ARTE, RELAÇÕES, IMPLICAÇÕES: o VI Congresso CSO'2015

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ISBN 978-989-8771-17-9 Organização das atas: João Paulo Queiroz (Ed.) ARTE, RELAÇÕES, IMPLICAÇÕES: o VI Congresso CSO’2015 Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes

Transcript of ARTE, RELAÇÕES, IMPLICAÇÕES: o VI Congresso CSO'2015

  • ISBN 978-989-8771-17-9

    Organizao das atas: Joo Paulo Queiroz (Ed.)

    ARTE, RELAES, IMPLICAES:

    o VI Congresso CSO2015

    Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa Centro de Investigao e de Estudos em Belas-Artes

  • ISBN 978-989-8771-17-9

    26 maro 1 abril 2015Lisboa, FBAUL

    Organizao das atas: Joo Paulo Queiroz (Ed.)

    ARTE, RELAES, IMPLICAES:

    o VI Congresso CSO2015

    Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa Centro de Investigao e de Estudos em Belas-Artes

  • Comisso Cientfica:Almudena Fernndez Faria (Espanha, Facultad de Bellas Artes de Pontevedra, Universidad de Vigo).

    lvaro Barbosa (China, Macau, Universidade de So Jos (USJ), Faculdade de Indstrias Criativas).

    Antnio Delgado (Portugal, Intituto Politcnico de Leiria, Escola Superior de Artes e Design).

    Aparecido Jos Cirilo (Brasil, Universidade Federal do Esprito Santo, Vitria, ES).

    Carlos Tejo (Espanha, Universidad de Vigo, Facultad de Bellas Artes de Pontevedra).

    Cleomar Rocha (Brasil, Universidade Federal de Gois, Faculdade de Artes Visuais).

    Francisco Paiva (Portugal, Universidade Beira Interior, Faculdade de Artes e Letras).

    Heitor Alvelos (Portugal, Universidade do Porto, Faculdade de Belas Artes).

    Joan Carlos Meana (Espanha, Universidad de Vigo, Facultad de Bellas Artes de Pontevedra).

    Joaquim Paulo Serra (Portugal, Universidade Beira Interior, Faculdade de Artes e Letras).

    Joaqun Escuder (Espanha, Universidad de Zaragoza).

    Josep Montoya Hortelano (Espanha, Universitat de Barcelona, Facultat de Belles Arts).

    Josu Rekalde Izaguirre (Espanha, Universidad del Pais Vasco, Facultad de Bellas Artes).

    Maria do Carmo Freitas Veneroso (Brasil, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Escola de Belas Artes.

    Marilice Corona (Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Artes).

    Maristela Salvatori (Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Artes).

    Mnica Febrer Martn (Espanha, artista independente).

    Neide Marcondes (Brasil, Universidade Estadual Paulista, UNESP).

    Nuno Sacramento (Reino Unido, Scottish Sculpture Workshop, SSW).

    Orlando Franco Maneschy (Brasil, Universidade Federal do Par, Instituto de Cincias da Arte).

    Moderaes dos painis:Amrico Marcelino, Ana Vasconcelos, Antnio Delgado, Antnio Trindade, Artur Ramos, Clvis Martins Costa, Eliane Gordeeff, Isabel Dmaso, Joana Tom, Joo Castro Silva, Joo Duarte, Joo Jacinto, Joo Paulo Queiroz, Joaqun Escuder, Jorge Castanho, Juan Carlos Meana, Lizngela Torres, Manuel Gantes, Margarida P. Prieto, Marta Cordeiro, Neide Marcondes, Rogrio Taveira, Sofia Leal Rodrigues, Teresa Matos Pereira, Virgnia Fris

    Relaes pblicas: Isabel NunesCaptao vdeo: Diogo Lencio, Samara Azevedo, Tatiana DiasServios financeiros: Isabel Vieira, Carla SoeiroLogstica: Lurdes SantosColaborao: Amadeu Farinha, Arminda Valente, Conceio Reis, Eugnia Garcs, Manuela Almeida, Maria da Luz Almeida, Paula Brito, Romana Paula

    Design: Toms Gouveia, Ins Chambel, Lcia BuselCrdito da capa: Sobre obra de Sobre obra de Atlio Gomes Ferreira (Nenna)Estilingue, 1970, performance. ISBN: 978-989-8771-17-9

    Propriedade e servios administrativos:Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa / Centro de Investigao e de Estudos em Belas-Artes Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa, Portugal T +351 213 252 108 / F +351 213 470 689Mail: [email protected]

  • Organizao das atas: Joo Paulo Queiroz (Ed.)

    ARTE, RELAES, IMPLICAES:

    o VI Congresso CSO2015

  • 18-22

    18-22

    24-872

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    1. Textos editoriais

    Arte, novas relaesJOO PAULO QUEIROZ

    2. Comunicaesapresentadas ao VI Congresso

    A arte conceitual do capixaba Atlio Gomes Ferreira (Nenna)ALMERINDA DA SILVA LOPES

    O que falta a uma escultura para ser um filme? O que falta a um filme para ser uma escultura?ANA LUISA RITO DA SILVA RODRIGUES Revoluo das Flores: Uma introduo ao Grupo do Ano 24 na vanguarda do shojo mangaANA MATILDE DIOGO DE SOUSA Adentrando os poros abertos de Cludia PaimANA ZEFERINA FERREIRA MAIO Ensaio: Fotografia e Pintura nos trabalhos de Marilice CoronaANDRA BRCHER

    Rosngela Renn e Desenho Fotognico: Homenagem a Fox TalbotANDRA BRCHER

    Bill Viola, o tempo em suspensoANGELA GRANDO Alma e identidade na obra de David NebredaANTONIO CARLOS VARGAS SANTANNA

    1. Editorial texts

    Art, new relationsJOO PAULO QUEIROZ

    2. Communications presented to the VI Congress

    Conceptual art of Atlio Gomes Ferreira (Nenna)ALMERINDA DA SILVA LOPES

    What is missing from a sculpture to be a movie? What is missing in a movie to be a sculpture?ANA LUISA RITO DA SILVA RODRIGUES

    Flowers Revolution: an introduction to the Year 24 Group in the vanguard of shojo manga ANA MATILDE DIOGO DE SOUSA

    Entering the open pores of Cludia PaimANA ZEFERINA FERREIRA MAIO

    Essay: Photography and Painting in the work of Marilice CoronaANDRA BRCHER

    Rosngela Renn and Photogenic Drawing Homage to Fox TalbotANDRA BRCHER

    Bill Viola: the suspension timeANGELA GRANDO

    Identity at the work of David Nebreda ANTONIO CARLOS VARGAS SANTANNA

  • 93-99

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    Paragens de nenhum lugarANTNIO DELGADO

    Vazadores: um dispositivo de ruptura estticaBEATRIZ BASILE DA SILVA RAUSCHER

    Semilla de animal humano de Estela de FrutosBEATRIZ SUREZ SA

    As rvores tortas de Bernardino Lopes RibeiroCARLA MARIA REIS VIEIRA FRAZO

    Juan Francisco Casas: hedonismo domstico como reflejo de una sociedad lquidaCARLOS ROJAS REDONDO

    & PACO LARA-BARRANCO

    Al Borde del abismo: Roco GarrigaCARMEN MARCOS MARTNEZ

    Arnaldo Albuquerque: uma animao para alm da lente do esteretipoCCERO DE BRITO NOGUEIRA

    Bia Medeiros e o tracejo do rasgoCINARA BARBOSA DE SOUSA

    Sinval Garcia: por dentro da Cmara da Transmutao SecretaCINTHYA MARQUES DO NASCIMENTO

    & ORLANDO MANESCHY

    Geraldo de Barros: quando o ndice fotogrfico reversvel ao imaginrioCLAUDIA DIAS ELIAS

    Landscapes from nowhereANTNIO DELGADO

    Vazadores: a device of aesthetic breakBEATRIZ BASILE DA SILVA RAUSCHER

    Human animal seedBEATRIZ SUREZ SA

    The crooked trees by Bernardino Lopes Ribeiro CARLA MARIA REIS VIEIRA FRAZO

    Juan Francisco Casas: home hedonism as a reflexion of a liquid societyCARLOS ROJAS REDONDO

    & PACO LARA-BARRANCO

    Roco Garriga: near the border lineCARMEN MARCOS MARTNEZ

    Arnaldo Albuquerque: animation beyond the stereotypeCCERO DE BRITO NOGUEIRA

    Bia Medeiros: Drawing and tearingCINARA BARBOSA DE SOUSA

    Sinval Garcia: Inside the Chamber of Secret TransmutationCINTHYA MARQUES DO NASCIMENTO

    & ORLANDO MANESCHY

    Geraldo de Barros, when the photographic index is reversible to the imaginaryCLAUDIA DIAS ELIAS

  • 173-179

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    Objeto, preenso e performance na construo de um desenho de Letcia GrandinettiCLUDIA MARIA FRANA

    Para olhar o mar atravs dos teus olhos: um corpo vibrtil entre dois continentesCLAUDIA TEIXEIRA PAIM

    Antonio Lpez Garca: Una nueva concepcin espacial del realismoDAVID SERRANO LEN

    Pedro Cabrita Reis e a inverso do familiarDIANA MARGARIDA ROCHA SIMES

    Escrever na areia, na gua e no vento: o esquecimento em Martha GofreEDUARDO VIEIRA DA CUNHA

    Ruth Sousa e as lembranas inventadas: a arte como promessa de algo melhor?EDUARDO FIGUEIREDO VIEIRA DA CUNHA

    Imagens flutuantes e espaos pblicos na obra de Klaus W. EisenlohrELAINE ATHAYDE ALVES TEDESCO

    Luminaris: Sob a Luz do Cinema de AtraesELIANE MUNIZ GORDEEFF

    A intensidade esttica na obra de Guillermo Kuitca: experincia do olharFBIO WOSNIAK & JOCIELE LAMPERT

    Object, hold and performance in Leticia Grandinettis drawingCLUDIA MARIA FRANA

    In order to look at the sea through your eyes: a vibratile body between two continentsCLAUDIA TEIXEIRA PAIM

    Antonio Lpez Garca: A new spatial conception of realismDAVID SERRANO LEN

    Pedro Cabrita Reis and the inversion of the familiarDIANA MARGARIDA ROCHA SIMES

    To write over the sand, water and wind: The obliviousness in Martha Gofres workEDUARDO VIEIRA DA CUNHA

    Ruth Sousa and the invented memory. Art as a promise of something betterEDUARDO FIGUEIREDO VIEIRA DA CUNHA

    Public spaces and floating images in the artwork of Klaus W. EisenlohrELAINE ATHAYDE ALVES TEDESCO

    Luminaris: Under the Light of Show FilmELIANE MUNIZ GORDEEFF

    The aesthetic intensity in the work of Guillermo Kuitca: experience the lookFBIO WOSNIAK & JOCIELE LAMPERT

  • 240-246

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    Peso em suspenso: o anjo de pedra de Laura VinciFERNANDA MARIA TRENTINI CARNEIRO

