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APRENDER A ENSINAR: MÉTODOS QUE DEVEM NOTEAR AS PRÁTICAS
EDUCACIONAIS CONTEPORÂNEAS.
Lucineide Gomes Godinho Cardoso1 - UEMG
RESUMO
Este artigo põe em evidência as diversas discussões que envolvem as práticas
pedagógicas que orientam o processo de ensino-aprendizagem nas escolas.
Tendo como base o fracasso escolar com relação aos rendimentos e
aproveitamento insatisfatório dos conteúdos curriculares, questiona posturas
errôneas e elabora propostas de reformulação destas. O foco principal deste é
a apresentação de alguns métodos que trazem melhorias e resolução para tal
questão, sendo que estão voltadas, sobretudo, as formas de busca pelo saber.
Palavras chaves: conhecimento; estratégias; educação.
INTRODUÇÃO
Desde a formação da sociedade que o homem viu a necessidade de ampliar
seus horizontes e buscar meios de organizar os grupos sociais, afim de que
fossem solucionadas as divergências que ocorriam entre as classes. Tal
afirmação pode ser comprovada pelo tempo que compreende o século XVI até
o XIX, que foi marcado pelas grandes navegações, a descoberta das Américas,
as crises sociais advindas das revoluções industrial e francesa, que
provocaram grandes mudanças sociais, (principalmente na sociedade
européia), pela dominação capitalista, colonização de vários países e pela
1 Acadêmica do 3º núcleo formativo de Licenciatura em Pedagogia, modalidade da Educação a Distância (EaD), ofertado pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
exploração das classes sociais menos favorecidas. Este contexto histórico
serviu de cenário para o surgimento da sociologia. Que visava à organização
da sociedade. Assim, vale ressaltar a ligação que se estabelece entre
sociedade e educação, pois o homem é parte que integra a sociedade como
um todo, sendo, portanto, condição necessária para que haja as ciências
sociais.
O foco principal, deste, é a educação, que por se tratar de um campo que
propicia benefícios enormes a sociedade e ao fato de estar atravessando
adversidades muito grandes, tornou se uma questão norteadora de reflexões
profundas e análise das formas utilizadas para busca e obtenção do
conhecimento. Esta por sua vez, consiste basicamente em um recurso capaz
de formar cidadãos preparados para viver em um universo cheio de impasses,
e capazes de solucionar os mesmos através de postura crítico-participativa.
Deste modo, fica evidente a importância da construção de educandários que
almejem formação integral de seus alunos, tratando-os como seres capazes de
produzir conhecimento, sendo co-autores do desenvolvimento.
Este trabalho abordará as diversas formas de produção de conhecimento, e
está fundamentado nas reflexões Boaventura de Souza Santos, Edgar Morin e
Pierry Lévy, teóricos que pesquisam o campo educacional e buscam soluções
para os dilemas que se fazem presentes na educação, no que diz respeito às
diversas formas do saber, bem como as formas de educar na era atual, além
de fazer avaliação do processo educacional vigente, com vistas a uma
reformulação, que, aliás, é de caráter emergencial.
APRENDER A ENSINAR: MÉTODOS QUE DEVEM NOTEAR AS PRÁTICAS
EDUCACIONAIS CONTEPORÂNEAS.
Os problemas sociais vêm se tornando referência para entendermos o
verdadeiro sentido da educação, e como esta exerce influência em nossas
atividades de vida diária e em toda esfera social. Pois no período em que a
sociedade vivia sob caos e desorganização, surgiram pensadores que
enxergavam a educação como processo de preparação para o enfrentamento
da vida social e superação de toda sua problemática. Podemos citar como
exemplo importante o aumento significativo do desenvolvimento social em
países da Europa e do Japão, que mesmo destruídos pela Segunda Guerra
Mundial se reconstruíram rapidamente, assim grandes estudiosos
responsabilizaram não somente os recursos financeiros vindos do trabalho,
mas apontavam como grande responsável os investimentos aplicados a
educação. A partir dessa visão surgem convicções diferenciadas a respeito da
escola e denotam a importância que ela exerce sobre o homem, e também as
transformações que podem ser alcançadas por meio do saber e surgem
também políticas de valorização da educação.
Partindo de fatos concretos, é possível perceber que a maioria das crises
sociais ocorre devido à coerção, ou seja, o homem se sente frágil e inseguro
diante dos fatos, e isso se dá justamente ao fato de estar despreparado para o
enfrentamento daquilo que lhe aflige, (em se tratando de problemas sociais).
