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ARTIGO DE OPINIÃO: ESTRATÉGIAS DE

LEITURA E ESCRITA¹

Sergio Luis Birck2

RESUMO: ESTE ARTIGO APRESENTA O DESENVOLVIMENTO DE UMA

PRÁTICA ABORDANDO O GÊNERO DISCURSIVO ARTIGO DE OPINIÃO

ENVOLVENDO ALUNOS DO NONO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL. O

ESTUDO DESTE GÊNERO PRIMOU PELA FUNCIONALIDADE E A

IMPORTÂNCIA DO ARTIGO DE OPINIÃO NO APRIMORAMENTO DA

ARGUMENTATIVIDADE DOS ALUNOS, TENDO COMO OBJETIVO

PROPORCIONAR-LHES MELHORES CONDIÇÕES DE LEITURA E ESCRITA JÁ

NO ENSINO FUNDAMENTAL. PENSANDO NISSO, ORGANIZOU-SE UMA

SEQÜÊNCIA DIDÁTICA E, EM SEGUIDA, O SEU CONTEÚDO FOI

IMPLEMENTADO EM SALA, MAIS PRECISAMENTE, COM ALUNOS DO

COLÉGIO ESTADUAL NOVO SARANDI - TOLEDO - PARANÁ. OS

PROCEDIMENTOS ENVOLVERAM ATIVIDADES DE ANÁLISE DOS

ELEMENTOS TEMÁTICOS, ESTRUTURAIS E LINGÜÍSTICOS E ATIVIDADES

DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DO GÊNERO DE ACORDO COM SUAS

CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DISCURSIVAS.

PALAVRAS-CHAVE: ARTIGO DE OPINIÃO; SEQUÊNCIA DIDÁTICA; LEITURA

E ESCRITA.

1 - INTRODUÇÃO

O trabalho com gêneros requer do professor de língua portuguesa um conhecimento

amplo a respeito de diferentes gêneros discursivos, para que possa definir qual o “melhor”

gênero a ser trabalhado em cada série, levando em conta as necessidades dos alunos.

Este artigo tem como objetivo relatar procedimentos de estudo do gênero discursivo

Artigo de Opinião nas séries finais do ensino fundamental, viabilizados pela aplicação de uma

seqüência didática. Em vista disso, o artigo encontra-se organizado em três etapas. Na

primeira, apresentam-se as bases teóricas nos quais o estudo está ancorado. Nas seguintes,

destaca-se a descrição da seqüência didática elaborada.

_________________

¹Artigo apresentado em conclusão ao Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de

Estado da Educação do Paraná, realizado entre 2010 e 2012 sob a orientação do Professor Doutor João

Carlos Cattelan, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

²Professor da rede Pública do Estado do Paraná em programa de capacitação do PDE na

Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: [email protected]

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2 - FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO TRABALHO

2.1 ARTIGO DE OPINIÂO - Por que estudar esse gênero discursivo?

A multiplicidade de aspectos sociais envolvidos na utilização da língua e cada

condição específica de comunicação e suas finalidades estão marcadas por elementos também

específicos que determinam o gênero do discurso: o conteúdo temático, o estilo e a construção

composicional. Estes elementos, segundo Bakhtin (2003, p. 262), “estão indissoluvelmente

ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um

determinado campo da comunicação”.

O uso da língua é específico em cada campo de atuação humana e cada esfera exige

uma forma de atuar com a linguagem. Dentro de cada função, ocorrem variadas condições

para a comunicação, com relativa estabilidade do ponto de vista temático, estilístico e

composicional. Cada esfera social (escolar, familiar, científica, jornalística, literária, jurídica,

religiosa, entre outras) utiliza um discurso com características sócio-comunicativas próprias:

seu conteúdo, sua função, seu estilo e composição indicam que cada forma específica

pertence a um gênero discursivo diferente.

O Artigo de Opinião, especificamente, é apresentado na imprensa para analisar e

discutir a realidade. É um gênero de relevância social e de interesse público, pois abre

precedentes para o debate, cujas respostas podem afetar o cotidiano de muitas pessoas. Diante

disso, percebeu-se a necessidade da atual realidade, na qual a escola faz parte, tendo um

compromisso claro com a formação de cidadãos que tenham condições de compreender

criticamente as realidades sociais e que saibam enxergar os diferentes pontos de vista e formar

os seus próprios, através da comparação e da reflexão, o que implicará na tomada de atitudes

responsivas diante dos acontecimentos do seu meio social. Ele propiciará o aumento

progressivo das contribuições para o processo de transformação da sociedade e,

consequentemente, do mundo.

De acordo com Schneuwly e Dolz (1996, apud BARBOSA, 2005, p. 5-6), o gênero

discursivo Artigo de Opinião, ou artigo assinado, está no agrupamento dos gêneros da ordem

do argumentar, pelas características que lhe são peculiares: a discussão de assuntos ou

problemas sociais controversos, buscando chegar a um posicionamento diante deles pela

sustentação de uma ideia pela negociação de tomada de posições, aceitação ou refutação de

argumentos apresentados.

O discurso argumentativo presente no artigo de opinião tem como finalidade a

persuasão ou convencimento do interlocutor, com intenções de que ele compartilhe uma

opinião ou realize uma determinada ação.

Também se pode entender que os alunos com os quais se trabalha vivem um momento

em que buscam a própria identidade como cidadãos em formação e, nessa fase da vida,

valores são questionados, recusados, aceitos, enfim; de uma forma ou de outra, eles anseiam

por mudanças na sociedade da qual fazem parte, principalmente numa época em que tantos

valores estão sendo questionados ou desconsiderados.

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Para que o aluno tenha melhor compreensão a respeito da multiplicidade dos gêneros e

de suas funções específicas, é preciso que ele tenha contato com os textos no veículo portador

do gênero, que podem ser o jornal ou a revista, por exemplo. Mesmo que o texto seja

reproduzido para os alunos, é importante levar para a sala de aula os veículos de circulação

originais. Com a leitura do gênero nos originais, os alunos podem conhecer os aspectos

discursivos do gênero, entender melhor sua organização textual e, gradualmente, perceber o

caráter histórico e social de que constitui a sua função.

O discurso argumentativo presente no artigo de opinião tem como finalidade a

persuasão ou convencimento do interlocutor, com intenções de que ele compartilhe uma

opinião ou realize uma determinada ação. Este gênero é encontrado circulando no rádio, na

TV, nos jornais, nas revistas, na internet, utilizando temas polêmicos que exigem uma posição

por parte dos leitores, espectadores e ouvintes. O autor deste gênero apresenta seu ponto de

vista expondo idéias pessoais através da escrita, com intenções de convencer os

interlocutores. Para convencer, é preciso que ele apresente bons argumentos e que estes

possam ser contestados, pelo fato de serem fundamentados em impressões pessoais do autor

do texto.

Geralmente, as leituras que se fazem são constituídas pelo resultado de muitas outras

leituras, o que dá condições de fazer esse diálogo entre os textos lidos anteriormente e os

atuais. Esse conhecimento anterior prepara o leitor para concordar ou discordar, totalmente ou

em parte das idéias do autor, orienta-o para perceber aspectos que não estão sendo

considerados pelo autor do texto e pensar numa possível razão pela qual ele faz isso. Essa

leitura crítica evita ser manipulado e aceitar de pronto qualquer informação ou ideia, podendo

exercer liberdade de opinião.

