Artigo_Telhados_Verdes

8/8/2019 Artigo_Telhados_Verdes

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9 Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e

Urbanismo no Brasil ENEPEA Curitiba, Paran - 2008.

Subgrupo 4: Intercmbio com a sociedade: participao e incluso social

TELHADOS VERDES: Ferramenta potencial para gerao de renda emreas de fragilidade social.

Wellington Mary; Luciene P. da Silva; Marconi F. de Moraes; Juliana Arruda4; EricWatson5; Anderson C.Ferrari6; Bruno Rossafa7; Gabriel B. Pinto8;

Prof. Dr. Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Tecnologia, UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro- UFRuralRJ, BR 465, Km 7,Campus, Seropdica, RJ,Brasil,CP74.554, 23890-000. e-mail: [email protected] ou [email protected]

Prof Dr. Departamento de Engenharia Sanitria e do Meio Ambiente, Faculdade deEngenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ,

Eng Dr. Engenharia Sanitria e do Meio Ambiente, integrante Projeto Hidrocidades.4

Prof MSc Extenso Rural Departamento de Letras e Cincias Sociais UFRuralRJ

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Aluno Mestrado do Curso de Ps-Graduao Departamento de Engenharia Sanitria e MeioAmbiente UERJ

6Bolsista CNPq-PIBIC, aluno Graduao Agronomia-UFRuralRJ

7Aluno Licenciatura em Cincias Agrcolas-UFRuralRJ

8Aluno Graduao Agronomia-UFRuralRJ

RESUMO

Este trabalho foi gerado a partir de resultados preliminares obtidos do ProjetoHIDROCIDADES (edital guas Urbanas CT-HIDRO/CT-AGRO) relacionado

conservao da gua em meio peri-urbano. So implementados experimentos,baseados no conceito de pesquisa-ao de monitoramento da gua, telhado verde ede educao ambiental com objetivo de integrar conservao da gua (incluindocontrole de enchentes), gerao de renda, cidadania e incluso social.A Agricultura Urbana e Periurbana contempornea vem ganhando destaque nocenrio mundial e nacional, reafirmando-se como um fator permanente nosprocessos de resgate da cidadania e da sustentabilidade do ecossistema urbano,alm da produo de alimento e gerao de renda.Destaca-se tambm a Naturao Urbana, que visa transformar edifcios e espaosurbanos em bitipos atravs da tecnologia de cultivo sobre superfcies construdasamenizando os impactos do desenvolvimento urbano. Neste conceito o Telhado

Verde ou Vivo, alm de melhorar a qualidade de vida dos habitantes, pois altera osfatores microclimticos, atua tambm no ciclo hdrico de guas pluviais podendofavorecer para diminuio da ocorrncia de enchentes.Esta tecnologia pode ser direcionada a comunidades carentes que utilizam telhadosleves (fibrocimento) para a produo de hortalias, que alm de diminuir atemperatura interna das habitaes, pode gerar alimentos e renda. Nesse contexto,este experimento foi baseado em proposta tecnolgica aplicada ao cultivo para umacobertura leve de maneira a diminuir custos de implantao e avaliar seu efeitosobre variao no conforto ambiental das edificaes e a reduo da velocidade deescoamento superficial da gua de chuva e gerao de alimentos e renda.

Palavras-Chave: Agricultura urbana, telhados verdes, arquitetura bioclimtica.


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1. INTRODUO

A converso de espaos naturais pela expanso urbana um processoirreversvel em praticamente todos os pases (SIMES, 1996). Os aspectos que

caracterizam a urbanizao relacionam-se diretamente ao ciclo hidrolgico e aosrecursos hdricos esto associados ao crescimento populacional, ao aumento donmero de construes e com a conseqente impermeabilizao da superfcie dosolo.

O resultado o crescimento sem estratgia sustentvel e o inchao dascidades com falta de infra-estrutura para garantir as necessidades bsicas docidado reconhecidas na Constituio como, por exemplo, saneamento bsico,abastecimento de gua, assistncia mdica, transporte e educao. A gua,precisamente o bem mais cobiado nesse sculo, torna-se uma questo prioritrianas reas urbanas de ocupao irregular.