    Delineando Narrativas Visuais A/r/togrficas em Marcos MartinsFLVIA PEDROSA VASCONCELOS

    Juan Cantizzani: taller Aural. Spatial Perception Study #12GONZALO JOS REY VILLARONGA

    Las medidas de lo invisible. Ignasi Aball y la Cabinet (Measuring-Invisible)GONZALO JOS REY VILLARONGA

    Entre arte e documento: as fotografias da Mdia Ninja e a cultura da convergnciaGUILHERME MARCONDES TOSETTO

    Dirios de classes: Matrizes culturaisHELENA ARAJO RODRIGUES KANAAN

    Expedio Ephifenomnica frica: fotografias de Gustavo JardimHENRIQUE AUGUSTO NUNES TEIXEIRA

    Devir identidade: mise-en-scne da identidade Xakriab na autoetnofotografia de Edgar CorraHENRIQUE AUGUSTO NUNES TEIXEIRA

    Juan Rivas: La pintura en el lugarIGNACIO PREZ-JOFRE SANTESMASES

    Repetio e resgate: o gesto na potica de Nelson FlixIRACEMA BARBOSA

    Weight suspended: the Stone Angel of Laura Vinci FERNANDA MARIA TRENTINI CARNEIRO

    Drawing A/r/tographic Visual Narratives in Marcos MartinsFLVIA PEDROSA VASCONCELOS

    Juan Cantizzani: Taller Aural. Spatial Perception Study #12GONZALO JOS REY VILLARONGA

    The measures of the invisible. Ignasi Aball and the CabinetGONZALO JOS REY VILLARONGA

    Between art and document: Mdia Ninjas photography and the convergency cultureGUILHERME MARCONDES TOSETTO

    Classroom diaries: cultural referencesHELENA ARAJO RODRIGUES KANAAN

    Ephiphenomenic expedition to frica: photos of Gustavo JardimHENRIQUE AUGUSTO NUNES TEIXEIRA

    Identity to be: Xakriab mise-en-scne in the self-etnophotography ofEdgar CorraHENRIQUE AUGUSTO NUNES TEIXEIRA

    Juan Rivas: a painting in a placeIGNACIO PREZ-JOFRE SANTESMASES

    Repetition and rescue: the gesture in Nelson FlixIRACEMA BARBOSA

  • 315-321

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    A memria criadora de um novo olhar na obra de Teresa Segurado PavoISABEL RIBEIRO DE ALBUQUERQUE

    Maria Keil: traos discretos para um espao pblicoISABEL SABINO

    Antnio Delgado: un artista de la tierra. Dibujo, Escultura, identidad y memoria para una toma de concienciaISUSKO VIVAS ZIARRUSTA & AMAIA

    LEKERIKABEASKOA GAZTAAGA

    Olhos que fascinam: reminiscncias da morte nas fotomontagens de Odires MlszhoIVANA SOARES PAIM

    Sobre as impermanncias: o instante retidoJOANA APARECIDA DA SILVEIRA

    DO AMARANTE

    Antnio Reis e Margarida Cordeiro: uma abordagem ao Simulacro em Trs-os-MontesJOANA RAQUEL BARROSO

    DE CARVALHO E SILVA

    Subjectividade nmada: novas cartografias do feminino em Kathleen PetyarreJOANA TOM

    La paradoja hipntica: las escenografas (im)posibles de Enrique LarroyJOAQUN ESCUDER VIRUETE

    The creative memory of in the work of Teresa Segurado PavoISABEL RIBEIRO DE ALBUQUERQUE

    Maria Keil: discret traces for a public spaceISABEL SABINO

    Antnio Delgado: an artist of the earth. Design, Sculpture, identity and memory for awarenessISUSKO VIVAS ZIARRUSTA & AMAIA

    LEKERIKABEASKOA GAZTAAGA

    Fascinating eyes: reminiscences of death in Odires Mlszhos photo assemblagesIVANA SOARES PAIM

    Impermanences: the instant retainedJOANA APARECIDA DA SILVEIRA

    DO AMARANTE

    Antnio Reis e Margarida Cordeiro: an approach to simulacrum in the movie Trs-os-MontesJOANA RAQUEL BARROSO

    DE CARVALHO E SILVA

    Nomadic Subjectivity: new cartographies of the feminine in Kathleen PetyarreJOANA TOM

    The Hypnotic Paradox: (im)possible Scenographies of Enrique LarroyJOAQUN ESCUDER VIRUETE

  • 380-386

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    Jan Tschichold e o seu opus magnum, A Nova Tipografia, enquanto plataforma fundadora de uma abordagem intervencionista e visual da escritaJORGE DOS REIS

    Marlon de Azambuja: La arquitectura a travs del habitar y el desplazamientoJOS MANUEL VIDAL VIDAL

    Oriol Vilapuig, Tan funesto deseo: el ensayo, como oscilacin entre ser, pensar y hacerJOSEP MONTOYA HORTELANO

    Paisajeando: orden de la experiencia vs. desorden del paisaje en la obra de Christian Garca Bello y Romn CorbatoJUAN CARLOS MEANA MARTNEZ

    Aproximacin al lenguaje procesual-seriado en las artes plsticas en la baja posmodenidad: la obra de Soledad CrdobaJUAN LOECK HERNNDEZ

    Casa-graffiti: o cotidiano e o Kitsch na instalao de Alex VallauriKATLER DETTMANN WANDEKOKEN

    Ateli do Antigo Matadouro: a gnese de uma cultura ceramistaKLEBER JOS DA SILVA

    Artificialidad: Un acercamiento a la obra de Cristbal TabaresLETICIA VZQUEZ CARPIO

    Jan Tschichold and his opus magnum, The New Typography, as a founding platform of an interventionist and visual approach to writingJORGE DOS REIS

    Marlon de Azambuja. Architecture: inhabiting and displacementJOS MANUEL VIDAL VIDAL

    Oriol Vilapuig, Tan funesto deseo: the essay, as an oscillation between to be, to think and to doJOSEP MONTOYA HORTELANO

    Paisajeando: order of experience vs. Landscape disorder in the work of Christian Garcia Bello and Roman CorbatoJUAN CARLOS MEANA MARTNE

    An approach to the process-serial language, in the visual arts in the late postmodernism: the work of Soledad CrdobaJUAN LOECK HERNNDEZ

    Home-graffiti: the everyday and the Kitsch on installation of Alex VallauriKATLER DETTMANN WANDEKOKEN

    A studio at the old slaughterhouse: the genesis of a potter cultureKLEBER JOS DA SILVA

    Artificiality: Deepening into Cristobal Tabares workLETICIA VZQUEZ CARPIO

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    Ilha errante: um ensaio sobre Herana de Thiago Rocha PittaLILIAN DE CARVALHO SOARES

    Julio Schmidt e o estatuto das aparnciasLINCOLN GUIMARES DIAS

    A prxis de Ermelindo NardinLCIA FONSECA

    La experiencia expositiva como medio para superar una fobia en la obra de Visi OrtegaLUIS NGEL LPEZ DIEZMA

    H um equvoco de obscenidade na obra sexualmente explcita de Clara Menres (1968-72)?LUS HERBERTO NUNES

    Obra/Vida: os Signos Justapostos na Pintura de Ubirat BragaLUIZ EDUARDO ROBINSON ACHUTTI

    Dalmau-Grriz: contra-crnicas y documentos de ficcinM. MONTSERRAT LPEZ PEZ

    Pretty Ribbons de Donigam Cumming y Crcel de los sueos por Vida Yovanovich: dos versiones sobre la vejezM. MONTSERRAT LPEZ PEZ Diana Torres Pornoterrorista: Sexo, transfeminismos e postpornografaM EUGENIA ROMERO BAAMONDE

    El dinamismo en la obra de Vicente MartnezMANUEL ADSUARA RUIZ

    Errant Island: an essay on Heritage by Thiago Rocha PittaLILIAN DE CARVALHO SOARES

    Julio Schimdt and the statute of appearancesLINCOLN GUIMARES DIAS

    Ermelindo Nardins praxisLCIA FONSECA

    The exhibition experience as a means to overcome a phobia in the work of Visi OrtegaLUIS NGEL LPEZ DIEZMA

    Is there a misconception of obscenity in the sexually explicit work of Clara Menres? LUS HERBERTO NUNES

    Work/Life: the Signs Juxtaposed in Ubirat Braga PaintingLUIZ EDUARDO ROBINSON ACHUTTI

    Dalmau-Grriz: anti-fictional chronicles and documents M. MONTSERRAT LPEZ PEZ

    Pretty Ribbons of Donigam Cumming and Crcel de los sueos of Vida Yovanich: two versions of the old ageM. MONTSERRAT LPEZ PEZ

    Diana Torres Pornoterrorist: Sex, transfeminisms and postpornographyM EUGENIA ROMERO BAAMONDE

    Dynamism in the work of Vicente MartnezMANUEL ADSUARA RUIZ

  • 523-531

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    La parte caduca: sobre la obra de Vanessa Mosquera CabanasMANUEL MATA PIEIRO

    Del territorio al vecindario a travs de la fotografa: paisaje, comunidad y redes sociales en la obra O, 13-14 de Pere GrimauMAR REDONDO AROLAS & PERE FREIXA FONT

    Rosana Paulino: Fluxos e AssentamentosMARCOS RODRIGUES AULICINO &

    RONALDO ALEXANDRE DE OLIVEIRA Os Nelsinhos de Flvio Abuhab: arte contempornea multidimensionalMARCOS RIZOLLI

    Tema e variaes na Pintura: Quatro instalaes pictricas de Rui MacedoMARGARIDA P. PRIETO

    Visibilizar lo invisibleMARA CASTELLANOS VICENTE

    La huella como andamio para una potica de la ausencia: Una mirada a travs de la obra de Graciela SaccoMARA GUILLERMINA VALENT

    Dentro e fora de cena: figurinos de Antnio LagartoMARIA MANUELA BRONZE DA ROCHA

    Os corpos toilette de Vilma VillaverdeMARIA REGINA RODRIGUES

    About the work of Vanessa Mosquera Cabanas: la parte caducaMANUEL MATA PIEIRO

    From land to neighborhood through photography: landscape, community and social networks in Pere Grimaus work O, 13-14MAR REDONDO AROLAS & PERE FREIXA FONT

    Rosana Paulino: Assentamento exhibitionMARCOS RODRIGUES AULICINO &

    RONALDO ALEXANDRE DE OLIVEIRA

    The Nelsinhos of Flvio Abuhab: multidimensional contemporary artMARCOS RIZOLLI

    Theme and variation: Four installations with paintings by Rui MacedoMARGARIDA P. PRIETO

    Make the invisible visibleMARA CASTELLANOS VICENTE

    The mark as a scaffold for a poetics of absence: A look through the work of Graciela SaccoMARA GUILLERMINA VALENT

    Inside and out scene: costume design by Antnio LagartoMARIA MANUELA BRONZE DA ROCHA