Para contextualizar essa abordagem, é preciso que um texto escrito traga outras

“vozes” que não as do autor, mas que “falam” pelo autor, pelo fato de que a comunicação

humana é marcada pelo dialogismo. O autor de um texto “conversa” com outras pessoas que

pensam de formas diferentes da sua, através de outras leituras que ele faz. Quem lê um texto

deve estar atento a essas “conversas” que, muitas vezes, remetem a outros textos, uma vez

que nenhum discurso é neutro, por mais que se tente ser objetivo.

Todo discurso é carregado de intenções, que são reconhecidas pelas marcas

lingüísticas presentes nos enunciados. Essas marcas são resultantes da escolha das palavras

que compõem o enunciado, produzem efeitos de sentidos e, por isso, são elementos relevantes

na exposição de argumentos.

Quando se escreve um texto, deve-se organizar as ideias de maneira que se tenha uma

seqüência, uma conexão entre as partes, formando um sentido geral no texto. A escolha de

certas palavras não é por acaso. As conjunções, que também são conhecidas como conectivos,

fazem esse papel de conectar, num texto escrito, as partes entre si. Introduzir um argumento,

acrescentar argumentos novos, indicar oposição a uma afirmação anterior, concluir: estas são

algumas das funções dos conectivos.

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Cada articulista, assim como os escritores de outros gêneros, procura manter um estilo

próprio ao escrever seus textos. Ao observar diferentes artigos de diferentes autores, pode-se

notar que existem características particulares em cada texto.

Além dos recursos coesivos, a construção do discurso, quase sempre em terceira

pessoa, o uso de alguns tempos verbais e advérbios, os questionamentos, as hipérboles, as

palavras enfatizadoras são alguns exemplos das marcas lingüísticas do autor presentes no

texto. Tais marcas indicam a intencionalidade do autor.

Outro exemplo é o uso de modalizadores, que são todos os elementos lingüísticos

diretamente ligados ao evento de produção do enunciado e que funcionam como indicadores

das intenções, sentimentos e atitudes do locutor com relação ao seu discurso.

2.2 - O Artigo de Opinião e sua estrutura

De maneira geral, os Artigos de Opinião possuem os seguintes elementos:

a. Contextualização e/ou apresentação da questão que está sendo discutida.

b. Explicitação do posicionamento assumido.

c. Utilização de argumentos para sustentar a posição assumida.

d. Consideração de posição contrária e antecipação de possíveis argumentos contrários

à posição assumida.

e. Utilização de argumentos que refutam a posição contrária.

f. Retomada da posição assumida.

g. Possibilidades de negociação.

h. Conclusão (ênfase ou retomada da tese ou posicionamento defendido).

2.3 - Trabalhando com artigos de opinião

Os artigos de opinião abordam questões polêmicas que envolvem a coletividade.

Dessa forma, é imprescindível que a participação no mundo seja menos alienada, mais

completa, mais participativa. Através do conhecimento da opinião alheia, torna-se possível

rever valores e aceitá-los, transformá-los ou refutá-los. Escrever Artigos de Opinião

possibilita explicitar opiniões a respeito de diferentes temas. Por ser um gênero que tem sua

circulação em jornais, revistas e sites na internet, ele possibilita o acesso a um grande número

de indivíduos que podem ter sua participação tanto como leitores, quanto como escritores de

seu próprio artigo.

Parece difícil produzir um artigo de opinião ou até mesmo analisar artigos, no entanto,

depois de entender alguns aspectos de sua produção, pode-se afirmar o contrário.

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Primeiramente, para ter opinião, é preciso ter informação. É absolutamente impossível opinar

sem conhecer os fatos.

Estar bem informado requer ir além das conversas com amigos; pede a busca por

informações sistematizadas, advindas de fontes confiáveis e variadas. Por isso mesmo é que

se deve dedicar ao hábito da leitura diária, acompanhando os acontecimentos através das

notícias, reportagens e outras espécies de gêneros informativos, em revistas ou jornais de

circulação local ou nacional, na TV, no rádio ou na internet, onde também se encontram

revistas e jornais on-line; inclusive, encontra-se na rede, serviços de opinião interativa por

meio de debates on-line.

O primeiro passo no trabalho com artigos de opinião é saber o que acontece no mundo.

O segundo é querer participar do que acontece no mundo e ajudar a construir a história,

entender o ponto de vista do outro e querer dialogar com ele, concordando ou discordando;

expor suas próprias opiniões, tentando convencer o outro utilizando argumentos válidos.

O professor tem o compromisso de auxiliar o aluno em sua formação, orientando-o

para a transformação em um cidadão mais participativo e interativo na sociedade da qual faz

parte. O trabalho com artigos de opinião tem como objetivo facilitar a situação comunicativa

em sala de aula, estimulando a criticidade e a reflexão em todas as esferas da comunicação.

2.4 - Aspectos da argumentação presentes no discurso

O homem interage na sociedade por intermédio da língua e fundamentalmente, pela

argumentatividade presente nos seus discursos, estes carregados de ideologias, pois, segundo

Koch (1996, p.19), “a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia”.

Como todo texto, o artigo de opinião também tem um contexto de produção: é escrito

por alguém e para alguém, com determinada intenção, em determinado tempo e lugar. Sua

divulgação é feita em certo veículo. Tudo isso interfere no sentido dos textos.

O leitor de artigos de opinião geralmente é alguém que lê revistas ou jornais nos quais

eles circulem e está interessado pelo que acontece em seu meio.

As questões polêmicas lhe interessam, por influenciarem direta ou indiretamente na

sua maneira de viver e ver o mundo, para apenas ficar informado ou para efetivar a sua

participação, posicionando-se perante a questão.

Do outro lado de quem lê o artigo de opinião, está o autor, que se interessa por

assuntos polêmicos e gosta de debatê-los. Tenta explicitar para o interlocutor conhecimentos

sobre o assunto tratado e, sobre tudo, o que o tema envolve, ao mesmo tempo em que emite

seu posicionamento, sustentado por argumentos, utilizando-se da razão e da lógica.

Ocorre, nesse sentido, um “diálogo” comunicativo entre autor e leitor, pois o texto é

um discurso escrito que serve para discutir ideologias, por estar respondendo a alguma

expectativa, podendo refutar, confirmar ou antecipar respostas em potencial, entre outros,

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caracterizando-se como um “fenômeno social da interação verbal”, que constitui a realidade

fundamental da língua.

2.5 - O início do processo de trabalho com Artigo de Opinião

Como primeiro passo para se trabalhar com o gênero Artigo de Opinião, foi realizada

uma avaliação diagnóstica dos alunos do nono ano do ensino fundamental. Havia necessidade

de verificar o que os referidos alunos já conheciam a respeito do artigo de opinião, a saber:

estrutura, situação de produção, informações sobre o tema, posicionamento do autor,

refutação às posições antagônicas, negociações entre pontos de vista, argumentação e marcas

lingüísticas presentes no texto.

