Artigo IFPA DIAGNÓSTICO DENDROLOGICO

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DIAGNÓSTICO DENDROLÓGICO DE UMA ÁREA DE FLORESTA SECUNDÁRIA NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA – PA Onassis de Pablo S. de Souza ¹;Andréia de F. Soares¹; Eliane N. Braz¹; Sarah Rosane M. Carvalho ¹; Alisson Rodrigo S. Reis². ¹ Discentes do Curso de Engenharia Florestal da UFPA/ Campus Universitário de Altamira, Av. Senador José Porfírio, 2515, São Sebastião, CEP: 68.372 – 040, Altamira, PA, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], ² Mestre, Docente da Universidade Federal do Pará – UFPA/ALTAMIRA, Orientador, e-mail: [email protected] RESUMO O diagnóstico dendrológico foi executado na área de campo experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) a 2 km do município de Altamira-PA, com o objetivo de descrever as características dendrológicas e a flora arbórea do local a fim de cooperar para identificação de grupos vegetais. Foram selecionadas árvores com CAP ≥ 25 cm a qual foram marcadas com pincel permanente e seus dados dendrológicos anotados em uma planilha na área de 1.211 m². Dos 58 indivíduos amostrados 62% apresentaram ritidoma do tipo estriado em anéis com fibras rígidas e quebradiças e em relação aos exsudatos 26% foram apurados seiva incolor. A interação de características dendrológicas pode ser utilizada com êxito na identificação de grupos vegetais. PALAVRAS – CHAVES: dendrologia, identificação, caracterização. ABSTRACT Diagnosis Dendrological was executed in the area of experimental field of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Pará (IFPA) to 2 km from the town of Altamira-PA, in order to describe the characteristics and dendrological tree flora of the site to cooperate to identify groups of plants. We selected trees with CBH ≥ 25 cm which were marked with permanent and brush your data Dendrological

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DIAGNÓSTICO DENDROLÓGICO DE UMA ÁREA DE FLORESTA SECUNDÁRIA NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA – PA

Onassis de Pablo S. de Souza¹;Andréia de F. Soares¹; Eliane N. Braz¹; Sarah Rosane M. Carvalho ¹; Alisson Rodrigo S. Reis².

¹ Discentes do Curso de Engenharia Florestal da UFPA/ Campus Universitário de Altamira, Av. Senador José Porfírio, 2515, São Sebastião, CEP: 68.372 – 040, Altamira, PA, e-mail: [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected], ² Mestre, Docente da Universidade Federal do Pará – UFPA/ALTAMIRA, Orientador,

e-mail: [email protected]

RESUMO

O diagnóstico dendrológico foi executado na área de campo experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) a 2 km do município de Altamira-PA, com o objetivo de descrever as características dendrológicas e a flora arbórea do local a fim de cooperar para identificação de grupos vegetais. Foram selecionadas árvores com CAP ≥ 25 cm a qual foram marcadas com pincel permanente e seus dados dendrológicos anotados em uma planilha na área de 1.211 m². Dos 58 indivíduos amostrados 62% apresentaram ritidoma do tipo estriado em anéis com fibras rígidas e quebradiças e em relação aos exsudatos 26% foram apurados seiva incolor. A interação de características dendrológicas pode ser utilizada com êxito na identificação de grupos vegetais.

PALAVRAS – CHAVES: dendrologia, identificação, caracterização.

ABSTRACT

Diagnosis Dendrological was executed in the area of experimental field of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Pará (IFPA) to 2 km from the town of Altamira-PA, in order to describe the characteristics and dendrological tree flora of the site to cooperate to identify groups of plants. We selected trees with CBH ≥ 25 cm which were marked with permanent and brush your data Dendrological recorded on a worksheet in the area of 1211 m². Of the 58 individuals sampled 62% had rhytidome type striated fibers in rings with rigid and brittle, determining characteristics for species identification of trees.

KEYWORDS: dendrology, identification, characterization.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma composição florística diversificada e ainda pouco estudada,

principalmente no que diz respeito à floresta Amazônica. O desordenado crescimento do

desmatamento tem causado a perdas de muitas espécies, daí a importância de serem

realizados estudos dendrológicos dessa diversidade da flora arbórea.

