Arte Final

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A CRIANÇA, A ARTE E A LINGUAGEM PLÁSTICA E VISUAL CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DE CONTAGEM EXPERIÊNCIAS, SABERES E EXPERIÊNCIAS, SABERES E CONHECIMENTOS CONHECIMENTOS

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educação infantil

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  • A CRIANA, A ARTE E A LINGUAGEM PLSTICA E VISUAL

    CURRCULO DA EDUCAO INFANTIL DE CONTAGEM

    EXPERINCIAS,SABERES EEXPERINCIAS,SABERES ECONHECIMENTOSCONHECIMENTOS

  • VOLUME 5: A CRIANA, A ARTE E A

    LINGUAGEM PLSTICA E VISUAL2012

    CURRCULO DA EDUCAO INFANTIL DE CONTAGEM

    EXPERINCIAS,

    CONHECIMENTOSSABERES E

  • 2 | Prefeitura MuniciPal de contageM a criana, a arte e a linguageM PlStica e ViSual | 3

    PREFEITA MUNICIPALMarlia aparecida campos

    VICE PREFEITOagostinho da Silveira

    SECRETRIO MUNICIPAL DE EDUCAO E CULTURAlindomar diamantino Segundo

    SECRETRIO ADJUNTO DE EDUCAO E CULTURAdimas Monteiro da rocha

    COORDENADORA DAS POLTICAS DE EDUCAO BSICAMaria elisa de assis campos

    REVISOluciani dalmaschio

    PRODUO EDITORIALfernanda cristina Mariano dinizMrio fabiano da Silva Moreira

    AUTORAS DO DOCUMENTO

    CONSULTORIA PEDAGGICAftima regina teixeira de Salles diasVitria lbia Barreto de faria

    FICHA TCNICA

    Marlia camposPrefeita de contagem

    lindomar diamantino SegundoSecretrio de educao e cultura

    APRESENTAO

    a publicao da coleo Currculo da Educao Infantil de Contagem: experincias, saberes e conhecimentos vem coroar o trabalho de reflexo sobre o currculo a ser desenvolvido com as crianas dessa etapa da educao Bsica, realiza-do pelas profissionais que atuam nas instituies de educao infantil pblicas e conveniadas de contagem.

    a coleo, construda a partir das dvidas e inquietaes das profissionais, tem como objetivo orientar o processo de elaborao da proposta curricular de cada instituio, fomentando a discusso sobre a prtica educativa. essa atitude democrtica de construo coletiva uma das marcas da poltica municipal que estamos gestando na cidade e que visa garantia do direito da criana a uma educao infantil de qualidade.

    a proposio de um currculo para a educao infantil, consubstanciada na coleo que ora apresentamos, pretende ser um material aberto, flexvel, coerente com as concepes de criana, de infncias, de educao infantil, de aprendizagem e desenvolvimento que a poltica municipal de educao defende, alm de provocar a articulao entre teoria e prtica, expli-citando os objetivos, os saberes e conhecimentos que possibilitaremos que as crianas vivenciem nas nossas instituies.

    a coleo, ao provocar a reflexo e ao desconstruir propostas prescritivas que meramente apontam contedos a serem desenvolvidos, busca uma relao interativa com a profissional que atua na educao infantil. nosso objetivo possibilitar s crianas contagenses experincias que as toquem, as transformem e as considerem cidads. experincias que sero plurais, variadas, diversas, assim como o so as propostas pedaggicas que desenvolvemos na cidade, que tm como eixo comum a formao humana dessa criana, considerando sua especificidade e as concepes que acreditamos.

    esperamos que a leitura dos cadernos da coleo Currculo da Educao Infantil de Contagem: experincias, saberes e conhecimentos estabelea um dilogo frtil sobre a educao infantil em nossa cidade. um dilogo que garanta tempos e espaos para a vivncia de uma infncia cidad, na qual a criana possa se apropriar do mundo e da cultura, tornando-se cada vez mais humana.

    DIRETORIA DE EDUCAO INFANTILlucimara alves da Silvarosalba rita limaValma alves da Silva

    ASSESSORIA DE EDUCAO INFANTIL DOS NCLEOS REGIONAIS DE EDUCAOcibelle de Souza Braga nre industrial/riachodarci aparecida dias Motta nre Sederica fabiana Beltro Pereira nre Vargem das floresliliane Melgao ornelas nre eldoradoMaria elizete campos nre PetrolndiaMicheli Virgnia de andrade feital nre eldoradoSandro coelho costa nre industrial/riachoSilvia fernanda Mutz da Silva nre ressaca/nacionalSnia Maria da conceio flix nre Sede

    COLABORAOghisene Santos alecrim gonalves nre ressacaPauline gonalves cardoso duarte nre nacional

    GRUPO DE TRABALHO RESPONSVEL PELA ELABORAO DO CADERNO A CRIANA, A ARTE E A LINGUAGEM PLSTICA E VISUALcssia Simone da Silva reis - anexo Maringela Bonfim fredericodarci aparecida dias Motta - ceMei novo eldoradoir. Mara claudete Patan - cei Madre tarcsiaMrcia lopes Pereira arantes ceMei Mira PereiraMaria aparecida rodrigues Schffer ceMei dona alice ferreira francaMaria das graas dias da costa - cei ernestina SoaresMicheli Virgnia de andrade feital coordenao do grupoSandra dos Santos Prates - obra Social dom BoscoValma alves da Silva - ceMei Jardim eldorado

    CO-AUTORASProfissionais da educao infantil da rede Municipal e da rede conveniada de contagem

    contagem. Minas gerais. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de educao e cultura.

    a criana, a arte e a linguagem plstica e visual/Prefeitura Municipal de contagem. - contagem: Prefeitura Municipal de contagem, 2012.

    iSBn coleo: 978-85-60074-08-2iSBn Volume: 978-85-60074-13-664 p.: il. - (currculo da educao infantil de contagem, 5).

    1- educao infantil. 2- currculo. 3- campos de experincias. 4- arte. 5- linguagem plstica. 6- linguagem visual. i- ttulo. ii- Srie.

    cdd: 372.21

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    INTRODUO

    a coleo Currculo da Educao Infantil de Contagem: experincias, saberes e conhecimentos tem como objetivo orientar o processo de construo da proposta curricular de cada instituio de educao infantil de contagem. trabalha-mos nessa coleo com o seguinte conceito de currculo:

    Conjunto de experincias culturais relacionadas aos saberes e conhecimentos, vividas por adultos e crianas numa instituio de Educao Infantil IEI , na perspectiva da formao humana. As experincias vividas nessa caminha-da so selecionadas e organizadas intencionalmente pelas profissionais da IEI, embora estejam sempre abertas ao imprevisvel. O currculo um dos elementos do PPP, devendo se articular com os demais elementos desse projeto e ser norteado por suas concepes. Nesse sentido, a seleo das experincias determinada pelas necessidades e interes-ses das crianas com as quais a IEI trabalha, considerando as especificidades do seu desenvolvimento e do contexto onde vivem, a diversidade que as caracteriza, bem como pelas exigncias do mundo contemporneo.

    esse conceito procura consolidar uma concepo que leve em conta o contexto em que a instituio de educao infantil est inserida e que coloque a criana na centralidade do processo pedaggico. nessa perspectiva, a criana sujeito de sua ao e reflexo, possibilitando, a partir da interao com outras crianas e com adultos e das experincias que vivencia nas relaes sociais e nos processos de aprendizagem e desenvolvimento, sua formao humana.

    a coleo est organizada em onze cadernos, a saber:

    DiscutindooCurrculodaEducaoInfantildeContagem;

    ACrianaeaLinguagemOral;

    ACrianaeaLinguagemEscrita;

    ACriana,oBrincareasBrincadeiras;

    ACrianaeoMundoSocial;

    ACriana,oCuidadoeasRelaes;

    ACriana,oCorpoeLinguagemCorporal;

    ACriana,aMsicaeaLinguagemMusical;

    ACriana,aArteeaLinguagemPlsticaeVisual;

    ACrianaeoMundoNatural;

    ACrianaeaMatemtica.

    o caderno Discutindo o Currculo da Educao Infantil de Contagem apresenta e detalha o conceito de currculo adotado pelo municpio e as concepes que norteiam o trabalho na educao infantil. apresenta, ainda, o histrico do processo de construo da coleo e destaca a necessria relao que cada instituio deve estabelecer entre seu currcu-lo e seu Projeto Poltico-pedaggico.

    os outros dez cadernos, cada um identificado por uma cor especfica, apresentam os campos de experincias a serem trabalhados com as crianas. em cada um deles busca-se fundamentar a discusso sobre o campo de experincia, elencar objetivos, saberes, conhecimentos e experincias e apontar possibilidades de trabalho.

    as fotos utilizadas na coleo retratam propostas de trabalho desenvolvidas nas instituies de educao infantil da cida-de. J os desenhos, foram produzidos pelas crianas especialmente para essa coleo; uma forma alegre e colorida delas dizerem para ns, profissionais, como veem o que tem sido desenvolvido nas instituies. esses desenhos constituem um texto a ser lido e permitem a produo de outros sentidos para a nossa prtica pedaggica.

    outro ponto que gostaramos de salientar na coleo foi a opo por tratar no feminino as profissionais que atuam na educao infantil. Poderamos ter optado pela forma masculina/feminina, mas preferimos dar destaque s mulheres, que so maioria na atuao nas iei. com isso, no estamos dizendo que esse um campo fechado aos homens, mas apenas valorizando e destacando a fora e a presena feminina na educao infantil de contagem.

    esperamos que a coleo Currculo da Educao Infantil de Contagem: experincias, saberes e conhecimentos possa enriquecer as prticas pedaggicas que vm sendo desenvolvidas nas instituies. nesse sentido, convocamos as edu-cadoras, nossas interlocutoras privilegiadas, para discutir a efetivao de uma educao de qualidade a partir de um traba-lho com as crianas que esteja pautado no respeito mtuo, na construo de saberes e conhecimentos e na formao integral; um trabalho que incite novas aprendizagens e que seja estimulador para todos e todas.

    Equipe da Educao Infantil

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    2012

    A CRIANA, A ARTE E A LINGUAGEM PLSTICA E VISUAL

    desenhar, brincar, poetar. Manchar, riscar, construir, se encantar. transformar um fragmento de vidro em uma jia rara, rabiscos em drago alado, pensamentos em formas. Buscar o dizvel no invisvel. Modos singulares de ver, expressar e (re) inventar o mundo. a criana, depois de desenhar uma srie de formas e riscos (des) ordenados,

    diz: eu, mame, a barraca e o gato. faz de conta! Picasso rene um guido e o selim de uma bicicleta: cabea de touro. assemblage, ressignificaes de objetos. arte!

