As Fases Do Casamento

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Orientação sobre como se manter casado.

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AS FASES DO CASAMENTO

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AS FASES E TRANSIES DO CASAMENTO

H trs coisas que so maravilhosas demais para mim, sim, h quatro que no entendo: o caminho da guia no cu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho do homem com uma donzela.

Provrbios 30:18,19

Eis por que deixar o homem a seu pai e a sua me e se unir sua mulher e se tornaro os dois uma s carne.

Grande esse mistrio, mas eu me refiro a Cristo e Igreja.

Efsios 5:31,32

UMA INTRODUO ESPIRITUAL

Qual seria o objetivo de refletirmos sobre as fases do casamento se no fosse para a edificao daquele que l? Como disse um certo autor cristo, aquele que deseja escrever um livro deveria meditar, sob os mais diferentes aspectos, a respeito do que pretenda escrever. Embora no estejamos escrevendo um livro, mas preparando uma palestra, resolvemos seguir seu conselho. Contudo, poderamos ser tambm simplistas na nossa abordagem do assunto. Como faramos isso? Simples. Bastaria responder de maneira direta e reducionista seguinte pergunta: de que maneira poderamos ter um casamento bem-sucedido? Talvez tenhamos que especificar melhor o que queremos dizer com a expresso bem-sucedido. Trata-se de um conceito bblico estabelecendo que uma pessoa bem-sucedida na vida aquela que alcana tudo aquilo que Deus disse que ela poderia alcanar em Cristo Jesus aqui neste mundo e no vindouro. As Escrituras tambm dizem que difcil, seno impossvel, duas pessoas andarem juntas se no houver entre elas um acordo. Simplificando a nossa questo, vamos admitir, pois, que ambos os cnjuges so cristos. Nesse caso, nossa resposta simplista seria: o casamento ser bem-sucedido se simplesmente os cnjuges praticarem o amor cristo. Poderamos dizer com bastante convico que dessa maneira no haveria como esse casamento falhar. Basta lembrar aqui as qualidades do amor cristo: o amor muito paciente e bondoso, nunca invejoso ou ciumento, nunca presunoso nem orgulhoso, nunca arrogante, nem egosta, nem tampouco rude. O amor no exige que se faa o que ele quer. No irritadio, nem melindroso. No guarda rancor e dificilmente notar o mal que outros lhe fazem. Nunca est satisfeito com a injustia, mas se alegra quando a verdade triunfa. Se algum amar uma pessoa, ser leal para com ela, custe o que custar. Sempre acreditar nela, sempre esperar o melhor dela, e sempre se manter em sua defesa. Pode algum duvidar do sucesso de um casamento onde ambos os cnjuges esto dominados por esse tipo de amor? Dessa forma, a palestra terminaria aqui. E o palestrante diria: agora vocs vo para casa e procedam dessa maneira e tero sucesso no casamento!. Mas, esperem... a vida no assim to simples. Existir muito mais complicado do que parece. E muita gua vai rolar entre o que somos em Cristo, hoje, na temporalidade e o que seremos em Cristo na eternidade, na estatura de varo perfeito. por isso que o palestrante deve chamar todos os irmos de volta e finalmente iniciar a sua palestra.

UMA INTRODUO TEMPORAL

O passado no pode ser revogado ou alterado. Entretanto, quando o enfrentamos e o entregamos nas mos de Deus, ele no precisa continuar destruindo o nosso presente. Deus est sempre pronto a perdoar a nossa obstinao, nossos erros e o mal que deliberadamente causamos a ns mesmos e aos nossos semelhantes. Ele pode nos ajudar a encarar o presente e a encontrar um caminho aberto para o futuro, baseados nas lies que aprendemos do passado, mas deixando para trs os erros cometidos.