A floresta secundária é o início do processo de regeneração de uma vegetação que foi

afetada pelo desmatamento (NEIMAN, 1989). Também conhecida como capoeira, nela pode

ser encontrada uma grande diversidade de produtos de importância econômica, medicinal e

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alimentícia, além de contribuir para a recuperação de vegetações que foram afetadas pelo

desmatamento, entretanto, essa diversidade ainda é pouca analisada do ponto de vista

dendrológico com enfoque na identificação científica correta dessas espécies. Os trabalhos

publicados sobre esse tipo de floresta em grande parte tratam de estudos de regeneração

natural, como o de Rayol e Alvino (2007) que analisaram Dinâmicas da regeneração natural

de florestas secundárias no município de Capitão Poço, PA e Alves e Metzger (2004) que

estudaram a Regeneração florestal em áreas de floresta secundária na Reserva Florestal do

Moro Grande, Cotia, SP.

Para a identificação de uma espécie vegetal, diversos caminhos podem ser adotados,

entre eles as características morfológicas, a anatomia da madeira e a dendrologia

(RODERJAN, 1983). Os diagnósticos dendrológicos têm a função básica de suprir a carência

de informações por meio da reunião e catalogação de dados diversos relacionados às espécies

arbóreas, inclusive usos potenciais. Assim sendo, a dendrologia desempenha papel importante

auxiliando os trabalhos silviculturais ou outro que envolva interesse científico por árvores

(SANTOS; MARANGON; RAMALHO, 1998).

O presente trabalho tem por objetivo descrever as características dendrológicas da

floresta secundária, contribuindo para um conhecimento sobre a flora arbórea desse tipo de

floresta, aliado com a identificação das espécies presentes na área experimental do IFPA.

MATERIAL E MÉTODOS

A área estudada pertence ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Pará (IFPA), localizado a 2 km do município de Altamira nas coordenadas geográficas

03°11’20” latitude S e 52°10’48” longitude W com 1.211 m² (Figura 1). O local apresenta

uma parcela antropizada com pasto de 375 m² e outra de 836 m² de cobertura vegetal

secundária apresentando um desnível total de 12,81 metros, se estendendo até a margem de

um lago.

Figura 1 – Localização geográfica da Área do IFPA em Altamira-PA. Fonte: Google Earth.

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O diagnóstico dendrológico ocorreu no período de março a junho de 2010 em uma

parcela de 20mx65m, totalizando 1300m² de toda a área de floresta secundária. As

Características dendrológicas macroscópicas foram realizadas de acordo com Ribeiro et al

(1999), sendo descrito o tipo de ramificação, a forma e base do tronco, o tipo de ritidoma, a

estrutura da casca viva, a coloração do alburno e os exsudatos, essas características foram

avaliadas em indivíduos com Circunferência à Altura do Peito (CAP) > 25 cm. A área é

representativa do relevo, solo e vegetação da região com influência antrópica devido ao

histórico de criação de gado e à parte de pasto existente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os 58 indivíduos amostrados apresentaram média do CAP de 41,10 cm, no entanto

grande parte apresentou valor inferior a este possuindo uma circunferência de médio porte. 71

% das árvores foram classificadas, quanto à ramificação, em simpodial que possui

importância no processo de distribuição de água no local das árvores, devido às diversas

ramificações no tronco, além de orientar a direção de queda do indivíduo no processo de

exploração florestal (JÚNIOR, 2003). Na identificação das formas de tronco a forma circular

foi predominante, presente em 62 % dos indivíduos, minimizando o erro no cálculo da

volumetria nesses vegetais (NETTO, 2004). A base do tronco apresentou características que

ajudam no reconhecimento de espécies ou até mesmo famílias, na amostragem realizada 27%

foram definidas em acanalada que possuí depressões longitudinais e forma canais

acompanhando o diâmetro do tronco, sem expandir-se. Esse tipo de base do tronco é um

microhabitat para diversos organismos, definindo seus padrões de distribuição e de

abundância. (FAVARO; ANJOS, 2005).

