Mobile-learning

Velosa, Mónica Universidade Aberta

monicafilipa80@gmail.com

Abstract

Neste artigo pretende-se falar um pouco sobre a forma e a razão do surgimento do mobile learning, bem como a sua importância no contexto educacional. Serão também referidos alguns exemplos da sua utilização. Para o desenvolvimento do mobile learning são necessárias aplicações Web/ferramentas Web 2.0 que permitam a sua realização. Serão referidas algumas dessas aplicações, podendo elas ser executadas através de diferentes dispositivos tecnológicos (ex: telemóveis). O telemóvel é um dispositivo móvel com tal elevada taxa de expansão que levou a uma reflexão e investigação das suas potencialidades num contexto educacional. Pretende-se mostrar um pouco do panorama actual do mobile learning, a nível internacional e europeu. Pretende-se também mostrar quais os níveis de utilização do mobile learning na Europa Palavras Chaves: mobile learning, tecnologia, Internet 1. Introdução

O desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) têm contribuído para uma grande alteração da sociedade em que vivemos. Essas alterações são irreversíveis. Estamos perante uma sociedade que é cada vez mais dominada pela tecnologia, onde todos são, directa ou indirectamente, dependentes da interacção do Homem com as TIC [1]. Perante isto, novas respostas têm de ser encontradas. Estas tecnologias, que têm dominado o mundo, vieram desenvolver duas realidades diferentes, a informação e a informática. A fusão destas duas realidades contribuiu para o aparecimento das redes computacionais, com destaque para a Internet. A partir do momento em que surgiu a Internet com todos os recursos da Word Wide Web, não pararam de surgir e de se expandir novos caminhos para o acesso à informação (telemóveis, MP3, MP4, pagers, etc). Estes equipamentos vão contribuir para a integração das pessoas na sociedade da informação [2].

Perante todas estas alterações, os jovens estão a

alterar, cada vez mais o seu comportamento, os seus interesses, os seus objectivos. A educação convencional

já não é apelativa para os novos estudantes na medida em que eles já não conseguem ficar parados muito tempo a assistir a uma aula expositiva. Diante deste facto, é preciso que a educação acompanhe as mudanças. Os novos jovens estão cada vez mais atraídos pelas tecnologias móveis e estas vêm facilitar a comunicação e a criação de redes sociais entre eles [3]. Desta forma, é importante, tendo em conta a elevada taxa de expansão destes dispositivos, fazer uma reflexão e investigação à volta das suas potencialidades no contexto educativo. Isto, dado que estamos perante um novo conceito de aprendizagem, o mobile learning ou aprendizagem móvel. A aprendizagem móvel vem permitir aos professores realizar revisões de pequenas unidades; actualizar informações; enviar informação aos encarregados de educação; leccionar as aulas na sua totalidade, etc. O acesso a banda larga ainda tem um custo elevado para determinadas famílias, ao contrário do telemóvel fazendo com que todos os jovens hoje em dia tenham um desses dispositivos que lhes é dado pelos pais. Esta é uma das vantagens da utilização do telemóvel como instrumento de aprendizagem.

Quando falamos em tecnologias móveis muitas

vezes pensamos em telemóveis, todavia, essa categoria pode ser classificada uma variedade de dispositivos móveis, por exemplo: desde um simples MP3 (utilizado para ouvir musicas/voz) até algo bastante sofisticado SmartPhone (telefone com múltiplas funções). Hoje em dia os telemóveis não são apenas utilizados para estabelecer comunicações orais. Agora existem os telemóveis de última geração (3G) que carregam ficheiros MP3, têm rádios, acesso à Internet, gravam, permitem fazer o download de vídeos, etc. Ou seja, este é um dispositivo móvel que permite entretenimento, aprendizagem, trabalho nesta nova sociedade actual.

Começamos por definir Mobile Learning na secção

1. Depois falamos um pouco das características dos objectos de aprendizagem no Mobile Learning na

secção 3. Na secção 4 nós referimos algumas ferramentas criadas para dispositivos móveis. Na secção 5 falamos do Mobile Learning em Portugal. No final, analisamos o cenário do Mobile Learning a nível Europeu e internacional.

