Polícia ignora imagens e indicia quatro bandidos pela morte do policial Edson Cota
AS DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO DE … KERSTEN DE ARAGAO.pdfuma vez que a escola, muitas vezes,...
Transcript of AS DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO DE … KERSTEN DE ARAGAO.pdfuma vez que a escola, muitas vezes,...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
AS DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
MÔNICA KERSTEN DE ARAGÃO
ORIENTADORA: PROF:
YASMIM MARIA RODRIGUES MADUREIRA DA COSTA
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO/2002
ii
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
AS DIFICULDADES DE ALFABETIZAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS
MÔNICA KERSTEN DE ARAGÃO
Trabalho monográfico apresentadocomo requisito parcial para a obtençãodo Grau de Especialista emPsicopedagogia, sob a orientação daProfa. Yasmim Maria RodriguesMadureira da Costa.
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO/2002
iv
Agradeço, primeiramente a Deus, Pai
Todo Poderoso, pelo dom da vida e por
guiar-me na estrada da vida.
Também agradeço ao corpo docente da
Universidade Cândido Mendes, em
especial, a Profa. Yasmim Maria
Rodrigues Madureira da Costa, pelo
profissionalismo durante toda sua
orientação.
Agradeço a grande amiga Maria Alice
pelas sugestões e colaboração.
A meu companheiro pela paciência com
os transtornos causados.
v
Ao menos uma vez por dia deve-se ouvir uma canção,
ler um poema bem escrito,
olhar para um belo quadro e se possível
dizer algumas palavras sensatas.
Goethe
vi
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................ 01
CAPÍTULO IDIFERENÇAS E DIFICULDADES INDIVIDUAIS.......................... 07
CAPÍTULO IIO MODELO DA PSICOLOGIA ESCRITA...................................... 112.1 – Processos cognitivos envolvidos na escrita.................... 132.2 – A Inteligência....................................................................... 152.3 – Os fatores cognitivos.......................................................... 162.4 – As estratégias cognitivas................................................... 17
CAPÍTULO IIIO DOMÍNIO DA ESCRITA, DA LEITURA E DACOMPREENSÃO........................................................................... 20
CAPÍTULO IVO SABER MATEMÁTICO.............................................................. 27
CAPÍTULO VA TRAJETÓRIA DO ALUNO......................................................... 30
CAPÍTULO VIINTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS E O PAPELDO PROFESSOR.......................................................................... 346.1 – Pressupostos Básicos........................................................ 386.2 – A Afetividade nba Alfabetização........................................ 406.3 – Sugestões de Atividades.................................................... 43
CONCLUSÃO................................................................................ 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 52
ANEXOS......................................................................................... 54
vii
RESUMO
Esta monografia tem por objetivo ressaltar a importância
da alfabetização de jovens e adultos, principalmente os pertencentes a
classes menos favorecidas e propor atividades que facilitem esse
processo a fim de possibilitar a inclusão social e o exercício consciente da
sua cidadania.
A metodologia utilizada foi o método dedutivo, pesquisas
qualitativas, através de uma abordagem, ressaltando a importância da
formação do leitor.
Pretendo apresentar atividades que modifiquem essa
situação, repensando e adequando a metodologia da alfabetização,
adequando o educando ao seu ambiente sócio cultural e despertar seu
interesse cognitivo. Visa a apontar os fatores que dificultam esse
processo, valorizar a relação dos jovens e adultos na sociedade e propor
procedimentos que possibilitam a formação de um cidadão crítico e
consciente.
1
INTRODUÇÃO
Alfabetizar é tarefa que se torna cada vez mais complexa à
medida que os candidatos não têm acesso cotidiano ao mundo letrado,
isto é, não convivem com atos de leitura e escrita, principalmente, nas
favelas e vilas de periferias urbanas ou na zona rural e é conseqüência da
marginalização e da alienação dos alunos por parte do sistema de ensino,
uma vez que a escola, muitas vezes, ignora a diferença e aporte de suas
experiência.
A alfabetização de jovens e adultos como tem sido
trabalhada na escola nem sempre tem promovido pessoas capazes de ler,
escrever e interpretar diferentes tipos de textos.
A alfabetização de alunos desta faixa, no Brasil é uma das
demandas mais dramáticas porque a maioria dos adultos que não sabe
2
ler e escrever não conseguiu fazê-lo na escola e carrega, atravessada na
garganta, experiências frustrantes por não ter conseguido o domínio da
leitura e da escrita.
Torna-se, então, imprescindível combater esse fenômeno
para que o Brasil não continue sendo um país dividido entre os que têm
acesso ao conhecimento veiculado pela escola e os excluídos do sistema
educacional.
As bases da alfabetização estão centradas na pesquisa do
desenvolvimento das operações intelectuais do aluno e na elaboração de
uma proposta didática contextualizada. Esta investigação evidencia que o
processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista do
aprendiz e no qual devem estar presentes os componentes afetivos,
perceptivo-motores, sociais e culturais, mencionados por Grossi.
Assim sendo, não faz sentido tentar associar o uso de
cartilhas ou as grandes linhas dos métodos tradicionais de alfabetização à
proposta construtivista, uma vez que as cartilhas não consideram a lógica
do desenvolvimento cognitivo do aluno e, ao contrário, apóiam-se apenas
na lógica do sistema de escrita a ensinar, entretanto, para alguém que
compreendeu o eixo dessa proposta, é possível saber o momento
adequado para inserir determinadas atividades do ensino tradicional.
Desta forma, a educação será verdadeiramente o processo pelo qual o
3
indivíduo toma a história em suas próprias mãos a fim de mudá-la,
acreditando na capacidade de aprender, descobrir, enfrentar problemas,
criar soluções, fazer escolhas e assumir as conseqüências de suas
escolhas, entretanto isso só será possível se os alfabetizandos não
continuarem a ser bitolados com textos criados por outros para copiarem
com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam e com
métodos que não consideram a lógica de quem aprende.
O corpo, a afetividade, a inteligência assim como o contexto
social e cultural do aluno interferem na psicogênese da alfabetização. É
preciso desmistificar a idéia de aprendizagem sem lógica ou de
aprendizagem sem prazer, sem desejo, em que a memória funciona
apenas como um depósito de informações sem nenhuma interferência de
aspectos lógicos.
De acordo com a visão sócio-construtivista, os signos vão
se construindo de modo particular para cada indivíduo tendo em vista que
esses significados guardam uma ligação íntima com as vicissitudes da
história de cada um, assim a significação só pode ser entendida se
pensada como algo que tem a ver com a imersão desse homem na
linguagem.
Trabalhos como os de Lacan, embora tenham sido feitos na
clínica, têm importância na justificação desta tese, pois comprovam que a
4
construção de sentidos singulares é feita pelos sujeitos ao longo de seus
processos de elaboração psíquica.
