsk. A “cultura ainu” como conhecida hoje provavelmente foi definida entre 1400 e 1700 e de acordo com algumas teorias essa cultura é a mistura da cultura Satsumon com a cultura Okhotsk.Nesse período a civilização japonesa presente em honshu começou a se espalhar pelo norte e sul de Hokkaido, essa “invasão” teria sido motivo das guerras de Kosyamain em 1457, Syaksyain em 1669, e a guerra de Kunasiri-Menasi em 1789. A perda consecutiva dessas guerras fez com que a opressão e o preconceito surgissem como força maior na relação entre os japoneses e os Ainu.Até a restauração meiji os Ainu remanescentes no arquipélago japonês foram proibidos de utilizar suas roupas tradicionais e passaram a ter que utilizar roupas japonesas.Com a restauração meiji uma lei de proteção ao povo Ainu foi promulgada, mas apesar dessa nova lei proteger a cultura ainu, ela evidenciava mais ainda a diferença entre os

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povos ainu e japoneses e com essa nova lei a exploração do povo ainu deu lugar a discriminação, que é u problema social atualmente.

Lingua

A Lingua dos Ainu, que não se aproxima de nenhuma outra, estava sendo deixando de ser utilizada como língua primaria, atualmente apenas algumas poucas pessoas tem o Ainugo como sendo sua primeira língua. Isso se da devido a grande migração japonesa para a região de Hokkaido e também por causa das associações de proteção aos Ainu, que apesar de tentar proteger a cultura tem como maioria dos funcionários, falantes do idioma japonês.

Uma curiosidade com relação à língua ainu, é que ela apesar de ter a mesma origem, o isolamento entre as tribos fez com que fossem criados diversos dialetos, estes que muitas vezes são inteligíveis, tornando-se um problema na união entre as tribos.

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Literatura

Por não haver alfabeto não há registros escritos pelos Ainu, por esse motivo sua literatura se tornou exclusivamente de natureza oral, e muito pouco foi escrito em outras linguas antes do século 19. Muitas dessas histórias ocorrem na forma de poemas, conhecidos como yukar, kamuy yukar, uepeker e ikopepka que narram épicos, lendas e a história do povo Ainu.

Os Yukar são estórias que contam geralmente façanhas de heróis, normalmente órfãos, ou deuses que juntamente com os humanos participam de varias situações dramáticas.Os personagens humanos são chamados por diversos tipos de nomes, como Poiyaunpe, Pon-shinutapkaunkur, Pon-otasamunkur, e Yayresupo, dependendo da região, e os deuses pelos nomes Aeoynakamuy, Ainurakkur e Okikurmi. Esses contos são narrados por uma pessoa que se senta ao lado de uma lareira e portando uma vara ou bastão, chamado repni, narra as estórias e assim passando as para próximas gerações. O yukar também é conhecido como yayerap, sakorpe, ou haw e na ilha de Sakhalin é conhecido como hawki.

Os Kamuy Yukar são estórias que também contam façanhas, mas o que diferenciam essas estórias são os personagens, que são animais e deuses importantes na cultura dos Ainu que fazem o papel dos heróis e vilões. Assim como em outras culturas a presença de animais como personagens principais de historias está ligada a lições de moral.

Os uepeker, também é conhecido por tuitak em algumas áreas e por uchashkuma em Sakhalin. Diferente dos yukar, que contam contos mais fantasiosos, os uepeker contam vivencias de pessoas reais da historia dos Ainu, e assim passando para as outras gerações como as pessoas em tempos antigos, fizeram coisas importantes e que marcaram a historia desse povo.

As ikopepka ou upashkuma são histórias que também relatam veracidades da história dos Ainu, mas por apresentar uma narração mais fantasiosa, ela fica com um aspecto mais parecido com o de lendas.

As yaysama são um tipo de literatura lirica, onde as mulheres cantam exprimindo suas emoções e como muitas das palavras dessas canções são emprestadas para outras gerações, elas também são consideradas um tipo de literatura oral.

Abaixo podemos ver um exemplo de literatura Ainu

“Quando o Criador terminou de criar o mundo e retornou ao céu, ele enviou uma galinha para a terra para ver se o mundo estava bom ou não, com ordens de voltar logo. Mas o mundo era tão belo que a galinha sem conseguir parar continuou observando por vários dias. Até que então depois de muito tempo a galinha resolveu voar de volta para o céu. Então Deus, não contente com sua desobediência jogou a galinha na terra e disse: “você não mais é bem-vinda no céu” E é por isso que desde então as galinhas não podem voar alto.(escrito por memória. Contado por Penri, 18 de Julho de 1886)Folclore

O povo Ainu adora coisas usuais para eles ou que estão alem do seu controle, como kamui(deuses). Diariamente eles rezam e executam diferentes cerimônias para os deuses. Dentro desses deuses estão incluídos as divindades da natureza, como fogo, água, vento e trovão, as divindades animais, como ursos, raposas, corujas e golfinhos, as divindades das plantas, dos objetos e as divindades que protegem as casas, montanhas e lagos. A palavra Ainu, que na língua nativa destes aborígines significa ser humano, é utilizada com um significado como se fosse o oposto a condição de deus.

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O folclore Ainu influencia diretamente no seu cotidiano, um exemplo bem evidente são as crianças, que no momento em que nascem até por volta de cinco anos, são chamados de

“resto”, “excremento” etc, para que assim as divindades não visem essas crianças.

Situação atual

Atualmente os Ainu ocupam principalmente Hokkaido e são protegidos pela Hokkaido Utari Association que trabalha pela preservação e divulgação da cultura Ainu. Mas mesmo com os esforços eles ainda sofrem com discriminação.

A população, segundo um senso realizado pelo governo de Hokkaido em 1984, é de 24.381 pessoas. Mas este senso não é preciso. Muitos dos ainu passaram a se identificarem como japoneses o que da uma grande margem de erro dentro das estatísticas.A miscigenação entre as duas etnias também é um outro fator que atrapalha na contagem correta, mas isso mostra que apesar de ter sido criado um estereótipo de que a cultura Ainu é vitima de discriminação japonesa, vem acontecendo a união de ambos os lados e que mesmo em pequeno numero, vem contribuindo para a sua preservação.

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Recentemente a faixa etária mais jovem do povo Ainu vem tentando resgatar sua cultura e língua. Eles vêm se organizando de modo que muitas das apresentações organizadas pelas associações de proteção e pelos museus Ainu são executadas por esses membros jovens.

O material que pode ser encontrado a respeito dos Ainu tem crescido. Não apenas a internet e livros em japonês, mas também livros em inglês têm retratado a historia e outros aspectos mais detalhadamente.

