Artigo_Cromatografia Como Indicador Da Saúde Do Solo

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  • Resumos do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia Porto Alegre/RS 25 a 28/11/2013

    Cromatografia como indicador da sade do solo Porto Alegre, RS, 2013.

    Chromatography as indicator of soil health Porto Alegre, RS, 2013

    VON WAGNER FAGUNDES, Alessander;

    1 Engenheiro Agrnomo - Grupos de Estudos de Agricultura Ecolgica (GEAE)[email protected]

    Resumo: O solo saudvel funciona como uma complexa biofbrica, na qual a dinmica dosmicrorganismos do solo transformam, quebram e sintetizam molculas orgnicas einorgnicas. Mecanizaes, fertilizantes ou defensivos, promovem a completa destruiodos solos. Com a mecanizao observa-se a destruio fsica e a compactao, osfertilizantes solveis desregulam a associao das plantas com os microrganismos, e osagrotxicos ou defensivos, por si s j tem o papel de exterminar plantas e outrosorganismos. A tcnica da Cromatografia circular plana em papel filtro aplicada ao estudo dosolo, pode se apresentar como uma poderosa ferramenta indicadora da qualidade e sadedo solo, de forma prtica, barata, de interpretao intuitiva e acessvel a qualquer agricultor,possibilita a leitura de caractersticas qualitativas e integrao da matria orgnica aosminerais do solo atravs da atividade biolgica.Palavras-Chave: Cromatografia, tecnologia, sade do solo.

    Abstract: The soil functions as a healthy biofactory complex in which the dynamic soilmicroorganisms transformed, break and synthesize organic and inorganic molecules.Mechanization, fertilizers or pesticides, promote the complete destruction of the soil. Withmechanization observe the physical destruction and compaction, soluble fertilizers disruptthe association of plants with microorganisms and pesticides or pesticides alone already hasthe role of exterminating plants and other organisms. The technique of chromatography flatcircular filter paper applied to the study of the soil, may present as a powerful indicator of soilquality and health, in a practical, inexpensive, intuitive interpretation and accessible to anyfarmer, enables reading features qualitative and integration of organic matter to soil mineralsby biological activity. Keywords: Chromatography, technology, soil health.

    Contexto:O modelo capitalista para agricultura, ou agronegcio, se diferencia do modelo daAgroecologia em muitos aspectos, para o presente estudo evidenciando dois grupos:(i) implementao tecnolgica, e (ii) desenvolvimento participativo. A questo caracterizar quem est ao centro e periferia do sistema. O modelo do agronegciomantm a tecnologia no centro no processo, em detrimento do agricultor que setorna refm das tecnologias modernas, colocado periferia. Esse sujeito foicooptado por propagandas, rgos de assistncia tcnica e extenso rural, tambmcom o crdito rural voltado modernizao dos sistemas produtivos. Esse processolevou a reduo da diversificao ou monocultivos, concentrao de terra e xodorural, dentre outros desequilbrios scio ambientais. Atingiu tambm a qualidade dosalimentos quimicamente contaminados nos centros urbanos, alm da promoo dasdesigualdades sociais e criminalizao dos trabalhadores desempregados e dapobreza, fruto do crescimento das periferias decorrente ao xodo rural. Esse modelocaminha contra a proposta de desenvolvimento da Agroecologia.

    Oposto a esse modelo hegemnico de excluso, h iniciativas que colocam o sujeitono centro do sistema, o agricultor determinado o desenvolvimento tecnolgico

    Cadernos de Agroecologia ISSN 2236-7934 Vol 8, No. 2, Nov 2013 1

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    apropriado s suas condies scio culturais, garantindo a soberania e seguranaalimentar e nutricional.

    Como RIVERA e PINHEIRO (2011) relatam, em 1912 Rudolf Steiner rompeurelaes com o movimento teosfico, fundando a antroposofia, com uma srie deintelectuais das reas do esoterismo, desenvolvimento humano e espiritual, sade eagricultura. Em Koberwitz, Sua, em 1924, Steiner ministrou oito conferncias paraagricultores e intelectuais, em que alertava sobre a destruio da sade dos solospela utilizao de fertilizantes altamente solveis.