    The bodies niceties of Vilma Villaverde MARIA REGINA RODRIGUES

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    137 pasos y uno ms: reinterpretndonos a la luz de la obra de Asuncin LozanoMARA REYES GONZLEZ VIDA

    Territorios violentados: Las marcas de lo indecible en la obra de Horacio ZabalaMARA SILVINA VALESINI

    O impulso amoroso: um olhar sobre os retratos de Mariana RieraMARILICE CORONA

    [DF]_cdigos de actuacinMARTA AGUILAR MORENO

    Corpo-realidad: arte, tecnologa y lo aparentemente invisibleMARTA LPEZ LPEZ

    Apropiaciones e intertextualidades en las instalaciones de Cristina PlanasMIHAELA RADULESCU DE BARRIO

    DE MENDOZA & ROSA GONZALES

    MENDIBURU

    Practicas estructurantes de la corporalidad en las performances de Hctor Acua, artista visual peruanoMIHAELA R. DE BARRIO DE MENDOZA

    A relao do corpo com o vdeo na obra de Otvio DonasciMILTON TERUMITSU SOGABE

    Alm das Obras: o artista colombiano Oscar Murillo e o brasileiro Thiago Martins de MeloNEIDE MARCONDES & NARA MARTINS

    137 steps and one more: reinterpreting ourselves in light of the work by Asuncin LozanoMARA REYES GONZLEZ VIDA

    Violated territories: The unspeakable marks in Horacio Zabalas workMARA SILVINA VALESINI

    Love impulse: a glance at the portraits of Mariana RieraMARILICE CORONA

    [DF]_action codesMARTA AGUILAR MORENO

    Corpo-realidad: art, technology and what is seemingly invisibleMARTA LPEZ LPEZ

    Appropriations and intertextuality in the installations of Cristina PlanasMIHAELA RADULESCU DE BARRIO

    DE MENDOZA & ROSA GONZALES

    MENDIBURU

    Structuring practices corporeality in the performances of Hctor Acua, Peruvian visual artist MIHAELA R. DE BARRIO DE MENDOZA

    The body's relationship with the video in Otavio Danascis artworkMILTON TERUMITSU SOGABE

    Beyond the works: the Colombian artist Oscar Murillo and brazilian Thiago Martins de MeloNEIDE MARCONDES & NARA MARTINS

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    Nanocriognio: as realidades atemporais de Anna Barros e Alberto BlumenscheinNIKOLETA TZVETANOVA KERINSKA

    Andamios de cristal de FlyppyOLEGARIO MARTN SNCHEZ &

    BARTOLOM PALAZN CASCALES E Pluribus Unum: as poticasviso-conceituais de Peter de Brito, um artista da contemporaneidadeOMAR KHOURI

    Paula Sampaio e a tica nos caminhosORLANDO MANESCHY

    A memria da cor na fotografia em preto e branco: a poesia retratada em Felipe LorientesPAULO EMLIO MACEDO PINTO

    Anotaes de um artista-viajante: consideraes sobre o processo criativo de Marcelo MoschetaPRISCILA RAMPIN

    O Imenso Desenho de Um Breve Encontro: lvaro SizaMARIA RAQUEL N. DE A. E CASAL PELAYO

    & MARIA TERESA S. P. DA F. D. DA FONSECA

    Mar de Tierra: criao de Miquel Barcel para a Catedral de Palma de MallorcaREGINA LARA SILVEIRA MELLO

    Fotomicrografas de la emocin: La mirada cientfica de lo cotidiano en la obra de Sasha R. GregorRICARDO GUIX FRUTOS

    Nanocriognio: the timeless realities of Anna Barros and Alberto Blumenschein NIKOLETA TZVETANOVA KERINSKA

    Flyppys glass scaffoldingOLEGARIO MARTN SNCHEZ &

    BARTOLOM PALAZN CASCALES

    E Pluribus Unum: The Visual And Conceptual Poetics of Peter De Brito, An Artist of ContemporaneityOMAR KHOURI

    Paula Sampaio and the ethic in the waysORLANDO MANESCHY

    The memory of the color in the photo in black and white: poetry portrayed in Felipe LorientesPAULO EMLIO MACEDO PINTO

    Annotations on an traveler-artist: considerations about the creative process of Marcelo MoschetaPRISCILA RAMPIN

    The Immense Drawing of a Brief Meeting: lvaro SizaMARIA RAQUEL N. DE A. E CASAL PELAYO

    & MARIA TERESA S. P. DA F. D. DA FONSECA

    Sea of Clay: work of Miquel Barcel in Palma de Mallorca CathedralREGINA LARA SILVEIRA MELLO

    Photomicrographs of emotion: The scientific view of everyday life in the work of Sasha R. GregorRICARDO GUIX FRUTOS

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    O Louvre e seus visitantes de Alcio de Andrade: territrio de penumbra e possibilidades de experincia esttica em museus de arteRITA DE CSSIA DEMARCHI

    Obstruir la mirada. La observacin en el cine de Laida Lertxundi: Utskor: Either/OrRITA SIXTO CESTEROS

    Belvedere: lugares da memriaSANDRA MARIA LCIA PEREIRA

    GONALVES

    Fernando Lemos. A idade do tempoSANDRA M. L. PEREIRA GONALVES

    Eduardo Salavisa: um Desenhador do QuotidianoSHAKIL YUSSUF RAHIM Tiago Baptista: As falhas que nos prendem ao choSUSANA DE NORONHA V. T. DA ROCHA

    Dlio Jasse: ensaios sobre a memria e o esquecimentoTERESA MATOS PEREIRA

    Transportadores de Memrias de Rodrigo Bettencourt da Cmara: Cabo Verde no Vale de ChelasTERESA PALMA RODRIGUES

    Linha mais palavra entre vazios igual a territrios dispostos: Macchi e RicaldeTERESINHA BARACHINI

    The Louvre and its visitors of Alcio de Andrade: territory of penumbra and possibilities of aesthetic experience in art museumsRITA DE CSSIA DEMARCHI

    Obstructing the gaze. The observation in Laida Lertxundi cinema: Utskor: Either/OrRITA SIXTO CESTEROS

    Belvedere: places of memorySANDRA MARIA LCIA

    PEREIRA GONALVES

    Fernando Lemos. The age of timeSANDRA M. L. PEREIRA GONALVES

    Eduardo Salavisa: a Daily DrawerSHAKIL YUSSUF RAHIM

    Tiago Baptista: The failures that hold us to the groundSUSANA DE NORONHA V. T. DA ROCHA

    Dlio Jasse: essays on memory and forgetfulnessTERESA MATOS PEREIRA

    Transportadores de Memrias of Rodrigo Bettencourt da Cmara: Cape Verde in Chelas ValleyTERESA PALMA RODRIGUES

    Line plus word between voids equals displayed territories: Macchi and Ricalde TERESINHA BARACHINI

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    Sensorimemrias: sensorialidades como matria de criao em danaTHAS GONALVES Fernando Bayona, la construccin fotogrfica del gusto brbaroMARA DEL MAR GARCA JIMNEZ &

    YOLANDA SPNOLA

    Historias de vida: la memoria biogrfica-narrativa en la obra de Miguel RomeroYOLANDA SPNOLA

    Hai Kai: poemas picturais de Ema M.ZALINDA ELISA CARNEIRO CARTAXO

    3. Atividades e painis que decorreram no CSO2015

    Painis

    Atividades paralelas

    4. Comisso cientfica do CSO2015

    5. Moderadores dos painis do CSO2015

    Sensormemories: sensorialities as a material of creation in danceTHAS GONALVES

    Fernando Bayona, the photographic construction of the barbaric tasteMARA DEL MAR GARCA JIMNEZ &

    YOLANDA SPNOLA

    Life stories: the biographic memory in the work of Miguel RomeroYOLANDA SPNOLA

    Hai Kai: Pictorial poems by Ema M.ZALINDA ELISA CARNEIRO CARTAXO

    3. Activities and panels during CSO'2015

    Panels

    Parallel activities

    4. CSO'2015 Scientific Committee

    5. CSO'2015 Panel Moderators

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    1. Textos editoriais

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    Arte, novas relaes

    Art, new relations

    JOO PAULO QUEIROZ

    Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes; Coordenador do Congresso CSO

    A ideia que se lana ao desafio simples: fala-me de um artista que te seja signi-ficativo, tu, que tambm s um companheiro do ofcio criativo.

    Junta-se a esta ideia o descentramento lingustico, que solicita comunica-es em portugus ou espanhol. Trata-se de por em comum um acervo des-conhecido entre os muitos falantes destes idiomas, que abrangem dezenas de pases e tocam uma massa falante prxima dos 600 milhes de pessoas, espa-lhadas pelos diversos continentes.

    Esta a proposta lanada aos autores que responderam chamada de tra-balhos e submeteram comunicaes apreciao da comisso cientfica. Esta procedeu apreciao em duas fases, sendo a primeira, a fase de resumos, e a segunda, a fase de artigos completos. Entre um momento e outro garantiu-se o procedimento de reviso cega (double blind review) a par com a garantia geo-grfica da distncia entre autores e jurados da Comisso Cientfica. De modo simples: nem autores sabem o nome dos trs membros da Comisso Cientfica que os avaliaram, nem os jurados sabem o nome do autor do resumo, ou do tex-to completo que avaliaram (sendo assim um procedimento duplamente cego).

    O que mais caracteriza o Congresso Internacional CSO Criadores Sobre outras Obras esta inscrio no espao excntrico aos discursos dominantes do art world, convocando a altermodernidade (Bourriaud, 2009), estabele-cendo as bases para uma populao resistente, que, sem este congresso, nunca se teria encontrado.

    Atravs dos sucessivos Congressos CSO (Queiroz, 2010; 2011; 2012; 2013; 2014; 2015), novas afinidades surgiram, e autores que at ento se desconhe-ciam, iniciaram hbitos de reconhecimento mtuo, e passaram at a escrever

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    Figura 1 Cartaz do Congresso Internacional CSO2015, Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Portugal.

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    O Congresso expe a abordagem que o artista faz produo de outro criador, seu colega de profisso.

    +INFO: CSO.FBA.UL.PT [email protected]

    VI CONGRESSO INTERNACIONAL

    CSO2015Criadores Sobreoutras Obras

    26 maro a 1 abril 2015

    Faculdade de Belas-ArtesUniversidade de Lisboa

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    sobre artistas que conheceram atravs das comunicaes que os anteriores congressos disseminaram.

    Este um Congresso que se desenrola em processo (Barthes, 1989), dentro de parmetros resistncia ideolgica (Hall, 1980), face hegemonia do mundo da arte (Thornton, 2010) e das instituies de reconhecimento (Vron, 1980). Faz-se uma plataforma de disseminao e de resistncia, que a cada edio que se repete, mais virulenta se torna no seu propsito de criar um novo discurso sobre a arte.

