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Volume 11 Número 2 mai.-ago./2008

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Volume 15 . Número 2.abril-junho/2012

EDITORIAL / EDITORIALEXPANDINDO O ALCANCE, CONQUISTANDO NOVAS FRONTEIRASExpanding the scope, reaching new frontiers

ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLESPERCEPÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL SOBRE CUIDADOS PALIATIVOSPerception of multiprofessional staff of palliative care

INCONTINÊNCIA URINÁRIA E NOCTÚRIA: PREVALÊNCIA E IMPACTO SOBRE QUALIDADE DE VIDA EM IDOSAS NUMA UNIDADE

BÁSICA DE SAÚDEUrinary incontinence and nocturia: prevalence and impact on quality of life in elderly women in a Primary Health Care Unit

COMPARATIVE STUDY OF ANTHROPOMETRIC AND BODY COMPOSITION VARIABLES, AND FUNCTIONALITY BETWEEN ELDERLY

THAT PERFORM REGULAR OR IRREGULAR PHYSICAL ACTIVITYEstudo comparativo de variáveis antropométricas, de composição corporal e de funcionalidade entre idosos que praticam atividade física regular e irregular

PERCEPÇÃO DE IDOSOS SOBRE GRUPO DE CONVIVÊNCIA: ESTUDO NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PBElderly's perceptions of living groups: study in the city of Cajazeiras-PB

FATORES ASSOCIADOS A QUEDAS E QUEDAS RECORRENTES EM IDOSOS: ESTUDO DE BASE POPULACIONALFactors associated with falls and recurrent falls in elderly: a population-based study

PERFIL DA AIDS EM INDIVÍDUOS ACIMA DE 50 ANOS NA REGIÃO AMAZÔNICAAids profile in individuals over 50 years old in the Amazon region

PROPRIOCEPTIVE NEUROMUSCULAR FACILITATION AND STRENGTH TRAINING TO GAIN MUSCLE STRENGTH IN ELDERLY WOMENFacilitação neuromuscular proprioceptiva e musculação para ganho de força muscular em idosas

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE EM IDOSOS RESIDENTES EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SULSelf-perceived health in elderly living in a city in Rio Grande do Sul state

EFETIVIDADE DA FISIOTERAPIA ASSOCIADA À DANÇA EM IDOSOS SAUDÁVEIS: ENSAIO CLÍNICO ALEATÓRIOEffectiveness of physical therapy in association with dance in healthy elderly: a randomized clinical trial

PERFIL DOS MEDICAMENTOS PRESCRITOS PARA IDOSOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE IJUÍ-RSPrescription medicine profile to elderly in a Basic Health Unit of the city of Ijuí, Brazil

QUALIDADE DE VIDA, DEPRESSÃO E COGNIÇÃO A PARTIR DA EDUCAÇÃO GERONTOLÓGICA MEDIADA POR UMA RÁDIO-POSTE EM

INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOSQuality of life, depression and cognition based on gerontological education mediated by a pole radio in homes for the aged

COMPARAÇÃO DE DOIS TRATAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS NA REDUÇÃO DA DOR E AUMENTO DA AUTONOMIA FUNCIONAL DE

IDOSOS COM GONARTROSEComparison of two physiotherapy treatments in reducing pain and increasing functional autonomy of elderly patients with gonarthrosis

QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM DEFICIÊNCIA E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIAQuality of life of elderly with disabilities and physical activity in long-term institutions

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM MONTES

CLAROS, MINAS GERAIS, BRASILPrevalence and factors associated with the functional capacity of the elderly within the Family Health Strategy in the city of Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

FUNCIONALIDADE GLOBAL DE IDOSOS HOSPITALIZADOSGlobal functionality of hospitalized elderly

ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLESREVISÃO DE DOIS INSTRUMENTOS CLÍNICOS DE AVALIAÇÃO PARA PREDIZER RISCO DE QUEDAS EM IDOSOSReview of two clinical assessment tools to predict risk of falls in elderly

DUPLA-TAREFA NA DOENÇA DE PARKINSON: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS ALEATORIZADOSDual task in Parkinson´s disease: a systematic review of randomized clinical trials

ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO / ATUALIZATION ARTICLESAS QUEDAS NO CENÁRIO DA VELHICE: CONCEITOS BÁSICOS E ATUALIDADES DA PESQUISA EM SAÚDEFalls in elderly: basics concepts and updates of research in health

COMUNICAÇÃO BREVE / BRIEF COMMUNICATIONPEDÔMETROS: ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOSPedometers: strategy to promote physical activity in elderly

EDITORIAL / EDITORIALÉ POSSÍVEL, NO BRASIL, ENVELHECER COM SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA?Can growing old in Brazil involve good health and quality of life?

ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLESO EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO SUPERVISIONADO E DOMICILIAR SOBRE O EQUILÍBRIO DE INDIVÍDUOS IDOSOS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO PARA PREVENÇÃO DE QUEDASThe effect of supervised and home based exercises on balance in elderly subjects: a randomized controlled trial to prevent falls

INDICADORES DE SARCOPENIA E SUA RELAÇÃO COMFATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS ÀS QUEDAS EM IDOSAS ATIVASIndicators of sarcopenia and their relation to intrinsic and extrinsic factors relating to falls among active elderly women

CALIDAD DE VIDA Y TRABAJO INFORMAL EN PERSONAS MAYORES EN UNA CIUDAD INTERMEDIA COLOMBIANA, 2012-2013Quality of life and informal labor among elderly persons in an intermediate Colombian city, 2012-2013

PERCEPÇÃO DE IDOSOS RIBEIRINHOS AMAZÔNICOS SOBRE O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: O SABER EMPÍRICO QUE VEM DOS RIOSThe perception of elderly riverside residents of the Amazon region: the empirical knowledge that comes from rivers

MEDO DE CAIR ASSOCIADO A VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS, HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES CLÍNICAS EM IDOSOS ATENDIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM CAMPO GRANDE-MSFear of falling associated with sociodemographic and lifestyle variables and clinical conditionsin elderly people registered with the Family Health Strategy in Campo Grande, Mato Grosso do Sul

EQUIVALÊNCIA SEMÂNTICA E CULTURAL DA INTERGENERATIONAL EXCHANGES ATTITUDE SCALE (IEAS)Semantic and cultural equivalence of the Intergenerational Exchanges Attitude Scale (IEAS)

EFEITOS DO MÉTODO PILATES SOLO NO EQUILÍBRIO E NA HIPERCIFOSE TORÁCICA EM IDOSAS: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO RANDOMIZADOEffect of the Mat Pilates method on postural balance and thoracic hyperkyphosis among elderly women: a randomizedcontrolled trial

EFEITO DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NO EQUILÍBRIO E RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADOEffect of physical exercise program on the balance and risk of falls of institutionalized elderly persons: a randomized clinical trial

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À INATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONALPrevalence and factors associated with physical inactivity among the elderly: a population-based study

DETERMINANTES ANTROPOMÉTRICOS, FUNCIONALES Y DE TRAYECTORIA DEL PIE PARA LA MAGNITUD DE LONGITUD DE ZANCADA EN ADULTOS MAYORES AUTOVALENTES DE LA COMUNIDAD DE TALCA, CHILEAnthropometric, functional and foot trajectory determinants of stride length in self-reliant community-dwelling elderlypersons in Talca, Chile

O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO: DESAFIOS E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS ATUAISE FUTURASPopulation aging in Brazil: current and future social challenges and consequences

AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO E DO MEDO DE QUEDAS EM HOMENS E MULHERES IDOSOS ANTES E APÓS A CIRURGIA DE CATARATA SENILEvaluation of balance and fear of falling in elderly individuals before and after senile cataract surgery

ANÁLISE DE POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E REAÇÕES ADVERSAS A ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES EM IDOSOSAnalysis of potential drug interactions and adverse reactions to nonsteroidal anti-inflammatory drugs among the elderly

ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLEPREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL POR GÊNERO EM IDOSOS BRASILEIROS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISEPrevalence of functional incapacity by gender in elderly people in Brazil: a systematic review with meta-analysis

Volume 11 Número 2 mai.-ago./2008

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EDITORIAL / EDITORIALO QUE QUEREMOS OU NOS IMPORTA SABER?What do we want or is important to know?

ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLESCARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS DAS VERSÕES COMPLETA E REDUZIDA DO IQCODE-BR EM IDOSOS DE BAIXA RENDA E ESCOLARIDADEPsychometric characteristics of the full and short versions of the IQCODE-BR among low income elderly persons with a low educational level

®ANÁLISE DA MENSURAÇÃO COMPLEMENTAR DE RÍTIDES NASOGENIANAS PELO SOFTWARE RADIOCEF 2.0 NA AVALIAÇÃO DO CRONOENVELHECIMENTO FACIAL DE MULHERES EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS

®Analysis of the complementary measurement of nasogenian wrinkles using Radiocef 2.0 software in the evaluation of facial chronoaging among women of different age groups

EQUILÍBRIO ESTÁTICO DE MULHERES IDOSAS SUBMETIDAS A UM PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICAStatic balance of elderly women submitted to a physical activity program

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE IDOSOS DOS ESPAÇOS RURAL E URBANOLevel of physical activity and quality of life: a comparative study among the elderly of rural and urban areas

AGRESSÕES FÍSICAS E SEXUAIS CONTRA IDOSOS NOTIFICADAS NA CIDADE DE SÃO PAULOPhysical and sexual aggression against elderly persons reported in the city of São Paulo

COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS TEMPORAIS E CINÉTICOS DA CAMINHADA ENTRE INDIVÍDUOS JOVENS, IDOSAS CAIDORAS E NÃO CAIDORASComparison of temporal and kinetic walking parameters among young people and falling and non-falling elderly persons

MORTALIDADE POR QUEDA EM IDOSOS: ESTUDO DE SÉRIE TEMPORALMortality caused by accidental falls among the elderly: a time series analysis

FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS EM POPULAÇÃO IDOSA RURAL DO RIO GRANDE DO SULRisk and protective factors for the development of chronic diseases in a rural elderly population in Rio Grande do Sul

QUALIDADE DE VIDA E MORBIDADES ASSOCIADAS EM IDOSOS CADASTRADOS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO SENADOR GUIOMARD, ACREQuality of life and associated morbidities among elderly persons registered with the Family Health Strategy of Senador Guiomard in the state of Acre

O SIGNIFICADO DE ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL PARA PESSOAS IDOSAS VINCULADAS A GRUPOS EDUCATIVOSThe significance of healthy aging for older persons who participated in health education groups

IMPACTO PSICOSSOCIAL DO DIAGNÓSTICO DE HIV/AIDS EM IDOSOS ATENDIDOS EM UM SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDEPsychosocial impact of HIV/aids diagnosis on elderly persons receiving care from a public healthcare service

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À CONSTIPAÇÃO INTESTINAL EM IDOSOS RESIDENTES EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA 835The prevalence of and factors associated with constipation in elderly residents of long stay institutions

PERFIL MULTIDIMENSIONAL DOS IDOSOS PARTICIPANTES DA CAMPANHA DE VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZAMultidimensional profile of elderly participants of an influenza vaccination campaign

ACESSO A INFORMAÇÕES SOBRE COMO EVITAR PROBLEMAS BUCAIS ENTRE IDOSOS CADASTRADOS NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIAAccess to information on how to avoid oral health problems among elderly persons registered with the Family Health Strategy

PREVALÊNCIA DE FRAGILIDADE FENOTÍPICA EM PESSOAS EM PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NUMA COMUNIDADE PORTUGUESAPrevalence of phenotypic frailty during the aging process in a Portuguese community

ASSOCIAÇÃO ENTRE FORÇA DE PREENSÃO MANUAL E ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS HIPERTENSOSAssociation between handgrip strength and physical activity in hypertensive elderly individuals

ARTIGOS DE REVISÃO / REVIEW ARTICLESQUALIDADE DE VIDA E SITUAÇÃO DE SAÚDE DE IDOSOS: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁQuality of life and the health status of elderly persons: a population-based study in the central sertão of Ceará

PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS: AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA UTILIZANDO O MODELO RE-AIMPhysical activity programs for elderly persons: an evaluation of Brazilian scientific production using the RE-AIM framework

COMUNICAÇÃO BREVE / BRIEF COMMUNICATIONVALIDAÇÃO DO TESTE DE MARCHA ESTACIONÁRIA DE DOIS MINUTOS PARA DIAGNÓSTICO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS HIPERTENSOSValidation of the two minute step test for diagnosis of the functional capacity of hypertensive elderly persons

EDITORIAL / EDITORIALÉ POSSÍVEL, NO BRASIL, ENVELHECER COM SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA?Can growing old in Brazil involve good health and quality of life?

ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLESO EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO SUPERVISIONADO E DOMICILIAR SOBRE O EQUILÍBRIO DE INDIVÍDUOS IDOSOS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO PARA PREVENÇÃO DE QUEDASThe effect of supervised and home based exercises on balance in elderly subjects: a randomized controlled trial to prevent falls

INDICADORES DE SARCOPENIA E SUA RELAÇÃO COMFATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS ÀS QUEDAS EM IDOSAS ATIVASIndicators of sarcopenia and their relation to intrinsic and extrinsic factors relating to falls among active elderly women

CALIDAD DE VIDA Y TRABAJO INFORMAL EN PERSONAS MAYORES EN UNA CIUDAD INTERMEDIA COLOMBIANA, 2012-2013Quality of life and informal labor among elderly persons in an intermediate Colombian city, 2012-2013

PERCEPÇÃO DE IDOSOS RIBEIRINHOS AMAZÔNICOS SOBRE O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: O SABER EMPÍRICO QUE VEM DOS RIOSThe perception of elderly riverside residents of the Amazon region: the empirical knowledge that comes from rivers

MEDO DE CAIR ASSOCIADO A VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS, HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES CLÍNICAS EM IDOSOS ATENDIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM CAMPO GRANDE-MSFear of falling associated with sociodemographic and lifestyle variables and clinical conditionsin elderly people registered with the Family Health Strategy in Campo Grande, Mato Grosso do Sul

EQUIVALÊNCIA SEMÂNTICA E CULTURAL DA INTERGENERATIONAL EXCHANGES ATTITUDE SCALE (IEAS)Semantic and cultural equivalence of the Intergenerational Exchanges Attitude Scale (IEAS)

EFEITOS DO MÉTODO PILATES SOLO NO EQUILÍBRIO E NA HIPERCIFOSE TORÁCICA EM IDOSAS: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO RANDOMIZADOEffect of the Mat Pilates method on postural balance and thoracic hyperkyphosis among elderly women: a randomized controlled trial

EFEITO DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NO EQUILÍBRIO E RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADOEffect of physical exercise program on the balance and risk of falls of institutionalized elderly persons: a randomized clinical trial

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À INATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONALPrevalence and factors associated with physical inactivity among the elderly: a population-based study

DETERMINANTES ANTROPOMÉTRICOS, FUNCIONALES Y DE TRAYECTORIA DEL PIE PARA LA MAGNITUD DE LONGITUD DE ZANCADA EN ADULTOS MAYORES AUTOVALENTES DE LA COMUNIDAD DE TALCA, CHILEAnthropometric, functional and foot trajectory determinants of stride length in self-reliant community-dwelling elderly persons in Talca, Chile

O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL BRASILEIRO: DESAFIOS E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS ATUAIS E FUTURASPopulation aging in Brazil: current and future social challenges and consequences

AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO E DO MEDO DE QUEDAS EM HOMENS E MULHERES IDOSOS ANTES E APÓS A CIRURGIA DE CATARATA SENILEvaluation of balance and fear of falling in elderly individuals before and after senile cataract surgery

ANÁLISE DE POTENCIAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E REAÇÕES ADVERSAS A ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES EM IDOSOSAnalysis of potential drug interactions and adverse reactions to nonsteroidal anti-inflammatory drugs among the elderly

ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLEPREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL POR GÊNERO EM IDOSOS BRASILEIROS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISEPrevalence of functional incapacity by gender in elderly people in Brazil: a systematic review with meta-analysis

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Volume 9 . Número 1. Janeiro-abril/2006 . 140 p.Volume 11. Número 2. maio-agosto/2008. 159p.

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140 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(1):267-270

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Editor / EditorRenato Peixoto VerasEditores Associados / Associated EditorsCélia Pereira CaldasShirley Donizete PradoEditor Executivo / Executive EditorConceição Ramos de AbreuGrupo de Assessores / Editorial Advisory BoardAdriano Cezar Gordilho - Salvador / UFBAAlexandre Kalache - Geneva / OMSAndréa Prates - São Paulo / CIESAnita Liberalesso Néri - Campinas / UNICAMPAnnette Leibing - Montreal / Universidade McGillBenigno Sobral - Rio de Janeiro / UnATI-UERJDaniel Groisman - Rio de Janeiro / UFRJEliane de Abreu Soares - Rio de Janeiro / UFRJEmílio H. Moriguchi - Porto Alegre / PUC-RSEmílio Jeckel Neto - Porto Alegre / PUC-RSEvandro Coutinho - Rio de Janeiro / FIOCRUZGuita Grin Debert - Campinas / UNICAMPIvana Beatrice Mânica da Cruz - Santa Maria / UFSMJane Dutra Sayd - Rio de Janeiro / UERJLúcia Hisako Takase Gonçalves - Florianópolis / UFSCLuiz Roberto Ramos - São Paulo / UNIFESPMartha Pelaez - Washington, DC / OPASMônica de Assis - Rio de Janeiro/INCAÚrsula Margarida Karsch - São Paulo / PUC-SPNormalização / NormalizationIris Maria Carvalho dos SantosRevista Brasileira de Geriatria e Gerontologia é continuação do título revistaTextos sobre Envelhecimento, fundada em 1998. É uma publicação do Centrode Referência e Documentação sobre Envelhecimento, UnATI-UniversidadeAberta da Terceira Idade, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tempor objetivos publicar e disseminar produção científica no âmbito da geronto-geriatria e contribuir para o aprofundamento das questões atinentes aoenvelhecimento humano.The Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology is the continuation of thepublication entitled Text on Aging, first published in 1998. It is a publicationof the Reference and Documentation Center on Aging, from the Open Universityfor Studies on the Elderly, Rio de Janeiro State University. It aims to publish andto disseminate scientific production on Gerontology-Geriatrics, and to contributeto go deeper into questions concerned with human aging.

Colaborações / ContributionsOs manuscritos devem ser encaminhados ao Editor Executivo e seguir as“Instruções aos Autores” publicadas ao final de cada fascículo.All manuscripts should be sent to the Editor and should comply with the“Instructions for Authors”, published in the end of each issue.

Assinaturas / SubscriptionsPedidos de assinatura ou permuta devem ser encaminhados à revista, noendereço de correspondência.Subscription or exchange orders should be addressed to the journal.Correspondência / CorrespondenceToda correspondência deve ser encaminhada à Revista Brasileira deGeriatria e Gerontologia no endereço abaixo:All correspondence should be sent to Revista Brasileira de Geriatria eGerontologia at the address below:Revista Brasileira de Geriatria e GerontologiaUERJ/UnATI/CRDERua São Francisco Xavier, 524 – 10º andar - bloco F - Maracanã20 559-900 – Rio de Janeiro – RJTelefones: (21) 2587-7236 / 7672 / 7121 Ramal 229 e 232Fax: (21) 2587-7236 Ramal 211E-mail: [email protected] e [email protected]: http://www.unati.uerj.brIndexação / IndexesLILACS-Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da SaúdeLATINDEX – Sistema Regional de Información em Línea para RevistasCientíficas de América Latina, el Caribe, Espana y PortugalEDUBASE –Unicamp, São Paulo, Brasil

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia é associada àAssociação Brasileira de Editores Científicos

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Sumário / Contents

Editorial / Editorial

UNATI: A JUVENTUDE DE UMA SENHORA UNIVERSIDADE 143The youth of a mature UniversityRenato Veras

Artigos originais / Original Articles

ATIVIDADE FÍSICA E PREVALÊNCIA DE QUEDAS EM IDOSOS RESIDENTES

NO SUL DO BRASIL 145Physical activity and prevalence of falls among elderly living in southern BrazilTânia R. Bertoldo Benedetti, Maria Angélica Binotto, Edio Luiz Petroski,Lúcia Hisako Takase Gonçalves

INVESTIGAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL EM IDOSOS 155Investigation of the corporal balance in elderly peopleLuana Mann, Julio Francisco kleinpaul, Clarissa Stefani Teixeira, Angela GarciaRossi, Luis Felipe Dias Lopes, Carlos Bolli Mota, Anapaula Castro de Lorenzo,Érika Felipe de Oliveira, Selma Mendes Resende

EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBIO SOBRE O PERFIL LIPÍDICO DE

PACIENTES IDOSAS, PORTADORAS DE DIABETES MELLITUS TIPO 2,ATENDIDAS EM UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE, MARINGÁ, ESTADO DO PARANÁ 167Effect of aerobic physical exercise on the lipid profile in type 2diabetic elderly women attended in a basic health unit in Maringá,Paraná State, BrazilCarlos Alexandre Molena-Fernandes, Idalina Diair Regla Carolino, Rui GonçalvesMarques Elias, Nelson Nardo Junior, Raquel Soares Tasca, Roberto Kenji Nakamura Cuman

EQUILÍBRIO E MARCHA DE IDOSOS RESIDENTES EM INSTITUIÇÕES

ASILARES DO MUNICÍPIO DE CATANDUVA 181Balance and gait of elderly people at retirement homes in Catanduva cityDaniela Cristina Lojudice, Milton Roberto Laprega, Priscila Maria Gardezani, Priscila Vidal

AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE APARELHOS DE

MUSCULAÇÃO POR IDOSOS 191Safety evaluation in the use of fitness equipment by the elderlyCarlos Eduardo Gonçalves Simas, Henrique Riera de Farias, Marcio Michel Gil,Renato Landim, Homero da Silva Nahum Junior

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142 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(1):267-270

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Sumário / Contents

MAUS-TRATOS A IDOSOS NO DOMICÍLIO: CONCEPÇÃO DE FAMILIARES 209Elder abuse at home: conceptions of familiarsMarinês Tambara Leite, Leila Mariza Hildebrandt, Adriane Marines dos Santos

EVOLUÇÃO DO NÍVEL DE COMPREENSÃO DO JOGO QUORIDOR:UMA COMPARAÇÃO ENTRE IDOSAS E ADOLESCENTES 223Evolution of the comprehensive level of the Quoridor Game:a comparison between elderly women and adolescentsClaudimara Chisté Santos, Antonio Carlos Ortega

A ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO: AÇÕES E PERSPECTIVAS DOS PROFISSIONAIS 245Health attention to the elderly: actions and perspectives of professionalsMaria José Sanches Marin, Amaury Pachione Martins, Fernanda Marques,Bruna de Oliveira Machado Feres, Anastácia Kayoko Hirata Saraiva, Suelaine Druzian

Artigo de Revisão / Review Article

IMUNOSSENESCÊNCIA: A RELAÇÃO ENTRE LEUCÓCITOS,CITOCINAS E DOENÇAS CRÔNICAS 259Immunosenescence: the association between leukocytes,cytokines and chronic diseasesAudrey Cecília Tonet, Otávio de Tolêdo Nóbrega

Artigo Especial / Special Article

CAMINHOS DA HISTÓRIA E DA MEMÓRIA: A UNIVERSIDADE ABERTA DATERCEIRA IDADE DA UERJ 275History and Memory Ways: UERJ’s Open University for Studies on the ElderlySandra Regina Sahb Furtado, Neusa Cardim da Silva

Orientação aos autores / Guidelines for authors 289

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O envelhecer na floresta 143

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

EDITORIALUnATI: a juventude de uma senhora Universidade

UnATI: the youth of a mature University

Acabo de receber um e-mail do amigo Renato Maia com a informaçãodo IBGE que o país está envelhecendo com mais rapidez do que se previa eque a taxa de natalidade atingiu 1,8 filho por mulher, nível esperado apenaspara 2043. Fernando Albuquerque, que participou da elaboração das esti-mativas do IBGE, diz que o Instituto, até os últimos inquéritos, trabalhavacom projeções menores, mas o aumento da velocidade da queda da fecun-didade observada nos últimos estudos indica que a população começará aenvelhecer mais rapidamente.

Bem mais do que uma simples revisão de um cálculo estatístico, a consta-tação de que, antes do previsto, o Brasil terá cada vez mais idosos e menoscrianças tem impacto nos cálculos de aposentadoria e traz desafios para aspolíticas de Estado, que terão que se adaptar a uma estrutura populacionalenvelhecida. Com cada vez mais velhos e menos crianças, as políticas públicasterão que ser revistas para se adaptar à realidade da população, com os investi-mentos em saúde ampliados para atender melhor aos idosos.

Apesar dos desafios que a queda mais intensa da fecundidade trará, não hápor que ficar apavorado com a redução da população e a ampliação do grupoetário dos idosos. Esta realidade demográfica pode ser boa ou ruim, depen-dendo de como a sociedade e as políticas públicas responderão à questão.

Para aqueles que trabalham na área da gerontologia, tais fatos não são novi-dades. Talvez, a radicalidade expressada na velocidade desta transição demo-gráfica possa produzir ainda mais certeza de que precisamos fazer chegar àsautoridades, com poder decisório no país, a necessidade de mais investimentose mais ênfase nas ações de Estado para este grupo populacional.

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144 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):143-144

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

A Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, que se caracteriza pela busca desoluções, ancorada na produção científica de qualidade, sente-se fortalecida na suamissão de ampliar o debate sobre tema tão relevante e prioritário para a socieda-de brasileira.

É por este motivo que os 15 anos da UnATI, instituição responsável pelaedição da RBGG, a ser comemorado em agosto de 2008, como muita intensi-dade e divulgação, faz parte desta estratégia de mostrar a todos que o Brasilenvelheceu e que novos temas precisam ter primazia. Pretendemos atrair aatenção não apenas da comunidade científica, mas de toda a sociedade, de talforma que todos entendam que a conquista de maior longevidade somentepoderá ser devidamente usufruída se forem ofertadas condições adequadasvisando à qualidade de vida. Deste modo, temos que pressionar aqueles compoder de decisão a colocar o envelhecimento humano na agenda contemporâneadas prioridades do país.

De 25 a 29 de agosto teremos diversas solenidades, com a participação deinúmeras autoridades, e será reservado um dia para a apresentação da produçãocientífica e dos avanços tecnológicos de projetos elaborados pela UnATI,muitos deles inclusive publicados na RBGG e em outros periódicos de exce-lência no país.

Participar dos festejos dos 15 anos da UnATI, portanto, tem um duploaspecto. Primeiramente, o de divulgar e de ecoar para a sociedade a relevânciado assunto tratado e, também, o de apresentar os inúmeros avanços científicose compartilhar com os profissionais da área todo o esforço que vem sendodesenvolvido para que os idosos possam usufruir com qualidade, cidadania esaúde estes anos a mais que serão vividos.

Renato Veras

Diretor da UnATI e Editor da RBGG

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Atividade física e quedas em idosos 145

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Palavras-chave:idoso; atividademotora; acidentespor quedas; prevalência;estudos transver-sais; amostragemestratificada;probabilidade;questionários; Florianópolis, SC,Brasil

Atividade física e prevalência de quedas em idososresidentes no sul do Brasil

Physical activity and prevalence ff falls among elderly living in southern Brazil

Tânia R. Bertoldo Benedettia

Maria Angélica Binottob

Edio Luiz Petroskic

Lúcia Hisako Takase Gonçalvesd

ResumoO objetivo do estudo foi investigar a relação entre os níveis de atividadefísica e a prevalência de quedas em idosos residentes em Florianópolis, SC,Brasil. Trata-se de estudo com amostragem do tipo probabilística eestratificada por setor censitário e sexo, com 875 idosos. Os instrumentosadotados para a coleta de dados foram o Questionário Brazil Old AgeSchedule (BOAS) e o Questionário Internacional de Atividades Físicas(IPAQ). Os resultados apontaram que 59,3% dos idosos eram consideradosmais ativos. Idosos com acometimento de quedas durante o período de trêsmeses que antecederam a entrevista foram 11,4%, dos quais a maioria eramais ativa. Houve associação estatística entre quedas e as variáveis: proble-mas nos pés (p=0,002) e articulações (p=0,006). Sendo assim, conclui-se quea educação para os cuidados de prevenção de quedas se faz necessária, aomesmo tempo em que se estimulem atividades físicas livres de riscos entrea população idosa.

AbstractThis study aimed to investigate the relation between the physical activitieslevel and falls prevalence among elderly people in the city of Florianopolis,state of Santa Catatina, Brazil. It is an epidemiological , cross-sectional anddescriptive study, carried out in the city of Florianópolis, Brazil. Thesampling, of statistical type and stratified by census section and sex, resulted

Correspondência / CorrespondenceTânia R. Bertoldo BenedettiUniversidade Federal de Santa CatarinaDepartamento de Educação Física, Centro de DespostosCampus Universitário, Caixa Postal 476 - Trindade88040-900 – Florianópolis, SC, BrasilE-mail: [email protected]

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Key words: age;motor activity;accidental falls;prevalence; cross-sectional studies; stratifiedsampling; probability;questionnaires; Florianópolis, SC,Brasil

in a sample of 875 senior citizens. The instruments adopted for data collectionwere the Questionnaire Brazil Old Age Schedule (BOAS) and theInternational Questionnaire of Physical Activities (IPAQ) long version.Results pointed out that 59.3% of seniors were considered more active ones.Seniors who suffered falls during the period of three months before theinterview reached the amount of 11.4% and most of them were more activepeople. There was statistical association between falls and the variables:problems in the feet (p=0,002) and articulations (p=0,006). It concludes thatit is necessary to prevent falls and, at the same time, to stimulate physicalactivities free from risks for the elderly population.

INTRODUÇÃO

O aumento da expectativa de vida temgrande impacto sobre o envelhecimento dapopulação. No Brasil, no início do séculoXX, o tempo médio de vida era 33 anos eatualmente (2000) é de 71,3 anos.1 O idealda longevidade é que as pessoas envelheçamcom boa saúde, alto grau de independênciae autonomia. A queda tem sido uma dasprincipais causas de perda da independên-cia, com muitas conseqüências, inclusivemorte prematura.

A queda é definida como um desloca-mento não-intencional do corpo para umnível inferior à posição inicial, com incapa-cidade de correção em tempo hábil, deter-minado por circunstâncias multifatoriaisque comprometem a estabilidade.2

Em pessoas idosas, a queda é uma causacrescente de lesões, gastos com tratamentoe mortalidade. Além disso, produz restri-ção das atividades da vida diária, incapaci-dades, declínio na saúde e aumento do ris-co de institucionalização, propiciando nãoapenas prejuízo físico, mas também psico-

lógico. Os custos econômicos que decor-rem de quedas são altos: uma fratura de colode fêmur custa em média 7.000 dólares; umafratura de vértebra, 1.200. Contudo, osmaiores problemas são as limitações queessas fraturas produzem nos idosos, poiscerca de 15% deles passam a sofrer de inca-pacidades e requerem cuidado de saúde3 apósas quedas.

Segundo a Organização Mundial da Saú-de,4 a queda tem sido um dos problemas maisimportantes e comuns relatados entre os ido-sos, aumentando progressivamente com o avan-ço da idade das pessoas, em ambos os sexos.

No âmbito mundial, a literatura tem re-gistrado aumento na freqüência de quedade aproximadamente 40% ao ano em ido-sos com idade acima de 80 anos, e cerca de30% em idosos com mais de 65 anos.5,6 Asestimativas apontam que uma em cada trêspessoas com idade igual ou superior a 65anos cai anualmente nos Estados Unidos.Na Pensilvânia, 62% de todos os traumasem pessoas dessa faixa etária decorreram dequedas.7 No Brasil, a ocorrência de quedaspor faixa etária, a cada ano, atinge 32% dos

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idosos entre 65 e 74 anos, 35% de 75 a 84anos e 51% acima de 85 anos. De modogeral, 30% dos idosos brasileiros caem aomenos uma vez ao ano.2

Portanto, as quedas entre pessoas ido-sas constituem um dos principais proble-mas clínicos e de saúde pública, por suaalta incidência e pelas conseqüentes com-plicações para a saúde, além dos altos cus-tos assistenciais.6,8,9

Programas de exercícios físicos que au-mentam significativamente a força muscular,mantendo a composição e o peso corporal emelhorando o equilíbrio, podem diminuirquedas entre os idosos, tornando-se uma for-ma efetiva de prevenção.9,10 Além disso, oexercício físico proporciona aumento do con-tato social, diminui os riscos de doenças crô-nicas, melhora a saúde física e mental e a per-formance funcional, assegurando indepen-dência e autonomia por mais tempo.11

Embora sejam evidentes o aumento daincidência de quedas entre os idosos e os be-nefícios do exercício físico, poucos estudosrelacionam as quedas com os níveis de ativi-dades físicas. Sendo assim, o objetivo desteestudo foi investigar a relação entre os níveisde atividades físicas e a prevalência de quedasentre idosos residentes no sul do Brasil.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo de abordagem epide-miológica do tipo transversal e descritivo,realizado na cidade de Florianópolis, capi-

tal do Estado de Santa Catarina, Brasil. Flo-rianópolis (2000) conta com um total de28.816 pessoas idosas, correspondendo a8,4% de sua população.12

A amostragem foi do tipo probabilístico,com técnica de seleção estratificada por setorcensitário e sexo, e investigou 875 idosos, sen-do 437 homens e 438 mulheres. O intervalo deconfiança adotado foi de 95%, sendo a unida-de amostral o domicílio. O projeto foi aprova-do pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Se-res Humanos da UFSC (processo 051/2001).

Os instrumentos adotados para a coletade dados foram: Questionário Brazil OldAge Schedule (BOAS), que tem como ob-jetivo assegurar informações sobre as prin-cipais características sociodemográficas, con-dições de vida, necessidades e problemas queafetam a população idosa e QuestionárioInternacional de Atividades Físicas (IPAQ)versão longa, que tem como objetivo men-surar as atividades físicas realizadas nos do-mínios do trabalho, do transporte, das ati-vidades domésticas e de lazer.

Para o presente estudo, foram analisadosos dados das sessões do BOAS referentes àsvariáveis socioeconômicas e à saúde física(acometimento de quedas nos três meses queantecederam o estudo, uso de medicamen-tos, doenças), relacionados com os dos ní-veis de atividade física. Para verificar o nívelde atividade física, utilizou-se o IPAQ, ver-são longa. O IPAQ é um questionário quemensura o tempo gasto em atividades físi-cas moderadas e/ou vigorosas nos domíni-os do trabalho, transporte, atividades do-

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mésticas e de lazer durante uma semana usu-al. Foram considerados como menos ativosos idosos que, no somatório das atividadesfísicas nos diferentes domínios, obtiverammenos de 150 minutos em atividades mo-deradas ou vigorosas por semana, e maisativos os que obtiveram um escore igual ousuperior a 150 minutos.13

Para análise da condição econômica, os par-ticipantes foram divididos em três categoriasde renda familiar: (1) até 2 salários mínimos; (2) de 2a 6 salários mínimos; e (3) acima de 6 salários mínimos.Entende-se que no primeiro parâmetro encon-tram-se as famílias no limite da pobreza.14

A condição de escolaridade foi catego-rizada em baixa (analfabetos); média (me-nos de 8 anos de escolaridade); e alta (maisde 8 anos de escolaridade). Tais parâme-tros estão baseados nos estudos da Fun-dação Seade (1992).14

Os dados provenientes do questionárioBOAS e do IPAQ foram tratados pelo pro-

grama SPSS 11.0, incluindo a análise des-critiva, teste qui-quadrado e a análise de re-gressão logística (Odds Ratio).

RESULTADOS

Os idosos de Florianópolis tinham amédia etária de 71,6 ± 7,9 anos; 61,4% eramcasados, 66,6% viviam com os filhos e 13,3%residiam sozinhos. Em relação à escolarida-de, os idosos, em sua maioria, sabiam ler eescrever (80%) e estudaram até a 4º série doensino fundamental (42,7%). Com cursosuperior havia 11,9% dos idosos, a maioriado sexo masculino (18,8%).

Para análise do nível de atividade físicapor meio do IPAQ, foram apresentados afreqüência e o percentual por sexo e nível deatividade física em cada domínio (Tabela 1).Para verificar o tempo gasto em atividadesfísicas moderadas e vigorosas, foram realiza-dos as médias e os desvios-padrão nos dife-rentes domínios.

Tabela 1 - Percentual nos domínios da atividade física dos idosos de Florianópolis segundo sexo eclassificados em níveis de atividade física, 2002.

Nível de Atividade Física

Menos ativos (PA1) Mais ativos (PA2)

AtividadesFísicas

Min/sem

DomíniosAtividades

Físicas -IPAQ Masculino

%Feminino

%Total

%Masculino

%Feminino

%Total

%

X dp

Total 36,4 45 40,7 63,6 55,0 59,3 521,6 270,1

Trabalho 90,4 96,6 93,5 9,6 3,4 6,5 48,2 240,4

Transporte 76,4 84,5 80,5 23,6 15,5 19,5 157,1 194,1

Doméstica 83,7 75,3 79,5 16,2 24,6 20,5 227,5 411,2

Lazer 69,6 79 74,3 30,4 21 25,7 272,5 259,9

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No presente estudo, somando-se as ati-vidades desenvolvidas nos diferentes domí-nios (trabalho, transporte, atividades domés-ticas e lazer), 59,3% dos idosos foram con-siderados mais ativos. Os homens forammais ativos do que as mulheres. A média detempo despendido em atividades físicasmoderadas e vigorosas foi de 521,6 minutospor semana. Analisando-se os domínios se-

paradamente, constata-se que os homens sãomais ativos no lazer (30,4%), enquanto asmulheres são mais ativas nas atividades do-mésticas (24,6%).

A condição de saúde dos idosos referen-tes a queda, problemas de saúde e medica-mentos, considerando-se o nível de atividadefísica e o sexo, está apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 - Condições de saúde dos idosos de Florianópolis, segundo nível de atividade física e sexo, 2002.

Masculino Feminino TotalSaúde Menos

ativo (%)

Mais

ativo (%)

Menos

ativo (%)

Mais

ativo (%)

Menos

ativo (%)

Mais

ativo (%)

Ocorrência de queda

Sim 4,8 8,4 3,4 6,2 4,1 7,3

Não 31,6 55,2 41,6 48,8 36,6 52

Tem problema de saúde

Sim 25,1 4,4 30,8 41,8 28 43,1

Não 11,3 19,2 14,2 13,2 12,7 16,2

Ingestão de medicamentos

Sim 27,5 45,1 31 42,5 29,2 43,8

Não 8,9 18,5 13,9 12,6 11,4 15,6

Quantidade de medicamentos

Nenhum 8,9 18,5 13,9 12,8 11,5 15,6

1-3 22,9 37,8 24 33,3 23,4 35,5

4-6 3,9 5,7 6,4 7,5 5,1 6,6

Mais de 7 0,7 1,6 0,7 1,4 0,7 1,5

A ocorrência de queda nos três mesesque antecederam a pesquisa foi relatada por11,4% dos idosos, dos quais a maioria eramais ativa. Dos idosos que caíram, 60% con-seguiram se levantar sozinhos do chão. En-tre os que não conseguiram se levantar so-zinhos, o tempo que o idoso permaneceuno chão após a queda variou de menos de

um minuto (14%) até mais de cinco minu-tos (13%). Alguns necessitaram de ajuda deterceiros para levantar-se e outros apresen-taram fraturas devido à queda.

Quanto ao nível de atividades físicas emambos os sexos, os idosos considerados maisativos caíram com mais freqüência.

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Em relação ao relato de problemas desaúde, tanto os mais ativos (43,8%) quantoos menos ativos (28%) mencionaram serportadores de algum problema de saúde.

