ARROCHO FISCAL

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B4 Economia QUINTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO Ligadas ao Ministério dos Transportes, as estatais Valec e Dnit passaram os últimos anos como cotas do governo para os membros do Partido da República (PR). A relação do governo com o PR foi aba- lada em 2011, quando vaza- ram informações de uma reu- nião, ma qual a presidente Dil- ma Rousseff declarou que as duas estatais estavam gastan- do demais. As reclamações de- tonaram o que viria a ser co- nhecido como a “faxina dos transportes”, com investiga- ções sobre pagamentos de pro- pina a membros do PR. À épo- ca, o então presidente da Valec e membro do PR, José Francis- co das Neves, o Juquinha, foi preso pela Polícia Federal. No comando do Dnit, outro fiel escudeiro do PR, Luis An- tônio Pagot, foi afastado do cargo. Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes, também caiu. Quatro anos depois, o partido volta ao co- mando do ministério, com a escolha de Antonio Carlos Rodrigues para a Pasta. MEMÓRIA estadao.com.br/e/ajustedilma Morre em São Paulo o empresário Einar Kok, fundador da Abimaq NA WEB PARA LEMBRAR DIDA SAMPAIO/ESTADAO-16/5/2014 Especial. Veja os detalhes do ajuste fiscal de Dilma Arrocho fiscal limita obras em transportes Gastos do governo federal com estradas e ferrovias devem no máximo repetir o desempenho do ano passado, segundo o Ipea Ministério foi alvo de ‘faxina’ Secretário da Indústria e Comércio, Ciência e Tecnologia no governo de SP nos anos 1980, empresário tinha 96 anos Superfaturamento. Obras da ferrovia Norte-Sul, que foram alvo de investigação Morreu na manhã de terça-fei- ra em São Paulo o empresário Einar Alberto Kok, fundador da Associação Brasileira da In- dústria de Máquinas (Abimaq) e secretário da Indústria, Co- mércio, Ciência e Tecnologia nos anos 1980. Aos 96 anos, Kok sofria de insuficiência res- piratória devido a um acidente vascular cerebral sofrido há dez anos e da doença de Parkin- son. Deixa 5 filhos, 16 netos e 13 bisnetos. Filho de um engenheiro di- namarquês que liderou o Enge- nho Central, grande produtor de açúcar em Piracicaba, Kok se formou em 1937 na Escola de Agronomia Luiz de Quei- roz, e depois continuou seus estudos nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, trabalhou com desenvolvimento de pas- tagens e na administração de empresas, com atuação cons- tante em entidades de classe. Depois do nascimento dos primeiros de seus seis filhos, passou a trabalhar na empresa Máquinas Piratininga, funda- da por seu cunhado, que teve importante papel no desenvol- vimento da indústria brasilei- ra. Dirigiu o Sindicato de Má- quinas do Estado de São Pau- lo, que em 1988 transformou no Sindimaq, com abrangên- cia nacional. Einar Kok fundou a Abimaq, que presidiu de 1958 a 1983. Na segunda metade da década de 1970, encabeçou a mudança da associação, antes abrigada na Fiesp, para uma sede própria, na Avenida Jabaquara. “Ele foi um visionário. Se a Abimaq tem hoje o patrimô- nio e a abrangência nacional que tem, é porque ele acredi- tou na importância da indús- tria e chamou os empresários da associação para ter vida própria, uma sede própria”, diz José Veloso Dias, atual di- retor da Abimaq. “Isso possibi- litou a independência e a ino- vação tecnológica que temos hoje.” O empresário também se des- tacou na luta pelo fim da ditadu- ra no País, assinando o primeiro manifesto de empresários pró- redemocratização, ainda no go- verno de Ernesto Geisel, e foi secretário de Indústria, Comér- cio, Ciência e Tecnologia no Go- verno Franco Montoro, seu co- lega de Ginásio São Bento e de militância no Partido Democra- ta Cristão. Segundo seus filhos, Kok era um leitor ávido e nunca perdeu sua veia humanista, sendo apai- xonado por literatura