ARTETERAPIA

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ZAGO, Lívia Cornélia Andrade Arteterapia na Terceira Idade / Lívia Conelia Andrade Zago Goiânia; [s.n.], 2005. 50 p. Monografia (Especialização em Arteterapia) _ Universidade Potiguar. Pró Reitoria de Educação Profissional. Alquimy Art. 1. Arterapia 2. Terceira Idade GO/BGSF CDV. 51

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ARTETERAPIA

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  • ZAGO, Lvia Cornlia Andrade Arteterapia na Terceira Idade / Lvia Conelia Andrade Zago Goinia; [s.n.], 2005. 50 p. Monografia (Especializao em Arteterapia) _ Universidade Potiguar. Pr Reitoria de Educao Profissional. Alquimy Art. 1. Arterapia 2. Terceira Idade GO/BGSF CDV. 51

  • UnP - Universidade Potiguar

    Alquimy Art

    Curso de Especializao em Arteterapia

    ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE

    Lvia Cornlia Andrade Zago

    Goinia

    2005

  • 1

    LVIA CORNLIA ANDRADE ZAGO

    ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE

    Monografia apresentada Universidade Potiguar, RN e ao Alquimy Art, de So Paulo como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Especialista em Arteterapia Holstica. Orientadora: Profa Ms. Deolinda M. C. F. Fabiete

    Goinia

    2005

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    UnP Universidade Potiguar

    Alquimy Art Pr-Reitoria de Educao Profissional

    ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE

    Monografia apresentada pela aluna Lvia Cornlia Andrade Zago ao curso de

    Especializao em Arteterapia Holstica em ___/____/____ e recebendo a avaliao

    da Banca Examinadora constituda pelos os professores:

    ____________________________________________ Prof. Ms. Deolinda Florim Fabietti, Orientadora ____________________________________________ Prof. Dr. Cristina Dias Allessandrini, Coordenadora da Especializao ____________________________________________ Prof. Esp. Flora Elisa Carvalho Fussi

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    Aos meus filhos

    Gustavo, Elissa e Estevo,

    pela pacincia, e apoio.

    Aos meus pais,

    que me ensinaram a vencer as dificuldades

    da vida.

    minha Sogra que foi para mim uma

    segunda me, nas horas difceis.

    s minhas irms e cunhadas que sempre me

    incentivaram.

    A Deus por me amar como filha.

  • 4

    Agradecimentos

    Agradeo primeiramente a Deus, por ter me dado a direo, e

    oportunidade de concluir este curso.

    A todas as orientadoras deste curso, em especial a Arteterapeuta Flora

    Fussi que tantas vezes se dispes a me orientar.

    As colegas do curso de Arteterapia, que sempre demonstraram carinho e

    amizade.

    A amiga e colega de profisso, Salma que por Deus cruzou novamente

    meu caminho, e como duas irms nos apoiamos nas horas difceis.

    A minha Sogra que sempre me incentivou com palavras sbias.

    A todas as idosas, pois com elas aprendi a valorizar mais o idoso, como

    ser de tamanha grandeza que so.

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    As rugas e dobras do rosto so as inscries deixadas pelas grandes paixes, pelos vcios, pelas intuies que nos falaram [...]

    Walter Benjamim, 1986

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    RESUMO

    A ARTETERAPIA NA TERCEIRA IDADE

    Este trabalho monogrfico tem por objetivo evidenciar o papel da arterapia na

    reconstruo da auto-estima do idoso, pois, quanto mais avanada a idade maior a

    dificuldade de mant-la. O fazer arte, no critrio arteteraputico, viabiliza o reflexo

    das tendncias culturais e o processo histrico do homem, enquanto indivduo e

    como membro de uma sociedade. Atravs da atualizao do processo criativo, dado

    pela possibilidade de realizar algo novo, elemento modular do ato criativo, a

    arteterapia refere-se ao processo pelo quais os problemas, conflitos e

    acontecimentos pessoais e particulares so entendidos a partir da compreenso

    dessa nova forma criada. O trabalho arteteraputico junto ao idoso passa a ser troca

    de experincias de forma ldica, trabalhando suas emoes, desenvolvendo sua

    criatividade, expressando seus sentimentos e emoes de forma livre sem ligao

    com correntes artsticas.

  • 7

    ABSTRACT

    THE ART THERAPY ON ELDERLY AGE

    The aim of the present monograph is to make evident the role of the Art Therapy on

    bringing the self-respect of elderly people back, so as older they are, the more

    difficult is to keep it. The making art on art-therapeutic criteria makes possible the

    cultural tendency reflex and the historical process of the man, as member of the

    society and as individual. Due to creative process updating when doing something

    new, understood as the modular element of creative action, the Art Therapy

    concerns for the process in which the problems, conflicts and private issues are

    understood from the comprehension of this new creation. The Art therapy on elderly

    age becomes an exchange of playing experiences, working out their emotions,

    developing their creativity, showing their feelings and emotions in a free manner,

    without connection to any artistic trend.

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    SUMRIO

    RESUMO................................................................................................................... 06 ABSTRACT .............................................................................................................. 07 1. TRAJETRIA DE VIDA ......................................................................................... 09 2. ARTETERAPIA ..................................................................................................... 12

    2.1 Teoria ......................................................................................................... 12 2.2 Prtica ........................................................................................................ 14 2.3 O Uso dos Materiais ................................................................................... 16

    3. CRIATIVIDADE ..................................................................................................... 17 4. A VIDA DO IDOSO ................................................................................................ 20

    4.1 A Sociedade do Idoso .................................................................................. 22 4.2 A Velhice ...................................................................................................... 22 4.3 O Processo de Envelhecimento ................................................................... 23

    5. O TRABALHO DA ARTETERAPIA JUNTO AO IDOSO ........................................ 27 5.1 Momentos Arteteraputicos Junto com os Idosos Durante o Estgio na Instituio Sede da Associao Dos Idosos do Bairro Feliz Roda Viva ... 33 5.2 Relatos Finais .............................................................................................. 37

    6. CONCLUSO ........................................................................................................ 46 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 48

  • 9

    1. TRAJETRIA DE VIDA

    A transformao buscar uma nova forma de agir, seria como

    reestruturar alguma coisa.

    Tudo que nos conduz a um estado consciente e vigilante tem o poder de

    transformar. De acordo com o relato de minha vida profissional, passei por vrios

    processos transformadores. A minha carreira profissional veio por uma passagem de

    mudana que ocorreu em minha vida, com. um rompimento sbito que desencadeou

    uma transformao. Houve um movimento no sentido de uma maior maturidade.

    Vrias aberturas, que foi onde adquiri foras para poder prosseguir.