2. Mobile Learning

O mobile learning ou educação móvel é uma das derivações da educação a distância ou e-learning. Este tipo de educação acontece quando a interacção entre alunos/professores ocorre através de dispositivos móveis, tais como, PDA, eBook, AmartPhone, iPod& leitor MP3/MP4, rádio, leitores de multimédia, micronotebooks, palmtops, etc. O mobile learning é uma forma estimulante, aliciante e motivante de tentar melhorar a aprendizagem dos nossos alunos usando tecnologias móveis [4]. Uma definição possível de mobile learning é “Any sort of learning that happens when the learner is not at a fixed, predetermined location, or learning that happens when the learner takes advantage of the learning opportunities offered by mobile technologies.” [5].

3. Objectos de Aprendizagem no Mobile Learning

A modalidade mobile learning vem permitir uma aprendizagem a qualquer hora em qualquer lugar, em que os objectos de aprendizagem estão disponíveis para muitas e diferentes pessoas. Estes objectos são criados de forma sucinta (ex: podcasting). O mobile learning permite a disponibilização de objectos de aprendizagem interactivos – aqui temos uma aprendizagem bidireccional, em que o utilizador é envolvido através da utilização de vários meios (texto, imagens, som, vídeo, etc). A criação destes objectos de aprendizagem exige um desenvolvimento específico, dependente do dispositivo móvel onde estiver a ser usado (e.g., um objecto de aprendizagem criado para um telemóvel deve ter um formato de pequena dimensão e de resolução apropriada, para que estes possam ser visualizados no ecrã do telemóvel). Um dispositivo móvel tem de possuir a capacidade de estabelecer uma ligação em rede, um ecrã que permita visualizar os objectos de aprendizagem interactivos criados para a aprendizagem mobile learning, um pequeno peso e tamanho para tornar o seu transporte fácil, uma entrada e

saída de dados (objectos de aprendizagem). Nesta modalidade é importante verificar se o aluno assimilou os conteúdos, disponibilizando informação de monitorização [6]. 4. Ferramentas Web 2.0 Mobile

O termo Web 2.0 veio popularizar ferramentas como a Wikipedia, o YouTube, o Flickr, entre outras, capazes de facilmente tornar qualquer utilizador num produtor de conteúdos. Com o desenvolvimento dos dispositivos móveis, muitos são aqueles que vêem no mobile.learning uma nova revolução na aprendizagem e, consequentemente, muitas são as empresas que estão a desenvolver aplicações web para que a sua utilização móvel seja possível [7]. Alguns exemplos podem ser vistos na tabela 1. Motores de busca:

Yahoo (www.m.yahoo.com), Wikipedia (www.wikipedia.7val.com);

Noticias: BBC(www.bbc.co.uk/mobile), Google Reader Mobile (www.google.com/reader/m/view);

Fotos: Flickr Mobile(www.m.flickr.com), PicasaWeb Mobile(www.picasaweb.google.com/m);

Vídeos: TinyTube (www.tinytube.net), Divx Mobile (www.mm.divx.com);

Blogues: Wordpress.com Mobile (www.m.wordpress.com), LiveJournal Mobile (www.livejournal.com/mobile/);

Redes Sociais:

FaceBook Mobile, (www.m.facebook.com), Mosh (www.mosh.nokia.mobi);. Tabela 1 - Ferramentas Web 2.0 Mobile

Todas estas aplicações Web são criadas para tornar possível a aprendizagem móvel. 5. Utilização do Mobile Learning em Portugal

Em Portugal, quando se fala do mobile learning,

temos obrigatoriamente que referir o TecMinho na Universidade do Minho que muito tem contribuído para a implementação e divulgação desta nova forma de aprendizagem.

A TecMinho, juntamente com outras instituições, está a desenvolver o  projecto intitulado "m-learning - The role of mobile learning in European Education". Este projecto é gerido pela Ericsson e criado no âmbito do Programa Sócrates da União Europeia. Um dos principais objectivos deste projecto é analisar o papel dos dispositivos móveis na educação e formação na Europa, elaborando um conjunto de relatórios sobre as aplicações do m-learning tanto a nível mundial como a

nível europeu [8]. Parte da análise pode ser encontrada no documento “Introdução ao mobile learning”.