    Susana cunha

    DELIMITAO

    este campo de experincia, na educao infantil, diz respeito arte tratada em sua dupla dimenso: como linguagem e como conhecimento. enquanto linguagem tem como eixos a apreciao e o fazer artstico, possibilitando o compartilha-mento de significados por meio de diferentes modalidades, tais como a linguagem plstica e a visual, em suas diversas formas: desenho, pintura, fotografia, modelagem, escultura, gravura, arquitetura, bordado, articulando-se tambm com a dana e o teatro. enquanto campo de conhecimento, envolve tanto o conhecimento sobre a Histria da arte, quanto o conhecimento e a utilizao de diversos elementos, suportes, materiais, instrumentos, tcnicas e procedimentos. essas duas dimenses esto intrinsecamente articuladas.

    1 FUNDAMENTAO

    1.1 O que esse campo de experincia e qual o seu significado?

    Percebemos que conceituar arte tarefa bastante complexa, pois, embora seja uma linguagem universal, ela carregada de subjetividade. Segundo fusari e ferraz,

    a arte uma das mais inquietantes e eloqentes produes do homem. arte como tcnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo, genialidade, comunicao, expresso, so variantes do conhecimento arte que fazem parte do nosso vnculo conceitual, estreitamente ligado ao sentimento de humanidade (fuSari; ferraZ,1993,p. 99).

    a arte nos permite desenvolver o pensamento crtico e, por meio dele, ampliar a sensibilidade, a percepo, a reflexo e a imaginao. Possibilita ainda, conhecer, apreciar e refletir sobre os elementos da natureza e sobre as produes artsticas, individuais e coletivas, de vrias culturas e pocas. assim, se constitui como conhecimento e como linguagem significati-

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    va, que possibilita a criatividade, elemento essencial do desenvolvimento infantil. tambm se traduz na expresso de um rico repertrio que propicia tanto a apropriao do conceito de belo e colorido, como a comunicao de ideias, sentimen-tos, sensaes.

    a arte um conhecimento histrico construdo pelo homem atravs dos tempos e todo ser humano tem direito a se expressar por meio dela e de ter acesso a esse saber. nesse processo histrico, a humanidade criou diferentes modalida-des de expresso artstica, tais como a linguagem plstica e a visual, em suas diversas formas: desenho, pintura, fotografia, modelagem, escultura, gravura, arquitetura e bordado, alm de outras.

    dentre essas diferentes formas de linguagem plstica e visual, destacamos, na educao infantil, o desenho, que, na sin-gularidade da sua expresso, oferece a possibilidade de representao da realidade, de formas e elementos do dia a dia. o desenho , portanto, um modo privilegiado de expresso pela criana, possuindo uma sintaxe prpria e se constituindo numa forma de a criana lidar com a realidade que a cerca.

    de acordo com luquet,

    [...] o desenho uma ntima ligao do psquico e do moral. a inteno de desenhar tal objeto no seno o prolon-gamento e a manifestao da sua representao mental; o objeto representado o que, neste momento, ocupar no esprito do desenhador um lugar exclusivo ou preponderante. (apud BraSil, 1991, p.130)

    assim que, por meio do desenho, a criana cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepo, ima-ginao, reflexo e sensibilidade. ao prazer do gesto, associa-se o prazer da inscrio, a satisfao de deixar a sua marca.

    toda criana desenha. Pode ser com lpis e papel ou com caco de tijolo na parede. agir com um riscador sobre um suporte algo que ela aprende por imitao ao ver os adultos escrevendo ou os irmos desenhando, por exemplo. com a explorao de movimentos em papis variados, ela adquire coordenao para desenhar explica Mirian ce-leste Martins, especialista no ensino de arte e professora da universidade Presbiteriana Mackenzie. a primeira relao da meninada com o desenho se d, de fato, pelo movimento: o prazer de produzir um trao sobre o papel para agir. (gurgel, 2009, p. 73).

    outras formas de expresso plstica e visual, como a pintura e a modelagem, constituem-se, tambm, em meios impor-tantes de as crianas deixarem suas marcas e de lidarem com sua realidade.

    Por sua vez, o teatro e a dana ganham ainda maiores possibilidades de expresso quando se articulam com as diversas formas de linguagem plstica e a visual.

    o teatro dialoga com as outras artes, apropriando-se de suas diferentes linguagens para se fazer mais atuante no m-bito especfico da educao infantil, levando a criana a aprender, atravs do jogo dramtico, a lidar com a alteridade e com as diferenas, construindo assim um referencial artstico e cultural (SouZa, 2006).

    o teatro envolve a apropriao do espao cnico, a presena de personagens, a dramaturgia, bem como conhecimentos

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    e tcnicas sobre cenrio, figurino, maquiagem, objetos de cena, luz e som, elementos que caracterizam uma ao quali-ficada com essa forma de expresso. alm disso, ele permite a articulao com as muitas linguagens usadas no processo educativo. ao fazer teatro, a criana se movimenta, se expressa, gesticula, dana, fala e canta como forma de significar situaes e de viver o faz de conta, o ldico. de acordo com Souza (2006), a experincia de interagir com outras crianas e com adultos lhe possibilita imitar significativamente seus gestos, movimentos e expresses para, por meio do ldico, criar o gesto infantil, sua forma de expressar, significar e sentir o mundo.

    nas brincadeiras de imaginar ser outra pessoa, de viver outros papis, as crianas podero tambm ser apoiadas pelo adulto ou pelas outras crianas na utilizao de vrios elementos caractersticos do teatro: fantasias, maquiagem, adere-os, mscaras, etc.

    as crianas pequenas interessam-se muito por histrias lidas, contadas ou dramatizadas pela educadora, nas quais ela utiliza dos recursos expressivos da voz (entonaes) e expresso corporal, recursos esses tambm utilizados no teatro. assim, a dramatizao um recurso importante para o trabalho com as crianas, pois possibilita a explorao do jogo dramtico prprio do teatro. nesse processo, a criana poder desenvolver o gosto pela explorao de sua expresso corporal (gestual e vocal) e vivenciar uma experincia criativa e ldica. (SouZa, 2006)

    Quanto dana, essa modalidade artstica tambm tem as suas possibilidades de expresso ampliadas ao introduzir elementos visuais e plsticos como as coreografias, os cenrios, os figurinos, as maquiagens, as cores, a iluminao, as perspectivas, dentre outros.

    a dana surge como uma das primeiras formas de arte, acompanhando a cultura e o desenvolvimento dos povos. Sempre fez parte da vida do homem, ao longo dos tempos, constituindo-se como uma das formas de o homem exteriorizar as suas emoes, sentimentos, sentido da vida, ou ainda demonstrar o seu estado de esprito. de acordo com Barreto (2005), a dana e a arte em geral propem perspectivas estticas de conhecer, pois danando o sujeito tambm compreende e percebe o mundo, a si prprio e as pessoas ao redor atravs da experincia do fazer artstico. (p. 22)

    Pela dana, do mesmo modo que nas outras linguagens artsticas, o ser humano exprime e transmite, em forma de arte, a sua interpretao da realidade. a dana trabalha a capacidade de criao e imaginao das crianas e possibilita pensar, agir e viver o tempo, o espao e o corpo, favorecendo seu o desenvolvimento integral. Segundo Pederneiras (2010),

    como arte, [...] a dana pode mudar as pessoas. Quando percebemos o que podemos fazer com o corpo, olhamos para nossos limites com um horizonte maior. tambm por ser poderosa como toda arte, a dana nos d completude. [...] a dana intrnseca ao ritmo, comea com a pulsao. e o pulso intrnseco ao ser humano, vem de dentro do nosso corpo. (apud Villar, 2010, p.26).

    na criana, a dana e a msica estimulam reas do crebro que aguam a percepo, desenvolvendo a sensibilidade, o ra-ciocnio, a concentrao, a memria, a imaginao e a linguagem corporal. tambm colabora na expresso das emoes, facilitando as interaes entre as crianas e propiciando o autoconhecimento. Por meio dos relacionamentos estticos com as outras pessoas e com o mundo, a dana incentiva a expressividade das crianas, pois lida com a comunicao no

    verbal e com os dilogos corporais. (Barreto, 2005).

    ao tratarmos de todas essas modalidades artsticas em uma instituio educativa, alguns eixos devem ser norteadores do trabalho: a experincia do fazer artstico, que contempla a criatividade, considerando o processo nico e individual vivi-do por cada sujeito, mas no deixando de lado o uso das tcnicas; a apreciao de obras de Arte, ou seja, o contato com imagens para decodificao, leitura e fruio, sendo que a leitura de imagens pode gerar novas e diversificadas interpreta-es, visto que no existe uma interpretao nica e correta: sempre existem mltiplas leituras possveis; o conhecimento da histria da Arte, que possibilita o senso crtico por intermdio da anlise do contexto em que as obras foram produzi-das, bem como da maneira como elas se relacionam com o contexto atual.

    esses eixos esto intrinsecamente articulados. assim, quanto mais oportunidades tivermos de nos expressarmos por meio do fazer artstico, maior ser nosso interesse em buscar conhecimentos sobre a arte e em apreci-la. ou mesmo, quanto mais conhecimentos tivermos sobre a Histria da arte e sobre as tcnicas artsticas, mais elementos teremos para produzi--la e apreci-la, tendo, dessa forma, maiores possibilidades de vivenciarmos experincias artsticas e estticas.

    a experincia artstica e a experincia esttica so importantes fatores de humanizao, o que significa reafirmar a im-portncia dessas experincias no processo de apropriao e transformao da cultura. com elas, nelas e por meio delas, possvel conhecer o mundo e, mais que isso, experienci-lo e transform-lo.

    no que diz respeito s linguagens plstica e visual, a experincia artstica supe o contato com diversos elementos (ponto, li-nha, cor, textura, volume, ritmos, sombra, luz, movimento, perspectiva, planos bi e tridimensionais, etc.), com diversos supor-tes (papel, tela, lixa, parede, teto, cho, tela do computador, pedestal, etc.), com diversos materiais (tinta, anilina, carvo, terra, areia, folhas, flores, argila, gesso, madeira, etc.), com diversos instrumentos (as mos, pincel, lpis, giz de cera, esponja, estile-te, programas de computador, mquina fotogrfica, etc.) e com diferentes tcnicas (pintura a dedo, desenho de observao, desenho com interferncia, modelagem com argila, elaborao de mscaras com papel mach, etc.). nesse caso, o foco pode ser a produo ou apreciao de imagens, filmes, teatro, msicas, esculturas, desenhos, pinturas, dana, entre outros.

    J a experincia esttica, possibilita ao sujeito o julgamento do que belo prazeroso ou bom; a esttica est diretamente ligada a propores e harmonia de cores ou objetos dentro de um mesmo espao. Historicamente, a palavra arte sempre esteve diretamente ligada beleza e aos objetos que buscavam o belo. entretanto, mais recentemente, a relao esttica entre o belo e o fazer artstico passou a ser vista como algo que vai alm da avaliao a que submetemos esse campo de conhecimento, dizendo respeito aos sentimentos e s emoes que uma obra de arte expressa ou comunica.