Lacan mostrou que, no processo de construção dos
sentidos, todo homem passa por três estágios: o momento de observar, o
tempo de compreender e o momento de concluir, e para que os sujeitos
se coloquem nesse trabalho de elaboração do conhecimento, faz-se
necessário que o professor coloque-se como agente causador da
diferença, do contrário ao sujeito-aprendiz para não ficar preso a seus
próprios conceitos e refém do seu próprio registro de saber.
Para alfabetizar adultos, é muito útil o domínio dos
conhecimentos mais avançados sobre aprendizagem fornecidos pelo
construtivismo. Este trabalho torna-se possível se a educação for
realmente valorizada sob todos os aspectos, inclusive pagando salários
dignos para o professor, proporcionando clima e possibilidade
permanente de aprendizagem entre outros, e a constatação de que a
inteligência não é um dom, é um processo, isto é, fica-se inteligente
porque se aprende.
Para que se aprenda algo, é preciso em primeiro lugar de
uma insatisfação. Por exemplo, no caso de um alfabetizando, que ele
sinta uma “falta” por não saber ler e escrever. Para que tenha este tipo de
sentimento, ele necessita saber já um pouco a respeito do que é ler e
5
escrever, para que serve ler, que pessoas sabem ler e escrever e se vale
a pena se identificar com elas etc.
Por outro lado, ninguém faz uma pergunta a quem, pelo
menos supostamente, não possui um certo saber que assegure uma
resposta adequada. Entretanto, o papel de quem é professor não é o de
fornecer esta resposta imediata, pois todo o saber tem que ser
reestruturado pelo próprio sujeito que aprende e a resposta imediata já é
estruturada e não tem condições de assimilação como tal, a não ser que
este sujeito esteja num estágio muito elevado no tratamento desses
problemas. (Grossi, 1988, p.11).
Piaget disse que se o conhecimento é compreendido, é
porque ele foi reestruturado e que nenhuma aprendizagem se dá sem
uma estruturação, a qual exige uma lógica interna. Nesta reestruturação
há sempre algo inédito, de original, que leva algumas pessoas a
pensarem que a aprendizagem se dá por si só, que é possível a
autodescoberta quase absoluta de conteúdos, entretanto, não é disto que
se trata, e sim de uma construção que é pessoal e intransferível, mesmo
que ela tenha muito em comum com o que todos fazem, quando
aprendem um mesmo campo conceitual.
Assim, esta pesquisa pretende provocar a discussão em
torno da eficiência dos métodos tradicionais de alfabetização de adultos,
6
propondo um método que parta de paradigmas bem diferentes daqueles
que servem de base ao ensino atual em que cada aluno terá um
tratamento peculiar de acordo com o nível em que se encontra, e que seja
capaz de resgatar sua identidade, através de atividades que possibilitem
a aprendizagem do nome como forma de estimular a autoconfiança e
valorização, considerando o saber trazido por ele, encorajando-o a expor
seus pensamentos e, através da reflexão, olhar a escrita enquanto
representação da linguagem e não como simples transcrição gráfica de
um código.
7
CAPÍTULO I
DIFERENÇAS E DIFICULDADES INDIVIDUAIS
Existem diversas teses que tentam explicar as variações
das dificuldades individuais entre os alunos através da teoria da
inteligência.
As teses inatistas relacionam o desempenho cognitivo às
disposições genéticas dos indivíduos, enquanto as teses
ambientalistas encaram a estrutura do meio ambiente como fator
determinante destas dificuldades, entretanto a mais razoável é a
interacionista que considera o desenvolvimento cognitivo como
resultado das experiências individuais em seu meio, mas a ainda há os
8
que privilegiam a tese inatista e interpretam e atribuem os resultados
escolares à competência natural de definitiva de cada um,
comportamento que põe em dúvida a possibilidade de reduzir as
dificuldades e de ajudar os alunos considerados mais “fracos”.
Há um elo muito forte entre a origem social dos
alunos e seus desempenhos escolares o que fez que à primeira
vista fosse utilizada apenas uma abordagem sociológica para
compreender esses mecanismos, entretanto, a psicologia possui
grades de análise para buscar as variáveis que poderiam explicar as
adaptações ou inadaptações escolares.
Reuchlin atribui a fatores cognitivos e a fatores relativos
ao engajamento de condições de aprendizagem as diferenças de
aptidões.Tanto as dificuldades escolares como os resultados da
aplicação de testes de inteligência variam igualmente em função da
origem social dos alunos.
Os indivíduos oriundos dos meios socioculturais
favorecidos obtêm melhores resultados, principalmente nos testes
verbais, cabendo ao psicólogo não apenas comparar os meios sociais,
mas também identificar os mecanismos através dos quais o meio social
“determina” os níveis escolares e intelectuais.
9
As formas de os indivíduos adquirirem e processarem os
conhecimento levam à caracterização de alguns estilos cognitivos
dentre os quais existem dois mais freqüentemente descritos que são: a
dependência-independência do campo e a reflexão - impulsividade. A
primeira mostra que enquanto os indivíduos dependentes tendem a
privilegiar as informações de origem externa, os independentes
apóiam-se em suas próprias referências, manifestando maior
adaptação às situações-problema o que os torna mais eficazes no
plano cognitivo, pois apresentam resultados escolares melhores. A
segunda mostra a tendência de o educando produzir rapidamente uma
resposta negligenciando o risco de erro.
“A leitura é um processo no qual o leitorrealiza um trabalho ativo de construção dosignificado do texto, a partir dos seusobjetivos, dos seus conhecimentos sobre alíngua: características do gênero, doportador, do sistema de escrita, etc. Não setrata simplesmente de extrair informaçãoda escrita, decodificando-a letra por letra,palavra por palavra. Trata-se de umaafetividade que implica, necessariamente,compreensão na qual os sentidoscomeçam a ser constituídos antes daleitura propriamente dita. Qualquer leitorexperiente que conseguir analisar suaprópria leitura constatará que a codificaçãoé apenas um dos procedimentos que utilizaquando lê: a leitura fluente envolve umasérie de outras estratégias como seleção,antecipação, inferência e verificação, semas quais não é possível rapidez eproficiência".
(PCN, 2000, p.53).
10
Vigotsky coloca a centralidade do meio no
desenvolvimento do sujeito, argumentando que as respostas
individuais emergem das formas sociais de vida, ou seja, primeiro no
nível social e depois no nível individual, em que um processo
interpessoal é transformado num processo intrapessoal.
A aprendizagem, segundo ele, ocorre retrospectivamente
(no nível de desenvolvimento potencial e de processos de formação).
Nas atividades intelectuais, o aluno refletivo possui uma
eficiência cognitiva superior que lhe garante um maior êxito escolar
em relação ao dos alunos impulsivos.
Considerando-se que cada indivíduo pode dispor de
processos variados de resposta os quais são geralmente são dotados
de eficácia diferente, e que seus desempenhos podem ser
conseqüência não só das diferenças individuais, mas também de
diferenças estáveis tais como métodos, estratégias e estilos, chega-se
a uma diversificação de métodos pedagógicos com a finalidade de
adaptá-los aos “estilos de aprendizagem” dos alunos.
