Artigo_Apraxia_SílviaPinto

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Apraxia do Discurso A apraxia do discurso na infância é uma alteração da programação motora que resulta numa incompetência para programar o correto posicionamento e a sequência dos movimentos da musculatura orofacial para produzir sons. Ou seja, a criança sabe o que quer dizer, mas não consegue planear os movimentos de forma precisa e rápida o suficiente para produzir as palavras. Umas das características mais evidentes é a grande diferença existente entre o discurso automático e o intencional. Frases como: “olá, tudo bem?” ou “obrigado” são produzidas sem qualquer erro ou esforço, comparadas com frases mais longas e com mais conteúdo informativo, tais como “na segunda-feira não fui à escola porque estava doente”. Na apraxia do discurso os sons são substituídos ou omitidos, e os erros são inconsistentes. São observadas várias tentativas de procura dos sons, e alterações no ritmo e melodia da voz. Apresentam muitas dificuldades em repetir palavras, e as palavras mais longas são as mais difíceis. Podem fazer longas pausas entre sons, como se tivessem de pensar bem como colocar os lábios e a língua de forma a produzir determinado som. As dificuldades podem surgir logo na produção dos primeiros sons e/ou palavras, em que as palavras são constituídas predominantemente por vogais, enquanto que crianças mais velhas podem ter um discurso monótono ou muito rápido. Outros dos sinais de alerta refere-se a dificuldades de alimentação, onde as alterações da coordenação motora dos músculos orais prejudicam a mastigação e deglutição. É importante ressalvar que estas alterações são diferentes das alterações de linguagem, como por exemplo atrasos no desenvolvimento da linguagem, bem como das perturbações articulatórias fonéticas ou fonológicas. O papel do terapeuta da fala passa por avaliar a capacidade motora, a sensibilidade e a coordenação dos músculos orais. Irá

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Apraxia do Discurso

A apraxia do discurso na infância é uma alteração da programação motora que resulta numa incompetência para programar o correto posicionamento e a sequência dos movimentos da musculatura orofacial para produzir sons. Ou seja, a criança sabe o que quer dizer, mas não consegue planear os movimentos de forma precisa e rápida o suficiente para produzir as palavras.

Umas das características mais evidentes é a grande diferença existente entre o discurso automático e o intencional. Frases como: “olá, tudo bem?” ou “obrigado” são produzidas sem qualquer erro ou esforço, comparadas com frases mais longas e com mais conteúdo informativo, tais como “na segunda-feira não fui à escola porque estava doente”.

Na apraxia do discurso os sons são substituídos ou omitidos, e os erros são inconsistentes. São observadas várias tentativas de procura dos sons, e alterações no ritmo e melodia da voz.

Apresentam muitas dificuldades em repetir palavras, e as palavras mais longas são as mais difíceis. Podem fazer longas pausas entre sons, como se tivessem de pensar bem como colocar os lábios e a língua de forma a produzir determinado som.

As dificuldades podem surgir logo na produção dos primeiros sons e/ou palavras, em que as palavras são constituídas predominantemente por vogais, enquanto que crianças mais velhas podem ter um discurso monótono ou muito rápido.

Outros dos sinais de alerta refere-se a dificuldades de alimentação, onde as alterações da coordenação motora dos músculos orais prejudicam a mastigação e deglutição.

É importante ressalvar que estas alterações são diferentes das alterações de linguagem, como por exemplo atrasos no desenvolvimento da linguagem, bem como das perturbações articulatórias fonéticas ou fonológicas.

O papel do terapeuta da fala passa por avaliar a capacidade motora, a sensibilidade e a coordenação dos músculos orais. Irá também avaliar a capacidade de expressão e compreensão da linguagem, de forma a realizar o diagnóstico diferencial e a planear a intervenção mais adequada para cada criança.

A intervenção precoce é muito importante nestes casos, de forma a que a criança possa experienciar e adquirir os padrões corretos da fala o mais cedo possível, e assim tornar o discurso mais percetível.

Suspeita que o seu filho possa ter algumas dificuldades na fala? Peça uma avaliação, consulte um terapeuta da fala. A terapia pode ajudar o seu filho a comunicar de forma mais eficaz.

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Sílvia Pinto

Terapeuta da Fala

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