    O discurso de artistas, sobre artistas, deslocado, descentrado, alternativo, produtor de novos conhecimentos, interrogaes, intermediaes. esta a ma-tria com que se constri o pensamento, com que se elabora um novo discurso, mais prximo das fontes, dos protagonistas, mais independente dos interesses circunstanciais dos patrocinadores, dos curadores, das instituies que domi-nam at agora a legitimao da arte.

    Trata-se de consolidar um corpo discursivo eficiente e diferente, que seja por-tador de inovao, conhecimento, interrogao, rigor e valorizao da identidade.

    Surgem mais ricos os autores que escrevem, e mais ricos tambm aqueles que veem o seu trabalho ser estudado por olhares de profissionais companheiros, que sabem do que se fala quando se fala de arte. A arte faz-se por pessoas, aqui se desafia essas pessoas a, sobre a arte se expressarem, pesquisarem, interrogarem.

    H j hoje um slido reportrio de publicaes que tornam esta tarefa per-manente e que tornaram a disseminao mais permanente e eficaz: so as re-vistas surgidas no mbito deste projeto, artistas sobre outras obras: a revista Estdio (2010; 2011; 2012; 2013; 2014; 2015), a revista Gama (2013; 2014; 2015), e a revista Croma (2013; 2014; 2015). A sua persistncia e regularidade tm permi-tido uma crescente presena nas indexadoras de conhecimento.

    Assim se prope uma interveno junto dos artistas, interpelando outros ar-tistas, gerando conhecimento e novos pblicos mais especializados.

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    RefernciasBarthes, Roland (1989) Elementos de

    Semiologia. Lisboa: Ed. 70.Bourriaud, Nicolas (2009) The radicant. New

    York: Lukas & Sternberg. ISBN 978-1-933128-42-9

    Eliseo Vern (1980) A Produo de sentido. So Paulo: Cultrix.

    Hall, Stuart (1980). Encoding / Decoding. In: Hall, D. Hobson, A. Lowe, & P. Willis (eds).Culture, Media, Language: Working Papers in Cultural Studies, 197279. London: Hutchinson, pp.128138.

    Queiroz, Joo Paulo (Ed.) (2010) Actas do I Congresso Internacional Criadores Sobre Outras Obras : CSO2010. [Consult. 2015-12-02] Disponvel em http://www.cso.fba.ul.pt/atas.htm ISBN 978-989-8300-06-5

    Queiroz, Joo Paulo (Ed.) (2011) Quando os criadores apresentam obras de outros criadores: Actas do II Congresso Internacional Criadores Sobre Outras Obras - CSO2011. Lisboa: Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa & Centro de Investigao e Estudos em Belas-Artes. 679 pp. ISBN: 978-989-8300-14-0 [Consult. 2015-12-02] Disponvel em http://www.cso.fba.ul.pt/atas.htm

    Queiroz, Joo Paulo (Ed.) (2012) Artes em torno do Atlntico: Atas do III Congresso Internacional Criadores Sobre Outras Obras - CSO2012. Lisboa: Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa & Centro de Investigao e Estudos em Belas-Artes. 760 pp. ISBN: 978-989-8300-32-4. [Consult. 2015-12-02] Disponvel em http://www.cso.fba.ul.pt/atas.htm

    Queiroz, Joo Paulo (Ed.) (2013) Emergncias: Atas do IV Congresso Internacional Criadores Sobre outras Obras, CSO2013. Lisboa: Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa & Centro de Investigao e Estudos em Belas-Artes. 901 pp. [Consult. 2015-12-02] Disponvel em http://www.cso.fba.ul.pt/atas.htm ISBN 978-989-8300-50-8

    Queiroz, Joo Paulo (Ed.) (2014) Arte Contempornea, Criatividade e Hibridao: o V congresso CSO2014. Lisboa: Faculdade de Belas-Artes da

    Universidade de Lisboa, Centro de Investigao e Estudos em Belas-Artes. [Consult. 2015-12-02] Disponvel em http://www.cso.fba.ul.pt/atas.htm ISBN: 978-989-8300-93-5

    Revista :Estdio. (2010) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 1, (1), janeiro-junho. Tema: Artistas Sobre Outras Obras;

    Revista :Estdio. (2010) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 1, (2), julho-dezembro. Tema: Auto-retrato e autorrepresentao.

    Revista :Estdio. (2011) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 2, (3), janeiro-junho. Tema: Artistas Sobre Outras Obras.

    Revista :Estdio. (2011) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 2, (4), julho-dezembro. Tema: Corpo.

    Revista :Estdio. (2012) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 3, (6), julho-dezembro. Tema: Livro de Artista.

    Revista :Estdio. (2012) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 3, (5), janeiro-junho. Tema: Artistas Sobre Outras Obras.

    Revista :Estdio. (2013) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 4, (8), julho-dezembro. Tema: Paisagem.

    Revista :Estdio. (2013) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 4, (7), janeiro-junho. Tema: Artistas Sobre Outras Obras.

    Revista :Estdio. (2014) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 5, (9), janeiro-junho. Tema: Artistas Sobre Outras Obras.

    Revista :Estdio. (2014) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 5, (10), julho-dezembro. Tema: Deus.

    Revista :Estdio. (2015) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 5, (11), janeiro-junho. Tema: Artistas Sobre Outras Obras.

    Revista :Estdio. (2015) ISSN 1647-6158, e-ISSN 1647-7316. Vol. 5, (12), julho-dezembro. Tema: Identidade.

    Revista Croma. (2013) ISSN: 2182-8547, e-ISSN 2182-8717. Vol 1, (1), janeiro-junho.

    Revista Croma. (2013) ISSN: 2182-8547, e-ISSN 2182-8717. Vol 1, (2), julho-dezembro.

    Revista Croma. (2014) ISSN: 2182-8547, e-ISSN 2182-8717. Vol 2, (3), janeiro-junho.

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    Revista Croma. (2014) ISSN: 2182-8547, e-ISSN 2182-8717. Vol 2, (4), julho-dezembro.

    Revista Croma. (2015) ISSN: 2182-8547, e-ISSN 2182-8717. Vol 3, (5), janeiro-junho.

    Revista Croma. (2015) ISSN: 2182-8547, e-ISSN 2182-8717. Vol 3, (6), julho-dezembro.

    Revista Gama. (2013) ISSN: 2182-8539, e-ISSN 2182-8725. Vol 1, (1), janeiro-junho.

    Revista Gama. (2013) ISSN: 2182-8539, e-ISSN 2182-8725. Vol 1, (2), julho-dezembro.

    Revista Gama. (2014) ISSN: 2182-8539, e-ISSN 2182-8725. Vol 2, (3), janeiro-junho.

    Revista Gama. (2014) ISSN: 2182-8539, e-ISSN 2182-8725. Vol 2, (4), julho-dezembro.

    Revista Gama. (2015) ISSN: 2182-8539, e-ISSN 2182-8725. Vol 3, (5), janeiro-junho.

    Revista Gama. (2015) ISSN: 2182-8539, e-ISSN 2182-8725. Vol 3, (6), julho-dezembro.

    Thornton, sarah (2010) Sete dias no mundo da arte. Lisboa: Arcdia. ISBN 9788522008018

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    2. Comunicaesapresentadas ao VI Congresso

    Communicationspresented to the VI Congress

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    A arte conceitual do capixaba Atlio Gomes

    Ferreira (Nenna)

    Conceptual art of Atlio Gomes Ferreira (Nenna)

    ALMERINDA DA SILVA LOPES*

    Artigo submetido a 8 de janeiro e aprovado a 24 Janeiro de 2015

    Abstract: This paper analyzes and discusses the political/critical content of some conceptualists propositions produced in the 1970s, artist capixa-ba, Atlio Gomes Ferreira (the Nenna), which would guide by a critical irony to the dictatorial regime in Brazil.Keywords: Conceptualism / Art and Politics / Art and Politics / Interactive Art / Irony.

    Resumo: Este artigo analisa e discute o teor po-ltico/crtico de algumas proposies conceitu-alistas produzidas na dcada de 1970, pelo ar-tista capixaba Atlio Gomes Ferreira (o Nenna), as quais seriam balizadas em uma ironia ao regime ditatorial, pelo qual passava o Brasil. Palavras-chave: Conceitualismo / Arte e Poltica / Arte Interativa / Ironia.

    *Curadora, professora e pesquisadora. Graduao em Artes Plsticas e licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista. Mestre em Histria da Arte pela Escola de Co-municaes e Artes da Universidade de So Paulo (ECA/USP), Doutora em Artes Visuais pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo.

    AFILIAO: Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), Centro de Artes (CAR). Avenida Fernando Ferrari, 514. CEP 29075-910 Campus Universitrio de Goiabeiras, Vitria ES Brasil. E-mail: [email protected]

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    IntroduoQuando da instaurao do Golpe Militar no Brasil, em 1964, a pintura e a escul-tura, tanto de formulao abstrata, quanto as chamadas novas figuraes de matriz Pop continuavam dominando a produo, as exposies oficiais e o mer-cado. O endurecimento da represso poltica e a interferncia da censura sobre a produo artstica, mais notoriamente aps a publicao do Ato Institucional n 5 (dezembro de 1968), voltaria sua sanha para todos os processos artsticos. Isso faria com que a pintura entrasse em refluxo, por ser a mais visada pelos r-gos de represso, com inmeros casos de retirada e apreenso de obras, alm da perseguio, interrogatrio e priso de artistas. Embora com certo atraso em relao a outros continentes, essa realidade faria com que alguns artistas pas-sassem a desenvolver prticas experimentais ou conceituais, desviando-se dos modelos e valores ditados pelas vanguardas.

    E se no final da dcada de 1960 as linguagens experimentais, de natureza conceitualista e relacional performances, happenings, vdeo e mail arte eram ainda quase que exceo entre os brasileiros, no incio da dcada seguinte a adeso a essas novas prticas ampliava-se consideravelmente. Desembreadas por artistas do eixo Rio/So Paulo, oriundos do concretismo, a exemplo de He-lio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape, emergiam tambm, nomes sem vincula-o com tal gramtica, como Wesley Duke Lee, Nelson Leirner, Rubens Gerch-mann, Antonio Manuel, Carlos Zlio, Artur Barrio, Cildo Meireles.

    A realidade scio-poltica citada, faria com que nossos artistas se desvias-sem de questes meramente lingusticas, para deter-se na questo ideolgico/crtica, levando alguns a nomearem as novas proposies de Arte Guerrilha. Nessa esteira iriam trafegar algumas das mais conhecidas e contundentes pro-posies, como: Urnas quentes (1968), de autoria de Antonio Manuel; Inscri-es em circuitos ideolgicos (1970), de Cildo Meireles e Trouxas ensanguentadas (1969-70), de Artur Barrio. Embora vivendo e atuando praticamente de manei-ra isolada, isto , fora do eixo Rio/So Paulo, o capixaba Atlio Gomes Ferreira, mais conhecido pelo cognome de Nenna, elaborava na mesma poca uma pro-duo conceitual bastante profcua, de natureza crtica, ainda pouco estudada e quase desconhecida. Em razo dos limites do texto elegemos dessas proposi-es para anlise e discusso: Estilingue (1970) e Muito Prazer (1976).

