ARTIGO DE REVISÃO ARTIGOS ORIGInAIS ARTIGOS...

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VOLUME 23 | NÚMERO 2 | 2016 ARTIGO DE REVISÃO Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevante ARTIGOS ORIGINAIS Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizados Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiro Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolares ARTIGOS COMENTADOS Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com elevada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebrais Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer, e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sistemática e meta-análise

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Volume 23 | Número 2 | 2016

ARTIGO DE REVISÃO

Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevante

ARTIGOS ORIGInAIS

Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizados

Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiro

Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolares

ARTIGOS cOmEnTADOS

Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com elevada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebrais

Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer, e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sistemática e meta-análise

PUBLICAÇÕES DE 2010

Número 1 – Janeiro / MarçoVI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

Número 2 – Abril / JunhoPrevenção Primária da Hipertensão Arterial

Andréa Araújo Brandão

Número 3 – Julho / SetembroMetas do Tratamento da Hipertensão Arterial

Antonio Felipe Sanjuliani

Número 4 – Outubro / DezembroAlterações Comportamentais e Hipertensão Arterial

Emilton Lima Jr.

PUBLICAÇÕES DE 2011

Número 1 – Janeiro / MarçoV Diretrizes Brasileiras de Monitorização Ambulatorial

da Pressão Arterial (MAPA) e III Diretrizes Brasileiras de Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA)

Número 2 – Abril / JunhoHipertensão SecundáriaLuiz Aparecido Bortolotto

Número 3 – Julho / SetembroHipertensão, Cardiometabolismo e Diabetes

FALTA

Número 4 – Outubro / DezembroFALTA

EXPEDIENTEEditorLuiz Aparecido Bortolotto

Conselho EditorialAgostinho Tavares (SP)Alexandre Alessi (PR)Andréa Araujo Brandão (RJ)Antônio Carlos P. Chagas (SP)Antonio Felipe Sanjuliani (RJ)Armando da Rocha Nogueira (RJ)Armênio C. Guimarães (BA)Audes Feitosa (PE)Carlos Eduardo Negrão (SP)Carlos Roberto Sobrinho (CE)Celso Amodeo (SP)Cibele Rodrigues (SP)Claudia Forjaz (SP)

Dalton Vassalo (ES)Dante M. A. Giorgi (SP)David de Padua Brasil (MG)Décio Mion Júnior (SP)Eduardo Barbosa (RS)Eduardo Barbosa Coelho (SP)Eduardo Cantoni Rosa (SP)Eduardo M. Krieger (SP)Emilton Lima Júnior (PR)Flávio Borelli (SP)Flávio D. Fuchs (RS)Gilson Soares Feitosa (BA)Hélio C. Salgado (SP)

Heno Ferreira Lopes (SP)Ínes Lessa (BA)Joel Heimann (SP)José Antonio F. Ramirez (SP)José Augusto Barreto Filho (SE)José Carlos Aidar Ayoub (SP)José Eduardo Krieger (SP)José Luis Santello (SP)José Márcio Ribeiro (MG)Katia Ortega (SP)Lourenço Gallo Júnior (SP)Luciano Drager (SP)Márcio Kalil (MG)

Maria Eliane C. Magalhães (RJ)Maurício Wajngarten (SP)Michel Batlouni (SP)Osvaldo Kohlmann Jr. (SP)Oswaldo Passarelli Jr. (SP)Paulo Toscano (PA)Rafael Leite Luna (RJ)Roberto Sá Cunha (ES)Rogério Baumgratz de Paula (MG)Sérgio Henrique Ferreira (SP)Weimar Sebba (GO)Wille Oigman (RJ)

Editores-AssistentesRuy PóvoaFernanda Marciano Consolim-ColomboPaulo César JardimMiguel GusMarcus V. B. Malachias

Editores-SetoriaisFernanda Marciano Consolim-Colombo (Casos Clínicos)Celso Amodeo (Estudos Clínicos)Heitor Moreno (Pesquisa Básica)Marco Motta (Medida de Pressão Arterial)Armando da Rocha Nogueira (Como Eu Trato)Flávio Fuchs (Epidemiologia Clínica)Wilson Nadruz (Espaço Jovem Investigador)Mário F. Neves (Espaço Pós-Graduação)

hipertensãoBrazilian Journal of hypertension

ISSN 1519-7522INDEXADA NA BASE DE DADOS LILACS

EXPEDIENTE

EditorJuan Yugar ToledoJosé Fernando Vilela Martin

Editores-SetoriaisCelso Amodeo (Estudos Clínicos)Heitor Moreno (Pesquisa Básica)Marco Motta (Medida de Pressão Arterial)Armando da Rocha Nogueira (Como Eu Trato)Flávio Fuchs (Epidemiologia Clínica)Wilson Nadruz (Espaço Jovem Investigador)Mário F. Neves (Espaço Pós-Graduação)

PUBLICAÇõES DE 2015Número 1 – Janeiro / Março

Hipertensão Arterial em Situações Especiais

Número 2 – Abril / JunhoHipertensão em Situações Especiais II

Número 3 – Julho / SetembroHipertensão em Situações Especiais III

Número 4 – Outubro / DezembroHipertensão em Situações Especiais IV

Conselho EditorialAgostinho Tavares (SP)Alexandre Alessi (PR)Andréa Araujo Brandão (RJ)Antônio Carlos P. Chagas (SP)Antonio Felipe Sanjuliani (RJ)Armando da Rocha Nogueira (RJ)Armênio C. Guimarães (BA)Audes Feitosa (PE)Carlos Eduardo Negrão (SP)Celso Amodeo (SP)Cibele Rodrigues (SP)Claudia Forjaz (SP)Dalton Vassalo (ES)Dante M. A. Giorgi (SP)

David de Padua Brasil (MG)Décio Mion Júnior (SP)Dilma do Socorro Moraes de Souza (PA)Eduardo Barbosa (RS)Eduardo Barbosa Coelho (SP)Eduardo M. Krieger (SP)Emilton Lima Júnior (PR)Flávio Borelli (SP)Flávio D. Fuchs (RS)Gilson Soares Feitosa (BA)Hélio C. Salgado (SP)Heno Ferreira Lopes (SP)Ínes Lessa (BA)Joel Heimann (SP)

José Antonio F. Ramirez (SP)José Augusto Barreto Filho (SE)José Carlos Aidar Ayoub (SP)José Eduardo Krieger (SP)José Luis Santello (SP)José Márcio Ribeiro (MG)Katia Ortega (SP)Lourenço Gallo Júnior (SP)Luciano Drager (SP)Márcio Kalil (MG)Maria Eliane C. Mag alhães (RJ)Maria Teresa Nogueira Bombig (SP)Maurício Wajngarten (SP)Michel Batlouni (SP)

Osvaldo Kohlmann Jr. (SP)Oswaldo Passarelli Jr. (SP)Paula Freitas Martins Burgos (SP)Paulo Toscano (PA)Rafael Leite Luna (RJ)Rogério Baumgratz de Paula (MG)Sérgio Henrique Ferreira (SP)Weimar Sebba (GO)William da Costa (SP)Wille Oigman (RJ)Yoná Afonso Francisco (SP)

PUBLICAÇõES DE 2016Número 1 – Janeiro / Março

Trials clínicos de alto impacto na prática clínica I

Número 2 – Abril / JunhoTrials clínicos de alto impacto na prática clínica II

Sociedade Brasileira de Cardiologia / DHAAv. Marechal Câmara, 160 – 3º andar – Sala 330 – Centro – 20020-907 – Rio de Janeiro, RJ

Produção Editorial – Zeppelini Publisher / Instituto FilantropiaRua Bela Cintra, 178 – Cerqueira César – 01415-000 – São Paulo, SP

Tel.: 55 11 2978-6686 – www.zeppelini.com.br

Diretoria (Biênio 2016/2017)

Presidente Dr. Eduardo Costa Duarte Barbosa (RS)

Vice-Presidente Dr. Audes Diógenes de Magalhães Feitosa (PE)

Diretora Administrativa Dra. Lucelia Batista N. Cunha Magalhaes (BA)

Diretor Financeiro Dr. Armando da Rocha Nogueira (RJ)

Diretor Científico Dr. Rui Manuel dos Santos Póvoa (SP)

Diretor de Relações Dr. Sergio Baiocchi Carneiro (GO)

Diretoria (Biênio 2016/2017)

Sociedade Brasileira de Cardiologia

Presidente Marcus Vinícius Bolívar Malachias

Vice-Presidente Eduardo Nagib Gaui

Diretor Científico Raul Dias dos Santos Filho

Diretora Financeira Gláucia Maria Moraes de Oliveira

Diretor Administrativo Denilson Campos de Albuquerque

Diretor de Relações Governamentais Renault Mattos Ribeiro Júnior

Diretor de Tecnologia da Informação Osni Moreira Filho

Diretor de Comunicação Celso Amodeo

Diretor de Pesquisa Leandro Ioschpe Zimerman

Diretor de Qualidade Assistencial Walter José Gomes

Diretor de Departamentos Especializados João David de Souza Neto

Diretor de Relações com Estaduais e Regionais José Luis Aziz

Diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular – Sbc/Funcor Weimar Kunz Sebba Barroso de Souza

hipertensãoBrazilian Journal of hypertension

73 CARTA DO EDITOR

74 PALAVRA DO PRESIDENTE

ARTIgOS DE REVISãO

76 Fisiopatologia da hipertensão no diabetes e na obesidadeNatália Ruggeri Barbaro, Ana Paula Cabral de Faria, Valéria Nasser Figueiredo, Heitor Moreno Júnior

82 Adipocitocinas, hipertensão e doença cardiovascularJuliana dos Santos Gil, Heno Ferreira Lopes

91 Tratamento atual das dislipidemiasMarcio Hiroshi Miname, Raul Dias dos Santos Filho

99 Avaliação não invasiva de gordura abdominal total comparada à determinação tomográfica em pacientes hipertensosChristiane de Mesquita Barros Almeida Leite, Rogério Andrade Mulinari, José Gastão Rocha de Carvalho, Ênio Rogacheski, Sérgio L. Padilha

106 Hipertensão arterial e diabetes mellitus: uma visão globalSandra C. Fuchs, Andressa Alves da Silva

COMUNICAÇãO BREVE

112 O controle da glicemia como um fator atenuante do estresse oxidativo da hipertensão arterialThays de Ataide e Silva, Sandra Mary Lima Vasconcelos

CASO CLÍNICO

115 Síndrome metabólica: relato de casoDavi Bizetti Pelai, Cássia Veridiana Dourado Leme, Cintia Maria Garcia Marchi, Afonso Augusto Carvalho Loureiro, José Fernando Vilela-Martin

31 EDITORIAL

ARTIGO DE REVISÃO

32 Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevanteLuis Cláudio Lemos Correia, Vitor Calixto Correia

ARTIGOS ORIGINAIS

34 Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizadosTatiana Maria Palmeira dos Santos, Alaide Guilherme dos Santos, Andreza Melo de Araújo, Cynthia Barbosa Albuquerque dos Santos, Dayanne da Costa, Danielle Almeida Sena, Doriane da Conceição Lacerdas, José Alfredo dos Santos Júnior

39 Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiroLiliane Vidal de Oliveira Damas, Mônica de Andrade Nascimento, Carlito Lopes Nascimento Sobrinho

47 Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolaresWilliam Cordeiro de Souza, Leandro Siewert, Marcos Tadeu Grzelczak, André de Camargo Smolarek, Luis Paulo Gomes Mascarenhas

ARTIGOS COMENTADOS

52 Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com elevada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebraisYoshino Kinjo, Akio Ishida, Kozen Kinjo, Yusuke OhyaComentário: Luiz Tadeu Giollo Junior

54 Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer, e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sistemática e meta-análiseDagfinn Aune, NaNa Keum, Edward Giovannucci, Lars T. Fadnes, Paolo Boffetta, Darren C. Greenwood, Serena Tonstad, Lars J. Vatten, Elio Riboli, Teresa NoratComentário: Letícia Aparecida Barufi Fernandes

31Rev Bras Hipertens vol. 23(2):31, 2016. Editorial

Prezados colegas do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, dando sequência às publicações da Revista Brasileira de Hipertensão, gostaríamos de agradecer a colaboração dos autores que, com muito esmero e dedi-cação, contribuíram para a edição do segundo número de 2016 do periódico.

Esta edição traz um importante artigo de revisão para a nossa prática clínica: “Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevante”.

Complementando os artigos desta edição, temos três trabalhos originais de inequívoca relevância epidemiológica. Os autores do primeiro trabalho analisam a prevalência de hipertensão e os fatores de risco cardiovasculares associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiro.

No segundo trabalho, os autores avaliam a ingestão de nutrientes com partici-pação na regulação da pressão arterial (PA) em uma amostra de pacientes hiper-tensos hospitalizados num hospital terciário.

Os autores do terceiro trabalho averiguam a prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolares.

Na seção Artigos Comentados, temos outros assuntos igualmente relevantes. Os artigos intitulados “Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com ele-vada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebrais” e “Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sis-temática e meta-análise de estudos prospectivos.” são comentados pelos autores, que nos brindaram com sucinta análise sobre os assuntos.

Agradecemos a colaboração de todos os colegas e o apoio incondicional da nova diretoria do departamento.

Abraços!

José Fernando Vilela MartinJuan Carlos Yugar Toledo

Editores

José Fernando Vilela Martin

32 Rev Bras Hipertens vol. 23(2):32-3, 2016.ARTIGO DE REVISÃO32

Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevanteCritical analysis of the HOPE-3 study: a real and relevant message

Luis Cláudio Lemos Correia1, Vitor Calixto Correia1

Recebido em: 27/06/2016. Aprovado em: 28/07/2016.

1Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) – Salvador (BA), Brasil.Correspondência para: Luis Cláudio Lemos Correia – Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – Avenida Princesa Leopoldina, 19/402 – CEP: 40150-080 – Salvador (BA), Brasil – E-mail: [email protected] de interesses: nada a declarar.

POTENCIAL CIENTÍFICOO ensaio clínico “Blood-Pressure Lowering in Intermediate-Risk Persons without Cardiovascular Disease” (HOPE-3)1 testou a eficácia clínica do tratamento hipotensor em indivíduos com pressão arterial em níveis dentro da normalidade. A amostra do estudo foi composta por pacientes normotensos ou hiper-tensos controlados, sendo 12.700 indivíduos randomizados para tratamento anti-hipertensivo (candezartan/hidroclorotia-zida) versus placebo.

A média de pressão arterial da amostra foi 138 ± 15 mmHg para sistólica e 82 ± 9.4 mmHg para diastólica. A partir disso, é possível perceber que os valores médios de pressão estão abaixo da faixa que define hipertensão, mas dentro de uma faixa que poderia representar um fator de risco para o sistema cardiovascular. Essa possibilidade é embasada por estudos epi-demiológicos (observacionais) que mostram aumento de risco a partir de valores >115 mmHg.2

Dessa forma, além de transmitir uma mensagem pragmática relativa à adoção de um tratamento, o desenho do estudo tem o potencial de testar o conceito mecanicista de que valores pressó-ricos superiores a 120 mmHg podem ser considerados um fator de risco cardiovascular. Segundo o estudo, uma redução de risco cardiovascular confirmaria a causalidade entre pressão arterial em níveis intermediários e eventos cardiovasculares. Seria a presença do mais importante dentre os critérios de causalidade propostos por Bradford Hill: o princípio da reversibilidade, quando o trata-mento do suposto fator de risco reduz o risco.3

VALIDADE DO RESULTADOO trabalho mostra que o “grupo tratamento” realmente desfru-tou de maior redução de pressão arterial quando comparado ao “grupo controle”. No entanto, não houve redução do des-fecho primário (4,1 versus 4,4%, p=0,41), definido pelo com-binado de morte, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Reforçando a negatividade do resultado, a análise individual

dos componentes do desfecho não mostrou diferença a favor do grupo tratamento.