“A internalização das atividades socialmente enraizadas e
historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da
psicologia humana". (Vigotsky, 1979, p.65).
11
CAPÍTULO II
O MODELO DA PSICOLOGIA ESCRITA
Com base nos conhecimentos atuais sobre os
processos cognitivos que implicam na conduta de escrever, junto com
os avanços da neuropsicologia cognitiva e da linguagem, ao mesmo
tempo em que o da psicologia cognitiva em geral, foram propostos
diversos modelos modulares sobre o funcionalismo mental na
realização da escrita (cf. Ellis e Yong, 1992; Patterson e Shewell,
1987).
As afirmações da psicologia escrita assim como as da
psicologia da leitura, baseiam-se em dados clínicos e em dados
12
experimentais. Esses enfoques têm a virtude de supor modelos
completos de explicação da escrita, além de explicar com clareza as
características de sua alteração, a forma de avaliação e a intervenção.
Trata-se de elaborar toda uma psicologia da escrita. A partir desses
modelos, as alterações “disgráficas” (dificuldades de aprendizagem da
escrita) ou atraso na escrita vão fazendo sentido ao refletir alterações
que representam processos implicados na escrita.
“A psicogênese da alfabetização é a forma singular como
uma criança ou adulto constrói o seu saber sobre o que é ler e
escrever". (Grossi, in GEMPA,1989).
Na concepção sócio-interacionista, é pela interação social
que o indivíduo recebe a matéria-prima para o seu desenvolvimento
psicológico. Este é um processo dinâmico no qual cada membro da
cultura recria e reinterpreta as informações, conceitos e significados.
Portanto, a linguagem não é apenas uma característica que diferencia
o homem dos outros seres da natureza. Ela se constitui, também, dos
sujeitos. Agimos de formas diferentes com a linguagem, na linguagem
e através da linguagem. E diferentes linguagens suscitam ações e
formas de pensamento.
Assim como a leitura, a escrita, na perspectiva da
dimensão individual do letramento (a escrita como uma “tecnologia”), é
13
também um conjunto de habilidades lingüísticas e psicológicas, mas
habilidades fundamentalmente diferentes daquelas exigidas pela
leitura. Enquanto as habilidades da leitura estendem-se da habilidade
de decodificar palavras escritas à capacidade de integrar informações
provenientes de diferentes textos, as habilidades de escrita estendem-
se da habilidade de registrar unidades de som até a capacidade de
transmitir significado de forma adequada a um leitor potencial.
2.1 – Processos cognitivos envolvidos na escrita
Dentre os processos envolvidos na escrita, destacam-se
quatro a partir de que se entenda a escrita como uma conduta criativa
e complexa. Os primeiros são os processos de planejamento da
mensagem juntamente com seus subprocessos de geração de idéias e
de hipóteses, de organização das idéias e de revisão da mensagem;
os segundos são os processos de construção sintática, juntamente
com seus subprocessos de construção da estrutura, da colocação de
palavras funcionais; os terceiros são os processos de recuperação de
elementos léxicos com a recuperação de grafemas por via fonológica,
por via ortográfica ou por via visual e em quarto lugar o conjunto de
processos cognitivos que tem a ver com os subprocessos psicomotores
nos quais seriam incluídos os subprocessos de recuperação de
experiências vividas.
14
O conhecimento da psicogênese da alfabetização torna
mais fácil fazer o aluno confiar na sua capacidade de aprender e de
resgatar a sua individualidade.
Conhecer os textos que fazem parte do cotidiano dos
alunos e quais práticas de leitura e de escrita está a eles relacionadas
tem um objetivo duplo: contextualizá-los como leitores e pessoas
capazes de escrever e fornecer subsídios para ações pedagógicas e
para tal devem ser aproveitados os textos que os alunos já conhecem.
“Ler e escrever são processosfreqüentemente vistos como imagensespelhadas uma da outra, como reflexossob ângulos opostos de um mesmofenômeno: a comunicação através dalíngua escrita. Mas há diferençasfundamentais entre as habilidades econhecimentos empregados na leitura eaqueles empregados na escrita, assimcomo há diferenças consideráveis entre osprocessos envolvidos na aprendizagem daleitura e os envolvidos na aprendizagem daescrita”.
(Smith, 1973, p.117).
15
2.2 – A Inteligência
O conceito de inteligência não explica de modo
satisfatório as dificuldades de aprendizagem e, desta forma, inviabiliza
as perspectivas a uma pedagogia adequada.
Há várias teses que explicam estas dificuldades de
aprendizagem tais como a inatista que explica as diferenças individuais
pelas disposições genéticas dos indivíduos e as teses ambientalistas
que consideram o meio como fator determinante, entretanto, fazer uma
afirmação categórica para justificar estas dificuldades seria audaciosa.
A posição mais razoável é a das teses interacionistas que,
embora expliquem o desenvolvimento cognitivo como produto da
estreita interação das experiências do indivíduo, não são adotadas, ao
contrário do que se espera, por muitos professores.
Todas as teorizações sobre inteligência enfatizam o seu
caráter heterogêneo, pois seria necessário considerar as formas da
inteligência abstrata (relativa à manipulação de signos e símbolos) às
formas de inteligência concreta, presentes na resolução de problemas
práticos ou nas relações com os outros (inteligência social). Assim, por
falta de precisão, os testes de inteligência não são eficazes uma vez
que não permitem saber como os desempenhos são produzidos.
16
2.3 – Os fatores cognitivos
A abordagem do funcionamento cognitivo interpreta as
diferenças de desempenho entre os indivíduos como diferença de
ordem quantitativa ou de ordem qualitativa.
Teorias mais recentes dos psicólogos comprovam que a
capacidade de aprendizagem dos adultos não é menor que a das
crianças e, conseqüentemente, mudam a visão preconceituosa
existente nos anos de 1920 e1930.
As propostas técnico-pedagógicas para a educação de
adultos não se limitam à escolarização e remetem a uma nova visão
sobre o problema do analfabetismo e à consolidação de uma nova
pedagogia de alfabetização de adultos que tem como principal
referência o educador Paulo Freire. Este modelo se pauta em um novo
modelo de relação entre a problemática educacional e a social.
“Era preciso, portanto que o processoeducativo interferisse na estrutura socialque produzia o analfabetismo. Aalfabetização e a educação de base dosadultos deveriam partir sempre de umexame crítico da realidade existencial doseducandos, da identificação das origens deseus problemas e das possibilidades desuperá-los”.
(Paiva, 1979, p.23).
17
2.4 – As estratégicas cognitivas
O estudo dos comportamentos da aprendizagem mostra
variações nas estratégias de aquisição e de procedimento a que alguns
autores chamam de estilos cognitivos segundo os quais cada indivíduo
disporia de vários processos de respostas que poderiam provir de
diferenças nos modos de funcionamento cognitivo, fato que implica
numa diversificação dos métodos pedagógicos.
A preocupação de adaptação dos métodos pedagógicos
às estratégias de aprendizagem dos alunos é complexa, pois certas
estratégias não são assimiláveis pelos sujeitos antes que seja atingido
um certo nível de desempenho.