    Possibilitar o desenvolvimento da experincia artstica pressupe a realizao de algo novo, que se adapte a uma ne-cessidade da criana, ou seja, uma forma de resolver alguma questo. Portanto, pode-se simplesmente deixar a criana criar ou pedir-lhe que desenhe o que a est deixando triste ou aquilo de que ela mais gosta. Por meio da experincia artstica, a criana consegue demonstrar ideias, mostrar como v a vida ou criar algo, obtendo, ainda, um resultado

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    artstico. a criana no produz desenhos com inteno de transform-lo em obra de arte a ser colocada em exposio. ela desenha porque foi orientada a faz-lo ou porque deseja representar livremente no papel aquilo que tem vontade ou inspirao.

    assim, o sentimento expresso pela arte, tanto pode ser um momento de imaginao, quanto uma forma de comunicao, uma exteriorizao dos desejos e emoes das crianas. ainda que a arte possa desvelar desafios e problemas do dia a dia, no podemos, como educadoras, determinar se uma ou outra coisa, mas apenas oferecer criana a oportunidade dessa expresso.

    a criana que vivencia a arte no seu grupo social, pelo artstico ou pelo esttico, se torna cada vez mais humana. a arte uma forma de desvendar o mundo por intermdio da sensibilidade e da esttica, bem como por meio da criao e da ex-presso. nesse sentido, fundamental entender o processo de produo da obra de arte para alm do resultado obtido, sendo necessrio abrir possibilidades para a criana imaginar, observar, apreciar, produzir e conhecer arte.

    as diretrizes curriculares nacionais para a educao infantil reafirmam as discusses aqui apresentadas, ao definir, em seu artigo 9, que no currculo das instituies de educao infantil devem ser garantidas experincias que:

    [...]ii - favoream a imerso das crianas nas diferentes linguagens e o progressivo, domnio por elas de vrios gneros e formas de expresso: gestual, verbal, plstica, dramtica e musical;[...] iX - promovam o relacionamento e a interao das crianas com diversificadas manifestaes de msica, artes plsti-cas e grficas, cinema, fotografia, dana, teatro, poesia e literatura;[...]Xi - propiciem a interao e o conhecimento pelas crianas das manifestaes e tradies culturais brasileiras;. (BraSil, 2009, p. 4).

    1.2 Como o conhecimento sobre esse campo de experincia foi construdo historicamente pela humanidade?

    retomar a histria da arte em poucas pginas tarefa ousada e quase impossvel. Por isso optamos por destacar os principais movimentos artsticos, buscando ilustrar como esse conhecimento foi construdo pela humanidade, desde a pr-histria at os dias de hoje. entendemos que refletir sobre a arte ao longo da histria possibilita profissional da edu-cao infantil planejar mediaes pedaggicas pautadas em atividades significativas, projetos, trabalhos de campo, atelis e outras que aproximem a criana da arte e da expresso artstica.

    Para um maior aprofundamento, organizamos, ao final deste caderno, um glossrio, cujo objetivo apresentar a definio de alguns termos mais comuns no campo da arte.

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    as primeiras formas de expresso da humanidade foram as pinturas em cavernas, chamadas pinturas rupestres. a palavra rupestre significa gravada ou traada na rocha, na pedra. So pinturas de bises, veados, cavalos, bois, mamutes e javalis, que se conservaram at os dias de hoje por estarem localizadas nos recessos das cavernas, longe das superfcies habitadas e da luz do sol. os arquelogos especulam que as mais antigas podem ter at 15.000 anos e que nossos antepassados criavam as figuras para garantir uma boa caa, pois muitos animais aparecem trespassados por flechas; furos nas paredes indicam que os habitantes das cavernas atiravam lanas nos animais desenhados. os desenhos no eram ainda considera-dos arte, mas uma forma de comunicao num tempo em que no havia ainda a linguagem escrita.

    Pinturas de danarinos encontradas em paredes de cavernas na frica e no sul da europa mostram que a dana foi uma das primeiras formas de expresso artstica e pessoal. as cerimnias religiosas que combinavam dana, msica e dramati-zaes provavelmente desempenharam um papel importante na vida do homem pr-histrico.

    no Brasil, so encontradas diversas manifestaes de arte rupestre, sendo que os locais mais conhecidos so naspolini e florianpolis, em Santa catarina; lagoa Santa, Varzelndia e diamantina, em Minas gerais; toca da esperana, na regio central da Bahia; Serra da capivara, no Piau, prximo s cidades de coronel Jos dias e So raimundo nonato.

    das pinturas rupestres arte contempornea, percebemos um longo processo, durante o qual a expresso artstica hu-mana vai se diferenciando e se tornando cada vez mais plural. os historiadores, crticos e estudiosos de arte organizam a histria da arte em vrios perodos, estilos e movimentos artsticos.

    assim, cada uma das grandes civilizaes antigas (egito, Mesopotmia, Prsia, ndia, china, grcia, roma e arbia) desen-volveu um estilo nico e caracterstico de fazer arte, sendo esse conjunto classificado como arte da antiguidade.

    no perodo que compreende o milnio entre os sculos V e XV, da queda imprio romano ao renascimento, temos a arte medieval. o perodo inicial chamado idade das trevas e vai de 565 (queda do imperador bizantino) at 800 (reinado de carlos Magno). alguns autores no concordam que a idade Mdia possa ser caracterizada somente como a idade das tre-vas, pois possvel vislumbrar muitos pontos de luz na arte e na arquitetura, o que inclui o esplendor da corte bizantina, em constantinopla, e a imponncia das catedrais gticas. alguns estilos e movimentos so: arte gtica, arte pr- romni-ca, arte bizantina, barroco, rococ, neoclassicismo, maneirismo e outros.

    em toda a evoluo da arte ocidental, o sculo XX produziu a ruptura mais radical com o passado. a arte do sculo XX, arte moderna, no apenas decretou que qualquer tema era adequado, como tambm liberou a forma (como no cubismo) das regras tradicionais e livrou as cores (como no fovismo) da obrigao de representar com exatido os objetos. os ar-tistas modernos desafiavam as convenes, seguindo o conselho de gauguin; quebrar todas as janelas velhas, ainda que cortemos os dedos nos vidros. o Modernismo buscava uma liberdade de expresso radical.

    em relao arte moderna, temos, entre outros, os seguintes movimentos: realismo, naturalismo, impressionismo, pre-

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    -impressionismo, simbolismo, art nouveau, cubismo, fovismo, expressinismo, dadasmo, surrealismo. Vale destacar que o ponto comum entre esses diferentes estilos agrupados como arte moderna a ideia de rompimento com as formas tradicionais e a busca por novas formas de expresso.

    J a arte contempornea compreende o perodo artstico da segunda metade do sculo XX e se prolonga at os dias de hoje. aps a Segunda guerra Mundial, a necessidade da produo em massa sobrepe-se aos costumes e a arte comea a incorporar ao seu repertrio questionamentos bem diferentes das rupturas propostas pela arte moderna. o movimento social se revela na pintura, na literatura, na moda, no cinema e em outras manifestaes artsticas. como dispositivo de pensamento, a arte se apropria tanto de imagens que fazem parte da histria da arte como das que habitam o cotidiano, interrogando-as e atribuindo novos significados a elas. o belo contemporneo no busca mais o novo nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade do sculo XX; prope o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura. alguns estilos e movimentos so: op art,videoarte, happening,pop art, expressionismo abstrato, minimalis-mo, body art, fotorrealismo, internet art, street art, entre outros.

    a arte sempre foi utilizada pelo homem para expressar ideias e pensamentos. atravs das formas, conceitos e estilos de-senvolvidos, ao longo dos sculos, nas artes plsticas e visuais, na dana e no teatro, possvel acompanhar a histria de cada poca vivida pela humanidade e as transformaes ocorridas no processo civilizatrio. em outras palavras, as trans-formaes e rupturas sociais e culturais se refletem, de forma contundente, em todas as manifestaes artsticas de cada momento histrico. ao trabalhar com arte, a profissional da educao infantil precisa entender que, o mundo da arte vastssimo. ao nos inserirmos nele estaremos sempre conhecendo e descobrindo coisas novas. e, quanto mais aumenta-mos a nossa sensibilidade, mais adentramos nesse fabuloso universo que nunca tem fim. (dias, 2011, s.p).

    1.3 Como a criana aprende, se desenvolve e torna-se progressivamente humana, por meio desse campo de experincia?

    todos ns nascemos com a capacidade de nos expressarmos pela arte. entretanto, o desenvolvimento dessa capacidade depende das experincias que vivenciamos. assim como a capacidade de apreciao, a capacidade de se expressar pela arte uma qualidade do ser humano que pode ou no ser desenvolvida e aperfeioada.

    a apropriao artstico-cultural das crianas tem tempo e ritmo prprios, ocorre na medida em que estabelecem um dilogo direto com diferentes obras, acionando seus acervos, afetividade e cognio, possibilitando mltiplos olhares e sentidos. e ser to mais intensa quanto mais exercermos o papel de instigar sua curiosidade e provocar novas inda-gaes. (loPeS;MendeS;faria, 2006a, p. 26).

    como sujeito de cultura, a criana precisa conhecer o mundo no qual est chegando para ter condies de se tornar humana e de realizar suas escolhas morais, religiosas, ticas e estticas. a relao entre Arte e desenvolvimento humano tem sido reconhe-cida como indispensvel aos processos educativos das crianas e ao desenvolvimento das potencialidades de cada uma.

    esses processos se do tanto nas situaes cotidianas, como na educao formal. a escola se configura, assim, como um dos espaos fundamentais para as crianas conhecerem o mundo, se apropriarem dos conhecimentos socialmente acumulados e se formarem para fazer tais escolhas. nesse processo, os conhecimentos e saberes relativos ao universo artstico so essenciais.

    Precisamos considerar a criana como um ser com necessidades prprias, que tem desejos e que pensa criticamente, sendo capaz de criar, produzir e questionar. Por isso, devemos, a todo o momento, trazer questes desafiadoras e provo-cativas para dentro das instituies, entendendo a arte como uma linguagem que dialoga com desafios, com o uso da imaginao com a diversidade e a criatividade.

    a experincia esttica possibilita criana o enriquecimento do seu repertrio cultural, a ampliao de sua viso de mundo e do seu senso crtico. o contato com obras de arte a leva a conhecer outras culturas e o significado de cada mani-festao cultural, em funo do estranhamento que vivencia quando se depara com questes que no pertencem ao seu cotidiano.