O ritidoma estriado foi predominante em 62 % dos indivíduos, característica que

comprova a existência de árvores no local de estudo pertencentes às famílias Anacardiaceae,

Annonaceae, Bignoniaceae, Lecythidaceae, Meliaceae, Melastomataceae e Lauraceae. É uma

característica determinante na identificação de espécies arbóreas (RIBEIRO et al. 1999).

A estrutura da casca viva com maior freqüência verificada foi em anéis em que a

casva viva é identificada por camadas longitudinais sobrepostas e que no corte radial

apresentam coloração distinta, através dela pode ser confirmado a presença das famílias

Bombacaceae, Boraginaceae, Combretaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Leguminosae e

Sapotaceae na área. Esses anéis confirmam um crescimento dessas espécies em diâmetro,

apesar de serem características pouco utilizadas no reconhecimento de espécies arbóreas são

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relevantes para Ribeiro et al.(1999). O alburno mais encontrado após a oxidação foi o

amarelado, que esteve presente em 62 % dos indivíduos, porém tem pouca utilidade em

identificação. Em relação aos exsudatos em 26% foi observada seiva incolor indicando a

provável presença das famílias Humiriaceae, Linaceae, Meliaceae e Myristicaceae. (RIBEIRO

et al., 1999). 5% dos indivíduos apresentaram látex branco indicando a existência de Hevea

brasiliensis Muell. Arg. (Seringueira) e outros 5% tiveram seiva vermelha revelando a

presença de Symphonia globulífera L.f (Ananí).

CONCLUSÕES

As características mais importantes para a identificação das espécies da área são o tipo

de ritidoma e a coloração dos exsudatos.

A coloração das características dendrológicas, exceto do exsudato, não deve ser

utilizada como parâmetro de distinção, uma vez que essas características dependem do

observador, propõe-se utilizar ferramentas mais eficazes, como carta de Munsell (LEMOS e

SANTOS, 2002), para a realização dessa avaliação.

Na área de estudos duas espécies podem ser facilmente identificadas pela coloração e

consistência do exsudatos: a Hevea brasiliensis Muell. Arg. e a Symphonia globulifera L. F.

com látex branco leitoso e seiva vermelha, respectivamente.

A associação de características dendrológicas pode ser utilizada com êxito na

identificação de grupos vegetais.

LITERATURA CITADA

ALVES, Luciana Ferreira; METZGER, Jean Paul. A regeneração florestal em áreas de

floresta secundária na Reserva Florestal do Morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica,

v6 (n2), (2004).

FAVARO, Fernando de Lima; ANJOS, Luiz dos; Microhabitat de Habia rubica (Vieillot) e

Trichothraupis melanops (Vieillot) (Aves, Emberizidae, Thraupinae), em uma floresta

atlântica do sul do Brasil. Rev. Bras. Zool. vol.22 no.1 Curitiba Mar. 2005.

JÚNIOR, Benigno Bairral. Projeto: Levantamento da Flora do Domínio das Ilhas Fluviais

do Médio Inferior Rio Paraíba do Sul, 2003.

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LEMOS, R.C & SANTOS, R.D. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 4 ed.

Viçosa: SBCS. 83p, 2002.

NEIMAN, Zysman. Era Verde? Ecossistemas Brasileiros Ameaçados. São Paulo: Atual,

1989

NETTO, Sylvio Péllico. Equivalência Volumétrica: Uma nova metodologia para

estimativa do volume das árvores. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais,

Curitiba, v.2, n.1, p. 17-30, jan./mar. 2004.

RAYOL, Breno Pinto; SILVA, Manoela Ferreira Fernandes da; ALVINO Rayol, Fabrízia de

Oliveira. Dinâmica da Regeneração natural de florestas secundárias no município de

Capitão Poço, Pará, Brasil. Amazônia, v.2, p. 93-110, 2007.

RODERJAN, C.V. Morfologia do Estádio Juvenil de 24 Espécies Arbóreas de uma

Floresta com Araucária. Universidade Federal do Paraná – Curitiba, 1983.

RIBEIRO, José Eduardo L. da S. ..[et al]. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação

das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. Manaus:

INPA, 1999.

SANTOS, Edmilson dos; MARANGON, Luíz Carlos; RAMALHO, Roberto da Silva.

Levantamento dendrológico da Bacia do Rio São Bartolomeu, Viçosa – MG. Revista

CERES, 1998.