    A partir do momento que aconteceu esta transformao ocorreu tambm

    uma mudana na minha forma de agir, firmando conhecimentos. Onde aos poucos fui

    crescendo como profissional. Quando deparava com alguma situao nova entrava s

    vezes em estado de choque, mas veio o equilbrio. Novas experincias que jamais

    imaginei que passaria, mas foram de grande valor, adquirindo maior confiana em mim,

    reestruturando minha forma de trabalhar, vendo as pessoas de uma maneira positiva.

    Em toda a minha vida, eu busquei viver me apoiando em algo, que fosse

    mais forte que eu, desde a minha infncia, onde me sentia muito protegida pelos

    meus pais. Tinha uma ligao muito forte com a minha me, que sempre me

    abraou. Cresci com muito equilbrio, e havia algo dentro de mim que buscava o

    desejo de criar, aprendi a fazer vrias atividades plsticas. Desde tempos remotos,

    devido o prazer por estas atividades, obtive um contato muito grande com os idosos,

    onde eram sempre os primeiros a admirar as coisas que fazia, mas sempre a opinio

    de minha me era mais importante.

    Minha me, devido uma enfermidade que lhe apossou quando eu ainda

    era criana, e que durou muitos anos em sua vida. Foi buscar trabalhos voluntrios,

  • 10

    onde sempre eu a acompanhava, e passava tempos com aquelas mulheres

    voluntrias, e que eu por ter muita habilidade, trabalhava, ali com elas me

    envolvendo com aquelas senhoras bem mais velhas do que eu. Como eu amava

    estes momentos, ficaram comigo como boas lembranas. Foram dias preciosos.

    Segui em direo de minha vida cursando a faculdade de arte. No perodo

    de faculdade eu sentia falta de algo, pois achava que a arte poderia ser mais bem

    aproveitada. Como eu cresci fazendo trabalhos voluntrios, dizia sempre que a arte

    poderia ser redirecionada em benefcio do prximo. Continuei meu percurso. Perdi

    meu pai, depois de alguns anos perdi minha me, e j estava casada. Tive trs filhos

    quando estavam com 15, 13 e 10 anos, meu marido faleceu. Fui obrigada a

    trabalhar, pois at a no trabalhava. Passei na educao como professora de arte.

    Assim iniciava a trajetria de minha vida profissional.

    Nesta trajetria, confiando sempre na ajuda de Deus (onde sempre tive a

    necessidade de me apoiar numa fora superior). Pude crescer profissionalmente e

    transmitir com mais firmeza e equilbrio o conhecimento aos alunos.

    Fui crescendo profissionalmente, mas sempre inconformada, de como a

    arte trabalhada no ensino pblico. Havia uma busca de algo dentro de mim, que eu

    no conhecia, mas sentia que j existia. Sempre procurei trabalhar com o aluno,

    buscando um trabalho de auto-estima.

    Fiquei sabendo da arteterapia por uma colega que fazia este curso e

    quando falava, algo dentro de mim vibrava, pois, era tudo que queria ouvir. isto

    que procuro a tempos. Tive oportunidade de fazer este curso, que para mim foi muito

    gratificante, principalmente por estagiar junto aos idosos que o meu alvo principal.

    E estou desenvolvendo esta monografia, especificando a importncia da arteterapia

    junto ao idoso.

  • 11

    Foi muito gratificante a oportunidade de trabalhar com o idoso em meu

    estgio. Momentos que realmente marcaram a minha vida. Quando estava ali junto,

    a eles me voltei em lembranas vrias vezes aos momentos em que ia aos trabalhos

    voluntrios com a minha me. Estas senhoras so maravilhosas. Cada uma tinha

    uma histria de vida, para ali projetar atravs dos momentos arteteraputicos em

    que estivemos direcionando.

    Foram experincias riqussimas para a minha vida profissional como

    arteteraputa.

    Cada relato, cada descoberta, nos envolvia mais e mais. Aqueles

    momentos, alm de estarmos ali como profissionais foram tambm muito

    prazerosos. E os idosos que participaram sentiram o mesmo.

    Quero prosseguir ir adiante, abraar este trabalho na oportunidade de

    minha vida que Deus me conceder. Quero crescer estudar e aprofundar mais e mais

    enquanto tiver vida.

  • 12

    2. ARTETERAPIA

    2.1 Teoria

    Arteterapia a terapia onde a expresso artstica o principal veculo de

    comunicao. A arte na arteterapia no requer uma preocupao esttica. O

    principal objetivo somente o de possibilitar e facilitar a comunicao.

    A arteterapia trabalha com as imagens simblicas produzidas pelo

    inconsciente. Para que essas imagens se materializem e passem a ser analisadas, o

    arteteraputa utiliza-se de vrias tcnicas e materiais tais como a argila, tintas

    diversas, colagem, desenhos, sucata, papel mach, etc. o objetivo de o

    Arteteraputa fornecer meios para que o indivduo possa se comunicar expressando

    seus sentimentos e emoes criando uma relao entre a sua realidade interna e a

    realidade externa, e, atravs de atividades criativas e integradoras de personalidade,

    auxiliar no resgate das imagens simblicas trazendo-as para a conscincia com a

    finalidade de propiciar melhoria na qualidade de vida.

    O objetivo da arteterapia, na viso Yunguiana o de gerar instrumentos

    apropriados, para que a energia psquica forme smbolos em variadas produes, o

    que ativa a comunicao entre o inconsciente e o consciente (PHILIPPINI, 2000, p.

    47). Desde o sculo V a.C. h registros na Grcia de emprego da Arte, como um meio

    de tratamento e cura. Desde pocas remotas, as expresses artsticas correspondem

    s expresses psquica da comunidade e particularmente, de cada indivduo. Com

    isso, a arte passou a ser utilizada como instrumento de expresso cooperadora e

    transformadora na edificao de seres mais inventivos, criadores, fortes e saudveis.

    Segundo Philippini (1994), a arte como ferramenta teraputica, no Brasil

    vista por segmentos mais conservadores com reservas, contudo dentro do universo

  • 13

    junguiano, ela sempre esteve presente entre as estratgias teraputicas dos que

    trabalham com esta abordagem. Parte-se da premissa que os indivduos, em seu

    processo de auto conhecimento e transformao, so orientados por smbolos.

    Estes emanam do self, centro de sade, equilbrio e harmonia, representando o

    pleno potencial da psique e a sua essncia. Na vida, o self, atravs de seus

    smbolos precisa ser reconhecido compreendido e respeitado.

    A arteterapia auxilia neste processo, oferecendo inmeros materiais

    para que o indivduo sinta-se livre na escolha daquele que mais lhe for

    apropriado. Isso atende a sua singularidade, funciona como ferramenta para

    despertar e ativar a criatividade e, tambm, para desbloquear e transmitir

    conscincia instrues e informaes oriundas do inconsciente. Essas

    informaes normalmente so ignoradas, contidas e disfaradas, encobertas e

    principalmente ocultas na psique humana e as informaes colaboram para o

    desenvolvimento de toda a dinmica intrapsquica ao serem transportadas

    conscincia por meio do processo arteteraputico.

