Artigo Marcos Vinicius Ferreira Da Silva
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EXPERIÊNCIAS SOBRE PRÁTICAS EDUCATIVAS:
A UTILIZAÇÃO DE APARATOS TECNOLÓGICOS COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL NO CURSO DE MÚSICA DA UFRR
Eixo 4: Prática de Ensino em Artes
Marcos Vinícius Ferreira da Silva (UFRR, RR) Rosângela Duarte (UFRR, RR)
RESUMO:
Após a análise dos primeiros semestres do curso de música da UFRR, iniciado no segundo semestre de 2013, consideramos como ocorreram às primeiras aulas, o espaço físico utilizado nas primeiras atividades letivas, bem como o processo em andamento da estruturação para a prática docente. Desse modo, expressamos aqui os primeiros apontamentos do Projeto Político Pedagógico 2013 (PPP 2013) do curso de música sua adequação após os docentes lecionarem a primeira matriz curricular (2013/2), e também outros ajustes vislumbrados pelo recém-empossado corpo docente. Diante da conjuntura que se iniciava o curso em Licenciatura em Música, observamos sobre a necessidade em identificar o perfil do futuro egresso, que, acreditamos, serão de professores/educadores musicais, outros performers e intérpretes, além de pesquisadores, apesar de que, há possibilidade de abarcar todos os perfis em um só. Outra avaliação, após a alteração do PPP com o desmembramento e desdobramento de disciplinas do primeiro semestre, que despertou em nós uma reflexão crítica por meio do processo do ensino-aprendizagem e das tendências pedagógicas musicais no século XXI, e identificar como dinamizar as disciplinas lecionadas esperando um melhor rendimento dos discentes nos semestres seguintes, após a primeira abordagem pedagógica. As disciplinas de Teoria Musical foram
desmembradas da Percepção Musical I a IV, assim como a disciplina Teclado Complementar, oriunda da Prática Instrumental I (que abarcava quatro instrumentos simultaneamente), cujo objetivo principal foi concebido em auxiliar o processo de musicalização do discente, ora como aluno do curso de música e/ou na sua docência, que prevê oferecer conhecimentos prévios, entre outros, e a disciplina Metodologias e Tendências, com um viés da criticidade pedagógica do novo educador musical. Para preencher tais lacunas, a utilização dos aparatos tecnológicos como ferramenta mediadora no processo educacional, se mostrou eficaz no Curso de Música da UFRR nas disciplinas elencadas acima. Além de tudo que citamos, a perspectiva da utilização de um prédio específico para o curso de música, faz-nos acreditar em uma evolução continuada das atividades docentes supracitadas.
. Palavras-chave: educação musical, prática docente e tecnologia.
1 INTRODUÇÃO
O curso de música da UFRR surgiu em virtude da realização do concurso
público para suprimento das vagas em Educação Musical/Instrumento, sob edital N.º
012/2013-PROGESP de 18 de abril de 2013, e a convocação dos docentes sob
Edital nº 096/PROGESP de 13 de setembro de 2013. As primeiras aulas ocorreram
às 18h do dia 07 de outubro de 2013, com atividades dos docentes Marcos Vinícius
Ferreira da Silva, Gustavo Frosi Benetti, na sala nº133 do CCLA, estando como
coordenadora pró-tempore na época, a docente Elenize Cristina Oliveira da Silva. No
decorrer dos meses de outubro e novembro, o corpo docente foi sendo constituído1
e o Projeto Político Pedagógico 2013 (PPP 2013) do curso foi criado, tendo sido
escolhido, em eleição unânime, o coordenador do curso, professor mestre Jefferson
Tiago de Souza Mendes da Silva.
1 Corpo docente composto pelos professores: Áquilas Torres de Oliveira, Eduardo Moreira
de Medeiros, Gilberto de Souza Stefan, Gustavo Frosi Benetti, Jefferson Tiago de Souza Mendes da Silva, Marcos Vinicius Ferreira da Silva, Rafael Ricardo Friesen.