No caso de um estudo negativo, é imprescindível se preocu-par com a possibilidade de ocorrência do erro aleatório tipo II, de modo que alguns questionamentos devem ser feitos: 1. Há diferença numérica entre os grupos? 2. O valor p é limítrofe, tendendo a significância estatística? 3. O estudo possuía poder estatístico para encontrar diferen-

ças relevantes?

Primeiro, no caso do presente estudo, não há diferença numérica alguma entre os grupos. Segundo, o valor p é alto, fora da faixa que tende a significância estatística. Terceiro, este é um estudo amplo (12.700 pacientes), com grande número de desfechos (1.179). Nos métodos, nota-se que o estudo foi dimensionado para 80% de poder de detecção para uma redução relativa do risco de 22% e que, para isso, precisaria obter 500 desfechos. Portanto, é um estudo com poder esta-tístico adequado.

Nessa análise, é importante reconhecer que a leitura mecani-cista de um estudo (relevância científica) deve exigir poder estatístico capaz de detectar menores reduções de risco do que a leitura vol-tada para o conceito pragmático (relevância clínica do efeito). Reduções menores de desfecho podem sugerir causalidade, embora não impliquem em indicação terapêutica, devido a seu pequeno impacto clínico. Por isso, ao interpretar um estudo do ponto de vista mecanicista, deve-se atentar para o poder estatístico, pois este é normalmente calculado sob o conceito pragmático. Aplicando tal pensamento ao HOPE-3, poderíamos argumentar que, apesar da dimensão do estudo não ter sido planejada para identificar reduções de risco inferiores a 22%, a constatação do dobro de desfechos necessários proporcionou ao estudo a capacidade de detectar reduções ainda menores do que as previstas; isso convence quanto à baixa probabilidade do erro tipo II, mesmo em relação à hipótese mecanicista.

33Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevanteCorreia LCL, Correia VC

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):32-3, 2016.

ANÁLISE DE SUBGRUPODe acordo com a média e o desvio-padrão da pressão sistólica basal (139 ± 20 mmHg), aproximadamente metade dos pacien-tes desse trabalho possuem pressão sistólica > 140 mmHg. Ou seja, boa parcela está acima da faixa intermediária abordada. A análise de subgrupo mostra interação significativa (p=0,009) entre a faixa de pressão > 144 mmHg e o benefício do trata-mento. Ou seja, pressão sistólica > 144 mmHg (tercil superior) se associa ao benefício do tratamento, diferentemente do que acontece em níveis abaixo disso.

Sabemos do cuidado que devemos ter com análise de sub-grupo, no sentido de que nunca a conclusão do estudo deve priorizar o resultado de um subgrupo em detrimento do resul-tado geral. Quando um estudo é negativo, um subgrupo posi-tivo deve ser interpretado apenas como gerador de hipótese (se houver plausibilidade, se o subgrupo for definido a priori ou se houver interação significativa). Portanto, a conclusão do estudo é negativa, como foi colocado pelos autores, e o efeito benéfico em pacientes com pressão sistólica maior seria uma possibilidade.

Diferentemente do que parece, porém, no presente caso a análise de subgrupo reforça o resultado negativo do estudo, em vez de contradizê-lo. Do ponto de vista pragmático, já trata-mos pacientes com pressão > 140 mmHg e, do ponto de vista etiológico, já consideramos hipertensão níveis > 140 mmHg.

Portanto, o original desse estudo está nos pacientes com pres-são < 140 mmHg. E, em tais pacientes, a análise de sub-grupo não mostra qualquer tendência a benefício.

Estamos aqui na situação em que a análise de subgrupo mostra a consistência do resultado principal do estudo (que foi negativo). Mostrar consistência do resultado principal do estudo é a função mais nobre de análises de subgrupo.

CONCLUSÃODo ponto de vista pragmático, o HOPE-3 sugere que não há benefício em reduzir a pressão arterial para níveis inferiores aos padrões tradicionais, mesmo em indivíduos de risco cardiovas-cular intermediário. Do ponto de vista mecanicista, seguindo o pensamento bayesiano, o HOPE-3 reduz a probabilidade de que níveis de pressão arterial intermediários, não definidos como hiper-tensão, representam fator de risco cardiovascular. Estudos nega-tivos também possuem utilidade prática e relevância científica.

REFERÊNCIAS 1. Lonn EM, Bosch J, López-Jaramillo P, Zhu J, Liu L, Pais P, Diaz R et al.; HOPE-3

Investigators. Blood-Pressure Lowering in Intermediate-Risk Persons without Cardiovascular Disease. N Engl J Med. 2016;374(21):2009-20.

2. Lewington S, Clarke R, Qizilbash N, Peto R, Collins R; Prospective Studies Collaboration. Age-specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality: a meta-analysis of individual data for one million adults in 61 prospective studies. Lancet. 2002;360(9349):1903-13

3. Hill, AB. The Environment and Disease: Association or Causation?. Proc R Soc Med. 1965; 58(5):295-300.

34 Rev Bras Hipertens vol. 23(2):34-8, 2016.ARTIGO ORIGINAL34

Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizadosHypertension: a dietary evaluation of hospitalized patients

Tatiana Maria Palmeira dos Santos1, Alaide Guilherme dos Santos1, Andreza Melo de Araújo1, Cynthia Barbosa Albuquerque dos Santos1, Dayanne da Costa2, Danielle Almeida Sena3, Doriane da Conceição Lacerdas2, José Alfredo dos Santos Júnior4

Recebido em: 18/06/2016. Aprovado em: 20/07/2016.

1Departamento de Nutrição, Universidade Tiradentes (UNIT) – Aracaju (SE), Brasil.²Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE) – Aracaju (SE), Brasil.3UNIT – Aracaju (SE), Brasil.4Departamento de Biologia, Centro Universitário (CESMAC) – Maceió (AL), Brasil.Correspondência para: Tatiana Maria Palmeira dos Santos – Universidade Tiradentes (UNIT), Campus Farolândia – Avenida Murilo Dantas, 300 – Farolândia – CEP: 49032-490 – Aracaju (SE), Brasil – E-mail: [email protected] de interesses: nada a declarar.

RESUMO

Fundamentos: O comportamento alimentar da população brasileira sofreu modificações expressivas, com crescimento do número de refeições fora de casa, redução no consumo das leguminosas, raízes e tubérculos e o aumento da aquisição de proteínas e lipídeos de origem animal, o que, associado a outros fatores, tem contribuído para a elevação na prevalência da hipertensão. Objetivo: Avaliar a ingestão de nutrientes com participação na regulação da Pressão Arterial (PA) em uma amostra de pacientes hipertensos hospitalizados. Materiais e Métodos: Estudo transversal, realizado com pacientes hipertensos hospitalizados, adultos e idosos. Foi usado Recordatório Alimentar de 24 horas (R24h) como inquérito alimentar nesses pacientes. Os macronutrientes foram avaliados por meio da AMDR (Acceptable Macronutrient Distribuition Range – Intervalo de Distribuição Aceitável de Macronutrientes) e o potássio (K) e o sódio (Na) por meio da AI (Adequate Intake – Ingestão Adequada). Para as inadequações dos nutrientes foi utilizado o método da EAR (Estimated Average Requirement – Necessidade Média Estimada). Resultados: Foi observado um reduzido consumo de minerais e vitaminas. A pesquisa também mostrou alta ingestão de carboidratos na maioria dos pacientes (96,36%) associado ao consumo inadequado de cálcio (Ca), zinco (Zn) e magnésio (Mg) em mais de 80% dos pacientes. Conclusão: Quanto melhor a ingestão, maior o impacto benéfico da dieta sobre a PA na população e maior a redução das doenças crônicas não transmissíveis.

PALAVRAS-CHAVE

Ingestão de alimentos; recomendações nutricionais; vitaminas; minerais; hipertensão.

ABSTRACT

Background: The dietary behavior of the Brazilian population has undergone significant changes, with growth in the number of meals outside the home, reducing the consumption of legumes, roots and tubers, and increased acquisition of animal proteins and lipids, which, together with other factors, has contributed to the increased prevalence of hypertension. Objective: To evaluate nutrient intake with participation in the regulation of blood pressure (BP) in a sample of hospitalized hypertensive patients. Materials and Methods: Cross-sectional study, conducted with hospitalized hypertensive patients, adults and seniors. It was used 24 hours Food Recall (24HR) as a dietary survey in these patients. Macronutrients were assessed by AMDR (Acceptable macronutrient distribuition Range) and potassium (K) and sodium (Na) in by AI (Adequate Intake). To the inadequacies of the nutrients we used the EAR method (Estimated Average Requirement – Need Estimated Average). Results: Reduced consumption of minerals and vitamins was observed. The research also showed high carbohydrate intake in most patients (96.36%) associated with inadequate intake of calcium (Ca), zinc (Zn) and magnesium (Mg) in over 80% of patients. Conclusion: The higher the intake, the greater the beneficial impact of diet on BP in the population and the greater the reduction of non-transmissible chronic diseases.

KEYWORDS

Food intake; recommended dietary allowances; vitamins; minerals; hypertension.

35Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizadosSantos TMP, Santos AG, Araújo AM, Santos CBA, Costa D, Sena DA, Lacerdas DC, Santos Júnior JA

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):34-8, 2016.

INTRODUÇÃOO comportamento alimentar da população urbana brasileira sofreu modificações expressivas, com crescimento do número de refeições fora de casa, redução no consumo das legumino-sas, raízes e tubérculos — que promovem aporte nutricional saudável — e o aumento da aquisição de proteínas e lipídeos de origem animal, o que, associado a fatores como heredita-riedade, obesidade e inatividade física, tem contribuído para a elevação na prevalência da hipertensão.1

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada uma patologia de alta prevalência na população idosa: 65%, podendo chegar a 80% em mulheres. Além disso, a HAS é considerada fator de risco para outras doenças, contribuindo em 40% das mortes por acidente vascular encefálico e em 25% daquelas por doenças coronarianas.2 Dessa forma, a HAS é um problema de saúde pública, haja vista sua relevância na morbimortalidade cardiovascular. O conhecimento dos fatores associados ao seu desenvolvimento reveste-se de grande importância, para que se possa atuar de forma preventiva adequada.1,2

Dessa forma, conhecer os hábitos alimentares dos indivíduos é uma tarefa árdua e complexa, visto que estes possuem dimen-sões simbólicas na vida social, que abrangem desde a cultura da população até suas experiências pessoais, conferindo a elas menos objetividade do que se espera ao abordá-las por meio de métodos de investigação de consumo alimentar.3

Com relação ao surgimento e/ou controle da pressão arterial (PA) destacam-se alguns micronutrientes como, por exemplo, os minerais sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), que estão associados à HAS e às vitaminas C e E, sendo estas participantes da defesa antioxidante. A relação entre a hiper-tensão e os fatores nutricionais é comprovada; porém, ainda não são esclarecidos seus mecanismos de atuação.4

Sabe-se que uma dieta saudável — rica em frutas e vege-tais — está associada à melhora de níveis pressóricos.5 Por sua vez, um alto consumo de álcool e de alimentos com alto teor de sódio está associado à elevada prevalência da hipertensão arterial, como o consumo de K, Ca e Mg atenuam o aumento dos níveis pressóricos com o passar da idade.6

Uma dieta adequada, balanceada e variada contendo todos os grupos alimentares é mais eficiente na ação protetora. De fato, acredita-se que ao menos parte do benefício de uma dieta rica em frutas e hortaliças se derive da variedade de antio-xidantes vegetais, sendo as frutas cítricas e as hortaliças verdes fontes de vitamina C e os óleos vegetais, os cereais integrais e as oleaginosas fontes de vitamina E. A identificação de fatores de risco modificáveis relacionados à inadequação das concen-trações séricas de tais vitaminas é fundamental para direcionar ações mais efetivas no que se diz respeito às deficiências no seu consumo.7

A ausência de outros elementos, como o ferro (Fe) e vitaminas C e E, vem sendo estudada perante o elo de ligação antioxidante, visto que a HAS constitui um estado de estresse oxidativo.8

Sabendo que a HAS é uma patologia multifatorial que atin-gem diversos grupos populacionais, torna-se necessário conhecer os hábitos alimentares inadequados e determinar se os mesmos estão relacionados a elevados níveis de pressão arterial. O presente estudo teve por objetivo avaliar a ingestão de minerais com par-ticipação na regulação da PA (Na, K, Ca, Mg e Fe) e vitaminas antioxidantes (C e E) em uma amostra de pacientes hipertensos.

MATERIAIS E MÉTODOSEstudo transversal, realizado com pacientes adultos e idosos hospitalizados, de ambos os sexos, admitidos entre o período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015 em um Hospital de Urgências de Sergipe.

Os critérios de inclusão utilizados foram: pacientes adul-tos e/ou idosos que possuíam condições físicas ou mentais e que se encontravam aptos a serem avaliados. Foram excluídos pacientes que possuíam alguma deformidade física, gestantes e pacientes em terapia nutricional por via parenteral, e ainda aqueles que se recusaram a participar do estudo.

A amostra foi constituída por 154 pacientes de ambos os sexos, que possuíam como diagnóstico a HAS, tendo como critério para sua classificação a pressão arterial (PA) ≥ 140/90 mmHg ou o uso atual de anti-hipertensivos. Foi realizada a investigação do con-sumo alimentar e coletados dados clínicos por meio de anamnese aplicada em visita aos pacientes hospitalizados.

Foi usado o inquérito dietético de recordatório de 24h (R24h) para coleta das informações dietéticas dos pacientes, cuja prer-rogativa é que 20% da amostra possuam dois R24h e que o nutriente apresente distribuição normal por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov, para que pudéssemos acompanhá-los de maneira adequada.9

Os macronutrientes foram avaliados por meio da AMDR (Acceptable Macronutrient Distribuition Range – Intervalo de Distribuição Aceitável de Macronutrientes) (AMDR = 10 – 35%) e o K e o Na por meio da AI (Adequate Intake – Ingestão Adequada). Para as inadequações dos nutrientes foi utilizado o método da EAR (Estimated Average Requirement – Necessidade Média Estimada) como ponto de corte que utiliza as recomenda-ções do IOM (Institute of Medicine – Instituto de Medicina), ou seja, DRIs (Dietary Reference Intake – Ingestão Dietética de Referência).10

Os valores obtidos foram tabulados e analisados utilizando o software de análise estatística Statistical Package for the Social Sciences SPSS(21) e os resultados foram apresentados em média e desvio padrão. Inicialmente, a normalidade foi testada em todas as variáveis com o teste Kolmogorov-Smirnov.

36 Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizadosSantos TMP, Santos AG, Araújo AM, Santos CBA, Costa D, Sena DA, Lacerdas DC, Santos Júnior JA

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):34-8, 2016.

A equipe que conduziu esta pesquisa seguiu os pre-ceitos éticos estabelecidos na Resolução 466/2012 sobre pesquisa envolvendo seres humanos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Tiradentes, protocolo nº 020513R. Todos os participantes ou seus respon-sáveis consentiram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para participar da pesquisa.

RESULTADOSEstudo com 154 pacientes, com idade média de 50,56 ± 14,25 anos, dos quais 57% eram do gênero masculino e 43% do gênero feminino. Os adultos representaram 70% da população estudada e idosos, 30%.