No Brasil este processo histrico caracterizado pela migrao de famliasoriundas de zonas rurais e que sofreram um processo de eroso de seus saberes ede transformao de seus costumes alimentares, onde inconvenientemente ascidades e os seus sistemas econmicos no conseguem torn-las economicamenteativas, desprovendo das condies apropriadas para satisfazer as suasnecessidades scio-culturais e de qualidade de vida (BELTRAN, 1995).

No entanto, assim como no Brasil e outros pases em desenvolvimento, asrazes do homem com a terra no foram totalmente perdidas e vegetais e animaiscontinuaram a ser produzidos ou criados nas reas urbanas (UNDP, 1996),conferindo uma modalidade de produo que a agricultura urbana e peri-urbana(AUP).

A agricultura urbana consiste no cultivo de vegetais e criao de animaisdomsticos (incluindo a criao de peixes) dentro dos limites (agricultura intra-urbana) ou na imediata periferia (agricultura periurbana) de uma cidade, visandoprincipalmente produo de alimentos para os seus habitantes. uma prticadifundida mundialmente, tanto nas grandes metrpoles quanto nas cidadesmenores, e que tem sido apoiada por diversos governos e agncias internacionais(MACHADO & MACHADO, 2004).

O COAG/FAO1 (1999) define a AU como regies que se encontram dentro deuma cidade e destinadas produo de cultivos e criao de pequenos animaispara consumo prprio ou para a venda em mercados.

A AUP contempornea vem ganhando destaque no cenrio mundial e nacional,

reafirmando-se como um fator permanente nos processos de resgate da cidadania eda sustentabilidade do ecossistema urbano (ARRUDA, 2006).De acordo com MADALENO (2002), a AUP no um fenmeno novo nas

cidades, e atualmente cada vez mais considerada como parte integral da gestourbana, sendo uma ferramenta para a diminuio da pobreza, por meio da geraode renda e empregos. E tambm uma forma de trabalhar com o manejo ambiental.Neste sentido, a AUP no Brasil passa a integrar o rol de opes de polticas sociaisque buscam o resgate da cidadania e da sustentabilidade urbana.

A AUP citada no PROJETO FOME ZERO (2001), uma vez que a conexoentre o abastecimento e a produo agroalimentar local relacionada aos

1Committee on Agriculture/Food and Agriculture Organization of the United Nations


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programas de abastecimento e programas voltados promoo e apoio s hortascomunitrias, produzindo alimentos frescos de qualidade, gerando emprego e renda.

Apesar das vantagens da AUP, deve-se atentar para a preveno de outrosproblemas potenciais decorrentes de sua prtica que incluem a combinao de

informao, orientao, monitoramento, fiscalizao e regulamentao, baseadasem estruturas legais, administrativas e em cooperao com os produtores urbanos.Portanto, para que as importantes metas de fornecimento de alimentos saudveis ea baixo custo sejam alcanados pela agricultura urbana, os sistemas de produodevem ser tais que no promovam ou agravem os problemas de contaminao,tanto do ambiente quanto dos prprios alimentos, constituindo, primordialmente,mtodos bem adaptados s condies locais (MACHADO & MACHADO, 2004).

Outro conceito focado para o resgate dos princpios de enverdecimento dereas edificadas ligadas ao conceito arquitetura e urbanismo ainda no direcionado gerao de alimentos o sistema de Naturao. Segundo ROLA & UGALDE(2007) uma tecnologia de aplicao de vegetao sobre superfcies construdas

que superpondo com as diretrizes da agenda 21, busca amenizar os impactos dodesenvolvimento urbano, explorando cientificamente respostas s demandasambientais e redirecionar as cidades para o desenvolvimento sustentvel, visandouma maior integrao entre espao urbano - cidado natureza.