Bibliografia:

http://www.ainu-museum.or.jp/http://www.sacred-texts.com/shi/ainu/index.htmhttp://www.fieldmuseum.org/ AINO FOLK-TALES. Basil Hall Chamberlain, London, 1888Kodansha encyblopedia of Japan

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Universidade de BrasíliaFaculdade de LetrasDisciplina: Cultura Japonesa 1Aluno: Narciso PortelaMatrícula: 02/98395

Trabalho de Cultura Japonesa: O suicídio no Japão

Índice

Introdução _______________________________________________________________3Histórico ________________________________________________________________4Aspectos Culturais e Econômicos ___________________________________________5-6A questão do gênero _______________________________________________________7Os fatores Psicológicos _____________________________________________________8As novas mídias __________________________________________________________9O budismo e a morte ______________________________________________________10Conclusão ____________________________________________________________11-12Referências bibliográficas __________________________________________________13

Introdução

Todos os anos milhares de japoneses cometem suicídio. O país convive com uma alta taxa de suicídios que, atualmente, gira em torno dos 30 mil. Em 2005, foram 32 mil casos, mesmo número verificado em 2004 e 34 mil em 2003. Mesmo com números tão elevados o Japão não chega a ser o recordista nesta área. Perde, em números absolutos, para a Rússia e para a Índia. Também segundo dados da OMS, pouco mais de 50 mil russos cometeram suicídio naquele país no ano de 2002 (último dado disponível), número que se mantém mais ou menos constante desde 1995. No mesmo ano no Japão foram aproximadamente 30 mil casos. Já na Índia, ocorreram, segundo dados da OMS, 104.713 casos em 1998, último ano com informações disponíveis. Cabe lembrar que a população da Índia é quase dez vezes maior que a do Japão. O mesmo vale para a situação nos Estados Unidos. O número de suicidas japoneses (30 mil) é praticamente igual ao de norte-americanos, mas os Estados Unidos têm mais que o dobro da população do Japão.O que chama a atenção então para o suicídio no Japão não é exatamente o número, mas as razões que levam tantos japoneses a escolherem esse fim. É no Japão que o ato de tirar a própria vida ganha contornos histórico-culturais, chegando mesmo a oficializar-se a prática durante o Xogunato Tokugawa. Daí porque esse trabalho volta-se para esse aspecto pouco comum no estudo da cultura de um país. Conhecer as causas e explicações do suicídio no Japão é uma forma de letramento cultural dado que a prática está enraizada na cultura desse país. Aspectos econômicos, sociais, históricos e tecnológicos se misturam e o suicídio não pode ser explicado senão pelas peculiaridades da cultura japonesa.

Histórico

O suicídio como prática corrente no Japão remonta à época dos Samurais. A relação com o suicídio é tida por muitos autores como uma herança deixada pelo código de ética dos samurais – o bushido, que corresponde, segundo Lebra à “disponibilidade para a morte” (1972:190). Para o código samurai, era honroso cometer suicídio para evitar ser capturado pelo inimigo ou para limpar a reputação. Ainda de acordo com Lebra, “o encorajamento à morte voluntária pode ter sido reforçado pela legitimação do seppuku ou harakiri [corte transversal do abdômen realizado da esquerda para direita] sob o Xogunato Tokugawa”. Para a autora, o ritual é indicativo de que a sociedade japonesa fez um “investimento cultural” na morte.

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O Japão passou por três ondas de suicídio. O primeiro ciclo inicia-se em 1955, o segundo por volta de 1985 e o terceiro por volta de 1998. A primeira onde ocorreu então cerca de dez anos depois de os pilotos kamikazes japoneses desabarem como bombas sobre as cabeças e navios dos soldados americanos durante a 2ª Guerra Mundial. Como afirma Lebra, os ataques suicidas atingiram legitimidade tal que não eram concebidos como suicídio. O chu, a obrigação para com o Imperador, como veremos mais tarde, e o suicídio estavam de tal forma arraigados na cultura japonesa que não houve necessidade de doutrinação, segundo explica Ruth Benedict em “O Crisântemo e a Espada”. Segundo Benedict, os japoneses acreditavam que durante a guerra “estavam sob os olhos do mundo e deveriam mostrar o seu estofo”. A preocupação com o mundo exterior, de acordo com a autora, encontrava-se igualmente embutida na cultura japonesa e isso terá implicações sobre a taxa de suicídio.

Aspectos culturais e econômicos

A cultura japonesa é marcada segundo Ruth Benedict pelo respeito à hierarquia, aos papéis socialmente designados para cada um – em acordo com a idade, gênero e primogenitura. Os japoneses desenvolveram o que a autora classifica de “linguagem de respeito”, em que “cada cumprimento, cada contato deve indicar a espécie e grau de distância social entre os homens”. Isso significa que a forma de tratamento, o que inclui variações lingüísticas, irá depender de uma série de fatores, como o fato de o interlocutor fazer parte da família ou não, de ser um inferior ou de um superior.

Dentro desse ponto de vista, encontra-se o que os japoneses definem como “on”, obrigações a cumprir. O simples fato de aceitar um cigarro gera um “on”, ou um débito a pagar. Toda a organização social e a linguagem se baseiam (ou se adaptaram), portanto, no pagamento ou recebimento de “on”. O on, segundo Benedict, ocorre mesmo numa compra. Daí terem, os japoneses, palavras para designar situações específicas. Arigatô, por exemplo, equivale a “Oh, esta coisa difícil”, e usado pelo comprador devido ao grande favor de comprar naquela loja. Os lojistas respondem com um sumimasen, “Oh, isto não acaba”, literalmente. Pode ser traduzido por obrigado, perdão, desculpe-me.

Isso mostra como a sociedade está amarrada nesta teia de relações e como o cumprimento do dever e das obrigações assumidas são importantes para o japonês. Deixar de pagar um on é cair em desgraça. Daí os japoneses viverem sob pressão, no trabalho, nas escolas, nas relações com pai e mãe. A cobrança tem certamente um papel importante também nas taxas de suicídio. Tanto é que Benedict afirma que o básico postulado da japonesa é o grande débito “automaticamente incorrido através do nascimento”. O japonês é devedor dos pais pelo nascimento, dedicação e cuidados. O pagamento do Ko (o on devido aos pais) é absoluto e jamais poderá ser pago. Talvez por isso muitos dos estudantes cruzam o caminho do suicídio diante da impossibilidade de corresponder aos anseios dos pais, que tornam-se, verdadeiramente os deles. Outra obrigação que também está na raiz de muitos suicídios é o giri, o pagamento – em proporções matemáticas – de obrigações sociais. Diferentemente das outras obrigações, aceitas e cumpridas em virtude da própria estruturação da cultura japonesa, o giri normalmente é pago a contragosto. Segundo a autora, envolve relações contratuais, como o casamento (sogra na língua japonesa é “mãe-por-giri”), e abrange um sem número de relações sociais e por isso mesmo é de difícil definição. Nesse caso é o giri para o mundo. Há ainda o giri para com o nome, a obrigação de limpar a reputação diante de um fracasso ou de uma infâmia. A origem do giri, segundo Benedict, está ligada aos samurais e às relações de dependência com o senhor feudal e com os companheiros de armas. É para limpar o nome de vergonha, e honrar a família que homens de negócio condenados por corrupção, ou aqueles em decadência financeira cometem suicídio. Da mesma forma um professor não pode admitir ignorância, um homem de negócios ou um diplomata não podem admitir fracassos. Por isso, os japoneses evitam ao máximo a exposição à competição, que tem, inclusive, efeito nocivo para a produção pessoal. Os japoneses acreditam afinal que têm um lugar a ocupar no mundo e também na sociedade e

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isso tem a ver com um relativo status e com a possibilidade de levar uma vida digna. Daí porque durante as crises econômicas, os suicídios aumentam. O desemprego está fortemente ligado às taxas de suicídio no Japão.

