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Frutas do Brasil, 10 Melão Pós-Colheita CARACTERÍSTICAS DO MELÃO PARA EXPORTAÇÃO  J o s i v an B a r b osa M e ne z e s  H e l o í sa Al meida C unha F il g ueira s  R i c a r d oE l e s b ã oAl v es Celsem yE l e utérioMai a Gari balde Gen ti l d e And rad e  J o s é H él inton S e v e r ode Al meida  F r an c i s c o M a r t o P intoVian a INTRODUÇÃO Durante muitos anos, estudou-se a cultura do melão com ênfase para os as- pectos produtivos, contribuindo sobre- maneira para o aumento da utilização de insumos agrícolas. O aumento da oferta do melão no mercado internacional tor- nouobriga riaa diferenciaç ãodoprodu- to ofertado, fazendo com que o produtor se alinhasse aos requerimentos de merca- dosmaisexi ge ntes. T odasa seta pas doma nejo pré- col hei- taint erf erem para queopadrãodequa lida- des ejaa lcança dono f inaldoci clo da cultu- ra do melão: avariedade;aépoca,o locale as condi çõesdeplantio - temper atura ,umi- da de,ventos,fotoper ío do,so lo ,ág ua ,mã o- de-obra,distânciadome rca do;t ra to scultu- rais - manejo nutricional e fitossanitário, ma nej o da á gua , c o ndução d a rama e do s frutos. Neste capítulo estão incluídas infor- ma çõese recomenda çõesquev isamsubsi- diar oprodutore/ ouimportadorna obten- çãoem anutençã odaqua li dade pós-col hei- tade melãoparaomerca do externo. PRI NCIPAISVARIEDADESDE MELÃ OPARAEXPO R T AÇÃO  Ai n d a h o j e e x i s t e d i sc u ss ã o so b r e a nomenclatura cientí f icadosm elõ es culti va- dos. As variedades botânicas (Figura 9) f oram a gru pada s e os prin cip ais me es produzi dos comercialmente pertence m hoj e adoisgrupos: C ucum i sm e l o  inodorus  Naud.e C. m e l o  cantaloupensis  Naud., que corres- pondem, respectivamente, aos melões inodoroseaosme esa romá ti cos.Osme - lões cultivados são resultantes não só da hibridação entre espécies em ambientes  v a r i á v eis, m ast a m b ém de p r og r amas i n t e n - siv osdemelhorame nto ge nético ,emque se incorporam em uma variedade botânica ge nesdese jávei sdeoutravariedade, j áque o cruzamento entre elas é perfeitamente  v v el.Por t an t o , o sgr u posdeme l õesc u l t i -  v ados p odem a p r esen t arca r ac t e r í s t icas d e duasoumais variedades. Figura 9. Variedades comerciais de melões.

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Frutas do Brasil, 10 Melão Pós-Colheita

CARACTERÍSTICASDO MELÃO PARAEXPORTAÇÃO

 Josivan Barbosa Menezes Heloísa Almeida Cunha Filgueiras

 RicardoElesbãoAlvesCelsemy Eleutério Maia

GaribaldeGentil deAndrade JoséHélinton Severo deAlmeida

 Francisco Marto Pinto Viana

INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, estudou-se acultura do melão com ênfase para os as-

pectos produtivos, contribuindo sobre-maneira para o aumento da utilização deinsumos agrícolas. O aumento da ofertado melão no mercado internacional tor-nou obrigatória a diferenciação do produ-to ofertado, fazendo com que o produtorse alinhasse aos requerimentos de merca-dos mais exigentes.

Todas as etapas do manejo pré-colhei-ta interferem para que o padrão de qualida-de seja alcançado no final do ciclo da cultu-

ra do melão: a variedade; a época, o local eas condições de plantio - temperatura, umi-dade, ventos, fotoperíodo, solo, água, mão-de-obra, distância do mercado; tratos cultu-rais - manejo nutricional e fitossanitário,manejo da água, condução da rama e dosfrutos.