Foi observado que 96,36% (n = 106) consomem além da necessidade de carboidratos (CHO), sendo sua AMDR de 45 – 65%. Contrariamente, a ingestão de proteína (PTN) — (AMDR = 10 – 35%) — foi baixa na população, totalizando uma inadequação de 82,72%. Em relação ao lipídio (LIP), 55,45% dos pacientes apresentaram consumo dentro das recomendações; porém, 39,09% da população consumiram menos que o recomendado (Figura 1).

O consumo alimentar de colesterol na população estudada foi adequado, com média de 140,34 mg/dia em relação à recomendação diária, que deve ser inferior a 200mg em pacientes hipertensos. O K teve ingestão adequada, com média de 114,92 ± 671,66 mg/dia e o Na teve ingestão média de 1202,48 ± 537,46 mg/dia (Tabela 1).

No que concerne à ingestão de nutrientes (Tabela 2), percebe-se um percentual elevado de inadequação em relação ao Zn — 85,59% — e ao Mg — 87 – 95% — em todas as populações e faixas etárias; o Ca foi de 86,69% entre as mulheres de 19 a 50 anos e de 81,56% entre pacientes homens de 19 a 70 anos.

DISCUSSÃOAo analisar o perfil dos pacientes, foi encontrado um número sig-nificante de pessoas com deficiência na ingestão dos nutrientes advindos da alimentação. Tão importante quanto diagnosticar o paciente é avaliar o risco de deterioração nutricional naqueles em situações que podem estar associadas a problemas nutri-cionais.Estima-se que cerca de 2,15 bilhões de indivíduos possuam algum tipo de deficiência nutricional.11

O consumo de CHO elevado encontrado no presente estudo em relação à EAR difere das pesquisas de Cesar et al.12 e Paiva et al.13, cujos percentuais de inadequações foram de 47 e 51%, respectivamente. O alto consumo de CHO faz com que a maior porcentagem de gordura não seja usada como fonte de energia e sim depositada como gordura.

Neste estudo, houve um elevado percentual de inadequação proteica, discordando dos achados de Castro et al.14 e Paiva et al.13, os quais encontraram inadequações de 19 e 18,5%, respectivamente. A baixa ingestão de PTN pode contribuir para o aparecimento da des-nutrição e prejudicar as defesas imunológicas.15

NutrientesIngestão Adequada (AI) (mg)

Ingestão mínima

(mg)

Ingestão máxima

(mg)

Media ± DP(mg)

Potássio (K) 4700 11,82 4244,79 1914,92 ± 671,66Sodio (Na) 2400 275,26 4012,93 1202,48 ± 537,46

Tabela 1. Consumo de potássio e sódio dos pacientes de um hospital público de Sergipe, Aracaju, 2015.

Nutrientes EAR (%)Gênero Masculino

Zinco (Zn) 9,4 mg 85,59Ferro (Fe) 6 mg 20,02Vitamina C (Vit. C) 75 mg 30,15Vitamina E (Vit. E) 12 mg 33,72Vitamina A (Vit. A) 625 mcg 41,68Magnésio (Mg) [19 – 30 anos] 330 mg 97,13Magnésio (Mg) [> 30 anos] 350 mg 95,54Cálcio (Ca) [19 – 70 anos] 800 mg 81,56Cálcio (Ca) [> 70 anos] 1000 mg 64,69

Gênero FemininoZinco (Zn) 6,8 mg 51,99Ferro (Fe) [19 – 50 anos] 8,1 mg 20,74Ferro (Fe) [> 50 anos] 5 mg 30,7Vitamina C (Vit. C) 60 mg 26,43Vitamina E (Vit. E) 12 mg 43,64Vitamina A (Vit. A) 500 mcg 42,07Magnésio (Mg) [19 – 30 anos] 255 mg 91,31Magnésio (Mg) [> 30 anos] 265 mg 87,29Cálcio (Ca) [19 – 50 anos] 800 mg 86,69Cálcio (Ca) [> 50 anos] 1000 mg 64,69

Tabela 2. Percentual de inadequação dos micronutrientes por gênero em relação a Estimated Average Requirement em Aracaju, 2015.

Figura 1. Adequação das dietas dos pacientes de acordo com o consumo de macronutrientes em Aracaju, 2015.

13

96

1009080

6070

504030

100

20

82,72

16,370,91

39,08

55,56

5,46

Abaixo da recomendaçãoDe acordo com a recomendaçãoAcima da recomendação

Carboidrato Proteína Lipído

%

37Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizadosSantos TMP, Santos AG, Araújo AM, Santos CBA, Costa D, Sena DA, Lacerdas DC, Santos Júnior JA

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):34-8, 2016.

Em relação ao consumo de lipídios, apenas 5,46% dos pacien-tes obtiveram consumo acima das recomendações, discordando da pesquisa de César et al.12,cuja casuística apresentou consumo excessivo de 38%. Uma elevada ingestão de lipídios pode gerar consequências, como o aumento de triglicérides, a formação de ateromas nos vasos sanguíneos (aterosclerose), a pancreatite e o infarto agudo do miocárdio.12

O estudo de Pires et al.16 apresentou adequação em relação a todos os macronutrientes analisados. No entanto, tal achado pode não ter sido fidedigno em virtude do sub-relato de ingestão, conforme explica a literatura científica. Nesses casos, podem existir erros de avaliação dietética que devem estar no relato impreciso de ingestão alimentar, que distorce a interpretação dos resultados de estudos sobre consumo alimentar, sendo o mais comum o relato da ingestão energético inferior às quantida-des mínimas necessárias para a manutenção do peso corporal. Segundo o estudo de Avelino et al.17, esse fato pode ocorrer por lapsos de memória, dificuldade do entrevistado em quantificar as porções, incompreensão das questões feitas pelo entrevis-tador e até mesmo por constrangimento ao relatar o consumo de alguns alimentos.

É de grande importância que os micronutrientes se adequem em relação à ingestão alimentar, em virtude de funções especí-ficas, como a regulagem no metabolismo dos macronutrientes. Sendo assim, por meio da doação de átomos de hidrogênio fenó-lico para o radical peroxila, a vitamina E atua como antioxidante, interrompendo a reação de peroxidação lipídica em cadeia nas membranas celulares, podendo, portanto, bloquear o início da PL (Peroxidação Lipídica), protegendo as membranas celulares e a LDL (Lipoproteína de Baixa Intensidade) dessas espécies rea-tivas.18 Já a vitamina C encontrada nas células, principalmente sob a forma de ascorbato, também atua como antioxidante, e tem como função captar o oxigênio livre do metabolismo celular, impedindo que se liguem a radicais livres de oxigênio.19

O consumo de Ca foi inadequado na população estudada, sendo maior entre mulheres de 19 – 50 anos. O consumo adequado de Ca atenua a sensibilidade ao sal e reduz a pressão sanguínea, prin-cipalmente em indivíduos hipertensos. Assim, quando comparado ao nosso resultado, confirma que a maioria dos pacientes obteve o número elevado de inadequação do Ca, sendo maior em mulhe-res entre 19 – 50 anos.20 Assim como o Ca, o K também apresen-tou ingestão inadequada (1914,92 ± 671,66 mg/dia) em relação à recomendação, resultado esse que corrobora com os achados de Vasconcelos et al.21, onde a média foi inferior à recomendação. O K e o Na são minerais essenciais para a regulação dos fluidos intra e extracelulares, atuando na pressão sanguínea e juntos são responsáveis pelo equilíbrio hídrico e pela pressão osmótica.15

O Mg apresentou elevados percentuais de inadequação, tanto em mulheres quanto em homens, sendo maior no segundo

grupo. A deficiência do Mg prejudica a saúde, pois ele ajuda a regular a glicemia, promove a pressão sanguínea normal e está envolvido no metabolismo de energia e síntese de proteína.22 Elevados percentuais de inadequação também foram encontra-dos no estudo de Bloom et al.21

O Zn apresentou maior percentual de inadequação em homens (85,59%) do que em mulheres (51,99%). O Zn, assim como o Ca e o Mg, auxilia na produção de óxido nítrico, que age como vasodilatador no organismo, diminuindo a pressão arterial. Quando metabolizado pelo organismo em altas concentrações, o Zn continua normalmente seu transporte, saturando as proteí-nas, impedindo a distribuição dos outros minerais, como o Fe, e provocando o estresse oxidativo das células e a morte neuronal; porém, a sua ingestão em excesso não é benéfica, em razão de intoxicações que levam a doenças.21

É importante ressaltar que o percentual de inadequação de Fe foi maior em mulheres adultas jovens (20,75%) e ao final de vida reprodutiva (30,70%), resultado esse que corro-bora com os achados de Araújo et al.23 — com percentual de inadequação de Fe maior nas mulheres com até 50 anos de idade — e Vasconcelos et al.4 — nas mulheres maiores de 30 anos. As consequências da anemia em pacientes hipertensos são de grave efeito, já que são fatores de maior causa de insuficiência cardíaca.4 A anemia causa isquemia tissular, causando vaso-dilatação periférica e diminuindo ligeiramente a PA. Na queda da pressão, ocorre a ativação do sistema nervoso simpático (SNS), desenvolvendo a elevação da PA, moderando o fluxo sanguíneo renal.24

Como a aplicação do método da EAR como ponto de corte durante a análise dos R24h foi utilizada neste estudo para ava-liar a ingestão de nutrientes, há uma maior confiança nos valores encontrados, uma vez que esse enfoque estatístico ajusta a distribuição das ingestões de nutrientes observadas e atenua o impacto das variações diárias — inter e intrapessoais.4

CONCLUSÃOConforme os resultados encontrados no presente estudo, foram possíveis detectar uma significativa inadequação na ingestão alimentar dos pacientes. Devem-se avaliar quais as possíveis causas para os resultados encontrados, para o surgimento de inapetência e para o sabor das refeições ofertadas, e a partir daí implantar planos e avaliações nutricionais para estimar se a ingestão de alimentos está adequada ou inadequada para iden-tificar os hábitos alimentares. Tendo em vista o crescimento da prevalência da hipertensão, é fundamental ampliar e aperfei-çoar as políticas de saúde. Quanto mais precoce e amplamente difundida, maior o impacto benéfico da dieta sobre a pressão arterial na população e maior a redução das doenças crônicas não transmissíveis.

38 Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizadosSantos TMP, Santos AG, Araújo AM, Santos CBA, Costa D, Sena DA, Lacerdas DC, Santos Júnior JA

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):34-8, 2016.

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39Rev Bras Hipertens vol. 23(2):39-46, 2016. ARTIGO ORIGINAL

Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiroHypertension prevalence and associated factors in Family Health Program members of a Brazilian municipality

Liliane Vidal de Oliveira Damas1, Mônica de Andrade Nascimento2, Carlito Lopes Nascimento Sobrinho2

Recebido em: 28/05/2016. Aprovado em: 05/07/2016.

1Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) – Feira de Santana (BA), Brasil.2Departamento de Saúde, UEFS – Feira de Santana (BA), Brasil.Correspondência para: Liliane Vidal de Oliveira Damas – Sala de Situação e Análise Epidemiológica e Estatística, Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana – Avenida Transnordestina, s/n – Novo Horizonte – CEP: 44031-460 – Feira de Santana (BA), Brasil – E-mail: [email protected] de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), termo de outorga 0015/2010.Conflito de interesses: nada a declarar.

RESUMO

Introdução: A hipertensão arterial sistêmica é um grave problema de saúde pública, apresenta alta prevalência e é considerada o principal fator de risco para doenças cardiovasculares e cerebrovasculares em países industrializados e em desenvolvimento, tal como o Brasil. Objetivo: Estimar a prevalência de hipertensão arterial sistêmica e os fatores associados em indivíduos adultos cadastrados no Programa Saúde da Família em São Francisco do Conde, no estado da Bahia. Materiais e métodos: Estudo epidemiológico de corte transversal, exploratório, de base populacional, em uma amostra aleatória de 456 indivíduos com idades iguais ou superiores a 18 anos, em São Francisco do Conde. A razão de prevalência foi utilizada para mensurar a associação, e o intervalo de confiança de 95%, para medir a significância estatística entre as variáveis estudadas. Para a análise multivariada, empregou-se o modelo de regressão de Poisson. Resultados: A prevalência de hipertensão arterial foi de 51,80% na população em geral: entre os homens, 53,90%; em indivíduos com excesso de peso, 57,95%; entre os indivíduos ≥ 40 anos, 72,08%; e entre os que apresentavam adiposidade abdominal, 58,51%. A hipertensão arterial demonstrou associação estatisticamente significativa na análise bruta e ajustada com idade ≥ 40 anos e adiposidade abdominal. Conclusão: Observou-se elevada prevalência de hipertensão, principalmente entre os indivíduos ≥ 40 anos e aqueles que apresentaram adiposidade abdominal. Os resultados sugerem a necessidade de controle do sobrepeso e da adiposidade abdominal e o estímulo à adoção de hábitos de vida saudáveis, com o objetivo de reduzir a prevalência de hipertensão arterial.

PALAVRAS-CHAVE

Prevalência; hipertensão arterial; fatores de risco.

ABSTRACT

Introduction: The systemic arterial hypertension is a severe public health condition of high prevalence and the main risk factor for cardiovascular and cerebrovascular conditions in industrialized and developing countries like Brazil. Objective: To estimate the prevalence of systemic arterial hypertension and associated factors in adult individuals, enrolled in the Family Health Program in São Francisco do Conde city, state of Bahia, Brazil. Material and methods: This was an epidemiological, cross-sectional, exploratory, and population-based study performed with a random sample of 456 individuals aged over 18 years in San Francisco do Conde. The prevalence ratio was used to measure the association and the 95% confidence interval to measure the statistical significance between variables. Poisson’s regression model was used for the multivariate analysis. Results: The prevalence of hypertension was 51.80% for the general population: 53.90% among men; 57.95% in overweight subjects; 72.08% among individuals aged ≥ 40 years; and 58.51% among those with abdominal adiposity. The arterial hypertension showed a statistically significant association in the gross and adjusted analyses with age ≥ 40 years and abdominal adiposity. Conclusion: There was a high prevalence of hypertension especially among individuals aged ≥ 40 years and who presented abdominal adiposity. The results suggest the need of overweight and abdominal adiposity control and encouragement of the adoption of healthy lifestyle habits in order to reduce the prevalence of arterial hypertension.

KEYWORDS

Prevalence; hypertension; risk factors.

40 Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiroDamas LVO, Nascimento MA, Nascimento Sobrinho CL

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):39-46, 2016.