A questão do gênero

O fato de ser homem ou mulher, como afirma Benedict, irá influir na posição ocupada na sociedade japonesa e, conseqüentemente, nas taxas de suicídio. Mais homens do que mulheres são levados a tirar a própria vida. Em 2002, dos 30 mil casos de suicídio, 21 mil foram protagonizados por homens e cerca de nove mil por mulheres. Por faixa etária, o período crítico para ambos os sexos inicia-se aos 25 anos e atinge seu ápice entre 45 e 64 anos. O fato de o Japão ser uma sociedade patriarcal em muitos aspectos – Benedict ressalta que a mulher tem papéis fundamentais na cultura japonesa e goza de liberdade muito maior do que em outros países asiáticos – pode ser uma explicação para isso.

Ao explicar como funcionam as regras de hierarquia que todo japonês começa a aprender no âmbito familiar, a autora afirma: “A esposa inclina-se diante do marido; a criança, diante do pai; os irmãos mais jovens diante dos mais velhos e a irmã, diante de todos os irmãos, independentemente da idade” (1997:48). Segundo a autora, a posição social depende do gênero.

Os fatores psicológicos

Sugyiama, mais do que Ruth, desce mais a fundo nas implicações e motivações psicológicas do suicídio. Entre as motivações para a o suicídio, a autora aponta um bloqueio de comuncação. Como não conseguem se comunicar ou persuadir o outro usam o suicídio como uma forma drástica de serem ouvidos. Dois fatos culturais influenciam: a crença de que não se pode confiar nas palavras e o senso de culpa japonês. Nas mensagens deixadas por muitos, segundo a autora, é possível identificar motivos intrapunitivos (o problema está na pessoa, uma falha, um fracasso) ou extrapunitivos (o problema estás nos outros e o suicídio é uma forma de vingança).Em muitos casos, diz a autora, o suicídio está relacionado a fatores de coesão social, especialmente nas relações interpessoais baseadas em lealdade, estima, amor ou um simples desejo de pertencimento. Nesses casos, o ego, isto é, o eu consciente, pode achar o suicídio tentador porque irá culminar na coesão com o Alter (o outro eu, nesse caso um próximo), ou porque colocará um fim a sua frustração com a falta de coesão. Implica a relação com um outro, o amor, um superior, etc.Há ainda o suicídio cometido em razão de uma identificação compulsiva com ou um comprometimento com o status e o papel que alguém detém ou aspira. É, em tradução livre, “o narcisismo do cargo”, “uma intensa identificação com o cargo ocupado”. Ocorre em razão de erros pessoas ou de pessoas por quem se é responsável. É o caso de jovens estudantes diante da pressão por ocupar um status determinado diante da cobrança pessoal, familiar e social. É importante ressaltar que todos os casos citados pela autora podem ser explicados também a partir dos aspectos culturais como já visto acima. Cultura e psicologia devem ser parte de uma mesma análise sobre as causas dos suicídios no Japão.

As novas mídias

Relatório da Organização Mundial de Saúde divulgado este ano mostra que o Japão é um dos líderes em acesso à tecnologia, especialmente, em relação à Internet. A introdução desses novos meios de acesso à informação precisa ser estudada a fim de quantificar o quanto as novas mídias têm relação com o número de suicídios no Japão. Isso porque a divulgação de suicídios incentiva pessoas com tendência suicida a seguirem o caminho visto nos meios de comunicação. Estudos mostraram, por exemplo, que logo após a publicação do livro.

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Os sofrimentos do Jovem Werther, obra de Goethe em que o personagem principal põe fim a vida com uma bala na cabeça, o número de casos de suicídio aumentou. Para evitar o chamado “Efeito Werther”, a OMS publicou uma cartilha orientando os meios de comunicação sobre como agir diante de um caso de suicídio. A opção por não divulgar esses casos faz parte até do próprio código de ética de muitas emissoras. Ocorre que a Internet é terreno livre. Cada um alimenta a rede com informações sem estar sujeito às regulações às quais se submetem os veículos midiáticos tradicionais. Pelo menos em outros países como veremos a seguir. O jornal português Público, acessível via rede mundial, divulgou notícias sobre suicídios combinados no Japão pela Internet. Mas mesmo jornais japoneses noticiaram os suicídios combinados pela rede. Em artigo publicado no site Espaço Acadêmico, a socióloga Kayoko Ueno relata um desses casos. Segundo Ueno, em 2003 um pacto suicida foi noticiado em uma série de reportagens na mídia japonesa. Assim, as novas mídias se juntam aos aspectos culturais e econômicos, aos fatores psicológicos e de gênero nas explicação do suicídio no Japão.

O budismo e a morte

Há ainda um outro fator importante para explicar os índices de suicídio no Japão: a relação com a morte. Diferentemente das culturas ocidentais cristãs, não há na cultura japonesa o chamado pecado original, o sentimento de culpa. Para eles, como explica Benedict, o que importa é o espírito, como ficou evidente no caso dos kamikazes. A morte significava a vitória do espírito. Os japoneses “não trabalham com o conceito de bem e mal, mas com o de certo ou errado para o círculo de obrigações”. Sobre isso é interessante destacar uma passagem inteira de O Crisântemo e a Espada: “Eles não têm uma teologia que exclama junto com o salmista: “Vede, forjaram-me na iniqüidade e minha mãe concebeu-me no pecado”. Segundo Benedict, os japoneses nada sabem sobre a queda do homem. “O seu sofrimento não advém do julgamento de Deus sobre eles, revela, antes, que cumpriram seu dever”. No Brasil, a taxa de suicídio gira em torno de sete mil casos por ano. É lícito supor, embora esse tipo de avaliação não tenha respaldo científico, que, assim como no Japão, a religião tem um papel importante nos números relativamente baixos. O último dado disponível na OMS é de 1995, quando 6584 brasileiros cometeram suicídio. O bem maior para o catolicismo (maior religião brasileira) é a vida e só a Deus é dado o poder de decidir sobre a hora da partida. O suicídio é tido como pecado e condenado pela Igreja. Ao passo que na Índia, país onde a maioria da população – cerca de 80% – é hinduísta, a taxa de suicídio alcança supreendentes 104.713 casos. Também os hinduístas acreditam, como no Budismo, em um ciclo de morte e reencarnação e no carma, evidências de uma outra relação com a morte.

Conclusão

Qualquer análise sobre os casos de suicídio no Japão devem levar em conta todos os fatores citados acima. De alguma maneira, a cultura, principalmente, mas a economia, os aspectos históricos e psicológicos, a questão de gênero, a religião e as novas mídias introduzidas no cotidiano das pessoas com a modernização tecnológica se relacionam para produzir o alto índice de suicídio japonês. Os aspectos psicológicos requerem especial atenção. São eles que podem explicar – ou pelo menos tentar – porque diante de situações consideradas vergonhosas no Japão alguns optam por colocar fim à própria vida e outros se recuperam se seguem. Cabe, no entanto, como ideal antropológico, analisar a questão a partir do ponto de vista japonês, das características próprias daquela sociedade. Os números e os aspectos culturais levantados por Ruth Benedict mostram uma relação com a morte diferente da que temos no Ocidente. Há que se discutir se essa taxa de suicídios – e o ato em si – é realmente um problema e de que ordem. A visão ocidental tende a ver o suicídio como um problema por questões religiosas. Mas será que a decisão de acabar com a própria vida não cabe apenas a quem pratica o suicídio? No Brasil não há

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legislação que o proíba, visto que, como lembra o jornalista Helio Schwartsman em artigo, “não há em nossos códigos uma única linha que penalize o suicida. A própria Constituição, em seu artigo 5º, inciso II, garante que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei". Excetuando-se aí, talvez, os casos em há diagnóstico de doenças, como depressão, que podem levar ao suicídio. Haveria aí, uma evidente tarefa do Estado, pelo menos, de garantir a saúde de sua população.