    Este processo facilitado pelas modalidades e materiais expressivos

    diversos, tais como: tintas, papis, colagens, modelagem, confeces de mascaras,

    criao de personagens e outras infinitas possibilidades criativas. Todos propiciam o

    surgimento de smbolos indispensveis para que cada indivduo entre em contato

    com aspectos a serem atendidos, assimilados e alterados.

    Para Philippini (2000, p. 25):

    As modalidades expressivas devem ser criativas e variadas para o alcance da compreenso simblica, e tambm da funo organizadora especfica de cada smbolo. Por isso, muito importante que o setting teraputico seja munido de instrumentos indispensveis viabilizao desse processo, uma vez que o smbolo contm por meio da linguagem metafrica o sentido de todos os enigmas psquicos.

    Dentre estas modalidades expressivas destaca-se a construo, que

    tambm um modo de informao lgica ensina (Philippini 2000). atravs da

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    construo que o indivduo transmite o seu sentimento, pensamento e o modo como

    vivencia e entende o mundo, fazendo-o de acordo com o seu prprio

    desenvolvimento emocional, mental, psquico e bio - social.

    A construo proporciona, em sntese a reproduo do conhecimento e a

    estruturao, constituio e reconstituio do nosso universo interior.

    Segundo Rubim (apud, COLL, 1995, p. 30): Todo processo criativo, aps

    o momento de se deixar levar, experimentar e explorar materiais surge como uma

    necessidade de organizar, de colocar junto, de arranjar e elaborar o trabalho final.

    Os indivduos podem e devem ser favorecidos por modalidades

    expressivas que lhes permitam analisar, inventar e compreender. Dentre estas,

    destacamos a construo no processo arteteraputico, que auxilia no auto

    conhecimento e na edificao de benefcios especficos das tcnicas construtivas. A

    obra criada pode ser compreendida como a manifestao da individualidade do ser

    humano em seus diversos conflitos, mecanismos de defesa, capacidades egicas e

    estgios de desenvolvimento, nos colocam Coll (1995). Sendo esta obra criada o

    resultado do processo criativo.

    2.2 Prtica

    A prtica em ateli coloca como objetivo o acompanhamento do cliente,

    fornecendo - lhe dentre eles a arteterapia. O uso de expresso esttica (desenho,

    pintura, modelagem, msica, dana, construes, drama) no atendimento em

    arteterapia o trabalho orientado de acordo com vrias tendncias (Pain e Jarreau

    2001, p.13), entre eles, a gestalt, a analtica. Diagnstico e no trabalho

    psicoterpico j algo sedimentado na Psicologia Clnica desde aproximadamente

    1940 e na Academia.

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    A histria denota segundo Pain e Jarreau (2001) que as contribuies da

    Antropologia, da Psicanlise, da Psicologia profunda, das abordagens existenciais e

    holsticas, destacando nomes como Houschka, Freud, Klein, Jung, Naumburg,

    Winnicot, Phyne, Rogers, Silveira e da gerao nova, Bello fizeram da terapia pela

    Arte um mtodo: teoria com tcnicas condizentes ou ainda a teorizao parte de

    tcnicas bem aplicadas e estudadas.

    Quando Silveira (2001) destaca o fazer com emoo e quando

    Sandor (2000) destaca seu mtodo como a Fenomenologia do Inconsciente,

    nosso pas ganha uma figura tpica, condizente com a alma brasileira. A

    Musicoterapia a Danaterapia e a Arteterapia. So mtodos bem fundamentados

    que combinam bem com a expressividade do brasileiro em geral. Nossa alma

    calorosa, forte, expressiva e a arte tem ajudado a trabalhar eficazmente nosso

    povo.

    A Arteterapia utilizada em instituies de reabilitao fsica, deficincia

    mental, hospitais psiquitricos e hospitais. As instituies pblicas e privadas

    possuem arteteraputas e psiclogos trabalhando com artes em mltiplas funes,

    entre outros profissionais. A arte tem sido excelente instrumento nas terapias

    sexuais, familiares e nos problemas do dia-a-dia, principalmente nos casos de

    dificuldade de comunicao verbal e oral. O uso da expresso das emoes,

    sentimentos, idias atravs do desenho nas sesses iniciou-se com Jung,

    posteriormente Silveira (2001). (Carvalho, Margarida (1993)).

    A prtica da arteterapia no se restringe funo teraputica, ou

    psicoteraputica, que de acordo com dispositivos legais, fica restrita a mdicos e

    psiclogos. A rea educacional, por exemplo, um grande campo de aplicao para

    a Arteterapia. Alessandrini, 2002.

  • 16

    2.3 O Uso dos Materiais

    O uso da arte como terapia implica que o processo criativo pode ser um

    meio tanto de reconciliar conflitos emocionais, como de facilitar a autopercepo e o

    desenvolvimento pessoal. O arteteraputa pode trabalhar com material usado nas

    artes plsticas como, por exemplo, papel, lpis de diversas cores, tintas, argilas,

    carvo, e ensinar conhecimentos tcnicos simples, para que o cliente possa lidar

    com esses materiais. Ou o arteteraputa pode estimular e auxiliar o paciente a

    desenvolver alguma outra forma de expresso artstica por intermdio do corpo, da

    voz, da dramatizao ou da literatura. (Carvalho, Margarida. 1993).

    Cada atividade, material, cor, forma, movimento e som tm uma

    possibilidade de atuao durante o atendimento em arteterapia para o sujeito.

    Usando como exemplo, as caixas de medicamentos para o mdico podem virar

    materiais artsticos. Um rolo de barbante pode permitir a percepo e integrao de

    noes de especialidade. As cores quando bem utilizadas podem permitir a

    harmonizao efetiva, emocional. A modelagem permitia estimulao ttil, o trabalho

    muscular, a estruturao postural assim como a capacidade de concretizar e de

    planejar. A tcnica do desenho, inicialmente utilizada apenas projetivamente, tem na

    terapia pela arte papel de desenvolver a esfera cognitiva, o logos, alm da

    capacidade de abstrao. Os fios de l, barbante e de linha utilizados no bordado,

    tric, croch e tecelagem permitem o fortalecimento e a reeducao do pensamento.

    A imagem sonora faz entrar em contato com seu eu mais profundo que energiza os

    campos astrais etricos e cria, segundo as diferentes melodias ritmos que,

    segundo a orientao teraputica, equilibram e harmonizaram o sujeito. A dana,

    alm de sua excelncia na projeo das imagens internas permite a explorao e o

    uso adequado do espao, nos refere Philippini (2000).