As vantagens da aplicao do sistema de Naturao citadas pelos mesmosautores so:

- Atuao positiva no clima da cidade e da regio proporcionada pelareteno de poeira e substancias contaminantes suspendidas no ar;

-Aumento da rea verde til;

- Influncia sobre o ambiente interior;-Esfriamento dos espaos abaixo da coberta, no vero, provocado pelaevapotranspirao das plantas;

- Diminuio das perdas de calor no inverno o que pressupe economia deenergia;- Aumento do isolamento trmico;

- Absoro do rudo;

-Prolongao do tempo da coberta em relao s coberturas somenteimpermeabilizadas;

-Melhora do grau de umidade;

-Reduo da carga de gua que suportam as canalizaes urbanas;

-Reduo do efeito da ilha de calor.

Em funo da aplicao de AUP e suas variadas modalidades de cultivo e doconceito de naturao, atualmente pode-se observar iniciativas em nvel mundialde produo de alimentos em reas at ento inimaginveis de cultivo, como ocaso de Telhados Verdes em Dhaka, cidade de Bangladesh, onde mais de 60variedades de frutas e vegetais foram identificadas com potencial de cultivo (ISLAM,2004).


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A idia de se cultivar hortalias em telhados no nova: O cultivo de horta emtelhados pode ser um mtodo efetivo para garantir o suprimento de comida esatisfazer as necessidades nutricionais dos moradores (Helen Keller Internationaland Institute of Public Health Nutricion, 1985, in ISLAM, 2004).

Ao se analisar as caractersticas de expanso e ocupao das cidades daBaixada Fluminense observa-se peculiaridades em relao aos tipos e moradias,prevalecendo edificaes mal projetadas na maioria com telhados leves (telhas defibrocimento) ou edificaes sem cobertura (lajes), caracterizadas pela possibilidadede expanso futura dos moradores que em sua maioria so de baixa renda.

O inconveniente deste tipo de atitude reflete diretamente na qualidade vida,uma vez que o conforto ambiental comprometido pelo aquecimento do ambienteinterno e a possibilidade de acmulo de gua nas lajes, acarretando em infiltraese possibilidade de criao de foco de multiplicao do mosquito transmissor dadengue.

Neste contexto surge a preocupao em se construir ou at mesmo reparar as

habitaes, fundamentadas nos preceitos da arquitetura bioclimtica oubioarquitetura. Esses novos conceitos arquitetnicos visam harmonizar asconstrues ao clima e as caractersticas socioeconmica cultural de cada local,considerando-se o reuso de gua pluvial, materiais alternativos para construo,conforto trmico e luminoso e na reduo do consumo de energia.

O planejamento urbanstico de uma cidade pode ser beneficiado quando dautilizao pelos arquitetos da tecnologia dos Telhados Verdes, pois influi nareteno de gua, insolao, clima urbano, biodiversidade e diminui a poluio doar, este fato foi verificado na cidade de Basel, Suia (BRENNEISEN, 2004).

Em pases como Alemanha, ustria e Noruega, o conceito de telhado verde j amplamente difundido, tendo inclusive empresas especializadas no assunto.

Sobretudo, devido ao antigo interesse desses pases em combater a degradaoambiental e a rpida devastao dos espaos verdes em reas de desenvolvimentourbano acelerado (ARAJO, 2007).

Telhados Verdes por definio toda cobertura ou telhado, que agrega em suacomposio, uma camada de solo ou substrato e outra de vegetao. Podem aindaserem classificados como telhados verdes extensivos ou intensivos.

Os Telhados Verdes intensivos caracterizam-se pelo uso de plantas quedemandam maior consumo de gua, adubo e manuteno. Os telhados extensivosse caracterizam pela alta resistncia s variaes pluviais e climticas, tornandopraticamente desnecessria sua manuteno, necessitando de camadas menores eleves de substratos minimizando custo com a estrutura (LAAR, 2001).

A formao de camada isolante foi comprovada por Onmura (2000), queregistrou diferena de 30 C de uma laje nua comparada com uma com coberta comtelhado verde, quando exposta a uma temperatura ambiente de 38C durante overo no Japo.