Ao iniciarmos as primeiras atividades, sendo as aulas teóricas nas salas
nº133 e nº140 do CCLA e as práticas no Colégio de Aplicação da UFRR,
observamos uma disciplina abrangente, a Prática Instrumental que abarcava quatro
instrumentos simultaneamente, canto, flauta, teclado e violão, com uma carga
horária de 180 h. Lecionávamos a disciplina de forma compartilhada entre os
professores e percebemos que além de ser maçante para todos os envolvidos no
processo ensino-aprendizagem, a oferta não contemplava as necessidades locais
em virtude da quantidade significativa de alunos que precisam de noções musicais
elementares. Ao ocorrer à primeira reunião de conselheiros, foi pensado dentre
algumas propostas, a criação de uma disciplina para suprir essa dificuldade, tendo
em vista a urgência em nivelar o conhecimento musical dos discentes. Assim, surgiu,
como tendo título provisório, a disciplina de Oficina de Musicalização, com previsão
de oferta em dois semestres, em que seria tratado dos “Fundamentos teórico-
práticos, da leitura e grafia musical, dos Princípios técnicos de execução
instrumental do canto, flauta, teclado e violão”, conforme a elaboração da ementa
pelos conselheiros.
Surgiu ainda um novo pensamento em alguns pares dos docentes em música,
que considerava a importância do professor ser “especialista”, um perito, em outras
palavras, aquele que tem exímia habilidade com um determinado instrumento, isso
por se acreditar que o profissional traria melhor conhecimento aos discentes,
lecionando desde o princípio do curso, o instrumento de origem do concurso que o
ingressou na UFRR. O ponto consensual foi a dissociação da oferta de quatro
instrumentos simultâneos, para dois ou mais instrumentos por semestre/período, a
fim de melhorar a abordagem pedagógica e a qualidade do ensino-aprendizagem.
2. DESENVOLVIMENTO
Após a análise dos primeiros semestres do curso de música da UFRR,
propôs-se em seu Projeto Político Pedagógico o seguinte:
É nesse contexto que o curso de graduação em Música-Licenciatura da UFRR vem desempenhar a função de propiciar um espaço educativo no ensino superior para desenvolver competências na área da música, visando uma formação integral do futuro músico profissional e educador musical favorecendo o ensino, a pesquisa e a extensão, como disposto nesta proposta pedagógica. Além disso, é função da universidade promover a formação de profissionais da área, uma vez que o ensino de música tornou-se obrigatório a partir da promulgação da Lei nº 11.769/08. (PPP 2014, p 7).
Ainda assim, nos questionamos se o perfil do egresso do curso em
licenciatura em música contemplaria as necessidades explicitadas na lei elencada
acima. O curso deverá focar o performer, o intérprete, o educador musical? Ou cada
um desses perfis? O que pensam estudiosos que deparam com tal situação?
Dificilmente encontra-se uma escola que dedique parte do tempo curricular ao ensino da música voltado à prática instrumental. Quem absorve essa demanda em nosso país são as escolas voltadas para esse fim e ainda os remanescentes conservatórios. A formação do profissional que atua nesse segmento é bastante variada: a) egressos de cursos de licenciatura em música, com base musicopedagógica; b) oriundos de cursos de bacharelado em música, com treinamento a performance; c) músicos sem educação formal com carreiras bem-sucedidas ou não. (KEBACH, 2013).
Patrícia Kebach (2013) trouxe mais uma indagação a cerca da formação dos
profissionais em música, pois devemos considerar o escopo de escolas de músicas
profissionalizantes e técnicas em Roraima, principalmente na capital Boa Vista, que
desenvolve as atividades do curso. No entanto, não encontramos conservatório na
capital, mas sim a Escola de Música de Roraima (EMURR), o Instituto Boa Vista de
Música (IBVM), os clubes de serviços como o SESC, SESI, SEST, escolas
particulares de ensino livre, projetos sociais do município com ensino musical e das
artes, atividades nas entidades religiosas de diversos credos, instrutores/professores
particulares, e são esses que expõem a demanda de professores graduados em
música e explicita que o curso da UFRR se faz urgente e necessário para
desenvolver novos talentos e atender os anseios da realidade roraimense.