  • 17

    3. CRIATIVIDADE

    de conhecimento pblico a influncia positiva exercida pela atividade

    criativa no ser humano. A criao o veculo do pensamento, das emoes, da

    objetivao de contedos conscientes e inconscientes.

    O ser humano criativo por natureza. Desde a Idade da Pedra o homem

    demonstra seu poder de criao demonstrando que a criatividade e a necessidade

    costumam caminharem juntas, pois, a necessidade de suprir algo fsico ou de expor

    emoes so detonadores da criatividade. Ao necessitar caar ou se defender, o

    homem criou armas. Descobriu como plantar para que no houvesse escassez de

    alimentos. Inventou maneiras de cobrir o corpo para se proteger das intempries,

    meios de transporte para locomoo, meio de comunicao distncia, etc... Criou

    linguagens poticas de seduo, conquistando o objeto de sua afeio atravs da

    msica, da palavra oral ou escrita, da dana, da arte. A criao de obras de arte

    para impressionar outros indivduos, a criao artstica como meio de aproximar os

    povos, a criatividade como veculo da sua prpria realizao, do direcionamento dos

    seus prprios sentimentos, de saciedade de suas necessidades emocionais.

    A Arte possibilita ao indivduo inmeros canais de expresso, seja atravs

    das tintas e pincis, da modelagem, da msica, teatro, dana escrita e outros.

    praticamente infindvel a gama de opes que nos oferece o fazer artstico. Sendo a

    linguagem artstica bi ou tridimensional, cada indivduo deve procurar aquela na qual

    melhor se adapta para expressar-se facilitando assim o desenvolvimento plstico da

    atividade artstica e sua prpria realizao.

    Uma obra artstica pode ser analisada por sua esttica do ponto de vista

    artsticos ou a partir de uma leitura simblica levando-se em conta os contedos

  • 18

    inconscientes presentes na dita obra. Ao analisar-se uma obra, Jung recomenda que

    no se misturem parmetros estticos e simblicos. (Silveira, N - Yung (2001)).

    Cada pessoa um ser nico, especial em si e por si mesmo. No existem

    dois seres iguais. As personalidades diferem e por isso no haver jamais dois

    processos criativos iguais, o que torna impossvel generalizar-se o processo criativo.

    O homem ser sempre um ser nico e inigualvel, residido na sua busca incessante

    e profunda motivao humana que o criar.

    importante falar do papel da criatividade no desenvolvimento artstico,

    bem como quais as mudanas e transformaes que se podem perceber na vida do

    idoso, como o desenvolvimento emocional, intelectual fsico, perceptivo, social,

    esttico e criador etc.

    O idoso devido seu aspecto de envelhecimento que percebido a nveis

    fsico, psquico e biolgico, depara com esta realidade em sua vida, que o torna com

    sentimentos mais fragilizados. Nesta fase importante o trabalho artstico, onde

    atravs deste despertar tambm a criatividade.

    Para Simone Beauvoir, (1970) a arteterapia atravs da utilizao de

    tcnicas e de materiais dos mais variados tipos, fazem uma ponte de ajuda entre o

    velho e a arte, com o intuito de reativar e recuperar, entre outras coisas, o sujeito

    idoso.

    Segundo Paul Bruton (1980) comentado por Deolinda Fabietti e Regina

    Fiorezzi na Revista do departamento de arteterapia do Instituto Sapientiae, atravs

    da prtica da arte, o homem pode chegar mais perto da alma. Vamos perceber que

    a criatividade e a atividade artstica podem ser facilitadoras e catalisadoras no

    processo de resgate de qualidade de vida, e do sentimento mais humano de viver

    (CIORNAI, 1995, p. 60).

  • 19

    Conforme Clarissa Pincolas Estes (1970, p.29). A arte importante

    porque ela celebra as estaes da alma. A arte no s para o indivduo; no s

    um marco da compreenso do prprio indivduo. Ela tambm um mapa para

    aqueles que viro aps de ns.

  • 20

    4. A VIDA DO IDOSO

    J de conhecimento pblico a informao de que quanto mais avanada

    a idade, maior a dificuldade dos idosos em geral manterem sua auto-estima. Ao se

    descondicionarem fisicamente e conscientizarem-se de suas limitaes motoras e

    funcionais, tendem ao isolamento, afastando-se do convvio social situao que

    favorece a baixa estima e a depresso. A sensao de estar alijado do mundo

    uma realidade dolorosa para quase todos aqueles que conseguiram viver at idades

    avanadas. Aps uma vida plena e tantos esforos para prolongar a vida biolgica,

    no se oferecem condies satisfatrias para viv-la, tornando-se a velhice sinnima

    de inutilidade pessoal e social.

    Vrios fatores interagem e tornam variveis os conceitos de

    envelhecimento dentre os quais a cultura, a poca e o grau de desenvolvimento

    econmico, assim como a alimentao, cuidados mdicos com a sade e medidas

    preventivas, dificultando a definio da velhice, visto que ela uma abstrao

    varivel. As mazelas fsicas trazidas com a velhice, tais como a queda dos dentes, o

    branqueamento dos cabelos e a queda de vigor fsico sempre implicam na

    diminuio do vigor intelectual ou psicolgico.

    Na Antigidade, entre os gregos, romanos e hebreus, os idosos eram

    respeitados, pois, exerciam ao poltica. Na Bblia, inclusive, a velhice se apresenta

    como a idade da mxima virtude. Plato, na Repblica, valoriza os velhos e reafirma

    seu poder de comandar a sociedade. A atitude de rejeio aos velhos aparece

    segundo Simone de Beauvoir (1970), j em Aristteles, na Retrica, quando

    descreve a juventude com as mais lindas cores e a senescncia como seu oposto.

    J Philippe ries (1981), ao estudar os estgios da vida humana, assinada, o

  • 21

    destronamento da velhice a partir da Idade Mdia, pois, segundo ele, nessa poca o

    velho de modo geral deixa de ser celebrado e passa a ser considerado decrpito e

    ridculo.

    O Renascimento, por exaltar a beleza do corpo e a procura pelo

    equilbrio e perfeio acentuou essa rejeio. Aps a Revoluo Industrial, a

    velhice passa a ser encarada como uma segunda infncia perde a aura de nobreza

    e menosprezado por no ser uma fora produtiva, o que diminui sua funo

    social.

    No decorrer do sculo XX, com os avanos da cincia da tecnologia e da

    medicina houve um prolongamento da vida humana til. Ocorreram avanos

    importantes tanto no aumento da longevidade quanto na vitalidade humana para as

    camadas da populao menos privilegiadas. Ao mesmo tempo, cresceu a

    necessidade da participao da mulher no mercado de trabalho e a dificuldade de se

    cuidar do idoso, que passa progressivamente a ser abandonado em suas casas,

    cuidados por terceiros, ou vivendo asilado.