Em nossa era atual, pode até soar estranho tal termo, mas na verdade e o que
prevalece na maioria das situações cotidianas. Diante deste contexto, a
educação, configura como canal de intervenção, redirecionando os caminhos e
fazendo mudanças.
O processo de ensino-aprendizagem faz parte da fase de construção do ser,
ficando seguida apenas pela formação inicial, que a criança recebe em casa,
no berço dos princípios ético-morais, que sua família emprega e que em
ambiente escolar recebe os “acréscimos” necessários a sua formação. Nesses
aspectos damos ênfase, portanto, ao ensino contemporâneo, e quais são os
rumos que ele segue, ou seja, quais as práticas pedagógicas utilizadas tanto
na formação de docentes, quanto aos métodos utilizados nas escolas para
ensinar e para aprender. A busca pela resposta de tais indagações vem em
constante discussão, pois todos os inseridos na educação, tem ciência da
importância do efetivo exercício da função, e as competências que a mesma
exige, embora não seja propriamente o que revela as ações dos professores
em sala, diante de uma classe. Infelizmente a certeza que têm é da lacuna
existente no ensino, provocada dentre outros fatores, pela falta de
compromisso no exercício da função, pelo despreparo daqueles que se
propõem a ensinar e pela negligência de algumas instituições de ensino, que
não cobram de seus colaboradores, formas adequadas para transmissão do
conhecimento que os alunos realmente precisam. Tornando assim “frouxas”,
quanto à qualidade dos serviços prestados. “O ensino tem de deixar de ser
apenas uma função, uma especialização, uma profissão e voltar a se tornar
uma tarefa política por excelência, uma missão de transmissão de estratégias
para a vida. A transmissão necessita, evidentemente, da competência, mas,
além disso, requer uma técnica e uma arte.” (MORIN, 2003 p.98)
Todo esse cenário, nos remete a analisar questões que se fazem necessárias
em âmbito educacional, pontuando principalmente as formas de aquisição do
saber e do conhecimento, que é elemento fundamental, na formação
intelectual, pessoal e até mesmo profissional do ser humano. É importante
pontuar as incertezas e as urgências que ferem as práticas pedagógicas
contemporâneas.
As epistemologias do Sul, pregadas por Boaventura de Souza Santos,
emergentes no ano de 1995, trazem propostas para reformular as práticas
cognitivas, sendo proposta alternativa para que possa pensar em
transformação, pois permitirá a inibição de pensamentos conformistas.
Segundo o mesmo, a justiça global, será possível através do conhecimento,
onde as pessoas possuirão habilidades para lutar pela justiça social,
encontrando as causas e, por conseguinte as soluções de tais causas.
Outro fator que contribui muito para a melhoria das ações pedagógicas é
valorizar o mundo tecnológico que nos cerca, utilizando os mesmos como um
instrumento que facilita a pesquisa e o estudo. As considerações de Pierry
Lévy devem ser levadas em consideração neste momento, pois a
informatização revolucionou o mundo, e através desta, muitas conquistas
podem ser observadas em todas as atividades do ser humano. Bastando
apenas uma análise simples de nosso cotidiano, podem ser observados vários
benefícios que a era tecnológica propicia. No tocante a educação, a utilização
dos meios tecnológicos, como recursos audiovisuais, internet, redes sociais, as
TIC’s entre outros, dão subsídios, para aulas dinâmicas, mais interessantes e
com maior aproveitamento. Alguns destes recursos, como a internet e as redes
sociais, por exemplo, são fontes de interação e comunicação entre os
indivíduos, e se usadas corretamente dentro do campo educacional, são uma
fonte de aprendizado coletivo, onde todos os envolvidos aprendem juntos. E
através da troca de informações e saberes, propagam o conhecimento. Neste
sentido, deve ser salientada a importância de os professores possuírem
preparação adequada para esse tipo de prática, sendo importante preparação
devida para utilização dos meios, para evitar as urgências e situações
desagradáveis.
Uma questão relevante, e talvez uma das mais importantes, nesta busca por
novas formas do saber, tem como referência Edgar Morim, quando ele diz o
conhecimento não deve ser ensinado, mas ensinar a conhecer, ou seja, o
aluno deve aprender a buscar o aprendizado. Isto nos remete a pensar que o
ato de ensinar, possui um campo vasto a ser explorado, para tanto, o incentivo
deve ser a base, e deve iniciar logo na educação primária estendendo a
universidade.