Quanto ao uso de medicamentos, 73%dos idosos relataram estar usando medica-ção, 43,8% dos quais foram considerados maisativos e 29,2% menos ativos. Em relação àquantidade de medicamentos ingeridos pe-los idosos, a maioria (59,9%) utiliza 1 a 3tipos de medicamentos diferentes diariamen-te, não havendo diferença entre os sexos.

Ao analisar a ocorrência de quedasconsiderando-se as diferentes faixas etá-rias, observa-se que os idosos que maissofreram quedas encontram-se na faixaetária de 70 a 79 anos de idade, enquan-to idosos que não sofreram quedas nostrês meses que antecederam a pesquisa,no total de 47,2%, encontram-se comidade inferior a 70 anos.

A associação de quedas com outrasvariáveis do estudo se apresenta na Ta-bela 3.

Tabela 3 - Associação do acometimento de queda com variáveis socioeconômicas, atividade físicae saúde em idosos de Florianópolis.

Variáveis Qui-quadrado (�2) pFaixa etária 3,502 0,061

Gênero 1,040 0,332

Escolaridade 0,701 0,954

Renda familiar 6,270 0,177

Atividade física 1,040 0,308

Problemas de Saúde 2,754 0,064

Problemas nos pés 9,629 0,002*

Problemas articulares 7,860 0,006*

Uso de bengala 0,166 1,000

Uso de medicamentos 2,140 0,093*Significativo para p<0,05

Em relação às variáveis do estudo e suaassociação com a queda, pode-se constatarque as variáveis problemas nos pés e proble-mas articulares (p= 0,002 e 0,006, respecti-vamente) estão associadas à ocorrência dequeda nessa população.

Quando se utilizou a análise de regres-são (odds ratio) com a ocorrência de quedas

com o gênero (OR = 0,088 IC 0,45 – 1,05p=0,08), com o uso de medicamentos (OR= 1,444 IC 0,871 – 2,396 p=0,155) e com onível de atividade física (OR = 1,250 IC0,811 – 1,927 p=0,312), pôde-se observarque a razão de chance foi baixa com todasas variáveis.

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DISCUSSÃO

Os resultados encontrados mostram quea maioria dos idosos (59,3%) da populaçãoestudada foi considerada mais ativa. Quan-do se analisou especificamente o domíniolazer, verificou-se que 30,4% dos homens e21% das mulheres são considerados mais ati-vos. Esse resultado é semelhante ao encon-trado no estudo realizado por Yusuf et al.,15

com idosos americanos, que apontou preva-lência de 37% dos homens e 24% das mulhe-res mais ativos no lazer. O presente estudoevidenciou que os homens praticam maisatividades físicas no lazer do que as mulhe-res. O predomínio masculino em atividadesfísicas de lazer é observado em todas as capi-tais de estados brasileiros, tanto entre adul-tos como entre idosos.16 Contudo, a inativi-dade física observada em todos os domínios(trabalho, transporte, doméstica e lazer) foiduas vezes mais freqüente em homens (39,8%)do que em mulheres (20,1%). E entre pessoascom 65 anos ou mais, 64,5% dos homens e50,3% das mulheres são inativos.16

A prática de atividade física sistemáticacontribui para manter e/ou melhorar a for-ça, a flexibilidade, a coordenação e o equilí-brio, elementos da aptidão física essenciaispara manter a capacidade funcional do ido-so por mais tempo.17,9 Além disso, a ativi-dade física tem sido comprovada como fa-tor de melhora da saúde global dos idosos,daí o seu incentivo ser importante medidade prevenção das quedas, por lhes propor-cionar maior segurança na realização de suasatividades de vida diária.18

A ocorrência de quedas nos três mesesque antecederam este estudo foi relatada por11,4% dos idosos. Tal prevalência foi inferi-or à encontrada no estudo realizado porHawk et al.,19 no qual 13% dos idosos havi-am sofrido queda no mês anterior à pes-quisa, dos quais 72% praticavam exercíciosfísicos regularmente, 26% os praticavamocasionalmente e 2% não os praticavam.

Quando nos reportamos à ocorrência dequedas em idosos praticantes de atividadesfísicas, no período de um ano que antece-deu a pesquisa, encontramos prevalênciassemelhantes entre os estudos: 44%19 e 43%20

dos idosos.

Em relação à ocorrência de quedas e onível de atividade física, tanto os idososmenos ativos quanto os mais ativos as sofre-ram, embora entre os que caíram predomi-nassem os mais ativos. Com isso, pode-seinferir que os idosos mais ativos andam maise participam de diferentes atividades, expon-do-se mais ao risco de queda. Já os idososmenos ativos, com medo de cair e ficar comalgum comprometimento físico, restringemainda mais as reduzidas atividades que de-sempenham.

Segundo Tinetti21 & Santariano et al.,22 aqueda desenvolve nos idosos o medo de cair,levando-os a perder a autoconfiança paradesenvolver atividades diárias e a optar porum estilo de vida inativo, que resulta ematrofia muscular e conseqüente diminuiçãoda força muscular, além do aumento da de-pendência. Os resultados encontrados porKoepsell et al.23 apontam que somente 10%

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das quedas ocorreram durante a realizaçãode atividades físicas moderadas e menos de2% durante as atividades físicas vigorosas:as quedas ocorrem principalmente nas ati-vidades diárias.

Na presente investigação, os homens ti-veram ocorrência de queda maior do queas mulheres, ao contrário do que aponta aliteratura, segundo a qual maioria das que-das ocorre entre idosos do sexo feminino,tendo como possíveis causas a maior preva-lência de doenças crônicas e mais atividadesdomésticas. 24

O uso de medicamentos foi relatadopela maioria dos idosos. Para Nnodim eAlexander,10 os medicamentos devem serlimitados àqueles absolutamente essenci-ais, em função do aumento do risco dequedas com o uso de vários tipos de me-dicamentos. Neste estudo, 11,7% utilizam4 a 6 tipos de medicamentos e 2,3% usamde 7 ou mais medicamentos, embora nãohaja associação estatística com a ocorrên-cia de quedas. Para Rao,25 o uso de qua-tro ou mais medicamentos foi associadofortemente com um risco aumentado dequedas. Estudo de coorte transversal rea-lizado por Lawlor et al.26 sobre a ocor-rência de quedas em 4.050 mulheres comidades entre 60-79 anos, nos 12 meses queantecederam a pesquisa, concluiu que asdoenças crônicas e a utilização múltiplade medicamentos são importantes predi-tores de quedas.

Quanto à associação de quedas com asvariáveis de informações gerais e de saúde

– faixa etária, gênero, escolaridade, rendafamiliar, atividade física, problemas de saú-de nos pés e nas articulações, uso da ben-gala e de medicamentos –, verificou-se as-sociação de queda somente com problemasnos pés e nas articulações, embora Guima-rães e Farinatti20 tenham encontrado asso-ciação da queda com o uso de medicamen-tos e a faixa etária.

Os dados deste estudo apontam que osidosos mais acometidos por quedas se en-contram na faixa etária de 70 a 79 anos deidade. No entanto, idosos acima de 80 anostendem a sofrer mais quedas do que ido-sos de faixas etárias inferiores, apresentan-do risco relativo de 1.7 de ocorrência dequedas.17,27

Ao que parece, as quedas sofridas poridosos de Florianópolis se prendem a múl-tiplos fatores, não evidenciados estatistica-mente neste estudo.

CONCLUSÃO

Os resultados do estudo demonstramque os idosos considerados fisicamentemais ativos tiveram maior incidência dequeda do que os menos ativos. Quandoconsiderado o sexo, observou-se que asquedas ocorreram mais entre os homensdo que entre as mulheres. Sendo assim,conclui-se que a educação para os cuida-dos de prevenção de quedas se faz neces-sária, ao mesmo tempo em que se estimu-lem atividades físicas livres de riscos àpopulação idosa.

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NOTAS

a Professora Doutora, Departamento de Educação Físi-ca. E-mail: [email protected]

b Mestre em Educação Física, Departamento de Edu-cação Física E-mail: [email protected]

c Professor Doutor, Departamento de Educação FísicaE-mail: [email protected]

d Professora Doutora, Departamento de Enfermagem.E-mail: [email protected]

· Parte da Tese: “Atividade Física: uma perspectiva depromoção da saúde do idoso no município deFlorianópolis”, defendida em dezembro de 2004, noPrograma de Doutorado em Enfermagem, CCS/UFSC.

· Financiado pelo Ministério da Saúde (Processo 4345/01); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi-

co e Tecnológico (processo nº. 520824/1997-0, bolsade Iniciação científica); Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (bolsa de doutora-do sanduíche); e apoio técnico do Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE – seção deFlorianópolis

Agradecimentos

Ao Ministério da Saúde (processo no

4345/01); CNPq (processo no 520824/1997-0); CAPES (bolsa de doutorado sanduíche);Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE – seção de Florianópolis).

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Recebido em: 04/1/2008Aprovado: 30/5/2008

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Equilíbrio Corporal em Idosos 155

AAAA A RTI

GOS

RTIG

OSRT

IGOS

RTIG

OSRT

IGOS

O O O O ORI

GINA

ISRI

GINA

ISRI

GINA

ISRI

GINA

ISRI

GINA

IS /

O /

O /

O /

O /

ORI

GINA

LRI

GINA

LRI

GINA

LRI

GINA

LRI

GINA

L A A A A A

RTIC

LES

RTIC

LES

RTIC

LES

RTIC

LES

RTIC

LES

Palavras-chave:envelhecimento;corpo humano;aptidão física;equilíbriomusculosquelético; idoso; atividademotora; visão;estudo comparativo

Investigação do equilíbrio corporal em idosos

Investigation of the corporal balance in elderly people

Luana Mannaa

Julio Francisco Kleinpaula

Clarissa Stefani Teixeiraa,b

Angela Garcia Rossib

Luis Felipe Dias Lopesc

Carlos Bolli Motaa

ResumoCom o envelhecimento, o corpo humano passa por um período de transfor-mações que geram declínio de algumas capacidades físicas, tais como oequilíbrio. Este estudo objetivou comparar o equilíbrio corporal de idosospraticantes de hidroginástica e indivíduos adultos sedentários em diferentesbases de apoio, com a manipulação da visão. Foram avaliados 20 idosospraticantes de hidroginástica e 15 adultos sedentários. O equilíbrio foi cole-tado por meio de uma plataforma de força AMTI. As bases de apoio estuda-das foram pés juntos, pés na largura do quadril e pé direito com afastamentoanterior. O tempo de aquisição dos dados para cada tentativa foi de 10 segun-dos, a uma freqüência de 100Hz. Para comparação dos dados, foi utilizadoteste t com nível de significância de 5%. Comparando-se os grupos, nãohouve diferença estatisticamente significativa no equilíbrio nas três posi-ções de bases de apoio, com e sem a utilização da informação visual, comexceção da variável amplitude do deslocamento do centro de pressão nadireção médio-lateral, com os pés juntos e com os olhos abertos. Quando ainformação visual foi manipulada, indivíduos de ambos os grupos apresen-taram diferença estatisticamente significativa para a maioria das variáveis,destacando assim a importância da informação visual para idosos, mesmoestando-se fisicamente ativo. Inferiu-se, com os resultados obtidos, que ahidroginástica é um exercício recomendado para os idosos, uma vez que

Universidade Federal de Santa MariaSanta Maria, RS, Brasila Centro de Educação Física – Laboratório de Biomecânicab Centro de Ciências da Saúde – Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humanac Centro de Ciências Naturais e Exatas – Departamento de Estatística

Correspondência / CorrespondenceLuana MannE-mail: [email protected]

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Key words: aging;human body; physicalfitness; musculoskeletalequilibrium; aged;motor activity; vision;comparative study

estes não se mostraram diferentes aos indivíduos mais novos, em relação aoequilíbrio corporal. Mas a hidroginástica não se mostrou favorável paramelhorias na utilização do sistema visual.

AbstractAs people grow old, the human body undergoes for a long period of changesthat cause a decline in some physical abilities, such as balance. This studyaimed to compare the corporal balance of adult people who practicehydrogymnastics and sedentary elderly people in different support basis,with visual manipulation. It assessed 20 elderly people who practicehydrogymnastics and 15 sedentary adults. The balance was collected througha force platform AMTI. The support basis studied were feet together, feet inthe width of the hip and right foot with anterior spacing. The time of datacollection was 10 seconds for each attempt, in a 100 Hz frequency . For datacomparison it used the t test with 5% of significance level . When comparingthe hydrogymnastics and sedentary groups, there was no statisticallymeaningful difference in the variables in the three positions of supportbasis, with and without visual information, except for the variable amplitu-de of displacement of the pressure center in the medium-lateral direction,with feet together and open eyes. When the visual information wasmanipulated, individuals from both groups presented statistically meaningfuldifference for most variables, thus, calling attention for the importance ofvisual information for elderly people, even if they are physically active. It ispossible to infer, through these results, that hydrogymnastics is recommendedfor elderly people, since they were not different from the younger individualsin relation to the corporal balance. However, hydrogymnastics did not seemto favor improvements in the use of the visual system.

INTRODUÇÃO

Com o envelhecimento, o corpo huma-no passa por um período de transforma-ções e degradações funcionais, que geram aperda de algumas capacidades físicas, taiscomo o equilíbrio. Manter o equilíbriocorporal requer a interação de uma série deinformações provenientes de três sistemas:o vestibular, o somatossensorial e o visual.O sistema vestibular é sensível às aceleraçõeslineares e angulares, enquanto o sistema so-matossensorial é composto por vários re-

ceptores que percebem a posição e a veloci-dade de todos os segmentos corporais, seucontato com objetos externos, inclusive ochão, e a orientação da gravidade.1 As in-formações visuais relacionam-se com a for-ma, cor e movimento dos objetos e do pró-prio corpo. No sistema visual, pode-se di-zer que o envelhecimento compromete nãosó a acuidade visual, mas também restringeo campo visual e diminui a percepção deprofundidade. Tais alterações, segundo al-guns autores, contribuem para a instabili-dade corporal.2,3

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Equilíbrio Corporal em Idosos 157

Além das alterações no sistema biológi-co que ocorrem com o envelhecimento, asdiferentes bases de apoio adotadas pelosindivíduos podem influenciar a manuten-ção do equilíbrio corporal.4,5,6 Diante de taisfatores, observa-se diminuição na qualida-de de vida e prejuízo na realização das ativi-dades da vida diária, além de contribuir como aumento dos gastos públicos decorrentesde elevados índices de quedas e de fraturasque atingem essa população. Devido aogrande número de fatores que afetam o equi-líbrio, a prática de exercícios físicos está sen-do sugerida como forte indicador de me-lhora de qualidade de vida, diminuição dorisco de quedas e fraturas nos idosos.7

A hidroginástica é apontada por Powerse Howley8 como fator de melhora nas capa-cidades físicas, aumento da coordenação, daagilidade, da sinestesia, da percepção, doesquema corporal, da velocidade de ação ereação, melhora no equilíbrio e na direcio-nalidade. Esses benefícios irão intervir namelhora da qualidade de vida para o idoso,possuindo caráter de prevenção e indepen-dência pessoal na vida cotidiana. Etchepareet al.9 e Alves et al.10 destacam que a hidrogi-nástica é um excelente exercício físico paraessa população, já que nela a ação de equili-brar-se é de grande importância para suaprática, podendo ser realizada por pessoasna terceira idade em virtude de ser uma prá-tica com baixo impacto osteo-articular, pos-sibilitando aos praticantes inúmeros bene-fícios, já que os mesmos, em certos casos,podem apresentar-se limitados fisicamente.11

As propriedades físicas da água, como amassa, o peso, a densidade relativa, a flutu-

ação, a pressão hidrostática, a tensão super-ficial, e a viscosidade, são utilizadas comoauxiliares na movimentação das articulações,utilizando os músculos de forma mais equi-librada e simétrica, e aumentando a varie-dade dos movimentos corporais.12,13

Logo, resta-nos investigar se a hidrogi-nástica é um exercício diferencial para amanutenção do equilíbrio corporal de ido-sos em diferentes bases de apoio, com e sema informação visual. Diante disso, o presen-te estudo objetivou comparar o equilíbriocorporal de idosos praticantes de hidrogi-nástica e indivíduos adultos sedentários emdiferentes bases de apoio, com a manipula-ção da visão.

METODOLOGIA

Idosos praticantes de hidroginástica eadultos sedentários da comunidade foramconvidados a participar do estudo. As co-letas foram realizadas em ambiente de la-boratório.

Foram avaliados 35 sujeitos sendo cincodo gênero masculino e 30 do gênero femi-nino. A participação no estudo foi volun-tária, sendo adotados como um dos critéri-os de exclusão a presença de problemasmusculoesqueléticos e/ou síndromes vesti-bulares. Como critério de inclusão para ogrupo de idosos, foi adotada idade supe-rior a 60 anos e experiência na modalidadede hidroginástica entre 1 e 5 anos, com fre-qüência semanal de duas vezes, e a não-re-alização de outro exercício físico regular.

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Para o grupo de indivíduos adultos seden-tários, foi adotada idade a partir de 40 anose a não-participação de nenhum tipo de exer-cício físico, desenvolvido nos últimos seismeses. Por meio de um questionário comperguntas abertas, relacionado ao númeroe exercícios físicos desenvolvidos, tempo deprática e freqüência semanal, foram identi-ficados os indivíduos sedentários e os pra-ticantes de exercícios regulares, que no pre-sente estudo relacionaram-se com a hidro-ginástica. Dos 47 indivíduos que compare-ceram ao local de coleta, 12 foram excluí-dos do estudo por não satisfazerem algumdestes critérios. Dois grupos foram selecio-nados: grupo 1- idosos praticantes de hi-droginástica (HIDRO), totalizando 20 in-divíduos, com idade média de 65,52 ± 3,74anos, peso corporal de 752,57 ± 129,83 Ne estatura corporal de 1,57 ± 0,07m; grupo2- adultos sedentários (SEDENT), totalizan-do 15 indivíduos com idade média de 58,53± 12,51 anos, peso corporal de 682,42 ±80,60 N e estatura corporal de 1,59 ± 0,07m. As aulas de hidroginástica praticadaspelos idosos são vinculadas a um projeto deextensão (Idoso, Natação e Saúde) junto aoNúcleo Integrado de Estudos e Apoio àTerceira Idade da Universidade Federal deSanta Maria, com freqüência de duas aulassemanais e com duração de 50 minutos

Este estudo foi aprovado pelo Comitêde Ética da Universidade Federal de SantaMaria, sob o número de protocolo23081.007410/2007-17, no qual foram cum-pridos os princípios éticos contidos naDeclaração de Helsinque, além do atendi-mento à legislação vigente.

O equilíbrio foi coletado através de umaplataforma de força OR6-5 AMTI (AdvancedMechanical Tecnologies, Inc). O posicionamentodos indivíduos foi padronizado, estando comos dois pés sobre a plataforma, com corpona posição anatômica de referência, comolhar fixo em um ponto determinado e mar-cado na parede na altura dos olhos, distantedois metros da plataforma de força.

O equilíbrio corporal foi analisado atra-vés da amplitude do deslocamento do cen-tro de pressão nas direções ântero-posteri-or (COPap) e médio lateral (COPml), e damédia do deslocamento do centro de pres-são nas direções ântero-posterior (DMap) emédio-lateral (DMml).

A partir dos sinais mensurados pela pla-taforma de força, a posição do centro depressão (COP) é dada por:

COPa-p = (My – h . Fx) / Fz

COPm-l = (Mx – h . Fy) / Fz

Onde:

COPa-p = coordenada do centro de pressãona direção ântero-posterior;COPm-l = coordenada do centro de pressãona direção médio-lateral;Mx = momento em torno do eixo antero-posterior;My = momento em torno do eixo médio-lateral;Fx = componente antero-posterior da for-ça de reação do solo;Fy = componente médio-lateral da força dereação do solo;

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Fz = componente vertical da força de rea-ção do solo;h = distância da superfície até o centro geo-métrico da plataforma de força.

Os sujeitos foram avaliados em três dife-rentes bases de apoio de pés adaptadas doteste de Romberg,14 assim como ilustra a figu-ra 1: posição 1, com os pés juntos (P1); po-sição 2, com os pés na largura do quadril(P2); e posição 3, com o pé direito com afas-tamento anterior (P3). Os indivíduos tive-ram tempo para ambientação ao laborató-rio e as plataformas de força, bem como asdiferentes bases de apoio.

O posicionamento dos pés foi padroni-zado no momento da primeira tentativapara cada indivíduo (com fita adesiva mar-

cada sobre a plataforma, de acordo com adeterminação da base de apoio), sendo adimensão da base de apoio determinada pelaavaliação visual do avaliador e repetida nasdemais tentativas, estando à distância padro-nizada de acordo com as características físi-cas de cada indivíduo. Cada uma dessasposições foi avaliada em duas condições:olhos abertos (OA) e olhos fechados (OF),sendo realizadas três tentativas para cadaposição e condição, totalizando 18 tentati-vas para cada indivíduo. A ordem de cole-ta, tanto para grupos como para as diferen-tes bases de apoio e condições visuais, foirandomizada por sorteio. O tempo de aqui-sição dos dados para cada tentativa foi de10 s, após a estabilização visual do centrode pressão, a uma freqüência de aquisiçãode 100 Hz.

Figura 1 - Posicionamento dos pés durante a coleta de dados. Posição 1 (P1): pés juntos; posição 2(P2): pés na largura do quadril e posição 3 (P3): pé direito com afastamento anterior. Adaptado deTeste de Romberg14.

Posição1 Posição 2 Posição 3

Os dados foram submetidos à estatísticadescritiva. A normalidade dos dados foiverificada através do teste de Shapiro-Wilk,que mostrou que os dados podem ser con-siderados como tendo distribuição normal.

Primeiramente entre os grupos (HIDRO eSEDENT) nas distintas condições, com esem informação visual, foram realizadascomparações entre as médias, em cada basede apoio, por meio do teste t de Student.

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Em um segundo momento, também pormeio do teste t de Student, foram realizadascomparações intragrupos, ou seja, avaliou-secada um dos grupos com e sem informaçãovisual nas diferentes bases de apoio, a fim deidentificar a influência da visão em cada umdos grupos. O valor de probabilidade de signi-ficância utilizado para todos os testes foi de 5%.

RESULTADOS

Comparando-se os grupos HIDRO eSEDENT, apenas a variável COPml, na P1e com os olhos abertos apresentou diferen-ça estatisticamente significativa com proba-bilidade de significância de 0,02, conformeilustra a tabela 1.

Tabela 1 - Valores da média e do desvio-padrão das variáveis COPap, COPml, DMap e DMml referen-tes a comparação dos grupos HIDRO e SEDENT nas três bases de apoio (P1, P2 e P3), com os olhosabertos (AO) e com os olhos fechados (OF), e a probabilidade de significância (p) de cada variável.

HIDRO SEDENTBases

de apoioCondição

Variáveis

(cm) Média DP Média DPp*

COPap 1,51 0,45 1,57 0,35 0,3573

COPml 1,39 0,39 1,57 0,46 0,0211

DMap 0,35 0,14 0,33 0,09 0,5401OA

DMml 0,30 0,10 0,33 0,10 0,1429

COPap 2,02 0,72 2,13 0,81 0,3645

COPml 1,82 0,51 1,90 0,45 0,3039

DMap 0,40 0,15 0,42 0,17 0,3508

P1

OF

DMml 0,34 0,12 0,37 0,11 0,2575

COPap 1,57 0,51 1,50 0,40 0.3407

COPml 1,36 0,38 1,29 0,35 0.2235

DMap 0,30 0,10 0,30 0,09 0.8954OA

DMml 0,25 0,08 0,26 0,08 0.6906

COPap 1,86 0,58 1,78 0,72 0,4502

COPml 1,65 0,51 1,53 0,41 0,1505

DMap 0,37 0,13 0,35 0,14 0,3977

P2

OF

DMml 0,30 0,10 0,28 0,08 0,1584

COPap 0,87 0,42 1,09 1,10 0,1074

COPml 1,37 0,52 1,36 0,68 0,9010

DMap 0,17 0,10 0,17 0,07 0,7907OA

DMml 0,27 0,13 0,27 0,13 0,6854

COPap 0,83 0,34 0,82 0,25 0,8488

COPml 1,48 0,48 1,56 0,41 0,3336

DMap 0,16 0,08 0,16 0,05 0,9317

P3

OF

DMml 0,28 0,10 0,31 0,09 0,1000

* p<0,05 indicam diferença estatisticamente significativa, teste t.

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Equilíbrio Corporal em Idosos 161

De acordo com a tabela 2, que ilustra osvalores da média e do desvio-padrão dasvariáveis analisadas, comparando-se a influ-ência da informação visual no equilíbrio emcada grupo separadamente submetido a di-ferentes bases de apoio, pode-se verificarque tanto indivíduos do grupo HIDROquanto os do grupo SEDENT apresenta-ram diferença estatisticamente significativapara todas as variáveis analisadas na P1. NaP2 as variáveis também foram estatisticamen-

te significativas, com exceção da variávelDMap no grupo HIDRO, e a variávelDMml no grupo SEDENT.

Já na P3, quando o grupo HIDRO foiavaliado, as variáveis não apresentaram di-ferença estatisticamente significativa. Nogrupo SEDENT, durante a mesma posi-ção, a única variável que apresentou dife-rença estatisticamente significativa foi aDMml, com p=0,04.

Tabela 2 - Valores da média e do desvio-padrão (DP) das variáveis COPap, COPml, DMap e DMmlreferentes a comparação da influência da informação visual em ambos os grupos, (HIDRO) e (SE-DENT) nas três bases de apoio (P1, P2 e P3), e a probabilidade de significância (p) de cada variável.

AO OFBasesde apoio

GruposVariáveis

(cm) Média DP Média DPp*

COPap 1,51 0,45 2,02 0,72 <0,001

COPml 1,39 0,39 1,82 0,51 <0,001

DMap 0,35 0,14 0,40 0,15 0,03HIDRO

DMml 0,30 0,10 0,34 0,12 0,02

COPap 1,57 0,35 2,13 0,81 <0,001

COPml 1,57 0,46 1,90 0,45 <0,001

DMap 0,33 0,09 0,42 0,17 <0,001

P1

SEDENT

DMml 0,33 0,10 0,37 0,11 0,04

COPap 1,57 0,51 1,86 0,58 <0,001

COPml 1,36 0,38 1,65 0,51 <0,001

DMap 0,30 0,10 0,37 0,13 0,98HIDRO

DMml 0,25 0,08 0,30 0,10 <0,001

COPap 1,50 0,40 1,78 0,72 0,01

COPml 1,29 0,35 1,53 0,41 <0,001

DMap 0,30 0,09 0,35 0,14 0,04

P2

SEDENT

DMml 0,26 0,08 0,28 0,08 0,15

COPap 0,87 0,42 0,83 0,34 0,45

COPml 1,37 0,52 1,48 0,48 0,16

DMap 0,17 0,10 0,16 0,08 0,43HIDRO

DMml 0,27 0,13 0,28 0,10 0,71

COPap 1,09 1,10 0,82 0,25 0,06

COPml 1,36 0,68 1,56 0,41 0,05

DMap 0,17 0,07 0,16 0,05 0,14

P3

SEDENT

DMml 0,27 0,13 0,31 0,09 0,04

* p<0,05 indicam diferença estatisticamente significativa, teste t

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DISCUSSÃO

Estudos mostram que com a idade há umadiminuição no controle postural.15,16,17 Essasconsiderações ficam evidenciadas no estudode Manfio, Muniz e Rabello,18 que encon-traram maiores valores de excursão do cen-tro de pressão no grupo de idosos, quandocomparados a indivíduos adultos com olhosabertos. O mesmo ocorreu no estudo de Sil-va et al.,15 que verificou que jovens apresenta-ram maior estabilidade postural quando com-parados aos idosos em relação à amplitudeântero-posterior e velocidade de deslocamen-to do centro de pressão, comprovando queeste é maior com o avançar da idade.

No presente estudo, evidenciou-se queidosos que praticam hidroginástica mantêmvalores similares a adultos sedentários, de-monstrando a importância da realização deum exercício físico regular na vida dos indi-víduos. Na literatura científica, os exercíci-os físicos regulares são vistos como funda-mentais na prevenção de quedas e no con-trole postural de idosos.19 Alves et al.,10 ava-liando o efeito da hidroginástica em pré epós-teste, encontraram melhoras no equilí-brio dinâmico de idosas e Etchepare et al.9demonstraram a mesma tendência em ido-sas após 20 sessões de exercícios.

Esta afirmação se confirma nas diferen-ças encontradas entre os dois grupos, na va-riável COPml, na P1, posição esta de menorbase de apoio, na qual o grupo de idosos semostrou com melhor estabilidade. Nas de-mais variáveis, a prática da hidroginástica nãofoi fator diferenciador em relação ao equilí-

brio, mas deve-se salientar que indivíduosidosos que praticam exercícios físicos apre-sentam resultados similares de equilíbriocomparados a adultos sedentários.

No presente estudo, pode-se destacar ainfluência da informação visual, já que amaioria das variáveis apresentou diferençasestatisticamente significativas em ambos osgrupos, quando a presença ou supressão dainformação visual foi comparada, indo aoencontro da literatura, pois diversos auto-res apontam aumento da oscilação corporalquando é retirada alguma fonte de infor-mação sensorial.16,20,21,17 Através da análise dasvariáveis, percebe-se que os valores encon-trados são maiores quando a informaçãovisual é manipulada.

No entanto, alguns autores sugerem queesta informação não é imprescindível aoequilíbrio.22,23,24 No estudo de Ramos,7 noqual foi avaliado o equilíbrio de idosos emapoio bipodal após exercícios envolvendocapacidades neuromotoras, força, capacida-de aeróbia, flexibilidade e exercícios respi-ratórios, a restrição da informação visual, ahidroginástica não proporcionou diferençasignificativa na área de deslocamento do cen-tro de pressão após a prática da atividade.Silva et al.,15 em estudo com jovens adultos eidosos, não encontraram diferenças quan-do a informação visual foi retirada.

A variável que apresentou os maioresvalores de excursão do COP foi a COPap,tanto com os olhos abertos quanto com osolhos fechados, como já é previsto pela lite-ratura.4,6,25,21 As maiores oscilações foram

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Equilíbrio Corporal em Idosos 163

encontradas na direção ântero-posterior,tanto para a amplitude, como para o deslo-camento médio do centro de pressão.26,20

Uma possível explicação estaria vinculadaao número de graus de liberdade na direçãoântero-posterior, relacionado ao maior nú-mero de articulações envolvidas para manu-tenção do equilíbrio, quando comparada àdireção médio-lateral, pois esta se resumiriabasicamente a articulação do quadril.16

Porém durante a P3 observam-se, emambos os grupos, valores superiores no sen-tido médio-lateral. Isto pode ser explicadopela diminuição da base de apoio, uma vezque ao deslocar o membro direito para fren-te, há um aumento na base no sentido ânte-ro-posterior e uma diminuição no sentidomédio-lateral.

Assim, pode-se dizer que a posição me-nos suscetível a interferência com a mani-pulação visual foi a P3, para ambos os gru-pos. No entanto, o DMml do grupo SE-DENT mostrou-se com valores estatistica-mente diferentes. Estes resultados podeminferir a interferência do exercício físiconesta posição para idosos que praticam hi-droginástica, uma vez que, mesmo com di-minuição da base de apoio no sentido mé-dio-lateral, como no caso da P3, o grupopraticante de hidroginástica apresentou va-lores estatisticamente iguais com e sem autilização da visão, o que não foi encontra-do para o grupo de sedentários.

Mesmo que Perrin et al. 27 tenham encon-trado como principal resultado o melhorcontrole postural em indivíduos esportis-

tas, principalmente em relação à supressãovisual, analisando-se especificamente osexercícios realizados durante a aula de hi-droginástica para idosos, pode-se afirmarque não há ênfase nos estímulos visuais, es-tando as maiores alterações relacionadas aosistema proprioceptivo, por meio do supor-te fornecido pela água, que fornece maiorindependência da postura corporal.7

O presente estudo limitou-se a verificarse a prática regular de hidroginástica influ-encia no equilíbrio corporal de idosos emtrês diferentes bases de apoio e com a mani-pulação da informação visual. Não se in-vestigou a influência de cada base de apoiosobre o equilíbrio do grupo de HIDRO eSEDENT.

Sugere-se a realização de estudos adicio-nais, a fim de se identificar a influência dotempo de prática, avaliando os idosos antese após a modalidade, e em indivíduos adul-tos sedentários com a mesma faixa etária. Aeficácia de diferentes modalidades, relacio-nando além do sistema visual, o sistemaproprioceptivo e vestibular, também sãoavaliações pertinentes e importantes pararealizar a prescrição do treinamento físicode idosos, tendo em vista as peculiaridadesinerentes a esse público.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados encontrados,pode-se sugerir que a hidroginástica, de for-ma geral, é uma boa atividade a ser pratica-da por idosos, uma vez que estes, quando

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comparados com indivíduos sedentários deidades inferiores, mostraram-se com valo-res similares de equilíbrio corporal. A su-pressão ou manipulação do sistema senso-rial causou maior dificuldade para a manu-tenção do equilíbrio corporal em ambos osgrupos de idosos. Estes resultados indicamser a informação visual uma importante

fonte sensorial para a estabilidade posturalem idosos.

Através dos resultados, percebe-se que ouso de diferentes bases de apoio pode ser umaimportante variável de investigação em futu-ros estudos, em função de as mesmas estarempresentes no dia-a-dia de qualquer indivíduo.

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Recebido em: 31/10/2007Reapresentado: 17/4/2008Aceito: 05/5/2008

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Palavras-chave:atividade motora;exercício; perfil desaúde;antropometria;gorduras na dieta;mulheres; saúde doidoso; DiabetesMellitus tipo 2;centros de saúde

Efeito do exercício físico aeróbio sobre o perfil lipídico de pacientesidosas, portadoras de Diabetes Mellitus tipo 2, atendidas emUnidade Básica de Saúde, Maringá, Estado do Paraná

Effect of aerobic physical exercise on the lipid profile in type 2diabetic elderly women attended in a basic health unit inMaringá, Paraná State, Brazil

ResumoEste estudo tem por objetivo verificar a influência de um programa de exer-cícios físicos aeróbios sobre o perfil lipídico de pacientes idosas, portadorasde Diabetes Mellitus (DM) tipo 2. Foram selecionados 40 pacientes do gêne-ro feminino com idade maior ou igual a 60 anos. A amostra foi distribuídaem dois grupos de 20 pacientes cada: Grupo Treinado, que recebeu orienta-ção nutricional e participou das sessões supervisionadas de exercício físicoaeróbio, e Grupo Controle, que recebeu somente orientação nutricional. Aintervenção teve a duração de 12 semanas. O protocolo de exercício foi apli-cado três vezes por semana, tendo cada sessão 1 h de duração. Os dadosobtidos mostraram que o protocolo desenvolvido promoveu redução signifi-cativa nos triglicerídeos séricos (pré-teste= 190 ± 76,67 e pós-teste= 125,33± 45,82 mg/dL, p<0,05) e no LDL-colesterol (pré-teste= 147,98 ± 29,98 epós-teste= 122,24 ± 17,61 mg/dL, p<0,05) no Grupo Treinado. Os resulta-dos permitiram concluir que o programa de exercícios adotado promoveumelhora no perfil lipídico de pacientes idosas portadoras de DM tipo 2,demonstrando a importância da prática de atividade física orientada emUnidades Básicas de Saúde.

AbstractThis study aims to evaluate the influence of a physical exercise program onthe lipid profile in type 2 diabetic elderly women. The patients were selectedfrom a Basic Unit of Health (Mandacaru - NIS II, Maringá, Paraná), that

Correspondência / CorrespondenceRoberto Kenji Nakamura CumanUniversidade Estadual de MaringáDepartamento de Farmácia e FarmacologiaAv. Colombo, 569087020-900 – Maringá, PR, BrasilE-mail: [email protected]

Carlos Alexandre Molena-Fernandesa

Idalina Diair Regla Carolinob

Rui Gonçalves Marques Eliasc

Nelson Nardo Juniord

Raquel Soares Tascad

Roberto Kenji Nakamura Cumand

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Key-words: motoractivity; exercise;health profile;anthropometry;dietary fats; women;health of the elderly;Diabetes Mellitus,type 2; health centers

attends 200 type 2 diabetic subjects. Among these patients, 40 women aged60 years or more were randomically selected. The sample was distributedin two groups of 20 patients each: the Trained Group (TG), that receivednutritional instructions and participated in supervised sessions of aerobicphysical exercise; Control Group (CG), that received only nutritionalinstructions. The exercises were applied three times a week, one hour eachsession. Results showed that the adopted protocol promoted a significantreduction in triglycerides levels (pre-test = 190 ± 76,67 and post-test =125,33 ± 45,82 mg/dL, p<0,05) and also in the LDL-cholesterol (pre-test =147,98 ± 29,98 and post-test = 122,24 ± 17,61 mg/dL, p<0,05) for the TG.Therefore, we concluded that the adopted exercise program improved thelipid profile in type 2 diabetic elderly women, showing the importance ofpracticing oriented physical activity in health primary units.

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento popu-lacional no Brasil é um dos mais acelera-dos do mundo. Segundo dados do Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatística,1

referentes ao censo de 2000, do total dehabitantes, 15,5 milhões tinham 60 anosou mais, representando 10% da popula-ção geral. Projeções para 2025 indicamque esse número poderá ser superior a30 milhões, correspondendo a 15% dapopulação total estimada e colocandonosso país em sexto lugar do mundo noque se refere à população idosa em ter-mos absolutos.2

Por outro lado, com o aumento pro-gressivo da idade, há diminuição do envol-vimento do número de pessoas em ativida-des físicas vigorosas, moderadas e da vidadiária, que promovem decréscimo da ca-pacidade física.3,4 Tal fato tem sido associa-do ao aumento da prevalência de doençascrônico-degenerativas não-transmissíveis,tais como: a doença coronariana, o aciden-

te vascular cerebral, a osteoartrite, os pro-blemas respiratórios, os desvios posturais,a obesidade, a hipertensão e o DiabetesMellitus (DM) tipo 2.5,6

O DM é uma das principais síndromesde evolução crônica que acometem a popu-lação nos dias atuais. Entre as diferentes clas-sificações do diabetes, o DM tipo 2 é o demaior incidência, responsável por aproxi-madamente 90% dos casos.7,8 É evidente aepidemia de DM na atualidade, com proje-ções alarmantes para este século, especial-mente nos países em desenvolvimento.9 Em1985, eram 30 milhões de pacientes no mun-do todo. Uma década mais tarde, o núme-ro quadruplicou (135 milhões). De acordocom a Organização Mundial da Saúde,10 em2000 existiam 177 milhões, mas esse qua-dro deverá aumentar para 370 milhões até2030. Nas Américas, o número de indiví-duos com diabetes foi estimado em 35 mi-lhões para o ano 2000 e projetado para 64milhões em 2025.7 No Brasil, um estudomulticêntrico de base populacional, condu-zido em 1988 em nove capitais, demonstrou

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prevalência de 7,6% de diabetes na popula-ção urbana com idade de 30 a 69 anos.11

A idade do aparecimento do DM tipo2 é variável, embora seja mais frequenteapós os 40 anos de idade, sendo a maiorincidência ao redor dos 60 anos.12,13 Comrelação ao gênero, a incidência e a preva-lência do DM tipo 2 é 1,4 a 1,8 vezes maisfreqüente nas mulheres do que nos ho-mens.14 Associando estes dados ao aumen-to da prevalência dessa enfermidade napopulação, estima-se que a maioria dosdiabéticos, nos próximos anos, será cons-tituída de mulheres idosas.8

Dados da OMS,10 mostram significati-va elevação da mortalidade de indivíduoscom DM, tipos 1 e 2, na presença de disli-pidemias. Por outro lado, são numerosasas evidências de que o tratamento da disli-pidemia tem se mostrado benéfico no con-trole de doenças vasculares em indivíduosdiabéticos.15,16,17,18

O exercício físico regular promove me-lhora do perfil lipídico; sendo o exercícioaeróbio aquele que mais atua no metabolis-mo das lipoproteínas que elevam a concen-tração sanguínea do HDL-colesterol e re-duz o colesterol total.19 Além disso, reduzas concentrações plasmáticas dos triglicerí-deos, apesar de a diminuição do LDL-co-lesterol ainda permanecer controversa.20,18

Sendo assim, o controle dos lipídeos san-güíneos, além da hiperglicemia, tem sidorecomendado para pacientes diabéticos, jáque as dislipidemias são as maiores responsá-

veis pela morbidade e mortalidade dos por-tadores dessa patologia.21,22 Além disso, aAmerican Diabetes Association23 refere queo tratamento inicial da dislipidemia em pa-cientes diabéticos deve ser o controle nutri-cional e a prática de atividade física.