Neste capítulo estão incluídas infor-mações e recomendações que visam subsi-diar o produtor e/ ou importador na obten-ção e manutenção da qualidade pós-colhei-ta de melão para o mercado externo.

PRINCIPAIS VARIEDADES DEMELÃO PARA EXPORTAÇÃO

 Ainda hoje existe discussão sobre anomenclatura científica dos melões cultiva-dos. As variedades botânicas (Figura 9)foram agrupadas e os principais melõesproduzidos comercialmente pertencem hojea dois grupos:Cucumis melo inodorus Naud. e

C. melo cantaloupensis Naud., que corres-pondem, respectivamente, aos melõesinodoros e aos melões aromáticos. Os me-lões cultivados são resultantes não só da

hibridação entre espécies em ambientes variáveis, mas também de programas inten-sivos de melhoramento genético, em que seincorporam em uma variedade botânicagenes desejáveis de outra variedade, já queo cruzamento entre elas é perfeitamente viável. Portanto, os grupos de melões culti- vados podem apresentar características deduas ou mais variedades.

Figura 9. Variedades comerciais de melões.

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Cucumis melo inodorus  Naud.

Os frutos deste grupo são os chama-dos melões de inverno, que apresentamcasca lisa ou levemente enrugada, colora-

ção amarela, branca ou verde-escura. Sãoresistentes às condições de transporte etêm longa vida útil pós-colheita. A polpaapresenta elevado teor de açúcares, podeter coloração variando entre branca e ver-de-clara, e não é aromática. Esses melõessão geralmente maiores e mais tardios queos aromáticos (Figura 10).

Figura 10.   Melão  Amarelo.

Figura 11. Melão  Reticulado.

Cucumis melo   cantaloupensis Naud.

Este grupo inclui os melões anterior-mente classificados como das variedadesC. melo  reticulatus  (Figura 11) e  C. melocantaloupensis (Figura 12). São melões muitoaromáticos, mais doces que os inodoros,porém de baixa conservação pós-colheita.Os frutos são de tamanho médio, comsuperfície reticulada, verrugosa ouescamosa, podendo apresentar gomos (cos-telas), e têm polpa de coloração alaranjadaou salmão ou, às vezes, verde.

Figura 12.   Melão Cantaloupe.

CLASSIFICAÇÃO COMERCIAL

 A classificação comercial por tipofacilita a comunicação entre os diferentesagentes da cadeia do agronegócio do melão.Por tipo deve ser entendido um grupo decultivares ou de híbridos que apresentauma ou mais características semelhantes,identificáveis facilmente e diferenciadas dosdemais, tal como o aspecto da casca – corquando maduro, presença ou ausência de

suturas, cicatrizes, reticulação ourendilhamento; cor da polpa, formato dofruto etc.

Melão Amarelo 

O melão Amarelo é inodoro, de origemespanhola, e por isso conhecido tambémcomo melão Espanhol. É caracterizado pelacasca amarela e polpa branco-creme. Nestetipo estão incluídos o melão amarelo rugo-so (YellowHoney Dew), de forma oval ou

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elíptica e tamanho grande, e o amareloredondo liso (WhiteHoney Dew), de tama-nho pequeno (Figura 10).

Melão Verde Espanhol 

Os melões mais importantes deste tiposão o PeledeSapo e oTendral, ambos inodoros,de casca e polpa verdes.

O melão PeledeSapo apresenta a cascacom a característica que se denominaescri-turada (Figura 13). Essa característica deve-se a incisões longitudinais formadas sobre acasca em determinado momento do desen- volvimento do fruto e que cicatrizam pos-teriormente. O PeledeSapo é um fruto de

tamanho grande, com a polpa verde e aconsistência firme. Recentemente, come-çaram a aparecer no mercado sementes dealgumas variedades arredondadas e de pesomenor (em torno de 1 kg).

O Tendral é uma variedade tardia, queproduz frutos de casca verde-escura, rugosae dura, e polpa verde.