    O Estilingue gerador de um HappeningAo idealizar uma inusitada ao, que se tornaria conhecida como Estilingue Gi-gante, com o propsito de afrontar o gosto conservador das elites locais e desa-fiar a represso militar, o inquieto e compulsivo jovem estudante da Escola de

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    Belas Artes do Esprito Santo, contando, ento, com 18 anos de idade, mostrava perfeita sintonia com seu tempo potico e histrico. Alm de leitor assduo de revistas internacionais, transitava com alguma frequncia por atelis e espaos culturais do Rio de Janeiro.

    O carter subversivo da proposio no encontraria, na poca, a devida interlocuo e compreenso, pois pegava desprevenido o pblico de Vitria, capital de um estado perifrico, de restrita tradio artstica e de gosto de-fasado. Apesar de possuir uma Escola de Belas Artes (criada em 1951), a ci-dade no dispunha de museus, galerias de arte, e consequentemente, de um sistema artstico devidamente constitudo, o que potencializava a ousadia da proposta. Tal cenrio impedia que a informao cultural e as linguagens artsticas contemporneas e radicais fossem a veiculadas ou integrassem os discursos no mbito acadmico.

    Para confeccionar e instalar o Estilingue Nenna contou com a colaborao de amigos, e apropriou-se, clandestinamente, na calada da noite de sbado para domingo, 14 de junho de 1970, de uma rvore (conhecida como chapu de sol ou castanheira), encontrada por ele na orla da Praia do Canto, bairro nobre da cidade de Vitria, local que foi escolhido pelo jovem artista no por acaso. A inteno era provocar e desestabilizar o gosto e a concepo romn-tica de arte que imperava entre os integrantes de uma elite endinheirada, acomodada e conservadora. A rvore foi eleita por apresentar uma curiosa bifurcao do tronco, a certa altura em relao ao plano do cho, lembrando uma forquilha de atiradeira. Demarcou-a, revestindo essa formao com uma massa de gesso e pigmento amarelo, na qual prendeu as alas do estilingue, de plstico preto, no extremo das quais fixou um retngulo de borracha ver-melho (similar ao dos brinquedos para segurar as pedras/ projteis a serem arremessados). Ao recorrer a elementos concretos, o artista rechaava a re-presentao ilusria e postia da pintura tradicional, redimensionando e re-codificando o conceito de espao, a noo e a natureza de objeto e o prprio conceito individualista e aurtico de artista. Nenna propunha, assim, tanto a instaurao de um embate com a pintura de paisagem, arraigada no gosto das elites e que, naquele momento, ainda refutavam as linguagens modernas, de modo especial a abstrao. Mas tambm ironizava a perenidade e a especifi-cidade dos materiais e processos artsticos tradicionais.

    A instalao do Estilingue gigante estava concluda no final da madrugada citada, para tornar-se um elemento ativo, reificador e transformador do espao ambiental, ou, ainda, um corpo tangvel capaz de modificar a percepo no apenas da rvore, mas de tudo o que a circundava. Assumia ao mesmo tempo

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    uma dimenso particular e universal, tornando-se acessvel a todos, e funcio-nando como unidade integradora e diferenciadora desse ambiente.

    Os habituais caminhantes de final de semana beira mar foram surpre-endidos ao observarem o intruso objeto inslito pendendo da rvore. Se em um primeiro momento e Estilingue promoveu impacto, curiosidade e atrao a alguns, a outros passantes causou estranhamento ou mesmo indiferena. Mas, por suas dimenses descomunais no deixaria de ser notado e logo pas-saria a instigar a percepo e a reflexo de grande parte dos transeuntes. Es-tes se aproximaram da rvore, circularam ao redor dela, fizeram suposies a respeito da inquietante instalao do objeto, interrogaram a respeito de seu significado. Logo, pessoas de todas as idades se apossaram e passaram a in-teragir de diferentes maneiras com o Estilingue, posicionando a atiradeira sobre as costas, como se o vestissem ou nele penetrassem. Nessa vivncia o interlocutor percebeu que a escala ampliada do estilingue redimensionava dialeticamente o seu significado: de usual e inofensivo brinquedo infantil para arremessar pequenas pedras, se transformava apesar de sua frgil construo em armadilha perversa e ameaadora, capaz de lanar simboli-camente os indivduos distncia. Mas alguns no deixariam de estabelecer uma relao com o ritmo e a dinmica do corpo, associando o estilingue ao carter ldico de um balano.

    Ao recorrer a instrumento de origem remota, criado em tempos imemo-riais, para lanar pedras, o artista ironizava o fato de ser essa a nica arma uti-lizada pelo povo brasileiro, na poca, na tentativa de se defender e enfrentar a violncia e a truculncia policial.

    Os interlocutores, logo deixariam de lado o receio inicial, para interagir e dialogar com o Estilingue, criando espontaneamente textos sonoros, visuais e corporais, gerando uma livre e inusitada improvisao teatral. Resta saber se compreenderam a real crtica da proposta. O artista permaneceu no local, sem se identificar ou interferir nas aes, juntando-se aos amigos e msicos eruditos, os irmos Marcos e Jos Renato Moraes, que tocaram violo, violino e flauta, como parte efetiva da proposio. Posicionados nas proximidades da instalao do estilingue, alm de partes integrantes do happening, imprimiam seriedade e erudio interveno pblica.

    Tais atributos contribuiriam para que a ao pblica no levantasse qual-quer suspeita por parte da polcia, que observava perfilada distncia, en-quanto a participao do pblico era discretamente registrada pela cmera do fotgrafo Jorge Lus Sagrilo. Assim, contrariando a lgica dos acontecimentos e a expectativa do artista, a polcia no impediu nem interferiu na realizao

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    do happening, uma vez que durante os chamados anos de chumbo pessoas reunidas em lugar pblico levantavam logo suspeita. Mas os defensores da or-dem no iriam interrogar ou molestar o autor ou os seus colaboradores, por no atinarem evidentemente para a natureza e o teor crtico da proposta.

    Preconizando, antecipadamente, que a polcia lhe solicitaria ao menos a au-torizao da Prefeitura Municipal de Vitria para a apropriao da citada rvore e a realizao dessa ao em local pblico, o artista redigiu-a em papel timbrado, assinada por um pseudo Jos Joaquim da Silva Xavier (cpia da assinatura do he-ri da Inconfidncia Mineira, extrada de um documento do sculo XVIII), iden-tificado sarcasticamente no documento gerado por Nenna, como funcionrio do rgo competente da prefeitura local. Como a solicitao no ocorreu, o teor po-ltico e marginal do evento no atingiu plenamente o efeito esperado.

    Se a idia de happening remete a uma ao efmera, que se desenrola e finalizada num tempo determinado a priori pelo autor, a interao com o objeto que o desencadeou introduzia um novo paradigma artstico, punha em xeque o conceito tradicional de representao e a utopia da perenidade do objeto de arte. Tais prerrogativas no foram determinantes para que o Estilingue casse no esquecimento, ou sua repercusso se mantivesse restrita ao mbito local. O significado da ao e a ironia nela imbricados, embora no tivessem sido

    Figura 1 Atlio Gomes Ferreira (Nenna), Estilingue, 1970. Fonte: Arquivo do artista.

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    Figura 2 Atlio Gomes Ferreira (Nenna), Muito prazer, 1976. Fonte: Acervo do artista.

    devidamente compreendidos pelos articulistas da imprensa local, no passa-riam inclumes imprensa do Rio de Janeiro, sendo o happening referenda-do por Luiz Carlos Maciel, no Pasquim jornal alternativo que se tornou alvo constante da censura, por ironizar a realidade poltica do pas.

    Para Bourriaud, a dificuldade em reconhecer a legitimidade ou o interesse dessas experincias, porque elas no se apresentam mais como prenncios de uma inexorvel evoluo histrica, o que explica seu carter fragmentrio, mesmo que no caso citado, em virtude do enfrentamento poltico, a proposta se imbusse de um vis ideolgico (Bourriaud, 2009:17)

    A Instalao E Agora?

    A seleo de apenas trs artistas fora do eixo hegemnico, do total de dezessete reconhecidos nomes para participarem da exposio Arte Agora I, no MAM cario-ca, sendo Atlio Gomes Ferreira o mais jovem deles, no deixava de ser significa-tiva. Confirmava o reconhecimento do crtico e organizador do evento, Roberto Pontual, de que a arte e a cultura de um pas no podem ficar restritas ou concen-trar-se nas regies de maior visibilidade, uma vez que se articulam como em um mosaico. Percebia na produo do jovem provinciano, simetria com as proposi-es mais arrojadas desenvolvidas no mbito nacional e at internacional.

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    Essa instalao, denominada Muito Prazer iria dirimir a falsa ideia de que nos chamados estados perifricos, a produo artstica, alm de defasada tende a centrar-se em um vis extico. A instalao compunha-se de pacotes de lminas de vidro sobrepostas, amarrados com tarjas nas cores da bandeira brasileira, que foram depositados sobre em montes de areia deslocada para o interior do Museu. Entre os pedaos de vidro o artista inseriu frases crticas que podiam ser parcialmente lidas pelo pblico, remetendo a uma espcie de livro de artista. Os pacotes deveriam ser destrudos a golpes de martelo pelo pblico no encerramento da mostra, ato violento que transformaria a instala-o, em um inusitado happening, para desvelar simbolicamente os segredos ou enigmas dos textos contidos nos pacotes, desfecho esse recusado pelo Museu.

    Consideraes finaisSem inteno de estabelecer analogia entre as proposies conceituais de At-lio Gomes, com a de outros brasileiros, os exemplos citados confirmam que, no campo artstico, no raro se cometem injustias e equvocos, ao priorizar determinadas proposies e iniciativas processadas nas regies culturais he-gemnicas, em detrimento, do que produzido na periferia. Se isso explica porque grande parte da produo artstica continua desconhecida e sem ser devidamente analisada e contextualizada, tambm inviabiliza a construo de um quadro mais completo do legado de um passado recente, em especial a do perodo de exceo poltica. Embora o projeto potico de Nenna no se restrinja s propostas aqui abordadas, sem contar que ele continua ativo e produzindo ainda hoje, nosso objetivo no foi abarcar toda a trajetria do capixaba, mas mostrar especificidades de uma linguagem que revelou ousadia e engenhosi-dade no mbito das propostas conceituais engajadas, o que atesta sua marcante contribuio arte produzida no Brasil na dcada de 1970.

    RefernciasBourriaud, Nicolas (2009); trad. Denise

    Bottmann. So Paulo: Martins Fontes.Frchoret (2003). Les anes 70: lart en cause.

    Bordeaux: Muse dart contemporain.Pontual, Roberto (1976). Manifestismo. Jornal

    do Brasil, 16 maro.

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    O que falta a uma escultura para ser um filme? O que falta a um filme para ser

    uma escultura?

