Artigo cientifico de Psicopedagogia
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IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO
Daniela Gatolini de Souza1
RESUMO
O presente estudo objetivou apresentar a importância do psicopedagogo no desenvolvimento do educando, a partir das possibilidades de intervenção do Psicopedagogo diante das dificuldades específicas que os alunos apresentam. Assim, com o estudo feito, pode-se concluir que o Psicopedagogo pode fazer muita diferença no desenvolvimento do educando, com uma escuta e um olhar mais sensível quanto às demandas de professores, alunos e famílias. Assim, a Psicopedagogia tem um importante papel na vida da criança que apresenta necessidades e demanda cuidados, pois, enquanto aprende na escola, compreendendo que o desenvolvimento cognitivo de uma criança é uma longa fileira de transformações, de transgressões de uma atividade dominante para outra, é um diálogo que ela estabelece com o seu futuro, com o caminho que vai trilhar e com os recursos e possibilidades que o meio lhe oferece.
Palavras-chave: psicopedagogo; ensino; educando.
1- Graduada em Pedagogia pela Universidade São Francisco, e em Letras pela Faculdade ASMEC, pós graduada em Espanhol pela FINOM., é aluna do curso de pós-graduação Lato sensu emPsicopedagogia Institucional da FINOM, atua como professora da rede estadual de São Paulo em Águas de Lindóia.
1 INTRODUÇÃO
Um olhar psicopedagógico no processo educativo se ocupa das relações sociais, dos
mecanismos das interações entre aluno e professor, das ações do processo ensino-aprendizagem e
das implicações sociais desse processo, que representa muito mais do que uma relação formal e
superficial em que o aluno deve memorizar conhecimentos e adquirir habilidades, tornando-se
disciplinado e obediente, “adestrado”.
Tomando o processo de ensino como algo vivo, a psicopedagogia está profundamente
comprometida com a apreciação do aluno como um indivíduo único, cuja personalidade é
construída através da vivência social e cultural mas, sobretudo, a partir das internalizações que faz
acerca da prática social, das demandas ambientais e de suas próprias necessidades.
Desta forma, compreender o processo educativo implica no reconhecimento da existência
das funções psicológicas superiores, as quais caracterizam o funcionamento psicológico tipicamente
humano e que, para que a verdadeira aprendizagem ocorra, é necessário que todas as funções
intelectuais sejam vivenciadas (atenção deliberada, memória lógica, abstração e capacidade para
comparar e diferenciar). O trabalho em sala de aula deve oferecer à criança oportunidades e
situações que a levem a vivenciar ativamente essa importante fase do desenvolvimento da
personalidade e a aprender com o outro.
Diante dessas considerações, o presente estudo objetiva apresentar a importância do
psicopedagogo no desenvolvimento do educando, a partir das possibilidades de intervenção do
Psicopedagogo diante das dificuldades específicas que os alunos apresentam.
2 OS PRESSUPOSTOS DA PSICOPEDAGOGIA
A psicopedagogia consiste numa nova área do conhecimento que, através da
interdisciplinaridade, recorre a aspectos específicos da psicologia e da pedagogia, dentre outras
áreas, para permitir uma apreensão mais efetiva da aprendizagem e de suas peculiaridades (BOSSA,
2000).
Atualmente, adota-se uma concepção de aprendizagem em que o sujeito influencia e é
influenciado pelo meio, aspecto no qual reside a especificidade do objeto de estudo da
psicopedagogia: o processo de aprendizagens e seus problemas.
O diagnóstico psicopedagógico é um processo de trabalho no qual, segundo Bassedas et al.
(1996, p. 46), “é analisada a situação do aluno com dificuldades dentro dos limites da escola e da
sala de aula, a fim de proporcionar orientações e instrumentos de trabalho aos professores, que
sejam capazes de modificar o conflito estabelecido”.