Da mesma forma, há pelo menos um problema a apontar nas altas taxas de suicídio no Japão. Na concepção de Aristóteles, a função do Estado é garantir e promover o bem comum. Ocorre que a taxa de natalidade japonesa é declinante (há 23 anos), ao passo que a taxa de mortalidade é crescente. Hoje, apenas cerca de 13% da população do país é formada por crianças. Em 2005, o número de morto superou o número de nascimentos e pela primeira vez na história desde que os números são contabilizados – há mais de um século – a população japonesa diminuiu de tamanho.

No futuro, mantida a atual situação a população japonesa terminará 2050 com 20 milhões a menos de pessoas, número que pode prejudicar a saúda da economia do país. Não se esqueça de que a economia do Japão só agora ameaça sair de uma recessão de mais de uma década. Lembre-se, então, que o número de pessoas que cometem suicídio no Japão é formado em boa parte por homens (mais que o dobro da taxa feminina) e mulheres em idade produtiva, dos 15 aos 55 anos. É um dado ruim a mais para um país que ainda ensaia sair da recessão.

Referência biliográfica

Benedict, R., O Crisântemo e a Espada, Perspectiva, 1980.

Lebra, S., Jappanese Patterns of Behavior, University of Hawaii Press, 1976.

Ueno, K., O suicídio é o maior produto de exportação do Japão? Notas sobre a cultura de suicídio no Japão Espaço Acadêmico, www.espacoacademico.com.br/044/44eueno.htm

Schwartsman, H., Mercadores de Órgãos, http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u250.shtml

____________, Censura química, http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult510u220.shtml

Aristóteles, Política, Martin Claret, 2002.

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Universidade de Brasília – UnBInstituto de Letra – ILDepartamento de Línguas Estrangeiras e Tradução – LETDisciplina: Cultura Japonesa IProfessor: Sachio NegawaAluna: Suelen Lívia Moreira de Abreu Inatomi Matrícula: 04/20158

Brasília, 27 de julho de 2006.

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UM OUTRO PAÍS ABAIXO

DA SUPERFÍCIE

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INTRODUÇÃO

A Arquitetura Moderna Japonesa desdobra-se em posturas arquitetônicas bem peculiares. Desenvolveu-se um “cenário” funcional equilibrado, onde todo espaço deve ser aproveitado da melhor maneira possível.

Após a 2ª Guerra mundial, a vida no Japão mudou significativamente, tornando mais ocidentalizada. Isso se reflete na alimentação, vestuário e arquitetura (principalmente na habitação). A maioria das residências do Japão, de antes da guerra, era de madeira coberta com telhados, e tatames no chão, em todos os cômodos. Atualmente, de modo geral, as estruturas residenciais têm cômodos em estilo ocidental com pisos de madeira e, em áreas urbanas, muitas famílias vivem em prédios de vários andares.

Porém, a “grande novidade” na arquitetura deste país, é a construção de uma nova vida abaixo da superfície. No Japão, acontece muita coisa no subsolo. O país é populoso e, dada a limitada área disponível, o espaço subterrâneo tem sido usado de forma cada vez mais criativa desde a década de 70. Hoje, até 10 milhões de pessoas usam o metrô diariamente, há uma infinidade de estabelecimentos comerciais nas galerias subterrâneas, e cabos e tubulações conduzem sinais de telecomunicações e energia por baixo da superfície...

1 – FUNCIONALIDADE SUBTERRÂNEA

Há um grande complexo subterrâneo na zona central de quase todas as metrópoles japonesas. Alguns deles são concorridas áreas comerciais; outros, movimentados labirintos que interligam convenientemente estações ferroviárias e edifícios adjacentes. Estas “ruas” subterrâneas permitem um aproveitamento eficaz dos valorizadíssimos terrenos e proporcionam atraentes espaços para usufruir.

1.1 – CIDADE QUE CRESCE EM TODAS AS DIREÇÕES

No século 20, os arquitetos usaram técnicas de construção inovadoras para desenvolver espaços artificiais nas grandes cidades. A possibilidade de construir tanto para cima como para baixo proporciona um aproveitamento muito eficaz dos terrenos urbanos.

O primeiro espaço comercial subterrâneo do leste da Ásia foi inaugurado em abril de 1930 junto à Estação de Ueno, em Tóquio. As “lojas do metrô”, como eram chamadas, reuniam produtos do cotidiano a preços reduzidos e restaurantes com cardápio popular. O principal objetivo dos planejadores fora tornar a área mais conveniente para o público, de modo especial para os passageiros do metrô.

Em Osaka, por volta da mesma época, havia planos de construção de uma galeria comercial subterrânea junto à Estação de Nanba, do metrô. Mas a idéia foi abandonada diante da oposição dos proprietários de muitos estabelecimentos comerciais da superfície, que receavam perder sua freguesia. Depois, em torno de 1940, três diferentes espaços do subsolo –

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a estação subterrânea das ferrovias elétricas Hanshin em Umeda; a estação do metrô de Umeda; e a área subterrânea de varejo da loja de departamentos Hankyu – foram interligadas por corredores subterrâneos. Umeda tornava-se assim um verdadeiro modelo de cidade subterrânea.

Em 1942, no artigo intitulado “Osaka abaixo do chão”, o jornalista Kitao Ryonosuke escreveu que os espaços subterrâneos de Osaka eram, mais que outras partes da cidade, “uma convergência caótica e fora de controle inteiramente contrária ao planejado”. Na época, as empresas ferroviárias e lojas de departamentos afixavam nos corredores do subsolo suas próprias indicações de forma descoordenada, gerando o caos descrito pelo jornalista. Ele também escreveu que, no futuro, todos os prédios do centro de Osaka poderiam vir a ser interligados por passagens subterrâneas, “criando áreas de circulação de pedestres ocultas da superfície”.

1.2 – A FREGUESIA DESCE AO SUBSOLO

As previsões do jornalista tornaram-se em parte realidade na década de 50. A empresa Osaka Chikagai, que recebia suporte financeiro da Prefeitura de Osaka, construiu sucessivos centros subterrâneos em várias áreas, como nos terminais ferroviários de Nanba e Umeda, nos distritos comerciais de Sennichi-mae e Abeno, e nas áreas de prédios de escritórios de Nakanoshima e Dojima. Com a expansão da economia japonesa, as cidades cresciam para o alto e firmavam raízes no subsolo de maneira cada vez mais complexa.

A característica mais evidente de uma cidade subterrânea é ela se constituir num verdadeiro labirinto. Passagens subterrâneas, andares do subsolo de lojas de departamentos ou prédios comerciais e novos shoppings subterrâneos interligam-se por uma intricada rede de vias subterrâneas.

Projetistas aplicam várias técnicas para tornar mais agradáveis as compras abaixo da superfície. Criam, por exemplo, muitas áreas de lazer interessantes para o público em espaços comerciais, através do uso de fontes ou quedas-d’água. No Hankyu Sanban Gai, de Osaka, águas circulam engenhosamente para formar um rio subterrâneo artificial.

1.3 – NATURALMENTE ESTILIZADO

Nos últimos anos, recursos arquitetônicos como jardins rebaixados e estruturas envidraçadas têm sido usados em muitos locais para proporcionar luz natural no subsolo. Canteiros de flores transformam corredores em verdadeiras praças. Água, luz solar, plantas e outros elementos da natureza são usados para reduzir a sensação de abatimento que os tetos impõem ao ambiente.