Apesar de vários estudos recomendaremque o exercício físico deva fazer parte daterapia não-medicamentosa do DM tipo 2há poucos relatos sobre o papel do exercí-cio físico nas alterações lipídicas em pacien-tes idosos, portadores de DM tipo 2. Dian-te disso, o objetivo do presente estudo foiverificar a influência de um programa deexercícios físicos aeróbios sobre o perfil li-pídico em pacientes idosas, portadoras deDM tipo 2.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

As mulheres idosas selecionadas paracompor a amostra deste estudo estavam ca-dastradas na Unidade Básica de Saúde Man-dacaru – NIS II, Maringá, Estado do Para-ná, que atende um total de 200 pessoas por-tadores de DM tipo 2. Os critérios de in-clusão foram: a) ser portador de diabetestipo 2 há pelo menos cinco anos e não apre-sentar nenhuma doença incapacitante paraa prática de exercícios físicos; b) ser do sexofeminino, com idade maior ou igual a 60anos; c) disponibilidade para participar dassessões de atividade física três vezes por se-mana e das avaliações bioquímicas e antro-pométricas; e d) não estar praticando ativi-dade física regular há pelo menos seis me-

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ses. Assim, das 200 pessoas com DM tipo 2cadastradas nessa Unidade Básica de Saúde,40 foram selecionadas para este estudo, poisatenderam aos critérios acima descritos.

No início da pesquisa, todas as mulhe-res selecionadas foram esclarecidas quantoaos objetivos e à metodologia a ser utiliza-da, tendo sido obtido o consentimento in-dividual por escrito. O presente trabalhoteve aprovação do Comitê de Ética em Hu-manos da Universidade Estadual de Marin-gá (Registro n° 092/2004. Parecer n° 178/2004). Num segundo momento, as 40 mu-lheres selecionadas foram distribuídas demaneira aleatória, por meio de sorteio, for-mando dois grupos de 20, conforme des-crição a seguir: Grupo Treinado (T) – rece-beu orientação nutricional e participou dassessões supervisionadas de exercício físicoaeróbio; Grupo Controle (C) – recebeusomente orientação nutricional.

A intervenção teve a duração de 12 se-manas, no período de agosto a outubro de2005. O protocolo de exercício foi aplicadotrês vezes por semana, em dias alternados,sendo uma sessão por dia e cada sessão comuma hora de duração.

Protocolo das Sessões de ExercícioFísico

a) Fase inicial (8 min.) – exercícios paraaquecimento articular e fisiológico;

b) Fase principal (45 min. de exercícioaeróbio) – caminhada acelerada, mantendointensidade de leve a moderada (frequência

cardíaca (FC) entre 50% a 80% da FC máxi-ma para a idade), segundo o American Co-llege of Sports Medicine.24

c) Fase final (7 min.) – exercícios de alon-gamento muscular e relaxamento, visandoao retorno da FC aos níveis de repouso emelhoria da flexibilidade.

Instrumentos

Foi aplicado um questionário estrutu-rado abordando: a) características demográ-ficas e socioeconômicas das pacientes (ida-de, estado civil, nível de escolaridade, nú-mero de pessoas no domicílio e renda fami-liar mensal); b)características do padrão deatividade física (freqüência e duração da prá-tica de exercícios físicos); c) característicasclínicas (antecedentes patológicos familiarese história clínica pessoal); d) freqüência doconsumo de cigarros e de bebidas alcoóli-cas; e e) uso de medicamentos.

Os questionários foram aplicados emforma de entrevista por uma equipe previa-mente treinada, composta por entrevistado-res com nível de escolaridade superior e comexperiência prévia de trabalho de campo.A coleta de dados foi realizada antes e apóso período de intervenção. As medidas an-tropométricas (peso, altura e circunferênci-as da cintura e quadril) foram realizadas emduplicata, sendo utilizada a média aritmé-tica dos valores.

Para as medidas de estatura, foi utiliza-do um estadiômetro de madeira, com esca-la de precisão de 0,1 cm com um cursor

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acoplado para facilitar a leitura. A determi-nação da estatura foi realizada pela coloca-ção da avaliada descalça posicionada sobre abase do estadiômetro, postura ereta, comos pés unidos, membros superiores penden-tes ao longo do corpo, tocando as superfí-cies posteriores do corpo na escala de me-didas. Utilizando-se o cursor, foi determi-nada a medida correspondente à distânciaentre a região plantar e o vértex, estando aavaliada em apnéia inspiratória e com a ca-beça orientada no plano de Frankfurt pa-ralela ao solo.

As medidas de peso corporal foram rea-lizadas, e foi utilizada uma balança de ala-vanca, marca Filizola, com precisão de 100g. No momento da realização dessa medi-da, a avaliada estava descalça e com o míni-mo de roupa possível. Para o registro damedida, solicitou-se que a avaliada se posi-cionasse no centro da plataforma da balan-ça e se mantivesse ereta, com os braços aolongo do corpo e com o olhar fixo à suafrente, para que não ocorressem oscilaçõesno momento do registro da medida. A ba-lança foi aferida antes do início das pesa-gens e a cada dez pesagens. A partir dosvalores obtidos com as medidas de estaturae peso corporal, foi calculado o índice deQuetelet ou índice de massa corpórea(IMC), de acordo com a seguinte relação:IMC = Peso corporal (kg) ÷ Estatura2 (m).

A cintura foi medida em cm, com fitamétrica inelástica, no ponto médio entre acrista ilíaca e a face externa da última coste-la e o quadril também em centímetros, comfita inelástica, foi medido no ponto onde se

localiza o perímetro de maior extensão en-tre os quadris e as nádegas. A relação cintu-ra-quadril (RCQ) foi obtida pelo quocien-te entre as circunferências da cintura e doquadril. Os dados referentes ao perfil lipí-dico e glicemia foram obtidos dos prontuá-rios dos pacientes fornecidos pela UnidadeBásica de Saúde Mandacaru – NIS II.

Análise Estatística

A análise estatística foi realizada pormeio do Programa Epi-Info (versão 6.0). Osresultados foram expressos em freqüência epercentual para as variáveis qualitativas e emmédia ± desvio-padrão para as variáveisquantitativas. As diferenças pré e pós-testeforam determinadas por meio do teste ‘t’de Student, e P<0,05 foi utilizado comonível de significância. Utilizou-se, ainda, odelta percentual (Δ%) para verificar as dife-renças pré e pós-intervenção em cada gru-po em termos percentuais.

RESULTADOS

Das 20 mulheres selecionadas para oGrupo Treinado, todas aderiram às ses-sões de exercício na primeira semana. En-tretanto, ao longo do estudo ocorreu umaevasão de 40% (8 pacientes). Entre as 12pacientes restantes deste grupo, a freqüên-cia média de participação nas sessões deatividade física foi de 92%. Destas, umanão realizou as avaliações antropométri-cas finais. Diante disto, ao final dos trêsmeses de intervenção, o Grupo Treinado

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apresentou índice de desistência de 45%.Sendo assim, considerou-se para este estu-do uma população de 11 pacientes que par-ticiparam efetivamente das caminhadas erealizaram todos os testes.

Em relação ao Grupo Controle, que tam-bém iniciou o estudo com 20 pacientes, aperda amostral foi menor. Ao final do perío-do de intervenção, apenas quatro pacientes(20%) não realizaram os exames e as avalia-ções antropométricas, ficando a amostra fi-nal constituída de 16 pacientes.

Na tabela 1, verifica-se freqüência maiorde pacientes na faixa etária de 60 a 69 anos(74%). Em relação à escolaridade, observou-se baixo nível de instrução entre as pacien-tes, sendo que 30% eram analfabetas, 63%cursaram o ensino fundamental e apenas 7%concluíram o ensino médio. Os dados derenda per capita indicaram baixo nível econô-mico da população, com 74% das pacientesrecebendo até um salário mínimo; 22% re-cebendo de um a três salários e apenas 4%recebendo acima de três salários mínimosper capita mensalmente.

Tabela 1 – Características sóciodemográficas das pacientes idosas com DM tipo 2 atendidas naUnidade Básica de Saúde NIS – II Mandacaru, Maringá – Estado do Paraná, 2004.

Var iáveis Frequência %

Idade (anos)

60 – 69

70 – 79

80 anos ou mais

20

06

01

74

22

04

Escolaridade

Nenhuma

1ª a 4ª séries (Ensino Fundamental)

5ª a 8ª séries (Ensino Fundamental)

Ensino Médio

08

10

07

02

30

37

26

07

Renda Familiar per capita

(salário-mínimo)

< 0,5

0,5 – 0,99

1 – 1,99

2 – 2,99

3 ou mais

03

17

04

02

01

11

63

15

07

04

A média de idade entre os grupos estuda-dos foi semelhante, sendo de 68,13 anos (Gru-po Controle) e 68,55 (Grupo Treinado). Com-parando-se os parâmetros antropométricos e

bioquímicos iniciais, observou-se também dis-tribuição bastante homogênea entre os grupos,não sendo observadas diferenças estatisticamentesignificativas em nenhuma variável (tabela 2).

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Exercício físico e perfil lipídico de pacientes idosas 173

Importante destacar que os valores mé-dios de IMC, circunferência da cintura eRCQ indicam uma população de pacientesacima do peso, com obesidade abdominal(visceral) predominante. Os dados obtidosno Grupo Controle indicam um IMC mé-dio de 29,9 kg/m², limítrofe para obesida-de, e no Grupo Treinado a média do IMCfoi de 30,18 kg/m², valor este classificadocomo obesidade.25 Em relação à medida dacircunferência da cintura, os dois gruposapresentaram uma média de 103 cm, valormuito superior aos 88 cm considerado comoponto de corte para indicar obesidade vis-ceral (andróide) em mulheres.26 Os valoresda RCQ também confirmam a presença deobesidade visceral nos grupos estudados,com valores de 0,98 e 0,99, nos GruposControle e Treinado, respectivamente. Es-tes valores também estão bem acima dos va-

lores de corte estabelecidos como indicado-res de obesidade andróide, 0,85 para mu-lheres.27

Em relação às variáveis antropométricas,em ambos os grupos não se observaram dife-renças significativas em nenhuma variávelapós os três meses de intervenção (tabela 2).Entretanto, foi verificada discreta diminui-ção de 1,31 kg (-1,8%) na média do peso cor-poral do Grupo Treinado, enquanto que noGrupo Controle esta redução foi de 0,45 kg(-0,62%). Conseqüentemente, houve peque-na redução no IMC nos grupos estudados e,no Grupo Treinado, o IMC passou de 30,18Kg/m² (faixa de obesidade) para 29,63 Kg/m² (faixa de sobrepeso), após a intervenção.Neste mesmo grupo, em relação à circunfe-rência da cintura, foi observada diminuiçãomédia de 1cm (-1%) com o treinamento.

Tabela 2 – Características antropométricas dos pacientes Diabéticos Exercitados (Grupo Treinado) eDiabéticos não exercitados (Grupo Controle) pré (antes) e pós (após) a intervenção. Maringá, PR, 2004.

Grupo Controle (n=16) Grupo Treinado (n=11)

Pré Pós Δ% Pré Pós Δ%

PESO (Kg) 72,6 ± 12,38 72,15 ± 11,52 -0,62 70,6 ± 10,1 69,29 ± 9,62 -1,9

ESTATURA (m) 1,56 ± 0,06 1,56 ± 0,06 0,0 1,53 ± 0,07 1,53 ± 0,07 0,0

IMC (Kg/m²) 29,91 ± 4,56 29,75 ± 4,31 -0,55 30,18 ± 3,78 29,63 ± 3,73 -1,8

CINTURA (cm) 103,25 ± 10,10 103,31 ± 10,03 0,06 103,4 ± 10,10 102,4 ± 10,15 -1

QUADRIL (cm) 105,63 ± 12,54 105,67 ± 12,43 0,04 104,3 ± 10,89 104 ± 10,45 -0,3

RCQ 0,98 ± 0,08 0,98 ± 0,09 0,0 0,99 ± 0,07 0,98 ± 0,07 -1

Observou-se, conforme a tabela 3, quenenhum parâmetro bioquímico sofreu al-teração significativa no Grupo Controleapós o período de intervenção. Quanto

ao Grupo Treinado, após o programa detrês meses de exercício físico aeróbio, ob-servou-se diminuição estatisticamente sig-nificativa nos valores médios do LDL-co-

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lesterol e dos triglicerídeos. Em relaçãoàs outras variáveis bioquímicas, apesar denão apresentarem diferenças significativas,houve importante decréscimo nas médias

da glicemia (14,81%), do colesterol total(9,24%) e do VLDL-colesterol (34,19%),além de considerável aumento no HDL-colesterol (12,18%).

Tabela 3 – Características bioquímicas dos pacientes Diabéticos Exercitados (Grupo Treinado) eDiabéticos não exercitados (Grupo Controle) pré (antes) e pós (após) a intervenção. Maringá, PR, 2004.

Grupo Controle (n=16) Grupo Treinado (n=11)Concentrações em(mg/dl) Pré Pós Δ% Pré Pós Δ%

GLICEMIA 139,3 ± 34,4 140,5 ± 36,8 0,8 158,8 ± 60,0 135,3 ± 45,4 -14,8

COLESTEROL TOTAL 218,5 ± 39,2 206,5 ± 32,1 -5,5 222,6 ± 31,7 202,0 ± 23,4 -9,2

HDL-colesterol 43,5 ± 9,1 45,7 ± 16,8 5,2 48,8 ± 9,8 54,8 ± 13,7 12,2

LDL-colesterol 139,3 ± 28,7 130,1 ± 19,2 -6,6 147,9 ± 29,9 122,2 ±17,6* -17,4

VLDL-colesterol 35,8 ± 13,2 31,2 ± 11,6 -12,7 38,0 ± 15,3 25,0 ± 9,2 -34,2

TRIGLICERÍDEOS 178,9 ± 66,2 156,8 ± 57,8 -12,3 190,3 ± 76,7 125,3 ±45,8* -34,1

* Diferença significativa entre os momentos pré e pós-intervenção (p<0,05, t de Student).

DISCUSSÃO

Neste estudo observou-se baixo índicede aderência ao programa de intervenção.Apesar das vantagens da prática regular deatividade física, grande parte dos diabéti-cos é inativa ou se exercita em níveis insufi-cientes para alcançar resultados satisfatóri-os para a saúde.28 A baixa adesão ao trata-mento constitui um dos maiores proble-mas enfrentados pelos profissionais de saú-de. A aderência é pior em situações querequerem tratamentos longos, de naturezapreventiva e quando há necessidade de al-teração no estilo de vida, como é o caso daatividade física.29

Dados da literatura têm apontado que amaioria das desistências ocorre durante os

três meses iniciais, com resultados semelhan-tes em todas faixas etárias, independentemen-te do sexo.28,30 Uma extensa revisão apontouque apenas 19% a 30% dos pacientes diabéti-cos aderem às prescrições de exercícios.31 Ograu de aderência à atividade física, neste tra-balho, foi de 55%, valor superior aos dadosencontrados em outros estudos, evidencian-do que pessoas idosas tendem a aderir mais àprática regular de atividades físicas dos queos adultos em geral, fato também observadoem outras pesquisas.32,33

Quanto aos dados sociodemográficos, apopulação estudada apresentava, em suamaioria (74%), indivíduos compreendidosentre a faixa dos 60-69 anos de idade. Ob-serva-se, ainda, que se trata de uma popula-ção de baixa ou nenhuma escolaridade e de

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baixo poder aquisitivo. Em estudo realiza-do na mesma Unidade Básica de Saúde, fo-ram encontrados valores semelhantes emrelação às variáveis socioeconômicas,34 maspara pacientes portadores de hipertensão,doença co-existente ao DM tipo 2.

O excesso de peso atinge cerca de umterço da população adulta e tem apresenta-do tendência crescente nas últimas décadas,mesmo entre as pessoas idosas.8 Estima-seque entre 80% e 90% dos indivíduos aco-metidos pelo DM tipo 2 são obesos ou es-tão acima do peso.35,36

Em nossa pesquisa observamos, pela ava-liação antropométrica, que os pacientes apre-sentavam excesso de peso, com obesidade vis-ceral predominante, confirmando dados deoutros estudos que revelam que a obesidadee/ou sobrepeso estão presentes na maioriados pacientes diabéticos tipo 2.22,18

O perfil bioquímico dos dois grupos(Controle e Treinado) indicou que as paci-entes apresentavam alterações importantesno perfil lipídico. Essas alterações podemcontribuir significativamente para aumen-tar o risco de doenças cardiovasculares empacientes com diabetes. Os dois principaiscomponentes da dislipidemia diabética sãoos níveis elevados de triglicerídeos e os bai-xos níveis de HDL-colesterol, ambos consi-derados os maiores preditores de doençascardiovasculares.22,18

Neste estudo, os valores médios iniciaisdos triglicerídeos foram de 178,89 mg/dLpara o Grupo Controle e de 190,3 mg/dl

para o Grupo Treinado, valores estes superi-ores a 150 mg/dL, recomendado pela ADA.18

Quanto ao HDL-colesterol, a ADA18 reco-menda que, para pacientes diabéticos, o va-lor de referência deve ser superior a 45 mg/dL. Em nosso estudo, observamos que osvalores médios do HDL-colesterol do Gru-po Controle estavam reduzidos (43,48 mg/dL), enquanto que no Grupo Treinado fo-ram mais elevados (48,82 mg/dL).

Estudos têm verificado que por meio demudanças no estilo de vida, como umamelhor dieta e incremento da atividade físi-ca, é possível melhorar o quadro de dislipi-demia em diabéticos, principalmente na re-dução dos triglicerídeos e aumento doHDL-colesterol.8,18,37,38,39 Entretanto, em re-lação ao LDL-colesterol, os dados da litera-tura são menos conclusivos, mas a maioriados pacientes diabéticos possui taxas eleva-das de LDL-colesterol. De acordo com osresultados do Third National Health and Nutri-tion Examination Survey (NHANES III),40 porexemplo, 84,6% dos pacientes com DM tipo2 têm os níveis de LDL-colesterol acima doótimo (100mg/dL).Neste estudo, tambémobservamos valores médios de LDL-coleste-rol acima do recomendado (139,28 e 147,98mg/dL) para os grupos Controle e Treinado,respectivamente. Nesse sentido, observou-seque a amostra selecionada para este estudoapresentava, em seu início, dois importantesfatores de risco cardiovascular associados aoDM tipo 2: obesidade e dislipidemia.

Em relação às variáveis antropométricas,não foram observadas diferenças significati-vas após a intervenção. Entretanto, verifi-

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cou-se diminuição discreta nos valores mé-dios do peso (-1,31kg), no IMC (-0,55) nacircunferência da cintura (-1 cm) e do qua-dril (-0,3cm) e na RCQ (-0,01) enquanto queno Grupo Controle, os valores médios semantiveram semelhantes ou até aumentaramem algumas variáveis. Estes dados corrobo-ram achados de outros estudos que não en-contraram diferenças significativas na mas-sa corporal de sujeitos diabéticos submeti-dos ao exercício físico.21,41,42,43

Entretanto, outros estudos evidenciaramque o treinamento com exercícios físicosaeróbios diminui a massa corporal em indi-víduos com diabetes.44,45,46 A maioria destesestudos, além da intervenção através da ati-vidade física, associou uma dieta controla-da aos pacientes.

Quanto à glicemia de jejum, apesar denão ser observada diferença significativapós-intervenção, a diminuição em termospercentuais para o Grupo Treinado foi bas-tante superior ao Grupo Controle (14,81%versus 0,83%). Dados obtidos, após a realiza-ção de uma extensa meta-análise, revelaramque a prática regular de exercício físico re-duz a hemoglobina glicosilada em pacien-tes com DM tipo 2.21 Entretanto, quandose trata da glicose sangüínea de jejum, al-guns estudos evidenciam que o exercício fí-sico reduz os níveis de glicemia em diabéti-cos,42,44,45,46 enquanto que, em outros estu-dos, não se demonstrou esse benefício deforma conclusiva.47,48

Quanto aos lipídios sangüíneos, após aintervenção observamos diferenças signifi-

cativas para os valores de triglicerídeos e deLDL-colesterol no Grupo Treinado. Em-bora não significativa, este mesmo Grupoapresentou valores médios de colesterol to-tal e VLDL-colesterol menores, e o HDL-colesterol maior, após o programa de exer-cício, sugerindo que o exercício físico podeminimizar este risco cardiovascular em pa-cientes com DM tipo 2. No Grupo Con-trole, não foi observada diferença significa-tiva em nenhuma variável bioquímica, ape-sar de uma ligeira diminuição no colesteroltotal, LDL-colesterol e triglicerídeos, su-postamente causada pela provável mudançanos hábitos alimentares pela orientaçãonutricional recebida por este grupo duranteo período de intervenção.

Diversos estudos têm destacado o im-portante papel do exercício físico na dimi-nuição dos triglicerídeos e no aumento doHDL-colesterol em pacientes portadoresdo DM tipo 2.18,39,46 Entretanto, poucos es-tudos demonstram efeito significativo namelhora dos níveis de LDL-colesterol emsujeitos portadores de DM, tipo 2,18 fatoeste divergente dos resultados observadosneste estudo, no qual os valores do LDL-colesterol se reduziram significativamentee os valores de HDL-colesterol aumenta-ram modestamente.

Os resultados deste estudo mostraramum papel benéfico do exercício em me-lhorar o perfil lipídico das pacientes ido-sas com DM tipo 2. Observou-se redu-ção significativa nos triglicerídeos e noLDL-colesterol. Além disso, os níveismédios de HDL-colesterol aumentaram

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em 12,18% no Grupo Treinado, contra5,15% do Grupo Controle. Estes dadoscorroboram os resultados de outros estu-dos que também demonstraram que a res-posta ao exercício físico melhora os níveisde colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol e triglicerídeos.44,45 Segundo aADA,18 a atividade física tem demonstra-do ser eficiente também em diminuir onível de VLDL-colesterol em indivíduoscom DM tipo 2. No presente estudo, ape-sar de não significativa, observou-se redu-ção nos valores médios de VLDL do Gru-po Treinado de 34,19%, após o programade exercício físico, enquanto no GrupoControle esta redução foi de 11,63%.

Considerando os critérios de um bomcontrole metabólico para o paciente diabé-tico tipo 2,22 em relação à glicemia de je-jum, o valor médio após a intervenção(135,28mg/dL) estava dentro dos níveis acei-táveis (116-140mg/dL). Quanto ao HDL-colesterol, o valor médio final de 54,77 mg/dL também foi considerado como bom paramulheres diabéticas (>45). Após a interven-ção, os valores sangüíneos de triglicerídeose do LDL-colesterol apresentaram valoressignificativamente melhores, enquadrando-se inclusive na faixa da normalidade parapacientes com DM, tipo 2, demonstrandoo papel do exercício físico na normalizaçãodestes parâmetros bioquímicos.

CONCLUSÕES

O programa regular de exercício físicoaplicado no presente estudo melhorou os

níveis de lipídios sangüíneos na populaçãoestudada, diminuindo significativamente osvalores médios dos triglicerídeos e do LDL-colesterol, e aumentando consideravelmen-te os valores de HDL-colesterol.

Não ficou evidente, neste estudo, o efeitodo exercício físico na redução da massa cor-poral e da glicemia de jejum das pacientescom DM tipo 2, apesar de ter sido observa-da discreta redução no peso corporal, IMCe nos valores médios da glicose sangüíneano Grupo Treinado.

Os resultados deste estudo permitiramconcluir que um programa regular deexercícios físicos aeróbios, de intensidademoderada, promoveu melhoria no perfillipídico em idosas portadoras de DM tipo2, uma vez que o Grupo Treinado, apóso programa de três meses de exercício fí-sico aeróbio, apresentou diminuição es-tatisticamente significativa nos valoresmédios do LDL-colesterol e dos triglice-rídeos, além de considerável aumento noHDL-colesterol.

NOTAS

a Professor de Educação Física, Doutorando em Ciên-cias Farmacêuticas, Universidade Estadual de Maringá,Docente da Faculdade Estadual de Educação, Ciên-cias e Letras de Paranavaí (FAFIPA).

b Nutricionista, Mestra, Docente da Universidade Es-tadual de Maringá, Paraná.

c Professor de Educação Física, Mestre em Ciências daSaúde, Universidade Estadual de Maringá.

d Professores Doutores, Universidade Estadual deMaringá, Paraná.

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Recebido em: 29/8/2007Reapresentado: 25/4/2008Aprovado: 05/5/2008

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RTIC

LES

Palavras-chave:idoso; estudos deavaliação; equilí-brio musculos-quelético; marcha;saúde do idosoinstitucionalizado;instituição de longapermanência paraidosos; epide-miologia descritiva;estudos transver-sais; escalas;Catanduva (SP)

Equilíbrio e marcha de idosos residentes em instituiçõesasilares do município de Catanduva, SP

Balance and gait of elderly people at retirement homes in Catanduva city, SP, Brazil

Daniela Cristina Lojudicea

Milton Roberto Lapregab

Priscila Maria Gardezanic

Priscila Vidald

ResumoOs aspectos cognitivos relacionados ao envelhecimento precisam ser maisinvestiO presente trabalho tem como objetivos avaliar o equilíbrio e mar-cha de idosos institucionalizados e caracterizar os idosos que se apresenta-ram com alterações no equilíbrio e marcha segundo sexo, faixa etária, esta-dos visual e auditivo. Este estudo, do tipo descritivo e de caráter transversal,foi realizado nas instituições asilares do município de Catanduva (SP), cons-tituído de idosos de ambos os sexos. Os idosos foram responderam primei-ramente a um questionário que trazia informações sobre identificação econdições de saúde. O equilíbrio e marcha foram avaliados através da Esca-la de Equilíbrio e Marcha de Tinetti. Foram avaliados 105 idosos, sendo 62(59%) do sexo feminino e 43 (41%) do sexo masculino. A idade variou de 60a 97 anos, com média de 79,2 +

- (9,7) anos para o sexo feminino e 73,2 +- (9,3)

anos para o sexo masculino. Houve associação entre dificuldade no equilí-brio e marcha e sexo feminino (p=0,003); faixa etária (p= 0,004) e dificulda-de na visão (p= 0,008). Não houve diferença entre dificuldade no equilíbrioe marcha e deficiência auditiva. De acordo com os resultados, concluiu-seque entre os idosos residentes em asilos da cidade de Catanduva, os distúr-bios do equilíbrio e marcha estão associados à idade avançada, sexo femini-no e à deficiência visual.

Universidade de São PauloFaculdade de Medicina, Ciências MédicasRibeirão Preto, SP, Brasil

Correspondência / CorrespondenceDaniela Cristina LojudiceRua Corumbá, 41115804-345 – Catanduva, SP, BrasilE-mail: [email protected]

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Key words: aged;evaluation studies;musculoskeletalequilibrium; gait; healthof institutionalizedelderly; homes for theaged; epidemiologydescriptive; cross-sectional studies; scales;Catanduva city (SP)

AbstractThis paper aims to evaluate balance and gait in elderly people who live atretirement homes and to characterize alterations in balance and walkaccording to sex, age, vision and hearing. The research, of descriptive typeand transversal character, was conducted at Catanduva city’s retirementhomes, with elderly people of both sexes. Firstly, the elderly answered aquestionnaire with information about identification and health conditions.Balance and gait were evaluated through Tinetti Balance and Gait Scales.One hundred and five elders were evaluated, being 62 (59%) women and 43(41%) men, aged between 60 to 97 years, being 79,2 ± 9,7 years to females and73,2 ± 9,3 years to males. There was association between balance and gait’sdifficulty and female sex (p=0,003); age (p=0,004) and vision’s difficulty(p=0,008). There was no difference between balance and gait and hearingdisability. According to the results, the conclusion is that in Catanduvacity’s retirement homes balance and gait disability are associated with age,female sex and vision disability.

INTRODUÇÃO

A população idosa vem crescendo desdeo início da década de 1960 em decorrênciado aumento da taxa de fecundidade e daredução da taxa de mortalidade levando,portanto, ao estreitamento da base da pirâ-mide populacional.1,2

Dados do Censo de 2000 apontam quepessoas com idade acima de 60 anos repre-sentam 8,56% da população brasileira, dosquais 55% são mulheres. A expectativa devida da população brasileira foi estimada em68 anos e 7 meses.3

De acordo com Freitas et al.,2 o envelhe-cimento se define como a manifestação deeventos biológicos que ocorrem ao longode um período, em ritmos diferentes paracada pessoa. Representa as perdas na fun-ção normal que continuam até a longevidade

máxima. Papaléo Netto4 conceitua o enve-lhecimento como um processo dinâmico eprogressivo, no qual há modificaçõesmorfológicas, funcionais, bioquímicas epsicológicas que determinam a perda dacapacidade de adaptação do indivíduo aomeio ambiente, causando maiorvulnerabilidade e maior incidência de pro-cessos patológicos que terminam por levá-lo à morte.

À medida que o indivíduo envelhece,ocorrem alterações nos seus sistemas emgeral, levando ao aparecimento de doençascrônicas, declínio da capacidade funcional,perda da autonomia e independência.5-8

De acordo com Baloh et al.,9 Boers et al.5e Steadman et al.,10 o equilíbrio é um dossistemas mais afetados com o envelhecimen-to, o que propicia o surgimento de instabi-lidades e a ocorrência de quedas entre ido-

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sos. Esses autores ainda relatam que as que-das irão resultar em consideráveis custos deserviços sociais e da saúde, devido às lesões,maior número de internações, bem comouma maior perda de confiança e dependên-cia nas atividades básicas funcionais.

A marcha também se altera com o en-velhecimento, em decorrência do acometimen-to de vários sistemas e órgãos responsáveis pelocontrole motor. Dessa forma, o idoso fica maissusceptível a tropeçar e a cair.9,11,12,13

Um dos testes mais utilizados com o obje-tivo de verificar os padrões de mobilidade edeterminar a possibilidade da ocorrência dequedas entre idosos é o “Performance -Oriented Mobility Assessment” (POMA).8Esse instrumento avalia o equilíbrio do idosoem diversas posições, além de avaliar a mar-cha. É um método confiável e sensível às mu-danças significativas.14

Embora já se tenha conhecimento deque os estados de equilíbrio e marcha sãoafetados com o envelhecimento, poucose sabe das reais dificuldades nesses siste-mas em idosos institucionalizados, mui-tas vezes considerados mais fragilizadose com maior dependência funcional.Diante disso, surgiu o interesse pelo pre-sente trabalho, que tem como objetivosavaliar os estados de equilíbrio e marchade idosos residentes em instituições asi-lares e caracterizar idosos que se apresen-taram com alterações no equilíbrio emarcha segundo sexo, faixa etária, esta-dos visual e auditivo.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Trata-se de estudo descritivo, de carátertransversal, realizado no período de agostoa dezembro de 2004, nas instituições asila-res do município de Catanduva, estado deSão Paulo.

A população do estudo foi constituídapor todos os idosos (60 anos ou mais), deambos os sexos, residentes nas instituiçõesasilares do município. Os idosos tiveram quese apresentar conscientes e orientados no tem-po e no espaço, capazes de interagirem emuma entrevista e estar institucionalizados porum período mínimo de seis meses. Todos osparticipantes assinaram o Termo de Consen-timento Livre e Esclarecido, segundo a Re-solução nº 196/96 do Conselho Nacionalde Saúde.15 Foram excluídos os idosos que serecusaram a participar do estudo, bem comoos que não deambulavam e aqueles com ida-de inferior a 60 anos.

Para a coleta de dados, utilizou-se entre-vista com um questionário com informa-ções referentes a sexo, faixa etária, estadosda visão e audição, prática de atividade físi-ca (período mínimo de três vezes semanais)e ocorrência de quedas nos últimos seismeses. Em seguida foi aplicada a Escala“Performance - Oriented MobilityAssessment” (POMA),8 que busca informa-ções sobre equilíbrio sentado, levantando-se, em pé e sentando; tentativas de se levan-tar, início da marcha; comprimento e altu-ra dos passos; direção; estabilidade do tron-co ao desenvolver o percurso e distância dos

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tornozelos.2 Essa escala apresenta pontua-ção máxima igual a 28, sendo que o escoremenor que 19 indica o risco cinco vezesmaior de quedas.8 De acordo com Whitneyet al.,14 a escala apresenta confiabilidadeinterativa adequada e validade de conteúdo.

Análise estatística dos dados: a análisedescritiva foi apresentada na forma de mé-dia, desvio padrão, valores mínimos e má-ximos para as variáveis numéricas. Para in-vestigar a associação entre baixo desempenhona escala de Tinetti - POMA (escore inferi-or a 19) e sexo, faixa etária e estados de visãoe audição, prática de atividade física e ocor-rência de quedas, foram utilizados os testesdo Qui-quadrado e exato de Fisher. O nívelde significância foi estipulado em 5%.

O presente trabalho foi aprovado peloComitê de Ética do Centro de Saúde Esco-la de Ribeirão Preto, SP.

RESULTADOS

A população estudada foi composta de105 idosos. Desses, 62 (59%) eram do sexofeminino. A idade dos idosos variou de 60a 97 anos, com média de 79,2 ± 9,7 anospara o sexo feminino e 73,2 ± 9,3 anos parao masculino.

Do total dos participantes do estudo, 52(49,5%) apresentaram alterações no equilí-brio e marcha, ou seja, apresentaram pon-tuação menor que 19 na escala de Tinetti(POMA), indicando maior risco de quedasnessa população.

Verificou-se, também, que dos 52 idososque se apresentaram com baixo desempenhono POMA, 36 (69,3%) eram do sexo femini-no. Houve diferença estatística significanteentre baixo desempenho no POMA e sexofeminino (p= 0,0036; tabela 1).

Tabela 1- Distribuição dos escores da Escala “Performance-Oriented Mobility Assessment” (POMA)na população idosa institucionalizada, segundo sexo, 2004.

Escores no

POMA

Sexo

Feminino % Masculino % Total

Escore < 19 36 69,3% 16 30,7% 52 49,5%

Escore 19 26 49,0% 27 51,0% 53 50,5%

Total 62 59,0% 43 41,0% 105 100%

<

No que tange à faixa etária dos idosos,dos 52 idosos que apresentaram escore in-ferior a 19 na escala de Tinetti, 10 (19,2%)tinham idade entre 60 e 69 anos, 14(26,9%), entre 70 e 79 anos, e 28 (53,9%)

tinham idade igual ou superior a 80 anos.Percebeu-se, portanto, que escores baixos naescala de avaliação de equilíbrio e marcha(POMA) são mais freqüentes entre pessoasmais velhas (p= 0,004; tabela 2).

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Quanto ao estado visual dos entrevistados,dos 52 idosos que se apresentaram com baixodesempenho na escala, 18 (34,6%) relataramter visão ruim, 21 (40,4%) ter visão regular e

somente 13 (25%) relataram ter boa visão.Houve diferença estatisticamente significanteentre baixo desempenho no POMA e difi-culdade visual (p= 0,008; tabela 3).

Tabela 2- Distribuição dos escores da Escala “Performance-Oriented Mobility Assessment” (POMA)na população idosa institucionalizada, segundo faixa etária, 2004.

Escores no

POMA

Faixa Etária

< 70 anos % 70-79 anos % 80 anos % Total

Escore < 19 10 19,2% 14 26,9% 28 53,9% 52 49,5%

Escore 19 17 32,0% 24 45,3% 12 22,7% 53 50,5%Total 27 25,7% 38 36,2% 40 38,1% 105 100%

<

<

Tabela 3 - Distribuição dos escores da Escala “Performance-Oriented Mobility Assessment” (POMA)na população idosa institucionalizada, segundo estado visual, 2004.

Escores no

POMA

Estado Visual

Bom % Regular % Ruim Total

Escore < 19 13 25,0% 21 40,4% 18 34,6% 52 49,5%Escore 19 28 52,8% 17 32,1% 8 15,1% 53 50,5%Total 41 39,0% 38 36,2% 26 24,8% 105 100%

<

No que se refere ao estado auditivo, dos52 idosos que se apresentaram com dificul-dades no equilíbrio e marcha, 32 (61,6%)relataram ter boa audição, 16 (30,8%), teraudição regular e apenas 4 (7,6%) relataramter audição ruim. Não houve diferença es-tatisticamente significante entre dificulda-de auditiva e baixo desempenho na escalade Tinetti.

Ao realizar o teste do Qui-quadrado paraverificar a associação entre baixo desempe-nho no POMA e prática de atividade físi-ca, verificou-se que não houve associação

significante entre eles (p= 0,073). Apesarde não ter havido relação entre essas variá-veis, constatou-se, no presente estudo, quedos 52 idosos que apresentaram baixo de-sempenho no POMA, 39 (75%) não exerci-am atividade física, ou seja, a dificuldadeno equilíbrio e marcha foi mais freqüenteentre aqueles idosos que não a praticavam.

Quanto à ocorrência de quedas, pode-se concluir que as quedas foram mais fre-qüentes (61,9%) entre os idosos que se apre-sentaram com baixo desempenho noPOMA (p=0,038; tabela 4).

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DISCUSSÃO

Podemos verificar, no presente trabalho,que a dificuldade no equilíbrio e marchaem idosos institucionalizadas, representadapelo baixo desempenho na escala de Tinetti,foi bastante freqüente, pois atingiu a meta-de da amostra estudada.

De acordo com Tinetti,10 Tinetti et al.,13

Whitney et al.,14 Baloh et al.,9 Rosa et al.7 eRodrigues et al.,6 as dificuldades de equilí-brio e marcha são freqüentes entre idosos,pois no decorrer do processo de envelheci-mento, as disfunções do aparelho locomotore do sistema sensorial são presentes e con-tribuem para instabilidade e ocorrência dequedas nessa população.

Os dados da presente investigação, refe-rentes ao menor desempenho na escala deTinetti ser maior no sexo feminino, nãoforam diferentes do estudo de Rodrigues etal.6 Esses autores avaliaram os estados deequilíbrio e marcha de 51 idosos residentesem asilos e verificaram que as mulheres apre-sentam maior déficit de equilíbrio e mar-cha em relação aos homens. As mulheres,além de se apresentarem com menor massa

muscular e conseqüente diminuição da for-ça muscular quando comparadas aos ho-mens, apresentam maior número de doen-ças crônicas, o que provavelmente contri-bui para uma menor capacidade funcionalnessa população.