2.6 - Reconhecendo o Gênero

No segundo semestre do ano letivo de 2011, foi realizada a primeira atividade de

leitura de um artigo de opinião retirado de um jornal regional, O Presente, do dia 20 de junho

de 2011. O texto foi lido e analisado pelos alunos. Na sequência, foi feito um levantamento

das possíveis dificuldades encontradas ao ter um primeiro contato com este gênero. Algumas

questões foram respondidas pelos alunos, questões que serviram para avaliar sua ZPD - Zona

Proximal de Desenvolvimento – com relação ao gênero a ser estudado. A ZPD é um conceito

elaborado por Vygotsky e define a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de

desenvolvimento potencial, ou seja, entre aquilo que o aluno tem capacidade de fazer sem

ajuda e o seu potencial atingível (ROJO, 2001).

A partir desse levantamento, comparou-se o resultado obtido com o que se esperava

que os alunos conhecessem a respeito do gênero. A atividade diagnóstica consiste nas

seguintes questões:

1. Leia o texto e assinale as alternativas possíveis:

( ) esse texto pode aparecer em revistas

( ) esse texto pode aparecer em jornais

( ) esse texto pode aparecer na televisão

( ) esse texto pode aparecer em livros

2. Em nossa sociedade, quem (não o nome da pessoa/autor, mas sua função social)

pode escrever ou escreve esse gênero textual?

3. Qual é o objetivo desse gênero textual? (para quê ele serve?)

4. Em nossa sociedade, quem (não o nome da pessoa, mas sua função social) lê esse

gênero textual?

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5. Você já leu ou lê esse gênero? Relate em que situação ou situações.

6. Qual é o tema desse texto?

7. Retire do texto frases ou expressões que servem para:

a) expressar uma opinião

b) apresentar argumentos

8. De forma geral, qual é a opinião defendida pelo autor do texto?

2.7 - Contato com artigos de opinião

Em seguida, foi disponibilizada uma série de materiais pré-selecionados disponíveis

na biblioteca do colégio: revistas, jornais, livros, cadernos pedagógicos e didáticos, enfim,

tudo aquilo que estava a disposição e que estivesse envolvendo o conteúdo a ser trabalhado

posteriormente.

De posse deste acervo, o aluno teve a oportunidade de manusear, folhear, verificar o

gênero presente neste estudo.

No intuito de familiarizar o aluno com os textos, o professor dirigiu uma série de

questionamentos, apresentando possíveis hipóteses a respeito da sua caracterização.

O objetivo principal no momento foi o de perceber e verificar previamente se a turma

tinha conhecimento a respeito do gênero em questão.

As observações sugeridas no momento tiveram a intenção de diagnosticar a

familiarização do aluno com o material a ser lido e produzido nos momentos pedagógicos

seguintes.

Eis algumas questões propostas aos alunos:

a) Você sabe e já fez a leitura de um Artigo de Opinião?

b) Qual era o tema que o texto apresentava?

c) Onde podemos encontrá-los?

d) Qual é o veículo onde eles circulam?

e) Qual é a função social desses textos?

f) Em geral, quem os escreve?

2.8 - Conhecendo os demais gêneros

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Para que os alunos tivessem um maior aprofundamento e conhecessem as

particularidades dos textos que estavam sendo abordados no trabalho, eles foram

encaminhados ao laboratório de informática - Paraná Digital, onde tiveram acesso a jornais

virtuais, revistas eletrônicas, entre outros. O professor já havia selecionado e disponibilizado

no ambiente do compartilhamento público de cada máquina os seguintes textos: Artigo de

opinião, editorial, carta ao leitor e textos dissertativos, produzidos na esfera escolar. Eles são

gêneros que possuem algumas semelhanças e que, por isso, podem causar confusões nos

alunos. Os mesmos foram lidos, comentados e, na sequência, cada aluno, com acesso a

internet, passou a pesquisar sobre cada texto relacionado.

Abaixo, segue a definição de cada texto a que o aluno teve acesso:

ARTIGO DE OPINIÃO: É um texto produzido tendo como objetivo principal defender

um ponto de vista, uma opinião sobre algum assunto. Portanto, é predominantemente

argumentativo. Inicia-se com uma informação ao leitor, visando situá-lo no tema (geralmente

polêmico e atual) para, em seguida, iniciar as argumentações acerca da opinião defendida. O

presente gênero textual tem o objetivo de obter a adesão do leitor ao ponto de vista defendido

pelo seu autor. Comumente esse gênero é publicado em jornais, revistas impressas e

eletrônicas. Geralmente vêm após títulos como: “Ponto de Vista”, “Artigo”, “Opiniao”,

“Tendências e Debates”. O artigo de opinião objetiva provocar a discussão de um tema atual,

normalmente com questões vinculadas à política, à saúde, à educação, ou seja, temas gerais

que se refletem no cotidiano da maioria dos leitores. Nele, o autor, que aparece identificado

no final do texto ou após o título, defende uma tese, apresentando argumentos favoráveis a

mesma.

CARTA AO LEITOR: É uma seção presente em mídias impressas. Quem escreve é o

diretor de redação, utilizando-se de uma linguagem bem familiar, buscando a aproximação

com o leitor, chamando-o por “você” , (“é para você que fazemos esta revista”), num espaço

que chama a atenção para as reportagens presentes na tal edição, mas, especialmente, para a

principal reportagem (reportagem de capa). Esta carta não possui um destinatário definido,

haja vista que se escreve para todos os leitores da revista. É diferente da seção Carta do

Leitor, que é o espaço destinado à publicação dos textos enviados pelos leitores, que emitem

opiniões, críticas, sugestões relacionadas a algum artigo ou reportagem de edição anterior.

EDITORIAL: O editorial é um dos gêneros discursivos que circulam nos jornais e

revistas, expressando o ponto de vista do periódico (seja da empresa jornalística, seja da

equipe de redação em geral) a respeito de temas quase sempre polêmicos, acontecimentos,

sobretudo reportagens publicadas no periódico no dia anterior. É publicado sem assinatura e

sem a obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade , embora quase sempre

tendem à impessoalidade. O profissional encarregado por sua redação é denominado

editorialista. E, portanto, sua função é a de se posicionar sobre temas polêmicos, manifestando

sua adesão ou rejeição perante os assuntos locais, nacionais ou internacionais relevantes,

através de mecanismos argumentativos próprios do jornalismo escrito. Deve ser enfático,

equilibrado e informativo. Além de apresentar argumentos que sustentam a posição assumida

pelo jornal, costuma também resumir opiniões contrárias, para refutá-las. O estilo do editorial

reflete o jornal como se fosse a parte de um todo, reproduzindo a linguagem que perpassa os

variados gêneros jornalísticos que o compõem. Então, classificam este estilo como:

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equilibrado, leve ou denso. É um texto explicitamente formal. Em sendo altamente

argumentativo, obviamente o editorial está classificado como um gênero discursivo da ordem

do argumentar .

DISSERTAÇÃO ESCOLAR (ou texto dissertativo): Conforme Ghilardi et.al.