O professor precisa estar atento à construção do
conhecimento dos seus alunos e deve cultivar, na sua prática
pedagógica, uma postura de constante investigação.Também é
fundamental a avaliação diagnóstica da leitura e da escrita dos alunos,
planejar as atividades e intervenções de qualidade que possam
realmente ampliar os conhecimentos lingüísticos dos alunos, pois a
leitura e escrita são ferramentas mentais que possibilitam o trabalho de
todas as outras áreas.
18
“O primeiro processo (estágio) é aconcepção de letramento como uminstrumento. O segundo é a aquisição doletramento, a aprendizagem dashabilidades de ler e escrever. O terceiro é aaplicação prática dessas habilidades ematividades significativas para o aprendiz.Cada estágio é dependente do anterior;cada um é um componente necessário doletramento".
(Harman, 1970, p.228).
Possibilitar que os alunos compreendam, se apropriem e
façam uso das diferentes instâncias da linguagem é uma forma de
romper com a postura excludente que tem distanciado a linguagem do
aluno e a da escola.
É uma proposta político-pedagógica fundamental
trabalhar a partir do que os alunos já sabem, pensando o erro como
parte de um processo de construção que olha prospectivamente.
Acreditando e criar condições para que eles percorram os seus
caminhos, sem negar ou apagar as diferenças culturais, entretanto,
ampliar suas possibilidades de uso da linguagem.
O desafio da educação de jovens e adultos a partir dos
anos 50 estabelece uma política e uma metodologia mais criativa e
mais reflexiva para que os adultos e jovens analfabetos possam
participar de forma mais ativa do universo profissional e cultural. É
importante não esquecer que o acesso à cultura letrada não significa
19
ignorar em qualquer hipótese a cultura e os saberes que os
alfabetizandos trazem em sua bagagem.
“A universalização do ensino elementar, agarantia de domínio dos códigos básicosda leitura e escrita e a superação dofracasso escolar terão que ser por nósenfrentados de forma tal que o próprioconteúdo de ensino receba tratamentoadequado ao mais pleno desenvolvimentocognitivo. Não se trata mais de alfabetizarpara um mundo no qual a leitura eraprivilégio de poucos ilustrados, mas simpara contextos culturais nos quais adecodificação da informação escrita éimportante para o lazer, o consumo e otrabalho. Este é um mundo letrado, no qualo domínio da língua é também pré-requisito para a aquisição da capacidadede lidar com códigos e, portanto, ter acessoa outras linguagens simbólicas e nãoverbais, como as de informática e as dasartes”.
(Mello, 1993, p.28).
20
CAPÍTULO III
DOMÍNIO DA ESCRITA, DA LEITURA E DA
COMPREENSÃO
Aprender a escrever, ler/compreender compreende a
tarefa de dominar com habilidade e de forma integrada, os processos
de planejamento, os processos sintáticos, os processos semânticos e
os processos motores e o objetivo do ensino deve ser conquistar essa
habilidades.
A leitura de um texto não começa não começa pelas
palavras. Muitas vezes as pessoas reconhecem um determinado tipo
de texto por suas características visuais.Torna-se necessário refletir
21
sobre o sentido de ler e escrever e, nesse sentido, é fundamental
redefinir o conceito de alfabetização e o que significa ser alfabetizado
numa sociedade contemporânea letrada.
“A leitura e a escrita são práticas sociaisque comportam uma ampla variedade dedefinições e de posturas frente ao que seconsidera texto. Chamamos leitura tanto ainterpretação de um fato, de uma situaçãoou de um filme como a decifração de umcódigo ou a interação do sujeito frente a umregistro escrito. O mundo pode ser vistocomo um texto, por isso lê-se o mundo damesma forma que se lê um símbolo deproibido fumar ou um ensaio filosófico. Alinguagem escrita está relacionada adiferentes registros e impressos e comportamuitos tipos de texto, dos mais simples aosmais elaborados, os quais por sua vez,além de exercerem diferentes funções eservirem a vários usos no meio em quecirculam, exigem diferentes competências,habilidades e conhecimentos".
(Corsino, 1999.p.24).
Devido à mudança na maneira de considerar o significado
do acesso à leitura e à escrita no Brasil que passou da mera aquisição
da “tecnologia” do ler e do escrever à inserção nas práticas sociais de
leitura e escrita, resultou o aparecimento do termo letramento ao lado
do termo alfabetização. Esta mudança é um sinal ainda discreto da
mudança de critério para verificar o número de analfabetos e de
alfabetizados.
“Se o objetivo é formar cidadãos capazesde compreender os diferentes textos comos quais se defrontam, é preciso organizar
22
o trabalho educativo para queexperimentem e aprendam isso na escola.Principalmente quando os alunos não têmcontato sistemático com bons materiais deleitura e com adultos leitores, quando nãoparticipam de práticas onde ler éindispensável, a escola deve oferecermateriais de qualidade, modelos de leitoresproficientes e práticas de leitura eficazes.Essa pode ser a única oportunidade deesses alunos interagirem significativamentecom textos cuja finalidade não seja apenasa resolução de pequenos problemas docotidiano. É preciso, portanto, oferecer-lhesos textos do mundo; não se formam bonsleitores solicitando aos alunos que leiamapenas durante as atividades da sala deaulas, apenas no livro didático, apenasporque o professor pede. Eis a primeira etalvez a mais importante estratégia didáticapara a prática da leitura: o trabalho com adiversidade textual. Sem ela pode-se atéensinar a ler, mas certamente não seformarão leitores competente".
(PCN-2000. p.55).
O domínio do sistema lingüístico é indispensável para o
exercício da cidadania, embora, principalmente, no que diz respeito à
educação de jovens e adultos, nem sempre saber ler e escrever
garanta ao indivíduo autonomia e participação civil, entretanto, há
muitas pessoas que não lêem nem escrevem, mas que exercem suas
atividades e trabalham normalmente, o que nos faz refletir sobre o
conceito de alfabetização.
“Ser alfabetizado é desempenhar umconjunto de atividades associadas ao usoprático. Por exemplo: saber ler uma bula,escrever uma lista de compras oupreencher um formulário, atividades quetornam o indivíduo mais adaptado à
23
sociedade. Outra concepção tem aqueleque vê na utilização da escrita tambémuma aquisição do poder político,econômico e mental. Um terceiro modo dever a questão é entender que o essencialpara ser alfabetizado é ter adquirido asformas de expressão contidas nos livros eapreciar seu valor estético”
(Landsmann,1993).
A partir dessas concepções, conclui-se que no que se
refere a alunos jovens e adultos, por terem uma vivência maior com a
escrita, torna-se desnecessário “apresentar” a língua a eles.
O ponto de partida para um trabalho significativo com a
língua é considerar as aprendizagens sobre a escrita que os alunos
trazem ou como percebem o ambiente letrado em que vivem.
Essa adaptação é um procedimento muito complexo uma
vez que certas estratégias não são assimiláveis.