Mary Batchelor, A Vida aos 40, pag. 270,271

Pode ser que a reflexo que faremos tenha chegado at voc demasiadamente tarde: voc est na ltima fase do casamento [veja as fases do casamento no desenvolvimento da palestra], os filhos no mais esto em casa, de modo que no h mais nada que se possa fazer. No acredite nesse argumento. Nunca demasiadamente tarde para comear. Pode ser que voc no possa tirar todo o proveito pessoal possvel, mas enquanto h vida, h esperana. Alm disso, voc pode investir os resultados dessa meditao no casamento de outras pessoas com as quais voc vier a entrar em contato. Por outro lado, pode ser que voc tenha tomado conhecimento dessas consideraes sobre o casamento no melhor momento de sua vida: voc acabou de se casar! Parabns. Todavia, voc ter de cuidar para que tudo o que for falado aqui no caia no esquecimento e voc venha a se lembrar desses princpios s bem mais tarde e ento tambm ter que acumular ao seu sofrimento o fardo do sentimento de culpa por no ter levado suficientemente a srio o assunto em tempo oportuno. Lamentar principalmente a vida que no foi vivida na sua plenitude por sua prpria negligncia.

UMA INTRODUO REALISTA

Jamais me passou pela mente padronizar o desenvolvimento do casamento. Como poderia fazer isso? At mesmo o sbio Agur, de Mass, no me deixaria cometer tamanho desatino j que nem ele se arrogava o direito de se considerar como algum que entendesse o caminho de um homem e uma mulher na vida conjugal. Para Agur tratava-se a de um mistrio, um maravilhoso mistrio: o mistrio do ser e dos caminhos de Deus. Paulo concorda com Agur que o casamento um mistrio de tal profundidade que o utilizou como smbolo do relacionamento de Cristo e a Igreja. Assim, quem sou eu para banalizar e padronizar o casamento. Contudo, embora misterioso, o casamento no indescritvel. possvel falar muita coisa sobre o casamento sem termos a pretenso de entend-lo por completo. o que farei no que se segue.

O casamento no como se fosse uma grande pedra de um bloco s, ele passa por vrios perodos caractersticos que so diferentes entre si. Como poderemos avaliar esses perodos? Para isso, precisamos enfocar o casamento sob uma determinada tica, de um determinado prisma, considerando uma perspectiva particular. Naturalmente, esta tica, este prisma, esta perspectiva singular no esgota a riqueza existencial do casamento, de maneira que devemos alternar as perspectivas para podermos ter uma viso global do casamento. No podemos nos esquecer tambm, hoje em dia, de considerar os perodos do namoro e do noivado, para termos um quadro mais completo do casamento. Na realidade, precisaramos considerar tambm os casamentos dos pais tanto do esposo como da esposa, enquanto eles viveram sob o teto paterno. Isso nos habilitaria a entender algumas peculiaridades do casamento que estamos analisando. Desses aspectos falaremos em tempo oportuno.

preciso continuarmos conscientes de que o ser humano de uma complexidade maravilhosa. Alm disso, as circunstncias nas quais os casais vivem pode variar bastante. Seria impossvel, numa reflexo informal como esta, ser exaustivo. Por exemplo, normalmente os casais geram filhos, mas h casais que passam toda sua vida sem filhos. Certamente muitas caractersticas das fases de um casal que possui filhos no se aplica a um casal que no os possui; e vice-versa. Casais de classe mdia baixa, no tm a mesma liberdade financeira de casais de classe mdia alta. Casais que se casam ainda jovens tm caractersticas diferentes de casais que se casam na meia-idade. Casais cristos apresentam formas diferentes de encarar a vida em relao aos casais no-cristos. O nvel cultural por sua vez impe suas peculiaridades na vida dos casais. Todavia, h princpios gerais relacionados com o casamento que se aplicam a todos os tipos de casais e suas circunstncias. Sempre que necessrio traremos ao foco o papel dessas diferenas.