O mesmo efeito de abaixamento de temperatura interna foi comprovado porVecchia (2005), utilizando uma cobertura com caractersticas leve como telhadoverde, registrando diferena de 8,0C em relao temperatura ambiente que erade 34C, sendo que a amplitude trmica mdia ficou em 9,2C e no ambienteexterno ficou em 21,4C.


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1.1. Consequncias de aes coletivas com aplicao de telhados verdes.

1.1.1. Manuteno de micro climas.

Do ponto de vista trmico, os benefcios so inquestionveis, e ainda ajudamna manuteno de micro climas (WONG, 2003).

A vegetao contribui de forma significativa para o estabelecimento de micro

climas. Segundo Romero (2000), atravs do processo de fotossntese que auxiliando

na umidificao do ar, provoca o resfriamento evaporativo que diminui a temperatura

e aumenta a umidade do ar em dias quentes de vero, a vegetao atua como um

refrigerador evaporativo diminuindo as altas temperaturas. A vegetao tambm

contribui para estabilizar o clima ao seu entorno, reduzindo a amplitude trmica,absorvendo energia e favorecendo a manuteno do ciclo oxignio-gs carbnico

que essencial para a renovao do ar atmosfrico (DIMOUDI & NIKOLOPOULOU,

2003).

Em centros urbanos as superfcies verdes nas coberturas so de estimvel

beneficio para o conforto ambiental e trmico, dos usurios dessas edificaes, alm

da economia de energia para climatizao de ambientes internos e da reduo do

efeito urbano denominado ilhas de calor, causado devido ao crescimento urbano

desordenado.

A composio de vegetao nas superfcies dos telhados urbanos tem sido

uma opo eficiente na manuteno e no aumento das reas verdes (NIACHOU,

2001). Nas cidades as coberturas verdes funcionam como um filtro contra a poluio

e na manuteno da umidade relativa do ar, no tendo somente um carter esttico

e ornamental (GOMEZ, 1998).

1.1.2. Reduo do escoamento superficial e manuteno as bacias

hidrogficas.

O conjunto dos impactos ambientais e, em especial, nos recursos hdricos

derivados das aglomeraes populacionais e do seu contexto urbano, tem

demandado de forma contundente a busca por solues que minimizem a

intensidade e a freqncia de enchentes.


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O ciclo hidrolgico vem sendo prejudicado devido ao desenvolvimento urbano

desordenado, que resultam no aumento do escoamento superficial de guas

pluviais, impactos ao meio ambiente e na populao em geral, principalmente nas

reas mais carentes por no possurem infra-estrutura suficiente de planejamento desuas residncias, bem como de seus acessos e conseqentemente as linhas

naturais de drenagem (TUCCI, 1996).

Pensando em solues sustentveis os telhados verdes surgem como uma

proposta interessante para reduo do escoamento superficial e o gerenciamento

das contribuies pluviais. J cultivo de hortalias em telhados verdes intensivos

associado ao cultivo hidropnico e/ou fertirrigado, permite utilizar camadas mais

estreitas e leves de substratos, em sistema fechado, favorecendo o reuso da guade chuva, viabilizando o sistema em comunidades de baixa renda.

medida que a cidade se urbaniza, so evidenciados os seguintes impactos:

aumento das vazes das bacias hidrogrficas devido a impermeabilizaes do solo

com materiais tradicionais usados em projetos de urbanizao e, o aumento do

escoamento superficial. Conseqentemente, verifica-se o aumento das recargas

hdricas nos dutos e canais de drenagem, aumento do processo erosivo do solo e

sedimentao dos dutos e canais, j que a superfcie do solo fica desprotegida.Verifica-se ainda, o aumento da produo de resduos slidos, mais uma vez

comprometendo a qualidade da gua.

1.1.3. Reduo de rudos.

O solo, as plantas e o ar possuem o efeito de isolante ao som. O substrato

tende a bloquear freqncias de som mais baixas e as plantas as freqncias mais

altas. Um telhado verde com uma camada de substrato de 12 cm de profundidade

pode reduzir o som em 40 decibis e uma de 20 cm pode reduzir o som em 46 a 50

decibis (OLIVEIRA & RIBAS, 1995).