    Resumindo-se a trajetria da vida atravs dos tempos, vimos que a

    Antigidade teceu a ideologia da velhice. Na Idade Mdia e no Renascimento, a

    exaltao da juventude e da maturidade. Com a burguesia, a criana se torna o

    centro das preocupaes e a velhice passa a ser a segunda infncia. Com a

    tecnocracia, passa a se idolatrar os valores juvenis.

    Para Secco (1999, p. 24).

    Nas sociedades capitalistas, o ancio s oprimido pelos isolamentos dos asilos e pela burocracia. A moral de trabalho tambm o exclui do convvio com os familiares, que no af de consumirem cada vez mais, no tm tempo para dilogo com os pais e avs.

    neste momento que o idoso deve investir em si mesmo aps ter dividido

    sua vida entre o trabalho e a famlia.

  • 22

    4.1 A Sociedade do Idoso

    Existem cinco documentos bastante significativos sobre a promoo da

    sade Carta de Otawa (1986), Declarao de Adelaide (1988), Declarao de

    Sundsvall (1991), Declarao de Bogot (1992) e Declarao de Jakarta (1997) cujos

    conceitos e proposies, respectivamente, consideram a sade como o processo da

    capacitao da comunidade para controlar os fatores determinantes de sua sade.

    Na Carta de Otawa (1986, p.17). A sade se cria e se vive no marco do

    cotidiano, nos centros de aprendizagem, de trabalho e de criao. A sade o

    resultado dos cuidados que as pessoas se dispensam a si mesmos e aos demais, da

    capacidade de tomar decises e controlar a prpria vida e de assegurar que a

    sociedade em que se vive oferea a todos os seus membros a possibilidade de

    gozar de bom estado de sade.

    de fundamental importncia ressaltar que a Constituio Brasileira de

    1988, no seu Artigo 200, torna obrigatrio, constitucionalmente muitos destes

    princpios ao estabelecer que a sade um direito de todos e dever do Estado,

    garantindo mediante polticas sociais e econmicas que evitem os danos e

    promovam a sade [...].

    4.2 A Velhice

    A velhice uma categoria sociolgica do final do sculo XX, onde o mais

    importante assegurar a autonomia, independncia e estrutura dos ciclos produtivos

    e funcionais, sem perder a historicidade social e a identidade pessoal, superando

    preconceitos com o objetivo de promover a sade, prevenir as doenas e postergar

    as incapacidades.

  • 23

    A questo se agiganta, quando se estima que, no ano de 2025, haver 32

    milhes de idosos. Diante dos dados, a ONU (Organizao das Naes Unidas)

    definiu o ano de 1999 como o Ano Internacional do Idoso.

    Sem dvida alguma, o primeiro problema a ser pensado pelo profissional

    que pretende trabalhar nesse campo social a indagao, comum a todos os que

    desenvolvem servios junto a idosos, qual o conceito que a sociedade construiu

    para a velhice.

    As mutaes ocorridas, nesse ltimo tempo natural do processo de ida

    no se caracterizam com a mesma evidncia que as etapas anteriores como, por

    exemplo, os da infncia e as da adolescncia, cujos limites se revestem de

    fundamentais transformaes tanto nos planos fsico quanto mental.

    To grande a preocupao dada em conhecer os problemas da velhice

    que, atendendo necessidade de uma didtica operatria, data a falta de

    investigaes mais especficas da Gerontologia, as definies tm indicado filiao a

    uma ou a outra cincia, segundo os critrios de cada uma, no que tange ao

    envelhecimento. Em alguns casos, a conceituao se alicera em elementos

    comparativos com os de grupos etrios anteriores, devendo entender-se por velhos

    todos os que se enquadrarem nesses conceitos.

    A terminologia velha, nos dias atuais, usada de forma pejorativa quando

    a questo do envelhecimento, na realidade percebida a nveis fsico, psquico e

    biolgico. Atualmente, as pessoas com mais de 60 anos so rotuladas de idosas ou

    indivduos que esto na Terceira Idade.

    4.3 O Processo de Envelhecimento

    O envelhecimento um processo biolgico universal. Na maior parte dos seres vivos, e em particular dos seres humanos, este processo no permite

  • 24

    definies fceis, no se resumindo a um simples transcurso do tempo. Ele dinmico, progressivo e irreversvel, caracterizado por diversas manifestaes nos campos biolgico, psquico e social, que ocorrem ao longo da vida de forma diferenciada em cada indivduo (MARTINES, 1994, apud, MOTA, 1999, p. 107).

    O idoso pode permanecer em atitude de defesa, mesmo quando todas as

    garantias de segurana lhe so doadas, porque no tm confiana nos adultos, pois

    a sua dependncia que o leva a assumir a forma da desconfiana. Sabe que os

    filhos, os amigos, os sobrinhos que o ajudam a viver financeiramente, ou cuidando

    dele, fisicamente ou hospedando-o podem, a qualquer tempo cessar-lhe essas

    ajudas ou restringi-las; podem abandon-lo ou dispor dele contra sua vontade;

    obrig-lo a mudar de residncia, por exemplo, o que se constitui um dos seus

    principais temores, pois conhece a imprevisibilidade da vida dos adultos (FREITAS,

    2001).

    A intemprie que o idoso teme doenas, deficincias, aumento do custo

    de vida so tanto mais temveis quanto suscetveis de acarretar mudanas

    nefastas na conduta de outrem. Longe de esperar que seu irreversvel declnio

    natural seja sustado ou compensado pelo comportamento de seus parentes, ele

    suspeita que estes ltimos precipitem o transcurso desse declnio, ocasionando

    situaes indesejveis, tais como colocando no asilo, justificando-se pelo trabalho

    que suas deficincias ocasionam, em contraponto com as necessidades de

    administrar suas principais necessidades cotidianas (trabalho, etc.).

    Durante o estgio pude perceber o quanto estes idosos sentem

    fragilizados, principalmente pelos parentes, ou de pessoas mais prximas. Deixaram

    transparecer suas inseguranas, em relao as atitude dos mesmos.

    Os idosos casados unem-se suas angstias, uma vez que cada qual fica

    duplamente preocupado, tanto pelo destino do cnjuge quanto por si mesmo.

    De acordo com Caldas (1998, p. 53)

  • 25

    A mediada que uma pessoa envelhece, os primeiros sinais que se notam so fsicos: os cabelos embranquecem, a pele enruga, os passos tornam-se mais lentos ao caminhar e a atividade fsica diminui. Cada pessoa envelhece de forma diferente e as alteraes ocorrem em tempos diferentes. Algumas pessoas parecem velhas aos 50anos enquanto outros desafiam sua idade cronolgica demonstrando assim muito mais jovens e ativos aos 80 ou 90 anos.

