Artigo/ Novos Canais Comunicação: Gabriella Blumberg | Exit_28_2012 (pt)

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Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 1 REVISTA EXIT® 28ª edição “Da Inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” Jan-Dec 2012 O mercado do investimento social – o mercado de capitais aplicados em investimentos, com a intenção de gerar impacto social ou ambiental, a par de retornos financeiros – está a crescer rapidamente. Confrontados com as disrupções a acontecer no sector financeiro e com as medidas de austeridade do governo, há mais organizações e investidores a virar-se para este mercado para explorar oportunidades de investimento e financiamento. O Big Society Capital, o primeiro investimento social grossista do mundo, vai injectar 600 milhões de libras em intermediários financeiros de investimento social (SIFIs) nos próximos anos para alavancar capital privado extra para o sector social. Estes calculam que a procura do investimento social crescerá de 165 milhões de libras dos contractos efectuados em 2011 para algo como 1 bilião de libras em 2016 só no Reino Unido. A chave para o desenvolvimento de um mercado de investimento social eficiente é a capacidade para medir, avaliar e provar o impacto social gerado a partir desses investimentos. Tal ajuda a direccionar o fluxo de capital para aquelas organizações e projectos que fornecem o maior impacto social, bem como a identificar e a ajudar queles que estão a falhar na produção de benefício social como era pretendido. Deste modo, a análise do impacto social é tão central para a oferta de investimento de impacto como o é a análise financeira e, de facto, seria tão absurdo excluí-la, como seria se excluíssemos a análise financeira de um investimento tradicional. Novos Canais de Comunicação: “O Investimento Social está a crescer rapidamente”, Gabriella Blumberg, Social Investment Manager, Investing for Good (Londres, Reino Unido)

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Revista EXIT® 28ª Jan-Dez 2012 “Da inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” 1

REVISTA EXIT® 28ª edição “Da Inovação ao Investimento Social: aliados de propósito sustentável” Jan-Dec

2012

O mercado do investimento social – o mercado de capitais aplicados em investimentos, com a intenção

de gerar impacto social ou ambiental, a par de retornos financeiros – está a crescer rapidamente.

Confrontados com as disrupções a acontecer no sector financeiro e com as medidas de austeridade do

governo, há mais organizações e investidores a virar-se para este mercado para explorar oportunidades

de investimento e financiamento.

O Big Society Capital, o primeiro investimento social grossista do mundo, vai injectar 600 milhões de

libras em intermediários financeiros de investimento social (SIFIs) nos próximos anos para alavancar

capital privado extra para o sector social. Estes calculam que a procura do investimento social crescerá

de 165 milhões de libras dos contractos efectuados em 2011 para algo como 1 bilião de libras em 2016

só no Reino Unido.

A chave para o desenvolvimento de um mercado de investimento social eficiente é a capacidade para

medir, avaliar e provar o impacto social gerado a partir desses investimentos. Tal ajuda a direccionar o

fluxo de capital para aquelas organizações e projectos que fornecem o maior impacto social, bem como

a identificar e a ajudar queles que estão a falhar na produção de benefício social como era pretendido.

Deste modo, a análise do impacto social é tão central para a oferta de investimento de impacto como o

é a análise financeira e, de facto, seria tão absurdo excluí-la, como seria se excluíssemos a análise

financeira de um investimento tradicional.

Novos Canais de Comunicação: “O

Investimento Social está a crescer

rapidamente”, Gabriella Blumberg,

Social Investment Manager,

Investing for Good (Londres, Reino

Unido)

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O Investing for Good CIC é um intermediário do investimento social regulado pela Financial Services

Authority a trabalhar no cruzamento do investimento social e da análise de impacto. A nossa missão é

mobilizar o capital de investimento para abordar as principais questões sociais. Fazemo-lo produzindo

novos produtos de investimento social de alta qualidade, com um impacto social bem evidenciado

(utilizando a Metodologia para a Análise de Impacto e Avaliação, propriedade nossa) e trabalhando

com organizações com fins sociais e investidores para implementar e aperfeiçoar as suas próprias

capacidades de análise de impacto.

Com a nossa autorização da Financial Services Authority para efectuarmos transacções, desenvolvemos

o Social Bond Programme, que é dirigido a instituições de solidariedade social e a empresas sociais que

procuram aumentar o capital de investimento assegurado e ilimitado. Este é um produto fixado que

permite as instituições de solidariedade social acederem a múltiplos investidores ao longo do tempo de

uma maneira eficiente, emitindo várias tranches de dívida dentro do seu programa em valores

nominais, taxas de interesse e maturidades diferenciadas. As obrigações são exchange-listed e

desenhadas para se encaixarem facilmente dentro dos portfolios de receitas fixas standard. Incluem-se

dentro dos investidores-alvo fundações, bancos privados, uma rede elevada de investidores individuais

e institucionais meritórios, gestores de riqueza e consultores.