2 – LINHAS DE METRÔ DE TÓQUIO

Artérias de transporte entrecruzam-se por toda a metrópole de Tóquio – são vias expressas, linhas ferroviárias de diversas companhias, etc. Abaixo da superfície, as linhas de metrô estendem-se por todas as direções.

A primeira linha de metrô do Japão – e a primeira da Ásia – começou a funcionar 75 anos atrás, em dezembro de 1927. Era uma linha com somente 2,2 quilômetros de extensão, entre Asakusa e Ueno, em Tóquio. Hoje as 13 linhas de metrô de Tóquio tem uma extensão total em operação de 286,2 quilômetros, no que vem a ser a terceira maior malha metroviária do mundo.

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Com tantas linhas de metrô, pode-se em geral chegar bastante perto do ponto de destino. É permitido fazer baldeação de uma linha de metrô para outra e de linhas de metrô para trens subterrâneos operados por várias companhias privadas ou pela Empresa Ferroviária Japão Leste (JR). Esta integração facilita a transferência entre as diversas linhas, mas em geral a configuração da malha metroviária e os corredores de ligação para baldeação entre as linhas são considerados muito complexos.

Para usar linhas diferentes nem sempre é necessário fazer baldeação, pois muitos trens de metrô e trens suburbanos de diferentes empresas circulam em trilhos comuns. Por exemplo, a linha de metrô Hanzomon liga-se com a linha Tokyu Den-em Toshi em Shibuya; a linha de metrô Chiyoda, com a linha Joban (JR) em Ayase, e as linhas de metrô Toei Mita e Nanboku, com a linha Tokyu Meguro em Meguro.

Os usuários de metrô na imensa metrópole de Tóquio aspiram a uma conveniência ainda maior, o que leva ao planejamento de novas linhas e extensões. A malha metroviária de Tóquio, assim como as artérias subterrâneas da metrópole, continua a evoluir.

3– TRABALHO AFASTADO DA LUZ SOLAR

O espaço subterrâneo tem todos os tipos de usos, e, seja qual for o uso dado ao espaço, invariavelmente há pessoas trabalhando nele.

3.1 – SAQUÊ ESPECIAL É FEITO NO PORÃO

Há um velho santuário que se chama Kanda Myojin em Soto Kandra, no Distrito de Chiyoda, região central de Tóquio. Bem à esquerda do pórtico torii do santuário, encontra-se a Ama-zakédokoro Amano-ya, uma casa comercial inaugurada mais de 160 anos atrás. O estabelecimento vende um vinho adocicado de arroz chamado ama-zaké, que se prepara através da fermentação de arroz com levedura koji. O gosto adocicado do ama-zaké tem satisfeito o paladar de trabalhadores de ambos os sexos desde por volta do século 17.

O porão tem aproximadamente 30 metros quadrados de área, e seu piso fica aproximadamente 6 metros abaixo da superfície. O arroz fumegante é recoberto com fermento koji. Então a mistura é deixada no porão durante quatro dias para permitir que o fermento se impregne bem no arroz. O porão constitui um ambiente ideal para fermentação, e o resultado é um excelente malte. As paredes do porão mantêm a umidade em nível adequado para o koji.

3.2 – CULTIVADOR DE PLANTAS EM BURACOS

No Japão, há uma planta cultivada no subsolo que se chama nanpaku-udo – um vegetal suavemente esbranquiçado usado em pratos sofisticados. O udo é uma planta perene da família das Araliáceas. É apreciado por sua textura quebradiça, sendo usado em tempura, sopas e molhos de miso avinagrados. O cultivo distante da luz solar torna a planta macia e atribui-lhe a coloração alva.

A região oeste de Tóquio situa-se sobre uma espessa camada de cinzas vulcânicas, transformada pelo tempo em um solo vermelho chamado “barro de Kanto”. Forte o bastante para não desmoronar quando escavado, o barro torna assim possível o cultivo de udo.

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4 – PESQUISAS SUBTERRÂNEAS DE INTERESSE MUNDIAL

O ar da superfície não penetra em áreas muito profundas do subsolo, permitindo assim que a temperatura e a umidade permaneçam constantes. Centros de experimentação de alta tecnologia no Japão têm tirado proveito deste ambiente subterrâneo ideal, com resultados que vêm atraindo grande interesse de cientistas em várias partes do mundo.

4.1 – VANGUARDA EM EXPERIÊNCIAS SEM GRAVIDADE

Experiências de alta tecnologia em ambiente sem gravidade podem levar ao desenvolvimento de novos materiais, contribuir para o avanço da pesquisa biotécnica e dar indícios sobre condições prevalecentes no espaço cósmico. Não é de admirar, portanto, que a microgravidade, ou seja, a ausência de peso, esteja tanto em voga hoje em dia. No Centro de Microgravidade do Japão (JAMIC) em Kamisunagawa-cho, Hokkaido, experimentos criam um estado quase pleno de ausência de peso. As instalações do centro são usadas para pesquisa e desenvolvimento em diversos campos.

Situado próximo do centro, o Palácio da Ciência Microgravitacional Kamisunagawa exibe aparelhos experimentais e resultados de pesquisas feitas pelo centro, permitindo aos visitantes observar pessoalmente experiências de microgravidade. O Palácio de Ciência Microgravitacional vem se tornando renomado no campo de estudos da ausência de peso.

4.2 – VIVER NO SUBSOLO SERÁ NORMAL ALGUM DIA?

Prédios estão aglomerados muito próximos uns dos outros em muitas partes da Grande Tóquio, tornando cada vez mais difícil encontrar espaço para viver na superfície. Em vista disso, o Conceito Geotropolis está sendo promovido para o desenvolvimento de um ambiente urbano subterrâneo inteiramente novo, que inclua ruas comerciais e estações de metrô de alta velocidade. A pesquisa está sendo feita na região oeste da Grande Tóquio, a mais de 50 metros da superfície.

Desde que o experimento foi iniciado, em 1989, a meta era transformar em realidade o Conceito Geotropolis. A construtora Tokyu lançou o projeto Desenvolvimento Urbano Subterrâneo (STUD) com a escavação de um poço de 50 metros de profundidade para desenvolver novas tecnologias que assegurem a segurança e o conforto do ser humano no subsolo. O projeto é implementado em Sagamihara, Província de Kanagawa.

Uma espessa camada de xisto limoso existe embaixo da região da Grande Tóquio, inclusive onde se situa Sagamihara. A camada é muito sólida, sendo ideal para o desenvolvimento de instalações a grande profundidade. Se o Conceito Geotropolis levar ao desenvolvimento de um ambiente de vida confortável abaixo da superfície, será possível tirar proveito de condições subterrâneas específicas, como o excelente isolamento do calor e do frio, e a proteção contra terremotos. Algum dia, o espaço de vida no Japão poderá expandir-se para locais abaixo da superfície.

5 – INFRA-ESTRUTURA PARA O CONFORTO DIÁRIO

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Seria difícil imaginar a vida moderna no Japão sem as inúmeras instalações implantadas no subsolo. E elas evoluem continuamente, tornando a vida mais segura, conveniente e confortável do que nunca.