    Muitos fatores contribuem para determinar como uma pessoa envelhece.

    O estilo de vida, a ocorrncia de doenas crnicas ou agudas, acidentes, estresse

    emocional e condies ambientais desfavorveis colaboram para acelerar o

    processo de envelhecimento de uma pessoa.

    Um dos aspectos a serem examinados, a relao que o idoso estabelece com o tempo. Observa-se uma tendncia perda de perspectivas para o futuro, o que pode tornar o momento presente pouco estimulante, favorecendo muitas vezes a supervalorizao do passado, com uma nica etapa em que houve realizaes (NASCIMENTO, 2000, p. 23).

    O processo de envelhecimento influenciado no apenas pela idade,

    mas, em grande parte, pela maneira como o indivduo vive (MOTTA, 1999, p.

    107).

    Geralmente as mudanas relacionadas idade comeam em diversas

    partes do corpo em momentos diferentes e sua evoluo varia muito de pessoa para

    pessoa.

    Podemos dizer que o tempo transcorre de modo homogneo para todos

    os seres, pois a cronologia objetiva e quantificvel, mas seus efeitos so diferentes

    em cada um devido variabilidade e subjetividade individual. Cada pessoa vive o

    tempo objetivo de forma subjetivamente diferente e este produz efeitos muito

    distintos.

    As dimenses psquicas da pessoa se transformam com o passar do

    tempo, no sendo necessariamente mudanas negativas. Atualmente existe um

    enfoque positivo do envelhecimento que minimiza as perdas e valoriza a experincia

    de vida.

  • 26

    Assim a capacidade de adaptao s perdas e as demais mudanas que

    ocorrem durante toda uma vida determinam, profundamente, a idade avanada ou

    terceira idade.

    Do ponto de vida social, o envelhecimento reflete uma inter-relao de

    fatores individuais e sociais fruto da educao, trabalho e experincia de vida

    (MOTTA, 1999, p. 09).

    Obtive uma curta passagem com os idosos durante o estgio, mas

    durante este perodo de convivncia com os mesmos pude perceber que apesar de

    toda insegurana que alguns demonstraram, outros sabiam lidar muito bem com

    esta etapa de suas vidas, buscando romper estas barreiras de forma prazerosas;

    com viagens em grupos, danas, trabalhos manuais, e outros afazeres prazerosos

    que ajudavam superar suas dificuldades.

  • 27

    5. O TRABALHO DA ARTETERAPIA JUNTO AO IDOSO

    Um dos maiores ganhos de nossa existncia poderia ser a participao na

    produo da conscincia. E a sua continuidade nesta fase da vida em que

    conquistamos afinal, a concretizao maior do raciocnio abstrato fazendo

    associaes de representaes antes inacessveis.

    Eu tenho aprendido que voc no deve se comparar com o melhor que

    os outros podem fazer. Mas com o melhor que voc pode fazer (Autor

    desconhecido).

  • 28

    Foto N. 1 - Cartes Natalinos

    A insero do idoso segundo Novais (2004) em grupos de Arteterapia com

    pessoas de sua faixa etria, cria oportunidades de relacionamento e de desenvolver

    atividades que propiciem o resgate de sua auto-estima da descoberta de

    potencialidades ocultas, da liberao da emoo, objetivando sua valorizao

    perante si mesmo, aos olhos da sociedade e da famlia como um ser produtivo,

    como indivduo e cidado, pois, a prtica da arteterapia d arte atribuies

    teraputicas deixando-se de privilegiar os aspectos estticos formais das produes

    e abandonando-se os rtulos j que sua meta principal ajudar os indivduos a

    lidarem melhor com seus contedos internos, restabelecendo seu equilbrio

    emocional e encontrando sua prpria linguagem expressiva ao liberar suas

    emoes.

    A Arteterapia tem como objetivo de melhorar a qualidade de vida. Para a

    Terceira Idade, o processo teraputico visa mudanas psquicas e comportamentais.

  • 29

    Aumentar ou despertar, nos que no se prepararam para esta fase da vida, a auto-

    estima, o prazer pela vida e pela convivncia social so os resultados pretendidos.

    Com recursos expressivos, como desenho, pintura, dana, modelagem, entre outros.

    O idoso pode ser fortalecido e continuar produzindo.

    Muito tem se discutido, atualmente sobre a problemtica dos idosos na

    sociedade atual. Com a diminuio dos ndices de mortalidade e reduo das taxas

    de natalidade, muitos pases desenvolvidos e em desenvolvimento tiveram um

    considervel aumento da populao idosa. No Brasil, a situao no diferente.

    Grande parte deste contingente populacional possui uma qualidade de

    vida muito baixa. Afastados das atividades laborativas pela aposentadoria, isolados

    do convvio social pela falta de insero em grupo de referncia, negligenciado pelos

    familiares que no dispem de tempo para lhes dar ateno de que necessitam e

    destitudos de tarefas motivadoras que estimulem a manuteno de seu

    funcionamento fsico e mental, muitos idosos acabam entregando-se ao cio,

    desnimo e melancolia, desenvolvendo em seguida, patologias fisiolgicas que vo

    progressivamente limitando seu desempenho fsico e psquico, restringindo sua

    autonomia e seus nveis de conscincia e, gradativamente, acelerando sua morte,

    segundo Novais (2004). Cria-se, desta forma, um grave problema social, pelos altos

    custos designados ateno mdico-hospitalar de um grupo economicamente

    inativo e pela perda dos direitos scios de uma parcela dos cidados.

    Em todo o mundo, esta situao tem inspirado medidas e aes sociais

    que visam a melhorar o padro de vida dos idosos. A terceira idade transforma-se

    em fonte de pesquisas e filo comercial crescentemente explorado por agncias de

    viagens, clnicas mdicas, centros de beleza e companhias de turismo. Entretanto,

    em nosso pas, tais empreendimentos e iniciativas tm sido acessveis a uma

  • 30

    pequena parcela da populao mais abastada financeiramente, enquanto a maioria

    dos idosos continua abandonada e a merc da prpria sorte.

    Estudos recentes tm comprovado, contudo, que simples atividades de

    lazer e recreao, de baixo custo e simples realizao, permitem ao idoso uma

    significativa melhora em seus quadros clnicos, prevenindo o desenvolvimento de

    patologias mais graves, elevando seu vnculo afetivo com sua prpria existncia e

    aumentando sua expectativa de vida. Apesar desta constatao o nmero de

    programas ou projetos que atuam realizando tarefas deste tipo com pacientes de

    terceira idade ainda reduzido no Brasil.