Para compreender melhor a missão de um curso de música no âmbito
universitário com a realidade a ser encontrada pelos novos professores oriundos das
academias, Jusamara Souza organizou no livro “Música na Escola, algumas ações
para implementação da lei 11.769 na Rede de Ensino de Gramado, RS”, em que
apresenta experiências que foram positivas nas escolas gaúchas com educandos da
Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e também em Projetos
Sócio-Educativos. Segundo ela, o educador musical deverá aguçar o interesse pelo
universo musical, desprendendo de certos paradigmas e concepções que foram
úteis em um passado recente, mas que não condiz com a realidade atual.
Em outro livro de organização da mesma autora “Aprender e Ensinar Música
no Cotidiano”, é elucidado outras abordagens musicais, ou seja, outras formas de
ensinar música, pois a lei 11.769/2008 não faz referência que devemos focar como
pensam alguns pseudos intelectuais, somente nos indivíduos que trazem
qualidades artísticas inatas, criando assim nas escolas novos Beethovens ou
Chiquinhas Gonzagas, entre outros célebres gênios musicais.
O pesquisador Roque Laraia adverte em “Cultura, Um Conceito
Antropológico” que
O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo cumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam. [...] Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade. [...] Se tivesse nascido no Congo ao invés de uma Saxônia, não poderia Bach ter composto nem mesmo um fragmento de coral ou sonata, se bem que possamos confiar igualmente em que ele teria eclipsado os seus compatriotas em alguma espécie de música. (2001 p.44-45)
Desse modo, conforme o autor, devemos trazer mais educação e cultura à
nossa juventude, que é a sociedade que se forma nas escolas e que infelizmente
está perdendo esse processo cumulativo de valores, conhecimentos, dentre outras
definições. O educador deverá inseri-los no processo, não devendo afastá-los ou
discriminá-los, pois
Em outras palavras, não basta a natureza criar indivíduos altamente inteligentes, isto ela o faz com frequência, mas é necessário que coloque ao alcance desses indivíduos o material que lhes permita
exercer a sua criatividade de uma maneira revolucionária. (LARAIA, 2001, p.45)
Jusamara et. al.(2012, p. 39) afirma no capítulo “Música, Juventude e Mídia:
O que os jovens pensam e fazem com as músicas que consomem”, como o
educador poderá aproveitar a tecnologia e os aparatos tecnológicos, pois uma
música midiática poderá aguçar o interesse na “pluralidade de estilos musicais” e
consequentemente o despertar para a música ora de concerto, programática e
histórica. “Tal crítica da mídia não se constrói a partir de um olhar tudo isso é
porcaria, vamos ouvir e tocar uma música boa” (SOUZA, 2012, p. 275).
Tais realidades são apontadas no mesmo livro de Jusamara Souza, no
capítulo “Contextos midiáticos e cursos de Bacharelados em Música: Alguns
diálogos possíveis”. Nota-se que é urgente e necessário construir um diálogo dentro
de uma abordagem pedagógica em relação a transferências de vivências informais
dos alunos para as situações formais do ensino de música.
PENNA, afirma que [os docentes]
“Precisam ser capazes de construir e implementar propostas pedagógicas e metodológicas adequadas para esse contexto educacional, aprofundando, cada vez mais, o compromisso da educação musical com a educação básica” (PENNA, 2007, p. 6)
É importante lembrar, que a educação básica “não é um espaço de
especialização ou profissionalização em nenhuma das áreas de conhecimento”,
inclusive, em relação ao ensino de música (DEL-BEN, 2009, p. 130). Porém, faz-se
necessário formar professores cuja atuação pedagógico-musical seja efetiva no
espaço escolar, valendo-se de “concepções atuais de educação, de educação
musical, de música, de escola e de currículo (...) para proporcionarem aos seus
alunos experiências musicais de maneira completa e significativa” (CERESER, 2004,
p. 29).
A fim de que os alunos do Curso de Música experienciem de forma completa
e significativa o espaço acadêmico, a seguir apresentamos as modificações que
realizamos ao contemplar as dificuldades de ensino/ aprendizagem encontradas com
a oferta de determinadas disciplinas.