A leitura/compreensão de textos escritos continua sendo a
principal fonte de informações e depende deste processo a maior
parte das aprendizagens.
Considerações sobre o trabalho do sujeito com a
linguagem possibilitam o questionamento da visão mecanicista e da
ênfase exagerada que é atribuída aa comunicação de “informações”.
24
Torna-se necessário entender o funcionamento da
linguagem e observar que ela é indeterminada, isto é, a
responsabilidade de dizer ou não dizer alguma coisa é do sujeito, pois
ele irá decidir em função da explicitação a que quer chegar, pela
escolha do enunciado ambíguo ou não e a partir das possibilidades que
a língua coloca a sua disposição. Cabe a ele escolher os enunciados
que melhor se ajustem a seus propósitos.
O professor deve verificar a construção da escrita dos
seus alunos, propondo questões e situações variadas que possibilitem
essa verificação sem esquecer de respeitando o momento em que
cada indivíduo se encontra.
O sentido dos enunciados só pode ser alcançado através
de exercícios de interpretação a partir dos quais se avaliam os
possíveis significados das palavras.
Esse conhecimento de mundo ensina como levar em
consideração desde muito cedo, o contexto em que os enunciados
são produzidos, o que demonstra que os falantes têm consciência de
que a linguagem não possui uma significação imutável e seu sentido
está sempre vinculado a fatores de natureza pragmática.
25
A construção do sentido é feita, em determinados
contextos através de pressuposições que são conhecimentos de que o
falante ou autor de um texto espera que seu interlocutor (leitor)
disponha para entender o que é dito em determinado contexto, isto é,
espera-se que o leitor leve em consideração dados do contexto e os
complemente, quando necessário, por meio de um raciocínio analítico
baseado em experiências prévias.
A intertextualidade consiste no relacionamento do leitor de
um texto a outro ou a outros textos, entretanto a maior dificuldade
consiste em percebe a existência dessa relação.
Para que o aluno perceba as relações intertextuais e
entenda o seu verdadeiro sentido, é preciso que se estimule e,
conseqüentemente adquira o hábito de leitura, pois assim o educando
poderá dispor de um conjunto de referências.
As relações intertexuais funcionam como uma conversa
entre textos que para ser testemunhadas pelo leitor, necessita de sua
capacidade de percebê-las, prática que só poderá ser adquirida através
da leitura.
26
Provavelmente um aluno iniciante terá dificuldade para
compreender certos textos que não foram selecionados a partir de sua
vivência.
“Entre os principais recursos que precisamestar disponíveis na escola para viabilizar aproposta didática da área, estão os textosautênticos. A utilização de textos autênticospressupõe cuidado com a manutenção desuas características gráficas: formatação,paginação, diferentes elementos utilizadospara a atribuição do sentido comofotografias, desenhos gráficos, ilustraçõesetc. Da mesma forma, é importante queesses textos, sempre que possível, sejamtrazidos para a sala de aulas nos seusportadores de origem (ainda que emalgumas situações possam ser agrupadossegundo gênero ou tema, por exemplo,para atender as necessidades específicasdos projetos de estudo.”
(PCN, 2000, p.91)
27
CAPÍTULO IV
O SABER MATEMÁTICO
A Matemática ainda é uma disciplina temida pelos alunos
e, por essa razão, é considerada a grande responsável pelo fracasso
escolar e, conseqüentemente, vem atuando como fator gerador de
exclusão de grande parte dos alunos, fato que confere à escola um
papel elitista e discriminador.
A preocupação com a transformação do ensino desta
disciplina é importante em qualquer fase de escolarização e com
alunos pertencentes a qualquer faixa etária, entretanto, deve ser maior
quando se trata do ensino de jovens e adultos.
28
Não se pode mais pensar em Matemática como o ensino-
aprendizagem de regras, cálculos, fórmulas ou quaisquer situações
que levam a resultados através da memorização. É importante, para o
sucesso deste processo, que haja um vínculo entre a Matemática e a
realidade social assim como no ensino da língua.
A Matemática também é um instrumento valioso no
processo educativo e, como tal, deve ter por base a finalidade da
educação nacional.
“(...) entende-se cidadania comoparticipação social e política, assim como oexercício de direitos e deveres políticos,civis e sociais, adotando no dia-a-dia,atitudes de solidariedade, cooperação erepúdio às injustiças, respeitando o outro eexigindo para si o mesmo respeito".
(PCN, 1997, p.107).
Toda ciência necessita dos métodos matemáticos. A
representação de números existe em toda parte, no jornal, nas notícias
da televisão, assim como na Física, na Engenharia, na Medicina. Assim
a Matemática está em constante evolução para atender às
necessidades do mundo moderno.
“Saber Matemática torna-se cada vez maisnecessário no mundo atual, em que segeneralizam tecnologias e meios deinformação baseados em dadosquantitativos e espaciais em diferentesrepresentações”.
(PEF, MEC, 1997, p.99).
29
Pedro Demo diz que “a Matemática indica a necessidade
geral do domínio do pensamento abstrato sistematizado, já tornado
uma espécie de 'língua' da modernidade". E que essa relação traz, fato
que comprova a importância de saber e ensinar o conteúdo
matemático.
30
CAPÍTULO V
A TRAJETÓRIA DO ALUNO
Muitas vezes alguns fatores marcam de forma negativa a
trajetória escolar do aluno, criando nele uma expectativa negativa
quanto ao seu desempenho e seu rendimento. Esse fardo funciona
como uma profecia, assim, o aluno assume a culpa de seu fracasso,
permanecendo tímido no canto da sala, evitando participar das
atividades. Por esse motivo, torna-se necessária uma intervenção a fim
de detectar os seus conhecimentos em geral e sobre o sistema de
escrita. É fundamental saber que tipo de relação ele estabelece com a
escrita, a que textos teve acesso e que tipo de texto tem significado
para ele.
31
“O alfabetismo, como qualidade, estado oucondição de ser alfabetizado, tem umsignificado bastante marcado em nossasociedade letrada. Segundo Graff, naimaginação popular, o alfabetismo é umacaracterística distinta mais importante deum homem civilizado e de uma sociedadecivilizada".
(Corsino.1999.p.25)
Quando um aluno lê um logotipo como Coca Cola, não
significa que entenda o que seja uma palavra e que esta é constituída
de grafemas. O aluno que faz esse tipo de leitura parece ter um
conceito de nome sem ter um conceito de palavra. A palavra é uma
unidade lingüística; o nome, uma propriedade de um objeto (Olson,
1997 p. 87).
“A necessidade de habilidades deletramento na nossa vida diária é obvia; noemprego, passeando pela cidade, fazendocompras, todos encontramos situações querequerem o uso da leitura ou a produção desímbolos escritos. Não é necessárioapresentar justificativas para insistir que asescolas são obrigadas a desenvolver nascrianças as habilidades de letramentocívicas e políticas que as tornarão aptas aresponder a estas demandas sociaiscotidianas. E os programas de educaçãobásica têm também a obrigação dedesenvolver nos adultos as habilidades quedevem ter para manter seus empregos ouobter outros melhores, receber otreinamento e os benefícios a que têmdireito, e assumir suas responsabilidades".