    So bastante conhecidos os efeitos benficos das atividades ldicas que

    possibilitam o exerccio da criatividade, o desenvolvimento das capacidades

    imaginativas, a sublimao da agressividade, a catarse das tenses psquicas e o

    alvio do estresse emocional e fsico. A arte, como um instrumento que facilita o

    direcionamento da sensibilidade, e, principalmente, a expresso das emoes e

    sentimentos e o crescimento da auto-valorizao do eu, atravs do reconhecimento

    externo de seu potencial criativo, , sabidamente, uma das tcnicas mais ricas e

    eficazes entre as atividades ldicas.

  • 31

    Foto N. 2 - Pastas trabalhando o Exterior e Interior

    No caso do tratamento de pacientes idosos a prtica de atividades

    artsticas tem efeitos altamente teraputicos, uma vez que possibilitam a

    concentrao da conscincia em atividades prazerosas, desviando o foco da

    ateno dos momentos de sofrimentos e angstia vivenciados pelo idoso.

    A arteterapia, atravs do trabalho com sucata, tinta, materiais diversos e

    dramatizaes, colabora para a reorganizao do pensamento e da personalidade,

    que eleva a possibilidade de elabora planos que lhe tragam maior satisfao pessoal

    e exercitar a capacidade de realizao dos indivduos, que se sentem mais aptos a

    reconstrurem suas vidas. O paciente que anteriormente era vtima de abandono e

    discriminao passa, assim a se sentir mais til e produtivo, podendo descobrir uma

    nova vocao ou profisso, tendendo a recuperar o estmulo e a alegria de viver,

    possibilitando uma melhor qualidade de vida e satisfao pessoal.

  • 32

    Foto N. 3 - Apresentao de teatro com as peas de argila.

    No processo arteteraputico, vamos lentamente desfazendo complexos,

    buscando possibilidades de tolerar transgresses s normas rotineiras, rev-las e

    reescrev-las em situaes igualmente novas. Ou seja, permitir-se renovar contextos

    que j no se adequam mais nossa necessidade de comprometimentos maiores...

    com a Vida.

  • 33

    5.1 Momentos Arteteraputicos Junto com os Idosos Durante o Estgio na

    Instituio Sede da Associao Dos Idosos do Bairro Feliz Roda Viva

    Foto N. 4 - INSTITUIO SEDE DA ASSOCIAO DOS IDOSOS

    DO BAIRRO FELIZ RODA VIVA

    A Instituio a qual fiz meu estagio, foi a, Instituio Sede da Associao

    dos Idosos do Bairro Feliz RODA VIVA. Esta Instituio desenvolve um trabalho

    junto aos idosos do Bairro Feliz com vrias atividades em grupos.

    So vrios idosos que participam de eventos programados entre eles e a

    Equipe como: viagens, danas, almoos, trabalhos manuais, etc.

    O grupo de Arteterapia foi desenvolvido somente durante o perodo do

    Estagio do Curso de Especializao em Arteterapia que iniciou no dia 28 de Outubro

    de 2003 e terminou no dia 06 de julho de 2004.

    Foram desenvolvidas diversas atividades de Arteterapia, junto aos

    idosos.

  • 34

    Os horrios de sada e entrada foram respeitados, havendo tolerncia

    para pequenos atrasos. Sendo que em algumas sesses deixamos um espao para

    o lanche. Na hora da chegada todos se cumprimentavam e se assentavam,

    aguardavam calmamente as instrues para prosseguir ou iniciar novas atividades.

    Foto N 5 - Hora do lanche

    Durante os meses de estgio foram desenvolvidas atividades de desenho,

    pintura, argila, tecelagem (colha de retalhos), massa de modelar, teatro com vestes

    de vrios utenslios trazidos pelos prprios idosos.

    Os participantes tiveram liberdade para escolherem as atividades

    artsticas oferecidas e as experimentarem. Quando gostavam da tcnica escolhida,

    dedicavam-se a elas. Sendo que quase todas foram de acordo com as nossas

    sugestes.

  • 35

    Foto N 6 - Colcha de Retalho

    Foto N 7 - Mostra das partes das Colcha de Retalho

  • 36

    Apesar de que houve orientaes quanto s tcnicas, esta se deu com

    apenas a finalidade de oferecer os instrumentos para que estes idosos pudessem

    conduzir suas emoes e expressar seus sentimentos atravs da criao. Houve

    bastante interao entre os idosos com conversas, risos, ajudas entre eles e trocas

    de experincias, de forma ldica, trabalhando suas emoes desenvolvendo sua

    criatividade, expressando seus sentimentos e emoes de forma livre propiciada

    pelo prazer da criao em si, sem ligao com correntes artsticas, arte pela arte, o

    que tornou a convivncia agradvel a sociabilizou um fato.

    Os problemas apresentados pelos idosos em cada estgio foram: baixa

    estima, isolamento, depresso, esquecimentos, doenas diversas, solido, que

    foram trabalhados atravs do fazer artstico, que como facilitadora das oficinas foi

    direcionado tcnicas especficas para cada problema a fim de agir sobre os

    mesmos. Descompromissados com as vertentes artsticas, ou seja, o prazer da

    criao pelo prazer em si, o criar para a prpria satisfao, pela liberao das

    emoes. Ao se dedicarem a atividades propostas estes idosos estavam tambm

    tendo a oportunidade de desenvolver seu senso esttico, de trabalhar a

    coordenao viso-motora, a memria visual, a concentrao, a capacidade de

    ateno, a memria, a criatividade, a motricidade, etc... Alm de exercitar a

    sociabilidade, recuperando a alegria, a auto-estima e a motivao, to necessrias

    no dia-a-dia, o que influencia beneficamente na diminuio da ansiedade,

    depresso e do stress.

    Durante o perodo de estgio tivemos tambm momentos relaxantes junto

    aos idosos como: o lanche, alongamentos, exerccios de respirao, relaxamento,

    etc. Durante o lanche havia muito envolvimento uns com os outros, na troca de

    idias, receitas, comentrios dos filhos, famlia, etc.

  • 37

    Durante todo o fechamento das oficinas dvamos oportunidades aos

    idosos para relatarem sobre seus trabalhos e o que significou para si. Nestes

    momentos aconteceram desabafos, choros, risos e lembranas de infncia trazendo

    a percepo de melhorar o humor, do relacionamento com os familiares, da auto

    estima e da com fiana em si.

    5.2 Relatos Finais

    (Todos estes relatos, fotos e trabalhos que os idosos fizeram durante as

    sesses de arteterapia foram permitidos pelos mesmos. As fotos foram cedidas com

    grande prazer pelos participantes para constar nessa pesquisa.)