univer- sal, sobretudo clássica, e por história. André Borges / BRASÍLIA Donos de alguns dos maiores orçamentos da União, o De- partamento Nacional de In- fraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec devem passar por um cenário de estagna- ção de investimentos em 2015. Depois de registrarem a execução de R$ 12,8 bilhões em 2014, as autarquias vincu- ladas ao Ministério dos Transportes tendem, na me- lhor das hipóteses, a repetir o resultado do ano passado. A avaliação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Estamos falando de estatais que dependem fundamental- mente de recursos fiscais, da ar- recadação e da disposição do Te- souro em liberar recursos. Com o arrocho fiscal que estamos vi- vendo, não haverá espaço para crescimento”, diz o coordena- dor de infraestrutura do Ipea, Carlos Campos. A Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano, ainda não aprovada, prevê que os recur- sos do Ministério dos Transpor- tes – envolvendo desembolsos para rodovias, ferrovias, portos e hidrovias – poderá chegar a R$ 19,8 bilhões. Há previsão de cor- tes. Em 2014, os recursos foram de R$ 19,3 bilhões. Mesmo com a faxina dos transportes ocorrida em 2011, processo que investigou um es- quema de propina no ministé- rio e que custou a queda dos pre- sidentes do Dnit e da Valec, e do ministro Alfredo Nascimento, a Pasta conseguiu manter um nível alto de desembolso. Entre 2010 e 2013, foram alocados R$ 66,04 bilhões em transportes, enquanto R$ 39,46 bilhões fo- ram destinados à educação e R$ 12,90 bilhões à saúde. Interinos. O desempenho fi- nanceiro do Dnit e da Valec pas- sa ainda pelo definição de seus comandos. As duas autarquias estão sem presidentes definiti- vos, dependendo de diretores que têm ocupado os cargos inte- rinamente. No mês passado, Tarcísio Gomes de Freitas dei- xou a diretoria geral do Dnit pa- ra assumir o cargo de consultor na Câmara dos Deputados. Frei- tas ocupava o comando do Dnit interinamente, após a saída do general Jorge Fraxe. O Dnit possui seis diretorias, mas atualmente somente qua- tro estão ocupadas. Com a saí- da de Freitas, a diretoria-geral passou a ser ocupada pelo dire- tor de planejamento e pesquisa, Adailton Cardoso Dias. Na Valec, o comando é ocupa- do interinamente desde 26 de dezembro por Bento José de Li- ma, que é diretor de operações. Lima assumiu o posto deixado por José Lúcio Lima Machado. Quando tomou posse na pri- meira semana do ano, o minis- tro Antônio Carlos Rodrigues, que integra a executiva nacio- nal do Partido da República (PR), prometeu nomes técni- cos para as duas autarquias. Questionado sobre as mudan- ças, o Ministério dos Transpor- tes não mencionou nomes ou datas. Tanto o Dnit quanto a Valec declararam que, apesar das indefinições, as atividades seguem sem paralisações. Lava Jato. Ainda não está con- figurado qual será o efeito da quebradeira de empreiteiras so- bre as estatais dos Transportes. O Dnit não tem grandes emprei- teiras entre seus contratos. O mesmo não se pode dizer da Valec. Companhias como OAS e Galvão, alvos da Lava Jato que têm enfrentado dificuldades fi- nanceiras, estão à frente de lo- tes de construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia. Rua Minas Gerais, 80 - Higienópolis - São Paulo-SP - 01244-010 Tel: 11 3665-1590 — 3663-0144 E-mail: [email protected] www.embraesp.com.br 41 anos de atividades em todo o território nacional AVALIAÇÕES DE IMÓVEIS E ESTUDOS DE MERCADO GALPÃO PARA INDÚSTRIA OU LOGÍSTICA 13.500m² de área construída total, completa infraestrutura e docas (crossdockin, rear, side Loding), terreno total de 72.000m², parcialmente pavimentado com ruas e amplos pátios operacionais. Localização com ótima acessibilidade, a 1km da Rod. Pres. Dutra em São José dos Campos - SP. 11 3089-7444 www.herzog.com.br VENDE / ALUGA