Trazer os conteúdos para a realidade dos alunos é também muito eficaz, pois
contextualização permite que os alunos possam relacionar os conteúdos
trabalhados em sala, com o seu dia-a-dia, podendo fazer uma melhor
assimilação, chegar as suas próprias conclusões, dar consistência a sua
postura crítica, além de permitir o conhecimento dos problemas globais, ou
pelo menos parte deles.
Outro fator interessante é a questão da fragmentação dos conteúdos, que para
Morin é um motivo de crítica e podem trazer inúmeras consequências. Partindo
da indivisibilidade dos seres humanos, podemos concluir que na educação,
definitivamente não deve haver a separação das áreas científicas, seja ela de
qualquer natureza, pois vivemos em um ciclo, onde tudo está interligado. E não
há no que se fundamente a ilusão de que para ensinar, deve ser cada qual em
seu devido lugar, como se fosse delimitado o espaço de cada área do saber. O
primeiro passo deve partir da relatividade e da complexibilidade, valorizar e
preservar detalhes, particularidades e a integridade das ciências, dos seres
humanos e do universo como um todo. E o mais importante, tratar essas
questões como fontes renováveis para o ensino e como perspectivas de
melhorias para a educação. Em suma: o conhecimento deve ser feito de forma
conexa, e deve partir dos princípios de estimulação e desenvolvimento.
E por fim, é preciso buscar o conhecimento, procurando se adequar as
mudanças frenéticas e velozes que ocorrem no planeta, principalmente quando
se trata de conhecimento. Pois estes passam por mudanças bruscas e à
medida que o tempo passa, os paradigmas vão sendo quebrados e/ou
substituídos. Deste modo, a educação deve trilhar por caminhos que possam
realmente ajudar os alunos acompanharem o mundo das transformações e
evolução. Pois a perpetuação da espécie depende da ciência e das
descobertas que são feitas através das pesquisas científicas.
Para isso é importante que na educação sejam adotadas medidas que
valorizem qualidade e não quantidade, e devem incentivar os alunos produzir
conhecimento através do processo de investigação, estruturados nos
pensamentos lógicos e fundamentados na razão. Estas ações consistem em
propiciar situações favoráveis ao aprendizado, que dão ênfase ao contexto
social do aluno e a complexibilidade do universo e dos saberes.
CONCLUSÃO
Tendo em vista que a educação está diretamente ligada à sociedade e a
estruturação desta, são viável que sejam implementadas ações voltadas à
melhoria e reversão de um quadro triste e retroativo que se encontra a
educação. E importante que haja mudança, e esta não deve partir apenas de
um pequeno grupo social ou daqueles que tem consciência da gravidade do
problema que assola o sistema educacional vigente. È, portanto, uma atitude
que deve ser tomada por todos os inseridos no processo: corpo discente e
docente, comunidade escolar e colaboradores em geral. A partir da
possibilidade e garantia de mudança das leis que regem o sistema, as atitudes
se transferem para os professores e as práticas pedagógicas aqui discutidas.
Neste sentido, destacam-se as formas disponibilizadas para ensinar/ aprender,
estas por sua vez consistem no volume primordial do saber. Enfatizamos o
incentivo, o compromisso, a capacidade de enfrentar e superar desafios da
profissão, bem como propiciar recursos eficazes para o aprendizado. No
tocante a gestão pedagógica, deve ser assumido o compromisso de ser
preservado a integridade e totalidade dos alunos, tratando com igualdade e
oferecer espaço de aprendizado que promova a motivação pela busca do
saber. Sendo que as práticas devem ser norteadas pelo reconhecimento e
análise coletiva da complexibilidade universal, afim de que possam ser
reconhecidas e resolvidas as adversidades sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORIN, Edgar, CIURANA, Emílio Roger, MOTTA, Raúl Domingo. Trad. Sandra
Trabucco Valenzuela. Educar na era planetária. O pensamento complexo como
Método de aprendizagem no erro e na incerteza humana. São Paulo: Cortez,
2003. in:http://www.uesb.br/labtece/artigos/Edgar%20Morin%20%20Educar
%20na%20Era%20as planet%C3%A1ria.pdf. acesso em 17/04/2015 as 21:31.