1.1.4. Incluso social e cidadania.

No que diz respeito lucratividade os Telhados Verdes apresentam um

potencial econmico interessante, podendo ser cultivados nas coberturas tanto

hortalias como tambm plantas medicinais de pequeno porte, temperos


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domsticos, plantas ornamentais. Para o bom desempenho da produo

necessria uma manuteno adequada a cada modelo produtivo, porm a venda

dos futuros produtos pode sustentar os gastos com a manuteno do telhado a

respeito de irrigao, adubao e tratamento fitossanitrio.A implementao de telhados verdes em comunidades carentes, cujo modelo

de ocupao feito sem nenhum prvio planejamento, pode se tornar uma

alternativa interessante para o processo de cidadania e comprometimento com o

meio ambiente, por parte de populaes mais carentes em educao ambiental e

saneamento, apresentando um potencial de melhorias na infra-estrutura dessas

comunidades, alm da formao de profissionais como jardineiros e a gerao de

renda por conta dos produtos comercializados cultivados no Telhados Verde.

1.1.5. Modificao paisagstica.

O projeto de arquitetura cada vez mais enfatiza o paisagismo das edificaes

e os telhados so ainda poucos explorados. Em geral ficam como elemento a ser

trabalhado no projeto final. Exemplos europeus, como j citados acima, demonstram

os vrios benefcios das coberturas verdes. O aspecto esttico talvez seja uma das

questes mais compensadoras que o tema pode contribuir para a arquitetura, sendo

as plantas um elemento que torna o projeto mais receptivo tanto para o futuro

morador quanto para os vizinhos, contribuindo para um equilbrio esttico local e o

conforto visual dos moradores.

Ainda, como j mencionado anteriormente, tm-se tambm a relao do

aspecto psicolgico, tendo em vista que reas verdes tendem a trazer certa

tranqilidade, gerando assim indivduos mais tranqilos na sociedade. Psiclogos

recomendam a jardinagem como atividade para terapias, refletindo no estado psico-

emocional dos usurios. Proporciona tambm atividade teraputica, como a

jardinagem em si, envolvida na manuteno dos telhados verdes, e a sensao de

bem estar por amenizar o ambiente urbano com a utilizao de vegetao.


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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral:

O objetivo do projeto adaptar a tecnologia do cultivo em telhados (TelhadosVerdes) para as condies especficas das habitaes de baixa renda a fim de

diminuir custos de implantao e garantir um manejo seguro.

2.2. Objetivos especficos:

-Testar o efeito da aplicao do telhado verde sobre a velocidade de escoamento

superficial de guas pluviais.

-Demonstrar o efeito da diminuio da temperatura interna e externa com a

implantao do telhado verde (conforto ambiental).

-Testar diferentes substratos de cultivo atravs da anlise da produtividade de

hortalias e/ou plantas medicinais e do sistema proposto.

-Demonstrar opes de cultivo com hortalias e/ou plantas medicinais atravs de

metodologias especficas de cada cultura.

3. JUSTIFICATIVA

O problema das ocupaes irregulares de terrenos urbanos para moradia

pela populao de baixa renda se repete na maioria das grandes cidades brasileiras,

que congregam mais de 80% dessa populao. O resultado o crescimento sem

estratgia sustentvel e o inchao das cidades com falta de infra-estrutura para

garantir as necessidades bsicas do cidado reconhecidas na Constituio como,

por exemplo, saneamento bsico, abastecimento de gua, assistncia mdica,

transporte e educao (CERQUEIRA, 2006).