(Unesco,1978, p.9)
32
Considerar a história de letramento vivida pelo aluno
possibilita conhecer seu saber anterior e elaborar estratégias para a
construção de outros saberes.
“... um indivíduo pode não saber ler eescrever, isto é, ser analfabeto, mas ser, decerta forma, letrada (atribuindo a esteadjetivo sentido vinculado a letramento).Assim, um adulto pode ser analfabeto,porque marginalizado social eeconomicamente, mas, se vive em ummeio em que de leitura e a escrita têmpresença forte e se interessa em ouvir aleitura de jornais feita por um alfabetizado,se recebe cartas que outros lêem para ele,se dita cartas para que um alfabetizado asescreva (e é significativo que, em geral,dita usando vocabulário e estruturaspróprios da língua escrita), se pede aalguém que lhe leia avisos ou indicaçõesafixados em algum lugar, esse analfabetoé, de certa forma, letrado, porque faz usoda escrita, envolve-se em praticas sociaisde leitura e de escrita".
(Soares, 2001.p.24).
A relação entre o aluno e o texto compreende um “projeto
de dizer” por parte do produtor do texto e uma participação mais ativa
do leitor que se mobiliza a partir das pistas e sinalizações que o texto
oferece, como um jogo cujos elementos são o produtor do texto e o seu
receptor.
“... um texto será explícito não quando oque é dito coincide com o que o produtorpretende significar, mas quando o que édito consegue estabelecer umbalanceamento adequado entre o quenecessita ser dito e o que pode serpresumido".
(Nystrand Wiermelt, 1991, p.134)
33
Considerações sobre o trabalho do sujeito com a
linguagem permitem questionar a visão mecânica da atividade do
emissor com a linguagem e a ênfase exagerada que essa atribui à
comunicação de informações.
É necessário entender o funcionamento da linguagem e
chamar atenção para uma característica marcante do texto: ele é
indeterminado, isto é, a responsabilidade de dizer algo pelo grau de
explicitação a que se quer chegar, pela escolha de enunciados
ambíguos e não ambíguos, é do sujeito que realiza esse trabalho a
partir das possibilidades que a língua coloca a sua disposição, isto é,
cabe a ele escolher os enunciados que melhor se ajustem aos seus
propósitos interacionais.
34
CAPÍTULO VI
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS E O
PAPEL DO PROFESSOR
Para o professor observar em que momento da
construção da língua escrita os alunos se encontram, pode organizar
cartões que contenham desenhos, números, seqüências de letras
iguais (formando ou não palavras), seqüências de letras iguais
(formando ou não palavras), seqüências de letras diferentes (que
também formem palavras ou não), com distintas quantidades de letras.
De posse desses cartões, os alunos poderão ser orientados a
classifica-los de acordo com critérios “podem“ ou “não podem” ser lidos
e estimulados a justificar sua opinião.
35
“O alfabetismo se situa no cerne de todasessas relações entre educação e cultura.Ele é uma das chaves mais vigorosamenteconsideradas da cultura, podendo tambémser tomado por diferentes e dimensões".
(Corsino, 1999. p.23).
Cabe ao professor descobrir junto com os alunos o que
cada um sabe sobre a escrita e como essa escrita se revela
ortograficamente e, para isso, é necessário que além de conhecer as
etapas pelas quais os indivíduos passam para aprender a escrever, os
professores devem, também encorajá-los a manifestar-se
ortograficamente, considerar e respeitar as suas escritas.
É importantíssimo que os professores posam identificar e
delimitar as dificuldades que os alunos apresentam para estabelecer
modalidades de ajuda.
É preciso ter em mente que, embora a leitura e a escrita
sejam processos diferenciados, podem ocorrer simultaneamente e,
para que isso ocorra, um bom caminho é trabalhar com um texto
significativo, escrito no quadro, como, por exemplo: notícias de jornais,
ou cartas para um parente, lidos em voz alta e, depois, comentá-lo e
discutir com eles o seu significado.
A construção do sentido é feita, em determinados
contextos através de pressuposições que são conhecimentos de que o
36
falante ou autor de um texto espera que seu interlocutor (leitor)
disponha para compreender o que é dito em determinado contexto,
isto é, espera-se que o leitor leve em consideração dados do contexto
e os complemente, quando necessário, por meio de um raciocínio
analítico baseado em experiências prévias.
Deve haver, na sala, materiais escritos que possam ser
catalogados pelos alunos de acordo com o seu interesse, como A Copa
do Mundo de Futebol.
Todos os movimentos de escrita devem estar integrados
às demais atividades para que a escrita seja valorizada e ressaltada.
A análise da leitura/compreensão em componentes
elementares não só possibilita a identificação de dificuldades como
também explica em diversos graus as diferenças de compreensão por
parte dos adultos.
A reescrita do texto também é uma prática interessante
desde que feita com uma finalidade específica e significativa para os
alunos, pedindo-lhes, por exemplo, para copiar uma receita, isto é, dar
um novo sentido à cópia.Da mesma forma o tradicional ditado assume
um novo significado pedagógico quando se pede para alguém anotar
um recado.
37
As atividades podem ser realizadas em pequenos grupos
ou em duplas, porém deve-se ter o cuidado de não dividir os grupos
em “fortes” ou “fracos”, ao contrário, os grupos devem ser o mais
heterogêneo possível, de forma que a troca entre os componentes
comprove o papel comunicativo da escrita.
Atualmente sabe-se que uma das maiores causas das
diferenças de compreensão é a capacidade de identificação das
palavras ou decodificação, isto é, a construção dos significados pelos
sujeitos na leitura dos textos.
“Nenhuma curiosidade se sustentaeticamente no exercício da negação daoutra curiosidade; a tarefa fundamental éexperimentar a dialética entre 'leitura demundo' e a 'leitura da palavra'".
(Freire, 1996).
“O professor, na verdade, não ensina, masapenas provoca o estado na cabeça doaluno; ou seja, o professor desperta, dá oprimeiro impulso, cria condições paradescoberta e acompanha a aprendizagem”.
(Almeida, 1996).
Para se transformar o ensino, é necessário se transformar
o ensino da língua e, para tal, a escola e o professor precisam
compreender que ensinar por meio da língua e, principalmente, ensinar
a língua é também uma tarefa política, um comprometimento com a
luta contra as discriminações e as desigualdades sociais.
38
A escola deve considerar o bidialetismo, isto é, a
existência de mais de um registro além do considerado padrão para
todas as atividades escolares em que a língua é o instrumento básico.
“A aquisição da linguagem é, não só odesenvolvimento não só do processo deaquisição da linguagem propriamente dita(sistema abstrato de regras gramaticais),mas o desenvolvimento dos processoscognitivos diretamente ligados à maturaçãodo indivíduo".
(Fernandes, 1997).