Pode-se concluir, no presente estudo,que o déficit de equilíbrio e marcha foimaior entre os idosos mais velhos. É sabidoque, no decorrer do envelhecimento, os ido-sos adotam mecanismos compensatóriospara manter a postura adequada e uma mar-cha funcional, tais como: alargamento dabase de suporte, diminuição do compri-mento e altura do passo e a redução da velo-cidade da marcha. Dessa forma, o idoso estámais susceptível a tropeçar e a cair.8

Evidenciou-se, no presente estudo, quehouve associação significante entre baixodesempenho na escala de Tinetti e o estadovisual, apurando-se que os idosos com me-nor desempenho na escala foram aqueles querelataram ter dificuldade visual. Para Freitaset al.,2 o sistema visual é o mais importantesistema de informação sensorial, o qual en-via informações ao Sistema Nervoso Cen-tral e detecta os deslocamentos posturais

Tabela 4 - Distribuição dos escores da Escala “Performance-Oriented Mobility Assessment” (POMA)na população idosa institucionalizada, segundo ocorrência de quedas, 2004.

Escores no

POMA

Ocorrência de Quedas

Sim % Não % Total

Escore < 19 26 61,9% 26 41,3% 52 49,5%

Escore 19 16 38,1% 37 58,7% 53 50,5%

Total 42 40,0% 63 60,0% 105 100%

<

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sobre a posição e os movimentos do corpoem relação ao ambiente externo. A deterio-ração da perspicácia visual, bem como a di-minuição da velocidade de adaptação ao es-curo e o aumento do limiar de percepçãoluminosa, predispõe o idoso a um déficitde equilíbrio e marcha.6,9,11-13

Apesar de não ter havido relação positi-va entre dificuldade auditiva e deficiênciano equilíbrio e marcha no presente estudo,a literatura aponta que a diminuição da sen-sibilidade auditiva contribui para asdisfunções do equilíbrio e da locomoção e,como conseqüência, há maior probabilida-de da ocorrência de quedas.6,8,9,13 Desta ma-neira, exames periódicos com a finalidadede avaliar os estados de visão e audição de-vem ser frequentemente realizados, com ointuito de minimizar as chances de ocor-rência de quedas.

Quanto à prática de atividade física, ape-sar de não ter havido associação significanteentre ausência de atividade física e baixo de-sempenho no POMA, verificou-se, na pre-sente investigação, que a maioria dos idososcom baixo desempenho na escala de equilí-brio e marcha não exercia atividade física. Noestudo de Steadman et al.,10 foi comprovadoque idosos que realizavam atividades físicas,através de terapias convencionais e avançadas,apresentaram melhorias nos estados do equi-líbrio e da marcha, com conseqüente dimi-nuição do número de quedas. Segundo Boerset al.,5 a atividade física irá prevenir ouminimizar as mudanças decorrentes do pro-cesso de envelhecimento, reduzindo a inci-dência e a gravidade das quedas. Dessa ma-

neira, exercícios físicos devem ser enfatizados,pois beneficiam a saúde e melhoram a capa-cidade funcional.

Evidenciou-se, no presente estudo, quehouve associação significante entre baixo de-sempenho na escala de Tinetti e a ocorrênciade quedas, apurando-se que as quedas forammais freqüentes entre os idosos com menordesempenho na escala. Resultados semelhan-tes foram encontrados nos estudos de Perei-ra et al.12 e Baloh et al.9. As quedas são eventosimportantes na vida de idosos e interferem,de maneira negativa, na qualidade de vida dosmesmos. Diante disso, o reconhecimento dosidosos com maiores dificuldades para se man-ter em postura ortostática e para caminhar,bem como o incentivo à prática de fisiotera-pia, visando ao fortalecimento muscular e gan-ho de amplitude de movimento, são medidaspotencialmente úteis para trazer melhorias fí-sicas, psicológicas e sociais e reduzir, portan-to, as chances de quedas nessa população.

De acordo com Boers et al.,5 as quedastambém são causadas por fatores ambientais,como pisos irregulares ou molhados, ilu-minação deficiente e escadas sem corrimãos.Esses fatores são susceptíveis a alterações,podendo ser usados em programas de pre-venção das mesmas.

CONCLUSÕES

Concluiu-se que os déficits de equilíbrioe marcha são comuns entre idososinstitucionalizados na cidade de Catanduva-SP, sendo mais freqüentemente encontrados

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entre os idosos mais velhos, do sexo femini-no e naqueles com dificuldades visuais. Es-ses déficits contribuem para a ocorrênciade quedas nessa população, e algumas me-didas de controle e prevenção de distúrbiosde equilíbrio e marcha em idosos residen-tes em instituições asilares poderiam ser re-alizadas, destacando-se: o reconhecimentodos idosos com maiores dificuldades parase manter em postura ortostática e para ca-minhar; necessidade de exames periódicospara avaliar os estados de visão e audição eincentivo à prática de fisioterapia, visandoao fortalecimento muscular e ganho de am-plitude de movimento. O treinamento deequilíbrio e marcha são medidas potencial-

mente úteis para trazer melhorias físicas, psi-cológicas e sociais, além de reduzir aschances de quedas nessa população.

NOTAS

a Mestre em Ciências Médicas pela USP, docente daFaculdade de Filosofia, Ciências e Letras deCatanduva, SP.

E-mail: [email protected] Doutor em Medicina Preventiva, docente do Depar-

tamento de Medicina Social da Faculdade de Medici-na da USP, Ribeirão Preto, SP.

E-mail: [email protected],d Graduação em Fisioterapia pela Faculdade de Filo-

sofia, Ciências e Letras de Catanduva, SP.

E-mails: [email protected]; E-mail:[email protected]

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15. Brasil. Ministério da Saúde. ConselhoNacional de Saúde. Comissão Nacionalde Ética em Pesquisa. Resolução 196/96sobre pesquisa envolvendo sereshumanos. Brasília; 1996.

Recebido: 06/9/2007Revisado: 08/4/2008Aprovado: 30/4/2008

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ARTIGOS O

RIGINAIS

/ O

RIGINAL

ARTICLES

Palavras-chave:

estudos de

avaliação; seguran-

ça de equipamen-

tos; equipamentos

e provisões /

utilização; ativida-

de motora ; idoso

Avaliação da segurança na utilização de aparelhos demusculação por idosos

Safety evaluation in the use of fitness equipment by the elderly

Carlos Eduardo Gonçalves Simas .

Henrique Riera de FariasMarcio Michel Gil

Renato LandimHomero da Silva Nahum Junior

ResumoO estudo teve como objetivo avaliar a segurança na utilização de aparelhosde musculação por indivíduos idosos, e para tanto foram entrevistados 90voluntários, sendo 64 mulheres (71,11%) e 26 homens. (28,89%). Os dadosforam coletados por meio de questionário cujas respostas foram tratadaspela análise de freqüência e posteriormente comparadas pelo teste Qui-quadrado (á = 0,05). Foi possível concluir que a prática da musculação sedeu com objetivo de saúde (60,83%), sendo a hidroginástica a outra moda-lidade de interesse do grupo (80,00%). Declararam ter alguma dificuldadenos aparelhos 54,44% dos voluntários,, particularmente esteira, leg press,cadeira extensora, supino ou pulley. Apesar disso, 87,78% dos idosos decla-raram se sentir seguros ou plenamente seguros nos aparelhos, não haven-do, para a maioria, necessidade de auxílio humano ou de objeto para entra-da, execução ou saída de qualquer aparelho. Dentre os problemas de saúdemais ocorrentes, os articulares e diversos (cardiovascular, respiratório ediabetes), com respectivamente 34,86% e 38,53%, apresentaram as maioresfreqüências. Os resultados não guardaram correspondência com os com-portamentos observados, refletindo talvez a relação de afetividade profes-sor-aluno, a qual definiu respostas que “protegessem” o profissional deEducação Física.

Universidade Estácio de SáCurso de Educação FísicaRio de Janeiro, RJ, Brasil

Correspondência / CorrespondenceRenato LandimE-mail: [email protected]

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Key words: evaluation

studies; equipment

safety; equipment and

supplies /utilization;

motor activity; aged

AbstractThis study aimed to evaluate the safety of elders during the use of fitnessequipment. Ninety subjects were interviewed, 64 women (71.11%) and 26men (28.89%). Data were collected through a questionnaire. Answers weretreated with frequency analysis and then compared by Qui-squared test (a= 0.05), allowing to conclude that fitness practice’s primary goal was toimprove health conditions (60.83%), and hydro-gymnastics was the secondactivity that most interested subjects (80.00%). Among the subjects, 54.44%reported some difficulty to use equipments, particularly treadmill, leg press,extensor chair, machine chest press and pulley. Despite that, subjects werefamiliarized with equipments, and 87.78% of them declared feeling safe orcompletely safe using the machines and expressing no need for human helpor any object support during the entry, execution or exit of all machines.Among the most recurrent health conditions, articulation conditions anddiverse (cardiovascular, respiratory and diabetes) showed the highestfrequency (34.86% and 38.53%, respectively). Results did not keepcorrespondence with the observed behavior, and this bias may express thepersonal teacher-student relation, defining answers that protected thephysical education professor.

INTRODUÇÃO

A população de idosos vem crescendode forma significativa no país e, paralela-mente,1 há a preocupação em se mantereste grupo cada vez mais ativo, através deatividades ou exercícios físicos. O objeti-vo é mantê-lo cada vez mais independen-te, útil e se beneficiando de vários com-ponentes, como saúde, sociabilização,interação, auto-estima, autoconfiança,auto-imagem, flexibilidade, resistênciaaeróbia, de força e massa musculares,motilidade gastro-intestinal, melhora dosfatores neurais, diminuição de lesão cau-sada por queda e prevenção de doençascomo obesidade, hipertensão, diabetes,osteoporose, doenças cardiorrespiratórias,artrite, artrose e depressão.2,3

A deficiência muscular é hoje uma dasmaiores causas da incapacidade funcional,limitando atividades diárias, como subirescadas, manter sua postura músculo-esquelética, levantar de um assento, carre-gar sacolas de compras e outras. 2

Há 16 anos ficou comprovado que osidosos podem se beneficiar da participa-ção em exercícios contra resistência, devi-do à perda de massa muscular que ocorrecom o avanço da idade e à necessidade decompensá-la com o aumento da capacida-de de gerar força.3 Segundo Campos,2 osujeito começa a desenvolver sarcopeniaem torno dos 28 anos, de forma gradativa,e após os 60 anos, muito mais intensamen-te, devido às alterações fisiológicas, comoredução de massa magra e óssea, favore-

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cendo assim a diminuição da massa e po-tência musculares.

Não se pode deixar de priorizar a segu-rança para todas as atividades que têm comoobjetivo a saúde e a qualidade de vida, istoé, envelhecer de maneira saudável, com re-conhecimento, respeito e segurança. 1

Cabe ressaltar que os idosos apresentamdificuldades na utilização de alguns aparelhosno ambiente de treinamento de força, o queexige o desenvolvimento de meios e a aten-ção focada na preservação da integridade fí-sica deste grupo, tendo em vista as dificulda-des percebidas e a iminência de acidentes.

Segundo Dantas e Oliveira,4 o envelhe-cimento é o declínio das funções fisiológi-cas que ocorrem de forma progressiva, aco-metendo a capacidade funcional. É possi-velmente uma causa de insegurança aolocomover-se, mas esse processo não deveser tomado como doença, e sim como na-

tural. Sua velocidade varia de forma bastan-te individual e pode ser evidenciada porcausas diversas como, por exemplo, acodificação genotípica.

O processo de envelhecimento se mani-festa diferentemente e as alterações obede-cem a um regime estocástico, em função doindivíduo. Fatores diversos, como doenças,estresse emocional e meio ambiente vãodeterminar a rapidez desse processo. 1

Em Nóbrega et al.,5 o envelhecimento éum processo que gradativamente conduz osujeito à inatividade física, que por sua vezleva ao descondicionamento e àpotencialização da fragilidade músculo-esquelética. Com o acúmulo dessas variá-veis, ocorre a perda do estilo de vida inde-pendente, ocasionando diminuição da mo-tivação e auto-estima, havendo possibilida-de de atingir um grau de ansiedade e de-pressão, que neste caso aceleraria a inativi-dade física e o envelhecimento (figura 1).6

Envelhecimento

Inatividadefísica

Descondicionamento

Fragilidade músculo-esquelético

Perda do estilo devida independente

Menor motivação+

Menor auto-estima

Ansiedade e depressão

Inatividadefísica

Fonte: Araújo e Araújo (2000).

Figura 1 – Ciclo do envelhecimento.

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Os órgãos diminuem gradativamentesuas capacidades funcionais e, como conse-qüência, todos os sistemas serão afetados,impedindo o idoso de realizar as tarefasmais simples do cotidiano, como o ato decaminhar. Esse processo tem característicasnas reduções das funções dos sistemas orgâ-nicos.1,6,7 Em função disto, o presente traba-lho objetivou avaliar a segurança na utiliza-ção de aparelhos de musculação por indiví-duos idosos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado com 90 idososvoluntários, sendo 26 homens e 64 mulhe-res, em academias nos bairros do Maracanã,Engenho de Dentro, Copacabana, Tijuca,Flamengo e Laranjeiras, situados no Muni-cípio do Rio de Janeiro.

A coleta de dados ocorreu através da apli-cação de um questionário contendo 13 ques-tões, sendo uma aberta. Esse instrumento foiaplicado como entrevista realizada de formaindividual, com praticantes de musculaçãoacima de 60 anos, no local onde praticamsua atividade física, até mesmo durante a prá-tica. Os participantes assinaram o termo deconsentimento livre e informado, que escla-recia sobre o processo e objetivo da pesqui-sa, obedecendo à essência conceitual apresen-tada por Nahum Junior et al.8 Os referidosautores demonstraram que somente é impe-rativo que haja validação de instrumentossubjetivos quando estes forem classificadoscomo formulários, os quais podem levar ainterpretações distintas sobre as perguntas.

Soma-se a isto a possibilidade de elevaçãoda variabilidade de respostas, em virtude deerros de preenchimento ou ausência de res-posta na utilização de formulários,9 aspectosinerentes à impossibilidade de verificação daveracidade das respostas. Tais considerações,excetuando-se a última, não se fizeram pre-sentes neste trabalho, em virtude da adoçãodo questionário em detrimento do formulá-rio.

Foram entrevistados 120 idosos, porémsomente 90 responderam a todas as ques-tões levantadas. Por isso, os 30 que não res-ponderam como esperado, não foram inclu-ídos na amostra. Outro fator de inclusãofoi a idade acima de 60 anos e a prática demusculação.

No primeiro momento, os dados foramtratados através da análise descritiva.10 Des-ta forma, para a variável idade foram esti-madas média, mediana, desvio-padrão, co-eficiente de variação e erro-padrão, visandoa caracterizar o grupo em função da citadavariável contínua. As demais variáveis eramqualitativas, portanto a abordagem empre-gada foi a análise de freqüência, a qual per-mitiu representar resultados através de ta-belas ou gráficos de freqüência.11 Visando àverificação da significância das ocorrênciasno domínio qualitativo foi empregado oTeste Qui-quadrado,12 tendo ∝ = 0,05 e:

H0: As freqüências da variável i eramuniformes;

H1: Pelo menos uma freqüência da variá-vel i era distinta das demais.

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i ∈ I = {sexo, objetivo, outra atividade,insegurança, auxílio humano entrada, auxí-lio humano execução, auxílio humano saí-da, auxilio objeto entrada, auxilio objetoexecução, auxilio objeto saída, dificuldade,problema saúde}.

DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Cabe ressaltar que os aparelhos forampreviamente selecionados para o grupo, ten-do em vista que inicialmente o professorpercebeu que a turma sentia dificuldade nautilização de alguns aparelhos, como mesaflexora e cadeira extensora. Assim, as sériessão baseadas neste fato e apesar de se escla-recer o objetivo do questionário antes daentrevista, supõe-se que os idosos não assu-miram completamente suas dificuldades einseguranças. A maioria não admitiu inse-gurança ou dificuldade, apesar de algumascontradições durante as entrevistas, comopor exemplo, uma senhora caminhava naesteira durante a entrevista, apoiando as duasmãos no aparelho, respondeu que se sentiasegura em todos os aparelhos, mas quandofoi perguntada se era capaz de caminhar semo tal apoio, auxilio de algum objeto, admi-tiu que não se sentia segura suficiente e queprovavelmente sofreria uma queda.

Apesar de os professores de musculaçãocontribuírem no sentido de esclarecer oobjetivo da entrevista para as turmas, a mai-oria dos idosos não colaborou com a pes-quisa. A população entrevistada demonstroucuidado e receio com as respostas, deixan-

do transparecer a proteção do profissional daárea de musculação, embora não exista rela-ção da resposta e comprometimento da atu-ação do professor.

Observou-se que parte do grupo das aca-demias dos bairros do Flamengo e Copaca-bana freqüentou inicialmente a sala de mus-culação para pessoas de faixas etárias varia-das. Após perceberem algumas dificuldadese insegurança dos professores, esses idososforam encaminhados para uma sala menor epassaram a realizar séries de acordo com asdificuldades apresentadas, mais bem contro-ladas pelos profissionais.

Especificamente no que se refere aos re-sultados, o grupo apresentou elevada varia-bilidade (coeficiente de variação ≥ 20,00%),caracterizada pela mediana (70,00 anos ±100,21%). Logo os voluntários perfizeramum grupo não-uniforme (tabela 1), que le-varia a respostas distintas devido à históriade vida de cada um, experiências, influên-cia do meio e condições socioculturais. Talfato convergiu com a expectativa dos auto-res, pois não houve limitação de idade noescopo do trabalho. Como conseqüência, éprovável que a idade característica tenhainfluenciado as demais respostas – logo, a priorias variáveis subseqüentes deviam demons-trar a alta variabilidade. Os resultados guar-daram correspondência com os estudos deBondim,13 que investigou os fatores quemotivavam pessoas acima de 60 anos à prá-tica de exercícios físicos em academia de gi-nástica; e Lima,14 que discutiu o envelheci-mento sob a ótica educacional.

Α

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No tocante à variável sexo (figura 2), per-cebeu-se predominância do público femi-nino (71,11%), talvez devido à maior expec-tativa de vida, ao fato de população femini-na ser maior que a masculina, à questão davaidade e à preocupação com saúde.15 Va-liño, Teixeira e Vasconcelos,16 ao investiga-rem os hábitos de vida de idosos pratican-tes e não-praticantes de atividade física emacademia, também demonstraram predomi-nância do público feminino. Convergênciasemelhante se deu com Nascimento,17 queestudou a autonomia funcional de idosossedentários e praticantes de musculação, gi-nástica localizada e hidroginástica.

Segundo Souza et al.,18 em estudo so-bre qualidade de vida e bem-estar de ido-

sos portugueses do ponto de vista dos pró-prios, houve uma resposta bastante posi-tiva, sendo que a minoria apresentou pro-blemas de diminuição cognitiva grave oualgum grau de dependência, segundo boasqualidades psicométricas analisadas a par-tir do Easy care. Foram encontrados qua-tro fatores representativos dessa análise:atividades da vida diária, bem-estar, mo-bilidade e comunicação. Para os autores,isso explica mesmo que parcialmente asuperioridade numérica do público femi-nino idoso, 59,10% da população portu-guesa. O comportamento observado nopresente estudo revelou concordância,quando se verificou percentual de mulhe-res maior do que o de homens, indican-do longevidade maior das mulheres.

Tabela 1 – Resultados descritivos da variável idade, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

Estatística EstimativaMédia 69,86Desvio-padrão 6,28Mediana 70,00Coeficiente de Variação (%) 100,21Erro-padrão 0,66

Figura 2 - Freqüência da variável Sexo, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

71,11%

28,89%

Feminino

Masculino

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A maioria dos idosos praticava muscula-ção tendo como principal objetivo a saúde(60,83%), atendendo às expectativas comoresultado final, com exceção da posição dasociabilização (6,67%), pois é senso comumo discurso associativo entre atividade física esaúde (figura 3). Bondim13 observou uma pro-cura pela atividade em academia, motivada,sobretudo por vontade própria, não se sa-bendo exatamente o objetivo; em segundo

lugar vem a indicação médica, buscando-se asaúde como objetivo. Por fim, nenhum delesfoi indicado por amigos, o que pode caracte-rizar uma baixa sociabilização. Percebeu-seentão um paralelo com este trabalho, na quala procura pela atividade motivada pela buscada saúde ou sua manutenção aparece em pri-meiro lugar, enquanto a sociabilização comoobjetivo principal teve baixa quantificação.

Cerca de 80,00% do grupo fazia outra ati-

Figura 3 – Freqüência da variável Objetivo, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

0

20

40

60

80

Cond. Físico Saúde Socialização Outros

Fre

q.

Ab

solu

ta

vidade física, e a figura 4 demonstrou que ogrupo estava sendo aparentemente bem ori-entado, tendo em vista a coerência dos resul-tados com a variável anterior. Ou seja, objeti-vos de saúde e condicionamento físico exi-gem estímulos variados, os quais, a julgar peladiversidade de opções, deveriam estar pre-sentes na prática daqueles idosos. As ativida-des de baixo impacto podem contribuir defato para o equilíbrio, força, concentração emelhora do sistema cardiorrespiratório, favo-recendo assim o melhor desempenho nas ta-refas diárias com menor risco de queda e le-

são.

Conforme verificado por Nascimento,17

a hidroginástica aparece como a atividademais procurada, juntamente com a muscu-lação, apresentando eficiência na melhorada mobilidade articular e conseqüente in-dependência no ato de movimentar-se. As-sim, a prática de outra modalidade podefavorecer o desenvolvimento do vocabulá-rio motor, e a priori contribui para a eleva-ção da sensação de segurança.

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Quarenta e nove participantes (54,44%)declaram dificuldade na utilização de algumaparelho (tabela 2), estando as mesmas ocor-rências concentradas em esteira (18,37% dosrespondentes), leg press (14,28%), cadeira ex-tensora (10,20%), supino (10,20%) e pulley(8,16%). Esse fato pode indicar a existênciade comprometimentos na capacidade loco-motora dos voluntários e, conseqüentemen-te, o desenvolvimento de dificuldades naexecução de movimentos relacionados aocotidiano.

A análise da lista de aparelhos conduz aanálise à utilização de grandes grupos mus-culares e exercícios multiarticulares, aspec-to que pode comprovar a maior complexi-dade na execução dos movimentos – logo seratifica a possibilidade de existência de al-gum grau de insegurança.

A presunção anterior não se confirmou,pois as opções “segurança” e “plena segu-rança” detiveram 87,78% das ocorrências noquestionamento sobre a percepção de inse-

gurança (figura 5). Assim, pode ter ocorridoo mascaramento da realidade, ocasionado porrelações de afetividade entre alunos e profes-sor, pois percepções anteriores, que motiva-ram a realização do presente estudo, indica-vam níveis de insegurança na execução deexercícios.

Os resultados anteriores foram coeren-tes com elevados níveis de independência,superando a expectativa para a idade, par-ticularmente quando se considera a pre-dominância de saúde como objetivo, oqual a princípio indicaria que o grupodeteria significativas perdas óssea e mus-cular, tal qual discutido por Rocas.19 Seassim o fosse, então os idosos deveriamnecessitar de auxílio em algum momentode utilização dos aparelhos, mas a entrada,a execução e a saída dos mesmos apresenta-ram, respectivamente, 75,56%, 70,00% e93,33% de pessoas que nunca necessitavamde ajuda humana (figura 6), e 86,67%,81,11% e 91,11% que nunca necessitavam deauxílio de algum objeto (figura 7).

Figura 4 – Freqüência da variável Outra Atividade, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

0

10

20

30

40

o

Alo

ng

am

en

to

Da

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Gin

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ica

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Na

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o

Yo

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Ou

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Fre

q.

Ab

solu

ta

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Utilização de aparelhos de musculação por idosos 199

Figura 6 – Freqüência da variável Auxílio Humano, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Sempre Às vezes Nunca

Fre

q.

Ab

so

luta

Entrada

Execução

Saída

0

10

20

30

40

50

60

Insegurança Indiferente Segurança PlenaSegurança

Fre

q.

Ab

so

luta

Figura 5 – Freqüência da variável Insegurança, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

Tabela 2 – Freqüência da pontuação de dificuldade da variável Utilização de Aparelho, Rio de

Janeiro, RJ, 2007.

Aparelho Pontuação RespondentesSupino 28 5Pulley 27 4

Cross 16 2

Voador 18 3

Leg Press 44 7

C Adutora 16 2

C Abdutora 13 2

C Flexora 8 1

C Extensora 36 5Mesa Flexora 20 2

Esteira 57 9

Bicicleta 7 2

Outros 22 5

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O resultado da variável “dificuldade” (ta-bela 3) apresentou-se dentro da expectativa,tendo em vista que os itens “adaptação”(14,29%), “insegurança” (14,29%) e “movi-mento” (9,52%), que apresentaram as maio-res freqüências, encontram-se interligados,pois falta de adaptação pode gerar insegu-rança, que por sua vez dificulta os movi-mentos e tem como agravante o processode envelhecimento no nível articular e mús-culo-esquelético. Neves15 discutiu que a exis-tência de aspectos como artrose, dores emedo pode contribuir para o aumento dadificuldade de adaptação, elevando o nívelde insegurança.

A declaração de alguma dificuldade narealização de exercícios de musculação porsomente 21 idosos não guardou correspon-dência com os resultados da figura 8, a qualdemonstrou alto índice de problemas articu-lares (34,86% dos problemas), provavelmen-te em função do desgaste estrutural, perda

do líquido sinovial e calcificação da matriz ex-tracelular do tecido cartilaginoso, aspectos ine-rentes ao processo de envelhecimento.20 Sob otítulo “outros” foram reunidos problemas car-diovasculares, respiratórios e diabetes, o queexplica a alta ocorrência.

Cabe ressaltar que, de acordo com o re-sultado dos itens “muscular” e “ósseo”, es-pecialmente no último houve convergênciacom as expectativas, em função das curvasde desenvolvimento ósseo e muscular. Alémdisso, houve nestes valores contradição comrespostas anteriores, pois os primeiros ti-veram por norte a insegurança na utilizaçãodos equipamentos pela perda de massa(muscular e óssea). Todavia, o grupo nãopossibilitou tal constatação, o que reforça ainfluência da relação afetiva professor-alu-no na coleta subjetiva de dados.

A aplicação do teste Qui-quadrado garantiuque todas as variáveis apresentassem freqüên-cias significativas, exceto a dificuldade (tabela

Figura 7 – Freqüência da variável Auxílio Objeto, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

0102030405060708090

Sempre Às vezes Nunca

Fre

q.A

bs

olu

taEntrada

Execução

Saída

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Utilização de aparelhos de musculação por idosos 201

Tabela 3 – Freqüência da análise da variável Dificuldade, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

Classe FreqüênciaAbsoluta

Freqüência.Acum. Absoluta

FreqüênciaRelativa

FreqüênciaAcum. Relativa

Abaixar 1 1 4,76 4,76Acompanhamento 1 2 4,76 9,52Adaptação 3 5 14,29 23,81Altura 1 6 4,76 28,57Artrose 1 7 4,76 33,33Atendimento 1 8 4,76 38,10Cond. Físco 1 9 4,76 42,86Dores 1 10 4,76 47,62Execução 1 11 4,76 52,38Inestimulante 1 12 4,76 57,14Insegurança 3 15 14,29 71,43Medo 1 16 4,76 76,19Movimento 2 18 9,52 85,71Mem. Superiores 1 19 4,76 90,48Nomes Técnicos 1 20 4,76 95,24Tonteira 1 21 4,76 100,00Total 21 100,00

Figura 8 – Freqüência da variável Problema de Saúde, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

05

1015202530354045

Articular Muscular Ósseo Outro

Fre

q.

Ab

solu

ta

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202 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):191-208

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4), ou seja, as diferenças constatadas não ocor-reram por acaso e representaram a efetivaopinião do idoso. Com relação aos proble-mas de saúde, a baixa ocorrência de “muscu-lar” determinou a significância estatística.

A não-significância na variável “dificulda-

de” ocorreu provavelmente pela associaçãoentre o grande número de opções e as res-pectivas baixas freqüências absolutas, o quecontribui para a diluição e homogeneidade dasocorrências. Todavia, isto não invalida os va-lores obtidos para cada opção.

CONCLUSÃOVariável GL Valor-pSexo 1 0,01Objetivo 3 0,01Outra Atividade 7 0,03Insegurança 3 0,02Auxílio Humano - Entrada 2 0,00Auxílio Humano - Execução 2 0,00Auxílio Humano – Saída 2 0,00Auxílio Objeto - Entrada 2 0,00Auxílio Objeto - Execução 2 0,00Auxílio Objeto – Saída 2 0,00Dificuldade 15 0,42Problema Saúde 3 0,04

Tabela 4 – Resultados do Teste Qui-quadrado, Rio de Janeiro, RJ, 2007.

O presente estudo objetivou analisar a se-gurança na utilização de aparelhos demusculação, e para tanto foram investiga-dos 90 indivíduos idosos. Partindo do prin-cípio de que uma grande incidência de pro-blemas articulares e ósseos levaria a uma re-dução da autonomia funcional, motivadapela pouca flexibilidade, perda natural deforça muscular e redução de capacidade deequilíbrio, essa dependência ocasionariainsegurança com relação a aparelhos comoesteira, mesa flexora, cadeira extensora,leg press, voador, supino e pulley, principalmen-te e com relação a movimentos não-naturais,

os quais talvez muitos dos idosos nunca te-nham realizado. Porém, essa insegurança seapresentou camuflada pela avaliação subjeti-va do grupo de idosos a respeito de sua pró-pria percepção de segurança.

Podem-se recomendar, para futuros es-tudos, modificações no procedimento decoleta de dados, visando a torná-la objeti-va. Isso culminaria com o emprego de ob-servações das intervenções disponibilizadasao público alvo, as quais preferencialmen-te deveriam ser filmadas para refinamentodas observações e análise do complexo pro-

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Utilização de aparelhos de musculação por idosos 203

fessor-aluno.

No mesmo sentido, um estudo longitudi-nal com base em avaliações e reavaliações per-mitiria verificar a correspondência de respos-tas, percepções e coletas objetivas, acarretandoestimativas epidemiológicas e fidedignidade dedados. Soma-se a isto a necessidade do cruza-

mento da percepção de segurança com variá-veis pertencentes ao domínio psicológico,como auto-estima, independência e depres-são, por exemplo; e social, relações pessoais,tamanho do círculo social e necessidade de in-clusão, dentre outros.

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204 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):191-208

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Avaliar hábitos de vida de idosos praticantese não praticantes de atividade física emacademias. [monografia]. Rio de Janeiro;Universidade Estácio de Sá; 2007.

17. Nascimento TP. Influência da prática daatividade física sobre a autonomiafuncional. [monografia]. Rio de Janeiro:Universidade Estácio de Sá; 2006.

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20. Junqueira LC, Carneiro J. Histologiabásica. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan; 1999.

Recebido em 17/1/2008Reapresentado: 18/4/2008Aceito: 30/4/2008

ANEXO AQUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS

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Utilização de aparelhos de musculação por idosos 205

1. Idade: _____ anos

2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

3. Qual o seu Principal Objetivo com a prática da musculação?

( ) Condicionamento Físico ( ) Saúde

( ) Socialização ( ) Outros:______________________________

4. Você faz alguma outra atividade física?

( ) Não ( ) Alongamento

( ) Dança ( ) Ginástica

( ) Hidroginástica ( ) Natação

( ) Yôga ( ) Outros:______________________________

5. Você sente dificuldade na utilização de algum aparelho? Em que grau 1. Mínimo e 10. Máxi-mo:

6- Você se sente inseguro(a) quando utiliza algum aparelho?

Aparelho Grau1-Supino

2-Pulley

3-Cross

4-Voador

5-Leg Press

6-Cadeira Adutora

7-Cadeira Abdutora

8-Cadeira Flexora

9-Cadeira Extensora

10-Mesa Flexora

11-Esteira

12-Bicicleta

13-Outros

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206 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):191-208

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

( ) Plena Insegurança ( ) Insegurança

( ) Indiferente ( ) Segurança

( ) Plena Segurança

7. Caso tenha assinalado a opção Plena InseguranÁa ou InseguranÁa, isto se dá em queaparelho(s). Em que grau 1. Mínimo e 10. Máximo:

8. Desde que iniciou a pratica da musculação você necessita ou necessitou de auxilio huma-Aparelho Grau1-Supino

2-Pulley

3-Cross

4-Voador

5-Leg Press

6-Cadeira Adutora

7-Cadeira Abdutora

8-Cadeira Flexora

9-Cadeira Extensora

10-Mesa Flexora

11-Esteira

12-Bicicleta

Sempre Às vezes Nunca

Entrada

Execução

Saída

Sempre Às vezes Nunca

Entrada

Execução

Saída

no nos aparelhos ?

9. Desde que iniciou a pratica da musculação você necessita ou necessitou de auxilio de algum

objeto ?

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Utilização de aparelhos de musculação por idosos 207

10. Você já sofreu algum tipo de queda em algum aparelho? Qual?

Aparelho Entrada Execução Saída

1-Supino

2-Pulley

3-Cross

4-Voador

5-Leg Press

6-Cadeira Adutora

7-Cadeira Abdutora

8-Cadeira Flexora

9-Cadeira Extensora

10-Mesa Flexora

11-Esteira

12-Bicicleta

11.Você já sofreu algum tipo de acidente, exceto queda, em algum aparelho? Qual?

Aparelho Entrada Execução Saída

1-Supino

2-Pulley

3-Cross

4-Voador

5-Leg Press

6-Cadeira Adutora

7-Cadeira Abdutora

8-Cadeira Flexora

9-Cadeira Extensora

10-Mesa Flexora

11-Esteira

12-Bicicleta

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208 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):191-208

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12- Qual a maior dificuldade encontrada por você na pratica da musculação? Por quê?

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

13- Possui algum tipo de problema de saúde?

( ) Articular ( ) Muscular

( ) Ósseo ( ) Outro: Curso de Educação Física

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Maus-tratos a idosos no domicílio 209

AAAA A RTI

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O O O O ORI

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Palavras-chave:violência domésti-ca; maus-tratos aoidoso; família;relações familiares;conflito familiar;estudosobservacionais;pesquisa qualitati-va; epidemiologiadescritiva; entrevis-ta; Três Passos/RS

Maus-tratos a idosos no domicílio: concepção defamiliares*

Elder abuse at home: relatives’ viewpoints

Marinês Tambara Leitea

Leila Mariza Hildebrandtb

Adriane Marines dos Santosc

ResumoViolência é um tema relevante na atualidade, dado o elevado número deocorrências que atingem especialmente populações mais frágeis, como cri-anças, mulheres e idosos. Este estudo objetiva analisar o entendimento so-bre maus-tratos a idosos no domicílio na ótica de familiares. Estudo denatureza qualitativa, exploratória, descritiva, realizado no Município deTrês Passos-RS. A amostra compõe-se de 19 familiares que residem comidosos no espaço doméstico. A coleta de dados ocorreu por meio de entre-vista semi-estruturada, gravada e transcrita. A análise das informações se-guiu os passos metodológicos: organização do material, classificação emcategorias e análise final. Os resultados estão apresentados em duas catego-rias analíticas. A primeira aborda a percepção que os familiares possuem arespeito de maus-tratos no domicílio e a segunda versa sobre a rotina dosfamiliares convivendo e provendo cuidados aos idosos no espaço domésti-co. Constata-se que familiares e idosos podem conviver harmoniosamenteno ambiente domiciliar, mas também podem ocorrer momentos de confli-tos e desentendimentos, o que favorece a ocorrência de maus-tratos.

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do SulDepartamento de Ciências da SaúdeIjuí, RS, Brasil

Correspondência / CorrespondenceMarinês Tambara LeiteUNIJUI – Departamento de Ciências da SaúdeRua Floriano Peixoto, 77698700-000 – Ijuí, RS, BrasilE-mail: [email protected]

* Artigo redigido a partir do Trabalho Monográfico de Conclusão do Curso de Enferma-gem, apresentado ao Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Regional doNoroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí.

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Key words: domesticviolence; elder abuse;family; familyrelations; familyconflict;observational studies; qualitative research;epidemiology,descriptive; interview;Três Passos/RS

AbstractViolence is a relevant theme nowadays, due to the high number ofoccurrences that affects specially the most fragile populations, as children,women, and the elderly. This study aims to analyze the understanding aboutelderly abuse at home, in the relatives’ viewpoint. It is a qualitative,exploratory and descriptive study, accomplished in Três Passos City, RioGrande do Sul State, Brazil. The sample was composed of 19 relatives thatlive with elderly people in the household. Data collection was carried outthrough semi-structured interviews, firstly tape-recorded and thentranscribed. Data analysis followed the methodological steps: materialorganization, classification into categories and final analysis. Results arepresented in two analytical categories. The first one broaches the perceptionthat relatices have about abuse at home, and the second is about the relatives’routine, when living and promoting care to the elderly in the household. Wefound out that both relatives and elders can live harmoniously at home, butthere can be moments of conflict and misunderstandings, which reinforcesthe possibility of elderly abuse.

INTRODUÇÃO

As questões relativas a maus-tratos e vio-lência contra a pessoa idosa constituem te-mas de relevância e, portanto, necessitamser estudadas e discutidas. O número depessoas idosas está crescendo vertiginosa-mente nos últimos anos e, talvez, na mes-ma proporção a ocorrência de maus-tratose violência contra este estrato populacional.

Em relação a violência e maus-tratos, osidosos são uma parcela da população queapresenta riscos em função de sua maior fra-gilidade e dependência, imposta pelas limi-tações física, cognitiva e social. As questõesculturais também podem contribuir para quehaja violência, em especial no ambiente do-méstico, no qual o idoso não raro é desvalo-rizado, considerado um peso, visto comouma pessoa inútil e relegado à marginalização.

Atualmente, identifica-se que a violênciacontra a pessoa idosa ocorre de vários mo-dos e em diferentes espaços, entre eles o am-biente doméstico. Estudos de Minayo1,2 eMachado et al.3 explicitam que os abusos enegligência no interior do espaço domiciliarocorrem em grande número. Tais conflitosparecem estar associados à presença de diver-sas gerações, problemas de espaço físico edificuldades financeiras. Além disso, costu-mam se somar a um imaginário social queconsidera a velhice como decadência. A ne-gligência pode ser entendida como a recusa,omissão ou fracasso, por parte do responsá-vel pela pessoa idosa, em fornecer-lhe os cui-dados necessários, sendo esta a forma de vio-lência mais presente, tanto no espaço domés-tico quanto em ambiente institucional.

Para a Organização Mundial da Saúde,4maus-tratos são conceituados como uma

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Maus-tratos a idosos no domicílio 211

ação única ou repetida que causa sofrimen-to e angústia e ocorre numa relação que háexpectativa de confiança. Desse modo, edevido à diversidade nas formas de violên-cia e maus-tratos, este se torna de difícil iden-tificação, uma vez que não se trata somentede lesões físicas, visíveis aos olhos das pes-soas, mas também de danos sociais, psico-lógicos e morais. Assim, muitos comporta-mentos e atitudes no cotidiano das pessoasnão são percebidos ou entendidos, por fa-miliares e idosos, como um ato de violênciaou maus-tratos.

Na relação cotidiana entre familiares e apessoa idosa ocorrem movimentos diversos,em que em alguns ambientes o ancião rece-be carinho e desvelo, evidenciando o vín-culo existente, a valorização e o respeito paracom o ser que envelheceu. Já, para outraparcela destes indivíduos a realidade não é amesma, pois pode haver maus-tratos, des-respeito, abandono, entre outras situações.

De acordo com Minayo,1 no Brasil asagressões a indivíduos com 60 anos ou maisde idade se manifestam e vão desde as tradi-cionais formas de discriminação, como oatributo que comumente lhe é impingidocomo “descartáveis e peso social”, até as le-sões físicas e psicológicas propriamente di-tas. Nada se iguala à negligência e aos abu-sos dentro dos lares, uma vez que o choquede gerações, problemas financeiros, dentreoutros, costumam intervir num imagináriosocial que considera a velhice como deca-dência, ou seja, não mais portador de direi-tos na sociedade.