    Ehrenfried Pfeiffer, orientado de Steiner, se dedicou durante a dcada de 1920 aoestudo da qualidade do solo e dos alimentos provenientes da agricultura industrial.Em seguida o casal Kolisko aplicou a tcnica da cromatografia para determinar aqualidade dos alimentos. Suas anlises atravs do Dinamlisis Capilar eram toprofundas que conseguiam medir a influncia da Lua e dos planetas sobre adinmica dos sais dissolvidos em soluo. Nicolai Izmailov e Mara Schraibersubstituram a coluna de vidro, de difcil padronizao, por folhas de papel filtroespeciais, que alm de fcil uso e padronizao, poderiam ser armazenas comoregistro da anlise (RIVERA e PINHEIRO, 2011).

    A tcnica da cromatografia existe a mais de 80 anos e tem se destacado como umadas principais tcnicas analticas de identificao e separao laboratorial. Ummtodo fsico de separao de diferentes componentes para caracterizao desubstncias complexas, um conjunto de tcnicas baseadas no princpio da retenoseletiva (PINHEIRO, 2011). Consiste na impregnao do papel filtro com soluoreveladora (nitrato de prata), depois soluo extratora (hidrxido de sdio)dinamizadas com solo.

    Descrio da experincia:Durante o II ERA Sul em Frederico Westphalen/RS, abril de 2012, foram adquiridasas primeiras Cartilhas da Sade do Solo. Em seguida, a oficina ministrada porSebastio Pinheiro de 21 a 23 de maio de 2012, no Centro Paranaense deReferncia em Agroecologia, o Grupo de Estudos de Agricultura Ecolgica (GEAE),EMATER, e demais profissionais vivenciaram todo o processo para obteno dasanlises. A partir desse curso, o GEAE passou a realizar uma srie de oficinasobjetivando difundir e aprofundar a cromatografia, da metodologia interpretao,assim como buscar respostas para possveis recomendaes de uso e manejo dosolo.

    A primeira oficina ocorreu no 55 Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomiaem Cruz das Almas/BA, de 13 a 21 de agosto de 2012. Com aproximadamente 30participantes, foram apresentados conceitos da atividade microbiolgica do solo, e ainfluncia dessas condies nas imagens obtidas nas anlises. A oficina resultou emuma srie de anlises, exibidas no estande da Rede dos Grupos de Agroecologia doBrasil (REGA) durante o restante do congresso. Foi comparado dois tipos de solo,um amostra de sistema agroflorestal, e outra de cultivo convencional de banana, eduas marcas distintas de papel filtro, JProLab, e F. Maia, sendo o F. Maia demelhor qualidade.

    A partir de avaliaes positivas, foram realizadas uma srie de cursos e oficinas.Primeiro no GEAE, dia 24 de setembro de 2012, objetivando corrigir e aprimorar

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    aspectos metodolgicos, depois dia 26 de setembro, em Erechim/SC durante asemana acadmica UFFS, e de 28 a 30, na Escola Velatropa de ConscinciaPlanetria, localizada em Garopaba/SC, passando 3 dias de discusses e prticas.Nesse espao conhecemos a Iridologia que usa fotografias de alta preciso da risdo olho para diagnosticar problemas de sade, muito semelhante cromatografiados solo. Este ciclo de atividades se encerra na Estao Manduri, avaliando aqualidade do solo em diferentes reas da propriedade.