Melão Charentais 

O tipoCharentais inclui melões aromá-ticos de origem francesa. Neste tipo encon-tram-se o melão Charentais de casca lisa(Figura 14), que tem forma arredondadaou, às vezes, achatada, comsuturas oucoste-las e casca verde-clara ou ligeiramente cin-za; oCharentais de casca verde-escura compolpa de cor salmão; e oCharentais de cascaintensamentereticulada, comsuturas oucoste-las verde-escuras, formato redondo ou semi-ovalado, polpa salmão e muito aromático.

 A característica reticulado indica quetoda a superfície do fruto está coberta poruma rede formada por cicatrizes de aspectocorticoso. A reticulação pode variar de fra-ca a intensa.

Melão Galia 

O tipoGalia inclui melões aromáticosreticulados de origem israelense. Esses fru-tos caracterizam-se pela forma arredonda-da, casca verde que muda para amarelo

Figura 13.   Melão  Pele de Sapo.

Figura 14.   Melão Charentais.

quando o fruto amadurece, polpa brancaou branco-esverdeada, pouca reticulação epeso médio entre 0,7 e 1,3 kg (Figura 15).

Melão Cantaloupe 

OsCantaloupe são melões aromáticosde origem americana. São os melões maisproduzidos no mundo. Caracterizam-se pelaforma esférica e reticulação intensa em todaa superfície, polpa de cor salmão e aromamuito intenso (Figura 16).

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sem descuidar das exigências do mercado,podem-se obter frutos de tamanhos e formadiferentes conforme a variedade, plantar variedades mais produtivas, precoces ou tar-

dias – conforme o mercado a que se desti-nam, mais rentáveis, adaptadas às condiçõesda região de cultivo, mais resistentes a pragase a doenças, tolerantes à salinidade etc.

Época de plantio

Para cada variedade escolhida existeuma época de plantio mais recomendada,que geralmente está associada à qualidadepós-colheita do fruto.

O melãoGalia é muito susceptível à

oxidação da polpa, principalmente quandoé cultivado em períodos de temperaturaelevada.

Na maioria dos países produtores demelão, evita-se o plantio na época das chu- vas, durante a qual as condições são maisfavoráveis ao aparecimento de doenças eexiste uma correlação negativa com a qua-lidade do fruto. Em alguns destes, entretan-to, o cultivo protegido (estufas) é utilizadonesta época (Figura 17).

Na região de Mossoró-Baraúna, RioGrande do Norte, principal pólo produtorde melão do Brasil, o plantio é iniciadogeralmente no período de junho a julho eestende-se até fevereiro. Porém, em algu-

Figura 17.   Cultivo protegido de melão.

mas áreas onde o solo apresenta texturamais arenosa, os produtores vêm plantan-do, durante todo o ano, sobretudo por queesses solos praticamente não armazenam

água, o que diminui a umidade na superfíciedo solo, contribuindo para a obtenção defrutos de melhor qualidade.

Tipo de Solo

O melão com qualidade satisfatóriageralmente é produzido em solos de texturamédia e de boa fertilidade natural. Soloscom problemas de drenagem, compactaçãoe salinidade comprometem o desenvolvi-mento da cultura, contribuindo para a pro-dução de frutos de qualidade inferior.

Em solos arenosos geralmente se uti-liza matéria orgânica tanto como aduba-ção quanto para aumentar a capacidade deretenção de água pelo solo. No entanto,quando se utiliza grande quantidade dematéria orgânica, as condições para o sur-gimento de doenças são favorecidas, emfunção do aumento da capacidade de re-tenção de água.

Preparo do Solo

O preparo do solo está diretamenterelacionado com o volume de solo explora-do pelas raízes, e conseqüentemente, ligadoao estado nutricional das plantas.

Em solo mal preparado pode havercompactação, diminuindo a profundidadedo sistema radicular efetivo da planta. Alémdisso, as propriedades físicas do solo po-dem ser alteradas, interferindo de formadireta no armazenamento e na distribuiçãode água no perfil do solo. A limitação na

absorção de nutrientes, devido a problemascausados pelo mau preparo do solo, refleti-rá diretamente na qualidade dos frutos.

 As cicatrizes que com freqüência apa-recem no fruto estão ligadas à nutrição, eprincipalmente à disponibilidade hídricado solo.