    What is missing from a sculpture to be a movie? What is missing in a movie to be a sculpture?

    ANA LUISA RITO DA SILVA RODRIGUES*

    Artigo completo submetido a 13 de Janeiro e aprovado a 24 de janeiro de 2015.

    Abstract: This paper investigates a contact zone (hybridized) resulting from the relationship be-tween the film and sculpture (within a specific project) and the possibility of setting up a com-mon, extensive and moving stage.Keywords: film / sculpture / installation / spectator.

    Resumo: O presente artigo investiga uma zona de contacto (hibridizada) que resulta das relaes entre o filme e a escultura (no seio de um projecto especfico) e a possibi-lidade da constituio de um palco comum, extensivo e movente.Palavras-chave: filme / escultura / instalao / espetador.

    *Artista visual, curadora, investigadora e docente. Licenciatura em Pintura, Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes (FBAUL); Mestrado em Pintura (FBAUL). AFILIAO: Universidade de Lisboa (UL); Faculdade de Belas-Artes (FBA); Centro de Investigao e Estudo em Belas Artes (CIEBA). E-mail: [email protected]

    Introduo Film as Sculpture, exposio comissariada por Elena Filipovic (Wiels, Bruxelas, 2013), com artistas como Rosa Barba, Zbynk Baladrn e Ji Kovanda, Ulla von Brandenburg, Joo Maria Gusmo & Pedro Paiva, Rachel Harrison, ilvinas Kem-pinas, Elad Lassry, Karthik Pandian e Bojan arevi apresenta uma nova gerao

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    de artistas cujas preocupaes coincidem com a ideia edificadora do presente en-saio: compreender o filme (e os seus dispositivos) enquanto objecto, mais especifi-camente enquanto escultura, enquadrando um artista e uma obra especficos.

    As vrias intervenes questionam ambas as tradies, a escultrica e a ci-nematogrfica, sendo criados blocos de construo que configuram novos significados entre o movente e o esttico, entre o material e o imaterial na constituio de uma zona profundamente hibridizada, decorrente de toda uma prtica que se define nos interstcios das formas e das linguagens. O ob-jecto escultrico e a imagem projectada parecem querer reconvocar um certo ambiente expandido, no qual as ideias de Krauss (1986) e Youngblood (1970) se moldam, na e para a instituio de um novo paradigma: o do filme-escultura, cujas premissas j se encontram na sua gnese em campo aberto.

    1. PLAYGROUND: Dispositivo de (in)visibilidadeNeste contexto expositivo, The Breath-Taker is the Breath-Giver (Film C), (2010), de Bojan arevi (Belgrado, 1974) um filme sobre uma escultura, acompa-nhado por uma composio sonora e uma estrutura arquitectnica, um pavi-lho de acrlico construtivista: todo o trabalho questiona a experincia do filme, criando um dilogo com as formas minimalistas esculturais e a ideia de espao e de tempo criada pela msica e pelo objecto. Esta obra pertence a uma srie de filme-instalaes que compreende quatro peas distintas, sendo The Breath-Taker is the Breath-Giver (Film B), de 2009, aquela que melhor define esta zona intermitente e elasticizada entre os vrios campos de aco (esta pea integra, ao momento da redaco deste texto, a exposio O Narrador Relutante Prticas Narrativas na Arte Contempornea, com curadoria de Ana Teixeira Pinto, no Museu Coleco Berardo CCB) (Figura 1, Figura 2).

    Recorrendo ao vocabulrio formal do cinema, arevi estabelece um enca-deamento de planos, enquadramentos e movimentos de cmara que, na ima-terialidade da luz e do som (composio de Ulas Ozdemir) e na plasticidade do projector (16 mm) em cena e da estrutura pendente, presentifica a imagem enquanto escultura. Observamos uma estranha sequncia animada, onde figu-ras esculpidas de pequena dimenso (que se assemelham, de forma um pouco perturbadora, a ossos) aparentam traos antropomrficos. O deslocamento dos objectos e das suas imagens acontece num palco construdo por si, onde (num olhar panormico sobre este seu mundo) a textura, o volume, o peso, o tempo e o espao so experienciados de forma particular, por vezes contrastada, na composio de paisagens ficcionadas (porm fsicas) e intemporais. Depara-mo-nos com uma topografia sem linha do horizonte, sem fronteira demarcada,

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    Figura 1 Bojan arcevic. Fotograma de The Breath-Taker is the Breath-Giver (Film B), filme 16mm, cor, som, 257, pavilho em acrlico, 300x200x300, 2009 (pormenor). Cortesia do artista e da Galeria Stuart Shave/ Modern Art.

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    Figura 2 Bojan arcevic. The Breath-Taker is the Breath-Giver (Film B), filme 16mm, cor, som, 257, pavilho em acrlico, 300x200x300, 2009, vista da instalao. Cortesia do artista e da Galeria Stuart Shave/ Modern Art.

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    onde modelos orgnicos se erguem enquanto atores, sem fala, mudos, comuni-cando apenas atravs da sua maleabilidade (entre o feixe de luz projectado e a presena/materialidade do dispositivo instalativo) esttica e do som que parece romper do seu interior. As esculturas no so figuras de aco, o movimento resulta das investidas da cmara pelas novas perspectivas que manifesta, pela utilizao criteriosa de zoom ou travelling bem como da banda sonora que acrescenta uma outra dimenso espcio-temporal experincia percepti-va. Do mesmo modo, a possibilidade de circulao do espectador por entre os pavilhes, ou salas de projeco suspensas (porque de contornos e paredes quasi-invisveis), e a constatao de que todo o ambiente se torna superfcie de onde a imagem parece irromper, traduzem uma dramaturgia de corpos e fa-las, de luzes e sombras que flutuam por entre arquitecturas assombradas.

    Identificamos a prtica da instalao como um modus operandi (uma estratgia intermedial que compreende uma praxis, um discurso e um sistema que capaci-ta a ativao do espao/lugar e dos contextos circundantes e intrnsecos, o des-dobramento temporal da obra e o accionamento de conceitos como situao e a enfatizao da perceo sinestsica) e um fenmeno emprico: a (vdeo) instala-o fabrica o real e apresenta o real atravs da experincia fsica e sensitiva do espetador, que, a partir do seu prprio corpo produz subjetividades, tempos e espaos vrios, sendo a obra no um objeto mas um espao (entre a arquitetura e o teatro), um ambiente passagen-werk na medida em que esta opera e se constitui entre passagens, conexes, palcos transitrios ou em transio entre di-ferentes disciplinas, formas e experincias. A aproximao realidade do espeta-dor, no desempenhar de aes corriqueiras como entrar, sair, abrir, fechar, sentar ou levantar, levam-nos a apontar uma espcie de realismo performativo como conceito edificador desta prtica que assimila o pictrico, o cnico, o cinematogr-fico e o ritualstico. A experincia da vdeo-instalao (entre a imagem e o palco) caracterizada por uma forte sensao (multissensorial) de presena, explorando e produzindo situaes de aqui e agora e apostando na plasticidade do prprio espao, esculpido a cada movimento e a cada tomada de posio dos corpos (reais e virtuais). Como tal, assinalamos quatro modalidades fundadoras: perceo, na-vegao, imerso e interao, que podem surgir em simultneo (confundindo-se) ou intervaladas, estruturando a experincia percetiva do espetador.

    Em Video Installation Art: The Body, the Image and the space in-between, Margaret Morse (1990) discute os conceitos de liveness, nowness e present-ness (ou presentation) no contexto de intervenes artsticas que visam con-cretamente o encontro (zona) entre a obra e o espetador (particularizando a dcada de 1960), numa relao espcio-temporal coincidente. O espetador,

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    testemunha de aparies ou vises (representaes ou evocaes de ausn-cias) simultaneamente participante da construo de um espao (fsico) mediado e contaminado, resultante de um projeto on going (iniciado precisa-mente com as propostas minimalistas) que resgata o gesto e o corpo. O prprio espao expositivo (arquitetura desenhada de raiz ou adaptada a um projecto especfico) que privilegia a deambulao do visitante e a criao de ambientes penetrveis e articulveis, como em Film as Sculpture, constitui uma possibi-lidade de reflexo em torno da relao entre a sala obscurecida do cinema e o white cube museogrfico ou galerstico.

    Neste sentido, Giuliana Bruno (2007) aponta para uma conexo concetual entre o cinema e o museu (na medida em que ambos podem ser considerados espaos arquitetnicos da memria), na edificao de narrativas multidimen-sionais, sendo o cinema transportado (pela vdeo-instalao) para o espao tridimensional (real), assim como os contedos de uma instalao so expe-rienciados segundo uma certa montagem espacial (spatial montage): o cinema, na sua essncia, encontra-se fragmentado, mas emoldurado, no seio da v-deo-instalao, que por sua vez, presentifica as imagens cinematogrficas. Em Atlas of emotion: Journeys in art, architecture and film, Bruno (2002) refere-se passagem da experincia (e ao entendimento) sight-seeing (de cariz ptico) a site-seeing (de natureza hptica), relativamente abordagem cinematogrfica cidade e arquitetura, que aplicamos aqui ao contexto museogrfico, ao filme e sua relao com as artes plsticas (no mbito da vdeo-instalao). Expli-citemos: paralelamente ao advento do cinema e da projeo das suas imagens moventes, surge uma nova rede de formas arquitetnicas que produzem conse-quentemente uma tambm indita visualidade espacial: locais essencialmente de trnsito, de passagem, que fundam a geografia da modernidade. Transfor-mando a relao entre a perceo espacial e a transitoriedade das matrias, a arquitetura (e o cinema) aposta na mobilidade e no aceleramento dos corpos (e das imagens), eptomes da vanguarda. O conceito de flnerie parece evocar aqui a era da conscincia urbana (onde os espaos so percorridos e vividos, onde a experincia dos mesmos substitui a sua contemplao) e o(s) ponto(s) de vista cinematogrfico(s) a si associado(s) que apresenta(m) a cidade como ecr, como mise en abme.

    Deste modo, interessa-nos reter a correspondncia entre a mobilidade do ci-nema e da arquitetura que deslocamos para o espao expositivo, museogrfico ou galerstico (e para a especificidade da vdeo-instalao), na medida em que a construo ou adaptao deste condiciona a perceo e a receo da imagem em movimento. Diferentes modelos de visualizao so preconcebidos no

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    desenho do espao expositivo, possibilitando ao espetador uma relao hete-rgena com as imagens que acompanham as suas deambulaes. Uma esp-cie de sistema sinestsico de navegao (prprio e adquirido in situ) permite ao espetador atravessar territrios abertos, conet-los atravs da sua imag-tica pessoal e participar da montagem espacial que se desenvolve a partir do seu ponto de vista (movente).