Para Souza et al.,5 a negligência e os maus-tra-tos, contra a pessoa idosa habitualmente acontecem napresença de fatores de risco no processo do cuidado con-tinuado e duradouro em condições desfavoráveis, cons-tituindo-se em espaço de violência intrafamiliar. Emconcordância, Minayo1 afirma que os aspec-tos da negligência e maus-tratos se tornamuma temática complexa e difícil de identifi-car, uma vez que os idosos não denunciamos abusos, o menosprezo, o abandono e asdesatenções sofridas, com medo de serempunidos e perderem o afeto de seus familia-res, além da vergonha de fazer denúncias,não esquecendo que há idosos maltratadose não percebem que tal fato ocorre.

A violência intrafamiliar represen-ta um grande problema social que atingetoda a sociedade de modo continuado,especialmente crianças, adolescentes, ido-sos e portadores de deficiências físicas,afetando significativamente a vida e asaúde das pessoas envolvidas, configuran-do um problema de saúde pública. Osidosos em condição de dependência, querequerem cuidados familiares, necessitamadaptar-se e, conseqüentemente, modi-ficar seu estilo de vida, o que pode gerarconflitos familiares. Também os poucosrecursos financeiros, aliados à sobrecar-ga do familiar em cuidar do idoso noambiente doméstico, podem gerar depen-dências multifacetadas de difícil adminis-tração. Com isso, ocorre diminuição daqualidade das relações familiares, além deestresse, tanto para o idoso quanto parao familiar, predispondo à ocorrência demaus-tratos.5

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Os maus-tratos podem ocorrer em di-versos níveis, sendo que se apresentam in-dependentemente de raça, gênero ou classesocial e, obviamente, acontecem em espa-ços onde se encontram idosos. Machadoet al.,3 ao dissertarem acerca da negligência emaus-tratos, afirmam que é comum a ocor-rência de diversas formas de maus-tratosconcomitantemente: físicos, psicológicos esociais. Dentre os fatores de risco para a vio-lência familiar, estão os problemas de saúdemental do cuidador, que pode estar associadoou não ao alcoolismo e uso de outrasdrogas, incapacidade funcional da pessoaidosa, estresse causado pelo ato de cuidar,questões financeiras e isolamento social doagressor (familiar).

Dentre à legislação vigente, que visa es-pecificamente a proteger os anciões, está aConstituição Federal de 1988 que em seuartigo 230 aponta a família, a sociedade e oEstado como responsáveis, tendo o deverde amparar as pessoas idosas, assegurandosua participação na comunidade, defenden-do sua dignidade e bem-estar, garantindo-lhes o direito à vida.6

A Política Nacional do Idoso, criada apartir da Lei nº 8.842, em 04 de janeiro de1994, na área que trata das questões relati-vas à justiça preceitua que deve haver o zelopela aplicação de normas, determinandoações para evitar abusos e lesões aos seusdireitos.7 Acrescido a isso, o Programa Na-cional de Direitos Humanos, ao abordaros aspectos referentes à terceira idade, cria,fortalece e descentraliza programas de as-sistência aos idosos, de forma a contribuir

para sua integração à família e à sociedadee incentivar seu atendimento no próprioambiente.

O Código Penal, em seu art. 133, prevêpenalidade ao indivíduo que abandonar apessoa que está sob seu cuidado, guarda,vigilância ou autoridade. Já, em seu o arti-go 136, aponta que incorre em delito quempermite que alguém fique exposto a perigode vida e saúde quando estiver sob custó-dia, tratamento ou vigilância de outrem,privando essa pessoa de alimentação ou cui-dados indispensáveis.8

Além dos aspectos acima mencionados,Fernandes9 aponta três aspectos vinculadosa maus-tratos e que são considerados isola-damente nos dispositivos legais: aagressividade, um fato constante; a negligên-cia e o relaxamento nos cuidados devidos àspessoas mais velhas. Nesse sentido, torna-senecessário que os profissionais da saúde es-tejam aptos, tendo competência para atuardiante de uma ocorrência de maus-tratos enegligência no ambiente doméstico, identi-ficando e intervindo adequadamente, nosentido de preservar a dignidade da pessoaidosa, que muitas vezes sofre em silêncio.

No que tange aos profissionais da saú-de, Gaioli,10 diz que estes não estão apro-priadamente capacitados a identificar e en-caminhar casos de maus-tratos sofridos pelapopulação idosa. Nas áreas de segurança ejustiça, percebe-se que o serviço de apoio àsvítimas ainda é precário, sendo que muitasvezes, após realizarem uma denúncia eretornarem a seus lares, os idosos são no-

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Maus-tratos a idosos no domicílio 213

vamente maltratados, gerando medo e pre-ocupação. Assim, os profissionais da saúdedevem debater a temática, com o objetivode ampliar sua qualificação neste tema ecriar novas propostas de intervenção, favo-recendo um melhor diagnóstico das situa-ções de violência.

Para Minayo,1 tanto os profissionaisque atuam na rede básica de saúde comoaqueles que desenvolvem suas atividadesnos serviços de emergência necessitam depreparo específico para que possam avali-ar e estar atentos às situações de violên-cia. Nesses espaços devem observar os si-nais deixados por lesões e trauma em ido-sos que chegam aos serviços e que, mui-tas vezes, levam a óbito.

Considerando os aspectos que envolvema violência contra idosos, pode-se entenderque em muitas situações parece ocorrermaus-tratos, porém nem a pessoa idosa nemseus familiares identificam tal condiçãocomo sendo um ato de violência. Assim,este estudo tem por objetivo identificar aconcepção que familiares de idosos possu-em acerca do que é, para eles, violência emaus-tratos no ambiente doméstico.

METODOLOGIA

Estudo de natureza qualitativa, exploratóriae descritiva, desenvolvido na cidade de TrêsPassos, Estado do Rio Grande do Sul, municí-pio que possui 2.877 habitantes com 60 anosou mais de idade, correspondendo a 11,15 %da população local.

A coleta de dados ocorreu por meiode entrevista semi-estruturada com ques-tões abertas, gravada em meio digital etranscrita na íntegra. Os sujeitos são fa-miliares que coabitam seu domicílio comuma pessoa idosa, que residem no meiourbano do município e que aceitaram fa-zer parte da pesquisa.

Para a localização dos participantesdo estudo, entrou-se em contato com osAgentes Comunitários de Saúde, solicitan-do aos mesmos que fizessem umrastreamento das residências onde residemidosos com seus familiares. De posse dasinformações, iniciaram-se as visitasdomiciliárias, de modo que todos os seto-res geográficos da cidade fossem contem-plados. Na ocasião havia a identificação dapesquisadora e apresentação das informa-ções acerca da pesquisa. Caso o familiarconcordasse em participar da investigação etivesse disponibilidade, realizava-se a entre-vista nesse encontro. Do contrário,agendava-se data, hora e local que melhorconviessem ao participante.

Dessa forma, a amostra caracteriza-secomo sendo por conveniência, não-probabilística. Vale destacar que, sendo umaamostra teórica, o número de participantesfoi determinado por saturação dos dados,sendo que a amostra constituiu-se na medi-da em que as informações eram coletadas.

Realizamos 22 visitas domiciliárias emresidências situadas em diferentes locais dacidade: cinco bairros, região central e umdistrito localizado no perímetro urbano do

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município. Das residências visitadas, trêsmoradores recusaram-se a participar do es-tudo, alegando não saber o que responderou por achar que o “estudo não estava certo”,pois em sua opinião deveria procurar “pessoasque maltratavam seus idosos”, e não eles, já queem suas residências não ocorriam maus-tra-tos. Desse modo, 19 familiares aceitaramintegrar o estudo e foram entrevistados.Destes, 16 são do sexo feminino e três sãodo sexo masculino; a idade variou de 23 a62 anos, média de 50 anos. Oito partici-pantes completaram o ensino médio, umpossui o ensino médio incompleto, doisconcluíram o fundamental, sete cursaramo fundamental incompleto e um não fre-qüentou o ensino formal. Em relação àprofissão, 10 sujeitos trabalham no lar, doissão serventes de pedreiro, dois agricultores,um empresário, um auxiliar de farmácia,um funcionário público, um trabalha nocomércio e um é aposentado. Quanto aoestado civil, dez participantes são casados,sete solteiros, um divorciado e um viúvo.Com relação ao grau de parentesco, dozesão filhos da pessoa idosa, três são netos,três noras e um sobrinho.

Buscando preservar a identidade e aten-der às questões relativas ao anonimato, osentrevistados foram receberam nomes depedras preciosas, pois entendemos que pres-tar o cuidado constitui uma beleza única,mas muitas vezes o cuidado é como umapedra que necessita ser lapidada para se tor-nar uma jóia.

Para a análise, seguiram-se os passos pre-conizados para análise de conteúdo,11

aglutinando-se as informações em categoriasanalíticas.

Neste estudo observaram-se as questõeséticas, preconizadas pela Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Minis-tério da Saúde,12 sendo que o projeto depesquisa foi apreciado pelo Comitê de Éti-ca na Pesquisa da Unijuí, tendo recebidoparecer consubstanciado nº 52/2005, favo-rável a sua execução.

APRESENTAÇÃO DOS DADOS EINTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

As informações, após sucessivas leituras,foram agrupadas por convergência de idéias,em duas categorias de análise. A primeiraaborda a concepção do que seja violência emaus-tratos a idosos no ambiente domi-ciliar, e a segunda discorre sobre a vivênciados familiares no cuidado a idosos no espaçodoméstico.

Apresentando os idosos que sãocuidados

Dentre os idosos que são cuidados pe-los sujeitos deste estudo, 15 são do sexofeminino e cinco do sexo masculino, sa-lientando que em uma das residências háum casal de idosos sendo cuidado pelapessoa que forneceu a entrevista. Quan-to ao estado civil, houve predominânciade viúvos, totalizando 16 idosos e qua-tro possuem companheiro(a). Com rela-ção à escolaridade, os idosos freqüenta-

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ram de três a cinco anos o ensino formale a idade oscila de 63 a 87, com umamédia de 77,5 anos.

Cinco idosos participam de atividadescomunitárias como freqüentar grupos deterceira idade, igreja ou visitar amigos coma finalidade de jogar loto e bingo. Os de-mais não desenvolvem nenhuma atividadesocial, sendo que os motivos alegados paratal fato são: limitações físicas, em função deenfermidades, e o não-desejo da pessoa idosade sair de casa. Salienta-se que estas infor-mações foram fornecidas pelos cuidadoresentrevistados.

Quanto ao tempo que o idoso residena casa com o(s) familiar(es), este variade três meses a 20 anos, tendo uma pre-dominância entre oito a 15 anos. Em re-lação ao motivo apontado pelos entre-vistados para que a pessoa idosa estejamorando na mesma residência, aparecemproblemas relativos à saúde, em que oidoso necessita de cuidados; viuvez, medodo ancião de permanecer só no domicí-lio; e porque os filhos são solteiros resi-dindo, ainda, na casa dos pais. Cabe des-tacar que a viuvez emerge como um dosfatores determinantes para que o idosopasse a residir com um de seus familia-res. Esta situação possui maior amplitu-de quando, além da viuvez, há concomi-tantemente problemas de saúde que ex-põem a pessoa idosa a limitações para arealização das atividades da vida diária,pois encontramos 16 idosos que são viú-vos e 15 deles apresentam enfermidadesincapacitantes.

Concepções de maus-tratos: “muitasvezes agridem com palavras que agente sabe que ferem muito mais”

No entendimento dos colaboradoresdeste estudo, maus-tratos não se limita àagressão física. Para eles, maus-tratos podemocorrer quando não são realizados cuida-dos básicos e necessários como higieniza-ção, movimentação, alimentação. Situaçõesque acontecem com maior freqüência quan-do a pessoa idosa apresenta limitações e estáimpossibilitada de fazê-lo. Acerca desta con-dição assim, Jade se expressa:

Olha! eu acho que é deixar a pessoa sozinha.Não só bater como também deixar abando-nada, não cuidar bem, não dar alimentação,não fazer a higiene [...] essas coisas eu achoque são maus-tratos (Jade).

A dependência parcial ou total para arealização das atividades de vida diária cons-titui uma das tarefas de maior sobrecargapara o cuidador. Neste sentido, Souza et al.5mencionam que os aspectos relativos à de-pendência podem aumentar substancialmen-te com a vulnerabilidade e a fragilidade dogeronte e, conseqüentemente, elevar os en-cargos do cuidador no ambiente familiar,favorecendo a instalação de estresse e colo-cando o idoso exposto e susceptível à vio-lência intrafamiliar.

Outro ponto apontado diz respeito aofato de não proporcionar o cuidado em re-lação ao uso de medicamentos, em especialquando o idoso não mais consegue fazeresse controle adequadamente, seja por es-

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quecimento, erro na dosagem e no horárioou troca da droga a ser ingerida. Caso sejado familiar a responsabilidade de prestar ocuidado e este não o faz, ele estaria come-tendo um ato de negligência, pois se tratade uma omissão na administração de cuida-dos necessários e adequados, conforme ex-plicita Menezes.13

A negligência, na voz dos familiares par-ticipantes deste estudo, também se inclui nosmaus-tratos, em especial quando o idoso ne-cessita de cuidados, precisa de ajuda e nãorecebe ou, ainda, no caso do familiar/cuida-dor tratar de modo ríspido e agressivo a pes-soa idosa que está sob seus cuidados. Âmbarse manifesta sobre esta condição:

“Seria o descuido. Eu estou aqui pra cuidar enão cuido. Me chama, precisa de mim e eunão vou ajudar eles no que necessitam. Nocaso, ela está acamada, vai precisar de mim eeu deixo ela lá se vir, faça xixi na roupa ouo que quiser, se vire [...]. Eu acho tambémque maus-tratos é ser ríspida com a pessoa,tratar com estupidez” (Âmbar).

Em relação a esta assertiva, identifica-seque ocorre negligência no momento em quehá recusa, omissão ou fracasso por parte dapessoa que possui a responsabilidade deaportar cuidados ao idoso, sendo esta umadas formas de violência mais presente.1 ParaSouza et al.,5 a negligência e os maus-tratoscontra a pessoa idosa estão afeitos quandofatores de risco estão presentes no processode cuidar contínuo e duradouro em situa-ções adversas, constituindo ambiente deviolência intrafamiliar.

Também no entendimento dos entrevis-tados, a restrição social e não-permissão parafreqüentar espaços extradomicílio, como emgrupos de terceira idade, podem constituir-se em maus-tratos, contribuindo para a ocor-rência de isolamento e solidão.

“Não estimular a pessoa a sair para a socie-dade.” (Safira).

“Isolar ele eu acho que, assim não participar.Dizer que não pode participar de algum grupo.Tem muitas pessoas que fazem isso, não deixamir, ou sei lá, uma coisa assim.” (Topázio).

Ramos14 explicita que a população idosapossui a família como principal fonte desuporte, especialmente aquela formada pormultigerações e que coabita com o idoso,sendo que estas condições podem ser en-contradas com maior freqüência entre apopulação de idosos com menor poderaquisitivo, mais problemas de saúde e de-pendentes para a realização das atividadesda vida diária.

Dados relativos aos aspectos sociais mos-tram que os idosos, ao co-habitarem o mes-mo espaço domiciliar com seus familiares,em geral permanecem afastados, possuemmaior susceptibilidade à solidão e não man-têm convivência social. Isto se evidencia pelofato de haver certos estereótipos colocadosàs pessoas idosas, particularmente no que-sito participação social que transcendem oslimites da convivência familiar.15

Não deixar que o idoso desenvolva asatividades da vida diária, de seu cotidiano,ou fazer tudo pelo idoso, na concepção do

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familiar, pode se caracterizar como maus-tratos, pois ao mesmo deve ser preservadasua independência e autonomia. Além dis-so, ao desempenhar tais tarefas, o gerontepoderá estar associando o exercício da cida-dania com a realização de atividades físicas,como no caso de caminhar para deslocar-seaté a instituição bancária.

“Deixar de lado, muitas vezes deixar sozi-nho em casa. Sair, não levar, por exemplo,agora eu estou ali com o pai, eu podia dizer:‘pai tu fica em casa, só em casa em casa’. Euir ao banco pra ele, eu sair. Porque isso é bompara ele caminhar. Então isso ai já é umavantagem, não deixar de lado, deixar fazer oque ele sempre queria fazer.” (Turquesa).

Em relação às diferentes formas de violên-cia, estudos de Minayo e de Souza et al.1,5 mos-tram que esta não fica centrada na agressãofísica, mas pode ocorrer de modo velado etambém de forma a afetar o estado emocio-nal do ancião. Pode haver maus-tratos que secaracterizam como atormentação psicológica,que nem sempre aparece na forma de lesãofísica e, portanto, mais difícil de identificar.10

Um dos sujeitos entrevistados refere quemaus-tratos podem ser evidenciados, pri-meiramente, pela agressão ao idoso que apre-senta limitações físicas, estando incapacita-do para defender-se e, em segundo plano,seria não realizar o cuidado necessário àpessoa idosa. Esta situação é mencionada porEsmeralda:

“Eu acho que em primeiro lugar é a agressão,bater no caso, exemplificando, na pessoa, eu

acho que já na maneira, no estado que ela seencontra, ela nem, no caso de se defender, nãoteria como e outra é mal cuidar dela, não dáatenção.” (Esmeralda).

Alguns colaboradores relataram quemaus-tratos ao idoso se restringem a agres-são física, como bater e empurrar. Nessesentido, Gaioli10 afirma que a conceituaçãode maus-tratos oscila de cultura para cultu-ra em cada sociedade e, para a maior partedas pessoas, limita-se a agressão física. Veja-mos como Opala se expressa:

“Dar ponta-pé nela, empurrar ela para umlado. Deixar chorar, deixar ela com dor, to-das essas coisas...” (Opala).

Os sujeitos afirmam também que a faltade respeito para com a pessoa que necessitade cuidados, não dar atenção, amor e cari-nho são formas de descuidado. Além disso,maltratando a pessoa não estará dando bonsexemplos para seus descendentes. SegundoBosi,16 a não-reciprocidade na relação entreadultos e idosos pode ser revelada por umafalsa permissividade, em que o velho comu-mente não participa das discussões e dasdecisões no grupo familiar. Citrino vem aoencontro afirmando que:

“Não pode maltratar a família, quanto maisum idoso. Então, que exemplo tu está dandopros filhos, maltratando um idoso. Quando osfilhos forem grandes, como é que eles vão cui-dar de alguém da família, o próprio pai, mãe,que seja um parente, um irmão.” (Citrino).

Emergiu na fala de um sujeito da pes-quisa que o comportamento e as atitudes

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negativas exercitadas no decorrer da vida,por parte da pessoa idosa para com seus fi-lhos, favorecem o surgimento de situaçõesde maus-tratos. Nessa condição os filhospoderão retribuir o que receberam de seuspais, demonstrando não haver vínculo afe-tivo e que há, ainda, ressentimentos que nãoforam resolvidos, não havendo respeito eamor do filho para com seus pais.

“Porque se o pai e a mãe foram ruins, o filhotambém pode depois querer retribuir o que foi feitoa ele. É isso ai, a minha opinião.” (Âmbar).

Considerando as manifestações acima,entende-se que o modo de agir dos ascen-dentes para com seus descendentes podeinfluenciar suas atitudes e comportamen-to. Ou seja, se a relação entre pais e filhosenvolver respeito, afeto e compartilhamen-to de vivências, provavelmente esta situaçãoterá repercussão positiva na forma de comoos filhos cuidarão de seus pais.

A rotina dos familiares cuidando depessoa idosa no espaçodoméstico:”cuidar dela é difícil, mas agente sabe que pode”

Na concepção do familiar/cuidador, aconvivência no mesmo espaço domiciliarpode levar à ocorrência de conflitos, emespecial, devido à interação entre diferentesgerações, não havendo muitas vezes com-preensão por parte do familiar, e mesmoda pessoa idosa.

Neste estudo, os colaboradores mencio-naram que, para a maior parte deles, o ido-

so está residindo no mesmo ambiente pornecessidade, em virtude de suas limitaçõesfísicas, cognitivas ou por se encontrar só.Esta condição, em alguns casos, proporcionagratificação a todos os integrantes da fa-mília e, em outros, gera ansiedade e des-conforto, dando a entender que não visua-lizam uma saída para a situação. Uma co-laboradora manifesta que, para o idoso, oideal seria que ele tivesse seu com-panheiro(a) ainda presente, referindo queé complicado conviver com pessoas de di-ferentes faixas etárias, pois muitas vezesaté mesmo o diálogo fica comprometido.Explicita que a situação se torna amenaquando outras pessoas entram em contato,momento em que há interação e diálogo,dando a entender que a mudança na rotinadiária resulta em benefícios mútuos. Assimse expressa Turquesa:

“Ah claro! é bom, é bom ele ficar com a famí-lia. No caso, estou cuidando o pai, mas claroque não é muito bom, seria bom se a mãeestivesse ainda aqui. Como eu, eu e ele a gentenão tem muito assunto para conversar... umestá calado e o outro também, não tem assun-to. Então, é bom quando vêm meus irmãos,daí a gente conversa bastante, mas sozinhomesmo não é muito bom. Porque tanto pramim como pra ele é melhor ter mais convívio.”(Turquesa).

Para Figueiredo,17 a convivência entrefamiliares e idosos deveria estar baseada naproximidade entre ambos, em que há diálo-go, interação e cumplicidade favorecendo ovínculo e facilitando o convívio e a com-preensão mútua.

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“Como é que vou dizer, tem dias, às vezes que eume encrenco. Chego em casa e ela não fez isso.Pergunto: ‘Mãe, como que tu esqueceu de fazerisso?’ Mas ela nem pode, porque ela já tem essaidade e até a gente esquece.” (Topázio).

Como mencionam Souza et al.,5 “o idosotraz consigo diferentes formas de visualizar a família ea relação de cuidado cristalizado em valores, hábitos eatitudes que, muitas vezes, são incompatíveis com asdos membros da família, predispondo assim, à instala-ção de situações conflituosas”.

Para exercer a tarefa de cuidador algunsrequisitos são necessários. Entre eles, a tole-rância e a compreensão, pois o idoso podeter oscilações de humor, o que dificulta aconvivência e possibilita a ocorrência deagressão do geronte em relação a seus fami-liares. Também muitos idosos se mostramresistentes a mudanças e aceitação de novasrotinas, o que impede uma boa interaçãoentre idoso-familiar.

“Ela é uma pessoa nervosa, difícil de lidar, temdias que quase perco a paciência.” (Ametista).

É também quando o idoso está viven-ciando um período de adoecimento, estandopoliqueixoso, deixa muitas vezes o familiaransioso e angustiado, em especial quandose trata de uma condição crônica, sendo di-fícil de acompanhar a pessoa idosa e mantero convívio com a mesma. Os sujeitos infor-mam que, devido às diferenças e os hábi-tos de vida da pessoa idosa, torna-se difícilprestar o cuidado e anseiam que o anciãopossa vir a colaborar com a situação, mi-nimizando suas queixas e modificando suaconduta.

“Difícil, difícil, porque só dói aqui, dói lá...porque a doença é muito avançada e não sei seele melhorasse se seria melhor, mas sabemosque não tem cura.” (Opala).

A co-residência do idoso com um mem-bro do grupo familiar tende a ser mais fa-vorável para que ele receba cuidado, do queaquele que vive só, em especial nas situa-ções de adoecimento. Contudo cabe salien-tar que a co-residência do idoso pode serum fator que favoreça a existência de con-flitos intrafamiliares.

Em relação ao processo de envelhecimento,vale destacar que este ocorre de modo singularem cada ser humano. Do mesmo modo, indi-víduos idosos vivenciam situações de adoeci-mento de forma individual, em que alguns en-velhecem com boas condições de saúde, outrosadoecem temporariamente e, ainda há aquelesque desenvolvem morbidades de natureza crô-nica que muitas vezes são incapacitantes, neces-sitando de ajuda que, frequentemente, advémde integrantes do grupo familiar.

CONCLUSÃO

Identifica-se que a concepção de maus-tratos, por parte dos entrevistados, ultra-passa os limites da agressão física, pois oscuidadores entendem que não cuidar doidoso dependente, restringi-lo do convíviosocial, cercear sua autonomia, coagir psico-logicamente, além de outras atitudes agres-sivas, seja expressa por gestos ou de formaverbal, e o abandono se constituem nasmúltiplas formas de violências.

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Constatou-se que, para o familiar/cui-dador, o cuidado diário é complexo e parao idoso conviver com seus familiares, am-bos devem manter também interações comoutras pessoas, para sair um pouco da inal-terabilidade do cotidiano. Os cuidadoresdevem ter habilidade, paciência, compreen-são e flexibilidade, para que a convivênciaseja a mais tranqüila possível.

O estudo mostra que o cuidado se tor-na mais cansativo e estressante no momen-to em que o idoso está doente, uma vez quepassa a requerer cuidados específicos e commaior intensidade. Nessa situação, o fami-liar vivencia um período de insegurança, quepode acarretar sentimentos de revolta e an-gústia, favorecendo o aparecimento de con-flitos e violência.

Inseridos neste contexto, os profissio-nais da área da saúde devem estar aptospara, no exercício de sua profissão, iden-tificar situações de violência no espaçodomiciliar, em especial contra os indiví-duos que potencialmente são mais frágeis,como é o caso das crianças e dos idosos.Nesta condição, há de se planejar a assis-tência de forma interventiva, para que tan-to o idoso como seu familiar, seja alvo de

compreensão. Entende-se que, na relaçãofamiliar/idoso, estes precisam de suportepara que em seu cotidiano possam encon-trar uma forma de interagir do melhormodo possível, uma vez que nesta relaçãohá muita singularidade e somente quem avivencia pode compreender e delinearmudanças efetivas para que a convivênciaseja satisfatória para ambos.

Considera-se que a limitação deste estu-do está relacionada ao fato de ser uma in-vestigação qualitativa, em que há um nú-mero reduzido de sujeitos e por ter sidodesenvolvido em uma única área geográfi-ca. Contudo, entende-se que o mesmo,acrescido de outras pesquisas, possa subsi-diar discussões sobre a temática em pauta.

NOTAS

a Enfermeira, doutora em Gerontologia Biomédica, do-cente do Departamento de Ciências da Saúde daUniversidade Regional do Noroeste do Estado doRio Grande do Sul.

b Enfermeira, mestre em Enfermagem Psiquiátrica, do-cente do Departamento de Ciências da Saúde daUniversidade Regional do Noroeste do Estado doRio Grande do Sul.

c Enfermeira, Hospital São José de Três Passos/RS,docente do Curso Técnico de Enfermagem da EscolaFrancisco de Assis.

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Recebido em: 28/1/2008Reapresentado: 06/3/08Aprovado: 30/5/2008

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Compreensão jogo Quoridor 223

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Palavras-chave:envelhecimento/Psicologia; preven-ção primária; idoso;mulheres; adoles-cente; jogosexperimentais;estudo comparativo

Evolução do nível de compreensão do jogo Quoridor:uma comparação entre idosas e adolescentes

Evolution of the comprehensive level of the Quoridor game: a comparisonbetween elderly women and adolescents

Claudimara Chisté Santosa

Antonio Carlos Ortegab

ResumoOs aspectos cognitivos relacionados ao envelhecimento precisam ser mais investi-gados, tendo em vista a necessidade de criar estratégias de prevenção ou manuten-ção de uma velhice saudável e ativa. Esta pesquisa teve por objetivo comparar aevolução do nível de compreensão de um jogo de regras entre idosas e adolescen-tes. Foram constituídos dois grupos de quatro participantes para cada faixa etária:um de 65 a 75 anos e outro de 16 a 17 anos. Como referencial, foi utilizada a teoriade Piaget. O instrumento de investigação foi o jogo Quoridor. Ao longo de quatroetapas, as participantes tiveram a oportunidade de jogar entre adversárias de mes-ma faixa etária, além de serem entrevistadas individualmente para se posicionaremdiante de situações-problema. Os critérios de análise foram estabelecidos a partirde níveis de compreensão do jogo – do menor para o maior: I, II/A, II/B, III/A,III/B. Os resultados indicam que duas idosas e duas adolescentes alcançaram nívelII/B; uma idosa não evoluiu no nível de compreensão, ficando no nível I; duasadolescentes atingiram o nível II/B e uma idosa o nível III/A. Desta forma, onível mais alto foi alcançado por uma idosa, contrariando o pressuposto de que odeclínio cognitivo é inevitável em idosos jovens, e que um idoso sempre terádesempenho pior que um adolescente. Em se tratando de aspectos cognitivos,muitos são os fatores envolvidos, e apenas a faixa etária não garante uma previsãodo quanto um sujeito pode se desenvolver.

Universidade Federal do Espírito SantoPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaVitória, ES, Brasil

Correspondência / CorrespondenceClaudimara Chisté SantosRua Natalina Daher Carneiro, 860/20429060-490 – Vitória, ES, BrasilE-mail: [email protected]

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Key words: aging /Psychology; primaryprevention; aged;women; adolescent;games experimental;comparative study

AbstractThe cognitive aspects related to ageing need a more thorough investigation, inview of the need of creating preventive or maintenance strategies for an active andhealthy ageing. This research aimed to compare the evolution of the comprehensionlevel of a game of rules between elderly women and adolescents. Two groups offour participants for each age group were formed: one aged 65-75 years, and theother, 16-17 years. The study was based on Piaget’s theory. As an instrument forinvestigation, the Quoridor game was used. Throughout four stages, theparticipants had the opportunity to play amongst adversaries of the same agegroup, besides being individually interviewed so as to position themselves beforeproblem-situations. The analysis criteria were established from levels ofcomprehension about the game – from the lowest to the highest one: I, II/A, II/B,III/A,III/B. Results indicated that two elderly women and two adolescentsreached the II/B level; an elderly woman did not evolve on the comprehensionlevel, remaining on level I; two adolescents reached the II/B level, and an elderlywoman, the III/A. Thus, the highest level was obtained by an elderly woman,contrary to the assumption that cognitive decline is inevitable among young elders,and that an elder shall always have a worse performance than that of an adolescent.When it comes to cognitive aspects, many are the factors evolved, and the agegroup alone does not guarantee just how much a subject may develop himself.

INTRODUÇÃO

No estudo sobre o desenvolvimento hu-mano, o envelhecimento tem sido cada vezmais analisado. O acréscimo gradual de talinteresse se deve, entre outros fatores, ao au-mento da expectativa de vida, que gera im-pacto na economia e traz desafios para as áreasde saúde, trabalho, lazer e turismo. Segundoo IBGE,1 em 2050 os idosos serão um quin-to da população mundial.

Ao se investigar o fenômeno do envelhe-cimento, é preciso considerar, entre outrosaspectos, a cognição. Estudos sobre esse fe-nômeno corroboram o pressuposto de queo convívio social e hábitos saudáveis podemalterar o ritmo do declínio cognitivo.2-14

Assim sendo, se tal declínio pode ser alterado,é preciso aprofundar o conhecimento sobreas estratégias eficazes para manter ou melho-rar o raciocínio no envelhecimento.

O processo de desenvolvimento, tal comodescrito por Piaget,15,16 é determinado porvários aspectos, tanto físicos quanto sociais.A partir deste pressuposto, é possível suporque a genética, o estímulo do meio externo, aqualidade de vida e a saúde influenciem dire-tamente na maneira como o indivíduo se de-senvolve. Tais conjecturas sustentam os resul-tados da pesquisa que será aqui explanada.

O Estudo Longitudinal de Seatle17 trouxecontribuições para a questão do declíniocognitivo. Utilizando métodos longitudi-

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nais e transversais, o autor pesquisou indi-víduos entre os anos de 1956 a 1991. A cadasete anos, eram introduzidos novos parti-cipantes na amostra e um dos objetivos eraavaliar se havia declínio cognitivo em ido-sos. Ele concluiu que a partir dos 70 anos,em média, começa a haver um pequenodeclínio de algumas habilidades, que se re-ferem à aprendizagem em situações novas;outras, principalmente as habilidades queutilizam conhecimentos prévios, adquiridosao longo da vida, tendem a se conservar navelhice, desde que não haja problemas desaúde significativos. Métodos de interven-ção precisam ser adaptados e testados paraidentificar como manter ou melhorar taishabilidades no envelhecimento.

Matos18 realizou oficinas utilizando, in-clusive, jogos de regras, da qual participaram18 idosos. Ela menciona benefícios aponta-dos na literatura, tais como estimulação damemória e possibilidade de associação dasatividades com a realidade. Segundo a autora,o lúdico favorece a estimulação cognitiva e éum recurso que precisa ser adaptado para in-tervenções com idosos.

Foi realizado levantamento sobre traba-lhos científicos com jogos de regras e cons-tatou-se que são escassos os trabalhos com ido-sos. Além das bases de dados OVID,PsycINFO e SCIELO, foram utilizadas cin-co fontes: (1) o trabalho de Rossetti e Souza19;(2) os seguintes sites: da Universidade Federaldo Espírito Santo (http://www.ufes.br/~dpg/psicologia/egressos.htm); da Univer-sidade de São Paulo (http://www.teses.usp.br/biblioteca.html); da Unicamp (http://

www.unicamp.br/bc/) e da Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superi-or (http://servicos.capes.gov.br/capesdw/); (4)artigos científicos; (5) capítulos e/ou livros.

Os dados demonstram que, dos estudosrealizados com jogos de regras no Brasil, dosanos 1980 até 2006, foram encontrados: 19 tra-balhos (42%) realizados com crianças; 11 (24%)com crianças e adolescentes; cinco (11%) comadolescentes; um (2%) com adolescentes e adul-tos; oito (18%) com adultos; um (2%) comadolescentes e idosos. O único trabalho comidosos que utiliza jogos de regras foi o realiza-do por Santos, Rossetti e Ortega,17 que serviude base para a presente pesquisa. A maior par-te dos trabalhos foi realizada com crianças eadolescentes até 13 anos.

Em se tratando de pesquisas gerais sobreenvelhecimento no Brasil, foi realizado umlevantamento pela Universidade do Estadodo Rio de Janeiro,20 que identificou 144 gru-pos de trabalho no Brasil, 209 linhas de pes-quisa e 511 pesquisadores atuantes na áreado envelhecimento. Entre os temaspesquisados, os que surgem com maiorpercentual são: doenças crônicas edegenerativas (16,2%), educação, promoção desaúde e prevenção de doenças (11%) e envelhe-cimento biológico (10,7%). Termos relaciona-dos à cognição ou correlatos não foram cita-dos nesse estudo. É provável que tenham sidoconsiderados como subáreas não citadas ouentão não foram realmente encontrados gru-pos de trabalho relacionados a esse tema.

Estudos sobre a memória são mais co-muns quando o tema é cognição no enve-

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lhecimento, mas ainda assim há muito a es-clarecer, como aponta Yassuda,21 que fazuma revisão de literatura indicando que noidoso saudável há possibilidade de compen-sação de déficits cognitivos.

Uma investigação exploratória sobre onível de compreensão de um jogo de re-gras com idosos pode ampliar o conheci-mento de suas habilidades em um ambi-ente lúdico. Como a caracterização de umfenômeno se torna mais completa se hou-ver um grupo comparativo, foramselecionadas adolescentes para efeito decomparação com as idosas. SegundoMeltzoff,22 é necessário, em questões des-critivo-comparativas, haver descrições tan-to sobre semelhanças quanto sobre dife-renças. Assim, é possível caracterizar cadaum dos grupos de forma mais sistemati-zada e foi esta a razão para o grupo deadolescentes ser incluído.

O referencial utilizado neste estudo é ateoria de Piaget, que será abordada a seguir.

O DESENVOLVIMENTO HUMANO NAPERSPECTIVA DE PIAGET

Se para Piaget o desenvolvimento é emi-nentemente cognitivo (apesar de deixar cla-ro o papel fundamental da afetividade nes-se processo), é preciso buscar entender o de-senvolvimento na ação própria do sujeito,e sua inter-relação com o objeto. Emboranão se tenha encontrado nenhum estudo re-alizado por Piaget com idosos, ele colocaque “a equilibração cognitiva não marca jamais um

ponto de parada, senão a título provisório”.15 É pos-sível supor, portanto, que mesmo depois dechegar ao estádio lógico-formal, a inteligên-cia continua a progredir em relação aos as-pectos funcionais.

Atividades complexas, como montarum quebra-cabeça ou ganhar um jogo deregras com um ou mais adversários, exi-gem várias ações coordenadas, ou seja, éna relação entre o fazer e o compreenderque se constrói o pensamento. SegundoPiaget,23 “Fazer é compreender em ação uma dadasituação em um grau suficiente para atingir os finspropostos, e compreender é conseguir dominar, empensamento, as mesmas situações até poder resolveros problemas por elas levantados, em relação ao por-que e ao como das ligações constatadas e, por outrolado utilizadas na ação.”

A observação da ação de participan-tes da pesquisa, bem como seus relatossobre os procedimentos utilizados, per-mite analisar as intenções presentes emcada jogada.

A partir do posicionamento dos par-ticipantes, pode-se ter certeza de que oprocedimento inferido de fato está pre-sente na intenção do sujeito. Tal intençãosó pode ser detectada por dois meios: afala e a ação. Portanto, utilizou-se um jogode regras que permitisse acompanhar odesempenho das participantes ao seremcolocadas diante de desafios, ou situações-problema.

Partindo dessas considerações, o obje-tivo geral desta pesquisa foi comparar a

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evolução do nível de compreensão de umjogo de regras entre idosas e adolescentes.Para alcançar tal propósito, foram estabe-lecidos os seguintes objetivos específicos:caracterizar a evolução do nível de com-preensão do jogo Quoridor das idosas;caracterizar a evolução do nível de com-preensão do jogo Quoridor das adoles-centes; e comparar o nível de compreen-são do jogo Quoridor alcançado pelasidosas e adolescentes.

MÉTODO

Participantes

Participaram desta pesquisa quatro ido-sas e quatro adolescentes do sexo femini-no. O número reduzido de participantesjustifica-se pela característica exploratóriado trabalho. Como já mencionado na re-visão de literatura, há poucos estudos comidosos utilizando jogos de regras como ins-trumento, e tal escassez de informaçõesimpede a formulação de hipóteses. Alémdisso, o método clínico de Piaget exigeum detalhamento que aponta o estudo decaso como sendo o mais adequado paraatingir os propósitos de observação e aná-lise das condutas.

O grupo das adolescentes foi compostopor participantes com idade entre 16 e 17anos, que cursavam o 1º ano do ensino mé-dio em uma escola pública estadual e estu-davam na mesma sala de aula. A seleção de-las foi realizada com base na demonstraçãodo interesse em participar da pesquisa e no

desempenho escolar (médio em relação aosoutros alunos da classe).

O grupo das idosas, com idade varian-do entre 65 e 75 anos, foi composto porduas participantes que tinham concluído oensino médio, uma o ensino fundamental ea outra, cursado até a 7ª série do ensinofundamental. Todas participavam das ativi-dades realizadas em um centro de convivên-cia para a terceira idade, da Prefeitura Mu-nicipal de Vitória.

A escola pública estadual em que as ado-lescentes estudavam e o centro de convivên-cia freqüentado pelas idosas estão localiza-dos no mesmo bairro, de classe média bai-xa da cidade de Vitória-ES.

Os procedimentos foram baseados nasnormas referentes à realização de pesquisasenvolvendo seres humanos, estabelecidaspela Resolução nº 196/96, de 10 de outu-bro de 1996, do Conselho Nacional de Saú-de24 e na Resolução nº 016/2000, do Con-selho Federal de Psicologia.25 Os nomes uti-lizados são fictícios.