2.1 Disciplinas Percepção Musical
O desmembramento da disciplina Teoria e Percepção Musical2, foi elaborada
de modo que não punisse os alunos que tivessem dificuldades na percepção ou na
teoria musical, ficando alterado para a oferta do segundo semestre letivo. Mesmo
assim, muitos alunos reprovaram, e/ou desistiram por eventuais motivos em Teoria e
Percepção Musical I. Em um quantitativo de 50 alunos matriculados, 19 alunos
reprovaram por desistência ou excesso de faltas e 6 alunos reprovaram por conceito,
totalizando 50%, salientando que apenas 4 alunos foram aprovados por exame de
recuperação e 21 aprovados por conceito.
A turma de 2013/2 iniciou a disciplina de Percepção Musical II com a metade
dos inscritos no primeiro semestre, ou seja 25 alunos. Utilizamos aulas expositivas,
com leituras e ditados da bibliografia proposta na ementa e mesmo assim os alunos
encontram dificuldades em perceber certas informações e adquirir certos
conhecimentos que para o docente parece ser tão evidente. Por mais que fossem
enviadas atividades e trabalhos para realizarem em casa, os resultados eram
preocupantes, pois o discente deveria ter um domínio do conteúdo para prosseguir
ao próximo semestre. Também foram expostos diversos vídeos motivacionais para
não houvesse um esvaziamento da turma, pelo motivo de alta reprovação e falta de
entendimento do conteúdo.
Embora enfrentássemos essa realidade, a perspectiva começou a mudar
após agendarmos uma aula no Laboratório de Informática do CCLA, onde foi
apresentado aos discentes alguns softwares musicais como o GNU Solfege, o
MusiScore e alguns sites que tem jogos musicais sem a necessidade de instalação
na máquina, pois
(...) é urgente e necessário o trabalho com os softwares, a priori o MusiScore 1.1, pois o aluno muita das vezes não possui um bom
2 Anteriormente à reformulação do PPP, a disciplina TPM abarcava a carga horária de 60
horas/semestre, com oferta até o quarto semestre. Após, foi divididas em duas disciplinas de 30 horas/semestre, a Teoria Musical de I a IV, bem como Percepção de I a IV.
solfejo e treina as músicas não obedecendo a duração correta das figuras, criando vícios e minimizando o impacto do aprendizado musical. (SILVA e RODRIGUES, 2011, p.20)
Silva e Rodrigues afirmam que há diversas possibilidades de utilizar a
tecnologia como mediadora dos estudos musicais. Para tanto, exemplificam um site
gratuito para melhor compreensão, o www.pratiquemusica.com.br cujo escopo
oferece jogos musicais onde o aluno poderá treinar a leitura musical, o
treinamento auditivo que é a percepção musical entre outras possibilidades
de estudo musical através dos jogos. Acredita-se que o jogo musical ajudará ao desenvolvimento de [...] “habilidades manipulativas, juízos e
discriminações perceptivas e manejo da notação musical” (ibid., p.44, apud
MORAIS 2008).
A última atualização do site supracitado, oferece dois jogos musicais para
aguçar habilidades musicais, sendo um alusivo à Leitura de Partitura e outro para
treinamento da percepção, cujo nome é Ouvido Absoluto.
O objetivo do jogo musical Leitura de Partitura é apreender o nome das notas no pentagrama através do clique no nome da nota musical correta, que aparece abaixo do pentagrama. As figuras de duração se faz presente, onde inicia-se com semibreves até atingir a pontuação de 150. De 150 a 500 pontos a figura é a mínima. Acima de 500 vem à semínima, e assim sucessivamente outras figuras, cujo objetivo é dar nome as notas, porém observando os formatos das figuras de duração, que nesse caso influenciará na velocidade para obter a resposta correta. Quanto mais rápido a figura que aparecer na tela, mais rápido deverá ser a resposta. OuvidoAbsoluto, tem como objetivo descobrir qual nota foi tocada e assim treinar o ouvido do aluno para reconhecer cada uma das notas musicais. O jogo começa com apenas duas notas musicais e irá acrescentando mais notas conforme a pontuação a ser obtida. Do lado esquerdo do programa aparece um ícone que oferece outros timbres de instrumentos que emitira as notas do jogo (SILVA e RODRIGUES, 2011, p.23)
Foi apresentado aos discentes, o software GNU Solfege3, que está
hospedado em http://gnu-solfege.softonic.com.br/ cujo objeto de estudo foi
recomendado para a prática de intervalos melódicos, harmônicos, tríades e tétrades, 3 Concepção extraída da temática do Projeto de TCC Música e Tecnologia: O Uso da Tecnologia na Educação Musical.: UNINCOR, 2011.
bem como as suas inversões, transcrição de células rítmicas, ditados, entre outras
possibilidades do software.