5.1 – CANALIZAÇÕES PARA CONTROLE TÉRMICO E TELECOMUNICAÇÕES

Um número surpreendente de fios e tubos está instalado debaixo da terra para a circulação de eletricidade, gás, água e sinais telefônicos.

Debaixo das ruas do importante distrito comercial de Shinjuku, tubulações com cerca de 2 quilômetros de extensão conduzem vapor e água resfriada através de canais subterrâneos com aproximadamente 4 metros de diâmetro. Ambos são usados para manter escritórios em uma temperatura confortável. O vapor é aquecido em um único local, tornando possível usar o calor de exaustão e assegurar um controle centralizado, para maior eficiência.

Também os fios estão indo parar debaixo da terra no setor das telecomunicações. Os canais subterrâneos têm uma extensão total de 641 quilômetros e estão dispostos cerca de 10 metros abaixo da superfície. Dentro dos canais subterrâneos, conjuntos de cabos de fibra óptica e feixes de fios estão afixados ao longo das paredes, deixando apenas o espaço suficiente para uma pessoa passar. A fibra óptica tornou-se um elemento fundamental em telecomunicações no Japão, e canalizações subterrâneas ajudam a assegurar um serviço ininterrupto.

5.2 – PETRÓLEO BEM GUARDADO

A crise do petróleo de 1973 afetou gravemente nações importadoras de petróleo como o Japão. Mostrando ter aprendido com a crise, o governo japonês baixou regulamentação que obriga o setor petrolífero a armazenar um volume suficiente do combustível para abastecer o país em caso de uma nova crise. O governo também começou a armazenar petróleo por conta própria.

O petróleo pode ser armazenado em tanques acima ou abaixo da superfície, ou no mar. Mas em Kushikino um método especial é utilizado – grandes cavernas abertas em leito de rocha firme são usadas para armazenar petróleo, a 42 metros de profundidade. Há três cavernas, cada uma com 18 metros de largura e 22 metros de altura. Uma das cavernas tem 1.100 metros de extensão e as demais, o dobro desse comprimento. Juntas, elas são capazes de armazenar 1,75 milhões de quilolitros.

5.3 – BIBLIOTECA DA DIETA NACIONAL

A Biblioteca da Dieta Nacional no Distrito de Chiyoda, Tóquio, tem um acervo maior do que qualquer outra biblioteca do Japão – aproximadamente 7,5 milhões de volumes. Segundo estipula a Lei da Biblioteca da Dieta Nacional, todos os livros publicados no Japão devem fazer parte do acervo. A cada ano, de 80.000 a 100.000 livros são acrescentados à coleção.

Aproximadamente a metade deste imenso acervo é mantido em um prédio anexo à biblioteca que foi inaugurado em 1986. O prédio anexo mede cerca de 148 metros de comprimento, no sentido

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leste-oeste e 43 metros de largura, no sentido norte-sul. Tem 12 andares, oito dos quais subterrâneos. A parte mais baixa do prédio fica a 30 metros de profundidade. Nas salas de estantes dos andares subterrâneos, a temperatura é mantida em 22 graus Celsius e a umidade, em 55% - condições ideais para a conservação de livros. Como medida para prevenir infiltrações de água ou excesso de umidade nas salas de estantes, não há banheiros nos andares subterrâneos, havendo somente um lavabo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Japão configura como um país que possui alta tecnologia e, em um país onde há uma área limitada, cabe à criatividade o papel de utilizar ao máximo o pouco espaço disponível. Por isso, o Japão é um país que cresce de todos os lados, ou seja, é como se existisse um outro país, só que abaixo da superfície.

Tem de tudo, desde áreas comerciais, linhas de metrô, fabricação de saquê e cultivo de plantas, pesquisas, cabos de energia até biblioteca. Mas o importante é o crescimento tecnológico e a quebra de estereótipos, de que o Japão por ser pequeno, não tem lugar para toda a estrutura arquitetônica.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• NIPPONIA, revista. N° 23, 2002. pp. 5 a 18.

• VISTAS DO JAPÃO, revista. N° 01, 2004. pp 12 a 15.

• Enciclopédia Barsa.

• Internet.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIAFACULDADE DE EDUCAÇÃO

PEDAGOGIA - MAGISTÉRIO PARA O INÍCIO DA ESCOLARIZAÇÃOROBERTO CARLOS DA FONSECA

BUDISMO JAPONÊS NO BRASIL

Brasília – DF2006

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ROBERTO CARLOS DA FONSECA(Matrícula 00/62961)

BUDISMO JAPONÊS NO BRASIL

Trabalho de conclusão de disciplinaCultura Japonesa

Orientador: Sachio Negawa

Brasília – DF2006

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“Se queres conhecer o passado

olhe o presente que é o seu resultado.

Se queres conhecer o futuro,

olhe o presente que é sua causa.”

(Provérbio japonês)

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RESUMO

A escolha do tema contempla o interesse surgido na interação com outras

pessoas de origem ocidental que buscam compreender as razões pela procura e

iniciação em religiões que estão, de certa forma, distanciadas do processo cultural

em que nos desenvolvemos.

Há uma marcante busca pela melhoria na qualidade de vida, uma valorização

do sentimento emocional e filosófico nessa transformação do dia-a-dia, aliada aos

meios de comunicação que exaltam como condição sine qua non a busca pela

sabedoria e a prática da compaixão, desta premissa à busca de um sentimento

religioso é apenas um lapso de tempo.

O rompimento com a cultura tradicional, visto como uma das possibilidades,

leva ao caminho de culturas tão diferentes da ocidental e brasileira particularmente,

logo, o interesse pelas coisas de além-mar fica evidenciado pela adoção de uma

nova forma de se representar diante do mundo, caracterizada pela religião, que

incide como força motivadora no desenvolvimento dessa representação.

Assim, o principal objetivo deste trabalho é mostrar, no escopo apresentado,

algumas das escolas e ramificações do budismo japonês na realidade brasileira,

como forma de aproximação do pensamento e da cultura oriental.

Page 71: Arquitetura Antiga Do Japao

INTRODUÇÃO

Ao observar um templo budista a sensação das pessoas é de curiosidade e

admiração, não só pela arquitetura imponente, equilibrada e rica em detalhes, ainda

que tenha traços singelos, mas pela aura mística e até mesmo exótica para pessoas

não afeitas à diversidade cultural.

O apelo destas necessidades humanas leva o observador ao interior do

templo, onde a sensação de paz e tranqüilidade, proporcionada pela luz tênue, o

silêncio, o cheiro de incenso, a simbologia proporcionada pelos altares, a imagem

tradicional do Sakyamuni com suas mãos juntas como se oferecesse uma prece aos

que adentram àquele espaço.

Tudo isso provoca uma impressão de bem-estar físico e espiritual, como se a

dura realidade do dia-a-dia ficasse do lado de fora, não importando se existem

problemas de compreensão da língua utilizada ou se os princípios doutrinários e

filosóficos são compreensíveis, aplicáveis à existência de cada indivíduo ali

presente.

Ao acreditar que esta prática seja tão fácil, desprovida de dogmas, cobranças

e penitências, levem a pensar que basta apenas presenciar o ambiente de um

templo para ser um convertido ao budismo, entendido aqui como abrangência

destas escolas que se propagam no Brasil, permitindo ver que é possível, pela

diversidade cultural e socio-antropológica com que foi constituído o povo brasileiro, a

ocorrência do sincretismo religioso.