Instrumentos e procedimento

A pesquisa foi realizada em quatro eta-pas. Na primeira, foi utilizada uma entre-vista semi-estruturada e, nas demais etapas,o instrumento foi o jogo Quoridor.

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ETAPA 1

Nesta etapa, realizou-se inicialmente uma entrevista com o objetivo de complementar asinformações sobre as participantes:

ADOLESCENTES IDOSAS

1. Data de Nascimento:

2. Local de Moradia:

3. Escola em que estuda:

4. Série a que pertence:

5. Qual matéria mais gosta?

6. Qual matéria menos gosta?

7. Como costumam ser suas notas?

8. Tem algum problema de saúde? Qual (is)?

9. Tem o hábito de jogar? Que ti po de jogo?

10. Usa bebida alcoólica ou outras drogas?

1. Data de Nascimento:

2. Local de Moradia:

3. Está aposentada?

4. Tem algum outro trabalho/atividade no

momento?

5. Tem algum problema de saúde? Qual (is)?

6. Estudou até que série?

7. Qual matéria mais gostava?

8. Qual matéria menos gostava?

9. Tem o hábito de jogar? Que tipo de jogo?

10. Usa bebida alcoólica ou outras drogas?

ETAPA 2

Nesta etapa foi introduzido o jogo Quoridor, que foi inventado por um italiano cha-mado Mirko Marquesi, com o nome de Pinko Pallino.26 No Brasil, ele recebeu o nome deBarreiras ou Curral.

O jogo Quoridor é formado por tabuleiro em madeira, com quatro peões e 20 barreiras.Ganha o participante que atingir em primeiro lugar qualquer casa na linha oposta a sua linhade partida. No início as barreiras estão colocadas atrás da linha de partida de cada jogador,sendo dez barreiras para cada jogador (duas pessoas), sete barreiras para cada jogador (trêspessoas), ou cinco barreiras para cada jogador (quatro pessoas). Cada um dos jogadores esco-lhe deslocar o seu peão ou colocar uma das barreiras. Os peões deslocam-se de uma em umacasa horizontal ou verticalmente, para frente, para trás ou para os lados, mas nunca na diagonal.As barreiras devem ser contornadas, ou seja, não se pode pular sobre elas, que devem sercolocadas exatamente entre duas casas. A colocação das barreiras não pode fechar totalmenteo acesso à linha de chegada do adversário. Quando dois peões se encontram face a face emcasas vizinhas não separadas por barreiras, o jogador pode saltar o peão do adversário. Não sepode pular dois peões de uma vez, no caso de estarem jogando três ou quatro pessoas. Estapesquisa utilizou a versão para dois participantes, conforme ilustra a Figura 1.

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Compreensão jogo Quoridor 229

Essa etapa teve por objetivo: (a) permitir que as participantes conhecessem o material do jogoQuoridor, seu objetivo e suas regras, ou seja, que aprendessem a jogar de maneira correta; e (b)identificar as estratégias iniciais utilizadas por elas. Cada uma das participantes jogou três partidascom a pesquisadora. Para possibilitar a análise dos dados obtidos, foram elaborados dois protoco-los de registro: um referente às jogadas e o outro às estratégias.

Figura 1 – Ilustração do Jogo QuoridorFonte: Il Fogliaccio

Protocolo de Registro de JogadasOs registros foram realizados de acordo com os seguintes códigos:P: peãoB: barreiraV (verde), A (amarelo): para a cor dos piões.Exemplo de registro:

PARTICIPANTE: DATA:

ETAPA:

ADVERSÁRIA:

• Pv A5-B5: o peão verde andou da casa A5 para a cas a B5.

• Ba D4,5 – E4,5: o adversário de cor amarela colocou uma barreira entre as casas D4 e D5 e

E4 e E5, representado na figura 2 pelo traço de cor laranja.

• Bv GH7- GH8: o adversário de cor verde colocou uma barreira entre as casas B7 e H7 e G8 e

H8, como no exemplo da linha verde, acima.

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Após o término das partidas, foi realizada uma entrevista, composta das questões abai-xo. A entrevista pretendeu verificar o conhecimento das participantes em relação ao mate-rial, objetivos e regras do jogo Quoridor.

PARTICIPANTE: DATA:

ETAPA:

ADVERSÁRIA:

( ) Mover o peão para o lado sem obstáculo à frente.

( ) Colocar prioritariamente as barreiras próximas ao peão do adversário logo no

início do jogo, ao invés de mover o peão em direção ao seu objetivo.

( ) Colocar as barreiras aleatoriamente, sem fazer labirintos.

Fazer labirintos para o adversário.

( ) Fazer labirintos e concluir a jogada, fechando o adversário.

( ) Mover prioritariamente o peão para frente, sem colocar inicialmente as

barreiras (princípio da economia das barreiras).

( ) Impedir a própria passagem, para controlar que o adversário não o faça quando

lhe convier.

1. De que é composto o jogo Quoridor? Qual o material do jogo, seus componentes, suas

peças?

2. Qual o objetivo do jogo? Quem ganha?

3. Quais são as regras do jogo?

4. Para que servem os peões? O que não podem fazer?

5. Quais as posições que as barreiras não podem ocupar?

Protocolo de Registro de Estratégias

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Compreensão jogo Quoridor 231

ETAPA 3

O objetivo desta etapa foi proporcionar às participantes condições para a prática nojogo. No encontro, denominado de campeonato, as participantes jogaram várias parti-das com adversárias de uma mesma faixa etária.

ETAPA 4

O objetivo desta etapa era propor quatro situações-problema a cada uma das participan-tes, que serão apresentadas em seguida:

SITUAÇÃO-PROBLEMA 1

Essa situação prioriza a avaliação das seguintes estratégias: (1) conhecimento dos objeti-vos do jogo; (2) princípio da economia das barreiras para ganhar.

Figura 2 – Ilustração da Situação-Problema 1

- Está no começo do jogo. É a vez do joga-dor preto. Quais estratégias ele poderiautilizar para começar? Por quê?- Caso o participante não mencionasse aestratégia de economia das barreiras, erafeita nova pergunta:- É melhor avançar ou colocar as barrei-ras? Por quê?

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SITUAÇÃO-PROBLEMA 2

Esta situação prioriza a avaliação da seguinte estratégia: utilização eficaz dasbarreiras, de modo a fechar adequadamente o adversário. Isso implica capacidadede coordenar ações e fazer antecipações.

Figura 3 – Ilustração da Situação-Problema 2

- O preto tem 02 barreiras. O branco tem 06.- É a vez do jogador preto. Qual seria umaboa jogada? Por quê?- Alguma outra jogada?

SITUAÇÃO-PROBLEMA 3

Esta situação prioriza a avaliação das seguintes estratégias: (1) coordenação de ações; (2) percep-ção das estratégias do adversário, que está com possibilidade de realizar uma jogada de ataque.

Figura 4 – Ilustração da Situação-Problema 3

- O jogador preto tem 3 barreiras, e o branco tem 5.- É a vez do jogador preto. Qual seria uma boajogada? Por quê?Caso o participante encontrasse comoalternativa utilizar as barreiras, se fazia uma novapergunta:- Por que andar com o peão preto não é uma boaopção?

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Compreensão jogo Quoridor 233

SITUAÇÃO-PROBLEMA 4

Esta situação prioriza a avaliação das seguintes estratégias: (1) princípio de economia debarreiras; (2) visão geral da utilização das barreiras.

Lugar de saída do jogador branco (ele está,

no momento, com 06 barreiras)

Lugar de saída do jogador branco (ele está,

no momento, com 01 barreira)

Figura 5 – Ilustração da Situação-Problema 4

Critérios para análise dos dados

Os níveis que serão apresentados a se-guir foram elaborados com base no estudo-piloto:

Nível I: demonstra, ao ser questionado,conhecimento sobre as regras do jogo. Co-nhece a finalidade do peão, mas o movimen-ta aleatoriamente. Menciona que o objeti-vo do jogo é chegar do lado oposto ao dalinha de partida, mas não o faz na prática.

Estratégias do Nível I: (a) percebe clara-mente a função do peão, mas o move para oslados sem ter nenhum obstáculo à frente. Atéo momento não foram observadas jogadasdesse tipo que fossem eficazes, ou seja, queservissem de auxílio para se vencer uma par-tida; (b) conhece a função das barreiras e ascoloca aleatoriamente, por exemplo, no meiodo tabuleiro, distante de qualquer peão. Aintenção parece ser, na maioria das vezes, decriar obstáculos futuros, mas como são co-locados com antecedência, dão chance aoadversário de evitá-los com mais facilidade.

- Qual jogador tem mais chance de ven-cer? Por quê?- O que o jogador preto poderia fazer paranão ficar tão longe da linha de chegada?- Como você considera que os dois joga-dores usaram suas barreiras?- Numa próxima partida, qual dica vocêpode dar ao jogador vermelho para me-lhorar seu desempenho?

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Nível II: conhece as regras do jogo, usaas barreiras com certa coerência, tentandoevitar o avanço do adversário e, às vezes,fazendo-o voltar, porém ainda não conse-gue perceber todos os usos das barreiras emrelação a si mesmo e ao outro.

Esse nível se subdivide em dois:

Estratégias do Nível II/A: (a) cria labirin-tos para atrasar o adversário, mesmo que, porvezes, não chegue a concluir a estratégia; (b)anda sempre em direção à linha de chegada.

Estratégias do Nível II/B: (a) utiliza as bar-reiras em todas as posições, fazendo com queo adversário retorne; (b) percebe que o núme-ro de barreiras influencia o resultado do jogo,mas nem sempre encontra estratégias paraeconomizá-las; (c) fecha o labirinto a tempode concluir a jogada e atrasar o adversário.

Nível III: demonstra a noção de econo-mia das barreiras, de utilização das barreirasfechando a si próprio, de forma a controlaras jogadas. Antecipa as ações do adversário,considera a interferência do adversário umavariável importante para ganhar uma parti-da e coordena suas ações e as do adversário.

Este nível também se subdivide:

Estratégias do Nível III/A: (a) fecha oslabirintos estrategicamente e no tempo cor-reto, de forma a fazer o adversáriodespender ainda mais tempo. No nível an-terior, esse fechamento nem sempre acon-tece no melhor momento, o que permitesupor que as antecipações ainda não estãocompletamente presentes; (b) consegue uma

visão global do tabuleiro e das jogadas pos-síveis. Por isso, às vezes entende que deter-minada jogada é necessária para não haverprejuízos maiores, por exemplo, percebe quese não andar, naquele momento, o adversá-rio poderá fechá-lo (como no caso da situa-ção-problema 3).

Estratégias do Nível III/B: (a) fecha a sipróprio para impedir que o adversário o façaquando lhe convier; (b) conhece a necessida-de de economizar barreiras e consegue fazê-loestrategicamente durante a partida; (c) perce-be que é mais vantajoso deixar o adversáriosair primeiro, porque no meio do tabuleiropoderá pular sobre ele e adiantar uma casa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados de for-ma separada, em dois tópicos: um para ogrupo das idosas e outro para o grupo dasadolescentes. Será descrito um estudo decaso de cada grupo para exemplificar a aná-lise realizada.

a. Grupo das Idosas - O Caso Zuleide

Zuleide foi a participante idosa com me-nor escolaridade - 7ª série do ensino funda-mental. Trata-se aqui apenas de um registroda escolaridade formal, mas não se podemdesconsiderar todas as outras atividades des-sa participante. Ela demonstra ter uma vidasocioeconômica que permite atender a suasnecessidades básicas, alega ter boa saúde eassume muitos compromissos em sua igre-ja, sendo responsável por vários projetos.

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Compreensão jogo Quoridor 235

Joga cartas semanalmente com um grupode amigos. Sua casa fica em uma ruatranquila, onde todos se conhecem.

Quanto à compreensão do jogo, os re-sultados mostraram que Zuleide evoluiudo nível I para o nível III/A. Assim, nastrês primeiras partidas ela se manteve nonível I, andando para os lados, colocandobarreiras aleatoriamente, sem economizá-las. No campeonato, começou a evoluirsua compreensão do jogo. Passou a fazerlabirintos de forma mais estratégica, fe-chando no final. Também começou a fa-zer antecipações.

Zuleide ganhou quatro das cinco parti-das que jogou no campeonato. Era citadapelas outras participantes como a que “jo-gava bem”. Foi a única na quarta etapa, en-tre idosas e adolescentes, a responder e ajustificar corretamente a situação-problema3, em que precisaria andar com o peão paranão ser fechada pela adversária.

Ao responder e argumentar correta-mente todas as situações-problema ela de-

monstrou: (1) conhecimento dos objetivosdo jogo; (2) utilização do princípio da eco-nomia das barreiras para ganhar a partida,fechando de maneira eficaz o adversário;(3) coordenação de ações; (4) percepção dasestratégias do adversário, quando este estácom possibilidade de realizar uma jogadade ataque e (5) visão geral da utilização dasbarreiras, seja por economia, seja por ade-quação de colocação. Este grau de anteci-pação e coordenação de ações indica umnível III/A.

Evolução do nível de compreensão dojogo Quoridor: comparação entre asidosas

Comparando os resultados obtidos pe-las idosas, observou-se que três delas conse-guiram evoluir: Cândida do nível I para oII/B; Cíntia do II/A para o II/B; Zuleidedo I para o III/A. Diferentemente dessastrês participantes, Lílian não apresentouevolução ao longo da pesquisa.

Compreensão do Jogo

Participante Nível inicial Nível alcançado

Cândida I II/B

Cíntia II/A II/B

Lílian I I

Zuleide I III/A

Quadro 1 – Comparação da evolução do nível de compreensão das idosas

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Desse modo, houve entre as idosas umagrande diferenciação no percurso de apren-dizado do jogo. A participante que atingiu, jána primeira partida, um nível maior, não foi aque alcançou o maior nível ao final da pesqui-sa. Outro exemplo é Zuleide que, emboratenha começado no mesmo nível que as de-mais, foi a única a atingir o nível III/A. Dessemodo, pode-se dizer que o nível inicial deevolução não é preditivo do nível que seráalcançado depois de ter oportunidade depraticar o jogo.

A hipótese que se admite é de que emuma avaliação não se pode correlacionar odesempenho no início das atividades como desempenho depois de um tempo deaprendizado.

Cândida começou no nível I e atingiunível II/B. É relevante, nesta participante, ofato de haver verbalizado vários comentári-os negativos sobre si mesma, por exemplo:“eu não vou conseguir, nunca joguei esse jogo”. Emuma intervenção mais prolongada, os aspec-tos afetivos precisariam ser trabalhados, pois,neste caso, por exemplo, há indícios de quea auto-imagem pode ter comprometido seudesempenho.

O dado que mais chama a atenção é quetrês participantes conseguiram evoluir, exce-tuando Lílian, que a partir da segunda etapada pesquisa passou por problemas familiares,além de ter adoecido. Tais variáveis precisamser consideradas em estudos futuros, visto quehá indícios de que a qualidade de vida defato interfere na cognição.

b. Grupo das adolescentes - O CasoNatália

Natália foi a única participante ado-lescente que cursou o ensino fundamen-tal em uma escola particular, mas se trans-feriu para uma institução pública contraa vontade da família. Ela alegou que não“gosta de estudar” e que preferia a escolaem que estava.

No que se refere à compreensão do jogo,os resultados permitiram constatar que Na-tália evoluiu do nível I para o nível II/B,conforme os critérios de análise expostosanteriormente. Deste modo, no início daprimeira partida ela usou barreiras aleato-riamente, ou seja, colocava-as de forma ine-ficaz no tabuleiro, sem conseguir atrasar opeão adversário. Também moveu peões parao lado, estratégia que indica não estar con-siderando o objetivo final do jogo, que échegar do lado oposto ao da linha de par-tida. Não economizou as barreiras, mui-tas vezes deixando de andar com o peãopara colocá-las aleatoriamente. Entretanto,demonstrou observar as jogadas da pesqui-sadora, fazendo labirintos, o que indicaque começava a compreender que essa erauma estratégia importante para ganhar ojogo. Apesar disso, ainda não demonstra-va ter compreendido como concluir a es-tratégia, não sendo eficaz. É preciso lem-brar que essas observações dizem respeitoapenas à primeira partida de um jogo queela não conhecia. Portanto, já era de se es-perar que ela demonstrasse desconhecimen-to das estratégias.

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Compreensão jogo Quoridor 237

A partir da quarta partida, já demonstravauma evolução ao utilizar estratégias, conseguin-do fazer, em algumas jogadas, com que o ad-versário voltasse através do uso de labirintos.

No campeonato, ganhou 10 das 15 par-tidas. Assim como Diana, outra adolescen-te, ela observou a importância na coloca-ção das barreiras, mas não sua economia.

A respeito das situações-problema, quepermitiram identificar quais estratégias aparticipante conhecia, Natália demonstrouter bom conhecimento dos objetivos dojogo, além de perceber que a forma de utili-zar as barreiras poderia ter relação com seudesempenho, e que utilizá-las seria ummodo de fechar de forma eficaz o adversá-rio. Essa estratégia ela só mencionou na úl-tima etapa. Embora tenha demonstradoavanço, não conseguiu coordenar ações deforma eficaz para perceber todas as possibi-lidades de jogadas, como exige a situação-problema 3. Na situação-problema 4, elamenciona a importância das barreiras, masnão especifica o porquê.

Vale destacar que depois de expor a par-ticipante às situações-problema, que é a úl-tima etapa, ela demonstrou ter avançado emrelação ao conhecimento do sistema lógicodo jogo. Esse dado sugere que a formula-ção de desafios pode permitir um avançonos meios utilizados, favorecendo uma evo-lução no nível de compreensão do jogo.

Evolução do nível de compreensão do jogoQuoridor: comparação entre as adolescentes

Comparando os resultados obtidos pe-las adolescentes em relação à compreensãodo jogo, verificou-se, como pode ser obser-vado no Quadro 2, que todas elas consegui-ram evoluir. Enquanto Ana e Quênia pas-saram do nível I para o II/A, Natália foi donível I para o II/B. Diana, por sua vez, ini-ciou no nível II/A, alcançando o II/B.

Compreensão do Jogo

Participante Nível inicial Nível alcançado

Ana I II/A

Diana II/A II/B

Natália I II/B

Quênia I II/A

Quadro 2 - Comparação da evolução do nível de compreensão das adolescentes

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O fato de Ana e Quênia terem atingidoo nível II/A indica que criaram labirintospara atrasar o adversário e caminharam emdireção à linha de chegada, o que demons-tra compreensão das regras do jogo e uminício de construção de estratégias.

Enquanto Natália começou no nível I,Diana iniciou, já na primeira partida, nonível II/A, aparentando em alguns momen-tos repetir as jogadas da pesquisadora. Ape-sar disso, ambas alcançaram o mesmo nível(II/B), o que denota que conseguiram utili-zar as seguintes estratégias: (1) utilizar asbarreiras em todas as posições, fazendo comque o adversário retorne; (2) perceber queo número de barreiras influencia o resulta-do do jogo, apesar de por vezes não perce-ber como economizá-las; (3) fechar o labi-rinto a tempo de concluir a jogada e atrasaro adversário.

Pode-se observar que todas as adolescen-tes evoluíram na compreensão do sistema ló-gico do jogo. Estudos indicam que pesqui-sas com jogos de regras tendem a proporcio-nar tal evolução. Ortega e Pylro27 realiza-ram uma análise microgenética do NCJ comquatro estudantes de 16 anos, utilizando ojogo Quarto, e constaram que houve evolu-ção nas explicações das estratégias.

Torres28 também obteve o mesmo resul-tado quando, por meio de um processo deintervenção, trabalhou dois semestres leti-vos com adolescentes, por meio de oficinasutilizando o jogo Rummikub, entre outrosinstrumentos. Ela observou uma evoluçãonos estádios de desenvolvimento. Esse re-sultado indica que a evolução na compre-ensão de jogo sugere um desenvolvimentoque pode ser aplicado a outras situações davida do sujeito.

Desta forma, o jogo de regras parece per-mitir evolução do NCJ e o desenvolvimentocognitivo em adolescentes, mostrando-se uminstrumento eficaz não apenas para pesquisastransversais, mas também longitudinais, pormeio de intervenção.

Comparação do nível de compreensão dojogo alcançado pelas idosas e adolescentes

Pode-se observar uma diversificação nosresultados, como mostra o Gráfico 1: (1)uma idosa não evoluiu, ficando no nível I;(2) duas adolescentes alcançaram o nível decompreensão do jogo II/A; (3) duas adoles-centes e duas idosas atingiram o nível II/B;(4) Uma outra idosa atingiu o nível III/A.

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Compreensão jogo Quoridor 239

Esses dados contrariam o pressuposto deque o declínio cognitivo é inevitável em ido-sos jovens, e que um idoso sempre terá de-sempenho pior que um adolescente. Em setratando de aspectos cognitivos, muitos sãoos fatores envolvidos, e apenas a faixa etárianão garante uma previsão do quanto um su-jeito pode se desenvolver.

Os resultados são coerentes com a visãode Neri29 e de Schaie.9,10 Os autores tomamo declínio cognitivo como inevitável, mascaracterizado por uma variabilidade indivi-dual multideterminada por fatores genéti-cos e ambientais. A idosa que obteve o me-lhor resultado tem condições de vida queincluem socialização, bem-estar e nívelsocioeconômico estável. Tais aspectosbiopsicossociais podem influenciar a saúdeem geral e o funcionamento cognitivo. Asparticipantes idosas e adolescentes seguirampercursos que parecem ter mais relação com

condições pessoais relacionadas ao estilo devida do que com a faixa etária, visto que osníveis alcançados foram variados. Para essasparticipantes, a faixa etária não foi preditivade resultados.

Os resultados encontrados se assemelhamaos de Schneider.12 Essa autora utilizou umreferencial teórico diferente do utilizadonesta investigação – a psicologia cognitiva.Ela objetivava comparar a tomada de deci-são de dois grupos, 42 adultos jovens, entre20 e 31 anos e 42 idosos, entre 61 e 78 anos.Utilizou uma versão adaptada de uma ati-vidade denominada Tarefa do Jogo, quecompreende uma série de escolhas monetá-rias, constituindo-se em uma tarefa de deci-são sob incerteza. Também utilizou o jogoTorre de Hanói, entre outros instrumen-tos. Ela não encontrou diferenças, entre os82 sujeitos pesquisados, em relação à idade,no tocante à tomada de decisão.

Adolescentes

Idosas

Ana, II/A

Dia; II/B Nat; II/B

Que; II/A

Can; II/B Cin; II/B

Lil;I

Zul; III/A

Gráfico 1 - Comparação dos níveis de compreensão do jogo alcançados pelas adolescentes e idosas

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Da mesma forma, nesta pesquisa encon-traram-se semelhanças entre os resultadosdas adolescentes e das idosas. Os dados apon-tam para o fato de que o equilíbrio emocio-nal, a realização de atividades que permi-tam socialização, as condições gerais de vidae a influência genética, como alerta Piaget,parece ter relevante influência nos aspectoscognitivos.

Algumas questões se colocam a partirdos resultados encontrados: é possívelminimizar o declínio cognitivo? Quaismétodos de intervenção serão mais eficazespara alcançar tal propósito? Tais métodosfuncionariam da mesma maneira em idososjovens saudáveis e em idosos com algum graude demência? Se o jogo de regras for uminstrumento mediador de intervenção, bas-taria sua prática espontânea ou será neces-sária uma intervenção direcionada?

É importante considerar que os idosossão mais propensos a doenças crônicas. Apossibilidade de entender o desenvolvimen-to cognitivo na presença de interferênciasorgânicas severas pode auxiliar na manuten-ção e melhora na qualidade de vida, a par-tir do pressuposto de que momentos lúdicospodem melhorar não apenas aspectoscognitivos, mas afetivos. Segundo Piaget,30

“[...] as funções superiores da inteligência e daafetividade tendem para um equilíbrio móvel, e tantomais estável quanto mais móvel, de maneira que, paraas mentes sãs, o fim do crescimento de modo algummarca o começo da decadência, antes permite um pro-gresso espiritual que nada tem de contraditório com oequilíbrio anterior.”

Piaget coloca pilares importantes para aelaboração de estudos sobre o envelhecimen-to: a promoção de mentes sãs, a relação en-tre inteligência e afetividade e a constantepossibilidade de equilibrações. Ainda assim,o envelhecimento é uma novidade para osestudiosos, porque é possível que o próprioenvelhecer esteja se modificando a partir dasnovas tecnologias a que se tem acesso.

Os aspectos cognitivos são fundamentaispara um desenvolvimento pleno, e precisamfazer parte dos programas de saúde públicae dos objetivos dos centros de convivênciapara a terceira idade. A psicologia precisainvestir mais nos estudos sobre cognição noenvelhecimento, por meio das áreas de edu-cação, desenvolvimento e neuropsicologia,na busca de respostas a essa nova demandaque a sociedade coloca.

Para se ter condições de trabalhar com avelhice, é preciso, em primeiro lugar, conside-rar as crenças pessoais, além da dificuldade emlidar com a finitude. Este parece ser um pri-meiro passo para se começar a ter condiçõesde preencher as lacunas em relação ao conhe-cimento desse fenômeno: o envelhecimento.

NOTAS

a Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psi-cologia da Universidade Federal do Espírito Santo.E-mail: [email protected]

b Doutor em Psicologia pela Fundação Getúlio Vargas,RJ. Docente do Programa de Pós-Graduação em Psi-cologia da Universidade Federal do Espírito Santo.E-mail: [email protected]

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Compreensão jogo Quoridor 241

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Saúde do idoso: ações e perspectivas dos profissionais 245

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Palavras-chave:prática profissional; pessoal de saúde;equipe de assistênciaao paciente; saúdedo idoso; serviçosde saúde paraidosos; estratégias;sistema único desaúde; pesquisaqualitativa

A atenção à saúde do idoso: ações e perspectivas dosprofissionais*

Health attention to the elderly: actions and perspectives of professionals

Maria José Sanches Marina

Amaury Pachione Martinsb

Fernanda Marquesc

Bruna de Oliveira Machado Feresc

Anastácia Kayoko Hirata Saraiva d

Suelaine Druziane

ResumoO crescente aumento da população idosa e os complexos problemas de saúde quea envolvem tornam evidente a necessidade de atenção adequada à sua saúde, eespera-se que a Estratégia de Saúde da Família (ESF) possa trazer contribuições. Opresente estudo propõe-se a analisar a percepção de profissionais que atuam naESF quanto à saúde do idoso, as ações que vêm sendo desenvolvidas e as perspec-tivas dos profissionais visando à promoção, prevenção, cura e reabilitação dascondições de saúde deles. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado por meio deentrevistas com dentistas, enfermeiros e médicos que atuam na ESF. A análise dosresultados possibilitou a identificação de três categorias temáticas: 1. Falta de ade-são ao cuidado e de apoio dos familiares; 2. Assistência centrada no aspecto curati-vo e no atendimento a demanda; 3. Vislumbre de mudança no modelo de atenção.Os dados revelam consonância entre as respostas dos entrevistados com o mo-mento histórico e social das transformações que perpassam o modelo de atenção,levando a acreditar na ESF como um caminho de consolidação do Sistema Únicode Saúde, desde que haja investimentos visando a instrumentalizar as equipes paraatuar frente à nova lógica.

AbstractThe growing number of the elderly population and their complex health problemsshow the necessity of an adequate health care to the elderly, and it is expected thatFamily Health Strategy will bring contributions to them. This study aims at

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de São Paulo.São Paulo, Brasil.Correspondência / CorrespondenceMaria José Sanches MarinAv. Brigadeiro Eduardo Gomes,188617514-000 – Marília, SP, BrasilE-mail: [email protected]

*Projeto de Iniciação Científica financiado pela Fapesp - Parecer nº 06/60058-9.

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246 246 246 246 246 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):245-258

REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Key words:professional practice;health personnel;patient care team;health of the elderly;health services for theaged; strategies; singlehealth system;qualitative research

analyzing the perception of the professionals who work at the Family HealthStrategy about the elderly’s health, the actions performed and the perspectives topromote, prevent, cure and rehabilitate the elderly’s health.It is a qualitative studycarried out by means of interviews with dentists, nurses and medical doctors whowork at the Family Health Strategy. The analysis of results made allowed theidentification of three theme categories: 1. non adhesion to care and lack of familysupport; 2. health assistance centered on cure according to health care protocols; 3.a glimpse at changing the health care models. Data shows a consonance betweenthe interviewed people and the historical and social transformations in the healthcare model; therefore it is possible to consider that the Family Health Strategy is away to consolidate the Unified Health System, since it receives the tools for theteams to act according to its new logics.

INTRODUÇÃO

Profundas mudanças vêm ocorrendo naestrutura etária da população, caracterizadapela acentuada longevidade e atribuída àsmelhores condições de vida das pessoas, emespecial no que se refere ao acesso às novastecnologias de atendimento à saúde.1 No Brasil,a população idosa perfazia, em 2002, um to-tal de 14,1 milhões de pessoas e, para 2025,projeta-se um total de 33,4 milhões. Entre1950 e 2025, a população idosa terá crescido16 vezes contra cinco vezes a população to-tal.2 Destaca-se na população idosa o aumen-to do número de pessoas com 80 anos oumais, sendo essa a faixa etária de maior cres-cimento, tanto nos países desenvolvidos comonos países em desenvolvimento.3,4

Juntamente com as modificações da es-trutura etária da população, constatam-semudanças epidemiológicas, caracterizadas pordoenças e fatores de risco relacionados como estilo de vida. Sendo problemas de longaduração, estes tornam os idosos os principais

usuários dos serviços de saúde. Tais serviçosnem sempre estão devidamente preparadospara atender às necessidades dessa parcela dapopulação de forma a garantir qualidade devida por meio da promoção, prevenção, curae reabilitação da saúde. Em vista desse contex-to, verifica-se a necessidade de transformaçãono modelo assistencial e iniciativas inovadorasde informação, educação e comunicação.5

Em nossa realidade, o modelo de aten-ção à saúde predominante por muitas déca-das tem-se caracterizado pela fragmentaçãodo cuidado, centralização do poder no pro-fissional médico e dificuldade de acesso da po-pulação com menor poder aquisitivo a essaatenção. Desta forma, não se tem conseguidoatender adequadamente aos diversos e com-plexos problemas de saúde da população.

A partir da década de 1980, há o reco-nhecimento, pela Constituição Federal bra-sileira, da saúde como direito fundamentaldo ser humano e a explicitação dos princí-pios do SUS, cuja operacionalização requer

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Saúde do idoso: ações e perspectivas dos profissionais 247

a articulação entre as ações de promoção, pre-venção, recuperação e reabilitação, nas dimen-sões coletiva e individual da população.

Pautada no modelo de Vigilância à Saú-de, propõe-se, na década de 1990, a Estraté-gia de Saúde da Família (ESF) como uma for-ma de reorientação dos serviços de saúde pormeio do fortalecimento de práticas voltadaspara a integralidade da atenção e açõesintersetoriais, incluindo ações sobre as expo-sições, vulnerabilidades e necessidades dos in-divíduos,6 o que possibilita aos profissionaisda equipe a compreensão ampliada do pro-cesso saúde/doença e a necessidade de inter-venção para além das práticas curativas.7

Espera-se da equipe de saúde da família,ao atuar em uma área adscrita, o desenvolvi-mento de ações de saúde, dirigidas às famíliase ao seu ambiente e com ênfase nos aspectospreventivos, curativos e de reabilitação, arti-culadas com outros setores que contribuempara melhoria das condições de saúde.8 Alémdisso, por essa estratégia, elegem-se comopontos centrais o estabelecimento de vínculoe a criação de laços de compromisso e deresponsabilidade entre os profissionais de saú-de e a população.9

Apesar dos avanços no que se refere aosprincípios norteadores do SUS e às estratégi-as propostas, ainda se enfrenta uma série dedificuldades, destacando-se a fragmentaçãodo processo de trabalho e das relações entreos diferentes profissionais; falta decomplementaridade entre rede básica e o sis-tema de referência; precária interação nasequipes e despreparo para lidar com a di-

mensão subjetiva nas práticas de atenção;baixo investimento na qualificação dos tra-balhadores e no fomento à co-gestão e, ain-da, desrespeito aos direitos dos usuários.10

Visando a caminhar na perspectiva de su-peração destas dificuldades e na direcionalida-de dos princípios constitucionais, o Ministérioda Saúde aprova em 2006 o “Pacto pela Saú-de”, com a finalidade de pactuar novos com-promissos e responsabilidades em nível fede-ral, estadual e municipal, com ênfase nas neces-sidades de saúde da população, articulando trêscomponentes básicos: Pacto pela vida, Pactoem Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS.Neste documento, ao tratar do Pacto pela Vida,a saúde do idoso aparece como uma das seisprioridades pactuadas.11

No mesmo ano, foi aprovada a PolíticaNacional de Saúde da Pessoa Idosa, para esti-mular a formulação de estratégias capazes dedar conta da heterogeneidade da populaçãoidosa e, por conseguinte, da diversidade dequestões apresentadas. Frente às diretrizes apon-tadas nesta política, a ESF continua sendo oespaço estratégico para o desenvolvimento dasações de saúde voltadas para os idosos.12

Assim, Silvestre e Costa Neto13 acrescen-tam que o cuidado comunitário do idoso devebasear-se na família e na atenção básica dasaúde, pela possibilidade de maior reconheci-mento dos problemas de saúde, e desenvol-vimento de vínculo com o idoso .

Em vista disso, os profissionais que atuamna ESF precisam estar cientes da responsabi-lidade imposta, além de estarem preparados

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para lidar com essa realidade. No entanto, tem-se observado que pouco tem sido feito no sen-tido de melhorar as condições de vida e saúdedesta parcela da população que, pelas caracte-rísticas de vulnerabilidade, demanda atençãoque visa a atender às suas especificidades.

Além disso, referindo-se à atenção à saú-de do idoso na ESF, identificam-se na litera-tura poucos estudos que abordam o tema,pois se trata de uma estratégia recente que aindavem tentando se organizar do ponto de vistaestrutural e em relação ao preparo dos pro-fissionais para atuarem segundo a lógica davigilância da saúde.

Estudo que se propõe a identificar o per-fil de idosos atendidos em USF, em Apareci-da de Goiânia (GO), aponta para a necessi-dade de preparar os profissionais para atuarna promoção à saúde, na prevenção de agra-vos, no tratamento e na reabilitação de doen-ças, em especial as crônico-degenerativas, vi-sando à melhoria da qualidade de vida nodomicílio, com autonomia e independência.14

Em outro estudo que busca analisar asconcepções e práticas dos agentes comunitá-rios de saúde na atenção à saúde do idoso,destaca-se a citação de dificuldades dos agen-tes na resolutividade das queixas e uma práti-ca preponderantemente voltada para a mar-cação de exames e consultas, reforço da con-sulta médica e de enfermagem, além de con-trole da medicação e do tratamento.15

Ao estudar os fatores de risco e os pro-blemas dos idosos atendidos em um PSF, osautores encontraram alta proporção de analfa-

betismo (43,1%); sedentarismo (60%), vidasolitária (22,4%), além de alto índice de doen-ças cardiovasculares (60,3%), presença de dor(43,1%), sendo que 75% deles apresentavamtrês ou mais problemas de saúde. A intensi-dade de tais problemas leva à constatação deque eles também fazem uso de grande quan-tidade de medicamentos.16

Diante das evidentes necessidades de saú-de apresentadas pelos idosos, das políticas eestratégias propostas como formas de me-lhorar a qualidade de vida das pessoas e daimportância do compromisso dos profissio-nais de saúde frente a tais propostas, propo-mos para o presente estudo analisar a per-cepção de profissionais que atuam na ESFquanto à saúde do idoso, as ações que vêmsendo desenvolvidas e as perspectivas visan-do à promoção, à prevenção, à cura e à reabi-litação das condições de saúde dessa parcelada população.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo qualitativo que sepropõe a analisar a percepção de profissio-nais que atuam na ESF quanto à saúde doidoso, às ações que vêm sendo desenvolvidase às perspectivas dos profissionais, no senti-do de melhorar as condições de vida dosatendidos pelo programa, a partir da narrati-va de sujeitos que compõem as equipes daESF de um município de médio porte dointerior paulista, visto que, por meio das nar-rativas em que as pessoas contam experiênci-as, crenças e expectativas, anunciam-se novaspossibilidades, intenções e projetos.17

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O município onde o estudo foi realiza-do conta hoje com 28 equipes da ESF, asquais atendem aproximadamente a 40% dapopulação e estão instaladas em locais demaior carência socioeconômica e, portanto,de maior dificuldade de acesso dessa popula-ção aos serviços de saúde.

De maneira geral, as unidades cumpremcom os requisitos mínimos necessários à suaimplantação, conforme preconiza o Ministé-rio da Saúde, em relação à estrutura física,composição da equipe mínima e desenvolvi-mento dos programas nacionais básicos.

Os sujeitos do estudo são os médicos,enfermeiros e cirurgiões dentista que com-põem as equipes da ESF, considerando quetais profissionais são aqueles que, de formaarticulada, coordenam as ações da equipe.

Foram sorteadas oito unidades, sendoduas de cada região da cidade (norte, sul,leste, oeste) compreendendo um total de 24sujeitos. No entanto, quatro deles não fo-ram entrevistados devido à indisponibilida-de, mesmo após o segundo agendamentode horário para a entrevista. A amostra,portanto, foi constituída de 20 sujeitos.

Após sorteio das unidades, foi realizadocontato telefônico e marcado horário para asentrevistas, que contaram com as seguintesquestões norteadoras: Qual a sua percepçãoa respeito da saúde do idoso da sua área deabrangência? Quais as ações que você de-senvolve na unidade visando a promoção,prevenção, tratamento e reabilitação da saú-de do idoso? Que ações você considera

que deveriam ser realizadas pela unidadeonde atua, visando à promoção, prevenção,tratamento e reabilitação da saúde do ido-so. As entrevistas foram gravadas em fitacassete e posteriormente transcritas.

O estudo contou com autorização da Se-cretaria de Saúde do Município e aprovaçãodo Comitê de Ética em Pesquisa com SeresHumanos da Faculdade de Medicina da cida-de. Os profissionais foram esclarecidos da fi-nalidade do estudo e, quando de acordo emparticipar, assinaram o Termo de Consenti-mento Livre e Esclarecido.

Os dados foram submetidos à técnica deanálise de conteúdo, que Bardin conceituacomo “um conjunto de técnicas de análise das comu-nicações visando obter, por procedimentos sistemáticose objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, in-dicadores que permitam inferência de conhecimentosrelativos às condições de produção/recepção destas men-sagens”.18 Entre as técnicas de análise de con-teúdo, optou-se pela modalidade temática porser uma das formas mais adequada à investi-gação qualitativa.19

A técnica de análise de conteúdo, modali-dade temática, é desenvolvida em três etapas,compreendendo a pré-análise que pode serdecomposta em leitura flutuante do conjuntodas comunicações; constituição do corpus, ou seja,organização do material de forma a respon-der a algumas normas de validade como aexaustividade, representatividade, homogenei-dade e pertinência; formulação de hipótese eobjetivos em relação ao material qualitativo;definição das unidades de registro. Na segun-da etapa, realiza-se a codificação dos dados

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brutos visando a alcançar o núcleo de com-preensão do texto. Na seqüência, propõe-seo tratamento dos resultados obtidos e inter-pretação a partir de inferências previstas noseu quadro teórico ou abrindo-se outras pis-tas em torno de dimensões teóricas sugeridasna leitura do material.