No seu livro O CHOQUE DA FAMLIA (MANTENDO A FAMLIA FORTALECIDA NO MEIO DE MUDANAS DE GRANDE IMPACTO), Gary Collins apresenta um captulo entitulado Nove influncias que moldam nossas famlias. Ele parte do princpio que as culturas e os povos sempre estiveram em mudanas, mas que durante o sculo vinte o ritmo dessas mudanas aumentou assustadoramente. Muitos de ns nos vemos sobrepujados e saturados com as novas idias e os desafios, tal o impacto dessas novas idias sobre nossas famlias individuais. Ele ento faz uma pergunta: Daqui h vinte anos, o que far nossas famlias diferentes da maneira como elas so agora? Para responder a essas perguntas, ele enumera e discorre sobre nove influncias que impactam nossas famlias, as quais so:

1. Experincias e incidentes do passado;2. Eventos e influncias no presente;

3. Cosmovises;

4. Sonhos e expectativas para o futuro;

5. Nossas decises e escolhas;

6. Os estgios e transies da famlia;

7. Singularidades raciais e culturais;

8. A continuidade da famlia e as mudanas constantes;

9. A mo de Deus.

Citamos essa abordagem por duas razes: primeira para fortalecer a idia de que o assunto do desenvolvimento familiar complexo; segunda, porque queremos apresentar a viso e experincia de um conselheiro cristo capacitado, o qual tivemos o prazer de conhecer pessoalmente, que apoia a nossa abordagem do casamento. Ao invs de Os estgios e transies da famlia, a sexta influncia de Collins, falaremos sobre As fases e transies do casamento.

OS FILHOS E OS SALTOS QUALITATIVOS

Vamos escolher uma perspectiva inicial, por exemplo, a presena dos filhos no casamento. Nesta tica, o casamento tem pelo menos trs fases: 1) o perodo que vai das npcias at o nascimento do primeiro filho; 2) o perodo que vai do nascimento do primeiro filho at o casamento ou a sada do ltimo filho; e 3) o perodo que vai da sada do ltimo filho at a morte de um dos cnjuges. O que que caracteriza cada um desses perodos na tica do desenvolvimento da amizade entre os cnjuges?

Antes de responder a essa pergunta, vamos incrementar a capacidade de aumento de nosso microscpio relacional sobre a segunda das fases acima referidas. Queremos aproveitar essa avaliao para introduzir o conceito de salto qualitativo na vida dos cnjuges. H uma grande mudana no ambiente do lar, e, consequentemente, na forma de existir dos cnjuges a partir do exato momento em que a mulher diz ao marido: Querido, estou grvida!. Aqui ocorre o primeiro salto de qualidade no casamento. S quem realmente passou pela experincia pode avaliar o que est sendo dito aqui. Quando o casal olha pela primeira vez o seu primognito uma mudana se consolida no ser dos pais. O casamento j no mais o mesmo aps o nascimento do primeiro filho. A ateno que antes estava reservada s para o cnjuge agora tem que ser dividida com o recm-nascido. H uma certa angstia no marido. As finanas tambm sofrem um impacto. A liberdade individual dos cnjuges diminui um pouco mais. interessante observar que as presenas de um segundo ou terceiro filhos j no produzem mais saltos qualitativos, mas saltos quantitativos. Isto , as transformaes pelas quais tanto o casamento quanto os cnjuges passam se intensificam com a chegada de outros filhos. Quando que se produz um outro salto qualitativo de igual envergadura na vida do casal? Sem nenhuma sombra de dvida quando o primeiro adolescente percebido no lar. De maneira que temos quatro fases bem definidas no casamento e a situao pode ser mostrada graficamente da forma como se segue.

Quando j estvamos com as divises das fases do casamento prontas foi que encontramos o livro anteriormente citado de Collins e pudemos ver que nossa reflexo tem apoio de outros pensadores. A nica diferena foi que ele subdividiu alguns estgios, resultando disso sete estgios ao invs de quatro, so eles:

1. Estgio Um: casamento e vida sem filhos. O casal estabelece uma casa, constri um casamento que satisfaz e ajusta-se sexualmente;

2. Estgio Dois: nascimento do primeiro filho. O casal torna-se uma famlia e se ajusta para a vida com filhos;

3. Estgio Trs: o primeiro filho vai escola e a famlia se envolve com a comunidade. O casal tem que se equilibrar nos papis de esposos, pais, membros de igreja e desenvolvedores de carreiras profissionais;