INTRODUÇÃOA hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônico-dege-nerativa, de origem multifatorial, assintomática e de evolução gra-dativa. É considerada um grave problema de saúde pública, por ser importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cere-brovasculares, o que a caracteriza como uma das causas de maior redução da qualidade e expectativa de vida da população.1-3

No Brasil, em 2012, estimou-se prevalência de 24,30% de HAS, e as regiões Sudoeste (25,80%) e Nordeste (23,09%) foram as que apresentaram taxas mais elevadas.4 Projeções para 2025 indicam elevação de 4,7% na prevalência da doença no país.5

As doenças do aparelho circulatório foram a principal causa de óbito no Brasil em 2013, representando 28% do total.4 Entre as causas modificáveis da mortalidade cardiovascular, destaca-se a hipertensão arterial.6

Segundo estudos epidemiológicos e ensaios clínicos, o diagnóstico precoce da hipertensão e a realização de medidas preventivas simples, tais como mudança de hábitos de vida e implementação de uma alimentação saudável, podem contri-buir para o aumento da expectativa de vida e para a redução da mortalidade, retardando o uso de terapia medicamentosa.6-9

No entanto, para prevenção e controle das doenças cardio-vasculares (DCV), é necessário conhecer os fatores intrínsecos e extrínsecos que podem estar associados ao desenvolvimento da hipertensão.10,11 Sedentarismo, tabagismo, etilismo, ingestão ele-vada de gordura saturada, adiposidade abdominal e obesidade são alguns desses fatores, que, embora sejam amplamente divulgados na literatura, ainda são pouco controlados e mostram, de modo geral, a baixa eficácia das estratégias empregadas para promoção e proteção da saúde e as baixas taxas de adesão ao tratamento.12,13

A HAS é complexa e silenciosa. Dessa maneira, ainda não foi suficiente para motivar as autoridades sanitárias à execução de um estudo de base populacional padronizado para todo o país, uma vez que as disparidades regionais no Brasil ainda são de grande magni-tude e repercutem de diferentes formas na determinação da hiper-tensão, dificultando, portanto, pesquisas com essas características. Entretanto, na ausência de um estudo com abrangência nacional, incentivam-se pesquisas de caráter locorregional em diversos municípios e estados brasileiros, para que seja possível conhecer a distribuição da exposição e o adoecimento pela hipertensão.6,1,14

O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência e os fato-res associados à hipertensão arterial em indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, cadastrados no Programa Saúde da Família (PSF), em São Francisco do Conde, Bahia.

MATERIAIS E MÉTODOSEstudo transversal, de base populacional, derivado do projeto de pesquisa intitulado Proposta de Vigilância à Saúde para a Detecção de Distúrbios Psíquicos Menores e Hipertensão Arterial,

que foi realizado em uma amostra aleatória da população adulta cadastrada na Estratégia de Saúde da Família de São Francisco do Conde. O projeto foi aprovado e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e conduzido por pesquisadores da Sala de Situação e Análise Epidemiológica e Estatística (SSAEE) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, de outubro a dezembro de 2010.

São Francisco do Conde é um município localizado na mesorre-gião do Recôncavo da Bahia a cerca de 67 km de Salvador. Em 2010, havia 33.183 habitantes, sendo 16.980 indivíduos do sexo femi-nino (51,17%) e 16.203 do masculino (48,80%). Além disso, apre-sentava a maior arrecadação per capita entre todos os municípios da América Latina, valores oriundos da arrecadação de impostos de uma das maiores refinarias de petróleo do Brasil e única do Norte-Nordeste. A população predominante era negra, e o índice de desenvolvimento humano (IDH), de 0,65.15

A amostra foi calculada tendo como referência os estudos de base populacional realizados pelo Ministério da Saúde, nos quais a prevalência de HAS foi igual a 25%, com intervalo de confiança de 95% (IC95%).16

O tamanho da amostra calculada foi de 300, entretanto, con-siderando que a população advém de várias unidades de saúde da família (USF), utilizou-se um efeito de desenho (DEFF = design effect) de 1,5 para corrigir o tamanho da amostra. Com essa correção, o tamanho final da amostra ficou em 450 indivíduos.17

A seleção da amostra foi obtida pelo cadastro básico das unidades do PSF, construído com base em uma relação fornecida pelo Departamento de Atenção Básica de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de São Francisco do Conde.

Para selecionar os sujeitos pesquisados, aplicou-se a amostra-gem aleatória estratificada, garantindo a participação do mesmo número de famílias e indivíduos de todas as Equipes de Saúde da Família do município.

Foram identificadas 29 microáreas cadastradas no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), da Estratégia de Saúde da Família. Cada uma continha aproximadamente 150 famílias. Foram sorteadas 10% do total das famílias cadastradas por microárea, obtendo-se, por fim, amostra de 456 famílias. Para a entrevista, selecionou-se, em cada família, um indivíduo adulto que atendesse aos critérios de inclusão. Se após duas visitas o indivíduo sorteado não fosse encontrado, ou em caso de óbito, fazia-se sua substituição por outro da mesma família, buscando-se manter a similaridade em relação à faixa etária e ao sexo. Caso as características não fossem semelhantes, outro indivíduo era entrevistado no prazo máximo de 90 dias. Foram excluídos do estudo indivíduos acamados, gestantes e portadores de deficiência mental. Foram vistos como recusas os indivíduos que decidiram não participar do estudo após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

41Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiroDamas LVO, Nascimento MA, Nascimento Sobrinho CL

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):39-46, 2016.

Os entrevistadores (estudantes do curso de Medicina da UEFS) foram devidamente treinados para realizar as medidas e aplicar o questionário. O instrumento utilizado durante a coleta de dados abordava variáveis sociodemográficas (identificação, endereço, sexo, idade, naturalidade, escolaridade, ocupação, raça, renda familiar, hábitos de vida e história familiar de hipertensão) e antro-pométricas (peso, estatura e circunferência da cintura – CC), bem como dados sobre o diagnóstico prévio de hipertensão relatado e a pressão arterial (PA) aferida durante a entrevista.

Visando verificar o tempo aproximado de preenchimento e a clareza do instrumento para coleta de dados, fez-se um piloto em microárea pertencente à USF George Américo, na cidade de Feira de Santana.

Todas as medidas antropométricas foram realizadas de forma padronizada. Para o peso, empregou-se balança eletrônica marca Plenna, modelo Giant Lithium, com capacidade para 150 kg e precisão de 100 g. Foi aferido também o peso, com os partici-pantes vestindo roupas leves e descalços. A medida da estatura foi aplicada com estadiômetro portátil, fixado ao chão (super-fície lisa), de marca SECCA, com grau de precisão de 0,1 cm. Durante a aferição, os indivíduos ficavam em posição ortostá-tica com as pernas e os pés paralelos, braços relaxados e volta-dos para o corpo. Com o peso e a altura, obteve-se o índice de massa corporal (IMC), segundo critérios da Associação Brasileira de Sobrepeso e Obesidade.18 A medida da CC foi realizada com fita inextensível da marca Cardiomed, que foi ajustada na cintura, tomando-se como parâmetro o ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela. A CC foi usada para avaliar o grau de adipo-sidade abdominal e a associação desta com a HAS. No estudo, essa variável não foi estratificada por sexo, sendo avaliada de forma genérica; foi classificada como adequada/inadequada independentemente do sexo.18

Por se tratar de uma pesquisa de campo, com grande número de pesquisadores e, portanto, sujeita à ampla margem de erro, utilizou-se o esfigmomanômetro portátil, automático, oscilomé-trico de pulso (VISOMAT Handy IV) para a medida da PA. Para a sua aferição, foram realizadas duas medidas consecutivas, com intervalo de, no mínimo, cinco minutos entre as medidas. Os apa-relhos utilizados para aferição da PA foram recomendados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e pelo Instituto Brasileiro de Metrologia (IBAMETRO) e previamente calibrados para o tra-balho.19 Além disso, também foram considerados os seguintes procedimentos e/ou condições: ausência de prática de exercí-cio físico, assim como do uso de fumo e bebida alcoólica, nos últimos 30 minutos antecedentes às medidas; posição sentada; pés no chão; braço esquerdo relaxado, apoiado sobre a mesa e à altura do coração; palma voltada para cima e bexiga vazia. A bra-çadeira utilizada foi compatível com a circunferência do pulso. Para fins de análise, levou-se em conta a segunda medida da PA.

Foi definido como hipertenso, segundo critérios estabelecidos pelas VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão Arterial, o indivíduo que apresentou PA sistólica ≥ 140 mmHg (PAS ≥ 140 mmHg) e/ou diastólica ≥ 90 mmHg (PAD ≥ 90 mmHg), e/ou aqueles sabidamente hipertensos que, durante a entrevista, referiram uso regular de medicação anti-hipertensiva independentemente dos níveis pressóricos obtidos na aplicação do questionário.

Todos os indivíduos entrevistados receberam orientações individuais e familiares acompanhadas de entrega de material educativo, enfocando o controle dos fatores de risco, prevenção e controle da doença e suas complicações. Os indivíduos consi-derados suspeitos de hipertensão receberam uma ficha individual de encaminhamento para a USF de referência, na qual seria acom-panhado para confirmação de possível diagnóstico e tratamento.

Foram construídos dois bancos de dados no programa EpiData 3.1 para confrontar as informações e identificar possíveis erros de digitação. Após a verificação de erros e incongruências, os dados foram exportados, processados e analisados nos pro-gramas Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows 9.0 (1991), Epi-Info 2000 e Stata 10.0 da SSAEE do Departamento de Saúde da UEFS.

As variáveis incluídas no presente estudo foram:• Sociodemográficas: sexo (masculino e feminino); idade em

anos completos (< 40 e ≥ 40 anos); escolaridade em anos de estudo (< 8 anos – analfabetos + primeiro grau incom-pleto e ≥ 8 anos – primeiro grau completo + segundo grau incompleto + segundo grau completo + ensino superior); cor da pele (negra – negros e pardos e não negra – branco, amarelo e indígena); renda familiar mensal (≤ 2 e > 2 salá-rios-mínimos) e história familiar de hipertensão (dicotomiza-das em sim/não);

• Hábitos de vida: tabagismo (dicotomizada em sim – fumantes + ex-fumantes e não – nunca fumaram); con-sumo de bebida alcoólica (sim/não); consumo de frutas e legumes regularmente (sim/não) e prática regular de atividade física (sim/não);

• Antropométricas: IMC (< 25 kg/m2 – normal/eutrófico e ≥ 25 kg/m² – excesso de peso, que inclui sobrepeso e obesidade); CC (categorizada para indivíduos do sexo masculino em normal (< 94 cm) e alterada (≥ 94 cm) e para o sexo feminino em normal (< 80 cm) e alterada (≥ 80 cm). Para avaliação antropométrica, foram apli-cadas as técnicas antropométricas padronizadas pela Organização Mundial de Saúde.18

A PA aferida foi dicotomizada em sim para PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou para PA diastólica ≥ 90 mmHg. A morbi-dade autorreferida foi dicotomizada em sim/não em conformi-dade com a resposta do entrevistado. Foi considerado hipertenso

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o sujeito que apresentasse sim para a morbidade referida e/ou sim para PA aferida. O presente estudo não investigou o uso de medicamentos anti-hipertensivos.

Na análise dos dados, foram feitas estimativas de prevalên-cia para traçar o perfil da amostra estudada. Em seguida, tes-tou-se a associação entre as diversas variáveis e a presença de hipertensão arterial usando-se a razão de prevalência (RP) como medida de associação e IC95% para medir a significância esta-tística. A fim de estimar o efeito independente das variáveis de controle sobre o desfecho (hipertensão arterial), empregou-se o modelo de regressão de Poisson. Estudos demonstram que, quando a prevalência do evento é superior a 10%, o uso do modelo de regressão logística para a estimação do Odds Ratio promove superestimação do risco. Foram calculadas as RP pelo método robusto e seu respectivo IC95%. Todas as variáveis com p < 0,20 na análise não ajustada foram selecionadas para a mul-tivariada. Na análise ajustada, aplicou-se o método de seleção de variáveis backward com eliminação retrógrada. O modelo final incluiu apenas as variáveis associadas a valor de p < 0,05.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEFS cadastrado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP): Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 0008.0.059, em conformidade com a Resolução 466 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de 12 de dezembro de 2012.

RESULTADOS Dos 456 indivíduos inicialmente elegíveis para o estudo, 72 (15,79%) não foram encontrados no momento da visita, sendo substituídos com base nos critérios adotados pela pesquisa, e não houve recusas.

Na entrevista, apenas 34% dos participantes referiram ter conhecimento sobre o diagnóstico de hipertensão arterial, mas a prevalência de HAS encontrada na investigação foi de 51,80%. Dos 236 indivíduos suspeitos de hipertensão arterial, 53,90% (153) são do sexo masculino (IC95% 0,88 – 1,28), conforme Tabela 1.

Os adultos avaliados eram predominantemente do sexo feminino (66,23%) e, em sua maioria, apresentavam idade ≥ 40 anos (52,75%), com média de 43,24 (± 15,57) anos; escolaridade inferior a oito anos de estudo (51,10%); renda de até dois salários-mínimos (80,62%) e cor da pele, autorreferida, na sua grande maioria negra (94,29%), segundo a Tabela 1.

Em relação aos hábitos de vida, da amostra estudada, obser-vou-se que 64,90% dos indivíduos possuíam elevado consumo de gordura, enquanto 96,91% mostraram adequado consumo de frutas e legumes; 35,41% eram tabagistas; 48,68% faziam uso de bebida alcoólica; e 69,74% não praticavam atividade física. A prevalência do excesso de peso medido pelo IMC foi de 58,02%, e pela CC alterada, de 74,28% (Tabela 1).

A Tabela 1 ainda mostra maior prevalência de hiperten-são arterial em indivíduos com idade maior ou igual a 40 anos (72,08% – IC95% 2,00 – 3,13), com escolaridade inferior a oito anos (62,07% – IC95% 1,27 – 1,85), renda menor ou igual a dois salários-mínimos (51,66% – IC95% 0,77 – 1,19), cor da pele negra (51,52% – IC 95% 0,66 – 1,38), histórico familiar de hiperten-são (54,19% – IC95% 0,97 – 1,66) e inadequado consumo de frutas e legumes (28,57% – IC95% 0,24 – 1,26). A prevalência de hipertensão arterial foi mais elevada também entre os indi-víduos que não consumiam bebida alcoólica (56,41% – IC95% 0,69 – 0,99), tabagistas (61,01% – IC95% 1,10 – 1,56), não pra-ticantes de exercício físico (49,69% – IC95% 0,73 – 1,05), com excesso de peso (57,95% – IC95% 1,11 – 1,64) e CC alterada (58,51% – IC95% 1,38 – 2,93).

Na análise ajustada (Tabela 2), permaneceram independente-mente associados à hipertensão aqueles indivíduos com: idade ≥ 40 anos (RP = 2,13; IC95% 1,69 – 2,69) e CC (RP = 1,54; IC95% 1,17 – 2,01).

DISCUSSÃOA prevalência de hipertensão observada neste estudo foi supe-rior àquela encontrada em outros estudos nacionais. Pesquisa de Muraro et al.,20 realizada em 26 capitais brasileiras, com base em informações autorreferidas, apresentou prevalência de 23,10%, que variou entre 14,70% (Palmas) e 29,50% (Rio de Janeiro). Outras investigações que também utilizaram dados autorreferidos, como a de Cipullo et al.,21 a de Costa e Thuler22 e a de Radovanovic et al.,23 descreveram prevalências similares ao estudo citado: 25,20; 25,20 e 23,00%, respectivamente.

A utilização apenas da morbidade autorreferida para as esti-mativas de prevalência dificulta a comparação desses resultados. Neste estudo, foram considerados hipertensos indivíduos que referiram diagnóstico de hipertensão e/ou níveis pressóricos ele-vados no momento da aferição da PA. Selem et al.,24 que apre-sentaram metodologia similar à da presente pesquisa, encontra-ram prevalência da HAS de 43%. No estudo de base populacional realizado em Salvador, em 2006, o total foi de 29,90%.6

A prevalência de hipertensão mostrou-se mais elevada entre as pessoas do sexo masculino, porém não se observou associação esta-tisticamente significativa, corroborando os achados de outras inves-tigações feitas com adultos, tais como a de Silva, Petroski e Peres,25 que verificou maior prevalência de hipertensão arterial fortemente ligada ao sexo masculino. No entanto outros pesquisadores, como Longo et al.,26 encontraram prevalência de 38,10% para mulheres e 31,10% para os homens. Radovanovic et al.23 constataram 24,64% para o sexo feminino e 19,53% para o masculino. Segundo Zattar et al.,27 as mulheres preocupam-se mais com a saúde, procuram mais os serviços de saúde e, como consequência, os problemas de saúde são diagnosticados mais precocemente do que no sexo masculino.