RESULTADOS

Ao analisar os resultados, tomando comoparâmetro a fala dos profissionais entrevista-dos, foi possível construir três categorias te-máticas:

1. Falta de adesão ao cuidado e deapoio dos familiares

Alguns dos profissionais entrevistadosapontaram para a falta de adesão dos idosose de apoio dos familiares às ações de saúde,parecendo atribuir a ambos a responsabilida-de pelo não controle da saúde, conformedescrito a seguir:

“...os idosos são bem assistidos na nossa uni-dade..., mas acho que eles mesmos estão dei-xando de desenvolver seu autocuidado, faltaum despertar deles para que eles próprios cui-dem da sua saúde. Nós estamos à disposiçãodeles aqui, para orientar, tratar....”(A3)

“...eles não são controlados, os que têm pres-são alta, diabetes não são controlados, eles têmmuitas medicações, quase que para tudo, masnão aderem ao tratamento.” (A2)

“Eu percebo é que são idosos com uma carên-cia afetiva, com um descompromisso familiar

em relação à saúde dos idosos, pela dificuldadeque eu estou vendo pela adesão ao tratamentomedicamentoso.” (B2)

A adesão, no entanto, é um aspecto ligadoàs relações, muito mais do que a fatores indi-viduais. Ao resgatar o conceito de adesão,pode-se constatar que, do ponto de vista eti-mológico, do latim adhaesione, o termo signifi-ca junção, união, aprovação, acordo, manifes-tação de solidariedade, apoio; pressupõe re-lação e vínculo. Entende-se ser um processomultifatorial, estruturado a partir da relaçãoentre quem cuida e quem é cuidado e envolveconstância, perseverança e freqüência.20

A adesão ao tratamento é um aspecto quevem merecendo considerável atenção nos úl-timos anos, uma vez que envolve significan-te custo social, pessoal e financeiro. Esti-ma-se que 20 a 80% dos pacientes não ade-rem de fato ao regime terapêutico. A nãoadesão indica que os pacientes não são re-cipientes passivos e que o termo tambémindica que o tratamento deve ser oferecidonum contexto de “aliança terapêutica”.21

Outro estudo demonstra que o relaciona-mento terapêutico ineficaz está fortementerelacionado com a não-adesão.22 A adesãodemanda a construção de uma consciênciacidadã e, esta, por sua vez, “não é algo natu-ral”, posto que está submetida a regras sociaise culturais. Nas sociedades coletivistas, comoesta em que vivemos “o todo prevalece so-bre as partes, a hierarquia é o princípio básicoe o que vale é a relação”.23

Os casos de resistência revelam, muitasvezes, que as pessoas estão se sentindo des-

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valorizadas ou não está havendo um verdadei-ro diálogo entre os saberes da equipe e dosusuários. Destaca-se, ainda, que na confron-tação de saberes é importante considerar a com-plexidade articulada no núcleo de histórias ea cultura que as explicita, obtendo-se, assim, aexplicação para a dificuldade de adesão.20

Conforme apontado nas falas dos sujei-tos é importante considerar, ainda, os as-pectos relacionados ao próprio idoso, inclu-indo crenças, valores e papel social. Nas últi-mas décadas, tem-se constatado que o idosovem assumindo diferentes responsabilidades,tanto no provimento de recursos financeirospara a família, por meio da aposentadoria,como no cuidado com os netos, levandomuitas vezes a dificuldades financeiras e aoestresse físico e emocional, que dificultam oinvestimento na promoção da saúde e pre-venção de doenças, com vista à melhoria daqualidade de vida.24

Portanto, a falta de adesão às medidas deatenção à saúde é multifatorial e, para sua supe-ração, é importante considerar a necessidade deuma escuta ampliada, a importância do estabe-lecimento de vínculo e o respeito pelo outro.Para isso, os profissionais da equipe precisamdesenvolver a habilidade de cuidar da “pessoa”enquanto sujeito, com necessidades de saúde ine-rentes ao seu modo de vida, independentemen-te da doença que possa ser portador.

2. Assistência centrada no aspecto cu-rativo e no atendimento à demanda

Para alguns entrevistados, a atenção à saú-de ainda está voltada para os aspectos cura-

tivos, centrada na consulta médica e noatendimento à demanda, mesmo frente à pro-posta da ESF em que atuam, a qual visa a umaabordagem ampliada das condições de vida esaúde das pessoas, família e comunidade, con-forme se observa nas falas seguintes:

“É ainda muito curativa e centrada na figu-ra do médico. Quando uma unidade não temum médico com o perfil de PSF fica aindamais difícil a adesão”.(C3)

“...no dia-a-dia a gente vê que a agenda ésempre lotada, muitos pacientes para atender,então muitas vezes a gente não consegue pararpara ver o que está acontecendo...”. (A2).

A dificuldade da ESF em contribuir paraa ruptura do atual modelo pode estar relacio-nada à verticalização da proposta, à sua ges-tão centralizada e à homogeneidade na ofertado serviço, sem que sejam consideradas asdiferenças regionais e o perfil epidemiológi-co, além da escassez de recursos humanoscapacitados ou com perfil adequado.25

Franco e Merhry enfatizam que o proble-ma do atual modelo de atenção à saúde estáno processo de trabalho, restringindo-se àprodução de procedimentos e não à produ-ção do cuidado da cura.26

Observa-se que profissionais que atuamna ESF, apesar de compor uma equipe, atuamde forma isolada, com agendas lotadas, semque seja possível incluir a participação dosusuários, compartilhar saberes, trocar infor-mações e definir estratégias conjuntas deenfrentamento dos problemas individuaise coletivos que possibilitem um atendimento

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voltado para as reais necessidades de saúdeda população.

Quanto às ações que são desenvolvidas nasunidades, um dos entrevistados relata que

“...a ênfase está nas ações individuais, na consul-ta médica, de enfermagem, verificação da pressãoarterial e entrega de medicamentos.” (A3)

Tal verbalização indica ainda que a ESFtem como foco principal o atendimento àdemanda, o que limita a possibilidade da“escuta qualificada”, “do vínculo” e “da respon-sabilização”, condições consideradas essenciaispara haver a prática eficaz. Além disso, parecehaver uma reprodução do modelo biologi-cista, desconsiderando a necessidade deimplementação do modelo de vigilância dasaúde, com ênfase na promoção da saúde.

Constituir tecnologias apropriadas paraoperar nos serviços de saúde é um grandedesafio, pois exige um processo constante decriatividade frente à realidade local, de formaa combinar diferentes atos sanitários e atosclínicos ampliados, construídos cotidianamentepelo conjunto de profissionais da equipe.27

Capozzolo, ao referir-se ao trabalho domédico na atenção básica, discute sua com-plexidade tecnológica e as inúmeras tensões,ao considerar a necessidade de lidar ao mes-mo tempo com normas e padronizações ecom a singularidade do caso, combinar ati-vidades programáticas e projetos terapêuti-cos individualizados, intervenções voltadaspara diminuir riscos e, ao mesmo tempo, paraaumentar os coeficientes de autonomia dospacientes.28

Tais dificuldades aplicam-se também atoda equipe, acrescidas, em nossa vivência, deinúmeras atividades burocráticas, impostasprincipalmente ao agente comunitário de saú-de como a necessidade de atender às regras eàs normatizações.

Portanto, a tarefa de implantar a ESFdemanda desenvolvimento contínuo das ha-bilidades da equipe, pautado na interaçãoentre os membros, destes com a comunida-de e outros setores da sociedade, sustentan-do a constante reflexão sobre o processo detrabalho, já que cada realidade se apresentacomo única, não cabendo receitas prontas.

A necessidade de avanços nos processosde atenção da ESF revela-se também nas nar-rativas seguintes:

“As ações de saúde realizadas aqui na nossaunidade são relacionadas aos programas desaúde como o programa de hipertensão arteriale diabetes, prevenção de câncer bucal e cober-tura vacinal.” (A3)

“...aqui na unidade é de qualidade, é comoprotocolo da Secretaria de Saúde, da coorde-nação e nós temos como prioridade o atendi-mento aos diabéticos, hipertensos, além dosidosos.” (A1)

Frente a tais narrativas, pode-se questio-nar como os dados do território e da popu-lação adscrita vêm sendo utilizados no plane-jamento das ações. É possível que tal condi-ção esteja relacionada com o momento detransição, no qual as tecnologias necessárias paraum processo de trabalho adequado aindanão foram devidamente apropriadas pelos

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profissionais da equipe. A própria formaçãode profissionais, apesar dos avanços, aindanão tem conseguido despertar o interessedeles, haja vista o esvaziamento das residên-cias de medicina da família e comunidade.

Na percepção de alguns dos entrevis-tados, a assistência prestada na USF é dequalidade, por seguirem o protocolo deatendimento proposto pela Secretaria Mu-nicipal de Saúde. Salienta-se, no entanto,que os protocolos existentes são destina-dos ao atendimento de portadores de hi-pertensão e diabetes e, que, apesar de amaioria ser idosa, também servem a ou-tras faixas etárias. Além disso, tais proto-colos, ao enfocar o cuidado de uma do-ença, demonstram-se insuficientes no aten-dimento integral da pessoa idosa.

Os idosos, por apresentarem caracterís-ticas específicas, demandam, no atendimentodas necessidades de saúde, busca ativa deseus riscos e danos, compreendendo os as-pectos funcionais, sociais, emocionais eambientais Tal busca deve fornecer elemen-tos para a elaboração de propostas e de-senvolvimento de ações visando a promo-ção, prevenção, cura e reabilitação das con-dições de saúde. Neste contexto, ênfase deveser dada ao acolhimento, no acesso e à aten-ção global e interdisciplinar.

A complexidade da situação exige, então,a articulação da equipe, o desejo de enfrenta-mento dos problemas de forma interdiscipli-nar e capacitação dos profissionais para atuarfrente às necessidades atuais, o que nos pare-ce o grande desafio um ser enfrentado.

3. Vislumbre de mudança no modelode atenção.

Nos depoimentos, ao considerar o quedeveria ser realizado na ESF em prol da me-lhoria das condições de vida dos idosos, ob-serva-se que os profissionais compreendemque ao idoso devem ser oferecidas oportuni-dades de participação, interação, educação,lazer e acesso às tecnologias de melhoria daqualidade de vida. Há também indicação danecessidade de alianças intersetoriais com oapoio dos profissionais da equipe de saúde,conforme descrito a seguir:

“... a gente pensa em fazer grupo de terapiaocupacional aqui na unidade, visando aos ido-sos, com brincadeiras, artesanato, dinâmicade grupo...”. (G2)

“...o que falta para a gente acompanhar eles,é ter mais atividades com os idosos com par-cerias com outras instituições, proporcionarfisioterapia, educação física, ginástica, alon-gamento e atividades de lazer.” (D1)

“...poderíamos desenvolver atividades educati-vas em relação às dietas e medidas não-medi-camentosas.” (D2)

“Mas também seria interessante... uma abor-dagem meio que de integração entre os idososda área, como que servisse para eles passaremo tempo, aprenderem trabalhos manuais e atéganharem um dinheiro com isso que eles apren-derem, quem sabe?” (F1)

“... o acesso à prótese dentária deveria ser maisfácil. Isso melhoraria muito a qualidade devida de alguns pacientes. Mas, além disso,

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precisamos de uma ação de conscientização dosmais jovens para que não cheguem a necessi-tar de uma prótese” (F3).

Ao considerar que a ESF pressupõe a subs-tituição de práticas convencionais por um novoprocesso de trabalho centrado na vigilância àsaúde e no trabalho interdisciplinar, “visando àmelhoria progressiva das condições de saúde e da qua-lidade de vida da população assistida”,6 deslocan-do-se da atenção à doença para a atenção àsaúde, pode-se compreender que os pro-fissionais apresentam intencionalidades quevislumbram mudanças no modelo de atenção,cuja ênfase está na promoção da saúde.

A promoção da saúde vem sendo consi-derada, a partir da classificação desse concei-to, em dois grandes grupos. Para o primeiro,“promoção da saúde compreende ampliar as oportuni-dades de escolha, alertar sobre as suas possíveis conse-qüências, desenvolver trabalho educativo que incorporea reflexão sobre a realidade vivida, estimulando a dis-cussão sobre quais seriam as mudanças possíveis e ins-trumentalizando os profissionais com habilidades ne-cessárias para a realização das mudanças desejadas”.Neste ponto de vista, a promoção da saúdeconsiste em atividades dirigidas à transforma-ção dos comportamentos dos indivíduos,focando seu estilo de vida e atividades educa-tivas, visando a atuar frente a condições pas-síveis de serem modificadas pela própria von-tade da pessoa.6 O segundo grupo refere-se aum conceito mais ampliado, ao considerar que“promoção da Saúde parte de uma concepção amplado processo saúde-doença e de seus determinantes e pro-põe a articulação de saberes técnicos e populares e amobilização de recursos institucionais e comunitários,públicos e privados, para seu enfrentamento e resolu-

ção”.6 Trata-se de um conceito que diversificaas necessidades de intervenção e demandapolíticas intersetoriais.6 As ações que as equi-pes vêm desenvolvendo parecem ter, portan-to, maior relação com o primeiro grupo.

Merece ser destacada, nas proposições dosprofissionais que atuam na ESF, a oportuni-dade de ampliar ações para fortalecer os po-tenciais de cuidados com a saúde. No âmbitoda educação em saúde, a discussão da auto-nomia sempre tem estado presente comoperspectiva de processos emancipatórios vol-tados para o fortalecimento dos sujeitos.29

Zaboli defende que as obrigações dos pro-fissionais de saúde incluem atuar para ampliara capacidade de escolha superando as barrei-ras de informações que perpetuam medos ecristalizam tabus.30

Acrescenta-se, ainda, a ênfase dada aosprocessos grupais. A atenção realizada emgrupos facilita o exercício da autodetermina-ção e da independência, pois o grupo podefuncionar como rede de apoio que mobilizaas pessoas na busca de autonomia e sentidopara a vida, na auto-estima e, até mesmo, namelhora do senso de humor, aspectos essen-ciais para essa ampliação.31

Na fala dos sujeitos que apontam para asações que visam a uma atenção adequada àsaúde do idoso, pode-se constatar, ainda, quea atual conformação da equipe básica da ESFnão é suficiente para o atendimento dessaparcela da população, havendo evidências danecessidade de comporem a equipe profissi-onais como o educador físico, nutricionista,fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.

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Além disso, na perspectiva de um atendi-mento integral à saúde do idoso, visando prin-cipalmente à promoção da saúde, a concreti-zação das mudanças vai além das possibilida-des dos profissionais da saúde. É preciso des-pertar outros setores da sociedade, como osda educação, lazer, esporte e transporte, o quedemanda vontade política, conscientizaçãodos atores e definição de estratégias capazesde atender à complexidade que representamelhorar as condições de vida dos idosos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atenção à saúde do idoso reveste-se degrande complexidade, principalmente quan-do a assistência é direcionada por um concei-to ampliado do processo saúde/doença, comvistas à melhoria da qualidade de vida. Atuardesta forma é o desafio que se coloca aosserviços de saúde, em especial, às equipes daESF que vêm sendo implantadas em todo oterritório nacional.

Ao analisar as falas dos profissionais queatuam na ESF, referentes à sua percepção quantoà saúde do idoso, bem como às ações que de-senvolvem e o que consideram que poderiamrealizar em prol da melhoria das condições desaúde dos idosos, foi possível identificar trêscategorias de análise: “Falta de adesão ao cuidado ede apoio dos familiares”; “Assistência centrada no aspec-to curativo e no atendimento a demanda” e “Vislumbrede mudança no modelo de atenção”.

Tais categorias evidenciam o momento detransição que se encontra o sistema de saúdebrasileiro, em que há ações que permeiam

o velho modelo e já se percebem algumasmudanças e desejos de percorrer um caminhoque vislumbre a melhoria da qualidade devida das pessoas, mesmo com as dificulda-des impostas pela restrita concepção desaúde-doença que ainda predomina entre apopulação e profissionais de saúde.

Esta condição contribui para a reflexãoda ESF como o caminho de consolidaçãodo SUS, pois se acredita que, a partir dosdesejos, as ações vão se delineando e, assim,a ESF pode constituir um instrumento demudanças.

Caminhar na direcionalidade da constru-ção de um novo modelo significa compreen-der a complexidade que a denominada “redebásica” ou “atenção primária” está trabalhan-do atualmente, tendo em vista o envelheci-mento da população.

Constata-se, então, que, para atuar juntoa essa parcela da população é necessário pau-tar-se na integralidade do cuidado e na lógicada vigilância da saúde visando a promoção,prevenção, cura e reabilitação das condições desaúde. Neste contexto, o papel dos profissio-nais de saúde assume um dimensionamentoampliado e, muitas vezes, distinto das basesde formação que por muitos anos vem privi-legiando o tecnicismo e deixando margenspouco definidas e, portanto, conflituosas, aoimplementar o trabalho interdisciplinar.

Nesta trajetória, no entanto, é precisoconsiderar a necessidade de contínuos in-vestimentos na capacitação dos profissionais,visando à abordagem multidimensional e

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interdisciplinar da pessoa idosa e tendocomo eixos norteadores para a integralida-de de ações: o enfrentamento de fragilida-des da pessoa idosa, da família e do sistemade saúde e a promoção da saúde e da inte-gração social, em todos os níveis de aten-ção, conforme proposto no pacto pela saú-de do idoso.12

NOTAS

a Doutora em Enfermagem, aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, nível pós-doutorado,da Universidade Federal de São Paulo. Docente da dis-ciplina de Enfermagem em Saúde Coletiva da Faculda-de de Medicina de Marília.

b Estudante do Curso de Medicina da Faculdade de Me-dicina de Marília. Bolsista de Iniciação Científica pelaFAPESP.

c Estudante do Curso de Enfermagem da Faculdade deMedicina de Marília.

d Especialista em Saúde da Família e enfermeira do Pro-grama de Saúde da Família do Município de Marília.

e Enfermeira, bolsista de Treinamento Técnico daFAPESP.

REFERÊNCIAS

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Palavras-chave:envelhecimento;sistema imune;síndromes deimunodeficiência;sistema nervoso;sistema endócrino;doença crônica;processos fisiológi-cos; revisão

Imunossenescência: a relação entre leucócitos, citocinas edoenças crônicas

Immunosenescence: the association between leukocytes, cytokines and chronicdiseases

ResumoO processo de envelhecimento e sua conseqüência natural – a velhice –constituem uma das maiores preocupações da sociedade moderna, sobretu-do devido ao rápido crescimento da parcela idosa da população com relaçãoaos demais grupos etários. Esse crescimento traz mudanças para nossa civi-lização e desafia a sociedade em diferentes aspectos, especialmente naque-les relativos à saúde humana. Este último talvez seja o mais enfatizado epreocupante, já que a maioria dos idosos apresenta ao menos uma doençacrônica e limitações de saúde. Sob o caráter biológico, o processo de enve-lhecimento é um fenômeno complexo que submete o organismo a inúmerasalterações fisiológicas, afetando sua integridade e permitindo o surgimentodas doenças crônicas na velhice, com impacto sobre a saúde e a qualidade devida do idoso. Dentre os sistemas do organismo, os que mais sofrem efeitosdo envelhecimento são o nervoso, o endócrino e o imunológico. Nesta revi-são, o processo de envelhecimento é abordado sob a ótica das alterações dosistema imunológico conhecidas como o fenômeno da imunossenescência.São analisados aspectos relacionados a alterações numéricas, morfológicase funcionais dos diferentes tipos celulares que compõem o sistema, comênfase para os efeitos biológicos dos principais mediadores inflamatórios(citocinas) para o surgimento das doenças crônico-degenerativas presentesno envelhecimento.

* Universidade Católica de Brasília, Laboratório de ImunogerontologiaPrograma de Pós-Graduação Stricto Sensu em GerontologiaBrasília, DF, Brasil

Correpondência / CorrespondenceOtávio de Tolêdo Nóbrega,Universidade Católica de BrasíliaPrograma de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia - Sala B-105Campus I – Q.S. 07 Lote 1 EPCT –72030-170 – Brasília, DF, BrasilE-mail: [email protected]

Audrey Cecília Tonet*

Otávio de Tolêdo Nóbrega*

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Key words: aging;immune system;immunologicdeficiency syndromes;nervous system;endocrine system;chronic disease;physiological proces-ses; review

AbstractThe aging process and its natural consequence – oldness – are one of themajor concerns of modern society, especially due to the rapid growth of theelderly population when compared to other age groups. This particulargrowth brings about significant changes in our civilization and also challengessociety in several aspects, especially in those concerning health issues. Thislatter aspect is probably the most emphasized and worrisome, since a largeproportion of older-adults bear at least one chronic disease or healthrestrictions. Regarding biological features, the aging process is a complexphenomenon that submits the organism to several physiological alterations,affecting its integrity and allowing the manifestation of chronic illnesses inold-age, with impact in the elder’s health and quality of life. Among thesystems of the organism, the nervous, endocrine and immune systems suffermore changes as one grows old. This literature review deals with the agingprocess in view of alterations of the immune system known asimmunosenescence. It will analyze aspects related to numerical,morphological and functional alterations of different cell types that formthe system, with emphasis to the biological effects of the major inflammatorymediators (citokines) in the onset of chronic-degenerative diseases inherentto the aging process.

O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O envelhecimento populacional é, hoje,um proeminente fenômeno mundial. Issosignifica um crescimento mais acentuado daparcela idosa da população em comparaçãocom os demais segmentos etários.1,2 O cres-cimento da população idosa traz mudançase desafios para a sociedade em todos os as-pectos, tanto sociais, políticos, econômicose culturais quanto naqueles que se referemà saúde. Este último aspecto talvez seja omais enfatizado e preocupante, já que a maioriados idosos apresenta ao menos uma doençacrônica e limitações de saúde.2,3

Com relação ao processo do envelheci-mento, torna-se difícil estabelecer um úni-co conceito, devido à variedade de defini-

ções existentes, cada qual enfocando dife-rentes aspectos. No sentido biológico, en-velhecer é entendido como um processonatural (irreversível) e progressivo, que fazparte do ciclo da vida do ser humano poisse inicia com a concepção e culmina com amorte, passando pelas etapas de desenvol-vimento intra-uterino, nascimento, infância,adolescência, maturidade e velhice.4 Tem-seainda, o processo de envelhecimento comoum fenômeno complexo que submete oorganismo a inúmeras alterações anatômi-cas, fisiológicas e psicossomáticas, afetandosua integridade, permitindo o surgimentodas doenças crônico-degenerativas e predis-pondo a uma maior morbi-mortalidade.5

Dentre os órgãos e sistemas do organis-mo humano que sofrem essas alterações, o

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sistema imunitário é um dos mais atingi-dos no envelhecimento, sofrendo modifi-cações nas subpopulações celulares, nos pa-drões de secreção de citocinas, na tolerânciaimunológica, entre outras funções. Por serum sistema relacionado à homeostase doorganismo, faz-se necessário entender pos-síveis causas, bem como potenciais conse-qüências que possam estar associadas às al-terações imunológicas observadas entre ido-sos quando comparados com indivíduosjovens, alterando desta forma o equilíbriodo organismo humano.

IMUNOSSENESCÊNCIA

Sabe-se que, com relação ao processo deenvelhecimento, existem na literatura variá-veis que são divergentes e que ainda estãosendo estudadas para se entenda melhor esseprocesso. Uma das mais intrigantes é o per-fil do funcionamento do sistema imunoló-gico de um indivíduo idoso, para o qual aliteratura apresenta uma visão consensual deque ele se torna menos eficiente.6 Entretan-to, outros estudos sugerem uma reestrutu-ração dos componentes do sistema imuno-lógico no envelhecimento, podendo levar emalguns casos a funções aumentadas ou dimi-nuídas.7 O sistema imunitário pode ser afe-tado por condições nutricionais inadequa-das, níveis exagerados de estresse, doenças eoutros fatores, os quais vão se alterando como envelhecimento e que por muitas vezescomprometem a funcionalidade do mesmo.

O termo imunossenescência usualmen-te refere-se às disfunções do sistema imuni-

tário relacionadas com a idade que contri-buem para uma maior incidência de doen-ças infecciosas ou mesmo crônico-degene-rativas, tais como hipertensão, reumatismo,aterosclerose, coronariopatias, todas preva-lentes na população de idosos.7 Na atuali-dade, acredita-se que não apenas doenças,mas também achados clínicos comumenteenvolvidos com o envelhecimento, taiscomo a perda de massa muscular, o aumen-to dos níveis plasmáticos de proteínas defase aguda e a diminuição sérica de micro-elementos essenciais, sejam conseqüênciasde desequilíbrios.8

Apesar de todas as células imunologica-mente ativas poderem exibir alterações rela-cionadas à idade, os linfócitos T são as célu-las efetoras da resposta celular que mais so-frem os efeitos do envelhecimento. Uma dascaracterísticas do sistema imunitário do ido-so é a involução do timo, que sofre umaalteração histológica, uma vez que o tecidolinfóide é gradualmente substituído pelotecido adiposo, o que provoca diminuiçãoprogressiva na capacidade de proliferação delinfócitos T.9 Com o envelhecimento, umaoutra alteração que ocorre no sistema imu-nológico é o aumento na proporção dascélulas de memória, quando comparadascom as células virgens, o que conseqüente-mente diminui a ação de defesa contra no-vos antígenos e pode deixar o organismomais vulnerável.5

Outra possível explicação para um esgo-tamento das funções imunológicas consistena senescência replicativa dos linfócitos –estado em que as células cessam o processo

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de divisão celular devido ao encurtamentoda região final dos telômeros, conseqüên-cia do próprio processo de divisão celular.7Essas células senescentes refletem um pro-cesso normal de envelhecimento celular peloqual as células encurtam os telômeros a cadaciclo de divisão celular até chegarem a umimpedimento da proliferação mitótica. Onúmero das divisões celulares depende daespécie, da idade e do conjunto genético doindivíduo. Isso pode explicar o fato de cé-lulas de pessoas jovens serem capazes de umnúmero maior de divisões do que as célulasde indivíduos idosos.10

Outro tipo celular fundamental para aresposta imunológica são os linfócitos B.Estes, por sua vez, não apresentam altera-ções significativas em termos de funções ede variações numéricas no sangue periféri-co de indivíduos idosos. Suas modificaçõesestão relacionadas com as alterações sofri-das pelos linfócitos T, que apesar de seremcélulas morfologicamente diferentes, reali-zam suas funções em conjunto. As modifi-cações em nível de anticorpos também sãopouco significativas e por vezes contraditó-rias, no que diz respeito ao aumento ou di-minuição das imunoglobulinas. Além disso,o envelhecimento também está associado aum aumento dos níveis de auto-anticorposna circulação, principalmente IgM e IgG. Háum aumento na freqüência da auto-reativi-dade, que parece originar-se na diminuiçãodo potencial de regulação imune.5

A célula NK (Natural Killer) é outro tipocelular que também apresenta divergênciasentre os achados na literatura. São linfó-

citos granulares que expressam em sua su-perfície receptores como CD56 e CD16, eque possuem a função de lisar determina-dos tumores e células infectadas por vírussem a necessidade de uma sensibilizaçãoprévia. Com o envelhecimento, o númerode células NK aumenta, mas não a sua ati-vidade citotóxica.11

CITOCINAS

O sistema imunológico apresenta, emsua composição, proteínas responsáveis pelamediação das respostas imunológicas, tor-nando-as mais eficazes. São as citocinas, pro-teínas reguladoras, de baixo peso molecu-lar, produzidas por diferentes tipos celula-res e que agem de maneira autócrina, pará-crina e endócrina em resposta a inúmerosestímulos. Interagem com as células atravésde receptores específicos de alta afinidade, eexercem suas funções em concentrações bai-xas, da ordem de picomolar. As citocinasregulam a intensidade e a duração da res-posta imunológica por meio da estimula-ção ou da inibição da ativação, proliferaçãoe/ou diferenciação de várias células e atra-vés da regulação da secreção dos anticorposou outras citocinas.12

Existem determinadas características ine-rentes às citocinas, são elas: 1) pleiotropia -uma única citocina exercendo diferentes efei-tos biológicos em diferentes tipos celulares;2) redundância – duas ou mais citocinas quedesempenham as mesmas funções; 3) siner-gismo - o efeito combinado de duas ou maiscitocinas é maior do que as ações somadas

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das citocinas individuais; 4) antagonismo –os efeitos de uma citocina inibem ou com-pensam os efeitos de outra citocina; 5) in-dução em cascata – as ações de determinadacitocina em suas células-alvo são responsá-veis por estimular a produção de outras ci-tocinas. Essas características permitem queas citocinas regulem a atividade celular e aresposta imunológica de forma coordenadae interativa.

Em regra, citocinas ligam-se a receptoresespecíficos nas membranas das células-alvo,desencadeando vias de transdução de sinaisque induzem expressão gênica.12 A forma-ção do complexo IL-6/IL-6R, por exemplo,associa-se com glicoproteínas ligantes deno-minadas gp80 e gp130. Desta forma, desen-cadeiam-se processos intracelulares de cres-cimento e diferenciação.13

São descritos na literatura diferentes ti-pos e famílias de citocinas, com funções queinfluenciam direta ou indiretamente o sis-tema imunológico. Dentre as citocinas decaráter pró-inflamatório, a interleucina 1(IL-1), a interleucina 6 (IL-6) e o fator denecrose tumoral (TNF-α) podem ser enu-meradas como as de maior destaque. Alémdisso, a interleucina-2 (IL-2) e o interferon-γ(INF-γ) também estão relacionados com asfunções efetoras da resposta imunológica deativação e proliferação celular.

O balanço de citocinas no organismotambém sofre alterações com o processo deenvelhecimento, possivelmente por quebrada homeostase de sua produção e liberação.Esse desequilíbrio pode ser exemplificado

pela queda dos níveis plasmáticos de IL-2 eum aumento na produção da IL-6 com oenvelhecer.14 Com a baixa proliferação doslinfócitos T, ocorre uma diminuição na pro-dução da interleucina-2 (IL-2), importantefator de crescimento para linfócito T, bemcomo uma redução da forma solúvel do seureceptor específico (sIL-2R) quando com-parados com a produção deste fator em cé-lulas de indivíduos jovens.9

Esses achados estão diretamente relacio-nados com o fenômeno do inflammaging, quefigura como outra importante característi-ca do processo de imunossenescência. De-finido como um estado de atividade infla-matória basal que pode ser conseqüênciatanto de um estresse antigênico crônicoquanto de uma maior produção idiopáticade citocinas pró-inflamatórias, pode impli-car o aparecimento das doenças crônicas.15

Enquanto processo inflamatório caracterís-tico do envelhecimento, o inflammaging apa-renta ser uma propensão progressiva a umestado pró-inflamatório fortemente influ-enciado pela genética16 e pelo estado ener-gético-metabólico exibido pelo organis-mo.17 Ademais, a hipótese do inflammagingganhou robusto subsídio com o desvenda-mento do papel supressor dos linfócitos Treguladores (CD4+CD25+). Ensaios fun-cionais dão conta de uma redução marcan-te da ontogênese e da funcionalidade destetipo celular com o envelhecimento,18 o quepode justificar a reduzida eficiência do sis-tema imunológico, a reatividade inespecí-fica e a elevada prevalência de quadros auto-imunitários em idosos.

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FATOR DE NECROSE TUMORAL-ALFA (TNF-α)

O fator de necrose tumoral alfa (TNF- α),por ser uma citocina com propriedade pró-inflamatória, encontra-se envolvido comindução de outras citocinas (IL-6 e IL-1, porexemplo), aumento da permeabilidade vas-cular, ativação de monócitos e neutrófilos ea destruição direta de células infectadas oumalignas. É uma das principais citocinasmediadoras do choque séptico bacteriano,sendo sua produção estimulada por bacté-rias gram-negativas. Além disso, pode de-sempenhar também importante papel naresposta imunológica desencadeada poroutros organismos infecciosos.

TNF- α tem sua produção a partir demacrófagos e mastócitos, tendo como prin-cipal alvo as células tumorais e as célulasinflamatórias. O principal estímulo para sualiberação são os lipopolissacarídeos (LPS),moléculas também chamadas de endotoxi-nas, derivadas da parede celular bacteriana.Entretanto, ativação de células NK e de lin-fócitos T também pode contribuir para a pro-dução desta citocina. Desta forma, TNF- αé importante mediador da imunidade ina-ta, assim como da imunidade adquirida, eum elo de ligação entre as respostas imu-nológicas específicas e as respostas de faseaguda.12 Em regra, a literatura científicaaponta que leucócitos de indivíduos idososproduzem maior concentração do TNF- αapós indução com LPS, quando compara-dos com os leucócitos de indivíduos jo-vens.6,9 No entanto, a questão permanececontestável, haja vista relatos em contrário.5

Já que variações nas freqüências alélicasna região promotora dos genes das citoci-nas podem ser relacionadas com sua produ-ção e liberação, os polimorfismos de nucleo-tídeo único (single nucleotide polymorphisms -SNPs) na região promotora do TNF- α vêmsendo associados com uma maior suscetibi-lidade a doenças de caráter inflamatório.7

Um estudo sugere que a variante alélica Ado polimorfismo da –308 da região promo-tora do TNF- α influencia na resistência àinsulina, no percentual de massa gorda eaumenta os níveis séricos de leptina.19 En-tretanto, as pesquisas relacionando poli-morfismo alélico e concentrações séricas deTNF- α ainda são recentes e, por vezes, con-flitantes em seus achados, sendo necessáriaa realização de mais estudos para confirma-ção da influência desses polimorfismos noprocesso de imunossenescência.

INTERFERON-GAMA (INF-γ )

Interferon-gama (IFN-γ) desempenhaimportante papel na regulação da respostaimunológica celular. Similarmente à IL-2,INF-γ está relacionado com funções efeto-ras da resposta imunológica de ativação eproliferação celular, ações características decélulas do perfil TH1 de linfócitos auxilia-res. É produzido principalmente por célu-las TH1 e células NK. Possui como princi-pais funções biológicas a ativação metabóli-ca de macrófagos estimulando atividadeantimicrobicida, expressão de MHC de clas-se II e ativação de células NK para secreçãode IL-12 que promove a diferenciação de

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células TH em células TH1. 20 INF-γ, em as-sociação com a IL-2, tem a capacidade deativar células CD8+, as quais têm comoprincipal função a atividade citotóxica an-tígeno-específica.

Conforme estudos descritos na literatu-ra, idosos possuem capacidade reduzida deproduzir INF-γ. Essa capacidade reduzidapode ser um dos principais pontos de di-minuição da atividade citotóxica dos linfó-citos, aumentando assim a probabilidade dese desenvolver infecções e neoplasias.9 As-sim como outras citocinas, a regulação daexpressão do INF-γ também apresenta umcontrole a nível transcricional. Polimorfis-mos na região promotora do gene são res-ponsáveis por influenciar a atividade e in-terferir nas ações biológicas dessa citocina.Estudos imungenéticos sobre o INF-γ têmênfase sobre a variação +874 T→A que foiassociada com produção diferencial da cito-cina in vivo.21 No entanto, permanece por sermais bem investigada a relação entre as con-centrações séricas dessa citocina e o desen-volvimento de distúrbios de saúde.

INTERLEUCINA-6 (IL-6)

Entre os mediadores inflamatórios circu-lantes, a IL-6 é considerada um dos mais im-portantes, sendo amplamente estudada porassociação a distúrbios crônicos (quadro 1).Para estudiosos da senescência biológica, elaé chamada de “citocina do envelhecimento” eseus níveis séricos normalmente encontram-se elevados com o avançar da idade.6

IL-6 é uma citocina com característicasestruturais pertencente à família da hema-topoietina, com massa molecular inferior a30 kDa.12 Tem a sua síntese a partir de lin-fócitos T e macrófagos, podendo tambémser produzida a partir do tecido adiposo.22

Em seres humanos, encontra-se IL-6, sendoainda produzida a partir de células endote-liais vasculares, fibroblastos e outras célulasem resposta à IL-1 e ao TNF- α.12

Participa da homeostase dos sistemasneuro-endócrino e imunitário por desem-penhar importantes papéis nas reações defase aguda, na resposta ao estresse e no equi-líbrio entre as vias pró-inflamatórios e an-tiinflamatórios.23 Como exemplificação desua influência na resposta de fase aguda,pode-se ressaltar sua ação promotora da sín-tese de proteínas plasmáticas, como o fibri-nogênio por hepatócitos. Ademais, IL-6 age,isoladamente ou de forma auxiliar, na pro-liferação, diferenciação, crescimento e ativi-dade de diferentes tipos celulares tais comocélulas mielóides, megacariócitos, osteoclas-tos, células neurais e hepatócitos.12,24 Podefuncionar também como um fator de cres-cimento para as células B durante o proces-so de diferenciação desses linfócitos. Simi-larmente, pode agir como fator de cresci-mento para algumas células plasmáticasmalignas que crescem independentementee secretam IL-6 como um fator de cresci-mento autócrino.12

Na atualidade, a literatura científica com-porta evidências de associação dos níveis deIL-6 com entidades clínicas que representamagravos à saúde característicos do envelheci-

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Quadro 1 - Estudos que apontam associação de níveis ou genótipos de IL-6 com doenças crônicasapresentadas por idosos

Estudo Variável Desenho ResultadoJenny et al.,2002

níveis séricos e

polimorfismo -174

G/C

caso-controle prospectivo;

5888 brancos ou negros

norte-americanos 65 anos;<

homens e mulheres.

níveis de IL-6 1,27<

pg/ml associados com

maior incidência de fatores

de risco cardiovascular

(idade, IMC, insulinemia,hipertensão arterial e

hipertrofia ventricular).

Kado et al.,1999

níveis séricos de IL-6 caso-controle transversal;57 diabéticos tipo II (23-77

anos) e 15 normoglicêmicos (25-

76 anos) japoneses.

nível elevado de IL -6( x = 3,48 pg/ml)

associado com maior

prevalência de diabetes

mellitus.

Bonafè et al.,2001

polimorfismo -174

G/C

corte transversal;

482 mulheres

e 218 homens italianos;

60 – 110 anos

proporção de homozigotos

G decresce em centenários

mas não em centenárias,

implicando maior

predisposição genética à

produção de IL-6 com

desvantagem paralongevidade.

Forsey et al.,

2003

níveis séricos de IL-6 caso controle transversal;

138 idosos suecos com idades =86 ou 94 anos, e

18 controles entre 32 e 59 anos;

homens e mulheres.

nível mais elevado de IL -6

( x = 3,16 pg/ml) entre os

idosos; no grupo dos

idosos, dosagens foram

mais acentuadas naqueles

que exibiam saúde

classificada como frágil.

Licastro

et al., 2003

polimorfismo -174

G/C

caso controle transversal;

332 idosos italianos portadores

de Alzheimer ( x = 71 anos) e

393 não portadores ( x = 76

anos); homens e mulheres.

nível de IL-6 plasmática

significativamente maior

em portadores de

Alzheimer dos genótipos

CC e GC.

Tonet et al.,2008

níveis séricos e

polimorfismo -174

G/C

corte transversa l;

193 mulheres brasileiras ? 60

anos; diversas co-morbidades.

casos de hipertensão

arterial e intolerância à

glicose mais prevalentes

entre portadores do aleloG, com leve tendência a

exibirem maior nível

sérico de IL-6.