4. Estgio Quatro: os filhos se tornam adolescentes. O casal sente-se estressado e constata que a satisfao marital e a realizao esto ameaados;

5. Estgio Cinco: os filhos deixam o lar para a universidade, empregos ou casamento. O casal aprende a deixar seus filhos livres;

6. Estgio Seis: todos os filhos vivem fora de casa. O casal pode viver a experincia de ser av e av e experimentar a morte de membros mais velhos da famlia;

7. Estgio Sete: aposentadoria. O casal lida com o declnio da sade ou vigor, a morte de um dos esposos, e a troca de papis com seus filhos adultos.

Alm disso, a sociloga Evelyn Duvall, talvez a primeira a propor os ciclos de vida da famlia, segundo Collins, sugeriu oito estgios: 1) Casal casado sem filhos; 2) Famlias em fase de gerao de filhos (quando o filho mais velho est entre o nascimento e 30 meses); 3) Famlias com filhos em idade pr-escolar (quando o filho mais velho est entre 2 e 6 anos); 4) Famlias com filhos em idade escolar (quando o filho mais velho est entre 6 e 13 anos); 5) Famlias com adolescentes (quando o filho mais velho est entre 13 e 20 anos); 6) Famlias como um centro de lanamento (entre o tempo em que o primeiro filho vai at que o ltimo deixa o lar); 7) Pais de meia-idade (desde o ninho vazio at a aposentadoria); 8) A famlia idosa (at que ambos os esposos morram).

Essa ltima sugesto de diviso das fases do casamento confirma um fato que observamos: trata-se do importante papel do filho(a) primognito(a) como introdutor de saltos qualitativos na famlia e nos cnjuges. Nem todos ns teremos a experincia de sermos um(a) filho(a) primognito(a), porm todos que nos casarmos e tivermos filhos, gozaremos desse relacionamento com ele(ela). Seno vejamos, ele(ela) quem abre a madre e introduz o primeiro salto qualitativo na vida do casal: o casal adquire o estado de pais. ele(ela) quem alcana a adolescncia primeiro introduzindo o casal no seu segundo salto qualitativo: normalmente levando os marinheiros de primeira viagem ao desespero. E o primognito(a) aquele que provavelmente se casa primeiro, introduzindo o casal no terceiro salto qualitativo: como num passe de mgica, quase que no berro, aqueles dedicados pais se transformam em avs.

A primeira fase: idlio (o casal inicialmente s)

Esposa

Beija-me com os beijos da tua boca; porque melhor o teu amor do que o vinho... Como s formoso, amado meu, como s amvel! ... Qual a macieira entre as rvores do bosque, tal o meu amado entre os jovens; desejo muito a sua sombra e debaixo dela me assento, e o seu fruto doce ao meu paladar. Leva-me sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim o amor. Sustentai-me com passas, confortai-me com mas, pois desfaleo de amor. A sua mo esquerda esteja debaixo da minha cabea, e a direita me abrace.

Cantares 1:1,16; 2:3-6

EsposoComo s formosa, querida minha, como s formosa! Os teus olhos so como os das pombas e brilham atravs do teu vu. Os teus cabelos so como o rebanho de cabras que descem ondeantes do monte de Gileade. So os teus dentes como o rebanho das ovelhas recm-tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gmeos, e nenhuma delas h sem crias. Os teus lbios so como um fio de escarlata, e tua boca formosa; as tuas faces, como rom partida, brilham atravs do vu. O teu pescoo como a torre de Davi, edificada para arsenal; mil escudos pendem dela, todos broquis de soldados valorosos. Os teus dois seios so como duas crias, gmeas de uma gazela, que se apascentam entre os lrios... Jardim fechado s tu, minha irm, noiva minha, manancial recluso, fonte selada.Cantares 4:1-5, 12

Focalizemos nossa ateno inicialmente no perodo que vai das npcias at o nascimento do primeiro filho. Vemos por Cantares que a noiva (e tambm o noivo) deve ser um jardim fechado, manancial recluso e fonte selada para o noivo. Isso fala de virgindade, de castidade, palavras em desuso nos dias que vivemos, infelizmente, at mesmo no meio cristo. Deus foi que nos criou, Ele sabe tudo a nosso respeito. Se Ele pede a virgindade at o casamento porque Ele sabe que importante. Muitos problemas so trazidos para essa primeira fase do casamento por no se respeitar a vontade de Deus.