Não podemos deixar de referir a professora Adelina Moura pela sua coragem, criatividade e iniciativa ao desenvolver um projecto quase que pioneiro nas escolas Portuguesas. O projecto desta professora consistiu na aplicação de duas modalidades diferentes de ensino (ensino tradicional/mobile learning) a duas turmas, e visualizar os resultados na aprendizagem dos alunos. Adelina Moura desenvolveu o site chamado Geração Móvel, onde podemos encontrar actividades quinzenais, desafios semanais, planos de leitura, etc, para serem realizados na modalidade mobile learning. Esta foi uma experiência que, segundo a professora Adelina Moura, veio contribuir para o sucesso da aprendizagem dos alunos. As tarefas e actividades desenhadas nesta experiência obedeceram a diferentes objectivos: desenvolver capacidades comunicativas e competências de oralidade e escrita; fomentar a autonomia e a aprendizagem ao longo da vida; enriquecer a interacção colaborativa; fortalecer as relações sociais; desafiar a criatividade [9]. Numa excelente entrevista dada pela mesma, sobre o mobile learning, ela fala sobre todo o processo e conclusões dessa mesma experiência. Segundo esta professora, o telemóvel tem um conjunto de potencialidades (captação de imagens, vídeo, armazenamento de dados, áudio mp3, até ao envio de um simples sms, entre outras) que não estão a ser aproveitadas pelas escolas, nem pelos professores, como uma ferramenta no processo de ensino/aprendizagem. Adelina Moura foi alertada por um amigo que o mobile learning seria o futuro da aprendizagem – WapEduc - e com um conjunto de pesquisas começou a verificar que este não era um assunto tabu noutros países e que as potencialidades do telemóvel eram muitas. A sua primeira experiência foi gravar podcastings das suas aulas para um teste, possibilitando aos alunos estudarem a partir dos mesmos. Sem qualquer problema, os alunos fizeram o download dos podcasts gravados pela professora e foram passando uns pelos outros. Muitas vezes são os professores que não conhecem as potencialidades dos dispositivos móveis e por isso acabam por não as aproveitar. Com o mobile learning existe a possibilidade de criar os objectos de aprendizagem para cada aluno, tendo em conta as suas dificuldades, o seu ritmo, etc. Os alunos vão ter a possibilidade de aprender a partir de uma ferramenta que

é do próprio aluno, que ele tanto gosta, que sabe manusear melhor que o próprio professor. Como resultado desta experiência a professora conclui que houve um maior envolvimento por parte dos alunos que utilizaram o telemóvel [10].

Por último, mas não menos importante a comunidade de Mobile Learning de Língua Portuguesa, muito tem contribuído para a divulgação desta modalidade. 6. Cenário actual do mobile learning a nível Europeu e Mundial

Segundo Ana Dias, existe uma pesquisa sobre a Educação a Distância que conclui “não são as tecnologias com características iminentemente pedagógicas que têm sucesso na EaD, mas antes as tecnologias que estão facilmente disponíveis aos cidadãos”. Seja qual for o país, pobre ou rico, o telemóvel faz parte da vida das pessoas. Estamos perante uma tecnologia de aprendizagem que não custa nada às escolas, dado que os alunos já possuem essa tecnologia, sendo esta uma das vantagens do mobile learning. O grande desenvolvimento das tecnologias sem fios (de 2G para 3G e, num futuro próximo, 4G) tem contribuído para o desenvolvimento, divulgação, riqueza e interesse dos profissionais da educação/formação pelo mobile learning. È fundamental que a educação e a formação não sejam colocadas de lado perante este desenvolvimento, pois as suas vantagens no mundo da aprendizagem são muito positivas. A Europa é a líder neste desenvolvimento tecnológico sem fios, mas é importante que mantenha essa liderança no mobile learning. Os responsáveis por este desenvolvimento têm de ter muito cuidado pois, internacionalmente, têm sido desenvolvidos bons projectos que representam sérios desafios à liderança da Europa na modalidade do mobile-learning [11].

De forma a mostrar à Comissão Europeia e aos 27 Ministros da Educação da União Europeia juntamente com o Ministério da Educação da Noruega, que o mobile learning é uma área vibrante e que deve ser promovida, realizou-se um conjunto de estudos - The Role Of Mobile Learning In European Education [12].

Neste estudo é possível dividir os países em diferentes níveis de desenvolvimento na modalidade mobile learning. No nível I encontra-se o Reino Unido onde o mobile learning já é implementado nas Escolas

Básicas/Secundárias, Universidades, Departamentos Governamentais e Corporações e Empresas. No nível II encontra-se a Áustria, Bulgária, Chipre, Républica Checa, Dinamarca, Finlândia, Hungria, Itália, Holanda, Noruega, Portugal (nomeadamente a TecMinho/Universidade do Minho), Eslováquia, Eslovénia, Espanha e Suécia. Nestes países as actividades mobile learning são financiadas pela comissão Europeia. No nível III encontra-se a Estónia, França, Grécia, Lituânia, Malta e Polónia, países que estão a começar a dar os primeiros passos no mobile-learning. No nível IV encontra-se Bélgica, Luxemburgo e Roménia, onde não existe a aplicação do mobile-learning [13].