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mento, tais como: perda de massa corporalmagra, anemia, osteopenia, diminuição da al-bumina sérica e aumento de proteínas infla-matórias (Proteína C Reativa e Amilóide A).25

No que se refere ao perfil de morbida-des prevalentes e impactantes para a saúdena terceira idade, cabe ressaltar trabalhos queapontam para um maior nível sérico de IL-6 entre idosos com desordens linfoprolife-rativas, mieloma múltiplo, doenças deAlzheimer e osteoporose,24 bem como aque-les estudos que associam IL-6 com maiordeclínio funcional e mortalidade acentua-da do indivíduo.26,27

Acredita-se que determinados polimor-fismos do gene de IL-6 estão associados auma maior produção deste mediador infla-matório, sendo sua produção geneticamen-te influenciada e dependente da idade e dogênero.28,29 Sugere-se então que essas varia-ções alélicas possam ao menos em parte ex-plicar a suscetibilidade às doenças, uma vezque podem vir acompanhadas pelo aumen-to dos níveis séricos de IL-6. O polimorfis-mo do gene da IL-6 vem sendo estudado eassociado com a presença de várias doençasagudas e crônicas, sendo o SNP na posição-174 o principal foco das pesquisas. Alémdele, existem outros pontos singulares depolimorfismo na região promotora da IL-6,a saber, as variações -597G/A e -572G/C.No entanto, essas variações se encontramem desequilíbrio de ligação com o polimor-fismo -174 C/G, de modo a se convencio-nar o estudo deste último.30-32 A literaturaapresenta controvérsias no que diz respeito

à relação do polimorfismo com os aumen-tos séricos desta proteína. Existem estudosque indicam a presença dessa associação en-tre o polimorfismo -74C/G e o aumentoda IL-6 sérica.28,30,33 Por outro lado, existemestudos que não identificaram essa relaçãoem seus resultados,31,32 possivelmente emdecorrência de uma variabilidade nobackground genético entre etnias.

Acredita-se que essa mudança de basesG→C na posição -174 afeta a transcriçãodo gene, podendo alterar os níveis plasmá-ticos da IL-6,34 podendo ter significado re-levante na suscetibilidade a determinadas pa-tologias nos idosos. Com relação à Doençade Alzheimer, existe uma importante rela-ção entre a presença do alelo C com o au-mento do risco de desenvolver a patologia.35

Sobretudo, o polimorfismo -174 C/G pa-rece estar relacionado com o aumento dorisco das doenças cardiovasculares (CVD)em idosos.36 Neste caso, o alelo C parecedesempenhar um importante papel, prin-cipalmente no desenvolvimento da ateros-clerose. No caso da patologia da osteopo-rose, sugere ainda que o polimorfismo podeser importante fator de risco para o desen-volvimento da doença em mulheres idosas.37

A artrite reumatóide é outra patologia quesofre influência do polimorfismo da IL-6.Um estudo demonstrou que pacientes comgenótipo GG têm a forma ativa da artritereumatóide mais freqüentemente quepacientes portadores dos demais genótipos,propondo-se, assim, que o polimorfismo naregião promotora da IL-6 pode ser um fatorde risco para artrite reumatóide.38

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São inúmeros os estudos encontrados naliteratura que relacionam o polimorfismona posição -174 C/G da região promotorada IL-6 com a maior suscetibilidade a dife-rentes doenças. Entretanto, os resultadosapresentam controvérsias e são conflitan-tes. A disparidade de resultados é conse-qüência dos estudos ainda a serem realiza-dos entre diferentes grupos étnicos e pormétodos diversificados, não apresentandopadrões de comparação. Diante desse qua-dro inconstante de achados, torna-se ne-cessário um número maior de pesquisasenfocando o polimorfismo da IL-6 e rela-cionando-a com a suscetibilidade ao desen-volvimento de patologias.

IL-6 E DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2)

Como visto anteriormente, uma respos-ta imunológica caracteriza-se por elevadosníveis sangüíneos de marcadores de respos-ta de fase aguda, destacando-se, entre eles, aIL-6. Pelo fato de esta citocina também seapresentar em maior concentração em paci-entes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), en-tende-se na atualidade que essa patologiapossui componente etiológico decorrentede inflamação sistêmica subclínica, poden-do ser atribuída também a um desequilí-brio do sistema imunológico inato.39 O es-tresse crônico provocado no sistema imuni-tário pode ocasionar o declínio da sensibi-lidade à insulina, contribuindo para o desen-volvimento da DM2.40,41 Excesso de TNF- α,por exemplo, induz diminuição sistêmicana produção de receptores para insulina, que

contribui para um estado de resistência àação do hormônio.42 Esse mecanismo podeexplicar a resistência insulínica observada naobesidade, uma vez que a massa gorda se-creta TNF-α.

Em consonância com o TNF-α, os ní-veis séricos da IL-6 estão elevados em casosde obesidade, e relacionados com a sensibi-lidade à insulina.43 Além disso, altas con-centrações sangüíneas dessa citocina podemfuncionar como prognóstico de desenvol-vimento da DM2.44 E quando comparadosos níveis de IL-6 entre pacientes diabéticose normais, os estudos mostram valores maio-res de IL-6 sérica para os portadores da pa-tologia.33,41,45

Sob o aspecto genético, a presença deSNPs na região promotora do gene da IL-6sugere que certos alelos podem ser conside-rados fatores de risco para o desenvolvimen-to da DM2.30 A distribuição dos genótiposda IL-6 é significativamente diferente entreindivíduos diabéticos e não-diabéticos, poiso genótipo GG é predominante em pacien-tes portadores de DM2, quando compara-dos com pacientes não-diabéticos.41 Já ogenótipo CG aparece em pacientes diabéti-cos, mas com uma freqüência bem menor,quando comparado ao genótipo GG. Emoutro estudo realizado,46 mas com pacien-tes não-diabéticos, identificou-se um genó-tipo C/C em pacientes que apresentavamcaracterísticas de alta sensibilidade à insuli-na, um dos fatores responsáveis pelo desen-volvimento da patologia. Estudo realizadocom a população brasileira também corro-bora a associação do alelo G com o fenóti-

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po da intolerância à glicose.47 A compara-ção entre os estudos torna-se difícil pelo fatode os grupos de pessoas estudadas diferi-rem em idade, sexo, grau de obesidade etolerância à glicose, tornando os resultadosde difícil interpretação.

IL-6 E DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV)

Semelhante à DM2, as doenças cardio-vasculares como a aterosclerose e o infartoagudo do miocárdio também são conside-rados fenômenos inflamatórios, nos quaiso sistema imunológico desempenha impor-tante função pela produção exacerbada demediadores pró-inflamatórios. Acredita-seque a resposta inflamatória é iniciada quan-do citocinas inflamatórias, como IL-1,TNF-α, IL-6 são liberadas a partir de umtecido afetado. Vários estudos sugerem queo processo inflamatório desempenha impor-tante papel na patogênese da aterosclerose,e que o aumento dos níveis plasmáticos demarcadores inflamatórios, como IL-6 e pro-teína C-reativa (PCR), podem estar relacio-nados com a presença da aterosclerose, in-farto do miocárdio e aumento da pressãosangüínea.48,49 Sugere-se ainda que a ativaçãode neutrófilos, linfócitos e monócitos cir-culantes, associada ao aumento da concen-tração dessas citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e IL-1) e das proteínas de fase aguda (PCR),esteja envolvida na progressão da ateroscle-rose e suas complicações.50

A PCR é uma importante proteína defase aguda, com propriedades pró e antiin-flamatórias, produzida principalmente pe-

los hepatócitos. É considerada um sensívelmarcador de inflamação e de danos tissula-res, os quais recentemente estão sendo re-lacionados como preditores de possíveis even-tos arterotrombóticos.48 De acordo com aliteratura, as elevadas concentrações plasmá-ticas de PCR em pacientes com problemascardiovasculares refletem o aumento da ativi-dade inflamatória, predizendo rápida pro-gressão da patologia.51 Como a PCR tem suasíntese induzida e regulada principalmentepela IL-6, essas proteínas podem agir em con-junto como marcadores inflamatórios. O usocombinado dos níveis plasmáticos da IL-6 eda PCR é mais preciso no prognóstico deum acidente vascular do que quando estessão analisados separadamente.19

Os estudos apresentados na literaturacom relação ao polimorfismo do gene daIL-6 e a suscetibilidade às doenças cardio-vasculares ainda não são conclusivos. Essesestudos também apresentam controvérsias,principalmente quando contribuições ad-versas como tabagismo, alcoolismo, obesi-dade e hipertensão são considerados, já queeles influenciam diretamente no desenvol-vimento da patologia.

CONCLUSÃO

O processo de imunossenescência vemsendo estudado sob aspectos celulares, mo-leculares e genéticos, com o objetivo deprognosticar doenças e intervir na preven-ção das mesmas. Uma das principais carac-terísticas observadas com o envelhecimentodo sistema imunitário é a relação entre a

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produção de mediadores inflamatórios e osurgimento de doenças prevalentes nos ido-sos. Por essa razão, postula-se que, à medi-da que sua contribuição para o processo desenescência seja elucidada, essas moléculasvenham a constituir novo grupo de marca-dores para doenças crônico-degenerativas.

Entretanto, deve-se ressaltar que existemcontrovérsias nos resultados descritos na li-teratura, provavelmente pela dificuldade dese padronizar os estudos e pela grande estru-turação genética que existe na humanidade.Além disso, o processo inflamatório podesofrer influências de condições pertinentesao estilo de vida como, por exemplo, a obe-

sidade, tabagismo e sedentarismo, que aca-bam interferindo na saúde do indivíduo.

Com relação aos polimorfismos encon-trados nos genes dos mediadores inflama-tórios, pode-se afirmar que eles interfe-rem diretamente na expressão dos mesmos.Sendo assim, torna-se necessário conhe-cer e entender o papel das variações gené-ticas na inflamação e nas doenças crôni-cas, possibilitando identificar pessoas sau-dáveis que apresentam aumento do riscode doenças e potencializar a mudança detrajetória dessa doença, prolongando alongevidade e possibilitando um envelhe-cimento saudável.

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51- Marchien W, Kenemans P, Emeis JJ,Schalkwijk GG, Mijatovic V, Mooren MJ.Long-term effects of combined hormonereplacement therapy on markers ofendothelial funcition and inflammatoryactivity in healthy postmenopausalwomen. Fertil Steril 1999; 71: 663-70.

Recebido em: 24/1/2008Reapresentado: 20/5/2008Aprovado: 21/5/2008

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Orientação aos autores 289

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SA Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia é continuação do título revista Textos sobre Envelhecimen-to, fundada em 1998. É um periódico especializado, de periodicidade quadrimestral, que publica produçãocientífica no âmbito da Geriatria e Gerontologia, com o objetivo de contribuir para o aprofundamento dasquestões atinentes ao envelhecimento humano.

(a) CATEGORIAS DE TRABALHOS

Artigos originais: são relatos de trabalho original, destinados à divulgação de resultados de pesquisas inéditasde temas relevantes para a área pesquisada, apresentados com estrutura constituída de Introdução, Metodologia,Resultados, Discussão e Conclusão, embora outros formatos possam ser aceitos (Máximo de 5.000 palavras,excluindo referências bibliográficas, tabelas e figuras. Máximo de referências: 35)

Para aceitação de artigo original abrangendo ensaios controlados aleatórios e ensaios clínicos será solicitado onúmero de identificação de registro dos ensaios - vide tópico (g).

Revisões: síntese crítica de conhecimentos disponíveis sobre o tema, com análise da literatura consultada econclusões. Apresentar a sistemática de levantamento utilizada. (Máximo de 5.000 palavras e 50 referências).

Atualizações: trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que seencontra determinado assunto investigativo, ou potencialmente investigativo. (Máximo de 3.000 palavras e 25referências)

Relatos de caso: prioritariamente relatos significantes de interesse multidisciplinar e/ou práticos, relaciona-dos ao campo temático da revista. (Máximo de 3.000 palavras e 25 referências).

Resenhas: resenha crítica de livros e trabalhos relacionados ao campo temático da revista, publicados nosúltimos dois anos. (Máximo de 1.500 palavras e 10 referências).

Comunicações breves: relatos breves de pesquisa ou de experiência profissional com evidênciasmetodologicamente apropriadas. Relatos que descrevem novos métodos ou técnicas serão também conside-rados. Máximo de 10 referências e uma tabela/figura).

(b) AUTORIA

O conceito de autoria está baseado na contribuição de cada um, no que se refere à concepção e planejamentodo projeto de pesquisa, obtenção ou análise e interpretação dos dados, redação e revisão crítica etc. Não seenquadrando nesses critérios deve figurar na seção “Agradecimentos”. Explicitar a contribuição de cada umdos autores. Os autores são responsáveis pela obtenção de autorização escrita das pessoas nomeadas nosagradecimentos, já que se pode aferir que tais pessoas subscrevem o teor do trabalho.

(c) APRESENTAÇÃO DOS MANUSCRITOS – FORMATO E PARTES

Os manuscritos devem destinar-se exclusivamente à Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Serãoaceitos em português, espanhol ou inglês. Encaminhar uma cópia impressa e uma em disquete ou CD (que nãoserão devolvidos).

Texto: preparado em folha tamanho A-4, espaço duplo, fonte Arial tamanho 12, margens de 3 cm. Todas as páginasdeverão estar numeradas. Tabelas: deverão ser preparadas em folhas individuais e separadas, numeradas consecuti-vamente em algarismos arábicos, e sua localização no texto deve ser indicada. Preferencialmente, não repetir emgráficos os dados apresentados em tabela. Não traçar na tabela linhas internas horizontais ou verticais; os quadrosterão as bordas laterais abertas. A cada uma se deve atribuir um título breve. Imagens: o autor responsabiliza-se pelaqualidade das figuras (desenhos, ilustrações e gráficos), que devem ser enviados em impressão de alta qualidade, empreto-e-branco e/ou cinza, e devem estar no programa original (Excel, corel etc.) ou em 300 dpi quando não foremeditáveis. Notas de rodapé: deverão ser restritas ao necessário e indicadas por asterisco.

Página de título contendo: (a) Título completo do artigo, em português ou espanhol e em inglês, e título curtopara as páginas. Um bom título permite identificar o tema do artigo. (b) Autores: devem ser citados como autoressomente aqueles que participaram efetivamente do trabalho, para ter responsabilidade pública pelo seu conteúdo.Relacionar nome e endereço completo de todos os autores, incluindo e-mail, última titulação e respectivasinstituições, e indicar o autor para correspondência. Devem ser especificadas as contribuições individuais decada autor na elaboração do artigo (ex: .... trabalhou na concepção e na redação final e ...... na pesquisa e nametodologia). (c) Agradecimentos (d) Conflito de interesses: declarar a inexistência ou existência de conflito de interessesde cada autor (e) Trabalhos subvencionados indicar o agente financiador e respectivo número de processo.

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

290 290 290 290 290 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):289-298

Resumo: os artigos deverão ter resumo com um mínimo de 150 palavras e máximo de 250 palavras. Os artigossubmetidos em inglês deverão ter resumo em português, além do abstract em inglês. Para os artigos originais,os resumos devem ser estruturados destacando objetivos, métodos, resultados e conclusões mais relevantes.Para as demais categorias, o formato dos resumos pode ser o narrativo, mas com as mesmas informações. Nãodeve conter citações.

Palavras-chave: indicar no mínimo três e no máximo seis termos que identifiquem o conteúdo do trabalho,utilizando descritores em Ciência da Saúde - DeCS - da Bireme (disponível em http://www.bireme.br/decs).

Corpo do artigo: os trabalhos que expõem investigações ou estudos devem estar no formato: introdução,metodologia, resultados, discussão e conclusões. Introdução: deve conter o objetivo e a justificativa dotrabalho; sua importância, abrangência, lacunas, controvérsias e outros dados considerados relevantes peloautor. Não deve ser extensa, a não ser em manuscritos submetidos como Artigo de Revisão. Metodologia: deveconter descrição da amostra estudada e dados do instrumento de investigação. Nos estudos envolvendo sereshumanos deve haver referência à existência de um termo de consentimento livre e esclarecido apresentado aosparticipantes após aprovação do Comitê de Ética da instituição onde o projeto foi desenvolvido. Resultados:devem ser apresentados de forma sintética e clara, e apresentar tabelas ou figuras elaboradas de forma a seremauto-explicativas e com análise estatística. Evitar repetir dados do texto. Discussão: deve explorar os resultados,apresentar a experiência pessoal do autor e outras observações já registradas na literatura. Dificuldadesmetodológicas podem ser expostas nesta parte. Conclusão: apresentar as conclusões relevantes face aos obje-tivos do trabalho, e indicar formas de continuidade do estudo.

Pesquisa envolvendo seres humanos: o trabalho deve ser aprovado pelo Comitê de Ética da instituição ondea pesquisa foi realizada e cumprir os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki, além do atendimen-to a legislação pertinente. Na parte Metodologia constituir o último parágrafo com clara afirmação destecumprimento.

Agradecimentos: podem ser registrados agradecimentos a instituições ou indivíduos que prestaram efetivacolaboração para o trabalho, em parágrafo com até cinco linhas.

Referências: Todas as obras citadas no texto devem figurar nas referências, numeradas de forma consecutiva deacordo com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto. Identificar as referências no textopor números arábicos.

Exemplos de Referências estão ao final das “orientações”.

(d) AVALIAÇÃO DE MANUSCRITOS

Os manuscritos que atenderem à normalização conforme “Orientação aos Autores” serão submetidos à avali-ação de dois consultores integrantes do Grupo de Assessores da revista, para avaliação do mérito. O procedi-mento de avaliação por pares (peer review) é sigiloso quanto à identidade tanto dos autores quanto dos revisores.Os pareceres dos consultores podem indicar: aceitação integral, aceitação com reformulações ou recusaintegral. Em quaisquer desses casos o autor será comunicado.

No processo de editoração e normalização, de acordo com o estilo da publicação, a revista se reserva o direitode proceder a alterações no texto de caráter formal, ortográfico ou gramatical antes de encaminhá-lo parapublicação.

(e) AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS

Os autores devem encaminhar, juntamente com o manuscrito, carta autorizando a publicação, conformemodelo a seguir:

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Orientação aos autores 291

Declaração de responsabilidade e transferência de direitos autorais

Título do manuscrito:_____________________________________________________________

1. Declaração de responsabilidade:

– Certifico minha participação no trabalho acima intitulado e torno público minha responsabilidade pelo seuconteúdo.

– Certifico que não omiti quaisquer acordos com pessoas, entidades ou companhias que possam ter interessena publicação deste artigo.

– Certifico que o manuscrito representa um trabalho original e que nem este ou qualquer outro trabalho deminha autoria, em parte ou na íntegra, com conteúdo substancialmente similar, foi publicado ou foi enviadoa outra revista, quer seja no formato impresso ou no eletrônico, exceto o descrito em anexo.

2. Transferência de Direitos Autorais:

Declaro que, em caso de aceitação do artigo, a Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia passará a ter os direitosautorais a ele referentes, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo vedada a reprodução totalou parcial sem o competente agradecimento à Revista.

3. Conflito de interesses

Declaro não ter conflito de interesses em relação ao presente artigo.

Data, assinatura e endereço completo de todos os autores

(f) PERMISSÃO DE REPRODUÇÃO

É permitida a reprodução no todo ou em parte de artigos publicados na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, daUERJ/UnATI/CRDE, desde que sejam mencionados o nome do autor e a origem, em conformidade com a legislaçãosobre Direitos Autorais.

(g) NOTA

“O periódico Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia apóia as políticas para registro de ensaios clínicos daOrganização Mundial da Saúde (OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo aimportância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acessoaberto. Sendo assim, somente serão aceitos para publicação, a partir de 2007, os artigos de pesquisas clínicas que tenhamrecebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidospela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. O número de identificação deverá serregistrado ao final do resumo”.

(h) REFERÊNCIAS

As referências bibliográficas devem ser normalizadas de acordo com o estilo Vancouver. A identificação das referênciasno texto, nas tabelas e figuras deve ser feita por número arábico, correspondendo à respectiva numeração na lista dereferências. Esse número deve ser colocado em expoente.

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

292 292 292 292 292 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):289-298

Exemplos de referências

1. AUTORES

Um autor – inicia-se pelo último sobrenome do autor, em caixa baixa, utilizado também para sobrenomescompostos seguido das iniciais dos prenomes, sem espaço nem pontuação entre as iniciais.

Camões L.

Saint-Exupery A.

Oliveira Filho C.

Até três autores – mencionam-se todos, na ordem em que aparecem na publicação, separados por vírgula.

Matos C, Soares F, Calvo Hernandez I.

Mais de três autores – indicação de um, seguido da expressão et al.

Santos MC, et al.

Vários autores, com um responsável destacado (organizador, coordenador, compilador etc.) – entrada pelonome do responsável, seguido da abreviatura da palavra que indica o tipo de responsabilidade.

Teitel S, coordenador

Barnes J, editor.

Obra publicada sob pseudônimo – adotar o pseudônimo e quando o nome verdadeiro for conhecido indicá-lo entre colchetes.

Tupynambá M, [Fernando Lobo]

2. REFERÊNCIAS POR TIPO DE MATERIAL (documentos considerados no todo e partes de documentos)

Livros e folhetos - Autor. Título: subtítulo. Edição. Local de publicação (cidade): Editora; ano de publicação.Número de páginas

Bornheim G. Introdução ao filosofar: o pensamento filosófico em bases existenciais. 3. ed. Porto Alegre: Globo;1976. 117 p.

Capítulos de livro - Autor do capítulo. Título do capítulo. In: Autor do livro. Título do livro. Local de publicação(cidade): editora; ano de publicação. Páginas inicial e final do capítulo.

Prado SD,Tavares EL, Veggi AB . Nutrição e saúde no processo de envelhecimento. In: Veras RP, organizador.Terceira idade: alternativas para uma sociedade em transição. Rio de Janeiro: Relume Dumará; 1999. p. 125-36.

Periódicos (revistas, jornais etc. na íntegra) - Título da publicação ano mês dia; nº do volume (nº do fascículo):total de páginas ou paginação do volume referenciado.

Revista Brasileira de Medicina 2006 nov; 63(11): 551-619.

Artigos de revista - Autor. Título: subtítulo do artigo. Título do periódico ano mês; nº do volume (nº dofascículo): páginas inicial e final.

Moura AS. Direito de habitação às classes de baixa renda. Ciência & Trópico 1983 jan./jun; 11(1): 71-8.

Artigos de jornal - Autor. Título do artigo. Título do jornal ano mês e dia; Título do caderno, seção ousuplemento, páginas inicial e final.

Coutinho W. O Paço da Cidade retorna ao seu brilho barroco. Jornal do Brasil 1985 mar. 6; Cad B: 6.

Fascículos de periódico - Tema do fascículo /Título do fascículo, suplemento ou nº especial / Título doPeriódico ano e mês. nº do volume (nº do fascículo).

As 500 maiores empresas do Brasil / Edição especial / Conjuntura Econômica 1984 set. 38( 9)

Trabalhos apresentados em congressos - Autor do trabalho. Título: subtítulo. In:Tipo de publicação do Con-gresso (Anais, Resumos) Nº do Congresso Nome do Congresso, ano mês dia, local de realização (cidade). Localde publicação: editora; ano. Páginas inicial e final do trabalho.

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Orientação aos autores 293

Machado CG, Rodrigues NMR. Alteração de altura de forrageamento de espécies de aves quando associadas abandos mistos. In: Resumos do 7º Congresso Brasileiro de Ornitologia 1998, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ,NAPE; 1998. p. 60.

Entrevista - A entrada para entrevista é feita pelo nome do entrevistado. Para referenciar entrevistas gravadas, faz-se descrição física de acordo com o suporte adotado. Nome do entrevistado. Título. Referência da publicação. Notada Entrevista.

Mello EC. O passado no presente. Veja 1998 set 4: 1528: 9-11. Entrevista concedida a João Gabriel de Lima.

Dissertação e Tese - Autor. Título: subtítulo. [Indicação de dissertação ou tese] Local: Instituição, nome do cursoou programa da faculdade e universidade; ano da defesa.

Nascimento MAA. As práticas populares de cura no povoado de Matinha dos Pretos-BA: eliminar, reduzir ouconvalidar? [tese]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem, Programa de Doutorado Interunidades das Escolas deEnfermagem de Ribeirão Preto e São Paulo; 1997.

Eventos (Congresso, conferência, encontro etc.) - Tipo de publicação do evento (Anais, Resumos) número doevento Nome do Evento; ano, local de realização (cidade). Local de publicação (cidade): Editor, ano de publicação.Número de páginas ou volume.

Anais do 3º Seminário Brasileiro de Educação; 1993; Brasília. Brasília: MEC; 1994. 300 p.

Documento eletrônico - Autor. Título: subtítulo. Edição. Local de publicação (cidade): ano. Número de páginas ouvolume (série) - se houver. Disponível em URL: <http://.....>

Assis M, organizador. Promoção da saúde e envelhecimento: orientações para o desenvolvimento de açõeseducativas com idosos. Rio de Janeiro: 2002. 146 f. (Série Livros Eletrônicos). Disponível em: URL: http//www.unati.uerj.br

Dicionário e Enciclopédia - Autor. Título: subtítulo. Edição. (se houver) Local: Editora; data. Número de páginasou volume.

Ferreira AB H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1986. 1838 p.

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil; 1995. 20 v.

Legislação - Lei nº....., Ementa. data completa (ano mês abreviado dia). Nome da publicação volume ( fascículo),data da publicação (ano mês abreviado dia). Nome do caderno, páginas inicial e final.

Lei nº 10.741 Estatuto do Idoso 2003 out 1. Pub DO 1(1), [Out 3 2003] .

Programas de Televisão e de Rádio - Tema. Nome do programa. Cidade: nome da TV ou Rádio, data daapresentação do programa. Nota especificando o tipo de programa (TV ou rádio)

Um mundo animal. Nosso Universo. Rio de Janeiro: GNT; 4 de ago. 2000. Programa de TV.

CD-ROM - Autor. Título. Edição. Local de publicação (cidade): Editora, data (ano). Tipo de mídia.

Almanaque Abril: sua fonte de pesquisa. São Paulo: Abril, 1998. 1 CD-ROM

E-mail - (as informações devem ser retiradas, sempre que possível, do cabeçalho da mensagem recebida)

Nome do remetente. Assunto. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <e-mail do destinatário> em (data derecebimento).

Biblioteca Central da UFRGS. Alerta. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em20 jun. 2005.

Web sites ou Homepages – Nome. Disponível em: URL: http//....

Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Envelhecimento. Disponível em: URL: http://www.ufrgs.br/3idade

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

294 294 294 294 294 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):289-298

INSTRUCTIONS FOR AUTHORS

The Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology succeeds the publication Texts on Ageing, created in 1998.It is a specialized periodical, issued each four months, which publishes scientific papers on Geriatrics andGerontology, and whose aim is to contribute to deepen questions on human ageing.

(a) MANUSCRIPTS CATEGORIES

Original articles: reports on original manuscripts aimed to divulge unpublished research results on importantthemes in the field of study, structured as follows: Introduction, Methods, Results, Discussion and Conclusion,though other formats may be accepted (up to 5,000 words, excluding references, tables and figures. Referencesshould be limited to 35).

For original article acceptance enclosing randomized controlled trials and clinical trials the identificationnumber of register of the trials will be requested - vide topical (g).

Review articles: critical synthesis of available knowledge on a specific theme, containing literature review andconclusions. System of data collection must be specified (up to 5,000 words and 50 references).

Updates: descriptive and interpretative works based on recent literature concerning the global situation inwhich a certain investigative or potentially investigative issue is found. (up to 3,000 words and 25 references).

Case reports: priority is given to significant reports of multidisciplinary and/or practical interest, related to theJournal’s thematic field (up to 3,000 words and 25 references).

Reviews: critical review of books and works related to the Journal’s thematic field, published in the past twoyears (up to 1,500 words and 10 references).

Short reports: short descriptions of research or professional experience with methodologically appropriateevidence. Reports that describe new methods or techniques will also be considered (up to 1,500 words,excluding references. Up to 10 references and one table/figure).

(b) AUTHORSHIP

The concept of authorship is based on the contribution by each one, in regard to the conception and designof the research project, acquisition or analysis and interpretation of data, drafting and critical review, etc. Theinclusion of names of authors whose contribution does not meet the above criteria is not justifiable, and insuch case, their names should appear in “Acknowledgements”. Individual contributions of each author must bespecified. Authors must obtain written authorization by all people mentioned in the acknowledgements, sinceone may infer that these can subscribe the content of the manuscript.

(c) MANUSCRIPTS PRESENTATION – STRUCTURE

Manuscripts should be exclusively submitted to the Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology. The Journalwelcomes papers written in Portuguese, Spanish or English. Documents must be delivered with a printed copyand in a CD-ROM or diskette (3.5"). This material will not be returned to authors.

Text: typewritten on one side of 21x29,7 cm white paper (A-4 format), double-spaced throughout, font Arialsize 12, 3 cm margins. All pages must be numbered. Tables: must be presented in separate archives, individuallyprinted in separate sheets, consecutively numbered in Arabic numerals. Their insertion in the text must beindicated. Avoid repetition in graphs of data already presented in tables. Tables should have no internalhorizontal or vertical lines; charts must have open borders. Each figure must have a short title. Images: authorsare responsible for the quality of all figures (drawings, illustrations and graphs), which must be delivered in ahigh-quality print, in black-and-white and/or gray, in the original software (Excel, Corel etc.) or in 300 dpi whennon-editable. Footnotes: used as fewer as possible; must be indicated by an asterisk.

Front page: (a) Title: Must contain the article’s complete title, in Portuguese or Spanish, and in English, andshort title for the other pages. A good title allows immediate identification of the article’s theme. (b) Authors:should be cited as authors only those who really took part in the work and will have public responsibility forits content. Give full names and addresses of all authors, including e-mails and institutional affiliations,indicating the author in charge of all correspondence. . Individual contributions must be specified (e.g.: .....conceived the study and led the final writing and ..... assisted with the research and methodology).(c) Acknowledgments.

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Orientação aos autores 295

(d) Conflicts of interest: authors must disclose all possible conflicts of interest of each author (e) For worksreceiving grants, please indicate supporting agency and respective process number.

Abstract: articles should be submitted with an abstract from 150 to 250 words. Articles written in English shouldhave an abstract in Portuguese, besides the English one. For original papers, abstracts should be structured asfollows: objectives, methods, results and most relevant conclusions. For the remaining categories, abstract shouldbe structured as a narrative containing the same information. No quotations are allowed in the abstracts.

Key words: indicate between 3 and 6 terms which best describe the contents of the paper, using Bireme’s DeCS/MeSH terminology, available at <http://www.bireme.br/decs>.

Text: papers that present investigations or studies must be structured as follows: introduction, methods, results,discussion and conclusions. Introduction: must contain the work’s objective and justification; its importance,scope, blanks, controversies and other data considered relevant by the authors. It should be as concise as possible,except for manuscripts classified as Review Article. Methods: must contain a description of the studied sampleand data on the investigation’s instrument. For studies involving human beings authors must mention theexistence of a free informed term of consent presented to participants after approval by the Ethics Committeeat the institution where research was carried out. Results: must be presented in a concise and clear manner, withself-explanatory tables or figures which present statistical analysis. Avoid repetition of data already included inthe text. Discussion: must explore the results, presenting the author’s own experience and other observationsalready reported in literature. Methodological difficulties can be presented in this item. Conclusion: mustpresent relevant conclusions in relation to the paper’s objectives, indicating ways for the continuation of theresearch work.

Research involving human subjects: the paper should be approved by the Ethics Committee of the institutionswhere the research was carried out and should be conducted in full accordance with ethical principles andprovisions of the Declaration of Helsinki, besides meeting the legal requirements. The last paragraph in Methodsitem should contain a clear statement to this effect.

Acknowledgements: should be made to institutions and individuals whose effective collaboration helped thedevelopment of the work, in an up-to-five lines paragraph.

References: All cited references should be listed at the end of the paper. Examples of references can be foundin the end of these instructions.

(d) MANUSCRIPTS EVALUATION

Manuscripts that meet the requirements of the “Instructions to authors” are sent out for peer review by twomembers of the Journal’s Advisory Committee, for merit evaluation. For peer review, the identity of both authorsand reviewers are anonymous.

Reviewers’ reports can indicate either integral acceptance; acceptance with suggestions or full refusal. Authorswill always be communicated of the reviewer’s assessment, whatever it is.

In the process of editing and adequacy of manuscripts to the Journal’s style, the editors can make either structural,orthographic or grammatical changes in the text before its publication.

(e) AUTHORIZATION FOR PUBLICATION AND COPYRIGHT TRANSFER

Authors should attach to the manuscript, a cover letter transferring the editorial rights, as follows:

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

296 296 296 296 296 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):289-298

Declaration of responsibility and copyright transfer

Title of manuscript:

_________________________________________________

1. DECLARATION OF RESPONSIBILITY:

I certify my participation in the work above mentioned and I take public my responsibility for its content.

I certify that I have not omitted any agreement with people, entities or companies to whom the publication ofthis article might be of interest.

I certify that the manuscript represents original work and that neither this manuscript nor one with substantiallysimilar content under my authorship has been published or is being considered for publication elsewhere,either in print or in electronic format, except as described as an attachment.

2. COPYRIGHT TRANSFER:

I declare that, shoud the article be accepted for publication, the Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology willhold its copyright, which shall become the exclusive property of the Journal, and that any reproduction isprohibited, whether total or partial, without the due acknowledgment to the Journal.

3. Conflicts of interest

I attest that there are no conflicts of interest concerning this manuscript.

Date, signature and complete address of all authors.

(f) REPRODUCTION PERMISSION

Articles published by UERJ/UnATI/CRDE’s Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology can be totally or partiallyreproduced, but due acknowledgement shall be taken to the author(s) and to the Journal, according to the Copyrightlegislation in force.

(g) NOTE

“Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia/Brazilian Journal of Geriatrics and Gerontology follows the policies of the World HealthOrganization (WHO) and of the Internationial Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) for clinical trial registration,recognizing the irnportance of those initiatives for international dissernination of information on clinical research, in openaccess. Accordingly, only articles of trials previously registered in one of the Clinical Trial Registries that meet WHO andICMJE requirements will be accepted for publication, starting in 2007. The list of registries accepted by WHO and ICMJEis available in ICMJE site. The trial registration number should be published at the end of the abstract.”

(h) REFERENCES

References must be numbered and organized according to the Vancouver style. References in the text, tables andfigures must be identified by Arabic numerals, corresponding to the respective number in the references list. Thisnumber must be superscript.

Examples of references

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

Orientação aos autores 297

1. AUTHORS

One author – name and initials of the author, with first letter capitalized. If an author’s two family names are tobe given, they will be joined by a hyphen.

Camões L.

Saint-Exupery A.

Oliveira Filho C.

Up to three authors – all should mentioned, in the order they appear in the publication, separated by commas.

Matos C, Soares F, Calvo Hernandez I.

More than three authors – only the first one should be listed followed by “et al”.

Santos MC, et al.

Several authors, with one editor or compiler as author – enter the name of the editor/compiler, followed byan abbreviation of the word indicating his duty.

Teitel S, coordenador

Barnes J, editor.

Work published under pseudonym – use the pseudonym, and when the real name is known, indicate it underbrackets.

Tupynambá M, [Fernando Lobo]

2. REFERENCES ACCORDING TO TYPE OF MATERIAL (documents considered as a whole and parts ofdocuments)

Books and brochures - Author. Title: subtitle. Edition. City of publication: Publisher; year of publication.Number of pages.

Bornheim G. Introdução ao filosofar: o pensamento filosófico em bases existenciais. 3. ed. Porto Alegre: Globo;1976. 117 p.

Book chapters - Author of the chapter. Title of the chapter. In: Author of the book. Title of the book. City ofpublication: Publisher, year of publication. Initial and final page of the chapter.

Prado SD,Tavares EL, Veggi AB . Nutrição e saúde no processo de envelhecimento. In: Veras RP, organizador.Terceira idade: alternativas para uma sociedade em transição. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999. p. 125-136.

Periodicals (journals, newspapers etc.) - Title of publication year month day; number of volume (number offascicle): pages.

Revista Brasileira de Medicina 2006 nov; 63(11): 551-619.

Journal articles - Author. Title: subtitle of the article. Title of the journal, year month; number of volume(number of fascicle):: initial and final page.

Moura AS. Direito de habitação às classes de baixa renda. Ciência & Trópico 1983 jan./jun; 11(1): 71-8.

Newspaper articles - Author. Title of the article. Title of the newspaper, year month and day; Títle of sectionor supplement, initial and final page.

Coutinho W. O Paço da Cidade retorna ao seu brilho barroco. Jornal do Brasil 1985 mar. 6; Cad B: 6.

Periodical fascicles - Theme of the fascicle / Title of the fascicle, supplement or special issue / Title of theperiodical year and month. Number of the fascicle, publisher, number of volume, number of fascicle.

As 500 maiores empresas do Brasil / Edição especial / Conjuntura Econômica 1984 set. 38( 9)

Papers published in congress proceedings - Author of the paper. Title: subtitle. In: Type of publication of theCongress (Annals, Summaries) Number of the Congress Name of the Congress, year month day, city ofrealization. City of publication: Publisher; year. Initial and final page of the paper.

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REV. BRAS. GERIATRIA E GERONTOLOGIA; 2006; 8(1); 9-20

298 298 298 298 298 REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., 2008; 11(2):289-298

Machado CG, Rodrigues NMR. Alteração de altura de forrageamento de espécies de aves quando associadas abandos mistos. In: Resumos do 7º Congresso Brasileiro de Ornitologia 1998, Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ,NAPE; 1998. p. 60.

Interviews - Entry is given by the interviewer’s name. For recorded interviews, physical description is madeaccording to the type of media. Name of Interviewee. Title. Reference of publication. Note of the Interview.

Mello EC. O passado no presente. Veja 1998 set 4: 1528: 9-11. Entrevista concedida a João Gabriel de Lima.

Dissertations and Theses - Author. Title: subtitle. City: Institution, year. Number of page or volume. Indicationof dissertation or thesis, name of the course or program, institution or university, city and year of defense.

Nascimento MAA. As práticas populares de cura no povoado de Matinha dos Pretos-BA: eliminar, reduzir ouconvalidar? [tese]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem, Programa de Doutorado Interunidades das Escolas deEnfermagem de Ribeirão Preto e São Paulo, Universidade de São Paulo, 1997.

Event (Congress, conference, meeting etc.) - Type of publication of the Congress (Annals, Summaries) numberof the event Name of the Event; year, city of realization. City of publication: Publisher, year of publication.Number of pages or volume.

Anais do 3º Seminário Brasileiro de Educação; 1993; Brasília. Brasília: MEC; 1994. 300 p.

Document in electronic format

Author. Title: subtitle. Edition. City of publication: year. Number of pages or volume (series – if any). Availableat: URL: http://.....

Assis M, organizador. Promoção da saúde e envelhecimento: orientações para o desenvolvimento de açõeseducativas com idosos. Rio de Janeiro: 2002. 146 f. (Série Livros Eletrônicos). Disponível em URL: http//www.unati.uerj.br

Dictionaries and Encyclopedias - Author. Title: subtitle. Edition. (if any) City: Publisher, date. Number of pagesor volume.

Ferreira AB H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.

Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil, 1995. 20 v.

Legislative references - Law nº ....., Menu complete date (year shortened month day). Name of the publicationvolume (fascicle), date of the publication (year shortened month day). Name of brochure, initial and final pages.

Lei nº 10.741 Estatuto do Idoso 2003 out 1. Pub DO 1(1), [Out 3 2003].

TV and Radio Broadcasts - Theme. Name of program. City: name of TV or Radio, date of presentation. Notespecifying type of broadcast (TV or radio).

Um mundo animal. Nosso Universo. Rio de Janeiro, GNT, 4 August 2000. TV Broadcast.

CD-ROM - Author. Title. Edition. City where published: Publisher, date (year). Type of media.

Almanaque Abril: sua fonte de pesquisa. São Paulo: Abril, 1998. 1 CD-ROM.

E-mail - (information should be given, whenever possible, by the message’s heading)

Name of sender. Subject. [personal message]. Message received by <receiver’s e-mail> on (date of receipt).

Biblioteca Central da UFRGS. Alerta. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em20 jun. 2005.

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