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B4 Economia QUINTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO

Ligadas ao Ministério dosTransportes, as estatais Valece Dnit passaram os últimosanos como cotas do governopara os membros do Partidoda República (PR). A relaçãodo governo com o PR foi aba-lada em 2011, quando vaza-

ram informações de uma reu-nião, ma qual a presidente Dil-ma Rousseff declarou que asduas estatais estavam gastan-do demais. As reclamações de-tonaram o que viria a ser co-nhecido como a “faxina dostransportes”, com investiga-ções sobre pagamentos de pro-pina a membros do PR. À épo-ca, o então presidente da Valece membro do PR, José Francis-

co das Neves, o Juquinha, foipreso pela Polícia Federal.No comando do Dnit, outrofiel escudeiro do PR, Luis An-tônio Pagot, foi afastado docargo. Alfredo Nascimento,ministro dos Transportes,também caiu. Quatro anosdepois, o partido volta ao co-mando do ministério, com aescolha de Antonio CarlosRodrigues para a Pasta.

MEMÓRIA

estadao.com.br/e/ajustedilma

Morre em São Paulo oempresário Einar Kok,fundador da Abimaq

NA WEB

PARA LEMBRAR

DIDA SAMPAIO/ESTADAO-16/5/2014

Especial. Veja osdetalhes do ajustefiscal de Dilma

Arrocho fiscallimita obras emtransportesGastos do governo federal com estradas e ferrovias devem nomáximo repetir o desempenho do ano passado, segundo o Ipea

Ministério foialvo de ‘faxina’

Secretário da Indústriae Comércio, Ciência eTecnologia no governode SP nos anos 1980,empresário tinha 96 anos

Superfaturamento. Obras da ferrovia Norte-Sul, que foram alvo de investigação

Morreu na manhã de terça-fei-ra em São Paulo o empresárioEinar Alberto Kok, fundadorda Associação Brasileira da In-dústria de Máquinas (Abimaq)e secretário da Indústria, Co-mércio, Ciência e Tecnologianos anos 1980. Aos 96 anos,Kok sofria de insuficiência res-piratória devido a um acidentevascular cerebral sofrido hádez anos e da doença de Parkin-son. Deixa 5 filhos, 16 netos e 13bisnetos.

Filho de um engenheiro di-namarquês que liderou o Enge-nho Central, grande produtor

de açúcar em Piracicaba, Kokse formou em 1937 na Escolade Agronomia Luiz de Quei-roz, e depois continuou seusestudos nos Estados Unidos.De volta ao Brasil, trabalhoucom desenvolvimento de pas-tagens e na administração deempresas, com atuação cons-tante em entidades de classe.

Depois do nascimento dosprimeiros de seus seis filhos,passou a trabalhar na empresaMáquinas Piratininga, funda-da por seu cunhado, que teveimportante papel no desenvol-vimento da indústria brasilei-ra. Dirigiu o Sindicato de Má-quinas do Estado de São Pau-lo, que em 1988 transformouno Sindimaq, com abrangên-cia nacional.

Einar Kok fundou a Abimaq,que presidiu de 1958 a 1983. Nasegunda metade da década de

1970, encabeçou a mudança daassociação, antes abrigada naFiesp, para uma sede própria,na Avenida Jabaquara.

“Ele foi um visionário. Se aAbimaq tem hoje o patrimô-nio e a abrangência nacionalque tem, é porque ele acredi-tou na importância da indús-tria e chamou os empresáriosda associação para ter vidaprópria, uma sede própria”,diz José Veloso Dias, atual di-retor da Abimaq. “Isso possibi-litou a independência e a ino-vação tecnológica que temoshoje.”