Internacionalmente este estudo mostra que o Japão, Taiwan e a África do Sul são lideres mundiais no campo do mobile learning, estando a caminho de tal liderança a Coreia e a China, por terem grandes potencialidades para tal. A Austrália, Canadá, Índia e Estados Unidos da América, estão também a desenvolver actividades de muito interesse e inovadoras nesta área.  

A conclusão que foi retirada deste vasto estudo é que existe um empenho por parte de instituições de educação e formação europeias na investigação e desenvolvimento do mobile learning, e na criação/desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis que lhes permitam desenvolver os ambientes de aprendizagem a distância adaptados ao novo contexto tecnológico. Este estudo também serviu para se concluir quais as tipologias utilizadas nesta nova forma de aprendizagem nas organizações europeias. O telemóvel é usado para gestão da formação (administração); ajuda no estudo; módulos de cursos; educação e formação sensível ao contexto e à localização [13].  

 7. Conclusões

Este trabalho veio consciencializar-nos que não são apenas as tecnologias com as pedagogias mais adequadas que triunfaram na educação a distância. Muitas são as tecnologias disponíveis e acessíveis às pessoas e que proporcionam um maior sucesso da aprendizagem dos alunos. O telemóvel é sem dúvida uma tecnologia disponível a qualquer pessoa e que tem um conjunto de potencialidades que vão permitir

funcionar como um instrumento de educação. Os educadores a distância não podem ignorar as tecnologias móveis e o mobile learning quando planeiam o design e desenvolvimento de ambientes de aprendizagem para os próximos anos. O mobile learning é importante para desenvolver a qualidade, o acesso, a flexibilidade e o suporte aos alunos a distância em todo o mundo. O mobile learning é sem qualquer dúvida parte do futuro da educação. Como trabalho de futuro nesta área pretende-se realizar o projecto da UC de Modelos EaD nesta mesma área. 8. Referências [1] Menezes, Célia, Moreira, Fernando, In the pursuit of M-Learning – First steps in implementing podcast Among K12 students in ESL - VI Conferência Internacional de TIC na Educação, 2009, pág 91 – 92 [2] Consolo, angeles, Mobile Learning: O aprendizado do século XXI - VI Conferência Internacional de TIC na Educação, 2009, pág 215 - 217 [3] Consolo, Adriane, Silva, Maria, Mobile Learning: A utilização de games Educacionais nos dispositivos moveis - VI Conferência Internacional de TIC na Educação, 2009, pág 1319 – 1321 [4] Objectos de Aprendizagem para M-Learning http://www.cinted.ufrgs.br/CESTA/objetosdeaprendizagem_sucesu.pdf pág. 1 [5] mLearning http://www.en.wikipedia.org/wiki/MLearning09/07/2009 [6] Objectos de Aprendizagem para M-Learning http://www.cinted.ufrgs.br/CESTA/objetosdeaprendizagem_sucesu.pdf,%20%20%20pág.%203%20-%204, pág. 3 - 4 09/07/2009 [7] Carvalho, Ana, Manual de Ferramentas da Web 2.0 para professores, Portugal, Ministério da educação, 2008, pág 121-146 [8] TecMinho - m-Learning - The role of mobile learning in European Education http://www.tecminho.uminho.pt/showPage.php?url=el_projs_m-learning.html&static&zid=6 01/07/2009 [9] Moura, Adelina, Geração Móvel: Um ambiente de aprendizagem suportado por tecnologias Móveis para a “geração polegar” pág. 64 – 66 [10] Entrevista com professora Adelina Moura http://www.mobilegera.blogspot.com/2009/03/entrevista-com-professora-adelina-moura.html 01/07/2009 [11] Dias, Ana, Carvalho, José, Mobile learning in European Continuing Education - VI Conferência Internacional de TIC na Educação, 2009, pág 215 [12] m-Learning - The role of mobile learning in European Education - http://www.tecminho.uminho.pt/showPage.php?url=el_projs_m-learning.html&static&zid=6, consultado em 09/07/2009 [13] Dias, Ana; Carvalho, José; Keegan, Desmond; Kismihok, Gabor; Mileva, Nevena; Nix, Judy; Rekkedal, Torstein, Introdução ao mobile learning, Portugal, 2