A gua, precisamente o bem mais cobiado nesse sculo, torna-se uma

questo prioritria nas reas urbanas de ocupao irregular. A questo da presso

pelo uso da gua subterrnea na regio da baixada de Jacarepagu, como um todo,

foi evidenciada a partir de dados do Censo de 2000 do IBGE, que indicaram que o

nmero de captaes de guas subterrneas j supera, em muito, a quantidade de

poos no Estado. Nos bairros de Vargem Grande e Vargem Pequena, que englobam


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a bacia hidrogrfica do rio Morto, por exemplo, de 25,01% a 50,00% dos domiclios

particulares acusam a existncia de poos de captao de guas subterrneas.

Os aspectos que caracterizam a urbanizao e relacionam-se mais

diretamente ao ciclo hidrolgico e aos recursos hdricos esto associados com ocrescimento populacional, com o aumento do nmero de construes e com a

conseqente impermeabilizao da superfcie do solo. O aumento da

impermeabilizao reduz as taxas de infiltrao que, por sua vez, leva diminuio

das taxas de recarga para os aqferos e diminuio do escoamento bsico. O

escoamento superficial intensificado levando ocasionalmente s enchentes. O

aumento da populao contribui para o crescimento da demanda dos recursos

hdricos e, ao mesmo tempo, aumentam os volumes de efluentes e de resduosslidos.

A mudana do uso do solo tambm tem impacto no balano de energia entre

superfcie e atmosfera. Alm da mudana da resistncia aerodinmica que afeta a

movimentao do ar, aumenta a transferncia de calor para a atmosfera. Ainda, os

depsitos de resduos slidos contribuem para a emisso de gases do efeito estufa.

Esses fatores, conjugados, tendem a produzir temperaturas mais altas e favorecer a

ocorrncia de chuvas nos conglomerados urbanos. A interao entre processosfsicos que ocorrem na superfcie e na atmosfera poder, ao longo do tempo, levar

mudana na distribuio e na disponibilidade dos recursos hdricos.

Nesse contexto, tm sido empregados os telhados verdes em vrias partes

do mundo, principalmente com finalidades estticas de valorizao do espao

urbano e com vistas a melhorar o conforto ambiental. Essas reas verdes podem

servir tambm para deteno do escoamento superficial, minimizando as enchentes

urbanas.

Os Telhados Verdes utilizados na Europa so compostos por vrias camadas

(Figura 01), cada qual com uma funo especfica. So elas:

- Camada de impermeabilizao: para impedir a infiltrao de gua na laje.

- Camada de proteo: para impedir danos na impermeabilizao, por exemplo, por

razes agressivas.

- Camada de drenagem: responsvel pela regulagem da reteno de gua e da

drenagem rpida e eficiente do excesso desta.


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- Camada de filtragem (facultativo): impede a passagem dos substratos para a

camada de drenagem, ao qual prejudicaria a drenagem e a circulao do ar.

- Camada de substrato: camada onde se encontram os nutrientes dando suporte

vegetao, retendo e absorvendo gua. O tipo de substrato bem como a altura domesmo ir variar conforme a vegetao escolhida e o tipo de telhado. Em se

tratando de telhados extensivos, normalmente a altura do substrato varia entre 4 e

19 cm.

- Camada de vegetao: consiste na cobertura vegetal propriamente dita e que vai

depender do tipo de telhado. Nos telhados extensivos as espcies que podem ser

utilizadas apresentam menor variao uma vez que se trata de plantas mais rsticas

que no demandam maiores cuidados com manuteno.Conforme observado, este sistema europeu pode no ser o ideal para as

condies scio-econmicas financeiras da populao brasileira, principalmentequando se pretende atuar em nvel de comunidades de zonas carentes, aonde aopo por telhados leves com telhas de fibrocimento adotada.

Figura 01 - Esquema construtivo de um telhado verde europeu (http://www.lid-

stormwater.net/images/greenroof1.jpg )

Assim como Vecchia (2005), este projeto se baseia na reduo de insumos

tendo em vista as caractersticas estabelecidas pelas habitaes de baixa renda que

a cobertura com telhas de fibrocimento. O referido autor testou uma cobertura


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alternativa mais leve para a aplicao do telhado verde e verificou sua possibilidade

de aplicao em larga escala, uma vez que os ensaios de carga realizados

demonstraram que o peso chega at cerca de 285,4 kgf/m com o saturado

encharcado de gua (saturao), sendo esta carga equivalente a exercida peloconjunto de uma cobertura de telhas cermicas, considerados a estrutura de

madeira e o peso prprio das telhas.