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Tabela 1. Distribuição da hipertensão arterial em relação às variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e medidas antropométricas de usuários do Programa Saúde da Família, São Francisco do Conde, Bahia, Brasil, 2010.

Variáveis n %Prevalência de hipertensão

RP (IC95%)n %

SociodemográficasSexo (n = 456)

Masculino 154 33,77 83 53,901,06 (0,88 – 1,28)

Feminino 302 66,23 153 50,66Idade (n = 455) (anos)

≥ 40 240 52,75 173 72,082,50 (2,00 – 3,13)

< 40 215 47,25 62 28,84Escolaridade (n = 454) (anos)

< 8 232 51,10 144 62,071,53 (1,27 – 1,85)

≥ 8 222 48,90 90 40,54Renda (n = 449) (salários-mínimos*)

≤ 2 362 80,62 187 51,660,96 (0,77 – 1,19)

> 2 87 19,38 47 54,02Cor de pele (n = 455)

Negra 429 94,29 221 51,520,96 (0,66 – 1,38)

Não negra 26 5,71 14 53,85História familiar de hipertensão (n = 392)

Sim 310 79,08 168 54,191,27 (0,97 – 1,66)

Não 82 20,92 35 42,68Hábitos de vida

Consumo de frutas/legumes (n = 453)Não 14 3,09 4 28,57

0,55 (0,24 – 1,26)Sim 439 96,91 229 52,16

Tabagismo (n = 449)Sim 159 35,41 97 61,01

1,31 (1,10 – 1,56)Não 290 64,59 135 46,55

Consumo de álcool (n = 456)Sim 222 48,68 104 46,85

0,83 (0,69 – 0,99)Não 234 51,32 132 56,41

Atividade física (n = 456)Não 318 69,74 158 49,69

0,88 (0,73 – 1,05)Sim 138 30,26 78 56,52

AntropométricasIMC (n = 455) (kg/m²)

≥ 25 264 58,02 153 57,951,35 (1,11 – 1,64)

< 25 191 41,98 82 42,93Circunferência da cintura (n = 451)

Alterada 335 74,28 196 58,511,83 (1,38 – 2,93)

Normal 116 25,72 37 31,90RP (IC95%): razão de prevalência (intervalo de confiança de 95%); IMC: índice de massa corporal; *salário-mínimo de R$1.020,00.

O sexo por si só parece pouco determinar os níveis pressó-ricos. Comportamentos relacionados à saúde podem determi-nar a magnitude com que a hipertensão arterial se associa ao sexo. Na literatura, as maiores prevalências de pré-hipertensão e hipertensão arterial no sexo masculino podem estar ligadas aos fatores de risco presentes nos homens em comparação com as mulheres.25

A presente pesquisa também encontrou aumento importante da probabilidade do desenvolvimento de hipertensão arterial (2,5 vezes) entre os indivíduos com mais de 40 anos, conforme identificado no estudo de Costa e Thuler.22

No estudo transversal, descritivo, de base populacional, desenvolvido com 408 indivíduos adultos por Radovanovic et al.,23 observou-se que pessoas na faixa etária dos 50 aos 59 anos

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apresentaram 5,35 vezes maior probabilidade de serem hiper-tensas do que aquelas da faixa etária de 20 a 29 anos.

É esperado que a prevalência de hipertensão arterial aumente com a idade, uma vez que alterações fisiológicas próprias do envelhecimento enrijecem as artérias, tornando os idosos mais

propensos à hipertensão. Outro fator relevante é a preocupação com a saúde com o avançar da idade, que eleva a probabilidade do diagnóstico de hipertensão arterial.27

Os fatores socioeconômicos, como nível de escolaridade e renda, podem estar associados ao controle dos níveis pressó-ricos. A escolaridade baixa (< 8 anos) na presente pesquisa apresentou-se associada à HA, pois elevou em 53% a probabili-dade de hipertensão arterial, tendo essa associação significância estatística. O nível de escolaridade é inversamente proporcional à prevalência de hipertensão, ou seja, quanto maior o grau de instrução, menores as prevalências de hipertensão. Esse é um dado relevante, pois quanto maior o nível de escolaridade, mais fácil fica a compreensão das informações passadas a respeito do processo saúde–doença, das medicações, dos hábitos de vida e dos fatores de risco.28

A baixa renda influencia na qualidade de vida e pode estar associada ao desenvolvimento da hipertensão, já que pode ser fator importante para a não adesão ao tratamento, uma vez que dificulta o acesso a medicamentos e alimen-tos adequados.28

História familiar de hipertensão apresentou-se associada à hipertensão arterial, pois elevou em 27% a sua probabilidade, porém essa relação não apresentou significância estatística. Muitos estudos não avaliam o histórico familiar de hipertensão, pois não julgam tão importante quanto avaliar a comorbidade associada, já que o estilo de vida pode contribuir para que um indivíduo sem histórico familiar desenvolva hipertensão arte-rial. No presente estudo, a perda de 14% dos dados referentes à história familiar pode ter influenciado o resultado observado. No estudo de Moreira e Santos,29 o histórico familiar de DCV foi verificado em 48,50% dos casos, 29,80% em pessoas com hipertensão arterial e 14,70% naquelas com hipertensão e dia-betes. Esse fator esteve fortemente associado à hipertensão arterial (p = 0,015).

Aqui, a variável cor da pele não apresentou significância esta-tística. A elevada prevalência de negros na amostra estudada inviabilizou a comparação com os outros grupos raciais existen-tes em São Francisco do Conde.

É relatado na literatura que populações negras apresentam maiores prevalências de hipertensão arterial quando compa-radas com as brancas. Esse mesmo grupo populacional pos-sui maior probabilidade de desenvolver formas mais graves da doença, pois parecem conter um componente hereditário que compromete a captação celular de sódio e cálcio, que, por sua vez, interfere na filtração glomerular.28

Vários componentes dos hábitos de vida estão associados à elevação nos níveis da PA, sendo os mais importantes a dieta, o consumo de álcool e a atividade física, entretanto neste estudo isso não foi observado.

Tabela 2. Modelo de regressão de Poisson – variáveis associadas à hipertensão arterial de indivíduos do Programa Saúde da Família, São Francisco do Conde, Bahia, Brasil, 2010.Variáveis RP bruta (IC95%) RP ajustada (IC95%)

Sociodemográficas

Sexo (n = 456)Masculino

1,06 (0,88 – 1,28)Feminino

Idade (n = 455) (anos)≥ 40

2,50 (2,00 – 3,13) 2,13 (1,69 – 2,69)< 40

Escolaridade (n = 454) (anos)< 8

1,53 (1,27 – 1,85)≥ 8

Renda (n = 449) (salários-mínimos*)≤ 2

0,96 (0,77 – 1,19)> 2

Cor de pele (n = 455)Negra

0,96 (0,66 – 1,38)Não negra

História familiar de hipertensão (n = 392)Sim

1,27 (0,97 – 1,66)Não

Hábitos de vida

Consumo de frutas/legumes (n = 453)Não

0,55 (0,24 – 1,26)Sim

Tabagismo (n = 449)Sim

1,31 (1,10 – 1,56)Não

Consumo de álcool (n = 456)Sim

0,83 (0,69 – 0,99)Não

Atividade física (n = 456)Não

0,88 (0,73 – 1,05)Sim

Antropométricas

IMC (n = 455) (kg/m²)≥ 25

1,35 (1,11 – 1,64)< 25

Circunferência da cintura (n = 451)Alterada

1,83 (1,38 – 2,93) 1,54 (1,17 – 2,01)Normal

RP bruta/ajustada (IC95%): razão de prevalência bruta/ajustada (intervalo de confiança de 95%); IMC: índice de massa corporal; *salário-mínimo de R$1.020,00.

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A presente pesquisa verificou de maneira genérica o consumo de frutas e legumes, que apresentou associação com a elevada prevalência de HA. Dessa forma, o resultado obtido deve ser ana-lisado com cautela, pois a sua abordagem indicou baixa precisão. Não foram encontrados na literatura outros estudos que avalias-sem o quesito consumo de frutas e legumes de maneira minu-ciosa. Radovanovic et al.23 também avaliaram do mesmo modo o consumo de frutas e legumes na dieta alimentar dos participantes do estudo e concluíram que a ingestão desses alimentos pode ser fator protetor contra o desenvolvimento de hipertensão arterial.

Neste estudo, o consumo de álcool mostrou associação inversa com a hipertensão. Esse resultado sugere viés de cau-salidade reversa, muito frequente em análises transversais. Dessa forma, os indivíduos que reduziram o consumo de álcool podem ter adotado essa postura não para prevenir a hipertensão, mas para controlar a PA, por meio de hábitos de vida saudáveis. Oliveira et al.30 encontraram associação entre essas variáveis e a elevada prevalência de hipertensão. Estudos epidemiológi-cos transversais ou longitudinais associam a ingestão crônica de etanol com o desenvolvimento de hipertensão arterial, inde-pendentemente do tipo de bebida alcoólica, porém dependente dos padrões de consumo.31

A prática de atividade física e o tabagismo tiveram associa-ção com a elevada prevalência de hipertensão arterial, o que sugere viés de causalidade reversa. O estilo de vida adequado é a principal forma de prevenção da hipertensão, e o resultado encontrado neste estudo foi semelhante aos observados em um estudo realizado em São José do Rio Preto, São Paulo.21 O baixo nível de atividade física tem sido considerado importante fator de risco para doenças crônico-degenerativas. O exercício físico regular é recomendado como tratamento não farmacológico da hipertensão, não apenas pelo efeito benéfico sobre a PA, já que reduz consideravelmente os seus níveis, mas pela redução de outros fatores de risco cardiovasculares.32

No estudo, as variáveis antropométricas avaliadas foram: excesso de peso, que adotou como referência o IMC; e a adi-posidade abdominal, por meio da CC. A maior prevalência de hipertensão foi verificada em indivíduos com excesso de peso, sendo essa associação estatisticamente significativa, uma vez que tais sujeitos mostraram ter 35% maior probabilidade de ter hipertensão. Estudos nacionais encontraram resultados seme-lhantes aos do presente estudo.21,33 O excesso de peso é o sexto fator de risco mais importante para a carga global de doenças e está associado com várias doenças degenerativas, tais como as doenças ateroscleróticas. Esse fator de risco pode ser modi-ficado, repercutindo numa melhor expectativa e qualidade de vida para indivíduos com hipertensão.34

A CC também mostrou ser um indicador antropométrico rele-vante, evidenciando associação significativa com a hipertensão,

já que aumentou a probabilidade do desenvolvimento dessa doença em 83% dos indivíduos, independentemente do sexo. Tais resultados foram semelhantes aos obtidos por Longo et al.,26 que também perceberam associação significante entre obesi-dade central e hipertensão.

A adiposidade abdominal também avalia o excesso de peso, sob a forma de tecido adiposo de localização central. Os hábitos de vida inadequados gerados pelo processo de transição nutri-cional têm elevado cada vez mais a prevalência da adiposidade abdominal e, consequentemente, o risco para o desenvolvimento de DCV e arterioscleróticas.8

Neste estudo, a hipertensão apresentou associação com os seguintes fatores: idade, escolaridade, tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso e adiposidade abdominal, embora apenas a idade e a adiposidade abdominal mantiveram a sig-nificância estatística no modelo final de análise e após ajuste para possíveis fatores de confusão. No trabalho de Zattar et al.27 sobre prevalência de hipertensão e fatores associados em ido-sos, assim como no de Radovanovic et al.23 referente ao mesmo estudo, porém em adultos, variáveis como excesso de peso e idade se mantiveram no modelo após ajuste.

Este estudo é pioneiro no sentido de estimar a prevalência da hipertensão arterial e dos fatores associados no município de São Francisco do Conde, entretanto faz-se necessário tecer algu-mas considerações metodológicas. O delineamento transversal desta pesquisa constitui uma das limitações para o desenvol-vimento de análises das relações entre as variáveis preditoras (características sociodemográficas e antropométricas e hábitos de vida) e o desfecho (hipertensão arterial). Esse fato ocorre em função de não se estabelecer relação cronológica entre as variá-veis averiguadas e não ser possível indicar relação de causa e efeito, bem como pela possibilidade de ocorrência do viés de causalidade reversa, ou seja, quando a variável exposição pode ser consequência do desfecho. O estudo pode ter apresentado como possível limitação a ocorrência de um viés de seleção, uma vez que a maioria dos participantes foi do sexo feminino (66,23%), situação mantida mesmo quando foram realizadas visitas de reposição em horários alternativos, com o propósito de reduzir a perda de indivíduos do sexo masculino.

CONCLUSÃOPor fim, com a realização deste estudo, observou-se elevada prevalência de hipertensão arterial em usuários do PSF de São Francisco do Conde, principalmente em indivíduos com idade ≥ 40 anos que apresentavam adiposidade abdominal. Portanto, a compreensão de que hábitos de vida inadequados associa-dos aos aspectos fisiológicos podem elevar os níveis pressóri-cos e, por conseguinte, levar ao aumento da morbimortalidade por DCV, permite inferir dos resultados alcançados no presente

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estudo a necessidade da elaboração de medidas de prevenção e controle que contribuam com a redução e o controle desse agravo. Sugere-se que ações simples, como aferição do peso e estatura, medida da circunferência abdominal e investigação dos hábitos de vida, façam parte das atividades desenvolvidas nas USF por profissionais de diversas áreas envolvidas nesse pro-cesso. O estímulo à prática de atividade física na comunidade, assim como a divulgação de informações sobre os fatores de risco e suas consequências na saúde, por meio de orientações específicas para a população, também pode colaborar para a prevenção e o controle da hipertensão arterial.

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47Rev Bras Hipertens vol. 23(2):47-51, 2016. ARTIGO ORIGINAL

Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolaresPrehypertension prevalence and blood pressure and its association with anthropometric variables and nutritional status of preschool children

William Cordeiro de Souza1, Leandro Siewert2, Marcos Tadeu Grzelczak1, André de Camargo Smolarek3, Luis Paulo Gomes Mascarenhas4

Recebido em: 09/06/2016. Aprovado em: 05/07/2016.

1Universidade do Contestado (UnC) – Porto União (SC), Brasil.2UnC – Mafra (SC), Brasil.3Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) – Irati (PR), Brasil.4Programa de Mestrado em Desenvolvimento Comunitário da Unicentro – Irati (PR), Brasil.Correspondência para: William Cordeiro de Souza – Rua Porfírio Alves, 10 – Santa Cruz – CEP: 98460-000 – Canoinhas (SC), Brasil – E-mail: [email protected] de financiamento: nenhuma.Conflito de interesses: nada a declarar.