(2002), dissertar é expor, discutir, interpretar idéias. Desse modo, escrever uma dissertação

supõe o exame critico do assunto a ser apresentado e a elaboração de um plano de trabalho

para a produção de texto. Portanto, o plano de organização do texto dissertativo deve

possibilitar clareza, objetividade, coesão e coerência. A produção da dissertação tem , como

primeiro passo, o estabelecimento do objetivo que orientará a organização e o encadeamento

das sequências das frases. Determinado o objetivo, é o momento de elaborar a frese-núcleo,

que poderá constituir a introdução. Os parágrafos seguintes compõem o desenvolvimento. É

esse o espaço para fundamentar o ponto de vista, discutir, exemplificar, até se chegar á

conclusão. Todos os parágrafos devem ser articulados uns aos outros para constituir as

relações que formam o tecido, que é o texto. O tema deve ser o mesmo, do começo ao fim, o

que lhe confere, dessa forma, unidade. Quando tem por objetivo expor idéias a respeito de um

tema, a dissertação é expositiva. Quando o objetivo é convencer, persuadir o leitor da validade

e da eficiência do que se apresenta, é argumentativa. Há diferentes formas de elaborar um

assunto. Para que as ideias não se desvinculem do ponto principal da dissertação e

desorganizem a sequência do raciocínio, é preciso delimitar o assunto, isto é, selecionar um

aspecto que se considere como o mais relevante para a discussão. Exemplos, informações,

dado, fatos, citações etc. podem ser usados para o desenvolvimento da idéia principal do

texto, desde que escolhidos como os mais adequados para tornar a dissertação completa e

convincente. Para a garantia da lógica e da coerência do texto dissertativo, é necessário que

este apresente uma determinada estrutura composta de introdução, desenvolvimento e

conclusão, que não constituem, a penas, partes do texto, mas a sequência do raciocínio . Este

será dedutivo, se apresentar, no inicio, a tese, depois os argumentos. Será indutivo se,

primeiro, vierem as fundamentações para, só no final, aparecer o ponto de vista do autor.

2.9 - Leitura de textos

Neste momento, foi fornecido à classe e fez-se a leitura de mais um artigo, no intuito

de familiarizar ainda mais o aluno com o gênero, analisando o contexto de produção, a

função social e a estrutura composicional, bem como a forma como os autores articulam seus

argumentos em favor de sua posição.

Coube ao professor orientar o aluno para que, posteriormente, já tivesse condições de

produzir seu próprio texto, bem como identificá-lo em jornais ou revistas. Obviamente, todo

artigo de opinião gira em torno de uma questão polêmica, então, é necessário analisar a

posição assumida pelo autor, os argumentos que ele usa para defender sua opinião e a forma

como dialoga com os diferentes pontos de vista que circulam sobre esta temática.

Segue abaixo o texto retirado do Jornal O DIA ONLINE, disponível em:

WWW.odia.com.br/opiniao

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Epidemia do abandono

Presidente do Sindicato dos Médicos do Município do Rio Rio - A epidemia de

dengue no Rio de Janeiro, com certeza, foi o fato que mais gravemente atingiu a população

nos últimos anos, gerando uma mortalidade que poderá chegar a 200 óbitos. Situação covarde

que atinge uma população indefesa e desprovida do tratamento adequado. Felizmente, o Poder

Judiciário exigiu das autoridades a adoção de medidas imediatas que garantam atendimento

satisfatório aos pacientes. Merece destaque a histórica decisão da juíza Regina Coeli

Medeiros de Carvalho, da 18ª Vara Federal, que, diante do não cumprimento de sua decisão,

determinou multa semanal de R$ 10 mil ao secretário municipal de Saúde. Ao negar o pedido

de prisão do secretário feito pela Defensoria Pública da União, a magistrada declarou que a

punição maior tem sido “a censura, a repulsa, o ostracismo e a anulação política perante a

sociedade carioca e os demais brasileiros, que a tudo assistem, perplexos com tamanho

descaso”. As causas da elevada mortalidade são a crise do sistema público de saúde e o

enorme déficit de médicos, que revela a falência da política de recursos humanos dos

governos, na qual os baixos salários se destacam como principal motivo de evasão. Até agora

só foram anunciadas migalhas ou o congelamento dos salários. A Lei de Diretrizes

Orçamentárias para 2009, enviada para a Assembléia Legislativa, não prevê aumento. Em

2007 e 2008, além de não implantar o plano de carreiras, o governo debochou do servidor

público.

Além da dengue, outras epidemias também vitimam a nossa gente. O Rio possui um

grande número de médicos competentes que estão dispostos a contribuir na assistência. Em

vez de, demagogicamente, trazer médicos de fora, é preciso tratar com seriedade e respeito

esses profissionais, oferecendo carreira e remuneração dignas para mudar a tendência atual de

evasão para o retorno ao serviço público, erradicando a epidemia do abandono.

Lorge Darze

O autor é presidente do Sindicato dos médicos do Município do Rio de Janeiro

Após a leitura, o aluno foi levado a preencher a tabela a seguir respondendo aos

seguintes questionamentos:

QUESTÕES ARTIGO

Autor

Papel social do autor

Data da publicação

Suporte de circulação

Questão polêmica

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Posição do autor sobre o tema

Argumento que o autor usa para

justificar seu posicionamento

Objetivo do autor

Com base nas respostas dos estudantes envolvidos na implementação do projeto, pode-

se observar neste momento que alguns ainda apresentavam dificuldades quanto à clareza da

questão polêmica do texto e outros não tinham uma percepção exata dos argumentos que o

autor utilizou para justificar seu posicionamento referente à questão polêmica que estava

sendo levantada.

De maneira geral, a grande maioria dos elementos envolvidos nesta prática tiveram

facilidade em encontrar as respostas para as primeiras perguntas, no entanto, permaneciam

com dúvidas a respeito das últimas.

2.10 - Aprofundando o tema

No intuito de aprofundar e realizar análises mais detalhadas sobre o Artigo de

Opinião, abrangendo a apropriação das características sócio-discursivas do gênero e despertar

a argumentatividade, optou-se por trazer ao grupo de alunos um texto cuja temática girasse

em torno da lei seca. A produção é de Antonio de Morais, empresário paulista, escrito em 17

de junho de 2008. O título do texto é Lei Salva Vidas. Abaixo, um trecho do mesmo:

Lei Salva Vidas

“AO LADO DO retumbante sucesso da lei seca, começam a surgir movimentos para

questionar a sua constitucionalidade. Alguns argumentam que o máximo de 0,2 decigramas de

álcool por litro de sangue é um exagero. Outros dizem que a imposição do bafômetro força os

cidadãos a produzirem prova contra si mesmos. Há ainda os que veem a lei como uma afronta

aos direitos individuais. Não vejo ofensa a direito nenhum. Todos continuam com total

liberdade para beber o quanto quiserem. O que foi barrada é a liberdade, aliás inexistente, de

um cidadão tirar a vida de outro devido a descontrole causado pelo excesso de bebida, que,

comprovadamente, se manifesta a partir dos 0,2 decigramas. Tampouco tem cabimento dizer

que o teste do bafômetro constitui prova contra si mesmo. Quando um policial revista um

carro em busca de armas ou de drogas, ninguém reclama, como não reclamaria se todos os

pilotos viessem a ser testados pelo bafômetro antes de voar. Por que então querer explorar

essa filigrana jurídica para impedir o exame da alcoolemia? Penso que a lei recebeu um

apelido errado. Seria “lei seca” se interferisse no direito de beber. Não é o caso. A nova lei

simplesmente se soma às exigências para dirigir, ou seja, possuir carteira de habilitação, ter

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visão adequada, ser maior de 18 anos e estar sóbrio. Melhor seria chamar o novo diploma de

Lei da Proteção no Trânsito.