    Sabemos que a apropriao de conhecimentos e saberes se d principalmente pelas experincias vividas e que, no pro-cesso de criao, precisamos reorganizar a todo o momento os elementos adquiridos na vivncia do dia a dia. a criana precisa de estmulo visual e material para construir seu processo de criao. como profissionais, no podemos ser apenas transmissores de conhecimentos, mas pesquisadores e experienciadores da arte.

    importante conhecermos como a criana se apropria desse campo de experincia, considerando as diferentes modali-dades: desenho, pintura, fotografia, modelagem, escultura, gravura, arquitetura, bordado, dana e teatro.

    a relao entre desenho e desenvolvimento humano tem sido reconhecida como indispensvel aos processos educativos das crianas e ao desenvolvimento das potencialidades de cada uma.

    no seu processo evolutivo, a criana, ao final do seu primeiro ano de vida, j capaz de manter ritmos regulares e produ-zir seus primeiros traos grficos, fase conhecida como dos rabiscos ou garatujas. antes dessa regularidade, ela capaz de fazer marcas em diferentes suportes, bastando para isso, ser incentivada pelo adulto. ela aprende a desenhar, desenhando, a pintar pintando, a esculpir, esculpindo. cabe ao adulto incentiv-la a expressar seus sentimentos e suas ideias no momento da criao.

    o desenho da criana evolui da garatuja para construes cada vez mais ordenadas em que surgem os primeiros smbolos. na interao com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas, crianas e adultos, que a criana vai aprendendo e se desenvolvendo. na garatuja, a criana tem como hiptese que o desenho simplesmente uma ao sobre uma superfcie, e ela sente prazer em perceber os efeitos visuais que essa ao produziu. a figura humana inexistente

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    ou pode aparecer da maneira imaginria. a cor tem um papel secundrio, aparecendo o interesse pelo contraste, mas no h inteno consciente. com o passar do tempo, as garatujas, que refletiam o prolongamento de movimentos rtmicos de ir e vir transformam-se em formas definidas que apresentam maior ordenao. as crianas comeam a atribuir significados a seus desenhos, nomeando-os, e eles podem estar se referindo a objetos naturais, a objetos imaginrios ou mesmo a outros desenhos. aparecem nas suas produes formas fechadas organizadas por relaes topolgicas (dentro/fora, em cima/embaixo, etc.) que apontam para uma progressiva organizao das garatujas.

    essas formas fechadas vo se complexificando, gerando, num certo caminho evolutivo, desenhos que mais parecem um diagrama ou uma colmia e que ocupam toda a superfcie usada no desenho, seja uma parede ou uma folha. algumas crianas resistem a esse formato, pois percebem que o outro no reconhece na sua produo as formas ou objetos conhe-cidos. J outras crianas, seguindo outro caminho evolutivo, nas formas fechadas vo acrescentando filamentos e linhas que geram desenhos que se parecem com sis ou aranhas. essas representaes so os rudimentos da representao da figura humana. uma gestao grfica (BraSil, 1991, p.134) muito significativa e que o adulto deve acompanhar.

    nesse processo, o desenho da criana evolui. ela passa a desenhar temas clssicos como paisagens, casinhas, flores, super-heris, veculos e animais, varia no uso das cores, buscando certo realismo. Suas figuras humanas j dispem de novos detalhes, como cabelos, ps e mos, e a distribuio dos desenhos no papel obedecem a certa lgica. esse pode ser um bom momento para discutir questes de raa e gnero; como a cor da pele. Por que sempre usamos rosa claro para colorir as bonecas? Mostrar para as crianas que existem pessoas negras e que, portanto, elas devem estar nos registros. as pessoas ainda tm medo de colorir com o lpis preto ou marrom. isso uma questo de esttica e precisa ser discutida com as crianas. outra questo que ainda comum o emprstimo de caractersticas humanas a elementos da natureza, como o famoso sol com olhos e boca.

    as produes das crianas vo ganhando em detalhes. os desenhos passam a se basear em roteiros com comeo, meio e fim. as figuras humanas aparecem vestidas e a criana d grande ateno a detalhes como as cores. os temas variam e o fato de no terem nada a ver com a vida dela so um indcio de desprendimento e capacidade de contar histrias sobre o mundo.

    considerando todo esse processo evolutivo do desenho, entendemos que o importante respeitar os ritmos de cada criana e permitir que ela possa desenhar livremente, sem interveno direta, explorando diversos materiais, suportes e situaes. Para tentarmos entender melhor o universo infantil muitas vezes buscamos interpretar os seus desenhos. deve-mos, porm, lembrar que a interpretao de um desenho isolada do contexto em que foi elaborado no faz sentido.

    importante que a profissional da educao infantil oferea s crianas o contato com diferentes tipos de desenhos e obras de arte e que possibilite que elas faam a leitura de suas produes e escutem a de outros. enfim, o desenho infantil um universo cheio de mundos a serem explorados.

    apesar de serem formas de expresso diferentes, podemos considerar os mesmos elementos colocados na evoluo do desenho para tambm compreendermos os processos de desenvolvimento da criana em relao pintura, colagem,

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    modelagem, respeitando-se, claro, suas especificidades.

    enfim, o processo de apropriao das diferentes linguagens, desde o estranhamento at a experincia esttica, um im-portante fator de humanizao dentro das instituies. nesse processo, todos so constantemente desafiados a vivenciar novas possibilidades e a adquirir mltiplos olhares e novos sentidos. a arte nos instiga a conhecer a inteireza do homem, na sua expresso.

    2 OBJETIVOS

    a educao infantil, em relao arte e linguagem plstica e visual, deve possibilitar s crianas:

    descobrir a arte como uma linguagem que possibilita a expresso de pensamentos, sentimentos, emoes e ideias.

    construir uma atitude de autoconfiana em relao sua produo artstica e de respeito pela produo dos colegas.

    assumir postura crtica diante de suas produes e das de outras pessoas.

    desenvolver o gosto e a admirao pelas produes da escola e pelas obras regionais, nacionais e internacionais s quais tiver acesso.

    familiarizar-se com uma grande diversidade de produes artsticas e com diferentes formas de linguagem plsti-ca e visual: desenho, fotografia, cartaz, vdeo, histria em quadrinhos, artes grficas.

    apropriar-se de elementos, suportes, materiais, instrumentos e tcnicas da linguagem visual e plstica, bem como das formas de utiliz-los.

    desenvolver o gosto pela arte expressar-se por meio dela, mantendo uma atitude de busca pessoal, articulando percepo, imaginao, emoo, sensibilidade e reflexo.

    ampliar seus conhecimentos sobre histria da arte.

    apropriar-se das formas de expresso disponveis hoje e daquelas produzidas ao longo da histria da humanidade: cinema, teatro, dana, msica, pintura, gravura, escultura, fotografia, computao grfica, etc.

    ter acesso produo cultural popular (manifestaes regionais, folclricas).

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    familiarizar-se com a dana e com as artes cnicas.

    ampliar as possibilidades de expressar-se por meio do teatro e da dana, com os recursos das artes plsticas e visuais.

    3 EXPERINCIAS

    tendo como eixo a formao humana, a educao infantil deve, em relao arte e a linguagem plstica e visual, propor-cionar s crianas a vivncia de mltiplas experincias, tais como:

    interagir com materiais e instrumentos, meios e suportes diversificados.

    apreciar obras de arte de diversos artistas.

    fazer releituras de obras de arte.

    criar e construir formas plsticas.

    desenhar, pintar, recortar, colar, fotografar, modelar com a utilizao de diferentes instrumentos, materiais e tcnicas.

    fazer um desenho animado.

    Produzir desenhos (livre, de observao, com interferncias, etc.).

    Pintar com pincel, dedo, canudinho, bucha, algodo, etc.

    Produzir materiais para pintar e fazer colagens a partir de elementos da natureza, como tinta de legumes, de terra, folhas, flores, gravetos,etc.

    Modelar com utilizao de argila, argila com cola, massinha, papel march, etc.

    representar com utilizao de fantoches, teatro de sombras, marionetes, contao de histrias, fantasias, etc.

    confeccionar figurinos.

    danar livre e a partir de coreografias.

    criar coreografias.

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    improvisar.

    representar e dramatizar.

    criar cenrios.

    trabalhar com maquiagens para caracterizao de personagens.

    inventar personagens.

    representar diferentes situaes dramticas, cmicas, alegres, tristes, de suspense, de terror, etc.

    entrevistar artistas plsticos, cantores, bailarinos, professores de artes, virtuoses, etc.

    Visitar museus, exposies, espetculos de dana e teatrais, concertos, etc.

    4 SABERES E CONHECIMENTOS

    a partir das experincias relacionadas acima e de muitas outras, as crianas podero construir saberes e conhecimentos, tais como:

    apropriao de tcnicas diversas;

    utilizao de instrumentos, materiais, texturas e cores variados;

    observao de obras de arte e percepo do significado dessas obras;

    utilizao de materiais da natureza e suas possibilidades de uso;

    aquisio das noes de espao e temporalidade;

    identificao de artistas estilos, pocas e culturas;

    utilizao de elementos da linguagem visual (ponto, linha, textura, volume, ritmos, luz, sombra, movimento, etc.);

    localizao de formas visuais em diversos meios de comunicao: fotografia, cartaz, vdeo, histria em quadri-nhos, artes grficas, desenho animado e publicidade;

    Valorizao dos prprios trabalhos e dos trabalhos de seus colegas;

    respeito pela prpria produo e pela produo do outro;

    identificao de concepes estticas presentes na histria das diferentes culturas;

    utilizao da tcnica de desenho animado;

    Valorizao da arte popular;

    Valorizao da arte erudita;

    Percepo de estilos e ritmos de dana;

    compreenso de comdias e dramas;

    Produo de cenrios e coreografias.

    5 DINAMIZAO DO CAMPO DE EXPERINCIA DO CURRCULO NA RELAO COM OS

    ELEMENTOS DO PROJETO POLTICO-PEDAGGICO

    cabe s profissionais que trabalham com educao infantil a responsabilidade de ampliar o contato das crianas com o mundo da arte, entendendo esse contato como uma experincia essencial no processo de humanizao.

    muito comum ouvir crianas maiores, adolescentes ou adultos afirmarem que no gostam de arte ou de ir ao teatro ou ao cinema, o que se justifica pela grande carncia de vivncias estticas e culturais. de modo geral, no inclumos visitas a museus, idas a cinemas, frequncia a oficinas de arte ou leitura de obras de artistas em outros espaos na prtica pedaggica cotidiana. atualmente, essas experincias vm sendo incorporadas ao currculo de algumas institui-es, mas ainda como prtica isolada da profissional que trabalha com arte e sem uma discusso anterior e posterior experincia.

    aliada a essa ausncia no currculo, existe tambm a questo de a profissional no se preparar para a visitao, no conhe-cer a exposio antes e nem mesmo pesquisar sobre as obras ali expostas, ou seja, ele no dialoga previamente com as crianas, perdendo a oportunidade de enriquecer as discusses e provocar questionamentos.