O resultado foi imediato e surpreendente, damos como exemplo um aluno que
tinha obtido a nota 5,1 na primeira avaliação e foi aprovado na disciplina Percepção
II sem a necessidade do Exame de Recuperação, pois o mesmo obteve a nota 9,7
na segunda avaliação. Outros alunos também apresentaram uma curvatura positiva
nas médias. Como resultado final, tivemos apenas a reprovação de uma discente
iniciante em música e outros quatro alunos por motivo de falta. Recentemente foi
esclarecido, que um desses alunos reprovados estava na época, focando seus
estudos para ingressar no curso de medicina da UFRR e tal objetivo foi atingido,
sendo aprovado no vestibular posterior e outro discente que necessitou acompanhar
a esposa em procedimentos médicos durante o período do curso em outro estado.
Começamos a disciplina de Percepção III com 19 inscritos e uma novidade,
ênfase a Tecnologia ao trabalhar com o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA),
pois com isso, acabou a desculpa do discente não ter dinheiro para xerocar o
material ou não ter como copiar os áudios para estudos, entre outros argumentos.
Utilizamos os softwares GNU Solfege e MusiScore, que foi instalado em todos os
computadores do Laboratório do CCLA, e no AVA foi inserido atividades diversas,
como fóruns, postagens do conteúdo lecionado em sala, tarefas e trabalhos para
fixação do conteúdo, dentre outras que aproximou os discentes do objetivo principal
da disciplina, sempre procurando sanar as suas dúvidas por meio da interatividade.
Os alunos relataram que ao utilizarem o GNU Solfege, eles puderam exercitar
atividades sem dependência de um músico ou colega, que anteriormente executava
as atividades práticas. Agora estudavam sem depender de ninguém, pois o software
executa a atividade a qualquer hora, oportunizando um melhor desenvolvimento
prático nas atividades de intervalos melódicos e harmônicos, ditados rítmicos,
inversões de tríades, entre outros.
Outro software livre, o MusiScore, permitiu a todos conferirem se o ditado da
transcrição estava correto ao operar as ferramentas para transcrição e após os
mesmos ao clicar em “executar”, analisariam a qualidade da sua transcrição.
No decorrer do semestre, os discentes tiveram aulas com uma série de
exercícios presenciais e em grupos, e por solicitação docente, todos deveriam
apresentar um pouco do seu treinamento com os softwares apresentados neste
artigo, que foram devidamente gravadas em formato audiovisual, e claro as
atividades de solfejo e ditado, que agregou a teoria e prática.
O resultado final da disciplina Percepção Musical III mostrou-se promissor,
considerando que não houve alunos em exame de recuperação, pois apenas três
alunos foram reprovados por nota, na qual se justifica pelo número de faltas durante
o semestre e somente um, que apesar da boa frequência nas aulas, não obteve o
mesmo rendimento dos colegas. Agrega-se ao quantitativo, 4 alunos que reprovaram
por faltas, sendo dois ausentes desde a primeira aula
2.2 Disciplinas em andamento
A disciplina de Percepção IV apresenta-se em oferta no primeiro semestre de
2015, com a participação de 10 discentes e seguindo o mesmo princípio pedagógico
elencado anteriormente, que é de agregar a tecnologia como mediadora nos estudos
musicais. Após a aplicação da primeira avaliação, a média da turma foi 7,57, não
apresentando nenhum ausente, e acredita-se que os resultados serão semelhantes
às disciplinas de Percepção Musical II e III.
Outra disciplina em andamento é a de Metodologias e Tendências I, esta
compartilhada entre os professores Eduardo de Medeiros e Marcos Vinícius Silva.
Foi deliberado na reunião dos conselheiros do curso que, o docente Marcos Vinícius
lecionaria as 30 primeiras horas e posteriormente o professor Eduardo.