Defendo, nesta coluna, há muitos anos, a restrição do horário de funcionamento dos

bares e a proibição de dirigir embriagado. No primeiro caso, a lei que impôs o fechamento dos

bares depois da meia-noite em São Paulo reduziu substancialmente o crime e a violência

urbana. No segundo, a lei 11.705/08, em seu primeiro mês de aplicação, produziu uma queda

substancial de acidentes, mortes e feridos, assim como uma grande economia para os

hospitais...” (Trecho do texto)

O texto foi impresso e disponibilizado em cópia a cada aluno. A partir do mesmo,

foim realizada uma série de atividades. A mesma poderá ser visualizada na sequência.

1 - Análise do contexto de produção e função social do gênero

A - Quem é o autor do texto? O que você sabe sobre ele? Que segmento social ele

representa?

B – Qual é o veículo de circulação do texto?

C – Quando o artigo foi publicado?

D – Quem é o possível público leitor?

E – Qual é o tema do artigo? Qual é a relação com a realidade do leitor?

F – Por que a temática estava sendo discutida no momento da escrita do texto?

G – O objetivo do texto lido é:

( ) Criticar a lei seca.

( ) Criticar os que defendem a lei seca.

( ) Defender a lei seca.

( ) Discutir a inconstitucionalidade da lei seca.

( ) Denunciar os abusos daqueles que não respeitam a lei seca.

H – Qual é o ponto de vista que o autor gostaria que o leitor aceitasse?

I – E você leitor, qual é o seu posicionamento em relação à Lei Seca:

O texto acima permitiu a possibilidade da realização de um trabalho detalhado sobre a

temática da proibição da ingestão de bebida alcoólica e posterior uso de veículo ao volante.

Os alunos já pretendiam defender suas teses em relação ao tema logo no início das

atividades. Percebeu-se que a grande maioria era defensora da lei. Houve uma certa discussão

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acalorada, uma vez que um fato ocorrido há poucos dias na localidade, no qual o motorista

conduzia o veículo embriagado, provocou um acidente ferimentos e graves em um pedestre.

Com relação às questões acima, estas foram respondidas pelos alunos em seus

cadernos e posteriormente discutidas.

2 - Análise do plano global do texto

A proposta para o momento era a discussão mais detalhada a respeito da estrutura

composicional do artigo. Para isso, elaboraram-se as seguintes atividades. As mesmas foram

realizadas, comentadas, discutidas e corrigidas:

A - Em relação ao título do texto, já é possível perceber algum indício do

posicionamento do autor? Que elementos indicam isso?

B – Qual das afirmações abaixo consiste na tese (tomada de posição do autor)

defendida ao longo do texto:

( ) “Defendo nessa coluna, há muitos anos, a restrição do horário de funcionamento

dos bares e a proibição de dirigir embriagado”.

( ) “A lei seca não interfere nos direitos de um cidadão beber. Ao contrário, soma-se às

exigências párea dirigir e controla a liberdade de um cidadão tirar a vida de outro, devido ao

descontrole causado pelo excesso de bebida”.

( ) “Alguns argumentam que o máximo de 0,2 decigramas de álcool por litro de sangue

é um exagero”.

( ) Cerca de 70% dos brasileiros apoiaram a sua promulgação. Só temos a

comemorar”.

C – Na tentativa de defender sua opinião, o autor apresenta argumentos para justificar

por que a lei seca seria uma lei salva vidas. Assinale os argumentos que ele usa para justificar

sua posição:

( ) “O descontrole causado pelo excesso de bebida se manifesta a partir de 0,2

decigramas de álcool no sangue”.

( ) “Tampouco tem cabimento dizer que o teste do bafômetro constitui prova contra

si”.

( ) “A lei 11.705/08, em seu primeiro mês de aplicação, produziu uma queda

substancial de acidentes, mortes e feridos, assim como uma grande economia para os

hospitais... (...) cerca de 70% dos brasileiros apoiaram a sua promulgação”.

( ) “A lei seca trata-se de uma afronta aos direitos individuais”.

( ) “A lei seca não interfere no direito de beber, mas se soma às exigências para

dirigir”.

( ) “Após a promulgação da lei seca, aumentou o número de acidentes de trânsito”.

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D – A questão polêmica é a base do artigo. Uma questão provocativa pode mobilizar

tanto as pessoas de uma comunidade como as do mundo inteiro, que a discutem

apaixonadamente, assumindo posição favorável ou contrária. O autor do texto prevê opiniões

opostas às suas, argumentos que contestam os seus, ou seja, os contra-argumentos. Abaixo,

enumerados, estão os argumentos utilizados pelo autor para defender sua posição. Relacione

cada argumento com os respectivos contra-argumentos apresentados pelo autor.

( 1 ) “Tampouco tem cabimento dizer que o teste do bafômetro constitui prova contra

si.

( 2 ) “O descontrole causado pelo excesso de bebida se manifesta a partir dos 0,2

decigramas de álcool no sangue”.

( 3 ) “A lei seca não interfere no direito de beber, mas se soma às exigências para

dirigir”;

( ) “Alguns argumentam que o máximo de 0,2 decigramas de álcool por litro de sangue

é um exagero”.

( ) “Outros dizem que a imposição do bafômetro força os cidadãos a produzirem prova

contra si mesmos”.

( ) “ Há ainda os que veem a lei como uma afronta aos direitos individuais”.

E – Com a ajuda de um colega, localize e marque no texto, com cores diferentes:

1 – a tese apresentada pelo autor.

2 – os argumentos que utiliza para defender a lei seca.

3 – os contra-argumentos mencionados pelo autor que questionam a

constitucionalidade da lei seca.

Observação: Nesse momento, seria interessante que o texto pudesse ser exposto num

cartaz, numa tela de computador ou ainda num multimídia e a atividade acima fosse realizada

em conjunto.

F – Na conclusão de um artigo de opinião, o autor pode propor alguma alternativa para

o problema levantado, ou seja, refletir a respeito de uma solução para a temática debatida,

como pode também reforçar a tese defendida. No caso do texto em questão, ao concluí-lo, o

autor reforça sua tomada de posição, defendendo mais uma vez a lei seca. Localize e copie as

passagens que comprovam isso.

G – Enumere a sequência do conteúdo apresentado no texto:

( ) Apresentação dos contra-argumentos.

( ) Apresentação da tese.

( ) Conclusão.

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( ) Apresentação dos argumentos.

H – De maneira desordenada, no quadro abaixo, há algumas informações sobre o

plano textual do texto. O trecho abaixo do quadro, ainda incompleto, é um possível resumo do

artigo estudado. Complete o resumo, utilizando essas informações de maneira ordenada.

No texto “Lei salva vidas”, Antonio Ermirio de Morais, introduz o assunto

apresentando ......................................................... . Na sequência,

apresenta......................................................... para, na continuidade do texto, contestá-los,

.................................................................................. e ....................................................

O autor conclui o texto afirmando que .........................