    Quando vivemos o prazer da experincia esttica, procuramos ir cada vez mais ao cinema ou assistir a vdeos, bus-camos freqentar mais os museus ou ler livros de arte, ouvir mais msicas, seja no rdio, no aparelho de som ou nos shows, admirar mais espetculos de dana, seja ao vivo ou na tV. a cada dia nosso repertrio estar se ampliando, assim como nossa formao cultural. em arte, assim como em outros campos do conhecimento humano, h sem-pre algo mais para se saber: qual tcnica utilizada pelo artista? a que movimento esta pintura pertence? Quem foi este pintor? de incio, o importante que a pessoa tenha autonomia na trajetria de apropriao artstico-cultural,

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    que a possibilidade de exercitar um olhar e uma escuta pessoais diante da obra vista/ouvida. no processo de apropriao ocorre a construo de olhares, escutas e movimentos sensveis que voc experimentou e acumulou ao longo de sua vida. Quanto mais experincias estticas, maiores as possibilidades de apropriao artstico-cultural. (loPeS;MendeS;faria, 2006a, p.25).

    tendo isso em mente, preciso, antes de tudo, conhecer esse campo de atividade humana, o que se configura como fator de humanizao tambm da profissional. ao se apropriar de informaes importantes sobre o universo artstico, ela se apropria tambm de uma parte importante da histria da humanidade, amplia sua viso de mundo e tende a modificar sua concepo de escola, de educao, de criana, de sociedade e de vida. com essa viso mais alargada, possvel esta-belecer os objetivos que pretende alcanar com o trabalho junto s crianas.

    Se uma obra de arte tem que ser necessariamente bela, a resposta vir da concepo de belo e de arte de cada pes-soa. assim como uma aula de arte, bela ou no ser sempre conseqncia da concepo de arte de cada professor. caem por terra, portanto, todos os mtodos e frmulas prontas para o ensino de arte. Se aceitarmos esse princpio, cada professor ter de encontrar seu prprio caminho, a partir de suas escolhas estticas e de como concebe o sujeito a ser educado: autor ou reprodutor? (HolM, 2005, p.7).

    nesse sentido, o trabalho com esse campo de experincia na educao infantil pode se pautar: no conhecimento da Hist-ria da arte e na relao, estreita e necessria, entre o contexto histrico e a arte produzida num determinado perodo; em releituras de obras de arte (famosas ou no), com anlise das tcnicas utilizadas pelos artistas, das intenes ao produzir a obra e do contexto histrico em que ele viveu; nas tcnicas relativas ao fazer artstico; no contato com as diversas formas de expresso artstica (desenho, pintura, escultura, dana, fotografia, entre outras); no manuseio de materiais diversos; na oportunidade de experimentar desenhos, formas, cores, texturas e materiais diversos. essas atividades e esses materiais devem ser colocados disposio da criana, que pode realizar atividades orientadas e ter a possibilidade de experimen-t-los na dimenso corporal (sentidos) e na dimenso subjetiva (sentimentos).

    a instituio de educao infantil deve considerar a integralidade da criana, concebendo-a como um ser constitudo de diversas dimenses. esse campo de experincia favorece o trabalho realizado dentro dessa concepo, uma vez que fornece subsdios para que as crianas se expressem de forma bastante interessante, diferenciada, abrangente e ldica. devemos pensar a arte na sua perspectiva mais ampla. no que diz respeito s diversas culturas, ainda trabalhamos muito a arte europeia como nica e mais bela. fazer uma pesquisa sobre a arte no s europia, mas tambm brasileira, indge-na, a arte africana, latinoamerica e oriental, colocando no universo das crianas as diversas possibilidades de expresso so o caminho para uma discusso sobre a diversidade e sua riqueza.

    no entanto, entre outros vcios arraigados nas prticas pedaggicas, esto a seleo, a classificao, o julgamento e a avaliao que a instituio faz dos trabalhos e atividades realizadas pelas crianas. ao falarmos de avaliao importante ressaltar o desenvolvimento dos trabalhos com as crianas com deficincia, principalmente quando o que est em jogo o respeito s diferenas e aos ritmos diferenciados. Pensar que todas as pessoas so capazes de produzir arte e que, em alguns momentos, preciso pensar estratgias para motiv-las um caminho rico para a incluso de todos e todas.

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    dependendo da forma como forem trabalhadas, as possibilidades apresentadas acima podem no oferecer s crianas nada alm da transmisso de contedos. no entanto, se a criana puder vivenci-las de forma significativa, elas podem se configurar, efetivamente, como experincia artstica e/ou experincia esttica.

    o estmulo produo da criana deve ir alm do que enxerga o adulto, que deve ter um olhar sensvel, positivo, transfor-mador e buscar o xito em sua atuao. o papel da educadora valorizar e entender a produo da criana e no reduzi--la ao seu senso de beleza esttica.

    o momento de criao artstica no deve visar somente ao belo ou ao desenvolvimento cognitivo, mas permitir o de-senvolvimento pleno da subjetividade, peculiar ao que nos afeta como humanos, ou seja, a liberdade de expresso. Para estimular a criana a adquirir essa liberdade de comunicar-se ou de criar, a educadora tem de aceitar a arte visual como linguagem, como um cdigo inovador de comunicao com o mundo.

    Se pedirmos a um adulto que desenhe uma casa, por exemplo, a grande maioria far um desenho estereotipado onde se juntam vrias formas geomtricas como tringulo, quadrado e retngulo. Se esse o modelo apresentado para a criana, ele que ser sua referncia sempre que for desenhar uma casa. Portanto, ao apresentar e discutir sobre a forma de uma casa devemos levar diferentes modelos de vrias culturas, incluindo ocas e cabanas, permitindo que a criana reflita sobre o sentido da moradia para o sujeito de cada cultura. essa experincia precisa ser vivenciada na infncia, quando vrios conceitos esto sendo formulados e redimensionados.

    ressignificar a cada dia os mltiplos olhares que a arte proporciona reflete o trabalho realizado dentro de uma proposta mais criativa, na qual cada descoberta discutida e valorizada. acreditar que a criana est fazendo arte quando cola bolinhas coloridas por cima de desenhos prontos e estereotipados , no mnimo, um equvoco, pois sua liberdade de expresso e de criatividade podada durante uma tarefa como essa. Sendo assim, ao pensarmos em atividades para as crianas, importante refletir se as atividades propostas so cerceadoras ou no. fazer um desenho livre ou aproveitar pedaos de tecidos ou papis coloridos, que no sejam necessariamente para a confeco de bolinhas, pode trazer novos desafios para as crianas. elas tentaro escolher qual o material que melhor se encaixa na sua figura e faro uma anlise de tamanhos, dimenses e cores, o que caracterizar um interessante trabalho pedaggico.

    nas atividades artsticas de expresso, deve-se refletir sobre como o trabalho com o desenho considerado nas instituies de educao infantil e quais as posturas das profissionais diante da produo das crianas. ainda muito comum escolher os de-senhos mais bonitos para enfeitar os murais no interior e exterior das salas de atividades. essa ao podadora serve somente para validar determinado conceito de beleza, alm de no incentivar a liberdade de expresso, uma vez que sempre colocar um modelo em exposio. outra prtica ainda comum a de colocar um desenho xerocado no quadro como modelo e pedir para as crianas reproduzirem fielmente os traos e as cores, o que desconsidera a imaginao e a criatividade da criana. Quem sempre apresenta s crianas uma rvore com o tronco marrom e folhas verdes est desconsiderando a diversidade da flora do nosso pas e tambm do nosso planeta. desse modo, preciso sair do espao seguro das quatro paredes e passear

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    pelo ptio, pelas ruas e pelos parques, mostrando a rvore como ela realmente e explicando que, dependendo da estao do ano, suas folhas caem, secam e mudam de cor.

    como extremamente curiosa e aberta ao novo e ao inusitado, a criana precisa de um espao desafiador, no qual seu corpo possa se movimentar livremente e ela possa pesquisar, experimentar e escolher materiais e suportes diversificados

    as crianas muitas vezes so obrigadas a criar em salas arrumadas demais. a arrumao estraga a curiosidade, a es-pontaneidade e o desejo de experimentar habilidades que as crianas trazem do bero. falar de arte s crianas est na moda, e a idia de oferecer oficinas de arte para crianas muito boa. Mas o problema que no se pode criar em salas muito padronizadas. Voc nunca chega ao artstico, porque isso s acontece quando se est num terreno delicio-samente instvel. Mesmo assim, temos que sair em busca das coisas. Muitos adultos no tm certeza disso e, por isso, impem limites rgidos s crianas. (HolM, 2005, p. 14).

    Portanto, a prtica da livre escolha de materiais diversificados durante as oficinas de arte uma forma de proporcionar criana mais liberdade e autonomia nas suas decises. importante que a profissional esteja atenta a novas descobertas e principalmente que no subestime a capacidade criadora das crianas, sejam elas pequenas ou maiores.

    durante o processo de criao em atividades livres, no basta colocar os trabalhos prontos na parede ou montar pastas com as atividades de um determinado perodo. como a arte processual, imprescindvel fazer a reflexo e a discusso de como se chegou ao resultado final, o que, na maioria das vezes, a parte mais divertida para a criana.

    Sair dos limites do papel e descobrir, na experincia, formas, linhas, pontos e cores torna a vivncia artstica um detona-dor de novas ideias. Buscar elementos do cotidiano para construir materiais e formas visualizar o processo de ensinar e aprender na perspectiva do universo a que pertencemos.

    outro processo importante a ser considerado no trabalho com a arte a vivncia do teatro dentro das instituies, que pode ser trabalhado tanto com os bebs como com as crianas maiores. na verdade, o teatro j est sendo tra-balhado com os bebs quando o educador muda a voz para imitar personagens ou para chamar a ateno das crian-as pequenas. no trabalho com os fantoches, os bonecos coloridos viram personagens divertidos e a criana pode assistir a peas inventadas ou interpretadas pela profissional, alm de manusear os bonecos, descobrindo formas e texturas durante esse processo.