Por outro lado, esta leveza aparente esconde a complexidade do pensamento

filosófico do budismo original e, foco principal deste escrito, do budismo japonês,

carregado de aspectos reflexivos e existenciais, surgido como doutrina universal.

Page 72: Arquitetura Antiga Do Japao

Outro segmento que se soma, também objeto deste trabalho, é o dos

descendentes de orientais que carregam a hereditariedade dos conceitos culturais

de seus ancestrais e se vinculam com maior ou menor intensidade aos costumes

praticados na origem e que fornecem dados acerca do desenvolvimento do budismo,

tendências existentes acerca do proselitismo ou o distanciamento das práticas

religiosas.

Assim, alinhadas em diversas escolas, com diversas orientações, tradicionais

ou reformistas, tendo-se a base deste pensamento as matrizes orientais temos a

formação do que hoje poderíamos chamar de Budismo verde-amarelo.

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DESENVOLVIMENTO

1. Aspectos históricos

O budismo começa a ser introduzido no Brasil a partir da chegada de

imigrantes japoneses em 1908, pelo porto de Santos – SP.

A realidade dos dois países oferecia condições para que este processo de

imigração acontecesse, o Brasil, independente desde 1822, mas que tinha a força

do trabalho rural oriunda do regime escravocrata, situação que só se transforma em

1888, com a abolição da escravidão e que provoca a necessidade de mão-de-obra

na produção rural.

O Japão, por sua vez, saía do sistema feudal e encarava as reformas do

governo Meiji, que ocasionava profundas alterações na sociedade japonesa.

O sistema de hereditariedade existente em sua sociedade que assegurava ao

filho mais velho o cuidado com as propriedades da família bem como o culto aos

antepassados, impele o governo japonês a incentivar a imigração para o Brasil,

situação que os imigrantes consideravam ser transitórias, que duraria somente até o

momento de amealhar economias e retornar à origem. Assim algumas providências

são adotadas para facilitar a assimilação na nova terra, como por exemplo, a

proibição da vinda de monges nesse primeiro momento, em contrapartida há intensa

discussão entre os senadores brasileiros, apoiados em publicações nos jornais

acerca da incapacidade de assimilação destes imigrantes.

A fixação dos contingentes imigrantes na zona rural, favoreceu a prática de

aspectos da religiosidade somente no âmbito das famílias assentadas, não havendo

condições de propagação da doutrina.

Page 74: Arquitetura Antiga Do Japao

Outro aspecto que pode ser questionado é o da presença do nacionalismo

exacerbado existente na era Meiji e que de certa forma ofuscaria as manifestações

religiosas budistas.

Esta situação permanece inalterada até o incremento das colônias já nas

décadas de 20 e 30, com a tomada de consciência por parte dos imigrantes que o

sistema de trabalho que lhes era proporcionado não era satisfatório, pois o trabalho

na cultura cafeeira não atendia suas expectativas, anteriormente firmadas no

contrato de vinda para o Brasil, a existência de muitos imigrantes sem o pendor para

o trabalho na agricultura e o investimento do governo japonês na compra de terras

para criação destas colônias, todavia começava o fluxo para os centros urbanos.

Com o advento da criação destas colônias o culto religioso passa a ter maior

importância, inclusive com a criação de espaços próprios e a vinda de religiosos do

Japão com a finalidade não só de atendimento espiritual, mas também incremento

das escolas religiosas.

Durante o período da Segunda Grande Guerra, os imigrantes japoneses e

seus descendentes passam por um período de recrudescimento das suas

manifestações culturais, sendo vedado o uso da língua em locais públicos,

manifestações religiosas ou culturais e até mesmo a circulação de mídias em idioma

japonês.

Com o final da Guerra, ponderando a situação pela qual passava o Japão, o

pensamento de retorno à terra natal começa a ser esquecido havendo a

permanência no Brasil e conseqüente expansão socio-econômica da colônia

nipônica, fato este corroborado pela existência de proprietários de terra, latifúndios e

melhoria de classe econômica.

Page 75: Arquitetura Antiga Do Japao

A partir dos anos 50 a retomada da liberdade religiosa é um fato, porém já

bastante desgastada pelos anos de contenção, há a forte presença do catolicismo e

protestantismo em meio aos nipo-descendentes, como resultado do esforço

anteriormente dispendido para a assimilação da cultura brasileira e inserção na

sociedade.

É deste ponto que traçamos um perfil conceitual clássico do Budismo no

Brasil, percorrendo os dois principais caminhos, o Budismo de Imigração e o

Budismo de Conversão, vale ressaltar a influência da regionalização, bem como a

orientação estruturada de cada escola, todavia para que este trabalho seja moldado

aos objetivos da disciplina, atentaremos somente às escolas oriundas do Japão.

2. O modelo conceitual

O modelo conceitual básico é o referencial aceito pela comunidade

acadêmica mundial e mais amplamente discutido. Enfoca duas vertentes: o Budismo

de Conversão e o Budismo de Imigração.

O Budismo de Conversão está ligado ao processo de imigração asiática, que

propiciou a aproximação cultural e particularmente em países da Europa e os

Estados Unidos, pode ser discutido e estudado com maior ênfase, estruturando o

conhecimento.

Thomas Tweed propõe, para o período estudado de 1875-1912, na realidade

norte-americana, uma divisão dos budistas nas seguintes categorias: românticos,

que seriam os convertidos levados pela atração estética e cultural, mas também

movidos pelo exotismo cultural oriental; esotéricos, pela crença em uma realidade

transcendente e racionalista, com o foco na razão e no estudo das escrituras

budistas como forma de prática da religião.

Page 76: Arquitetura Antiga Do Japao

Martin Baumann, vê para o mesmo período na Inglaterra e Alemanha a

existência das mesmas características, o que na continuidade propiciou o caráter

reformista do Budismo, implicando no engajamento maior da compreensão dos

fundamentos, a valorização do indivíduo, estudo racionalizado das escrituras

budistas.

Dois estudiosos brasileiros, o Professor Frank Usarski e o Professor Rafael

Shoji, discutem em trabalhos acadêmicos, posições acerca do Budismo de

Conversão, as quais trataremos adiante.

O Budismo de Imigração reporta-se aos fluxos migratórios e trata das

condições em que o ensinamento original, proveniente do país de origem, é

desenvolvido sob os aspectos da fixação do povo japonês primeiramente nas

fazendas de café, posteriormente já como donos da terra e em outras formas de

trabalho na zona urbana das cidades.

Contempla as dificuldades políticas e sociais encontradas pela necessidade

da manutenção dos imigrantes no Brasil, tanto por fatores locais assim como os que

se desenvolviam no Japão, segue pelo período da Segunda Guerra e a flexibilização

que se inicia nos anos 50.

Pelo Budismo de Imigração podemos traçar a trajetória das escolas budistas

existentes no período, a abrangência das ações, bem como verificar a

intencionalidade dos processos proselitistas presentes.

3. O Budismo de Imigração

Os fundamentos do chamado Budismo de Imigração surgem antes mesmo da

chegada dos japoneses ao Brasil, remontam ao longínquo ano de 1810, com os

Page 77: Arquitetura Antiga Do Japao

primeiros chineses que aportaram com vistos de trabalho temporários, todavia a

representatividade desta presença só se efetiva com a imigração japonesa cem

anos depois, a bordo do vapor Kasato Maru, em 1908, além do contingente de

trabalhadores havia a presença do reverendo Guenju Ibaragui entre os imigrantes e

que segundo escritos da escola Honmon-butsuryû-shû, sua vinda ao Brasil era

revestida somente de objetivos missionários.