O empresário também se des-tacou na luta pelo fim da ditadu-ra no País, assinando o primeiromanifesto de empresários pró-redemocratização, ainda no go-verno de Ernesto Geisel, e foisecretário de Indústria, Comér-cio, Ciência e Tecnologia no Go-verno Franco Montoro, seu co-lega de Ginásio São Bento e demilitância no Partido Democra-ta Cristão.

Segundo seus filhos, Kok eraum leitor ávido e nunca perdeusua veia humanista, sendo apai-xonado por literatura univer-sal, sobretudo clássica, e porhistória.

André Borges / BRASÍLIA

Donos de alguns dos maioresorçamentos da União, o De-partamento Nacional de In-fraestrutura de Transportes(Dnit) e a Valec devem passarpor um cenário de estagna-ção de investimentos em2015. Depois de registrarem aexecução de R$ 12,8 bilhõesem 2014, as autarquias vincu-ladas ao Ministério dosTransportes tendem, na me-lhor das hipóteses, a repetir oresultado do ano passado.

A avaliação é do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada(Ipea).

“Estamos falando de estataisque dependem fundamental-mente de recursos fiscais, da ar-recadação e da disposição do Te-souro em liberar recursos. Como arrocho fiscal que estamos vi-vendo, não haverá espaço paracrescimento”, diz o coordena-dor de infraestrutura do Ipea,Carlos Campos.

A Lei Orçamentária Anual(LOA) deste ano, ainda nãoaprovada, prevê que os recur-sos do Ministério dos Transpor-tes – envolvendo desembolsospara rodovias, ferrovias, portose hidrovias – poderá chegar a R$19,8 bilhões. Há previsão de cor-tes. Em 2014, os recursos foramde R$ 19,3 bilhões.

Mesmo com a faxina dos

transportes ocorrida em 2011,processo que investigou um es-quema de propina no ministé-rio e que custou a queda dos pre-sidentes do Dnit e da Valec, e doministro Alfredo Nascimento,a Pasta conseguiu manter umnível alto de desembolso. Entre2010 e 2013, foram alocados R$66,04 bilhões em transportes,enquanto R$ 39,46 bilhões fo-ram destinados à educação e R$12,90 bilhões à saúde.

Interinos. O desempenho fi-nanceiro do Dnit e da Valec pas-sa ainda pelo definição de seuscomandos. As duas autarquiasestão sem presidentes definiti-vos, dependendo de diretoresque têm ocupado os cargos inte-rinamente. No mês passado,Tarcísio Gomes de Freitas dei-xou a diretoria geral do Dnit pa-ra assumir o cargo de consultorna Câmara dos Deputados. Frei-tas ocupava o comando do Dnitinterinamente, após a saída dogeneral Jorge Fraxe.

O Dnit possui seis diretorias,mas atualmente somente qua-

tro estão ocupadas. Com a saí-da de Freitas, a diretoria-geralpassou a ser ocupada pelo dire-tor de planejamento e pesquisa,Adailton Cardoso Dias.

Na Valec, o comando é ocupa-do interinamente desde 26 dedezembro por Bento José de Li-ma, que é diretor de operações.Lima assumiu o posto deixadopor José Lúcio Lima Machado.

Quando tomou posse na pri-meira semana do ano, o minis-tro Antônio Carlos Rodrigues,que integra a executiva nacio-nal do Partido da República(PR), prometeu nomes técni-cos para as duas autarquias.

Questionado sobre as mudan-ças, o Ministério dos Transpor-tes não mencionou nomes oudatas. Tanto o Dnit quanto aValec declararam que, apesardas indefinições, as atividadesseguem sem paralisações.

Lava Jato. Ainda não está con-figurado qual será o efeito daquebradeira de empreiteiras so-bre as estatais dos Transportes.O Dnit não tem grandes emprei-teiras entre seus contratos. Omesmo não se pode dizer daValec. Companhias como OASe Galvão, alvos da Lava Jato quetêm enfrentado dificuldades fi-nanceiras, estão à frente de lo-tes de construção da Ferroviade Integração Oeste-Leste(Fiol), na Bahia.

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