    Quando as crianas j esto maiores, o teatro trar outras possibilidades: contar histrias j conhecidas e pedir que elas as interpretem uma prtica comum nas instituies. o trabalho com o teatro traz muitas outras possibilidades, como a improvisao, a criao de novos personagens e os jogos para desibinio e interao.

    temos ainda a dana, que se configura como uma importante forma de expresso a ser apresentada para crianas de 0 at 6 anos para ser vivenciada por elas. Mesmo nas instituies que atendem somente aos bebs, a dana pode fazer parte da rotina, pois eles esto na fase de descobrir novas melodias, sons e movimentos criados por elas ou a partir da imitao

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    dos movimentos dos adultos. a dana proporciona atividades que requerem movimento, animao, alegria, concentrao, relaxamento, fornecendo subsdios para que a criana construa sua estrutura corporal, conhea seu prprio corpo e os elementos que compem os movimentos, alm de interagir e vivenciar experincias coletivas.

    nas atividades coletivas, as improvisaes em dana daro oportunidade criana de experimentar a plasticidade de seu corpo, de exercitar suas potencialidades motoras e expressivas ao se relacionar com os outros. nessa interao po-der reconhecer semelhanas e contrastes, buscando compreender e coordenar as diversas expresses e habilidades com respeito e cooperao (BraSil, 1997, p. 68).

    a dana pode ser expressa por meio de atividades ldicas, tais como: jogos, brincadeiras, mmicas, interpretaes de m-sicas, ou atividades tcnicas, como exerccios tcnicos de dana, improvisao, atividades de conscientizao corporal (Barreto, 2005, p. 70). outras formas possveis so as atividades inspiradas no cotidiano, como a explorao de danas e movimentos cotidianos e temas da cultura brasileira.

    outro momento significativo o trabalho de campo com as crianas em museus, shows, exposies, feiras, teatros, recitais e outros eventos. organizar atividades que possibilitem essas experincias fundamental, pois as crianas aprendem a observar, a como agir em tais ambientes, familiarizando-se com as normas e regras especficas desses locais, a apreciar a produo e ter contato com objetos e materiais artsticos diversificados e ampliam o conhecimento artstico e esttico. importante que a profissional da educao infantil planeje a atividade fazendo uma visita prvia ao local onde pretende levar as crianas, organizando e coletando informaes importantes sobre o evento, com objetivo de explorar ao mximo as possibilidades da proposta. a atividade deve ser planejada com as crianas, promovendo a discusso sobre as expecta-tivas quanto mesma, o que elas esperam ver e sobre as regras de conduta nos locais ou eventos.

    diante do exposto, necessrio que as profissionais:

    organizem espaos, tempos e materiais para o trabalho de arte nas suas diversas modalidades: plsticas e visuais, msica, dana, teatro, entre outras.

    proponham atividades artsticas e experincias significativas de apreciao esttica.

    valorizem as produes das crianas.

    proponham tcnicas variadas para o desenvolvimento do trabalho de arte.

    acompanhem o processo das crianas, comparando-as com elas mesmas e ajudando-as a autoavaliarem suas produes.

    enriqueam as experincias das crianas colocando-as em contato com obras de arte verdadeiras e no com esteretipos e desenhos mimeografados para colorir ou preencher.

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    atuem no sentido de as crianas adquirirem um olhar sensvel diante de uma obra de arte, possibilitando amplia-o da percepo em relao a ela.

    busquem bibliografia referente ao assunto que estiver sendo estudado.

    instiguem as crianas a buscarem informaes sobre artistas, estilos, tcnicas, materiais, etc. que compem o fazer artstico.

    oportunizem s crianas, desde muito pequenas, situaes em que possam observar, manipular, investigar, expe-rimentar, diferentes materiais, suportes e tcnicas.

    possibilitem o acesso das crianas a livros, imagens, filmes, fotografias, cenrios naturais, pinturas, colagens, esculturas, gravuras, ilustraes e desenhos.

    ampliem o conhecimento de mundo da criana por meio do contato com objetos e materiais artsticos, alm de explorar as diversas formas de expresso artstica.

    possibilitem a socializao, valorizao e apreciao do fazer artstico das crianas.

    oportunizem s crianas a conquista da autonomia, expressando, por meio da linguagem artstica suas emoes, valores, regras, conceitos, fazendo uso de sua fantasia, imaginao e criatividade.

    ampliem o conhecimento artstico e esttico das crianas oportunizando-lhes a ida a exposies, museus, concer-tos, saraus, recitais, shows, teatros, espetculos de dana, feiras de artesanato.

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    6 GLOSSRIO

    AAo o desenrolar de toda a trama, ou dos atos e cenas do drama, assim tambm como do cinema e mesmo no romance escrito.

    Africana, Arte a arte mais conhecida desse continente a do egito. no entanto, a produo artstica no se limitou ao que os egpcios produziram. na frica tropical, os principais produtos artsticos so mscaras e esculturas em madeira, que tm forma angu-losa, assimtrica e distorcida. Para os membros da sociedade africana, esses eram objetos sagrados que traziam a fora vital de um esprito ancestral ou da natureza, com poder de curar doenas e ferir os inimigos. em ocasies especiais, as mscaras e as esttuas eram retiradas dos santurios, lavadas, untadas com leo de palmeira e decoradas com panos e contas. fora dos rituais, elas eram consideradas to impregnadas de poderes sobrenaturais que ficavam escondidas; mulheres e crianas eram proibidas de v-las.

    Artes plsticas as artes plsticas ou belas-artes so as formaes expressivas realizadas com a utilizao de tcnicas de produo que manipulam materiais para construir formas e imagens que revelem uma concepo esttica e potica de um determinado momento histrico. o surgimento das artes plsticas est diretamente relacionado com a evoluo da espcie humana.

    Ator intrprete de um papel teatral. o que interpreta um personagem

    Ateli o lugar de trabalho de pessoas com vontade de criar e onde se pode experimentar, manipular e produzir um ou mais tipos de arte. incluem-se nesta definio qualquer espao onde um indivduo trabalha com fotografia, vdeo, ilustra-o, escultura, pintura, animao, desenho, colagem, etc

    BBallet ou bal estilo de dana originado na europa Medieval, mais especificamente nas cortes reais onde o objetivo

    Mscara do sculo XVi, nigria, edo

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    primrio era entreter a nobreza. eram utilizados recursos de dana, poemas recitados, canes e efeitos cnicos, em que homens e garotos detinham os principais papis. a partir do sculo XiX as bailarinas que at ento ocupavam um segun-do plano passaram ter lugar de destaque.

    Baixo relevo escultura feita sobre um suporte, que pode ser uma placa ou bloco de pedra, madeira, gesso etc., com as figuras esculpidas se destacando do fundo. o que diferencia um baixo-relevo de um alto-relevo a espessura das escultu-ras, ou seja, quanto elas so salientes em relao ao suporte.

    Barroco (1600 1750) a arte barroca conseguiu casar a tcnica avanada e o grande porte da renascena com a emoo, a intensidade e dramaticidade, tornando-se o estilo mais suntuoso e ornamentado da histria da arte. embora o termo barro-co seja s vezes usado no sentido negativo de superelaborao e ostentao, o sculo XVii no s produziu gnios artsticos excepcionais, como rembrandt e Velzquez, como tambm expandiu o papel da arte para a vida cotidiana.

    Bizantina, Arte em 330 d.c. constantino transferiu o trono do imprio romano para Bizncio (que mais tarde, passou a se chamar constantinopla), mantendo-se l at a queda para os turcos, em 1453. enquanto roma era devastada pelos brbaros e declinava at se desfazer em runas, Bizncio se tornou o centro do imprio e produziu uma nova forma de expresso artstica, com rica nas cores e nas tcnicas utilizadas, que combinava a nascente arte crist com a grega oriental.

    lio de anatomia, do dr tulp, rembrandt, 1632

    CCamarim recinto reservado, prximo ao palco, onde os atores se vestem e se maquilam para a cena.

    Cenrio conjunto dos diversos materiais utilizados para criar o ambiente e a atmosfera prpria da representao. com-preende painis, mveis, adereos, bastidores, efeitos luminosos, projees, etc.

    Catedrais gticas o auge do desenvolvimento artstico da idade Mdia foram as catedrais gticas, conhecidas como Bblias de pedra. em termos de ousadia tecnolgica, as catedrais superaram at mesmo a arquitetura clssica. entre 1200 e 1500, os construtores medievais ergueram estruturas elaboradssimas, com interiores atingindo uma altura sem prece-dentes no mundo da arquitetura.

    catedral de Burgos,espanha

    Caricatura desenho com distoro proposital, obtido por exagero ou simplificao dos traos, destacando detalhes marcantes de determinado personagem. uma caricatura explora o lado cmico ou grotesco de uma figura humana ou mesmo de um animal.

    Carvo esfumado tcnica de desenho em que o carvo, tambm chamado fusain, espalhado sobre o papel e suaviza-do com o auxlio de um esfuminho, de um cotonete ou do prprio dedo.

    Cena Segmento do drama em que a ao se desenvolve no mesmo ambiente, na mesma poca e com os mesmos ato-

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    res. tambm a parte do palco limitada pelo cenrio e destinada representao.

    Cenografia arte e tcnica de criar, projetar e dirigir a execuo de cenrios para espetculos de teatro, de cinema, de televiso, de shows etc. o termo aplica-se tambm ao conjunto dos elementos (cortinas, bastidores, mobilirio, etc.) Que representam o espao imaginado para a ao do drama.

    Cestaria compreende a tcnica de fabricao de cestos ou vasilhas e se divide em dois tipos fundamentais: o tipo entrelaado (que engloba os gneros cruzado, encanado, enrolado e torcido, conforme a maneira de dispor as fibras) e o tipo espiral (com ou sem armao de sustentao). Praticada pelos indgenas brasileiros, tambm sofreu influncia dos europeus e dos africanos.

    Crculo cromtico disposio visual que ajuda a entender como as cores se formam a partir das trs cores primrias.

    Colagem a composio feita a partir do uso de materiais de mesma textura ou de texturas diferentes, superpostas ou colocadas lado a lado, criando um motivo ou imagem.

    colagem, Majid farahanicrculo cromtico

    Comdia Pea teatral que tem o propsito de provocar riso nos espectadores,tanto pelas situaes cmicas quanto pela caracterizao de tipos e de costumes, quanto pelo absurdo da histria.

    Composio refere-se reunio harmoniosa de diferentes figuras num todo plasticamente planejado.

    Coreografia conjunto de movimentos (passos) executados em uma determinada msica e que se adquam mesma.

    Contraste oposies do tipo claro/escuro, brilhante/opaco, spero/liso, luz/sombra etc., que conferem elementos de diferenciao a uma superfcie.

    Cor fenmeno que envolve a percepo de figuras e objetos na presena da luz.

    Coxia nos palcos de teatro, emprega-se para designar a passagem entre os bastidores, para a entrada em cena do ator, ou de onde os que no participam da cena podem observ-la sem serem vistos pelo pblico.