Para que estas atividades fossem realizadas com maior produtividade, fez-se uma

discussão coletiva referente às respostas dadas pelos alunos. Todos tiveram oportunidade de

expor suas idéias.

3 - Interpretação do texto

A – Qual é o seu conhecimento a respeito da lei seca?

B – Observe o significado da palavra “constitucionalidade” no dicionário Houaiss

(2004, p. 183-184):

1 – Relativo à constituição (conjunto de leis) ; 2 – de acordo com a constituição,

legítimo, legal; 3 – que faz parte da constituição biológica do indivíduo.

Com qual sentido a palavra “constitucionalidade” foi empregada na passagem “Ao

lado do retumbante sucesso da lei seca, começam a surgir movimentos para a questionar a sua

constitucionalidade”?

C – Você conhece o bafômetro? Sabe como ele funciona?

D – Por que o autor afirma que a imposição do bafômetro força os cidadãos a

produzirem prova contra si mesmos?

E – No texto, o autor questiona: “Por que então querer explorar essa filigrana jurídica

para impedir o exame da alcoolemia? ”

De acordo com o dicionário Houaiss (2004 – p. 343), filigrana é:

1 – trama delicada com fios de ouro ou prata, entrelaçados; 2 – marca-d`água; 3 –

detalhe insignificante.

Com qual desses sentidos a palavra “filigrana” foi utilizada no texto?

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F – Você conhece as exigências jurídicas para uma pessoa ter a permissão para dirigir?

Cite-as:

G – Qual argumento o autor utiliza para justificar que seria melhor chamar a “lei seca”

de lei da proteção no trânsito?

Os objetivos da discussão acima foram totalmente atingidos, uma vez que a prática e

o manuseio com dicionários já vinha sendo uma constante. As ações possibilitaram que o

aluno pudesse ampliar seu vocabulário.

4 - Análise Linguística

O Artigo de Opinião se caracteriza por apresentar uma grande quantidade de

elementos coesivos. Essas expressões permitem a vinculação do conteúdo ao texto. Nas

atividades a seguir, apresentam-se alguns elementos coesivos denominados de referenciais

(KOCH, 2004), pois referenciam (retomam ou antecipam) elementos – palavras, expressões

ou fragmentos, mencionados no texto.

1 – Releia o trecho abaixo:

“ Ao lado do retumbante sucesso da lei seca, começam a surgir movimentos para

questionar a sua constitucionalidade”.

A – A palavra “sua” – (um pronome possessivo) – recupera qual informação do texto

escrita anteriormente?

( ) a constitucionalidade da lei

( ) a lei seca

( ) os movimentos que questionam a sua constitucionalidade

B – Observe a palavra “isso” destacada no trecho a seguir:

“ Defendo, nesta coluna, há muitos anos, a restrição do horário de funcionamento dos

bares e a proibição de dirigir embriagado. No primeiro caso, a lei que impôs o fechamento dos

bares depois da meia-noite em São Paulo reduziu substancialmente o crime e a violência

urbana. No segundo, a lei 11.705/08, em seu primeiro mês de aplicação, produziu uma queda

substancial de acidentes, mortes e feridos, assim como uma grande economia para os

hospitais. Mais importante do que isso é a preservação da vida e da saúde dos seres humanos,

que, afinal, não têm preço”.

Pra compreender o sentido da palavra “isso” deve-se localizar duas informações

apresentadas anteriormente no texto. Quais são elas? Copie-as:

C – A elipse constitui-se um importante elemento de coesão entre as partes do texto.

Consiste no apagamento de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto

lingüístico ou pela situação. Veja o exemplo:

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“O Brasil possui uma enorme quantidade de leis. Mas são poucas as de qualidade.”

A frase “mas são poucas as de boa qualidade” somente tem sentido, se relacionada

com a frase “O Brasil possui uma enorme quantidade de leis”, pois o termo destacado “as”,

nesse fragmento, remete a um elemento da frase anterior facilmente subentendido: leis

Identifique a elipse nos termos destacados abaixo:

“O Brasil possui uma enorme quantidade de leis. Mas são poucas as de boa

quantidade. A Lei de Responsabilidade Fiscal é uma delas. A Lei das Falências é outra. Esta é

mais uma. E o povo gostou”.

“Esta é mais uma”. Uma o que?

“E o povo gostou”. Gostou de que?

“O que foi barrada é a liberdade, aliás inexistente, de um cidadão tirar a vida de outro

devido ao descontrole causado pelo excesso de bebida... “

“ tirar a vida de outro”. Outro o que?

I – No texto, o autor utiliza-se de maneiras diferentes para se referir à “Lei Seca”, para

não repetir constantemente a mesma expressão. Identifique as palavras e expressões utilizadas

pelo autor como sinônimos de “Lei Seca”:

6 - Operadores Argumentativos

A – Observe o elemento destacado no fragmento: “Outros dizem que a imposição do

bafômetro força os cidadãos a produzirem prova contra si mesmos. Há ainda os que veem a

lei como uma afronta aos direitos individuais”.

6.1 Que relação de sentido possui o termo em destaque:

( ) Comparação entre duas ideias.

( ) Oposição entre ideias.

( ) Restrição de uma ideia em relação à outra.

( ) Inclusão de uma outra ideia.

6.2 – Leia os fragmentos a seguir e assinale a relação de sentido estabelecida pelos

termos em destaque:

“A lei das falências é outra. Esta é mais uma. E o povo gostou”. Que função a palavra

destacada tem na frase?

( ) Acrescenta uma informação nova.

( ) Introduz um esclarecimento.

( ) Marca uma oposição entre duas informações.

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( ) Introduz uma informação.

6.3 – “O que foi barrada é a liberdade, aliás inexistente, de um cidadão tirar a vida de

outro devido ao descontrole causado pelo excesso de bebida, que, comprovadamente, se

manifesta a partir de 0,2 decigramas”. A expressão em destaque tem o objetivo de :

( ) Apresentar uma consequência provocada por uma causa.

( ) Excluir um termo anterior.

( ) Retificar uma ideia.

( ) Explicar uma ideia anterior.

6.4 – “... A nova lei simplesmente se soma às exigências para dirigir, ou seja, possuir

carteira de habilitação, ter visão adequada, ser maior de 18 e estar sóbrio”. Ou seja, na frase,

tem a função de:

( ) estabelece relação de justificativa

( ) acrescenta uma nova informação

( ) retifica a ideia anterior

( ) estabelece uma comparação

6.5 – “O Brasil possui uma enorme quantidade de leis. Mas são poucas as de boa

qualidade”. A expressão Mas, tem o objetivo de

( ) apresentar oposição entre idéias

( ) incluir uma nova idéia

( ) estabelecer uma comparação

( ) acrescentar um exemplo

6.6 – “No segundo, a lei 11.705/08, em seu primeiro mês de aplicação, produziu uma

queda substancial de acidentes, mortes e feridos, assim como uma grande economia para os

hospitais”.

Assim como, na frase acima, objetiva

( ) introduzir um esclarecimento

( ) adicionar um novo argumento

( ) introduzir uma explicação ou justificativa

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( ) concluir a ideia anterior

6.7– Complete as frases abaixo, com a conjunção adequada ao sentido pretendido

pelas orações. Utilize as palavras a seguir: E – pois – mas – ou ... ou – apesar de - embora

1 -........................ seja proibido, muitas pessoas ainda dirigem após ingerirem bebida

alcoólica.