Todo diagnóstico psicopedagógico é uma investigação, uma pesquisa sobre o que não vai
bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Visto que a idéia básica de aprendizagem é
a de um processo de construção que se dá na interação permanente do sujeito com o meio que o
cerca (família – escola – sociedade), o não-aprender, o aprender com dificuldade ou lentamente, o
não-revelar o que aprendeu, o fugir de possíveis situações de aprendizagem são analisados, segundo
Weiss (1997) buscando uma compreensão global da sua forma de aprender e os desvios que estão
ocorrendo nesse processo. Quando essa compreensão é buscada recorrendo-se a conhecimentos
teóricos e práticos, dentro de uma determinada perspectiva metateórica, o diagnóstico
psicopedagógico subordina-se ao método clinico, ao estudo de cada caso em particular. Nesse
sentido, busca a unidade, a coerência, a integração que evitariam transformar a investigação
diagnóstica numa ‘colcha de retalhos’ com a simples justaposição de dados ou com mera soma de
resultados de testes e provas.
O trabalho preventivo é realizado em diversos níveis de prevenção, dependendo se o seu
objetivo é diminuir a freqüência dos problemas de aprendizagem ou tratar dos problemas já
instalados. Desta forma, é possível afirmar, a respeito do trabalho preventivo, que existem
diferentes níveis de prevenção. De acordo com Bossa (2000, p. 22):
No primeiro nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de diminuir a ‘freqüência dos problemas de aprendizagem’. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagens já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da realidade institucional e elaboram-se planos e intervenção baseados nesse diagnóstico, a partir do qual procura-se avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam tais transtornos. No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados, num procedimento clínico com todas as suas implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de outros.
A psicopedagogia tem um profundo compromisso com o caráter preventivo, podendo não
somente sanar os problemas de aprendizagens como também melhorar o desempenho das crianças.
O psicopedagogo compreende o porquê do sujeito não aprender através de um diagnóstico
de investigação e de intervenção. Também são consultados outros profissionais quando necessário,
para complementação do diagnóstico.
Dentro desses pressupostos, torna-se o trabalho do psicopedagogo fundamental quando as
dificuldades de aprendizagem são evidentes, pela capacidade em oferecer respostas que, à luz de
teorias pedagógicas, psicológicas, biológicas, psicanalíticas, neurológicas, esclarecem com maior
amplitude e seguranças as causas dessas dificuldades.
Segundo Bossa (2000, p. 29):
Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e escolares, às inibições, atrasos e desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado. O conhecimento psicopedagógico não se cristaliza numa delimitação fixa, nem nos déficits e alterações subjetivas do aprender, mas avalia a possibilidade do sujeito, a disponibilidade afetiva de saber e de fazer, reconhecendo que o saber é próprio do sujeito.
Um olhar psicopedagógico no processo educativo se ocupa das relações sociais, dos
mecanismos das interações entre aluno e professor, das ações do processo ensino-aprendizagem e
das implicações sociais desse processo, que representa muito mais do que uma relação formal e
superficial em que o aluno deve memorizar conhecimentos e adquirir habilidades, tornando-se
disciplinado e obediente, “adestrado”.
Tomando o processo de ensino como algo vivo, a psicopedagogia está profundamente
comprometida com a apreciação do aluno como um indivíduo único, cuja personalidade é
construída através da vivência social e cultural mas, sobretudo, a partir das internalizações que faz
acerca da prática social, das demandas ambientais e de suas próprias necessidades.
Desta forma, compreender o processo educativo implica no reconhecimento da existência
das funções psicológicas superiores, as quais caracterizam o funcionamento psicológico tipicamente
humano e que, para que a verdadeira aprendizagem ocorra, é necessário que todas as funções
intelectuais sejam vivenciadas (atenção deliberada, memória lógica, abstração e capacidade para
comparar e diferenciar).
O trabalho em sala de aula deve oferecer à criança oportunidades e situações que a levem a
vivenciar ativamente essa importante fase do desenvolvimento da personalidade e a aprender com o
outro.