    Cubismo um dos principais pontos de transformao da arte do sculo XX, o cubismo durou como forma pura de 1908 a 1914. o estilo recebeu esse nome a partir do desdm de Matisse ao ver uma paisagem de georges Braque como nada alm de cubinhos. embora os quatro verdadeiros cubistas Picasso, Braque, gris e lger quebrassem os objetos em pedaos que no eram propriamente cubos, o nome pegou. ao estabelecer, nas palavras do pintor cubista fernand lger, que a arte consiste em inventar, e no em copiar, o cubismo liberou a arte.

    guernica, Pablo Picasso

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    Cultura como fenmeno anterior e exterior ao indivduo, a cultura essencialmente um fenmeno coletivo, mas que s se realiza quando incorporada pelo indivduo e tornada identidade. [...] enquanto cdigo, a cultura se mantm pela fora das instituies, pelo compartilhamento cotidiano de valores e pelas tradies. (BarroS, 2006, p. 10).

    DDadasmo e surrealismo o dadasmo foi uma atitude que se expandiu de Zurique para a frana, a alemanha e os estados unidos. Sua principal estratgia era denunciar e escandalizar. uma tpica noite dadasta contava com diversos poetas declamando versos nonsense1 simul-taneamente e em lnguas diferentes enquanto outros latiam como ces. os dadastas tinham um objetivo mais srio do que causar escndalos: queriam acordar a imaginao. falamos dad como de uma cruzada para a reconquista da terra prometida da criatividade, disso o pintor Jean arp, um dos fundadores do movimento.

    Dana de salo Pode ser aplicado a todas as danas sociais de casais onde h um processo de conduo para execuo de movimentos.

    Drama Histria escrita com dilogo e indicaes para ser representada.

    Dramaturgia arte da composio das peas de teatro.

    Dramaturgo autor de um texto dramtico, que a literatura destinada ao teatro.

    Desenho o desenho um suporte artstico ligado produo de obras bidimensionais diferindo, porm, da pintura e da gravura. nesse sentido, o desenho encarado tanto como processo quanto como resultado artstico. no primeiro caso, refere-se ao processo pelo qual uma superfcie marcada quando se aplica sobre ela a presso de uma ferramenta (em geral, um lpis, uma caneta ou um pincel, de forma a surgirem pontos, linhas e formas planas. Porm, o resultado desse processo (a imagem obtida) tambm pode ser chamado de desenho. dessa forma, um desenho manifesta-se essencialmente como uma composio bidimensional formada por linhas, pontos e formas.

    1 Sem sentido, sem nexo, disparatado.

    a fonte, Marcel duchamp

    a representao do homem vitruviano, como imaginado por leonardo da Vinci, um dos desenhos mais conhecidos

    do mundo

    Desenho abstrato representao de formas que fogem das figuras conhecidas no mundo real; arte no figurativa.

    Design termo de origem inglesa equivalente a desenho industrial. em sentido mais amplo, est relacionado arte aplicada. So vrias as modalidades de design: de automveis, de moda, de calados, txtil etc.

    E

    Mscara funerria de tutankhamon, Metropolitan Musseum of art

    Egpcia, Arte observa-se na arte egpcia uma obsesso com a imortalidade. a preocupao era garantir uma vida con-fortvel para os faras, considerados deuses, aps a morte. a colossal arquitetura e as obras de arte tinham por objetivo cercar o esprito do faras de glria eterna.

    Esboo rascunho, fase inicial de um projeto. geralmente, constitudo por traos ou esquemas prvios. uma maquete pode servir de esboo para posterior execuo de algum produto.

    Escultura trabalho artstico que consiste em moldar a matria (pedra, metal, madeira ou outros materiais) para repre-sentar figuras ou formas.

    Espetculo a encenao ou representao de uma pea no teatro para uma platia.

    Expressionismo na alemanha, um grupo conhecido como expressionista achava que a arte devia expressar os senti-mentos do artista e no as imagens do mundo real. de 1905 a 1930, as formas distorcidas, exageradas e as cores destina-das a causar impacto emocional dominaram a arte.

    Expressionismo abstrato - este movimento comeou a tomar forma no fim dos anos 1940 e incio dos1950, em parte

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    como reao a Segunda guerra Mundial, que devastou dois continentes e matou 16 milhes de pessoas. liderados pelos artistas arshile groky e Jackson Pollock, os expressionistas abstratos se libertaram da abstrao geomtrica e da necessi-dade de sugerir imagens reconhecveis. tendo como princpios o impulso e o acaso, o ato de pintar tornou-se um valor absoluto em si mesmo.

    Expressionismo figurativo em reao tendncia dominante da abstrao completa, alguns pintores do ps-guerra mantiveram viva a pintura figurativa mantendo, porm, o princpio modernista de que a arte deve expressar uma verdade alm da aparncia e conservando a figura apenas para dobr-la sua vontade.

    foViSMoretrato de Henri Matisse, derain

    eXPreSSioniSMoretrato de chain Soutine, Mondigliari

    eXPreSSioniSMo aBStrato Jackson Pollock, n 8, 1949

    eXPreSSioniSMo figuratiVoPintura figurativa de czanne,

    autorretrato do pintor

    Figurante Pessoa que entra em cena para fazer um papel annimo, como parte de grupos ou da multido. na hierarquia dos papeis o seu est abaixo do papel principal, do papel secundrio e da ponta.

    Figurino Vestimenta utilizada pelos atores para caracterizao de seus personagens de acordo com sua natureza, e identifica, geralmente, a poca e o local da ao. traje de cena.

    Fotografia Processo de registro de imagens e outros efeitos visuais por meio de cmeras e acessrios, informatizados ou no. o produto tambm se chama fotografia.

    Fovismo o fovismo durou de 1904 a 1908. a exposio de 1905, que inaugurou o fovismo em Paris, foi um dos momentos cruciais na histria, pois mudou a maneira de ver a arte. Se a antes o cu era azul e a grama era verde nas telas fovistas de Matisse, Vlaminck, derain, durfy, Braque e rouault o cu era amarelo mostarda, as rvores, vermelho-tomate e os rostos verde-ervilha.

    Fusain carvo especial para desenho, obtido a partir dos ramos de arbustos como videira, evnimo, etc.

    Figura geomtrica de forma geral, uma figura geomtrica um conjunto de pontos. Se existir uma propriedade comum entre esses pontos, a figura geomtrica tem nome definido. a linha reta, a circunferncia e o quadrado so exemplos de figuras geomtricas com propriedades definidas.

    GGrafismo registro ou representao, individual ou coletiva, do mundo real ou imaginrio, com o emprego de escrita, desenho, pintura, rabisco etc.

    Graffiti Manifestao artstica de carter popular, de origem muito antiga, que utiliza basicamente paredes de rocha, paredes e muros como suporte para desenhos, pinturas, escritos e todo tipo de simbolismo grfico. no confundir com pichao, considerada interveno grfica no-artstica.

    Grega, Arte os artistas gregos tinham amplo conhecimento da pintura, atingindo o pice em efeitos realistas de trompe l-oeil2. Suas pinturas eram to vvidas que os pssaros bicavam as frutas pintadas nos murais. infelizmente, essas obras no chegaram at ns, mas podemos conhecer os detalhes realsticos da pintura grega pelas figuras que adornam os objetos domsticos de cermica. Quanto escultura, os gregos introduziram o nu na arte, esculpindo esttuas de propores

    2 Tcnica artstica que, com truques de perspectiva, cria uma iluso ptica que mostra objetos ou formas que no existem realmente. Provm de uma expresso em lngua francesa que significa engana o olho e usada principalmente em pintura ou arquitetura. (Wikipdia)

    grafittifachada decorada com grafite, olinda, Pernambuco

    grega, artelaocoonte e seus filhos, Museu do Vaticano

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    ideais que representavam a perfeio do corpo e da mente e que valorizavam, respectivamente, o desenho atltico e o debate intelectual. os gregos buscavam uma sntese entre dois plos do comportamento humano paixo e razo na representao artstica da forma humana, frequentemente em movimento.

    Guache um tipo de tinta preparada originalmente com pigmento diludo em gua, com goma ou mel.

    Gtico designa uma fase da histria da arte ocidental, identificvel por caractersticas muito prprias de contexto social, pol-tico e religioso em conjugao com valores estticos e filosficos e que surge como resposta austeridade do estilo romnico.

    HHistria da Arte disciplina que estuda a evoluo das expresses artsticas, a constituio e a variao das formas, dos estilos e dos conceitos transmitidos pelas obras de arte. cincia que estuda a origem e a evoluo da arte em geral.

    IIluminao conjunto de lmpadas e refletores que iluminam o palco, o auditrio, ou que so usados para efeitos espe-ciais no cenrio.

    Iluminura ilustrao tpica de manuscritos antigos, formada por pequenos desenhos nas margens e/ou letras especial-mente decoradas com cores vivas e detalhes em ouro ou prata. as letras iniciais (capitulares) mereciam grande destaque e nas ornamentaes prevaleciam elementos florais. as iluminuras surgiram por volta do sculo V, no oriente e na europa, e eram realizadas principalmente por monges. com o surgimento dos livros impressos, seu uso foi se perdendo.

    Ilustrao desenho, pintura, esquema ou qualquer tipo de ornamento usado para complementar, elucidar ou simples-mente embelezar um conto, uma reportagem, uma entrevista etc, publicados em livros, revistas e jornais.

    Imagem reproduo plstica, grfica ou fotogrfica de objetos ou pessoas. Pinturas, desenhos e fotografias contm imagens e o mesmo se aplica s representaes em telas de computadores, projees de pelculas cinematogrficas, e transparncias comuns, recepes televisivas, etc.

    Impressionismo Marcando a primeira revoluo artstica desde a renascena, esse estilo nasceu na frana no incio dos anos 1860 e s durou na sua forma mais pura at 1886. apesar disso, determinou o curso da maior parte da arte que se seguiu,

    pois rompeu radicalmente com a tradio, rejeitando a perspectiva, a composio equilibrada, as figuras idealizadas e o claro--escuro da renascena. em vez disso, os impressionistas representavam sensaes visuais imediatas atravs da cor e da luz.

    JJogo expressivo atividade ludo-pedaggica voltada para a valorizao da expressividade humana. a formao de est-tuas, empregando o prprio corpo, um exemplo de jogo expressivo.

    KKirigami Palavra de origem japonesa que significa arte de cortar papel.

    LLeiaute termo originrio da palavra inglesa layout, significa esboo, porm com um acabamento um pouco melhor. trata-se de um pr-produto, a partir do qual um cliente pode aprovar ou no a solicitao grfica feita ao profissional.

    Luz e sombra contraste existente em um desenho ou pintura, em que a parte iluminada se destaca em confronto com a sombra provocada pelos elementos presentes na obra.

    MMandala em termos de artes plsticas, a mandala apresenta sempre grande profuso de cores e representa um objeto ou figura que ajuda na concentrao para se atingir outros nveis de contemplao.