Acredita-se que o resultado da primeira avaliação condiz com nossas
premissas em agregar a tecnologia à sala de aula, pois os acadêmicos obtiveram na
primeira avaliação a média 9,36. Conforme o plano de ensino apresentado pelos
docentes, os discentes apresentarão seminários e serão submetidos a uma segunda
avaliação.
Almeja-se descrever as considerações de tais disciplinas que estão em
andamento, bem como o desfecho das mesmas, além de outras disciplinas que
poderão ser analisadas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando as principais alterações propostas no curso, o desenvolvimento
por meio do processo ensino-aprendizagem mediado por aparatos tecnológicos e a
utilização das pedagogias dos métodos ativos, pode-se apontar que é possível a
utilização dessa rota alternativa elencada neste artigo.
Um software não pode ser considerado o melhor recurso para
as aulas de música, e sim um dos recursos, pois toda aula deve ser
planejada a partir da música e não planejá-la a partir de um possível
recurso tecnológico. [...] e é que ele torna o ensino mais prazeroso
aos alunos, podendo assim despertar uma possível vocação para a
música. E cabe ao professor investir em sua capacitação profissional,
buscando o conhecimento das tecnologias para que possa fazer o
uso das mesmas em sala de aula. (CORREIA, et. al., 2008, p.23)
Portanto para melhor resultados no processo ensino/aprendizagem,
sugerimos como possibilidade ao docente às suas abordagens pedagógicas em três
etapas:
1. Exposição geral da metodologia e conteúdo, mais debate no Fórum do
AVA sobre o exposto;
2. Vídeos práticos, atividades e contribuições de expoentes, continuando
com debates no Fórum do AVA e em sala de aula;
3. Desfecho com os discentes desenvolvendo as considerações, dirimindo
dúvidas que com certeza surgiram no processo do ensino-aprendizagem.
Diante disso, esperamos que essa pesquisa colabore com o desenvolvimento
de outros Cursos de Música, em especial, com a formação dos alunos da UFRR.
REFERÊNCIAS
DEL-BEN, Luciana. Sobre os sentidos do ensino de música na educação básica: uma discussão a partir da Lei n. 11.769/2008. Música em Perspectiva, v. 2, n. 1, p. 110-134, 2009. CERESER, Cristina Mie Ito. A formação inicial de professores de música sob a perspectiva dos licenciados: o espaço escolar. In: Revista da Abem. Porto Alegre, v. 11, p. 27-36, set. 2004. CORREIA,Et. Al. Educação Musical através de softwares: Análise do GNU Solfege para o Ensino Regular. Revista do Conservatório de Música da UFPel. Pelotas n.1, p.113-140, 2008, KEBACH. Patricia Fernanda Carmem (org) Expressão Musical na Educação infantil. Porto Alegre: Editora Mediação, 2013. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2001, 14 ed. Disponível em http://copyfight.me/Acervo/livros/Roque%20de%20Barros%20Laraia%20-%20Cultura%20um%20conceito%20antropolA%CC%83%C2%B3gico%20%5Bpdf%5D.pdf Acesso em 03/06/2015.
MORAIS, Daniela Vilela de. O material concreto na educação Musical infantil: uma análise das concepções docentes. Disponível em http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/AAGS-7XNNPE/1/daniela_disserta__o_mestrado.pdf Acesso em 01 de Setembro de 2011 PINTO, Mirim Correa. TECNOLOGIA E ENSINO-APRENDIZAGEM MUSICAL NA ESCOLA: uma abordagem construtivista interdisciplinar mediada pelo software Encore versão 4.5 . Dissertação de Mestrado, Escola de Musica UFMG, 2007. Disponível em http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/ECOA-7KGPLD/1/texto_tese_pdf.pdf Acesso em 01 de Setembro de 2011 PENNA, Maura. Conquistando espaços para a música nas escolas: a solução é a obrigatoriedade? In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 2007, Campo Grande. Anais... Campo Grande: ABEM, 2007. Disponível em CDROM. SOUZA, Jussamara (org). Aprender e ensinar música no cotidiano. Editora Sulina. 2 Edição, 2012 SOUZA, Jussamara (org). Música na escola. Tomo Editoral. 2012