Espaçamento

O efeito do espaçamento de plantiona qualidade do melão está relacionado,

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sobretudo, com o tamanho dos frutos. Assim, em locais onde se faz maior aden-samento, obtêm-se frutos menores devidoa maior competição por água, nutrientes e

luz. A cor dos frutos é influenciada, signi-

ficativamente, pela intensidade luminosa.Nesse aspecto, quanto mais adensada esti- ver a cultura, menor a probabilidade daincidência luminosa, contribuindo assimpara diminuir o aparecimento de frutasqueimadas pelo sol, sobremodo nas varie-dades de coloração tendendo para o verde.Uma prática usual para diminuir a queima éa utilização de diatomita (SiO) na dose de

50 kg·ha-1 diluída em água.

Fatores pós-plantio

Entre os fatores que contribuem paraa qualidade do melão durante a conduçãoda cultura, destacam-se a qualidade e omanejo da água de irrigação, o manejofitossanitário e o manejo nutricional.

Qualidade e manejo da água deirrigação

Na fruticultura irrigada, os teores dossais contidos na água de irrigação, salinidade,quantidade e freqüência de aplicação têmgrande influência sobre a qualidade dosfrutos.

Qualidade da água

 A qualidade da água de irrigação deveser avaliada principalmente devido ao riscodesalinidade e sodicidade medido pela con-dutividade elétrica (CE). Para as condições

do Nordeste brasileiro, o cultivo de varie-dades resistentes à salinidade contribuiriapara uma melhor qualidade dos frutos. Mes-mo assim, o melão é classificado como umacultura medianamente tolerante à salinidade,suportando uma CE de 2,5 dS/ m.

Salinidade

 Algumas pesquisas têm mostrado oefeito da salinidade na redução da produti- vidade e qualidade do melão. Excesso de

sódio e cloreto provocam desequilíbrioiônico, que prejudica a seletividade da mem-brana das raízes, afetando a absorção deoutros nutrientes.

 A tolerância à salinidade varia com otipo de melão, desde sensível até modera-damente tolerante. Os principais efeitos dasalinidade na qualidade do melão são resul-tantes de dois fatores: restrição na absorçãode água e desequilíbrio nutricional. Devidoa esses fatores, as principais característicasdo fruto afetadas pela salinidade são; otamanho, o peso, e o conteúdo de sólidossolúveis. Entretanto, pode existir um efeitopositivo do aumento da salinidade na qua-

lidade do melão, dependendo da concen-tração de cálcio, pois o aumento de ambos,tende a aumentar o conteúdo de sólidossolúveis.

Convém lembrar que, em qualquercondição de estresse, a planta reflete oefeito dessas condições sobre a produtivi-dade e qualidade dos frutos. A dificuldadede absorção de água decorrente da elevadasalinidade pode levar ao aparecimento defrutos com cavidade anormal, da mesma

forma que na irrigação com lâmina inferior,às exigências da cultura.

O aumento do conteúdo de sólidossolúveis, quando o melão é cultivado emcondições salinas deve ser visto com cuida-do. Esse aumento pode ser devido à dimi-nuição do tamanho dos frutos, contrário aoque ocorre quando se aplica água em exces-so no período da colheita, fazendo com quea planta absorva mais água, levando à redu-ção da concentração de sólidos solúveispelo efeito de diluição. Além disso, a dimi-nuição do tamanho dos frutos resulta numadiminuição da produtividade.

Uso de cobertura plástica ( Mulch)

O uso do plástico para cobrir as camasde melão (mulch) ajuda a diminuir a quanti-dade de água aplicada na cultura. Dessaforma, ao passar da irrigação do solo nu parao solo coberto, o agricultor deve tomar algunscuidados no manejo da água.

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O primeiro cuidado é não aplicar amesma lâmina utilizada para o solo nu, quepode ser elevada para a condição de solocoberto. A principal conseqüência do ex-

cesso de água, além da maior quantidade desais aplicados e maior custo, é o apareci-mento de frutos rachados, principalmentenas variedades de melãoCantaloupe.