Os argumentos já discorridos na conceituação histórica, tais como a fixação

do trabalhador imigrante nas plantações de café obedecendo a uma distribuição

pelas regiões de origem e atendendo a manutenção da estrutura familiar, a

dificuldade em organizar-se estruturadamente em comunidades, a criação posterior

de colônias e o êxodo rural, a radicalização das ações contra-cultura nipônica como

salvaguarda para o Brasil no período da 2ª Guerra Mundial, bloqueiam a evolução

do sentimento religioso budista de propagar-se e até mesmo alcançar uma maior

importância na vida dos colonos.

Somente após a decisão de permanência no Brasil, após o encerramento da

Guerra, é que as escolas e tradições religiosas passam a ter mais objetividade na

manutenção de suas comunidades e amplitude do proselitismo.

Como grande parcela dos trabalhadores que aqui aportaram provinham de

regiões onde o Amidismo ou Amida-Budismo era marcante, essa representatividade

também foi reproduzida aqui, embora não havendo o isolamento social, não houve

uma explosão no desenvolvimento do Budismo, três fatores indicam esta posição: a

fusão do Budismo com o culto aos ancestrais, fator que mantinha a ligação com a

origem sem rivalizar com o processo de aculturação necessário para a vida no novo

país; a ênfase na devoção e na recitação segundo a tradição Amidista, sem as

reflexões e discussões teóricas que outras correntes iniciavam; e a prática dos

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preceitos religiosos no ambiente familiar, que se em um primeiro momento era uma

imposição, passa em seguida a ser uma forma de autodefesa e recolhimento em

uma sociedade culturalmente diferente da sua.

4. O Budismo de conversão

Existem várias classificações que objetivam identificar e analisar os

fenômenos que levam à conversão.

Como já referenciado anteriormente, dois estudiosos brasileiros apresentam

suas perspectivas.

Frank Usarski, divide esse processo de conversão em “primeira geração” ou

primeira onda, com a característica da erudição, da universalidade e da

individualidade e a “segunda geração” ou segunda onda como sendo de um

budismo globalizado, formado pelo Zen ocidentalizado, pela sociedade Soka Gakkai

e pelo budismo tibetano.

O budismo de conversão de “primeira geração” contempla um olhar

intelectualizado e que se distancia da visão desfavorável que tanto os imigrantes

como o Japão tinham no Brasil da primeira metade do século XX.

A busca pelo entendimento do budismo com uma prática holística e universal

caracteriza as adesões em todas as escolas, embora não haja uma participação

ativa na vida de um determinado templo, tendo os seus seguidores optado por uma

prática individual e autônoma.

Essa visão humanista atingiu não só esses novos seguidores como também

influenciou o ambiente étnico japonês, resultando em uma maior flexibilidade nas

comunidades tradicionais, provocando, assim, o melhor entendimento nas relações

com os não-descendentes.

Page 79: Arquitetura Antiga Do Japao

A presença de intelectuais entre os seguidores dessa primeira geração

permitiu a produção de textos traduzidos para o português, organização e

publicação de textos, que contribuíam para suprir a deficiência deste material.

O budismo de conversão de “segunda geração” não está preso a etnias, ao

contrário, apresenta a diversidade racial e cultural.

Logo, a presença destes indivíduos é notada em amplo espectro de tradições

e escolas, o que nos permite visualizar que não há o comprometimento com uma

doutrina específica.

Essa tendência leva a acreditar na influência de outras matrizes religiosas

assim como o caráter mais global e diversificado, que influenciam na proliferação

das escolas e difusão do referencial teórico das mesmas.

É, em conseqüência, a corrente que tem mais apelo junto à sociedade

brasileira, onde a dificuldade lingüística não se manifesta, a facilidade de

comunicação entre os participantes é mais efetiva, assim como há a facilidade na

busca de publicações, sendo comum a realização de eventos que visem não só os

aspectos religiosos, mas também a divulgação para o público leigo.

Já na interpretação de Rafael Shoji, o processo de conversão está

condicionado pela motivação e aponta duas situações: uma em que há um budismo

intelectualizado e outra em que há o budismo de resultados.

O budismo intelectualizado passa a ter maior representatividade nos anos 60

com a atração pelo Zen Budismo e pela meditação, seguindo uma tendência

observada nos países europeus e nos Estados Unidos.

Apesar de manifestar um distanciamento da ligação étnica, o budismo

intelectualizado não conseguiu tornar-se independente, institucionalmente, do

budismo de imigração japonesa.

Page 80: Arquitetura Antiga Do Japao

A outra concepção, a do budismo globalizado, inicialmente impulsionada pelo

Zen, segue agora mais pelo interesse da cultura japonesa e a prática de artes

marciais, difundidas em profusão e, ainda tidas como exóticas.

O grande número de escolas e tradições existentes influi na ocorrência dessa

globalização, apoiada na disseminação do sincretismo e ecumenismo presentes no

povo brasileiro.

5. Conclusão

Nota-se que a grande maioria das pessoas que se proclamam budistas na

atualidade brasileira, estão ligadas de alguma forma às escolas Nichiren, ao Zen e

ao neo-budismo da Soka-Gakkai, que apresentam um perfil apropriado às

aspirações dos seguidores do budismo praticado no Brasil.

Desta forma o que se busca na prática religiosa nestas instituições, passa a

ser um budismo de resultados, onde a resolução de problemas de família, de saúde

e financeiros é costumeiramente presente.

Assim com a permissividade para com a presença de seguidores de outras

religiões, principalmente a católica, que favorece a ressignificação de conceitos

como o culto aos antepassados, o carma e aceitação da recitação dos sutras, o

favorecimento a ações de cunho social chama a atenção para os princípios de sua

doutrina, possibilitando entender como uma prática ao alcance de todos, com

resultados possíveis.

Pode-se considerar que a propagação do budismo no Brasil, siga em passos

largos para um conceito de budismo popular, ao alcance das classes menos

favorecidas economicamente, levando ao público o que ele necessita, com

pinceladas do conhecimento contido em cada escola.

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BIBLIOGRAFIA

1. USARSKI, Frank: Rever – Revista de Estudos da Religião, nº 52, Ed. PUC-SP,

2004

2. _____________: O Budismo no Brasil - Um Resumo Sistemático in: idem. [org.] O

Budismo no Brasil, São Paulo, Lorosae, 2002, pp.9-33

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Brasil e suas repercussões em nosso país, in: O Japonês em São Paulo e no Brasil,

1971. Relatório do Simpósio realizado em junho de 1968 ao ensejo do 60°

Aniversário da Imigração Japonesa para o Brasil, São Paulo (Centro de Estudos

Nipo-Brasileiros), p.58-73

5. _______________________: O Budismo Japonês no Brasil: Reflexões de um

observador participante, in: Sinais dos tempos. Diversidade religiosa no Brasil,

Cadernos do ISER, nº.23, Rio de Janeiro (ISER), 1990, p.167-180.

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Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasil, 1998.

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9. ROCHA, Cristina Moreira da: Zen in Brazil: The Quest for Cosmopolitan

Modernity, Dissertação de Pós-doutorado, University of Western, Sidney, Austrália,

2003.

10. SHOJI, Rafael: The Nativization of East Asian Buddhism in Brazil, Dissertação de

Doutorado, University of Hannover, Alemanha, 2004.