2 – Segundo estatísticas, a lei seca surtiu efeitos positivos, .................................

diminuiu o número de acidentes de trânsito.

3 – Os defensores da abstinência alcoólica comemoram............................ enaltecem o

rigor da lei.

4 – A lei seca estabelece que os motoristas não devem dirigir ao ingerir bebidas

alcoólicas .....................................há muitos motoristas que desrespeitam essa lei.

5 - ......................... os motoristas escolhem respeitar a lei ..............................escolhem

pagar pelo descumprimento da mesma.

6 - ......................................... normalmente não beber muito, fui de táxi e voltei de

carona.

6.8 – Em um artigo de opinião, há outros elementos que estabelecem a organização

das idéias do texto. Esses elementos são chamados de articuladores (operadores de

sequenciação). Observe-os em destaque no trecho seguinte e identifique a que elementos eles

se referem.

“ Defendo, nesta coluna, há muitos anos, a restrição do horário de funcionamento dos

bares e a proibição de dirigir embriagado. No primeiro caso, a lei que impôs o fechamento dos

bares depois da meia-noite em São Paulo reduziu substancialmente o crime e a violência

urbana. No segundo, a lei 11.705/08, em seu primeiro mês de aplicação, produziu uma queda

substancial de acidentes, mortes e feridos, assim como uma grande economia para os

hospitais. Mais importante do que isso é a preservação da vida e da saúde dos seres humanos,

que, afinal, não têm preço”.

No primeiro caso : ...................................................................................................

No segundo caso: ......................................................................................................

7 - Modalizadores

Num texto argumentativo, é comum que o locutor (autor do texto) utilize palavras ou

expressões que demonstrem suas intenções, sentimentos, atitudes em relação ao seu discurso

(ao que diz). A essas palavras denomina-se modalizadores textuais.

Algumas palavras que podem funcionar como modalizadores do discurso:

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É necessário... Pouco...

É possível... Muito...

Deve acontecer... Quase...

Quero dizer que... Apenas...

Eu acredito que... Só...

Desejo que... Mesmo...

Eu posso afirmar que... Até...

É permitido... Não pode haver dúvida de que...

Provavelmente, certamente, É dever de todos que...

Necessariamente, felizmente... Todos sabem que...

Fonte: KOCH, Ingedore Villaça. Argumentação e Linguagem. 4. Ed. São Paulo:

Cortez, 1996.

A – Observe os fragmentos do texto e sublinhe as marcas de modalização:

a) “Ao lado do retumbante sucesso da lei seca, começam a surgir movimentos para

questionar a sua constitucionalidade”.

b) “Não vejo ofensa a direito nenhum”.

c) “A nova lei simplesmente se soma às exigências para dirigir”.

d) “Mais importante do que isso é a preservação da vida e da saúde dos seres

humanos, que, afinal, não tem preço”.

2 – No trecho “O que foi barrada é a liberdade, aliás inexistente, de um cidadão tirar a

vida de outro devido a descontrole causado pelo excesso de bebida, que, comprovadamente,

se manifesta a partir dos 0,2 decigramas. O advérbio “comprovadamente” demonstra uma

intenção do autor do texto sobre a informação apresentada. Com qual objetivo o autor usou

essa palavra? ............................................

3 – Destaque, nos trechos seguintes, as palavras que o autor emprega e que evidenciam

o seu posicionamento em relação ao assunto da lei seca.

a) Defendo, nesta coluna, há muitos anos, a restrição do horário de funcionamento dos

bares e a proibição de dirigir embriagado” .....................................................

b) “Melhor seria chamar o novo diploma de lei da proteção no trânsito”.

..............................

c) “Só temos a comemorar”. ..............................................

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d) “Há ainda os que veem a lei como uma afronta aos direitos individuais. Não vejo

ofensa a direito nenhum..................................................

Através da realização das atividades lingüísticas acima, foi possível concluir que havia

uma defasagem muito grande a este respeito a ser ainda superada. Devido a esse fato, optou-

se pela realização de outras ações similares. Propostas foram apresentadas, exercícios

cumpridos, tarefas feitas. Tudo isso colaborou para que as dificuldades fossem parcialmente

amenizadas. Após isso, percebeu-se que se faz necessária a disponibilidade de práticas mais

afins com os alunos, no intuito de sanar dúvidas a respeito do aspecto lingüístico corrente da

língua.

2.11 – Primeira pesquisa de opinião

A título de curiosidade, foi realizada uma pré pesquisa em sala de aula envolvendo

apenas os alunos, no intuito de verificar a adesão ou não ao tema que estava sendo

polemizado. Após um breve debate, foi aberto espaço para que todos os alunos expusessem

sua opinião a respeito e argumentasse a favor ou contra o uso de bebida alcoólica no trânsito.

Dos 24 alunos envolvidos em sala, apenas um foi defensor da ingestão de bebida

alcoólica ao dirigir um automóvel, reforçando a idéia de que “cada um teria liberdade de agir

conforme seus direitos e que o dinheiro gasto pelo cidadão é de sua inteira responsabilidade,

podendo assim escolher o que vai consumir, onde e quando.” Estes argumentos foram

contestados pela grande maioria dos demais integrantes da classe, deixando o aluno um tanto

quanto constrangido, difamado até.

2.12 - Primeira produção textual

Após terem lido, discutido e feito atividades relacionadas à “lei seca” foi proposto aos

alunos a elaboração de seu próprio artigo sobre a temática, apresentando a tese e os

argumentos que a sustentavam.

Esta era apenas um esboço, um rascunho do texto que se pretendia produzir. Sendo

assim, é importante apresentar as idéias, os argumentos e não se preocupar tanto com outros

detalhes e componentes mais técnicos, pois esses pormenores serão acrescentados e utilizados

num segundo momento.

Coube ao professor neste momento fazer uma retomada daquilo que já tinha sido

abordado nas aulas anteriores, ou seja, instigar o aluno para que ele seguisse as

recomendações sugeridas desde o início das aulas que envolviam o projeto. As produções

foram feitas e entregues. Com base nas leituras, percebeu-se que havia uma série de

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dificuldades quanto à sequência de ideias, à manutenção dos passos que o gênero requer e

também foi necessária a correção dos erros ortográficos. Em seguida os textos foram

devolvidos aos alunos para serem reescritos, de acordo com as orientações que dizem

respeito às particularidades de cada artigo produzido.

2.13 – Segunda Pesquisa de opinião

Para que os alunos exercitassem mais o uso adequado dos operadores

argumentativos, sugeriu-se uma pesquisa mais ampla com a comunidade a respeito da lei

seca, coletando opiniões de pessoas de diferentes faixas etárias. Os alunos foram organizados

em grupos para que cada um entrevistasse pelo menos 5 pessoas. Para organizar o trabalho,

utilizou-se a ficha abaixo:

Você é a favor da implementação da lei seca no Brasil?

( ) Sim

( ) Não

Justifique sua resposta: .................................................