RESUMO

Introdução: A hipertensão vem aumentando gradativamente tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes em fase escolar. Objetivo: Estimar a prevalência da pré-hipertensão (PH) e da hipertensão arterial (HA), assim como avaliar suas associações com as variáveis antropométricas e de estado nutricional de crianças pré-escolares. Materiais e métodos: A amostra foi constituída por 99 escolares de ambos os sexos, com média de idade de 5,30,1 anos. Para investigação do estado nutricional, foram avaliadas a massa corporal, a estatura e a circunferência do quadril (CQ). Por meio desses dados, foram calculados o índice de massa corporal (IMC) e o índice de adiposidade corporal (IAC). A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD) foram obtidas de modo indireto, com o uso de esfigmomanômetro aneroide. Realizou-se o teste de Shapiro Wilk para verificação da normalidade dos dados. Após, foi realizada a estatística descritiva: média, desvio padrão e frequência percentual (%). O fator de correlação de Pearson (r) foi realizado para verificar as associações entre as variáveis. Recorreu-se ao teste do χ2 para analisar a associação entre as frequências percentuais nos resultados obtidos. Resultados e discussão: Foi verificado que 18,19% dos avaliados apresentaram prevalência de HA, sendo 13,13% de PH e 5,06% de hipertensão. A PAS e PAD associaram-se significativamente (p=0,05) com massa corporal, IMC e IAC. Conclusão: Os resultados apresentados demonstraram que a PH e a HA apresentam associações significativas com massa corporal, IMC e IAC.

PALAVRAS-CHAVE

Hipertensão; pressão arterial; estado nutricional; crianças; adolescentes.

ABSTRACT

Introduction: Hypertension is increasing both in adults and in children and adolescents in school age. Objective: To estimate the prevalence of prehypertension (PH) and hypertension (HA) and to evaluate their associations with the anthropometric variables and nutritional status of preschool children. Methods: The sample consisted of 99 students from both genders, with an average age of 5.30.1 years. To investigate the nutritional status, body mass, height and hip circumference (HC) were evaluated. Through these data, we calculated the body mass index (BMI) and body adiposity index (BAI). Systolic blood pressure (SBP) and diastolic blood pressure (DBP) were obtained indirectly by aneroid blood pressure monitor. The Shapiro-Wilk test was used to verify the normality of the data. After this, descriptive statistics were conducted with: average, standard deviation and frequency percentage (%). The Pearson correlation factor (r) was used to verify associations between variables. It used the test χ2 to analyze the association between the percentage frequencies in the results. Results: It was found that 18.19% of the individuals had a prevalence of HA, being 13.13% of PH and 5.06% of hypertension. The SBP and DBP were significantly associated (p=0.05) with body mass, BMI and BAI. Conclusion: The results showed that the PH and HA have significant associations with body mass, BMI and BAI.

KEYWORDS

Hypertension; blood pressure; nutritional status; child; adolescent.

48 Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolaresSouza WC, Siewert L, Grzelczak MT, Smolarek AC, Mascarenhas LPG

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):47-51, 2016.

INTRODUÇÃOEstudos vêm apresentando que a prevalência de pré-hiper-tensão (PH) e da hipertensão arterial (HA) vem aumentando gradativamente nas últimas duas décadas, tanto em adultos como em crianças e adolescentes.1-3 Segundo Oliveira et al.,4 a HA é caracterizada pela persistência de níveis acima daqueles arbitrariamente definidos como limites de normalidade, e suas consequências contribuem diretamente para o surgimento das doenças cardiovasculares. Dados apresentados por Rosa et al.5

destacam que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 32% do total de óbitos no Brasil. Sendo que, em um ano, suas consequências chegam a um milhão de internações realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Informações apresentadas em estudo realizado por Pinto et al.6 sustentam que o Brasil apre-senta oscilações nas prevalências de HA, sendo que a mesma varia entre 2,5 a 44,7% dos casos, dependendo da região.

As doenças cardiovasculares em crianças e adolescentes são consideradas um fato raro, historicamente baixo. Porém, vale ressaltar que a HA nessa faixa etária colabora para um risco de 2,4 vezes maior de o jovem tornar-se um adulto hipertenso.1,2 A prevalência de PH e hipertensão em crianças e adolescentes é maior entre aqueles com excesso de peso, do sexo feminino e com consumo alimentar inadequado.6,7

Nos dias de hoje, um dos grandes problemas de saúde pública é a prevalência de sobrepeso e obesidade, que está aumentando significativamente no decorrer dos anos em todas as faixas etá-rias.8 Além disso, o excesso de peso é um fator de risco para o aumento da HA na infância e na adolescência,9 fases em que as proporções corporais se relacionam significativamente com o aumento da PH e da HA.10-12

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência da PH e da PA, assim como avaliar suas associa-ções com as variáveis antropométricas e de estado nutricional de crianças pré-escolares.

MÉTODOSA amostra intencional foi constituída por 99 escolares de ambos os sexos — 44 meninos e 55 meninas —, com média de idade de 5,30,1 anos, todos pertencentes a uma escola da cidade de São Bento do Sul, Santa Catarina. Os pais e os responsáveis pelos alunos receberam um termo de consentimento para ser preenchido, contendo uma breve explicação dos objetivos e dos procedimentos metodológicos do estudo. A pesquisa seguiu os princípios éticos de respeito à autonomia das pessoas, aponta-dos pela Resolução nº 446, de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. É valido ressaltar que o presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Contestado (UnC), sob o parecer CAAE nº 50592015.0.0000.0117.

Foram excluídas do estudo crianças que apresentaram doenças crônicas ou específicas do crescimento, portadoras de traumas físicos, que consumiam algum tipo de medicamento que impos-sibilitasse ou até mesmo camuflasse os valores das aferições da PA, que não compareceram à escola nos dias marcados para coleta de dados, e aquelas cujos pais não autorizaram a parti-cipação. Também foi respeitada a vontade das crianças que se recusaram a participar mesmo com a permissão dos pais.

Para investigação do estado nutricional, foram avaliadas a massa corporal, a estatura e a circunferência do quadril (CQ). Por meio desses dados, foram calculados: o índice de massa cor-poral (IMC), utilizando a fórmula IMC=Massa Corporal/Estatura²; e o índice de adiposidade corporal (IAC), calculado por meio da equação convalidada para crianças IACp=Circunferência Quadril/Estatura0.8–38.13

Na mensuração da massa corporal, o avaliado deveria se posicionar em pé, de costas para escala da balança, usando o mínimo de roupa possível.14 Foi utilizada uma balança digital da marca Techline, devidamente calibrada, com graduação de 100 g e escalas variando de 0 a 180 kg. A estatura foi identificada pelo maior valor entre o vértex e a região plantar, obedecendo ao plano de Frankfurt.14 A verificação foi feita com o uso de uma trena flexível da marca Sanny Medical Sparrett, resolução de 0,1 mm, fixada na parede lisa, com 3 m e graduação de 0,1 cm, com o zero coincidindo com o solo.

A CQ, avaliada pela extensão posterior máxima dos glúteos, foi tomada no nível dos pontos trocantéricos direito e esquerdo e realizada paralelamente ao solo, estando o avaliado com os pés unidos.15 Para essa coleta, foi utilizada uma trena antropométrica da marca Sanny Medical 2 m modelo SN-4011.

Para a classificação do IMC, utilizou-se como referência as curvas de percentis, como recomendado pelo Center for Disease Controland Prevention,16 que classifica, para a idade: baixo IMC = valores < percentil 5 e IMC adequado ou eutrófico = valo-res > percentil 5 e < percentil 85; para sobrepeso: valores > percentil 85 e < percentil 95; e para obesidade: valores > per-centil 95. Com esses dados, foram classificados o sobrepeso e a obesidade nas crianças.

Na classificação do IAC, utilizou-se como referência Bergman et al.17, que classifica o IAC para homem/meninos: • normal, com o valor de 8 a 20; • sobrepeso, com o valor de 21 a 25; e • obesidade, acima de 25.

Para mulheres/meninas: • normal, com valor de 21 a 32; • sobrepeso, com o valor de 33 a 38; e • obesidade, acima de 38.

49Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolaresSouza WC, Siewert L, Grzelczak MT, Smolarek AC, Mascarenhas LPG

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):47-51, 2016.

A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial dias-tólica (PAD), em mmHg, foram aferidas mediante o método auscultatório, com auxílio de esfigmomanômetro aneroide, com manguitos de tamanhos apropriados à circunferência dos braços das crianças. Com a criança sentada, após um período mínimo de cinco minutos de repouso, a PA foi medida no braço esquerdo. O valor da PAS correspondeu à fase I de Korotkoff e o da PAD à fase V, ou de desaparecimento dos sons. Foram reali-zadas duas medidas, e o valor médio de ambas foi considerado para efeito de análise.18

A classificação foi realizada de acordo com os percentis para idade, sexo e estatura, sendo considerada: normal, para percentil abaixo de 90; limítrofe, para percentil entre 90 e 95; e hipertenso (estágios 1 e 2), para percentil acima de 95 — de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.19

No presente estudo, considerou-se HA quando a PAS ou a PAD foram classificadas acima do percentil 90, ou seja, em esco-lares limítrofes e hipertensos.

No início da análise dos dados, realizou-se o teste de Shapiro Wilk e foi verificada distribuição assimétrica em todas as variáveis. Após, foi realizada a estatística descritiva: média, desvio padrão e frequência percentual (%). O fator de correlação de Pearson (r) foi realizado para verificar as associações entre as variáveis. Recorreu-se ao teste do χ2 para verificar a associação entre as frequências percentuais nos resultados obtidos. Foi adotado um nível de significância de p<0,05. As análises foram realizadas por meio do pacote estatístico BioEstat 5.0.

RESULTADOSA Tabela 1 apresenta as variáveis antropométricas IMC, IAC, PAS e PAD para caracterização da amostra.

A Tabela 2 apresenta as análises das proporções obtidas nas variáveis IMC, IAC e PA. Por meio do teste do χ2, foi possível observar um número significativo de indivíduos eutró-ficos, segundo a classificação do IMC. Já na classificação do IAC foi encontrada uma amostra significativa de sujeitos com pressão arterial normal, conforme sugere Bergman et al.17.

Na classificação da PA, foram encontrados os mesmos resul-tados, sendo que foi observado um número significativo de avaliados com a PA classificada como normal.

A Tabela 3 apresenta a associação entre a PAS e a PAD com as variáveis antropométricas IMC e IAC. Por meio dos dados obtidos, foi possível verificar que a PAS e a PAD associaram-se significativamente (p=0,05) com massa corporal, IMC e IAC.

DISCUSSÃOO presente estudo objetivou-se em estimar a prevalência da PH e da HA, assim como avaliar suas associações com as variáveis antropométricas e de estado nutricional de crianças pré-esco-lares. Este trabalho acabou encontrando valores significativos (p<0,001) nas proporções percentuais obtidas nas variáveis: IMC (75,75%), IAC (90,90%) e PA (81,81%), sendo que essas classificações são consideradas como normal.

Somando a prevalência de PH (13,13%) e de HA (5,06%), verificou-se que 18,19% dos avaliados do presente estudo encontram-se em situação de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Dados semelhantes foram encontra-dos em estudo realizado por Paquissie Vargas20 em crianças — meninos e meninas — de Blumenau, Santa Catarina. Os autores

Variáveis Média Desvio padrãoMassa corporal (kg) 19,01 ±0,44Estatura (m) 1,10 ±2,23IMC (kg/m²) 15,97 ±1,50CQ (cm) 60,37 ±3,34IAC (CQ/m0.8–38) 19,30 ±2,74PAS (mmHg) 106,26 ±6,75PAD (mmHg) 65,65 ±6,04

IMC: índice de massa corporal; CQ: circunferência do quadril; IAC: índice de adiposidade corporal; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica.

Tabela 1. Caracterização da amostra.

VariáveisAmostra (n=99)

χ² Valor pn %

IMCEutrófico 75 75,75

81,94 <0,001Sobrepeso 16 16,16Obesidade 8 8,09

IACNormal 90 90,90

64,64 <0,001Sobrepeso 9 10,10Obesidade 0 00,00

PANormal 81 81,81

66,86 <0,001Pré-hipertensão 13 13,13Hipertensão 5 5,06

χ2: teste qui-quadrado; Valor p: nível de significância; IMC: índice de massa corporal; n: número de indivíduos; %: frequência percentual;.IAC: índice de adiposidade corporal; PA: pressão arterial.

Tabela 2. Comparação das proporções obtidas em índice de massa corporal, índice de adiposidade corporal e pressão arterial.

Variáveis Massa corporal Estatura CQ IMC IACPAS 0,58* 0,35 0,37 0,64* 0,71*PAD 0,53* 0,39 0,35 0,62* 0,68*

CQ: circunferência do quadril; IMC: índice de massa corporal; IAC: índice de adiposidade corporal; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; *nível de significância: p<0,05.

Tabela 3. Associação entre pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica com as variáveis antropométricas índice de massa corporal e índice de adiposidade corporal.

50 Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolaresSouza WC, Siewert L, Grzelczak MT, Smolarek AC, Mascarenhas LPG

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):47-51, 2016.

verificaram uma prevalência de HA em 15,8% das crianças ava-liadas — sendo 8,3% de PH e 7,5% de HA.

Pinto et al.6, em estudo realizado com escolares de Salvador, Bahia, verificaram prevalência de HA em 14,1% dos avaliados, sendo 9,3% de PH e 4,8% de hipertensão. Já em um estudo desenvolvido por Silva et al.21 com adolescentes portugueses de ambos os sexos, foram observados valores superiores aos encontrados no presente trabalho, sendo que 46% dos avaliados apresentaram HA — 12% PH e 34% hipertensão.

Verificou-se que a PAS e a PAD associaram-se signi-ficativamente (p=0,05) com massa corporal, IMC e IAC. A HA apresenta associação com a composição corporal e com o estado nutricional de crianças e adolescentes em fase escolar.12

Piletti, Strack e Adami22 investigaram a relação entre o estado nutricional, a circunferência da cintura (CC) e os níveis pressóri-cos de crianças e adolescentes, e verificaram que os estudantes com sobrepeso e obesidade têm chances significativamente maiores que os estudantes com eutrófia de apresentarem PAS, PAD alterada, PAS/PAD alteradas e CC alterada.

Souza et al.23 verificaram a associação entre obesidade e HA — por meio da CC, da prega cutânea do tríceps (PCT) e do IMC — em crianças e adolescentes, e concluíram que existe correlação significante entre a HA e o excesso de gordura cor-poral por todos os métodos antropométricos — CC, PCT e IMC — utilizados no referido estudo.

Em estudo realizado por Souza Júnior et al.24, com o intuito de verificar a relação do IMC e da CC com a PA de escolares pré-púberes de ambos os sexos, foi verificado que as medidas antropométricas — IMC e CC — e a PA demonstraram relações significativas para o grupo geral — meninos e meninas —, e quando separado por grupo — sexo — as meninas apresentaram valores significativos nas variáveis mensuradas.

Em relação ao IAC, o mesmo apresentou relação significativa com a PAS e a PAD. Vale destacar que esse método antropomé-trico foi desenvolvido recentemente e a literatura nacional não apresenta estudos relacionando o novo método com os fatores de riscos cardiovasculares. Contrapondo-se aos achados do pre-sente estudo, Romero-Velarde et al.25 avaliaram a associação do índice cintura-altura e do IAC com fatores de risco cardiovascu-lar em crianças e adolescentes com obesidade, e concluíram que, nesses casos, o índice cintura-altura é melhor do que o IAC para identificar indivíduos com adiposidade abdominal e fatores de risco cardiovascular.

Sendo assim, sugere-se que novos estudos sejam realizados com o intuito de associar o IAC com as doenças cardiovas-culares, para posteriormente verificar a fidedignidade do IAC como um novo preditor de doenças causadas pela HA.

Um fator limitante do presente estudo foi não controlar o nível de atividade física dos escolares avaliados. Segundo Pontes et al.26, o comportamento sedentário está diretamente associado à HA de adolescentes.

CONCLUSÃOAo finalizar o estudo, foi verificado que 18,19% dos avaliados apresentaram prevalência de HA, sendo 13,13% de PH e 5,06% de hipertensão. Sendo assim, conclui-se que a PAS e a PAD associam-se significativamente com massa corporal, IMC e IAC de crianças pré-escolares.