 A aplicação de uma lâmina inferior àexigida pela cultura pode favorecer o apa-recimento de frutos com a cavidade internamaior que o normal. Além disso, a deficiên-cia de água diminui o tamanho dos frutos.

Os mesmos problemas podem acon-tecer com a irrigação do solo nu, o excesso

de água levando ao aparecimento de frutosrachados e, a deficiência, ao aparecimentode frutos com uma cavidade maior.

Outra vantagem domulch seria a prote-ção dada ao fruto, evitando o contato diretocom o solo. Isso é importante principal-mente para os melõesCantaloupe, que ten-dem a perder a coloração ou não formar areticulação desejada na área em contatocom o solo. Uma prática utilizada hoje emalguns países é a utilização de bandejas

plásticas que são colocadas em cada fruto. As vantagens do uso do plástico na

melhoria da qualidade dos frutos serão discu-tidas ainda no item sobre pragas e doenças.

Manejo fitossanitário

O manejo adequado de pragas edoenças é determinante da qualidade naprodução do melão. Algumas pragas, comoa mosca-branca e o minador-de-folha, edoenças, como oídio e míldio, se não con-troladas a tempo, podem ocasionar perdatotal da produção.

 As doenças do meloeiro, como deoutras culturas, podem levar a danos eco-nômicos por duas vias: pela redução naquantidade de frutos comerciais produzi-dos e pela perda da qualidade dos frutos ouainda por ambos os fatores.

Pragas e doenças do meloeiro podemprovocar queda na qualidade pós-colheita

dos frutos a partir de um nível de ataqueconsiderado baixo em comparação comculturas mais tolerantes, afetando os princi-pais requisitos do mercado. Por meio de um

manejo adequado podem-se obter frutosde ótima aparência, porém, sem o saborsuave e doce exigido, caso ocorra algumadoença ou praga em nível elevado. O em-prego inadequado de defensivos químicosna busca de controlar doenças ou pragas,além de elevar os custos de produção dacultura e prejudicar o ambiente, pode tor-nar os frutos impróprios para a comercia-lização, devido ao elevado nível de resíduostóxicos que podem neles permanecer asso-

ciados. Além do produto adequado paracontrole da doença ou praga, a dosagem, o volume da calda, a freqüência de aplicaçãoe o período de carência são importantesitens a serem considerados pelo produtorquando do emprego do controle químico.

 A prática da cobertura das camas complástico proporciona uma relação custo/benefício positivo, pois torna o ambientedesfavorável a fitopatógenos do solo e al-gumas pragas.

Pragas principais

Mosca-branca ( Bemisia tabaci)

Esse inseto suga a seiva elaborada dasplantas em todos os estádios de desenvolvi-mento da cultura, atacando a planta desdeo nascimento das ninfas (fase juvenil) até amorte do adulto. Isso diminui considera- velmente o teor de açúcar no fruto. Alémdisso, são insetos que têm o hábito de se

alimentar quase que continuamente, elimi-nando o excesso de açúcares. A presençadesses resíduos provoca o aparecimento defumagina sobre as folhas mais velhas, redu-zindo o processo fotossintético. Outro agra- vante é que o excesso de açúcares elimina-do pela praga, somado à fumagina sobre osfrutos, aumenta a necessidade de lavagemantes das linhas de embalagem.

Indiretamente a cor do fruto pode serafetada pela mosca-branca quando há de-

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posição das suas fezes e conseqüente pro-liferação de fumagina encobrindo o fruto.

Minador ( Liriomyza sp.)

 Quanto mais cedo ocorre o ataquepor essa praga maior é o efeito sobre oconteúdo de açúcares do fruto, o que podeocorrer a partir dos quinze primeiros dias.Esse inseto provoca danos na planta so-mente na fase de larva; porém existe maisde uma espécie na região produtora do RioGrande do Norte, e é provável que tenhaadquirido resistência a muitos inseticidas.Felizmente, observa-se uma proliferaçãonão proporcional, mas significativa, de ini-migos naturais nos campos (mais de uma

espécie de vespa e uma espécie decrisopídeo). A larva da mosca-minadora sealimenta do mesófilo foliar, minando com-pletamente as folhas a ponto de destruí-lasaté que tombem, diminuindo a capacidadede a planta nutrir os frutos.