Com os resultados da pesquisa em mãos, os grupos montaram um quadro para

registrar os resultados, a posição dos entrevistados e os argumentos utilizados por eles. A

anotação dos resultados pode contribuir para que os alunos percebessem a utilidade dos

operadores argumentativos e compreendessem que as opiniões recolhidas trazem marcas que

as identificam, por exemplo: penso que..., sou a favor por que..., na minha opinião....

A ação foi baseada num esquema que pode ser visualizado a seguir:

Número de entrevistados favoráveis : .......................

Argumentos apresentados : ............................

Número de entrevistados contrários: ....................

Argumentos apresentados : ....................

Com base nos resultados obtidos pelos grupos, organizou-se uma atividade em que os

alunos apresentaram aos demais os dados coletados em sua pesquisa. Para a apresentação, os

alunos tiveram que montar tabelas para dar maior facilidade de compreensão dos dados. O

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ideal seria também que fosse feita a elaboração de uma síntese, trazendo as falas dos

entrevistados.

Nesse sentido, foi apresentado como sugestão aos grupos o seguinte esquema

sequencial:

A maioria pensa que .................................................,

pois........................................................

Alguns acham que não .................................................., visto

que.............................................

Nem todos são favoráveis à .....................................,

porque....................................................

Quase todos são contra, porque ......................................................................

Muitos acham que .........................................., pois .......................................há pessoas

que são contra ............................................. , pois ......................................................

Outras são a favor, porque......................................................................................

Para sintetizar a atividade prática desenvolvida, os dados apontavam para os seguintes

números:

97, 5% das pessoas entrevistadas são a favor da Lei seca e 2,5% desfavoráveis,

seguindo praticamente a tendência dos dados já coletados anteriormente com os alunos da

própria sala de aula.

2.14 – Segunda produção ou primeira reescrita

Este foi o momento de retomar todos os fundamentos teóricos trazidos aos alunos no

percurso das aulas. Então, coube ao aluno nesta hora, rever seu texto, buscar apoio de colegas,

rever sua produção, analisar se suas ideias estavam claras e verificar o que faltava para que o

seu texto pudesse ser considerado bom, tanto por ele quanto pelo demais possíveis leitores.

Questões gramaticais e ortográficas precisaram ser revistas.

Uma proposta pertinente foi a de dividir a turma em pequenos grupos de 3 alunos para

que os textos pudessem ser trocados e corrigidos pelos mesmos, auxiliando assim na releitura

e no aperfeiçoamento da escrita. Neste momento, foi possível constatar que há integrantes em

sala que não permitem a intervenção de alguns colegas em sua produção textual, fazendo com

o professor interferisse.

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Um dado importante foi a utilização de uma sequência em seguida. Veja o quadro

abaixo que serviu de auxílio para releitura e correção de alguns pontos das produções:

1 - Critérios - Está ok? - Deve mudar?

2 – Adequação ao título

- O assunto a ser discutido é relevante e polêmico?

- Você se colocou como alguém que discute a questão, considerando os leitores e o

veículo de publicação do texto?

- Acredita que conseguiu convencer seus leitores?

3 - Estrutura do texto

- Seu texto apresenta uma posição clara de defesa da questão?

- Usa argumentos para defender sua idéia?

- Há presença de uma conclusão adequada?

4 – Argumentação

- Selecionou informações relevantes?

- Utilizou organizadores textuais adequados?

5 – Marcas lingüísticas

- Usou adequadamente os conectivos e palavras coesivas?

- Está adequado quanto às normas gramaticais?

- Seu texto apresenta escrita legível e não contém rasuras?

2.15 -Terceira produção ou segunda reescrita:

Nessa etapa, o autor teve a oportunidade de reescrever seu texto, observando todos os

apontamentos considerados na correção coletiva anterior, a utilização dos apontamentos

referentes a cada item do quadro acima, bem como as sugestões do professor regente.

Numa análise geral, houve um avanço significativo no que diz respeito à qualidade

argumentativa, recursos coesivos e eliminação de erros ortográficos.

Os textos foram novamente entregues aos seus respectivos autores para que fossem

reescritos e posteriormente postados no blog da turma, bem como expostos no mural do

colégio.

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2.16 - Quarta produção ou terceira reescrita: enfim, a revisão final.

Observou-se se a conclusão estava reforçando sua posição e os demais aspectos

relacionados ao todo do texto, sendo que estes deveriam ser analisados e pertencer aos

argumentos que estariam no intuito de influenciar o leitor.

Uma nova leitura foi realizada pelos autores dos artigos com todo cuidado, verificando

se ele continha todas as características essenciais exigidas em sua produção já estudadas.

Observou-se se o texto traduzia opiniões convincentes.

Concluídos os textos, estes foram postados no blog da turma, como versões

definitivas. Para que as produções tivessem uma maior circulação e fossem lidos por um

grande número de pessoas, os textos também foram disponibilizados num mural e no site da

escola.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de trabalho com o gênero discursivo artigo de opinião que aqui se

apresenta vem para reforçar o quão importante é o trabalho com gêneros discursivos em sala

de aula, por proporcionar ao aluno o desenvolvimento da autonomia no processo da leitura e

da produção de textos, bem como propiciar seu envolvimento participativo no contexto social.

Entretanto, conhecer o gênero discursivo artigo de opinião em todos os seus elementos

composicionais, estilo, marcas lingüísticas e enunciativas requer muitas leituras, estudos

árduos e muita perspicácia do professor, de maneira que este saiba como orientar os

educandos a perceberem esses elementos nos artigos que lêem e deles saberem fazer uso

adequado ao produzirem seus próprios textos.

Por outro lado, a produção e a implementação de uma Seqüência Didática pelo

professor muito tem a acrescentar em sua formação profissional, assim como a elaboração de

qualquer outro tipo de material didático, por ampliar significativamente seus conhecimentos e

por saber que, ao realizar tal trabalho, estará ajudando o aluno a ser mais participativo e mais

inserido no espaço social.

A aplicação desta sequência poderia ter sido mais proveitosa se a classe na qual as

ações foram desenvolvidas fosse mais madura. Inicialmente, vislumbrou-se a implementação

em uma turma que estaria concluindo o ensino médio, no entanto, por questões burocráticas,

isso não foi possível, no entanto, acredita-se que o gênero Artigo de Opinião trouxe novas

perspectivas de trabalho àqueles alunos que estiveram envolvidos nas ações.

Dessa forma, espera-se que tal trabalho tenha contribuído no sentido de trazer

informações e incentivos para que venham a ser desenvolvidos novos trabalhos condizentes

com uma concepção sociodiscursiva de ensino da Língua Portuguesa.

4 - REFERÊNCIAS

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- BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

- BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 6.ed. São Paulo: Hucitec,

1992.

- BARBOSA, Jaqueline Peixoto. Carta de Solicitação e Carta de Reclamação. São

Paulo: FTD, 2005.

- DOLZ J; NOVERRAZ M.; SHENEUWLY, B. Seqüências didáticas para uso oral e a

escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ J.; SHENEUWLY, B. Gêneros orais e

escritos na escola Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. São Paulo: Mercado de Letras,

2004, p. 95-128.

- GHILARDI, Maria Ines (et al.). Redação para o vestibular: propostas, comentários,

redações e exercícios. Campinas: Alínea, 2002.

- KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 4. ed. São Paulo:

Cortez, 1996.

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