A proposta deste projeto visa testar utilizao do cultivo hidropnico com fibra

de coco e de um substrato comercial, o que permitir reduzir a carga sobre o

telhado, em funo das caractersticas das culturas, no exigirem grandes volumes

de substrato quando do sistema proposto.

Trata-se de um momento inicial de pesquisas envolvendo o cultivo dehortalias dentro da temtica de Telhados Verdes no Estado do Rio de Janeiro e at

mesmo no Brasil, portanto o desenvolvimento e aplicao de novas tecnologias,

quando envolvidas diretamente a fatores sociais para a melhoria da qualidade de

vida e gerao de renda devem ser priorizadas.

4. METODOLOGIA

4.1. Localizao do experimento

O experimento est sendo realizado nas dependncias da Escola MunicipalProf. TefiloMoreira da Costa, localizada no bairro Vargem Grande-RJ.

4.2. Obteno dos dados

Esto sendo testados primeiramente os efeitos da reteno de escoamento

de gua de chuva (runoff) de dois tipos de substratos, comercial e fibra de coco

verde, atravs de ensaios com microasperso e chuva propriamente dita, atravs de

um sensor de nvel/tempo construdo especificamente para este projeto.

Os substratos esto colocados sobre um filme plstico que reveste

externamente as telhas, a fim de evitar possveis infiltraes. Para o caso do

substrato comercial utilizado um anteparo no final do telhado, a fim de se evitar a

perda deste substrato em caso de chuvas fortes.

As mudas de plantadas nas diferentes pocas do ano so semeadas em linha

diretamente no sistema de canal de cultivo (FIGURA 02) que elimina o risco de


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acidentes oriundos da necessidade de presena humana sobre o telhado leve, uma

vez que o plantio realizado com auxlio de uma escada convencional externa.

Figura 02- Ensaio preliminar da utilizao do sistema de produo de mudassemeada em canal para posterior plantio sobre a telha.

Dados coletados de temperatura de bulbo seco e de bulbo mido so

armazenados em um DataLogger, atravs de 3 psicrmetros, um em cada tipo de

substrato do telhado e outro para medir a temperatura ambiente (Figura 03).Alm destes psicrmetros esto instalados sensores de temperatura dentro

de cada ambiente sobre o telhado, uma vez que a edificao possui separao

idntica em dois ambientes, sendo estes sensores instalados sob as telhas, nas

paredes e na rea vazia a meia altura do p-direito, a fim de se observar as

diferenas climticas promovidas pelos tratamentos. Estes sensores possuem

fixao distribuda em posies estratgicas, sendo avaliados valores mdios cada

posio, identificando as variaes dentro do ambiente em funo da incidncia deradiao solar nas paredes devido posio aos eixos cardinais.

As plantas coletadas e a produo em massa fresca ser comparada

estatisticamente entre os dois tratamentos, atravs de blocos inteiramente

casualizados, sendo cada bloco composto por 5 linhas de cultivo (canais), num total

de 4 blocos.

Canal de semeaduraem PVC


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Figura 03 Perspectiva da instalao do experimento.

4.3. Cultivo de hortalias

Esto sendo plantadas hortalias herbceas anual de porte baixo, como

rcula, salsinha e cebolinha, alm de possuir maior valor econmico dentre outras

hortalias de tratos culturais semelhantes. Nos ltimos anos seu cultivo vem se

destacando, devido a um aumento de demanda do mercado consumidor.

O cultivo em fibra de coco ser realizado com base em sistema hidropnico

fechado e o com substrato comercial com utilizao de fertirrigao.

A irrigao por gravidade distribuda por orifcios na tubulao posicionados

em cada canal das telhas de cobertura, controlada por um temporizador ligado a

uma vlvula solenide. Toda gua de irrigao drenada coletado em reservatrios

para reuso (sistema fechado).