    Para alm das atividades oficiais do grupo, foram realizadas uma srie dediscusses e ensaios para o domnio da tcnica, alcanando um novo patamar deentendimento da cromatografia e recomendaes de uso e manejo do solo. Dia 4 deabril, no GEAE, ocorreu uma atividade objetivando a sntese de dvidas e questespara serem discutidas no curso de Agricultura Orgnica, que ocorreu de 6 a 11 deabril de 2013 na UNIVALI, em Itaja/SC, ministrado por Jairo Restrepo Rivera daColmbia e Igncio Simn Zamora (Nacho) do Mxico. O curso teve como foco astcnicas de biofermentados, caldas minerais, captura e reproduo demicrorganismos e diversas outras voltadas potencializar a atividade microbiolgicado solo, alm da cromatografia. Com pblico heterogneo, e alta densidade decontedo apresentados por Jairo e Nacho, mais uma atividade realizada pelo GEAEno dia 21 de abril, no Instituto Nova Oikos, em Camboriu/SC, com intuito de fixar osconhecimentos apresentados no curso acima descrito.

    Solos que no apresentam caracterstica de diversidade biolgica e de baixafertilidade, so de fcil observao atravs das cromatografias. Solos desgastadosou degradados ganham perspectiva de produo atravs do uso de fermentados efertilizantes a base de esterco bovino, melado, leite, leveduras e p de rocha, cascade arroz, carvo vegetal, farelos, cinzas e demais ingredientes adaptados peloagricultor.

    As oficinas seguintes, no GEAE, fim de abril de 2013, na II Festa da Juara daUFPR Litoral e no III ERA Sul em Erechim/SC no fim de maio, assim como no IIEREA Agrrias ocorrido em Seropdica/RJ no fim de julho, passaram a ter todosesses conhecimentos e recomendaes agregados s oficinas.

    A ltima oficina at o presente artigo, ocorreu em Fortaleza nos dias 20 e 21 de julhode 2013, atravs do Grupo Agroecolgico da UFC em parceria com a Federao dosEstudantes de Agronomia do Brasil, alm de diversos apoiadores. Foi realizadoanlises cromatogrficas dos solos da regio, tambm a preparao de adubo tipoBocashi e super-magro, alm de um rico debate poltico potencializando aconvergncia entre as organizaes presentes.

    Resultados:A Cromatografia uma importante ferramenta para construo de uma matriztecnolgica para Agroecologia. Para alm da tcnica, fomenta o debate polticobaseado no histrico da qumica para a agricultura, a partir do legado de Justus vonLiebig e a as leis da qumica agrcola, e suas consequncias no processo demonopolizao do sistema agroalimentar.

    As oficinas tiveram resultados satisfatrios quanto a formao tcnica e poltica. Ametodologia segue um protocolo laboratorial que pode ser adaptado a um ciclo de

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    debates, dando oportunidade para uma abordagem ampla dependendo dasdemandas tpecnicas e polticas de cada regio.

    Atravs dos cursos e oficinas importante buscar a relao e articulao entreorganizaes e movimentos sociais que tem como pauta a Agroecologia, partindo deque o contedo prtico, terico e poltico acessvel a qualquer nvel de formao,no havendo pr-requisitos para a participao, promovendo a horizontalidade entreagricultores, estudantes, profissionais e professores.

    Agradecimentos:Agradeo especialmente ao Andr Stecklow Cabral, Bruna Gomes, CoulbertAntonino Fargnoli, Felipe Siedlecki, Jean Marry Kmiecik, Leandro Braz Camilo,Marcos Mandala, Maurcio Macedo e Thiago Henrique Delai, que acreditaram eestiveram junto construindo esses espaos e foram fundamentais para odesenvolvimento das experincias. Agradeo tambm a todos integrantes do GEAE,a resistncia dentro da UFPR, travando a luta diria para a construo edesenvolvimento da Agroecologia nas trincheiras da academia. Tambm minhafamlia, por acreditar e apoiar cada passo dessa caminhada.

    Referncias bibliogrficas:RIVERA, J. R., PINHEIRO, S. Cromatografa imgenes de vida y destruccin del suelo. Cali: Impresora Ferida, 2011.PINHEIRO, S. Cartilha da Sade do Solo (Cromatografia de Pfeiffer). Salles Editora, 2011.

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