Tanto na família como na escola, a criança é considerada como parte do social como um
todo, mas também apresenta a característica de sujeito da relação social. O ambiente social somente
se transforma em estímulo ao desenvolvimento psíquico da criança quando ela interioriza suas
vivências a partir da troca de emoções e afetos que deve se dar, a princípio, entre a mãe e a criança
e, mais tarde, entre o professor e o aluno.
O desenvolvimento cognitivo de uma criança é uma longa fileira de transformações, de
transgressões de uma atividade dominante para outra, é um diálogo que ela estabelece com o seu
futuro, com o caminho que vai trilhar e com os recursos e possibilidades que o meio lhe oferece.
Portanto, o desenvolvimento das funções psíquicas superiores depende diretamente da vontade e da
consciência do indivíduo, despertadas (ou não) pelas relações sociais estabelecidas.
3A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO MEIO ESCOLAR
Relativamente às dificuldades de aprendizagem, a atuação do Psicopedagogo na instituição
escolar parte da premissa de que as escolas têm deficiências em saber as causas das dificuldades de
aprendizagens apresentadas pelas crianças, pois a falta de preparação dos professores frente a essas
dificuldades leva-os a encarar tais questões apenas como não-aprendizagens.
Assim, a intervenção psicopedagógica reconhece que as dificuldades de aprendizagens
(DAs) evidenciam-se quando há presença de problemas emocionais e comportamentais no
desenvolvimento de uma criança. Na infância podem ser notadas dificuldades comportamentais
quando a criança apresenta comportamentos inadequados à sua faixa etária e contrários aos
comportamentos das crianças que não possuem dificuldades.
O comportamento das crianças com DA’s pode ser marcado pelo isolamento, a inibição e a
inquietação. As queixas referentes às dificuldades de aprendizagens estão ligadas a conflitos
emocionais que são manifestados internamente, através de fugas e inibições.
O não-saber, muitas vezes, está implicado a aspectos dolorosos que marcaram, em algum
momento, a vida da criança. As dificuldades mais comuns são concernentes às atividades
intelectuais, pois a criança apresenta problemas em lidar tanto com suas vivências quanto com suas
ansiedades. Nesse sentido, as escolas têm deficiências em saber as causas das dificuldades de
aprendizagens apresentadas pelas crianças, pois a falta de preparação dos professores frente a essas
dificuldades leva-os a encarar tais questões apenas como não-aprendizagens.
Uma das formas pelas quais o Psicopedagogo atua diante das dificuldades de aprendizagem
é através da avaliação psicopedagógica, sobre a qual manifestam Dalmau et al, apud Monero et al
(2000, p. 72):
Avaliação psicopedagógica é um processo de apoio às decisões tomadas a respeito da situação escolar dos alunos. É um processo contínuo, que tem a função de melhorar a atenção educativa de cada aluno, norteando as decisões a serem tomadas no processo ensino-aprendizagem e complementa a avaliação escolar. Ao mesmo tempo em que ajuda a tomar decisões pedagógicas promove a adequação da ação educativa, utilizando informações que vão surgindo no decorrer do processo e introduzindo progressivamente as mudanças necessárias.
Existem seis fases bastante definidas no processo, as quais podem ser assim definidas, de
acordo com Ferreira (2002):
1 Aproveitamento da informação que a escola já possui sobre o aluno: É o ponto de
partida da avaliação psicopedagógica, baseada no primeiro contato com a família, na qual as
informações que foram passadas à sua ficha pessoal são ampliadas através de entrevistas com os
pais, comparando-as com novas informações do professor ou da família, em cada etapa da
escolarização:
- Na Educação Infantil, são pontuados os hábitos, atitudes (em relação aos familiares mais
próximos, às outras crianças, aos adultos, animais, objetos, etc.), normas (dependência e
independência nas relações, atitudes diante da frustração, aceitação e resolução de conflitos, etc.) e
pautas educativas familiares, capacidades relativas à comunicação, expressão e compreensão da
linguagem, desenvolvimento motor, memória, atenção, dentre outros.