O dia do casamento se torna um evento introdutor do primeiro salto qualitativo na vida do jovem casal. E no s na vida do jovem casal, mas na vida dos casais mais velhos: os pais e mes do noivo e da noiva. A noiva e o noivo adquirem o poder de transformar pais em sogros! Nessa fase, toda ateno disponvel dos cnjuges se volta de um para o outro. Esse um perodo de redescoberta... nesse perodo que os ex-noivos comeam a se conhecer realmente. Algumas mscaras caem, algumas manias cuidadosamente disfaradas vm tona, algumas surpresas, a maioria no muito agradveis, acontecem. Por um lado, eles tm bastante tempo, por outro, tm que investir bastante na consolidao financeira e profissional. A questo agravada hoje, pelo fato da mulher tambm disputar o mercado de trabalho. Ela tambm gasta bastante tempo e investe muita emoo neste aspecto. Isso era diferente h algum tempo atrs quando a mulher se dedicava totalmente ao lar.

Essa a fase do relacionamento sexual mais intenso do casal, falando de maneira quantitativa. H muita paixo e eles se curtem bastante. No h ningum para interromper o idlio. Existe muita liberdade. Quem que tendo passado por essa fase no se lembra dos momentos de liberdade no relacionamento sexual quando no havia nem sombra de rotina. Tambm nessa fase cada um dos cnjuges se encontra normalmente no melhor da sua forma fsica. E, nos dias atuais, bastante provvel, se eles tm uma vida financeira regular, que ambos os cnjuges acabem at freqentando uma academia de ginstica pois o corpo est em alta nestes tempos. Dependendo do ambiente em que vivam, eles encontram tempo para irem ao cinema ou ao teatro juntos, curtem msica juntos e at assistem os shows de seus artistas preferidos juntos. As frias so sagradas. Sempre que podem viajam para descansar de todo o estresse da vida moderna, porque, afinal de conta, ningum de ferro. Nesse perodo que deve ser estabelecido corretamente, na prtica, o relacionamento dos cnjuges com suas famlias de origem. Lembrando que o novo lar formado deve desenvolver sua personalidade prpria. Se isso no for feito aqui, depois ser muito difcil de ser corrigido mais a frente e influenciar negativamente as prximas transies. A tendncia dos casais atuais esticar ao mximo essa fase: no querem filhos cedo demais. H uns vinte anos atrs esse perodo durava no mximo uns dois anos. Hoje comum que dure pelo menos uns cinco anos. importante que esse perodo seja bem vivido pelo casal pois proporcionar agradveis recordaes para as fases mais ridas do casamento no futuro, quando a chama estiver mais fraca. As coisas que acontecerem nesse perodo fortalecero o elo de companheirismo e amizade entre os cnjuges... ou no.

A segunda fase: formao/aceitar (pr-adolescncia dos filhos)

Essa fase engloba o perodo que vai do nascimento do(a) primeiro(a) filho(a) at o aparecimento do(a) primeiro(a) adolescente no lar. Ela caracterizada pela aceitao de cada filho que Deus nos concede como bnos vindas de Deus. Embora essa fase parea ser a mais demorada enquanto estamos envolvidos nela devido ao nvel de correria e responsabilidades que experimentamos, contudo, veremos depois, na nossa experincia psicolgica uma fase muito rpida. Freqentemente nos ressentimos que ela tenha passado to rapidamente, tal qual se fosse a gua que escorre por entre nossos dedos. Talvez isso explique porque curtimos tanto os nossos netos quando eles chegam. Pode ser que seja uma espcie de compensao.