    A mutabilidade inerente a este processo atesta a leitura on going de obras de natureza hbrida: de carcter instalativo (por vezes site specific) e que inte-gram imagens de provenincia diversa (vdeo-instalao mais concretamen-te). Ou seja, medida que o espetador itinerante (viajante, segundo Morse) avana, permeia o espao, trespassa a obra, esta tambm se lhe desvela, tambm se lhe implica (o espetador conjuntamente sujeito e objeto). Esta passagem atravs de espaos (semi)obscurecidos (ou mesmo totalmente ilu-minados) encontra eco na ideia de promenade architectural (Le Corbusier, 2010; Eisenstein, 2010), na medida em que estes (assim como a arquitetura e a cidade) so experienciados on the move, entre a marcha e o passo que vai de um lugar a outro.

    ConclusoAssim e em jeito de concluso, aliando a esta dinmica do corpo e do espao envolvente o(s) tempo(s) e a intermitncia das imagens, esboada uma carto-grafia (mvel) de sensaes alicerada no instante, no momento de encontro de todos os agentes (protagonistas) em cena. A prtica do espao, o enquadramen-to e o mapeamento (tangvel) deste, segundo vetores e trajetrias mltiplas, mobiliza um territrio vivido (veritable plots) centrando o enredo no espetador em trnsito e deriva, que partilha o flego e a respirao do prprio filme como em The Breath-Taker is the Breath-Giver (Film B).

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    RefernciasBruno, Giuliana (2002) Atlas of emotion:

    Journeys in art, architecture and film. London:Verso.

    Bruno, Giuliana (2007) Public Intimacy: Architecture and the Visual Arts. Cambridge, Mass.: The MIT Press.

    Eisenstein, Sergei (2010) Eisenstein Towards a Theory of Montage: Sergei Eisenstein Selected Works, Volume 2. London: I.B Tauris

    Krauss, Rosalind (1986) The Originality of the Avant-Garde and Other Modernist Myths. Cambridge, Mass.: Cambridge MIT Press.

    Le Corbusier (2010) Le Corbusier and the Architectural Promenade. Basel: Birkhuser.

    Morse, Margaret (1990) Video Installation Art: The Body, the Image, and the Space-in-Between, in Doug Hall and Sally Jo Fifer (eds.), Illuminating Video An Essential Guide to Video Art. New York: Aperture Foundation Inc. [consult. em 2014-12-11] Disponvel em URL: http://people.ucsc.edu/~ilusztig/176/176downloads.html

    Youngblood, Gene (1970) Expanded Cinema. New York: P.Dutton&Co., Inc.

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    Revoluo das Flores: uma introduo ao Grupo do Ano 24 na vanguarda

    do shojo manga

    Flowers Revolution: an introduction to the Year 24 Group in the vanguard of shojo manga

    ANA MATILDE DIOGO DE SOUSA*

    Artigo completo submetido a 13 de janeiro e aprovado a 24 de janeiro de 2015

    Abstract: The Year 24 Group is a historic set of authors who revolutionized shjo manga (Jap-anese girls comics) in the 70s. By delving into four representative works Heart of Thomas, Poem of the Wind and the Trees, Rose of Ver-sailles and From Eroica With Love , this paper introduces some thematic and visual cues that marked their ethical and aesthetic agenda, one dominated by identity and gender politics.Keywords: comics / Year 24 Group / Japan / gender / shjo manga.

    Resumo: O Grupo do Ano 24 um conjunto histrico de autoras que revolucionaram o shjo manga (BD japonesa para raparigas) na dcada de 70. Partindo de quatro obras representativas Corao de Toms, Poema do Vento e das rvores, Rosa de Versailles e De Eroica Com Amor , introduzem-se algumas questes temticas e visuais que marcaram a sua agenda tica e esttica, dominada pela poltica identitria. Palavras-chave: banda desenhada / Grupo do Ano 24 / Japo / gnero / shjo manga.

    *Artista visual. Licenciada em Artes Plsticas Pintura na Faculdade na Belas-Artes da Universi-dade de Lisboa (FBAUL). Mestrado em Pintura (FBAUL).AFILIAO: Universidade de Lisboa; Faculdade de Belas-Artes; Centro de Investigao e Estudos em Belas-Artes (CIEBA). Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa, Portugal. E-mail: [email protected]

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    Introduo Nos anos 70 do sculo XX, uma revoluo tomou de assalto o shjo manga banda desenhada japonesa para raparigas , elevando-o da posio marginal que at ento ocupara para a vanguarda da cultura popular nipnica. No olho da tempestade, esteve um conjunto nebuloso de autoras na casa dos 20 anos que, juntas, ficaram conhecidas como Nijyo-nen Gumi, ou Grupo do Ano 24 (GA24). Neste artigo, proponho uma introduo sua obra revolucionria, mas ainda largamente desconhecida do pblico ocidental.

    De modo a cobrir quer as inovaes narrativas e visuais, quer a diversidade interna do GA24, focar-me-ei em quatro obras fundamentais de quatro das suas autoras mais representativas. No primeiro captulo, abordarei Tma no shinz (Corao de Toms, 1974-75), de Moto Hagio, e Kaze to ki no uta (Poema do Vento e das rvores, 1976-84), de Keiko Takemiya. No segundo, Berusaiyu no bara (Rosa de Versailles, 1972) de Riyoko Ikeda, e Eroica yori ai o komete (De Eroica Com Amor, 1976 presente) de Yasuko Aoike .

    2. Amor de rapazes com coraes de raparigaCorao de Toms (CT) e Poema do Vento e das rvores (PVA) so obras gmeas que estabeleceram algumas das caractersticas mais icnicas e ino-vadoras do GA24 (Figura 1). Ambas contam histrias trgicas de amor entre rapazes Eric e Julie na primeira, Gilbert e Serge na segunda , passados em colgios catlicos na Europa (Alemanha e Frana) em finais do sculo XIX, abordando temas melindrosos como o suicdio, o abuso sexual, o racismo e a pedofilia (Figura 2). Colegas de quarto em Tquio, Hagio e Takemiya parti-lhavam interesses que se revelaram determinantes na criao destas obras: por um lado, a vontade de construir narrativas complexas e psicolgicas com temas arrojados, influenciadas por bildungsroman como Damien de Hermann Hesse (Shamoon, 2012: 105); por outro, o fascnio com histrias de amor entre rapazes, fomentado por filmes europeus como Les Amitis Particulires (Thorn, 2012: 520). Este ltimo culminou na introduo do gnero shnen-ai (amor de rapazes) na banda desenhada por Hagio e Takemiya do qual CT e PVA so considerados obras-primas , bem como da figura sexualmente ambgua do bishnen, ou rapaz belo.

    A homossexualidade masculina e os bishnen so, ainda hoje, motivos pre-valentes no shjo manga que suscitam perplexidade. Contudo, o shnen-ai uma toro, mais do que uma ruptura, na tradio da cultura shjo da primeira metade do sculo XX, caracterizada pela classe S ou relaes S (Shamo-on, 2012: 105-111). A relao S define um tipo de amizade apaixonada entre

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    raparigas, assente no discurso do amor espiritual (renai) tpico da literatura da Era Meiji, canalizado para relaes homossociais arrebatadas mas sexualmen-te inocentes (Shamoon, 2012: 11, 29). O mundo privado e protegido das relaes S permitia s adolescentes expressarem os seus desejos em moldes imposs-veis nas relaes heterossexuais, envoltas em tabu e controladas pelos homens (Shamoon, 2012: 11). O romance Otome no minato (O Porto das Raparigas,

    Figura 1 Capas dos primeiros volumes de Corao de Toms, esquerda (Hagio, 1975), e Poema do Vento e das rvores, direita (Takemiya, 1977). Figura 2 Exemplos de temas arrojados em Corao de Toms (1974-75), de Moto Hagio, e Poema do Vento e das rvores (1976-84), de Keiko Takemiya: o suicdio de Toms, esquerda (Hagio, 2012: 3), e cena de sexo entre Gilbert e Serge, direita (Takemiya, 1977-84).

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    Figura 3 Ilustrao de Nakahara Junichi para Otome no minato (1937), esquerda (Shamoon, 2012: 39), e pgina de Sakura namiki (1957) de Takahashi Makoto, direita (Takahashi, 2006), tpicas da esttica classe S.Figura 4 Gilbert Cocteau, protagonista de Poema do Vento e das rvores, de Keiko Takemiya (1976-1984), como exemplo de bishonen (Takemiya, 1977-84).

    1937-38) e a banda desenhada Sakura namiki (As Filas de Cerejeiras, 1957) so exemplos emblemticos de classe S, narrando tringulos amorosos entre estu-dantes de colgios para raparigas (Shamoon, 2012: 38-45, 93) (Figura 3). j na dcada de 70, com o GA24, que as amizades apaixonadas entre rapazes se tornam mais populares na cultura shjo (Shamoon, 2012: 104).

    Indissocivel do shnen-ai o emergir do bishnen no shjo manga, um termo utilizado para designar rapazes adolescentes com traos andrginos ou femininos, esbeltos e depilados, com olhos grandes e expressivos e, fre-quentemente, cabelo comprido (Tvtropes, s.d.). Porque a percentagem de

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    feminilidade varia entre bishnen, o factor decisivo a sua beleza compsita, combinando componentes masculinos e femininos de uma forma que sublinha a artificialidade da prpria noo de gnero ao justapor esteretipos sexuais que representam a androgenia atravs de mltiplas variaes (Antononoka, 2011: 3). No contexto do shnen-ai, a ambiguidade sexual dos bishnen cor-pos masculinos com coraes de raparigas (Antononoka, 2011: 2) permitiu a autoras como Hagio e Takemiya explorarem questes ligadas sexualidade e ansiedades femininas de uma forma renovada, que a convencional classe S no lhes possibilitava (Shamoon, 2007: 7) (Figura 4).

    Em termos formais, Hagio e Takemiya desenvolveram a visualidade hptica caracterstica do GA24 a partir das convenes estilsticas da cultura shjo, com-binando uma qualidade caligrfica e serpenteante do trao com efeitos atmosfri-cos, smbolos e metforas visuais. Neste reportrio que inclui elementos figura-tivos, como flores, e abstractos e atmosfricos, como brilhos cruciformes, bolhas e efeitos pontilhistas e trao interrompido , os ornamentos no tm um significado fixo e inequvoco. Pelo contrrio, surgem afixados a emoes ou sentimentos com-plexos, no necessariamente verbalizveis, assumindo valncias emocionais loca-lizadas atravs de um seu uso acstico e estrutural: provocando, atravs da com-plexidade e densidade da ornamentao, variaes na distribuio das imagens que afectam a percepo do tempo e tom diegtico; e produzindo sentido face po-sio que ocupam na topografia da pgina (Figura 5). Como um sismgrafo emo-cional, esta estratgia adequa-se ao gnero do bildungsroman enquanto narrativa focada na evoluo psicolgica e moral dos protagonistas. (Sousa & Tom, 2013)

    Esta visualidade hptica manifesta-se, igualmente, na ruptura com a grelha em que a pgina se abre a espaos nmadas de deambulao sensorial. Por opo-sio ortogonalidade das vinhetas, o espao hptico privilegia a multiplicidade e o encadeamento (mais do que entrecruzamento) de elementos heterogneos. Em CT e PVA, este espao conseguido atravs da simultaneidade e contigui-dade de personagens, recorrendo a desdobramentos do espao-tempo e cenas e figuras abertas ou fragmentadas, fundidas entre si numa dinmica de multi-camadas em que presente, memrias e tempo mtico se sobrepem (Figura 6). Estes espaos podem circunscrever-se a uma ou duas vinhetas ou abarcar toda a pgina, ressurgindo com maior e menor intensidade e atingindo o seu potencial dramtico na articulao recproca e constante com a regularidade das vinhetas ortogonais, jogada na economia geral das obras. O hptico, enquanto qualidade plstica, torna-se assim sinnimo de situaes particularmente investidas de afecto (momentos de conflito emocional ou autodescoberta), ligadas diacronica-mente ao longo da narrativa (Figura 7). (Sousa & Tom, 2013)

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    Figura 5 Detalhes de Poema do Vento e das rvores (1976-84) de Keiko Takemiya, esquerda (Takemiya, 1977-84), e Corao de Toms (1974-75) de Moto Hagio, direita (Hagio, 2012: 252), como exemplo da visualidade hptica.