- No Ensino Fundamental, considera-se a autonomia e organização pessoal e hábitos de
higiene, capacidades de linguagem e habilidades motoras, tarefas escolares, atividades extra-escola;
atitude pessoal em relação à família, amigos, outros adultos, dependência ou independência nas
relações (aceitação de normas, resolução de conflitos pessoais e coletivos, etc.).
- No Ensino Médio, além das informações acima, são consideradas informações
expontâneas sobre a família e a vida escolar, amigos, interesses, problemas, etc.; atitudes em casa,
pedido de ajuda, aceitação e cumprimento de normas familiares, autonomia, reação de pais e
familiares em caso de conflitos, responsabilidades pessoais relativas ao trabalho escolar, solicitação
de ajuda para entendimento ou controle, acompanhamento da agenda, acompanhamento e
entrevistas por professores, reações familiares ao desempenho escolar, tempo dedicado à leitura de
livros não escolares, familiares que se encontram em casa ao término da jornada escolar.
2 Avaliação da situação inicial: realiza-se após a solicitação de intervenção e se orienta
pelas informações já obtidas sobre a situação inicial do aluno e os motivos da solicitação da
avaliação psicopedagógica. É realizada através de um documento-guia que facilita a atualização das
informações, a revisão de trabalhos escolares, a análise de materiais curriculares utilizados e a
dinâmica da aula, a eficácia das ações já tomadas. É registrado por escrito o que o aluno é capaz de
fazer em relação às áreas instrumentais, para comparação da visão inicial do orientador com a
obtida através da avaliação psicopedagógica.
3 Análise da evolução da situação inicial com profundidade, para efetivamente facilitar a
intervenção em decisões de ajuda pedagógica ao aluno, gerando mudanças. É realizada em três
etapas:
1ª - Observação em sala de aula, para obter informação de como se desenvolve a dinâmica
da aula em seu conjunto, qual é a prática educativa do professor, considerando uma descrição do
que ocorre na sala de aula. Observa-se a ligação e seqüência entre as atividades, orais ou escritas, as
normas para a apresentação, o material e o tempo utilizados; a ordem para início da atividade e
explicações do professor, o acompanhamento, a coerência e a forma pela qual se assegura a
compreensão; o desenvolvimento da atividade, sua diferenciação dentro desses aspectos e o tipo de
atividade; a atitude do grupo, relativamente ao interesse, acompanhamento, grau de envolvimento,
bem como dispersão, recondução da atividade e eficácia das intervenções do professor; o número de
alunos que a acompanham as atividades, dificuldades, tempo médio de execução, apreciação da
elaboração das tarefas, intervenções disciplinares, de esclarecimento, organização, correções gerais,
ajudas solicitadas, propostas de reflexão e outras alheias; e, ao final da atividade, a intervenção do
professor, a forma de correção e de registro do trabalho, proposta de trabalho de consolidação do
conteúdo e avanço para a próxima sessão.
2ª - Análise do trabalho dos alunos: Possibilita conhecer com detalhes a dinâmica que foi
observada, o tipo de material utilizado, as normas de trabalho (obediência às normas estabelecidas),
o nível de elaboração do trabalho e a qualidade da escrita, a freqüência de determinados tipos de
atividade, os erros mais habituais, a avaliação do professor (correções, anotações, comentários
escritos). Numa análise comparativa entre os alunos e o professor, é acompanhada a evolução da
aprendizagem ao longo do curso, para introduzir mudanças que sejam necessárias.
3ª - Provas psicopedagógicas: Completadas as etapas anteriores, passa-se à buscar a
informação sobre a capacidade do aluno nas diferentes áreas do currículo e em relação a diferentes
capacidades no próprio aluno. Através das provas psicopedagógicas essas informações são
facilitadas e é possível observar o estilo de aprendizagem e dificuldades em progredir na
escolaridade de cada aluno em particular. Além da vida escolar, essas provas observam o
relacionamento familiar e social, os interesses e motivações e as maiores dificuldades que o aluno
possa manifestar em relação a esses aspectos.