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Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com elevada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebraisHigh normal ankle-brachial index combined with high pulse wave velocity is associated with cerebral microbleeds

Yoshino Kinjo, Akio Ishida, Kozen Kinjo, Yusuke Ohya

Comentário: Luiz Tadeu Giollo Junior1

Recebido em: 01/04/2016. Aprovado em: 06/05/2016.

1Clínica de Hipertensão da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) – São José do Rio Preto (SP), Brasil.Correspondência para: Luiz Tadeu Giollo Junior – Avenida Sebastião Tavares da Silva, 1001, Casa 72 – Jardim Vista Alegre – CEP: 15061-660 – São José do Rio Preto (SP), Brasil – E-mail: [email protected] de interesses: nada a declarar.

A utilização do índice tornozelo-braquial (ITB) como um mar-cador de risco cardiovascular está bem elucidada na literatura científica1. Todavia, a observação de correlação direta de progressão aterosclerótica com lesões em órgãos-alvo é ainda um conceito a ser melhor esclarecido.

O artigo investigou a combinação do ITB com a velocidade de onda de pulso tornozelo-braquial (VOPtb) e correlacionou-a com a presença de micro-hemorragia cerebral (MHC). Para isso, delineou-se um estudo transversal retrospectivo na população japonesa. Foram incluídos 990 indivíduos com média de idade de 53 anos, de ambos os gêneros, livres de doença cardiovascular e de acidente vascular encefálico (AVE). Os participantes foram recrutados no Hospital Geral de Okinawa, quando compareciam para avaliação médica de rotina. Foram submetidos à coleta do sangue para análise bioquímica, verificação da pressão arterial, determinação do ITB e da VOPtb, mensuração da espessura íntima-média da artéria carótida comum (EIMc) e ressonância magnética intracraniana para conferir lesões cerebrais hipo e hiperintensas. Infarto cerebral silencioso foi definido pela presença de lesão focal de no mínimo 3 mm de diâmetro.

Comparados com os participantes sem hemorragia, aqueles com MHC tiveram significantemente maior ITB [1,14 (média interquartil, 1,11 – 1,17) versus 1,10 (1,06 – 1,15); p = 0,002], maior VOPtb [17,29 (14,70 – 19,87) versus 14,68 (13,05 – 16,89) m/s; p < 0,001], maior hemoglobina glicada [5,6 (5,5 – 6,1) versus 5,6 (5,4 – 5,8)%; p = 0,039], maior EIMc [0,9 (0,8 – 1,0) versus 0,8 (0,7 – 0,9) mm; p = 0,024] e maior prevalência de hipertensão (63 versus 39%; p = 0,002). Além desses parâmetros, indivíduos com MHC usavam mais anti-hipertensivos (44 versus 21%; p < 0,001) e apresentavam maior hiperintensidade da substância branca (76 versus 41%; p < 0,001) e de infarto silencioso cerebral (34 versus 11%; p < 0,001).

Foi analisada também a combinação do ITB com a VOPtb como preditor de micro-hemorragia cerebral. Para isso, os participantes foram distribuídos em quatro grupos categorizados como: ITB e VOPtb baixos; ITB alto e VOPtb baixa; ITB baixo e VOPtb alta; e ITB e VOPtb altos. Observou-se que indivíduos com ITB e VOPtb altos demonstraram valores significantemente elevados de glicemia, hemoglobina glicada, triglicérides e EIMc, além de maior prevalência de hipertensão, diabetes, proteinúria, hiperintensidade na substância branca, infarto cerebral silencioso e micro-hemorragia cerebral. Por outro lado, houve menor frequência de tabagismo e reduzida taxa de filtração glomerular quando comparados aos indivíduos com ITB e VOPtb baixos.

No grupo com ITB baixo e VOPtb alta, verificaram-se elevados níveis de proteína C-reativa quando em comparação com os demais grupos (ITB e VOPtb baixos, ITB alto e VOPtb baixa e ITB e VOPtb altos). Colesterol total, EIMc, hipertensão, proteinúria, hiperintensidade da substância branca e infarto cerebral silencioso foram mais elevados quando comparados com os grupos ITB e VOPtb baixos e ITB alto e VOPtb baixa.

A prevalência da micro-hemorragia cerebral foi mais alta no grupo com ITB e VOPtb altos, quando esse foi comparado com o grupo ITB e VOPtb baixos, sendo a odds ratio (OR) 5,26 e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) 1,93 – 16,92; p < 0,05. Além disso, estabeleceram-se também pontos de corte no ITB de 1,12 (sensibilidade: 70%, especificidade: 55%; p = 0,018) e na VOPtb de 16,07 m/s (sensibilidade: 63%, especificidade: 69%; p < 0,001) com a presença de micro-hemorragia cerebral.

REFERÊNCIA Kinjo Y, Ishida A, Kinjo K, Ohya Y. A high normal ankle-brachial index combined with

a high pulse wave velocity is associated with cerebral microbleeds. J Hypertens. 2016;34(8):1586-93.

53Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com elevada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebraisGiollo Junior LT

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):52-3, 2016.

COMENTÁRIOO presente estudo é mais uma evidência do valor preditivo do ITB (baixo e alto) e da VOPtb para doenças cardiovasculares. Ambos são considerados marcadores independentes para doen-ças cardiovasculares1,2.

A correlação direta entre os dois exames (ITB e VOPtb) traz um reforço adicional para demonstrar que valores elevados de ITB com pontos de corte diferentes são capazes de predizer, de forma barata, a progressão da doença aterosclerótica traduzida pela elevação da rigidez arterial e lesão em órgãos-alvo.

A VOP (carótida-femoral) é tida como padrão-ouro na determina-ção de sua rigidez arterial, contudo sua verificação acontece apenas em um sítio arterial3. Já a VOPtb parece possuir maior capacidade em avaliar a rigidez arterial (aterosclerose difusa) pela propagação das ondas de pulso em outros segmentos arteriais do corpo4.

A definição de outros pontos de corte de ITB também vem sendo demonstrada em outros estudos, contudo isso é ainda um tanto conflituoso, visto que existem maneiras diferenciadas de cal-cular o ITB, as quais trazem consigo valores preditivos diferentes5.

Em suma, o artigo procurou efetivamente estabelecer uma relação direta com a progressão da lesão cerebrovascular e pon-tos de corte de ITB e VOPtb. Todavia, um desenho retrospec-tivo dificulta a diferenciação de sujeitos que cuidam melhor de sua própria saúde (estilos saudáveis de vida) em comparação com os que não se cuidam. Um estudo clínico prospectivo com tempo de acompanhamento prolongado seria mais adequado. Independentemente disso, o trabalho conseguiu trazer melhor

definição dos valores de ITB e VOPtb relacionados com a doença cerebrovascular. Mais investigações são necessárias para essa correlação em populações e faixas etárias variadas.

ITB e VOP são importantes instrumentos diagnósticos, mas também orientam na adequada prescrição e no acompanha-mento dos efeitos dos anti-hipertensivos atualmente utilizados, visto que estes proporcionam respostas diferentes na relação do controle pressórico e da função endotelial6-8. No estudo em questão, os autores demonstraram que a MHC foi mais inci-dente em indivíduos que faziam uso de anti-hipertensivos, mas não esclareceram as classes de fármacos em questão.

REFERÊNCIAS1. Ankle Brachial Index Collaboration, Fowkes FG, Murray GD, Butcher I, Heald CL,

Lee RJ, et al. Ankle brachial index combined with Framingham risk score to predict cardiovascular events and mortality: a meta-analysis. JAMA. 2008;300(2):197-208.

2. Joon Joo H, Cho SA, Cho JY, Lee S, Park JH, Hwang SH, et al. Brachial-ankle pulse wave velocity is associated with composite carotid and coronary atherosclerosis in middle-aged asymptomatic population. J Atheroscler Thromb. 2016. [Ahead of print]

3. Gurovich AN, Beck DT, Braith RW. Aortic pulse wave analysis is not a surrogate for central arterial pulse wave velocity. Exp Biol Med. 2009;234(11):1339-44.

4. Wang X, Xie J, Zhang LJ, Hu DY, Luo YL, Wang JW. Reference values of brachial-ankle pulse wave velocity for Northern Chinese. Chin Med J. 2009;122(18):2103-6.

5. Espinola-Klein C, Rupprecht HJ, Bickel C, Lackner K, Savvidis S, Messow CM, et al. Different calculations of ankle-brachial index and their impact on cardiovascular risk prediction. Circulation. 2008;118:961-7.

6. Manisty CH, Hughes AD. Meta-analysis of the comparative effects of different classes of antihypertensive agents on brachial and central systolic blood pressure and augmentation index. Br J Clin Pharmacol. 2013;75(1):79-92.

7. Duprez DA. Is vascular stiffness a target for therapy? Cardiovasc Drugs Ther. 2010;24(4):305-10.

8. Giollo-Junior LT, Cosenso-Martin LN, Gomes de Paiva AM, Mota-Gomes MA, Vilela-Martin JF. A avaliação da resposta anti-hipertensiva na otimização da rigidez arterial e pressão central. Rev Bras Hipertens. 2014;21(1):18-23.

54 Rev Bras Hipertens vol. 23(2):54-5, 2016.ARTIGO COMENTADO54

Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer, e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sistemática e meta-análiseWhole grain consumption and risk of cardiovascular disease, cancer, and all cause and cause of specific mortality: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective studies

Dagfinn Aune, NaNa Keum, Edward Giovannucci, Lars T. Fadnes, Paolo Boffetta, Darren C. Greenwood, Serena Tonstad, Lars J. Vatten, Elio Riboli, Teresa Norat

Comentário: Letícia Aparecida Barufi Fernandes1

Recebido em: 13/06/2016. Aprovado em: 05/07/2016.

1Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) – São José do Rio Preto (SP), Brasil.Correspondência para: Letícia Aparecida Barufi Fernandes – Rua Brigadeiro Faria Lima, 5416 – Vila São Pedro – CEP: 15090-000 – São José do Rio Preto (SP), Brasil – E-mail: [email protected] de interesses: nada a declarar.

DESCRIÇÃO DO ESTUDO A elevada ingestão de grãos integrais tem sido associada ao menor risco de doenças crônicas, como diabetes mellitus tipo 2 e doença cardiovascular (DCV). Contudo recomendações para as quantidades e os tipos de grãos integrais que deveriam ser consumidos para reduzir doenças crônicas e o risco de mortalidade ainda são inconclusivas.¹ De forma geral, subentendem-se como grãos integrais os grãos como um todo, entre eles arroz integral, pão integral, massas integrais, mas também a associação da ingestão de alimentos adicionais (farelos), como granola, aveia, chia, linhaça etc.

O estudo teve como objetivo principal quantificar a relação dose-resposta entre consumo de grãos inteiros e tipos especí-ficos de grãos e o risco de DCV, câncer e mortalidade por todas as causas. Estudos prospectivos serviram como base para a avaliação da relação entre a utilização de grãos e a incidência ou mortalidade por doença arterial coronariana (DAC), acidente vascular encefálico (AVE), DCV, câncer total e mortalidade por causas específicas.

Para fins de análise da associação da ingestão de grãos e DAC, AVE, DCV, câncer e mortalidade por todas as causas, foram incluídos 45 estudos de coorte (64 publicações no total) – 20 europeus, 16 norte-americanos e nove asiáticos.

Com o intuito de averiguar a ingestão de grãos integrais e grãos refinados, utilizaram-se 30 g como uma porção. Os riscos relativos para a ingestão de 90 g/dia de grãos integrais (90 g equivalem a três porções: por exemplo, duas fatias de pão integral e uma

tigela de cereal) foi intervalo de confiança (IC) de 0,81 para DAC, 0,88 para AVE e 0,78 para DCV. Alta ingestão de grãos foi associada com risco reduzido de DAC, DCV, câncer e mortalidade por todas as causas, bem como doenças respiratórias, diabetes e outras. Reduções no risco das doenças foram observadas com ingestão de até 210–225 g/dia (sete a sete e meia porções/dia) para pães integrais, cereais integrais no café da manhã e farelos adicionados à dieta.

COMENTÁRIOAs fontes de alimentos de grãos integrais têm sido associadas ao risco reduzido de DCV. Estudos nos últimos anos vêm reforçando essa observação e elucidando os mecanismos potenciais para essa associação.² Menor risco de DCV e diabetes em indivíduos que consomem mais grãos inteiros em comparação com aqueles que consomem o mínimo é um dos achados mais consistentes na epidemiologia nutricional, no entanto os critérios para a notificação de consumo de grãos integrais têm variado muito, o que torna difícil explorar precisamente a relação entre grãos integrais e componentes de grãos com os resultados de saúde, além da ideal porção a ser consumida por dia.³

Estudos anteriores publicados sugeriram que a ingestão diária de três porções de alimentos de grãos integrais (90 g) está associada ao risco reduzido de DAC, porém os métodos para a avaliação do consumo de grãos integrais são diferentes. Além disso, quaisquer efeitos adicionais de farelo adicionado e germe, que são componentes de grãos inteiros, não foram relatados.4

55Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer, e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sistemática e meta-análise

Fernandes LAB

Rev Bras Hipertens vol. 23(2):54-5, 2016.

Uma das possíveis explicações para a ação benéfica dos grãos integrais parece estar relacionada à sua atividade anti-inflamatória. O consumo de grãos integrais está inversamente associado com mortalidade por doenças inflamatórias.5 Maior consumo de grãos integrais também se associa a concentrações reduzidas de glicemia de jejum, menor peroxidação lipídica e níveis mais baixos de marcadores inflamatórios [inibidor do plasminogênio tecidual tipo 1 (PAI-1) e proteína C reativa].5-10 Por outro lado, maior ingestão de grãos integrais tem sido vinculada a níveis mais elevados de adiponectina, que aumenta a sensibilidade à insulina e diminui a inflamação.9

Portanto, pesquisa em gramas no consumo de grãos integrais é essencial para futuros trabalhos. Melhorar a ingestão e a estimativa da porção de grãos integrais a ser consumida permitirá facilitar a comparação entre os diferentes estudos e levar a melhores investigações posteriores.

REFERÊNCIAS1. Wu H, Flint AJ, Qi Q, Dam RMV, Sampson LA, Rimm EB et al. Association between

dietary whole grain intake and risk of mortality: two large prospective studies in US men and women. JAMA Intern Med. 2015;175(3):373-84. DOI: 10.1001/jamainternmed.2014.6283

2. Mellen PB, Walsh TF, Herrington DM. Whole grain intake and cardiovascular disease: a meta-analysis. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2008;18(4):283-90. DOI: 10.1016/j.numecd.2006.12.008

3. Ross AB, Kristensen M, Seal CJ, Jacques P, McKeown NM. Recommendations for reporting whole-grain intake in observational and intervention studies. Am J Clin Nutr. 2015;101(5):903-7. DOI: 10.3945/ajcn.114.098046

4. Jensen MK, Koh-Banerjee P, Hu FB, Franz M, Sampson L, Gronbaek M, et al. Intakes of whole grains, bran, and germ and the risk of coronary heart disease in men. Am J Clin Nutr. 2004;80(6):1492-9.

5. Jacobs DR Jr, Andersen LF, Blomhoff R. Whole-grain consumption is associated with a reduced risk of noncardiovascular, noncancer death attributed to inflammatory diseases in the Iowa Women’s Health Study. Am J Clin Nutr. 2007;85(7):1606-14.