    Mesopotmica, Arte desenvolveu-se ao longo de sculos, no tendo muita coeso em suas manifestaes. foi desenvolvida pelos assrios, sumrios e babilnios, povos que viviam nas margens dos rios tigre e eufrates. na arquitetura, que era bem desenvolvida, buscavam Mandala indiana

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    o luxo e a ostentao. usavam argila, ladrilhos e tijolos esmaltados. na pintura os artistas se utilizavam de cores claras e reproduziam caadas, batalhas e cenas da vida dos reis e dos deuses. Produziam ainda, objetos com argila, ouro, cobre, prata e incrustrao de pedras com estilos bem variados.

    Porta de ishtar reconstruda em museu alemo

    Moderna, Arte - o termo arte moderna engloba as vanguardas europias do incio do sculo XX - cubismo, construtivismo, surrealismo, dadasmo, suprematismo, neoplasticismo, futurismo etc. - do mesmo modo que acompanha o deslocamento do eixo da produo artstica de Paris para nova York, aps a Segunda guerra Mundial (1939 - 1945), com o expressionismo abstrato de arshile gorky (1904 - 1948) e Jackson Pollock (1912 - 1956). na europa da dcada de1950, as reverberaes dessa produo norte-americana se fazem notar nas diversas experincias da tachismo. as produes artsticas das dcadas de1960 e 1970, segundo grande parcela da crtica, obrigam a fixao de novos parmetros analticos, distantes do vocabu-lrio e pauta modernistas, o que talvez indique um limite entre o moderno e o contemporneo. no Brasil, a arte moderna - modernista - tem como marco simblico a produo realizada na Semana de arte Moderna de 1922.

    Mbile estrutura mvel formada por objetos pendentes, suspensos, de maneira equilibrada por varetas e fios, e que mudam de posio quando impelidos pelo ar ou por toques manuais.

    Modelo um referencial para estudo e criao de um objeto, uma pintura, uma construo, uma roupa, etc.

    Mosaco composio geralmente formando figuras, feita com pedaos de cermica, pedra, papel, tecido etc. fixados sobre uma base adequada.

    Mural obra de arte de grandes dimenses, realizada sobre parede, muro ou mesmo tela. Pode ser uma pintura, uma escultura em baixo relevo, uma colagem etc. Portinari um dos pintores muralistas brasileiros de maior prestgio.

    NNaif denominao atribuda a um estilo de pintura ingnuo ou simplista que se caracteriza pela ausncia das tcnicas convencionais e por uma viso infantil do tema.

    Nanquim antiga tinta de origem chinesa empregada no desenho a bico de pena, com pincis ou canetas tcnicas. Pode ser encontrada em bastonetes para diluio em gua ou j acondicionada na forma lquida em embalagens apropriadas.

    Neoclassicismo Mais ou menos a partir de 1780 surge arte neoclssica que, nas palavras de edgar allan Poe, refletiu a glria que foi a grcia, e a grandeza que foi roma, prevale-cendo at aproximadamente 1820. esse reviver do classicismo na pintura, na escultura, na arquitetura e no mobilirio constituiu uma reao contra o estilo rococ. a arte neoclssica trabalhava com os princpios da moderao, do equilbrio e do idealismo.

    Neo-concretismo foi um movimento das artes plsticas genuinamente brasileiro, que comea em 1957, no rio de Janeiro. em que alguns artistas aliaram sensualidade ao concretismo. um expoente do movimento foi o artista plstico Hlio oiticica.

    Nouveau Art floresceu entre 1890 e a Primeira guerra Mundial (1914-1918) e foi um estilo que se opunha esterilidade da era industrial. Baseava-se em formas torcidas, floridas, que se contrapunham aparncia pouco esttica dos produtos fabricados por mquinas.

    naif,Paisagem , annimo pernambucano

    neoclaSSiSMo o Juramento dos Horcios, Jacques-louis david, 1784 nouVeau art rtulo, tpico da arte noveau

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    Opera drama lrico, inteiramente cantado, encenado como pea de teatro.

    Origami Palavra de origem japonesa que significa arte de dobrar papel. o origami teve origem na china, onde foi in-ventado o papel. acredita-se que, inicialmente, envolvia oferendas aos espritos. Por volta do sculo Xi, essa arte foi levada para o Japo por monges budistas e passou a fazer parte da cultura japonesa.

    PPasso Movimento de dana executado ao som de uma msica.

    Palco estrutura sobre a qual so desenvolvidas as representaes teatrais em uma casa de espetculos. eleva-se cerca de 80 cm a 1 metro acima do piso do auditrio ou platia.

    Pano de fundo tambm chamado rotunda. a tela que fecha ao fundo o espao cenogrfico

    Pantomima Pea de teatro ou drama em que a histria contada por meio de ao e expresso corporal, sem uso de palavras.

    Papel folha obtida de fibras vegetais depois de passar por processos de transformao em pasta, com o acrscimo de cola apropriada, conservantes ou branqueadores. as variaes apresentadas pelos diversos tipos de papel na cor e na gra-matura dependem das substncias acrescidas massa fibrosa e tambm das esteiras que do forma final folha desejada.

    Papel reciclado Papel obtido pelo reaproveitamento de outros j usados ou sobras industriais, como aparas de livros, jornais ou revistas.

    Papel nas artes cnicas as aes e as palavras de um personagem em um drama.

    Patrimnio cultural conjunto de bens de determinada sociedade ou civilizao; herana de um povo. Por sua impor-tncia, a organizao das naes unidas para educao, cincia e cultura (uneSco) instituiu, em todo o mundo, um programa de valorizao e preservao dos principais patrimnios culturais da humanidade. uma comisso especializada estuda e oficializa, regularmente, a incluso de novos locais na lista dos beneficiados.

    Performance interpretao que o ator d do seu personagem.

    Personagem o indivduo imaginrio que tem um papel na histria criada pelo dramaturgo, e que o ator representa na execuo do drama..

    Perspectiva efeito ptico provocado na imagem de um objeto ao ser observado de perto e de longe. Quanto mais perto do observador, menor a imagem do objeto observado (e vice-versa).

    Pigmento P mineral, vegetal, animal ou sinttico, de cor variada, utilizado como base para a confeco de tintas em forma lquida, pastosa ou slida.

    Pintura refere-se, genericamente, tcnica de aplicar pigmento em forma lquida a uma superfcie, a fim de colori-la, atribuindo-lhe matizes, tons e texturas. em um sentido mais especfico, a arte de pintar uma superfcie, tais como papel, tela, ou uma parede (pintura mural ou de afrescos).

    Ps-impressionismo o Ps-impressionismo, assim como o impressionismo, foi um fenmeno francs, representado pelos artistas Seurat, gauguin, czanne, toulouse-lautrec e pelo holands Van gogh, que criou a maior parte de sua obra na frana. eles desenvolveram suas carreiras em 1880-1905, e em vez do molho marrom da pintura histrica, feita em atelis fracamente iluminados, suas telas brilhavam com manchas de cores vivas como o arco-ris. no entanto, os ps-impressionistas sentiam-se insatisfeitos em relao ao impressionismo; queriam que a arte fosse mais substancial, no inteiramente dedicada a captar um momento passageiro. isso frequentemente transparecia nas suas pinturas, que pareciam descuidadas e sem planejamento.

    Pinturarembrandt, autorretrato de 1661

    PS iMPreSSioniSMoQuarto em arles, Vincent van gogh, 1888

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    Pr-colombiana, Arte Pr-colombiano se refere ao perodo anterior chegada de colombo ao novo Mundo. fle-chas de 10.000 a.c. cermicas de 2000 de a.c. so provas de quo antiga a cultura da amrica Pr-colombiana. a arte tinha importncia vital para a sociedade tribal, que atribua poderes mgicos a objetos como mscaras e cachimbos, usados nos rituais religiosos.

    Pr coloMBiana, tubo ornamental em metal

    QQuadrado uma das formas geomtricas bsicas na criao artstica. como o crculo e o tringulo, o quadrado constitui, desde os primeiros momentos da civilizao, uma das matrizes da expressividade humana. Simbolicamente, o quadrado foi associado me terra; o crculo, ao pai-cu; o tringulo, ao filho-homem.

    RRealismo Surgiu no sculo XiX. os artistas buscavam retratar fatos do mundo moderno medida que os experimen-tavam pessoalmente. Somente o que podiam ver ou tocar era considerado real. camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam presentes em tudo, da cor ao tema. o realismo trazia para a arte uma sensao de sobriedade, numa reao ao romantismo.

    Renascimento no incio dos anos 1400, a renascena tem incio em florena e se estende roma e Veneza. em 1500,

    realiSMo, autorretrato, august courbert renaSciMento, Mona lisa,leonardo da Vinci.

    Representao no teatro, a ao de simular outra pessoa quanto s suas aes e a todos os aspectos de sua personali-dade, no modo como ela descrita como um personagem do drama.

    Relevo todo tipo de criao artstica que apresenta formas que se sobressaem de uma superfcie tomada como base. colagens com objetos, sementes ou pedrinhas so exemplos de relevo. entalhes em madeira ou metal tambm podem produzir relevos.

    chega ao resto da europa, atingindo os Pases Baixos, a alemanha, a frana, a espanha e a inglaterra, num movimento que ficou conhecido com a renascena do norte. os elementos da arte renascentista foram a redescoberta da arte e da literatura grega e romana, o estudo cientfico do corpo humano e do mundo natural e a inteno de reproduzir com realismo as formas da natureza.

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    rococ, comediantes italianos, antoine Watteau, 1720

    roMantiSMo, a Morte de Sardanapalo, eugne delacroix, 1827

    Rococ o nome rococ derivado do rocaille, referente a conchas e seixos que ornamen-tam grotas e fontes. nasceu em Paris, como estilo de decorao de interiores, coincidindo com o reinado de lus XV (1723/74). Por volta de 1760, j era consi-derado ultrapassado na frana, mas continuou em moda em outros pases, continuando a ornamentar os luxuosos castelos e igrejas da alemanha, da ustria e da europa central at o final do sculo XViii.

    Romantismo o romantismo surgiu no final do sculo XViii e se consagrou no incio do sculo XiX. o nome nasceu do interesse nas lendas medievais chamadas romanas, numa poca em que estavam na moda his-trias de horror gticas, que combinavam elementos do macabro com o oculto. foi nesse perodo que Mary Shelley escreveu Frankenstein. as caractersticas cen-trais do romantismo foram o lirismo, o subjetivismo, o sonho, o exagero, a busca pelo extico e pelo inspito.

    Roscea configurao resultante do traado de circunferncias semelhana de uma rosa, que lembra uma flor, com destaque para suas ptalas.

    SSemana da Arte Moderna a Semana de arte Moderna ocorreu no teatro Municipal de So Paulo, em 1922, tendo como objetivo mostrar as novas tendncias artsticas que j vigoravam na europa. esta nova forma de expresso no foi compreendida pela elite paulista, que era influenciada pelas formas estticas europias mais conservadoras. o ide