4 Devolução da informação aos professores, iniciando com uma avaliação positiva do
aluno, salientando suas capacidades. Através dessa primeira postura, projeta-se e planeja-se as
ações educativas necessárias, enfatizando a explicação da situação do aluno no contexto escolar.
É apresentado um resumo escrito da avaliação e são realizadas orientações sobre o trabalho
que deve iniciar, bem como a função de cada um dos envolvidos nessas ações. Devem ser
programadas reuniões de acompanhamento posterior.
5 Informação aos pais ou responsáveis legais sobre as conclusões da avaliação
psicopedagógica e quais as decisões que serão tomadas pelo professor com relação aos alunos.
Essas entrevistas familiares devem ser realizadas preferencialmente pelo professor, evitando-se que
um número maior de pessoas a acompanhem. O psicopedagogo somente participará em casos
especiais. Nesse momento, se comunica os resultados, as ações educativas a serem realizadas,
esclarecendo-se aspectos relativos à situação familiar, para que possam ser acompanhados e
complementados na família.
6 Acompanhamento: Formas de revisão do processo educativo, apresentação de sugestões
sobre as adaptações a serem feitas no currículo para ações posteriores, tomada de decisões ao final
do período para a continuidade do processo caracterizam o acompanhamento, que deve ser contínuo
e envolver toda a comunidade escolar e familiar.
É imprescindível a avaliação pedagógica na tomada de decisões sobre os aspectos mais
relevantes que se inserem nas dificuldades de aprendizagem. Para que a avaliação psicopedagógica
favoreça a realização de ajustes pertinentes, para que se aprenda a “aprender e ensinar melhor”,
respeitando diferenças individuais e promovendo aprendizagens mais significativas, deve situar-se
em um contexto de colaboração que envolva também os professores e toda a estrutura da escola.
A função principal da intervenção psicopedagógica é colaborar com as equipes de
professores para efetivar a melhoria da qualidade da educação garantir o acesso a todos os alunos.
3.2.1 A atuação do Psicopedagogo quanto ao desempenho escolar
A expressão do conhecimento construído pelo aluno não pode ser observada através de
instrumentos de avaliação classificatórios e critérios padronizados e quantificáveis que não
consideram a visão de conjunto.
É preciso analisar as manifestações dos alunos absorvendo duas dimensões: a interpretação
de seus entendimentos e da forma de expressão de tais entendimentos, direcionando o trabalho
pedagógico nas duas direções. É preciso intervir para promover maior entendimento das noções em
estudo e, ao mesmo tempo, a melhor expressão do conteúdo construído.
Práticas de auto-avaliação somente são eficientes quando objetivam a evolução do aluno em
termos de uma postura reflexiva sobre o que aprende, as estratégias de que se utiliza e sobre sua
interação com os outros. Baseia-se numa relação de confiança entre professor e aluno, no diálogo,
no enfrentamento conjunto de obstáculos e de dúvidas, em sentimentos e descobertas partilhados.
Para que se possa compreender os conflitos e as hipóteses que a criança vivencia nas
distintas etapas da aprendizagem, os quais representam os meios através dos quais organiza a sua
própria aprendizagem, necessariamente deve ser invocada a questão de como são vistos os erros
pelos educadores, bem como estes estão sendo trabalhados em sala de aula.
A verificação de dificuldades no processo de aquisição do conhecimento, nos diversos
níveis de escolarização, deve ser realizada de acordo com os níveis pelos quais a criança passa na
tarefa de buscar a compreensão daquilo que lhe é ensinado, a fim de criar hipóteses que a auxiliem
na compreensão dos conteúdos.
Mariante (1999), voltando-se para a alfabetização, enfatiza que as dificuldades passam por
diversos níveis. O erro torna-se construtivo quando a criança está fazendo tentativas e, auxiliada
pelo educador, busca a superação desses erros, sentindo-se estimulada, e não excluída, através desse
auxílio que lhe é dispensado.