6.1 – Pressupostos Básicos
A proposta de alfabetização de adultos parte de
paradigmas bem diferente daqueles que servem para o ensino de
crianças pertencentes a classes populares e para tal são necessários
os seguintes pressupostos básico:
X cada aluno deverá receber um tratamento peculiar
de acordo com o nível em que se encontra em
relação a um determinado conhecimento;
X levar em consideração a heterogeneidade de
níveis;
X organização dos alunos em pequenos grupos a fim
de operacionalizar a interação entre eles;
39
X exclusão da uniformização de informações, como
se os alunos fossem uniformes;
X participação coletiva na discussão dos assuntos e
sistematização destes assuntos;
X integração das disciplinas;
X problematização constante das questões;
X questionar as perguntas a fim de estimular a
reflexão por parte dos alunos até que a resposta
surja parcial ou totalmente;
X encorajar os alunos, buscando o resgate se sua
individualidade;
X promover a união do grupo;
X dispor as carteiras em forma de círculo;
X atividades baseadas simultaneamente em letras,
palavras, frases.textos e números;
X enfatizar atividades que permitam a cada um expor
seu pensamento, liberando-o para que escreva
como sabe, animando-o, instruindo-o e
encorajando-o;
X deslocar o eixo do indivíduo para o sujeito;
X olhar a escrita como uma representação da
linguagem e não como uma simples transcrição
gráfica do código preestabelecido.
40
Assim, professor e alunos inseridos num contexto sócio-
antropológico poderão fazer do processo ensino-aprendizagem um
processo coerente e conseguirão alcançar seus objetivos.
“... para o aluno aprender a forma escrita no modelo da
fala do professor é quase como aprender a escrever em língua
estrangeira". (Simões, 1996).
6.2 – A Afetividade na Alfabetização
O professor deve ter em mente que a chegada à escola
envolve sentimentos e emoções, sobretudo no trabalho com jovens e
adultos carentes. Principalmente, neste caso, a alfabetização envolve
questões pedagógicas e emocionais, o que torna a adaptação à
escola, aos livros e à escrita muito mais difícil e, muitas vezes, resulta
em fracasso.
A relação entre afetividade e aprendizagem não ocorre
apenas no plano cognitivo, também envolve aspectos orgânicos,
afetivos e emocionais, logo, para que haja aprendizagem, torna-se
necessário que essas funções estejam em harmonia.
Esta relação remete a dois enfoques indispensáveis para
tornar o processo de alfabetização prazeroso: o primeiro é o vínculo
41
que se cria entre o aluno e o objeto de estudo e o segundo é o
relacionamento entre educando e educador, pois o prazer, não
encarado aqui no sentido freudiano, é a mola mestra do mundo, isto é,
se o professor está distante do aluno, e se a escola não consegue
mostrar a importância social da escrita, o jovem e o adulto não
sentirão prazer algum em se alfabetizar. O dever da escola é procurar
compreender o que a leitura e a escrita representam para estes alunos.
O papel desses sentimentos é mais importante ainda para
os jovens e adultos das classes populares e cabe a escola procurar
compreender o que a leitura e a escrita representam para esses alunos
e avaliar o valor real atribuído a essa conquista.
O segundo aspecto é que na aprendizagem deve haver
um vínculo, uma ligação afetiva entre professor e aluno neste processo
esta teoria pode ser comprovada, se as pessoas lembrarem que
tinham maior dificuldade ou não gostavam das disciplinas com cujos
professores não se identificavam.
O primeiro passo é compreender o que representa para o
aluno o início dessa experiência nova e que necessita de um tempo
para adaptar-se, criando situações que o deixe mais seguro.
42
É muito comum ouvir por parte dos alunos frases como:
“Eu não consigo”, “Eu não tenho cabeça para aprender a ler e a
escrever” que demonstram que os alfabetizandos sentem-se os únicos
responsáveis por seu fracasso e este tipo de pensamento acontece
porque é transmitido a ele, ainda que de forma velada pela escola.
Uma escola em que as atividades cognitivas são pobres,
mecânicas e passivas tem como produto um aluno que se desenvolve
muito aquém daquilo que realmente é capaz.
Outro problema que desestimula o alfabetizando é a
ameaça de reprovação, pois muitas vezes o aluno custa mais a
assimilar as informações obtidas e a incorporá-las na sua prática
diária, fato que gera uma certa ansiedade tanto no alfabetizando
quanto no professor que, por esta razão, muitas vezes precipita-se e
não promove o aluno.
“Há nesta caminhada do aluno em suaaprendizagem, permanentemente, umcomponente lógico. Ao lado dele, estãopresentes os componentes afetivos, osperceptivo-motores, os sociais e osculturais também, todos entrelaçados numtrabalho indissociável. Imaginar-se aaprendizagem como fruto de uma sódestas instâncias é ainda resquício de umaconcepção equivocada dos processoscognitivos”.
(Grossi, in GEEMPA, 1987,p.9).
43
A reprovação tem o mesmo efeito que uma sentença de
morte, uma morte social, e, em se tratando de adultos, que já trazem
consigo um forte sentimento de fracasso representará o fim de seus
sonhos, o fim de uma tentativa que com muito custo resolveram fazer.
Um ensino reflexivo pressupõe uma avaliação mais
informal que deva estimular o educando. Quando um atleta, por
exemplo, um jogador de futebol, não vai bem em um dos itens de seu
treinamento, ele não é demitido e nem deixa de ser escalado, uma vez
que apresentou um rendimento satisfatório nas outras modalidades de
exercícios do treino.
Será justo, então, condenar esse aluno à exclusão?
6.3 – Sugestões de Atividades
É necessário que o professor observe como os
alunos expressam conceitos ou idéias sobre o tempo em seus variados
aspectos. A partir daí, a organização de várias atividades poderá
instigar uma percepção mais completa. Nesse caso, convém criar,
freqüentemente, situações para colocá-los em contato com a
reconstituição do passado. mostrar gravuras antigas, estimular relatos
orais de pessoas que viveram em outras épocas, chamar a atenção
sobre coisas que ainda existem no seu meio e que pertencem ao
44
passado, pois assim o aluno compreenderá as diferenças entre uma
época e outra e relacionarão essas mudanças a novas demandas que
surgem com o passar do tempo. Assim poderá estimular o aluno a
refletir sobre o que mudou e o que ainda existe no espaço e no tempo
em que eles vivem.
A aquisição dessas noções só é possível quando o
sujeito é capaz de fazer abstrações quanto à duração temporal, isto é,
quando percebe que o antes e o depois fazem parte de um tempo
contínuo, que cada um desses momentos tem suas próprias
características.
Antes de começarem as aulas propriamente ditas, deve-
se reunir os alunos a fim de que se conheçam e fazer com eles uma
dinâmica que mostre a importância da união, da ajuda mútua e,
finalmente a diferença entre ser de um grupo e formar uma equipe.