    2. De Versailles a James BondSe CT e PVA introduziram inovaes narrativas e visuais que marcaram defi-nitivamente o shjo manga, importante reforar que estas caractersticas se exteriorizam de modos diversos dentro do GA24. Outros clssicos do gnero, como Rosa de Versailles e De Eroica Com Amor (DECA) ilustram como Riyoko Ikeda e Yasuko Aoike (respectivamente) oferecem solues diferentes para preocupaes ticas e estticas semelhantes.

    No drama histrico Rosa de Versailles (RV), a relao S assume, parado-xalmente, uma manifestao heterossexual. Sucesso estrondoso desde o incio da seriao em 1972, RV conta a histria de Oscar Jarjayes, uma jovem mulher educada como um rapaz pelo pai, que se veste e comporta como um homem. L-der natural e espadachim exmia, Oscar torna-se comandante da Guarda Impe-rial de Maria Antonieta, mas acaba por renunciar ao seu estatuto aristocrtico para abraar os ideais da Revoluo Francesa, morrendo durante a Tomada da Bastilha (Figura 8). RV introduziu uma dimenso poltica sem precedentes no shjo manga Ikeda pertencia ao Partido Comunista Japons e, como o resto do GA24, crescera durante o pico da contestao estudantil nos anos 60 , ex-plorando ideais igualitrios que se estendem ao contedo romntico da histria (Shamoon, 2012: 121,123). Incapaz de fixar-se num papel apenas masculino ou

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    Figura 6 Exemplo de sobreposio de memrias e tempo mtico numa vinheta de Corao de Toms (1974-75), de Moto Hagio, representando Eric e Julie como personagens da mitologa grega (Hagio, 2012: 433).Figura 7 Detalhe de pgina de Corao de Toms (1974-75), de Moto Hagio, como exemplo de espao hptico (Hagio, 2012: 465).

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    apenas feminino, incluindo no contexto de uma relao S com a estereotipica-mente feminina Rosalie Lamorlire, Oscar desafia a dinmica binria presente nas representaes tradicionais tanto do romance heterossexual, como da clas-se S (Shamoon, 2007: 10-11) (Figura 9).

    Oscar acaba por apaixonar-se, sim, pelo amigo de infncia Andr Grandier, que no s se torna progressivamente mais semelhante herona em termos fsicos, como emasculado pela sua posio social baixa (um servial na casa dos Jarjayes), cegueira resultante de um ferimento em batalha colocando-o numa posio de dependncia e castrao simblica , e dores emocionais devido ao amor que julga no correspondido por Oscar (Shamoon, 2007: 11-12). Segundo Shamoon, enquanto mulher masculina e homem emasculado, Oscar e Andr parecem-se fsica e simbolicamente, indicando que a histria ainda opera dentro da esttica da igualdade que permeia tanto as revistas para raparigas do pr-guer-ra como o shnen-ai no shjo manga do ps-guerra (Shamoon, 2012: 127). Exis-tem precedentes na cultura shjo para esta ambiguidade, ou neutralidade (Sha-moon, 2012: 131), sexual: as mulheres que representavam papis masculinos no teatro musical Takarazuka no pr-guerra, ou a protagonista Sapphire de Tezuka Osamu, uma princesa com dois coraes, um de rapaz e outro de rapariga (Figura 10). No entanto, em RV que apresenta uma das primeiras cenas na cama da histria do shjo manga (Shamoon, 2007: 14-15) , o mundo adulto do romance heterossexual que re-imaginado luz de uma poltica igualitria ou homog-nero, que possibilita o amor espiritual (Shamoon, 2012: 136) (Figura 11).

    Apesar do GA24 ter ficado conhecido pelas histrias srias, este no o nico modo atravs do qual se expressa. A prov-lo est De Eroica Com Amor (DECA), jia camp que, apesar de largamente negligenciada em termos de aten-o crtica, uma das obras mais influentes do grupo (Thorn, 2004 a e b). Cor-rendo desde 1976, DECA uma aventura internacional maneira de James Bond (o ttulo joga com o famoso From Russia, With Love), entrelaando comdia e aco, em que um agente alemo da NATO, Klaus Eberbach, persegue e perseguido pelo ladro de arte Eroica, um lorde ingls gay chamado Dorian Gloria. O efeito cmico resulta tanto das personagens idiossincrticas, como do choque cultural entre os protagonistas que o destino fora a conviver e, por vezes, colaborar: por um lado, Klaus de Ferro, um militar irrascvel que valoriza a eficcia nas misses acima de tudo; por outro, Eroica, um homossexual flamejante e esteta hedonista inspirado na estrela de rock Robert Plant (Gravett, 2004: 90). Tal como Oscar e Andr, Klaus e Eroica so um casal igualitrio (mesma estatura fsica e rostos semelhantes), estabelecendo um modelo de bishnen masculinizado ombros largos, queixos quadrados, porte atltico que, mais do que os adolescentes acrianados de Hagio

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    Figura 8 Oscar Jarjayes, a protagonista de Rosa de Versailles (1972-73), de Riyoko Ikeda, empunhando a bandeira tricolor antes da Tomada da Bastilha (Ikeda, 2011).Figura 9 Oscar assumindo vrios papis de gnero em Rosa de Versailles (1972-73), de Riyoko Ikeda: esquerda, num papel masculino na relao S com Rosalie Lamorlire; ao centro, num vestido, procurando atrair a ateno do Conde Hans Fersen, que a v apenas como homem; direita, como playboy, para contrariar o noivo, Conde of Girodelle, que a v apenas como mulher. (Ikeda, 2011)Figura 10 esquerda (Takarazuka Girls Revue, 1936), musumeyaku (actriz em papel feminino) com duas otokoyaku (acrtizes em papis masculinos) na companhia de teatro musical Takarazuka, em 1935. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Takarazuka_Revue#mediaviewer/File:Akino,_Katayama_and_Miyajim.jpg direita (Tezuka, 1977), Sapphire na capa do terceiro volume de Ribbon no Kishi (1953-56), de Osamu Tezuka. Fonte: http://gamazoar.tumblr.com/post/20824651110

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    Figura 11 Sequncia em que Oscar e Andr consumam o seu amor em Rosa de Versailles (1972-73), de Ikeda Riyoko, enfantizando a semelhana fsica e igualdade atravs da comparao com os gmeos mitolgicos Pollux e Castor (Ikeda, 2011).

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    Figura 12 Klaus e Eroica numa ilustrao de De Eroica Com Amor (1976), de Yasuko Aoike (Aoike, s.d.).

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    Figura 13 Em cima de um comboio em movimento, Eroica segura na cintura de Klaus para que este possa executar um disparo. Segura-me na cintura, diz Klaus. Posso? pergunta Eroica. uma emergncia. Podes. Mas no toques em nada a baixo do cinto, responde Klaus. No final, Eroica acaba deitado sobre as ndegas de Klaus, para fria do ltimo (Aoike, 1979).Figura 14 Detalhe de uma pgina de De Eroica Com Amor (1976), de Yasuko Aoike, mostrando Klaus durante uma sequncia de aco (Aoike, 1979).

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    e Takemiya, marcou a cultura shjo nos anos 80 e 90 (e.g. a transio do shnen-ai para o mais francamente ertico gnero yaoi) (Figura 12).

    O elemento tantalizante da DECA passa pela relao de amizade-dio em que, apesar de Klaus rejeitar constantemente os avanos de Eroica (com dife-rentes graus de nojo e indignao que em nada desencorajam o ltimo), as cir-cunstncias conduzem a momentos de contacto fsico forado ou necessidade de protegerem-se mutuamente (Figura 13). Cabendo, grosso modo, na catego-ria do shnen-ai, estas interaces so certamente definidoras da narrativa; po-rm, um dos aspectos mais inovadores da srie publicada, desde o incio, na revista de shjo manga Princess a nfase distinta nas aventuras de espies e intrigas polticas que conduzem a histria. Aoike oferece um reportrio calei-doscpio de aces, parafernlia e lugares: de submarinos e zepplins a perse-guies em tanques e helicpteros, armas desde revlveres a bazucas, a Europa dos Alpes ao Prtenon, paisagens geladas do Alasca e desertos escaldantes do Iraque, e uma lista infindvel de cidades desde Londres e Paris a Beirute e Is-tambul (inclusive uma passagem por Lisboa), onde se medem foras advers-rias como a Interpol, o FBI, o KGB e os neonazis, no quadro geral da Guerra Fria. Desafiando as convenes, DECA trouxe a aco pura e dura para o territrio do shjo manga privilegiando vinhetas ortogonais mais do que a visualidade hptica tpica do GA24 , balanando com mestria momentos que alcanam do humor slapstick ao thriller hardboiled (Figura 14).

    ConclusoCorao de Toms, Poema do Vento e das rvores, Rosa de Versailles e De Eroica Com Amor so quatro obras revolucionrias no contexto da banda desenhada japonesa nos anos 70. Reinventando elementos visuais e narrativos da cultura shjo do pr e ps-guerra (e.g. relaes S, travestismo, visualidade de-corativa), autoras como Moto Hagio, Keiko Takemiya, Riyoko Ikeda e Yasuko Aoike trouxeram para as revistas de shjo manga (dirigidas a raparigas ado-lescentes) personagens psicolgica e emocionalmente complexos, narrativas onde se exploram questes polticas, filosficas, sexuais e sociais, e gneros tipicamente masculinos como o thriller e a fico cientfica. Para tal, foi neces-srio deslocarem-se estrategicamente para territrios livres dos constrangi-mentos da realidade mais prxima: outro sexo, outros tempos, outros lugares (e.g. shnen-ai, sculos passados, Europa). O Grupo do Ano 24 partilhou, assim, no s um espao histrico e cultural comum, como um novo sistema de valo-res (estticos e ticos) para o shjo manga no monoltico, mas heterogneo e adaptvel viso de cada autora.

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