A respeito dos erros no aprendizado, Morais (2001) esclarece que aprender é um processo
complexo, cujo resultado depende de vários fatores, muitos deles que extrapolam o universo
escolar. As oportunidades de convívio com a escrita impressa (no lar e na escola) influem
fortemente sobre o rendimento ortográfico dos indivíduos de diferentes grupos sociais, porque as
características das correspondências que cada criança faz entre letra e som e a freqüência do uso das
palavras influenciam seu rendimento na escola.
O trabalho de avaliação do certo e do errado passa necessariamente pelo reconhecimento de
que os erros são essenciais, porque constituem pré-requisitos para a sistematização da forma
correta. Ao fazer a distinção entre “o certo e o errado”, a escola faz uma discriminação ideológica
entre “bons” e “maus”, discrimina e rotula os alunos.
Somente quando admite a consciência prévia que a criança traz de suas próprias
experiências no meio em que vive, aceitando-a, a escola é capaz de proporcionar uma verdadeira
aprendizagem – porque parte da construção do conhecimento pela criança e não através de métodos
quase sempre ultrapassados ou que negam a importância e a qualidade do ensino.
Evitando-se a rotulação e a exclusão da criança através de formas de avaliação equivocada,
a escola ajusta-se às diferenças individuais e culturais de seus alunos. Assim, a Psicopedagogia, ao
propor o uso de métodos e materiais variados e adequados a cada aluno para servirem de apoio,
considerando as diferenças existentes entre as crianças, busca romper com os moldes de
comportamentos e dinâmicas de aprendizagem individuais que consideram possível padronizar as
formas pelas quais se aprende.
CONCLUSAO
O psicopedagogo hoje é um profissional qualificado para trabalhar com a prevencao e
deteccao de dificuldades e ou problemas de desenvolvimento pessoal e de aprendizagem que os
alunos possam apresentar, inclusive , assessorar às instituições que precisam lidar com as novas
demandas sócio-culturais.
Lidar com o insucesso escolar é uma tarefa complexa e desafiadora para a qual não se tem
uma resposta acabada e pronta, o que aponta para a necessidade de buscar alternativas que possam
minimizar tal situação, mas temos no Psicopedagogo um profissional do conhecimento
trans/inter/multidisciplinar, que aplica conhecimentos considerando as realidades tanto internas
como externas da aprendizagem.
Por isso, concluiu-se que o Psicopedagogo e necessario ao desenvolvimento do educando,
com uma escuta e um olhar mais sensível quanto às demandas de professores, alunos e famílias. A
intervencaao do psicopedagogo nao termina na escla, tao pouco na sala de aula, ela estende-se a
familia .
Assim, a Psicopedagogia tem um importante papel na vida da criança que apresenta
necessidades e demanda cuidados, pois, enquanto aprende na escola, compreendendo que o
desenvolvimento cognitivo de uma criança é uma longa fileira de transformações, de transgressões
de uma atividade dominante para outra, é um diálogo que ela estabelece com o seu futuro, com o
caminho que vai trilhar e com os recursos e possibilidades que o meio lhe oferece.
REFERENCIAS
BASSEDAS, E. et al. Intervenção educativa e diagnóstico psicopedagógico. 3 ed. Porto Alegre: ARTMED, 1996.
BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil. 2 ed. Porto Alegre: ARTMED, 2000.
FERREIRA, Renata T. da S. A importância da psicopedagogia no ensino fundamental – 1ª a 4ªséries. Psicopedagogia online. Disponível em HYPERLINK "http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=348" http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=348> Acesso em 15 abr. 2010.
MARIANTE, Maria Alvina Pereira. Sistema fonológico português: sua relação com a ortografia e implicações na alfabetização. Lageado: FATES, 1999.
MONERO, Carlos; SOLÉ, Isabel et al. O assessoramento psicopedagógico: uma perspectiva profissional e construtivista. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
MORAIS, Arthur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. 4 ed. São Paulo: Ática, 2000.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 4 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.