Cuidar daquelas pequenas criaturas to indefesas e vorazes um desafio e tanto. hora de se ler uma dzia de livros sobre o cuidado do beb. Ele est dormindo... ser que est respirando? Como que se troca uma fralda? Outra vez? Mas ele acabou de mamar! Com quantos dias cai o cordo umbilical? Tem certeza de que ela cabe neste macacozinho? Vamos dar a chupeta ou no? nessa fase que a jovem mulher se transforma em me. Seu instinto maternal se torna aguado. O pai sente que uma parte da dedicao que sua esposa lhe devotava agora canalizada para o beb. natural, ele tambm divide sua ateno com o beb. Sair agora para um programa social algo muito mais complicado. preciso se adaptar. Um personagem se torna importante para a nova famlia: o pediatra. O tempo disponvel diminui, h gastos imprevisveis. A casa passa a ser mais visitadas pelos pais e sogros.

Depois vem o momento em que o primeiro filho vai escola e a famlia se envolve mais com a comunidade. O casal tem que se equilibrar nos papis de esposos, pais, membros de igreja e desenvolvedores de suas carreiras profissionais. O pai e a me tm agora que se envolver com as tarefas de casa dadas pela tia. H muitas reunies de pais e mestres na escola. Para aqueles que moram em cidades de mdio e grande porte, o carro, que no mais um luxo, passa a ser usado intensamente. A me (ou o pai) at parece chofer de taxi. preciso procurar acompanhar o que as crianas esto aprendendo na escola. Podem surgir algumas dificuldades de adaptao da criana na escola que requeiram o envolvimento direto dos pais. agora que os pais devem investir na educao religiosa e musical. Ler histrias infantis noite para as crianas passa a ser uma tarefa requerida dos pais. Depois de um dia e parte da noite cheia de atividades os pais vo para a cama dispostos a ... dormir! O cansao pode trazer algumas dificuldades para o casal na cama. Eles tm que se adaptar nova fase do casamento.

A terceira fase: educao/deixar ir (ps-adolescncia dos filhos)

A ironia da situao que a poca em que um pai se d conta da necessidade de um relacionamento mais afetivo com os filhos pode coincidir com a poca em que eles esto comeando a se tornar independentes dos cuidados paternos e esto deixando o lar, em busca da prpria independncia.

Mary Batchelor, A Vida aos 40, pag. 38

Ocorre outro salto qualitativo na vida dos cnjuges quando o primeiro adolescente se manifesta na famlia. A partir desse ponto tambm nada mais o mesmo. Qual a natureza do salto qualitativo que a presena do adolescente produz nos pais? Bem, o adolescente tem as suas prprias opinies, desejos e manias. Na fase anterior eram os pais que decidiam tudo na vida dos filhos. Agora, o adolescente questiona tudo. No quero essa roupa! diz ele a uma me com um sorriso amarelo. Por favor, pai, no me beije na frente dos meus colegas! diz ele a um pai de olhar abobalhado. O que que tem demais em ficar? pergunta o adolescente enquanto um frio percorre a barriga do pai. Os pais ficam inseguros e confusos com os adolescentes ou ento endurecem at se tornarem generais de uma tropa rebelde. O esprito dessa era ps-moderna permeia todos os relacionamentos de maneira que at parece ridculo aos pais colocarem princpios de vida para os adolescentes. nessa fase que os pais so testados no mximo da pacincia, da criatividade e da firmeza.