  • 38

    Foto N. 8 - Idosas Trabalhando com Argila

    Apesar de ter participado pouco do trabalho com arteterapia foi muito

    bom para mim, pois eu ficava isolada em casa! L no grupo pude conversar com as

    pessoas e ouvir suas histrias. E sinto que ainda sou piru C. (61 anos).

  • 39

    Foto N. 9

    Cheguei para o grupo de Arteterapia j na metade do estgio, pois

    estava em tratamento mdico.

    Estava deprimida frgil e no grupo eu melhorei bastante, pois as colegas e

    estagirias foi um amor comigo e logo me alegrei com aquelas belezas que ali

    acontecia. Senti-me valorizada, amada e mais tranqila para enfrentar a realidade.

    Foi muito bom e gostaria que durasse mais, sinto saudade de tudo e de todos,

    obrigada pela oportunidade. L. ( 61 anos )

  • 40

    Foto N. 10

    Eu me sentia estressada, angustiada, cansada. Com a Arteterapia, eu

    aprendi a questionar a minha vida, e relembrando a minha infncia, eu me senti um

    pssaro voando em busca da liberdade, de alegria, de tudo aquilo que fizesse feliz.

    Eu passei a enxergar um horizonte mais colorido e senti necessidade de explor-lo,

    e buscar a realizao de meus sonhos. G. (62 anos)

  • 41

    Foto N. 11 - Idosa Trabalhando com Tinta

    Quando eu cheguei aqui para fazer arteterapia o que eu mais gostei foi

    dos relaxamentos, das msicas, que me deixava tranqila e leve, hoje melhorei

    muito. Estou menos ansiosa, e mais equilibrada. Os trabalhos de recortes,

    desenhos, pintura e modelagem, me levaram a recordar a minha terra, em Fortaleza

    no Cear. Foi muito bom recordar. M.E (79 anos.)

  • 42

    AS

    B

    OR

    BO

    LE

    TA

    S

    GO

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    PE

    RF

    UM

    E.

  • 43

  • 44

    Foto N. 12

    Gostei muito de participar, pintar, desenhar, recordar coisas que s fiz

    quando criana. Hoje estou mais tranqila, menos ansiosa e depressiva.Recordar as

    coisas da infncia foi muito bom para mim. M.H (76 anos.)

  • 45

    Eu sofri e sofro at hoje com a morte do meu marido e minha filha, dos

    meus pais, meus irmos, mas a vontade de deus que assim seja ele mesmo vai

    me ajudar a sair dessa, eu espero um dia encontrar com todos eles no reino dos

    cus.

  • 46

    6. CONCLUSO

    Observando atentamente o comportamento desses idosos durante os

    meses de estgio, percebi que sempre que ocorria uma mudana de atitude, ela

    havia sido causada pela valorizao externa, de onde se conclui que o homem

    realmente um ser Gregrio e que necessita da aprovao externa para sobreviver,

    pois sempre que um desses idosos recebia um estmulo externo de valorizao de

    sua produo, passava de imediato a modificar suas atitudes em relao ao grupo e

    a si mesmo. Essa aprovao externa vinha geralmente na forma de um elogio, de

    um olhar culminado, da aceitao e da valorizao do que cada idoso tem e pode

    oferecer. A repetio desse tipo de atitude causava um efeito de auto-afirmao e

    auto-valorizao que se mostrava sempre eficaz no imediato aumento da auto-

    estima do idoso e conseqente melhoria de nimo e disposio.

    O papel do Arteteraputa o de fornecer ou apresentar ao cliente os

    materiais, as tcnicas e o incentivo que ele necessita para poder externar suas

    emoes e sentimentos atravs de tcnicas de arte, facilitando o processo

    teraputico.

    Durante este estgio pude observar no decorrer desses meses s

    mudanas gradativas de comportamento e de interesses apresentados pelos

    participantes em conseqncia de mudanas de atitude e de viso sobre si mesmos.

    Trabalhando em Arteterapia os idosos puderam a cada dia dedicar-se a novos

    desafios encarando propostas novas ou atividades onde anteriormente j se haviam

    negado a experimentao por acharem-se incapazes de uma produo mais

    elaborada ou pelo receio de arriscar-se em algo que poderia resultar em fracasso.

    Pude assistir essas pessoas se arriscando aos poucos, vencendo tabus com

  • 47

    grandes dificuldades, duvidando de sua prpria capacidade, tentando ou

    experimentando apenas pelo prazer da experimentao e, ao mostrarem pelos

    resultados obtidos do que eram capazes, ou mesmo que aos olhos de outros no

    fosse os mesmos olhos dos idosos e maravilhava-se com sua prpria produo,

    tornando-se cada vez mais seguros de seu prprio potencial, demonstrando alegria

    no criar descompromissado, ocupando seu tempo vago, transformando lazer em

    prazer, fortalecendo e reconstruindo sua auto-estima e demonstrando o papel

    importantssimo que a arteterapia ocupa no seu dia-a-dia.

  • 48

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALESSANDRINI, C. D. Mtodos, dados e tcnicos em arteterapia. Apostila do Mdulo VIII do Curso de Especializao em Arterapia, Braslia, 2002.

    ARIS, Fhilippe. Histria social da criana e da famlia. Trad. Dora Faksman. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

    BEAUVOIR, Simone. A velhice. Trad. Heloysa de Lima Dantas. So Paulo: Difel, 1970.

    BENJAMIN, Walter. Magia e tcnica, arte e poltica. Trad. SP. Rouanet. 2. ed. So Paulo: Brasiliense, 1986.

    BRASIL / Ministrio da Sade / IEC, 1996, OMS. Organizao mundial da sade, 1997.

    BRUTON, P. (1980). Percepo dos processos das motivaes criadoras. do Curso de Especializao em Arteterapia, Braslia, 2003.

    Cadernos IPUB. N10. 2. ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999.

    CALDAS (1998,p. 53) A arteterapia e o processo de envelhecimento. Apostila do Mod. V do Curso de Especializao em Arteterapia, Braslia, 2002.

    CARVALHO, Maria Margarida M. J. A arte cura? o que arteterapia. So Paulo: Editorial PSY II, 1995.

    CIORNAI, 1995, p. 60, Capacidade criativa e inteligncias mltiplas. Apostila do Mod. II, do Curso de Especializao em Arteterapia, Braslia 2002.

    COOL, C. et. al. Desenvolvimento psicolgico e educao. Porto Alegre: Artes mdicas, 1995.

    ESTES, Clarissa P. A arte importante porque ela celebra as estaes da alma. Rio de Janeiro: Rocco, 1970.

    FABIETTI, Deolinda M. C. F. Arterapia e envelhecimento. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2004.

  • 49

    FREITAS, Nilson Guedes de. Pedagogia do amor. Rio de Janeiro: Wak, 2001.

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