Pragas secundárias

Pulgão ( Aphis gossipii )

Esse inseto também suga a seiva ela-borada das plantas em todos os estádios dedesenvolvimento da cultura, atacando aplanta geralmente a partir dos trinta diasapós a germinação. Tem hábito alimentarsemelhante ao da mosca-branca, causandoos mesmos efeitos na qualidade pós-colheita.

Em geral, por não se tratar de umapraga de alta expressividade, não podemosdizer que causaria a mesma queda na quali-dade que causa a mosca-branca, porém seassim fosse os efeitos seriam os mesmos.

Brocas ( Diaphania nitidalis e D. hialinata) As brocas são duas espécies de lagartas

que se alimentam perfurando a casca eatingindo a polpa do fruto em formação oudepois de formado. Se a broca atingir ofruto ainda fresco, fatalmente após a emba-lagem, ocorrerá o seu apodrecimento.

Doenças principais

 As doenças que interessam à pós-co-lheita dos frutos de melão podem começar

ainda no campo, de forma quiescente,iniciando o apodrecimento em fase poste-rior à embalagem, como a antracnose(Colletotrichumorbiculare) e a podridão-de-

alternária ( Alternaria cucumerina). Há aindaaquelas oriundas do manuseio inadequadopor ocasião da colheita, nos processos delavagem, de seleção e de embalagem dosfrutos, as quais originam-se de ferimentosna superfície, como o mofo-azul causadopor Penicillium spp.

Existem duas formas de penetraçãodos patógenos pós-colheita através da cas-ca do melão: alguns penetram por feri-mentos, originados por abrasão, corte, per-

furação de insetos e contusão, quando opatógeno inicia a colonização dos tecidosinternos através do tecido exposto, comono caso do mofo-azul; outros penetramdiretamente a casca ilesa do fruto, sobcondições muito favoráveis para o seu cres-cimento, como no caso da antracnose.

De modo geral, as principais doençaspós-colheita do melão são: antracnose(C. orbiculare), podridão na inserção do

pedúnculo ( Fusarium spp.), podridão-mole( Erwinia carotovora subsp.carotovora), e po-dridão-negra ( Didymella bryoniae). Algumasmanchas bacterianas que ocorrem com ofruto maduro, notadas apenas por ocasiãoda colheita, não caracterizam uma doençapós-colheita porque podem ser observadasainda no campo por meio de uma acurada vistoria nos frutos (Figura 18).

Efeito indireto do controle das pragas e doenças

 Além daqueles efeitos negativos já ci-tados, o controle inadequado das pragas edoenças pode, indiretamente, afetar a qua-lidade dos frutos, pois o defensivo químico,sobretudo o praguicida, pode atingir osagentes polinizadores, tendo-se como re-sultado frutos com amadurecimento desu-niforme.

O aparecimento de melões deformadosé uma conseqüência da polinização inadequa-

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Figura 18 . Sintomas externos e internos de bacteriose em melão.

da ou da deficiência de insetos polinizadores,e pode ser uma conseqüência da falta decuidado no controle químico de pragas.

Manejo nutricional

Geralmente há uma dificuldade deconciliar produtividade com qualidade dosfrutos, e quando se faz uma programaçãode adubação visando à alta produtividade,algumas características referentes à quali-dade dos frutos ficam comprometidas. Se-rão enfocados a seguir alguns efeitos dosprincipais fatores nutricionais sobre a qua-lidade pós-colheita do melão.

Nitrogênio

O nitrogênio é um nutriente cuja res-

posta na produção é muito acentuada nasfruteiras tropicais. Tanto a carência quantoo excesso ou mesmo o equilíbrio com ou-tros nutrientes são fatores determinantesna qualidade dos frutos.