5. RESULTADOS ESPERADOS

Diante do exposto, no caso em questo, as comunidades localizadas em

Jacarepagu, com sua vocao original agrcola, que contribui para a paisagem peri-

urbana identificada atualmente, espera-se que se repita nas outras comunidades o

verificado na Vila Cascatinha, a existncia de um percentual expressivo de


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moradores com envolvimento e/ ou treinamento em atividades agrcolas. A adoo

do sistema de telhados verdes com o envolvimento dos moradores, a identificao

do conhecimento intrnseco dos moradores atravs da gesto participativa,

permitindo que esta capacitao possa ser consolidada e aproveitada em atividadesrelacionadas prpria implementao dos telhados verdes. Identifica-se utilizao

da laje para atividade capaz de gerar alimento para subsistncia ou uma fonte extra

de renda. Alm disso, contribui para coibir a utilizao das lajes para implantao de

novas moradias. Controlando a verticalizao e o adensamento crescente nestes

locais.

Quanto ao desenvolvimento de programa de educao ambiental, diversos

danos aos recursos hdricos e sade coletiva so intrnsecos ocupao de reasde risco, baixios, reas alagadias e encostas, sero implantados programas de

conscientizao e educao ambiental, os moradores podero rever suas aes

cotidianas, alm de entender a real necessidade de readequaes em suas

comunidades, alm de preparar geraes futuras para uma relao mais

harmoniosa com a cidade.

Ressaltam-se ainda os aspectos paisagsticos, emocionais, de conforto

ambiental e aumento de reas permeveis (relacionadas com o controle doescoamento superficial/enchentes) que os telhados verdes podem proporcionar.


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6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ARAJO, S.R. TELHADOS VERDES, Monografia apresentada ao Curso deEngenharia Florestal, como requisito parcial para a obteno do Ttulo de

Engenheiro Florestal, Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do RioJaneiro, 2007, 22p..

ARRUDA, J. Agricultura urbana e peri-urbana em Campinas/SP: Anlise doPrograma de Hortas Comunitrias como subsdio para polticas publica.Dissertao (Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentvel) Faculdade de Engenharia Agrcola, Universidade Estadual deCampinas,Campinas, 2006

BELTRAN, J. Hacia un imaginario de desarrollo sostenible. En: A la bsqueda deciudades sostenibles. Seminario especializado. Memorias. II Encuentro

Internacional Habitat-Colombia. Pereira 20-24 de septiembre, 1994. EditorialGuadalupe Ltda. Bogot. 369 p. 1995.

BRENNEISEN, S. Green Roofs - How Nature Returns To The City. ActaHorticulturae, ISHS, International Conference on Urban Horticulture, 2004, v.643, p289-293.

CERQUEIRA, L. F. F. (2006). Os Impactos dos Assentamentos Informais de BaixaRenda nos Recursos Hdricos e na Sade Coletiva: O Caso da BaciaHidrogrfica da Baixada de Jacarepagu. Dissertao de Mestrado.PEAMB/UERJ, Rio de Janeiro, pp. 58-120.

CERQUEIRA, L. F. F.; SILVA, L.P. Re-Desenho Urbanstico Pela Gesto IntegradaDos Recursos Hdricos E Do Planejamento Urbano: o caso das comunidadesperi-urbanas de Jacarepagu-RJ, Brasil. In: XVII Simposio Brasileiro de RecursosHidricos, 2007.

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7. AGRADECIMENTOS

CNPq,que viabilizou financeiramente o projeto atravs do edital guas Urbanas CT-

HIDRO/CT-AGRO (CNPq). HIDROCIDADES- CIDADES, QUALIDADE DE VIDA ERECURSOS HDRICOS: GESTO INTEGRADA DOS RECURSOS HDRICOS E

PLANEJAMENTO URBANO DA REGIO DA BAIXADA DE JACAREPAGU.

Secretaria Municipal de Educao Rio de Janeiro.

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