6. Jang Y, Lee JH, Kim OY, Park HY, Lee SY. Consumption of whole grain and legume powder reduces insulin demand, lipid peroxidation, and plasma homocysteine concentrations in patients with coronary artery disease: randomized controlled clinical trial. Arterioscler Thromb Vasc Biol. 2001;21(12):2065-71.

7. Masters RC, Liese AD, Haffner SM, Wagenknecht LE, Hanley AJ. Whole and refined grain intakes are related to inflammatory protein concentrations in human plasma. J Nutr. 2010;140(3):587-94. DOI: 10.3945/jn.109.116640

8. Katcher HI, Legro RS, Kunselman AR, Gillies PJ, Demers LM, Bagshwa DM, et al. The effects of a whole grain-enriched hypocaloric diet on cardiovascular disease risk factors in men and women with metabolic syndrome. Am J Clin Nutr. 2008;87(1):79-90.

9. Qi L, van Dam RM, Liu S, Franz M, Mantzoros C, Hu FB. Whole-grain, bran, and cereal fiber intakes and markers of systemic inflammation in diabetic women. Diabetes Care. 2006;29(2):207-11. DOI: http://dx.doi.org/10.2337/diacare.29.02.06.dc05-1903

10. Montonen J, Boeing H, Fritsche A, Schleicher E, Joost HG, Schulze MB, et al. Consumption of red meat and whole-grain bread in relation to biomarkers of obesity, inflammation, glucose metabolism and oxidative stress. Eur J Nutr. 2013;52(1):337-45. DOI: 10.1007/s00394-012-0340-6

ARTIGO COMENTADOAune D, Keum N, Giovannucci E, Fadnes LT, Boffetta P, Greenwood DC, Tonstad S, Vatten LJ, Riboli E, Norat T. Whole grain consump-tion and risk of cardiovascular disease, cancer, and all cause and cause specific mortality: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective studies. BMJ. 2016;353:i2716. DOI: http://dx.doi.org/10.1136/bmj.i2716.

II Rev Bras Hipertens vol. 23(2):II-IV, 2016INSTRUÇÕES AOS AUTORESII

A REVISTA BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO (Rev Bras Hipertens) é uma publicação trimestral do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, catalogada na base de dados Bireme-Lilacs. Ocupa-se em publicar artigos sobre temas relacionados, direta ou indiretamente, à hipertensão arterial, solicitados por seus editores ou espontaneamente enviados como contribuições originais, desde que tenham sido analisados pelo Conselho Editorial.

O manuscrito é de responsabilidade dos autores, os quais assu-mem o compromisso de que o trabalho não tenha sido previamente publicado na sua íntegra, nem esteja sendo analisado por outra re-vista com vistas à eventual publicação. Entretanto, após a publica-ção, os direitos de reimpressão passam a ser de propriedade da revista. Os textos devem ser inéditos, terem sido objeto de análise dos autores, não podendo ser reproduzidos sem o consentimento desta, por escrito.

Os artigos solicitados pelos editores ou espontaneamente enca-minhados como contribuições originais devem ser encaminhados por meio eletrônico para o e-mail: [email protected].

Serão considerados para publicação e encaminhados ao Conselho Editorial somente os artigos que estiverem rigorosamente de acordo com as normas a seguir especificadas e que se coadunam com a quinta edição do Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals, preparado pelo International Committee of Medical Journal Editors – N Engl J Med. 1997;336:309-15. O respeito a essas normas é uma condição obrigatória para que o trabalho seja considerado para análise e publicação.

Os manuscritos devem ser submetidos como mostra a seguir:• digitados em espaço duplo, com páginas numeradas em algaris-

mos arábicos;• escrito em português, de acordo com a ortografia vigen-

te – somente os artigos destinados à seção de Contribuições Internacionais poderão ser escritos em língua inglesa;

• conter nome, endereço, telefone, fax e e-mail do autor que fica-rá responsável pela correspondência e uma declaração assinada pelo autor, responsabilizando-se pelo trabalho, em seu nome e dos coautores;

• digitados em Microsoft Word for Windows (inclusive tabelas e textos das figuras) em letras do tipo Arial, corpo 12, espaço du-plo, com bordas de 3 cm acima, abaixo e em ambos os lados.

• conter declaração de conflito de interesses e fonte de financiamento.

A Rev Bras Hipertens é constituída dos seguintes tipos de publi-cações: Artigos Originais, Artigos de Revisão, Comunicações Breves, Cartas ao Editor, Casos Clínicos, Editoriais e artigos de interesse so-bre temas específicos e relevantes solicitados por seu Editor ou pelo Conselho Editorial e seção Pós-Graduação.

Cada uma dessas diferentes formas de publicação é regida por normas estabelecidas, as quais serão logo apresentadas.

• Seção ‘Como eu faço’: são aceitos artigos originais descrevendo a experiência dos autores na abordagem de diferentes situações clínicas relacionadas à hipertensão, desde metodologias aplica-das até a avaliação clínica e a terapêutica. Em linguagem objetiva e prática, os artigos devem ter quatro páginas digitadas, com ca-racteres Arial 12 e, no máximo, cinco referências.

• Seção ‘Pós-Graduação’: são publicados resumos de tese de dife-rentes universidades brasileiras relacionadas ao tema hiperten-são, servindo como uma fonte de divulgação dos trabalhos de-senvolvidos na área de hipertensão arterial no Brasil. Os autores deverão enviar o resumo da tese em português com no máximo 250 palavras, informando o nome do autor, do orientador e da Instituição em que a tese foi realizada. Os resumos serão con-siderados para publicação quando ocorrerem até um ano antes do envio.

• Seção ‘Artigo original’: textos inéditos espontaneamente envia-dos por seus autores envolvendo os tipos de pesquisa direta ou indiretamente relacionada à hipertensão arterial, incluindo seres humanos e experimental, desde que atendidas as condições ex-pressas em seus Critérios Editoriais e de conformidade com as es-pecificações do Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals, preparado pelo International Committee of Medical Journal Editors – N Engl J Med. 1997;336:309-15 e as disposições expressas nos itens abaixo.

Para a publicação, os manuscritos deverão obedecer às seguin-tes normas: no máximo dez autores; o título deverá ter no máximo 250 caracteres (incluindo espaços); devem ser enviados Resumo e Abstract, mantendo-se a fidelidade entre ambos, sendo que o resumo terá 300 palavras; o texto completo deverá ter no máximo 7.000 palavras (incluindo referências); as referências deverão ter no máximo 40 e são permitidas apenas oito tabelas e figuras no total de ambas.

O manuscrito submetido para publicação deverá também obede-cer aos próximos quesitos.

PÁGINA DE ROSTODeverá ser composta por título em português e inglês, os quais de-vem ser concisos e informativos; título resumido com até 50 carac-teres; nomes completos de todos os autores e nome da instituição a que eles estão afiliados.

Em seguida, devem aparecer Resumo e Abstract, com limite de 300 palavras, obedecendo explicitamente ao conteúdo do texto. A elaboração deve permitir compreensão sem acesso ao texto, inclusi-ve das palavras abreviadas. Devem ser estruturados em: Fundamentos, Objetivo, Materiais e Métodos, Resultados e Conclusões. Inserir pelo menos três e, no máximo, cinco palavras-chave, em português, e keywords, em inglês, utilizando, se possível, termos constantes do Medical Subject Heading listados no Index Medicus.

IIIRev Bras Hipertens vol. 23(2):II-IV, 2016

TExTODeverá ser escrito em português em conformidade com as nor-mas gramaticais vigentes. As contribuições internacionais deve-rão ser submetidas em língua inglesa. Em ambas as condições, o número de palavras não poderá ultrapassar 7.000, incluindo as referências.

ILUSTRAÇõES, QUADROS E TABELASAs ilustrações, os quadros e as tabelas devem ser citados no

texto em algarismos arábicos (quando tabelas ou quadros), sendo conveniente limitá-los ao indispensável para a melhor comunicação.

As figuras devem ser enviadas como fotografias em arquivo ele-trônico, com características que permitam reprodução gráfica de boa qualidade, devendo trazer a identificação do programa utilizado para sua produção, por exemplo, PowerPoint, Photoshop etc. A publicação das figuras e das tabelas coloridas é restrita a situações em que as cores são indispensáveis, sendo os custos de produção de responsa-bilidade do autor, quando assim desejar.

As tabelas e os quadros devem ser elaborados de maneira au-toexplicativa, em ordem de citação no texto e acompanhados dos respectivos títulos.

A legenda deve estar na parte inferior tanto das tabelas quanto das figuras e dos quadros.

REFERÊNCIASReferências citadas, quando de fato consultadas, em algarismos arábicos, em forma de potenciação (supraescritas) e numeradas por ordem de citação no texto, utilizando-se as abreviaturas recomenda-das pelo Uniform Requirements. Os autores devem ser citados em números com até seis, ou apenas os três primeiros seguidos de et al., se houver sete ou mais. De acordo com a fonte consultada, o autor deverá valer-se das orientações apresentadas aqui.• Artigo de revistas – sobrenomes e iniciais dos autores (se sete

ou mais, apenas os três primeiros, seguidos de et al.), título do artigo, nome da revista abreviada, ano, volume, primeira e última páginas, conforme exemplo:

Nobre F, Silva CAA, Coelho EB, Salgado HC, Fazan Jr R. Antihypertensive agents have differentability to modulate arterial pressureand heart rate variability in 2K1C rats. Am J Hypertens. 2006;19:1079-83.

• Para citação de outras fontes de referências, consultar os Uniform Requirements. A citação de dados não publicados ou de comunicações pessoais não deve constituir referência nu-merada e deve ser apenas aludida no texto, entre parênteses. O texto poderá sofrer revisão por parte do Conselho Editorial, sem interferências no seu significado e conteúdo para concisão, clareza e compreensão.

CRITÉRIOS EDITORIAISArtigos de revisão

Devem ser enviados somente quando solicitados pelo Editor Convidado, versando sobre o tema afeito ao assunto do número em questão, com as seguintes características:• número de autores – no máximo dez;• título – no máximo até 300 caracteres (incluindo espaços);• título resumido – no máximo até 50 caracteres (incluindo espaços);• Resumo/Abstract (português e inglês);• número máximo de palavras no resumo – 300;• texto completo – no máximo 7.000 palavras (incluindo

bibliografia);• referências – número máximo permitido 40;• tabelas e figuras – no máximo oito no total de ambas.

Artigos originAis

Também deverão ser apresentados em conformidade com as ca-racterísticas estabelecidas a seguir.

Página de rostoDeverá ser composta por título em português e inglês, os quais de-vem ser concisos e informativos; nomes completos de todos os auto-res e nome da instituição a que eles estão afiliados.

Em seguida, devem aparecer Resumo e Abstract, com limite de 300 palavras, obedecendo explicitamente ao conteúdo do texto. A elaboração deve permitir compreensão sem acesso ao texto, inclu-sive das palavras abreviadas. Inserir pelo menos três e, no máximo, cinco palavras-chave, em português, e keywords, em inglês, utili-zando, se possível, termos constantes do Medical Subject Heading listados no Index Medicus.

TextoDeverá ser escrito em português em conformidade com as nor-mas gramaticais vigentes. As contribuições internacionais deve-rão ser submetidas em língua inglesa. Em ambas as condições, o número de palavras não poderá ultrapassar 7.000, incluindo as referências.

Ilustrações, quadros e tabelasAs ilustrações, os quadros e as tabelas devem ser citados no texto em algarismos arábicos (quando tabelas ou quadros), sendo conve-niente limitá-los ao indispensável para a melhor comunicação.

As figuras devem ser enviadas como fotografias em arquivo eletrônico, com características que permitam reprodução gráfi-ca de boa qualidade, devendo trazer a identificação do programa utilizado para sua produção, por exemplo, PowerPoint, Photoshop etc. A publicação das figuras e das tabelas coloridas é restrita a situações em que as cores são indispensáveis, sendo os custos de produção de responsabilidade do autor, quando assim desejar.

IV Rev Bras Hipertens vol. 23(2):II-IV, 2016

As tabelas e os quadros devem ser elaborados de maneira au-toexplicativa, em ordem de citação no texto e acompanhados dos respectivos títulos.

A legenda deve estar na parte inferior tanto das tabelas quanto das figuras e dos quadros.

ReferênciasReferências citadas, quando de fato consultadas, em algarismos arábicos, em forma de potenciação (supraescritas) e numeradas por ordem de citação no texto, utilizando-se as abreviaturas re-comendadas pelo Uniform Requirements. Os autores devem ser citados em números com até seis, ou apenas os três primeiros seguidos de et al., se houver sete ou mais. De acordo com a fonte consultada, o autor deverá valer-se das orientações apre-sentadas aqui.

• Artigo de revistas – sobrenomes e iniciais dos autores (se sete ou mais, apenas os três primeiros, seguidos de et al.), título do artigo, nome da revista abreviada, ano, volume, primeira e última páginas, conforme exemplo:

Nobre F, Silva CAA, Coelho EB, Salgado HC, Fazan Jr R. Antihypertensive agents have differentability to modulate arterial pressureand heart rate variability in 2K1C rats. Am J Hypertens. 2006;19:1079-83.

Para citação de outras fontes de referências, consultar os Uniform Requirements. A citação de dados não publicados ou de comunicações pessoais não deve constituir referência nu-merada e deve ser apenas aludida no texto, entre parênteses. O texto poderá sofrer revisão por parte do Conselho Editorial, sem

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ComuniCAções Breves

Contribuições de caráter fundamentalmente prático, que tenham, ou não, originalidade, não ultrapassando cinco laudas e dez referências bibliográficas, que devem constar como leitura sugerida, sem neces-sariamente serem apontadas no corpo do texto.

CArtAs Ao editor

Breves comunicações contendo, no máximo, duas laudas, com espa-çamento de 1,5, letras tipo Arial, tamanho 12, que reflitam opinião do autor ou de seus autores de assuntos relevantes.

CAsos ClíniCos

Apresentação de Casos Clínicos reais que possam contribuir para o aprendizado e a difusão de conhecimentos afeitos à hipertensão ar-terial ou assuntos afins.

Os casos deverão ter documentação e, preferencialmente, deverão ser ilustrados por figuras, imagens e/ou tabelas para melhor compre-ensão das mensagens neles contidas. Não poderão ultrapassar cinco laudas, com espaçamento de 1,5, letras tipo Arial e tamanho 12.

editoriAis e Artigos de interesse

Serão publicados apenas quando solicitados pelo Editor ou Conselho Editorial.

Os textos poderão sofrer revisão editorial para maior concisão, clareza e compreensão, por parte do Conselho Editorial, sem interfe-rências no seu significado e conteúdo.

Situações especiais, não previstas neste conjunto de normas, serão ajuizadas pelo Editor e pelo Conselho Editorial.

Volume 23 | Número 2 | 2016

ARTIGO DE REVISÃO

Análise crítica do estudo HOPE-3: uma mensagem verdadeira e relevante

ARTIGOS ORIGInAIS

Hipertensão: uma avaliação dietética de pacientes hospitalizados

Prevalência de hipertensão e fatores associados em usuários do Programa Saúde da Família de um município do Nordeste brasileiro

Prevalência de pré-hipertensão e de hipertensão arterial e sua associação com variáveis antropométricas e estado nutricional de pré-escolares

ARTIGOS cOmEnTADOS

Índice tornozelo-braquial normal alto combinado com elevada velocidade de onda de pulso arterial está associado com micro-hemorragias cerebrais

Consumo de grãos integrais e risco de doença cardiovascular, câncer, e mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica: revisão sistemática e meta-análise