A característica-chave que diferencia o nosso produto “obrigações sociais” das obrigações tradicionais é

a intenção explícita de gerar impacto social mensurável. A Investing for Good dedicou-se durante mais

de 5 anos a pesquisar e a desenvolver uma ferramenta de análise de impacto e de avaliação – a

Metodologia para Análise de Impacto e Avaliação (MIAA). A MIAA foi submetida a três anos de refinação

e aplicação e tem sido utilizada para analisar mais de 100 investimentos de impacto de várias

dimensões, representando mil milhões de dólares de capital com motivação social. Nós usamo-la como

instrumento de uma diligência indispensável de impacto e de análise para o nosso Social Bond

Programme, providenciando a cada investidor relatórios de impacto anuais.

A MIAA não é uma fórmula, mas um sistema analítico que foi desenhado para assegurar que as

avaliações são feitas de acordo com um procedimento sistemático e consistente. E está estruturado em

torno de três perspectivas-chave:

1. A organização com fins sociais que gera impacto; 2. O beneficiário que é impactado; 3. O mundo

por detrás da organização e os seus beneficiários directos, através dos quais o impacto é

finalmente absorvido.

Esta avaliação é dividida em três secções baseadas nestas perspectivas:

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1. Realização da Missão: No que toca à missão da própria organização, até que ponto está a

missão a ser efectivamente realizada através das actividades e das operações da

organização?

2. Perspectiva do beneficiário: Até que ponto estão os beneficiários a experienciar uma

mudança positiva nas suas vidas como resultado das actividades da organização?

3. Impacto mais amplo: Como é que está a ocorrer a mudança em contextos e ambientes mais

amplos e quais são as implicações sobre os benefícios locais e sociais?

A análise destas três perspectivas é efectuada de acordo com um sistema de pontuação ponderada, com

mais de 100 considerações individuais. O resultado final aproxima-se de uma classificação de impacto,

que permite o posicionamento das organizações e do seu impacto através de um único plano para

comparar o desempenho do seu impacto. Além disso, a MIAA é projectada para ser repetida, de modo a

que o impacto de uma organização possa ser monitorizado ao longo do tempo. Tal permite que a MIAA

passe a ser utilizada pelos investidores como uma ferramenta para integrarem o impacto no processo

de tomada de decisão relativamente aos investimentos, lingando assim o uso de capital à mudança

social positiva.

À medida que a oferta de capital privado socialmente direccionado aumenta, os produtos de

investimento social e a análise de impacto podem ser utilizados por organizações com fins sociais como

ferramentas estratégicas e competitivas. Aqueles que já contaram com uma subvenção ou um

financiamento de doadores são encorajados a pensar de forma inovadora para desenvolver modelos de

negócio sustentáveis que resultem em impacto e que persistam após a saída dos investidores de cena.

Por exemplo, a Scope, uma instituição de apoio à deficiência com sede no Reino Unido que trabalhou

com o Investing for Good para emitir o primeiro programa de obrigações sociais de sempre, vai usar o

financiamento alcançado para desenvolver fontes de rendimento sustentáveis. Esta receita vai financiar

serviços caritativos para crianças com deficiência e as suas famílias. Estes serviços não geram

directamente lucro, mas permitem que se mantenham, à medida que os investidores vão sendo

reembolsados. O investimento social tambem permite às organizações pensarem e planearem a longo

prazo e a assumirem riscos para inovar, transformar-se e melhorar os seus métodos de serviço e de

entrega do produto.

As empresas sociais e as instituições de solidariedade social que desenvolvem modelos de negócio que

geram de forma mais eficiente impacto social evidente, bem como retorno financeiro, serão

recompensadas ao longo do tempo com entradas de capital de investimento social. Mais do que isso,

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contudo, estas organizações vão recorrer à análise de impacto social para estudarem o que resulta e o

que não resulta, melhorando assim os serviços que oferecem aos seus beneficiários. O Investing for

Good contribui com produtos robustos e instrumentos para o desenvolvimento desta infra-estrutura,

para que o capital possa fluir, com base no impacto social gerado, bem como no risco financeiro e no

retorno. O mercado que se desenvolver a partir daqui será um mercado que irá melhorar a

sustentabilidade e a eficiência do sector social, bem como maximizar o efeito social e o impacto gerado.

É desta forma que contribuímos para a eficiência do mercado e ajudamos os investidores a investir no

bem.

O diagrama mostra como as avaliações de impacto evidenciam o impacto social gerado e como este dá

resposta aos investidores e à própria organização. O Investing for Good recorre à MIAA para orientar

análises sobre os resultados destas avaliações de impacto, gerando classificações que podem ser depois

comparadas pelas organizações ao longo do tempo.

Figura 1 Quadro de Avaliação de Impacto padrão

Ler versão original (EN) e completa da Revista EXIT 28ª edição Jan-Dez 2012:

http://issuu.com/dianovaportugal/docs/exit_magazine_28_jandec2012_dianova

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