O excesso de nitrogênio diminui aresistência dos frutos. Os principais pro-blemas são o aparecimento de frutos mo-les e a maior incidência de fermentação,defeito conhecido como “meio cozido”. A durabilidade dos frutos pode ser au-

mentada em alguns dias se a adubaçãonitrogenada for balanceada. O nitrogêniotambém confere resistência a doenças causa-das por fungos.

Quando o melão, principalmente oCantaloupe, é cultivado com deficiência denitrogênio, apresenta-se pequeno, com acasca fina e com sementes pequenas.A de-ficiência afeta também a cor dos frutos, pro- vocando o aparecimento de coloração claraa verde-clara, dependendo da varie-dade.

É importante salientar a relação entreo teor de nitrogênio nas folhas e a cor dosfrutos. Para os melões amarelos, existe umacorrelação negativa entre o teor de nitrogê-

nio na folha e a cor dos frutos, enquantopara os melões com cor tendendo para o verde, a correlação é positiva.

Fósforo

No melão, como nas outras cucur-bitáceas, o fósforo é o nutriente que provo-ca maior aumento na produtividade e notamanho dos frutos. Facilita a floração,aumenta a frutificação, apressa a maturaçãoe intensifica a resistência das plantas àspragas e doenças.

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Potássio

O potássio normalmente aumenta otamanho, a espessura da casca e a acidezdos frutos, podendo também estar relaci-

onado com a maior tolerância da culturaao ataque de certas pragas e doenças e àresistência a temperaturas adversas. Influ-encia também na qualidade do melão, au-mentando sua resistência ao transporte eao armazenamento.

Geralmente existe uma correlaçãopositiva entre o teor de potássio na folha ea cor dos melões amarelos e uma correlaçãonegativa com os melões que tendem para acor verde.

 A vitrescência (polpa com aspecto ví-treo) pode aparecer no campo ou durante oarmazenamento. É favorecida por condi-ções edafoclimáticas desfavoráveis e exces-so de cálcio ou deficiência de potássio,durante o desenvolvimento do fruto.

Cálcio

Na cultura do melão a deficiência decálcio causagelatinamento da polpa, conheci-do também comoencaroçamento.

Um distúrbio que está aparecendo naregião produtora de melão em Mossoró-Baraúna, denominado colapso interno,pode estar associado a um desequilíbrio decálcio, porém é importante observar queexiste uma relação entre o colapso internoe os fatores climáticos. Isto porque o colap-so interno começa a aparecer nas épocasmais quentes do ano, principalmente a par-tir de novembro, quando há um aumento

na evapotranspiração. A alta evapotranspiração favorece a

translocação do cálcio para os órgãos demaior taxa de transpiração, como as folhas.

Dessa forma, ocorre uma deficiência donutriente no fruto. O excesso de nitrogê-nio, que favorece o crescimento vegetativodo melão, é outro fator que pode contribuir

para esse problema. Como o cálcio é essen-cial para as partes terminais da planta, ha- vendo um crescimento exagerado da plan-ta, faz com que grande parte do cálcioabsorvido seja translocado para esses no- vos brotos.

 A podridão apical pode ser evitadapela nutrição equilibrada, principalmentecom relação ao cálcio, evitando-se níveisdesequilibrados em relação aos de nitrogê-nio e protegendo-se o solo para manter a

umidade constante.Micronutrientes

Entre os micronutrientes, o que temmaior importância na qualidade do melão éo boro. A deficiência de boro, além dadeformação dos frutos e a ondulação ouencaroçamento da casca, causa empedramento,caracterizado pela formação de cristais deaçúcar na polpa.

 A deficiência de molibdênio, que ori-

gina amarelecimento e queima das bordasdas folhas do meloeiro, provoca reduçãono tamanho e número de frutos por planta.

Matéria orgânica

 A matéria orgânica, pelo seu efeito namelhoria das condições químicas, físicas ebiológicas, contribui para o aumento daprodutividade e para a melhoria das carac-terísticas de qualidade dos frutos.

Em melão Amarelo, a utilização de

composto orgânico em solos arenosos, alémde elevar a produtividade, aumenta a quan-tidade de frutos de primeira qualidade eeleva o conteúdo de sólidos solúveis.