Logo no primeiro dia pode-se solicitar aos alunos que
confeccionem um crachá e nele escrevam seus nomes e depois pedir
que coloquem as placas sobre a carteira para que os outros colegas
possam ver e, como todos já se conhecem e se tratam pelo nome, é
certo que tentarão ler o nome do colega, pode-se, então, pedir que
façam essa leitura, individualmente, em voz alta e, depois, fazer a
leitura em grupo de modo que todos os nomes sejam lidos. Essa
45
também é uma boa oportunidade para comentar a diferença entre letra
cursiva e letra de imprensa e solicitar que escrevam no verso do crachá
o nome com o tipo de letra diferente do que escreveram inicialmente,
isto é, quem escreveu com letra de imprensa escreverá com letra
cursiva e vice-versa.
Posteriormente pode-se distribuir uma folha com o nome
dos alunos e pedir que cada um, sem olhar. Assunto: pegue um a folha
e leia o nome que está escrito. Essa atividade poderá dar -lhes
grande segurança.
O professor poderá propor um exercício de aquecimento
das mãos, esfregando uma na outra, esticando e flexionando os dedos
ou ainda inventar vários tipos de exercícios (como amassar papéis
com as pontas dos dedos) a fim de ajuda-los a relaxar.
Poderá, também, comentar sobre a melhor postura física
para não se cansarem, indicar a posição adequada do papel, tendo
sempre o cuidado de não constrangê-los.
O trabalho com o confronto de gravuras de cidades, uma
antiga e uma atual, pedindo-lhes para identificar a seqüência das
épocas, permite observar se eles são capazes de fazer essa relação.
46
Pode-se trabalhar, fazendo jogos, como, por exemplo, um
bingo em que cada aluno recebe uma cartela com seu nome ou um
bingo só de letras; pode-se trabalhar com quebra-cabeças: cada um
recebe três quebra-cabeças diferentes, todos contendo seus nomes,
que serão misturados e entregues para que eles encaixem as peças de
acordo com a seqüência do nome ou com desenhos e nomes para que
possam fazer a correspondência.
O tesouro de palavras é uma espécie de coleção de todas
as palavras escritas ou estudadas por eles durante todo o processo. As
palavras são colocadas em uma ou várias caixas e podem ser
separadas segundo determinados critérios (nome de pessoas, de
animas, de plantas, de cores etc) e esses critérios podem variar de
acordo com o decorrer das aulas e com a evolução do processo.
Adaptando-se as palavras do tesouro, pode-se fazer um
dominó cuja organização será feita basicamente pelo grupo. Ainda
utilizando as palavras do tesourão pode-se organizar bingos em que os
critérios de marcação servirão para isolar as dificuldades e para fixação
do que foi aprendido.
À medida que os alunos vão sentindo-se seguros e seus
conhecimentos vão evoluindo, surgem possibilidades de organizar
47
atividades mais complexas tais como organizar um dicionário ou criar
um jornal.
As atividades na sala de aula, arrumada em círculos, o
professor atuando como orientador, estimulando os alunos a interagir
entre si e com o próprio texto. Através da troca de idéias, do diálogo e
da associação a outras vivências, proporcionarão um crescimento
cultural, individual e coletivo no grupo, além de crias o hábito de saber
ouvir, uma vez que as idéia contidas em cada parágrafo deverá ser
refletida e as idéias principais assinaladas.
Os textos devem ser selecionados de forma a se
relacionarem com o momento, ou com as demais disciplinas a fim de
despertar maior interesse nos alunos, privilegiando os saberes
diversos.
Estes estudos tornar-se-ão um questionamento do real e,
mais uma vez, a interdisciplinaridade e entrará em cena mostrando as
diferentes abordagens e suas contribuições.
O professor, neste processo, não é um mero expositor,
uma vez que irá motivar a troca de idéias, auxiliando no diálogo do
aluno com a obra, mostrando, através da reflexão de cada “unidade” os
48
modos de ler, as diferentes abordagens e a própria diversidade de
textos e gêneros.
Ler não é apenas a capacidade de juntar palavras e
frases e sim, compreender a forma como o texto está estruturado,
ultrapassando sua superfície e, inferindo desta leitura, resultante da
estreita relação do leitor com o texto, o seu sentido maior e, para tal, é
necessário que seja feita mais de uma leitura.A primeira leitura
fornecerá uma noção muito vaga do que o leitor quis dizer, tornando-se
necessário motivar que mais de uma leitura seja feita.
49
CONCLUSÃO
O analfabetismo tem sido visto como causa e não como
efeito do escasso desenvolvimento brasileiro e este preconceito vem
sendo estendido ao adulto analfabeto que é considerado um elemento
incapaz e marginalizado psicológica e socialmente.
Depois das críticas aos métodos de alfabetização de
adultos e do surgimento de um novo paradigma pedagógico, pautado
em um novo entendimento da relação entre a problemática educacional
e a problemática social, o analfabetismo passou a ser considerado
como efeito da pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária.
O desafio da educação de jovens e adultos torna-se maior
quando se pensa que o acesso à cultura letrada não significa em
50
qualquer hipótese ignorar a cultura e os saberes que os jovens e
adultos trazem como bagagem.
Podemos concluir que através dessa nova concepção e
dessas intervenções, é possível aumentar o índice de matrícula, a
freqüência e a aprovação de adultos, a partir de um trabalho cujo eixo
central seja deslocado do indivíduo para o sujeito e principalmente cujo
professor reformule radicalmente a compreensão que tem sobre as
bases das teorias de aprendizagem.
É necessário também que os professores tenham a
possibilidade de uma reflexão constante sobre sua visão de mundo e
sobre sua prática educativa, tendo sempre em mente as seguintes
questões: o que, por que, para quem e para que está trabalhando, pois
assim deixará de ser aquela figura centralizadora e detentora do
saber.
Uma escola transformadora deve fazer a relação entre a
linguagem e a classe social ao definir seus objetivos na seleção e na
organização dos conteúdos, na escolha de métodos e procedimentos
de ensino e na determinação de critérios de avaliação de
aprendizagem, pois só assim será possível superar os estigmas que a
alfabetização de jovens e adultos ainda hoje encontra e cumprir a Lei
de Diretrizes e Bases (lei9394/96).
51
É imprescindível que cada professor assuma para si uma
parcela da reconstrução desse caminho marcado em nossa sociedade
com uma enorme marca de desigualdade, pobreza e isolamento.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. Marxismo filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,
1982.
FREIRE, Paulo. A Importância do ato de ler. 1ª ed, São Paulo: Cortez,
1986.
FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma
experiência construtivista. 7ª ed., Petrópolis: Vozes, 2001.
MARTINS, Maria Helena et alli (org.) Questões de linguagem:
estratégia do ensino da linguagem. São Paulo: Contexto, 1984.134p.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa/Secretaria de
Educação Fundamental. 2ª ed., Brasília: DPSA, 2000.
53
Secretaria de Educação à Distância. Salto para o futuro – Educação de
jovens e adultos. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999.
VIGOTSKY, L.S. A formação Social da mente. São Paulo: Martins
Fontes, 1991.