Nas famlias no crists (ser que tambm em famlias crists?) os adolescentes esto ficando. Nossos adolescentes so desafiados na escola: - Por que todo mundo fica e s voc no? diz aquele docinho de menina para o nosso adolescente perplexo. hora de encarar o fato e explicar para eles que nessa prtica do mundo, os adolescentes comeam ficando e terminam fincando. Apenas uma letrinha os separa da perda da virgindade. Dizer a um adolescente que ficar e fincar (como comentou um amigo meu) podem ser desastrosos para ele pelas suas conseqncias (a gravidez, que implica em assumir responsabilidades que ele ainda no est preparado para exercer, o risco de adquirir uma doena sexualmente transmissvel, ou at mesmo AIDS), acaba se tornando uma armadilha da ps-modernidade... pois a tecnologia levanta sua cabea zombeteira e oferece a plula e a camisinha... O correto ento que os pais se lembrem de colocar Deus no centro do cenrio. No somente pelas conseqncias fsicas e financeiras que se desaconselha o relacionamento sexual fora do casamento, mas pelas suas conseqncias morais e espirituais. Alm disso, um casamento com um filho a bordo pode roubar do casal a primeira fase do matrimnio, a qual bastante importante inclusive pelas suas implicaes.

No so somente a presses externas que fazem com que o homem sofra a crise da meia-idade. Grande parte daquilo que experimenta provavelmente conseqncia do tumulto interior e do seu prprio questionamento. Os homens, no menos do que as mulheres, tambm tm conscincia dolorosa do processo de envelhecimento. Ele pode ainda sentir-se na idade dos trinta anos, todavia um rpido olhar no espelho revela que o cabelo est ganhando entrncias, a sua cintura est se dilatando e o rosto est se cobrindo de rugas. Num sobressalto, ele toma conscincia de que j consumiu a metade do tempo de vida que lhe foi reservado. Para um homem, a constatao da dura realidade pode aparecer quando ele descobre que j no consegue realizar as mesmas coisas em termos de proeza fsica. Os seus filhos na fase da adolescncia ou os sobrinhos conseguem super-lo nos jogos que sempre costumava vencer.

Mary Batchelor, pag. 37

Durante todo o casamento, os cnjuges tm que exercitar o discernimento que no esto criando filhos para si, nem que eles ficaro para sempre no lar. Os filhos so pessoas que Deus nos confiou para prepar-los por um tempo para o Ele prprio. preciso se lembrar que Deus requer de ns com relao aos filhos uma vida paradoxal: aceitar para deixar ir. Quando isso no visto assim, os filhos passam a ocupar um lugar que no lhes cabe no casamento.

no final dessa fase, para muitos casais nos dias de hoje, que costuma acontecer o falecimento dos pais de um dos cnjuges e, at mesmo de ambos. Nesses perodos de perdas o companheirismo e a amizade do casal precisa estar bem firme para que um apoie o outro.

A quarta fase: maturidade (enfim o casal s novamente)

verdade que os avs muitas vezes podem compreender os filhos melhor do que os prprios pais e lhes proporcionar a aceitao de que necessitam para se desenvolverem harmoniosamente.

Paul Tournier, Mary Batchelor, pag. 104

Muitas pessoas sentem-se revoltadas e amarguradas em relao ao seu passado. s vezes esta revolta se dirige abertamente contra a pessoa que elas acham que lhe estragou a vida por falta de carinho, por causa do egosmo ou por pura crueldade.

Mary Batchelor, pag. 275

Examinemos finalmente o perodo que vai da sada do ltimo filho at a morte de um dos cnjuges. Essa uma fase que apresenta profundas mudanas na vida conjugal. Podem estar includas a a aposentadoria de um ou de ambos os cnjuges. Normalmente, nesta poca a mulher est passando pelas transformaes hormonais da menopausa com todo o estresse associado. Alm disso, a sada dos filhos do lar paterno pode ser em si mesmo um fator desencadeador de um desequilbrio emocional de grandes propores, principalmente na mulher, podendo ocasionar at mesmo o divrcio do casal. Essa a fase da terceira idade. S recentemente, com a elevao da expectativa de vida mdia do brasileiro, temos tido a possibilidade de um perodo longo de dez a trinta anos para essa fase. possvel nessa fase reorganizar e replanejar a vida a dois. Muitas daqueles projetos que o casal sempre sonhou em fazer juntos e no tinha ou recursos financeiros ou tempo para se dedicar agora se tornam possveis. fato que o lado fsico agora mais restritivo, porm com coragem e criatividade isso pode ser arranjado. Porm, surge uma tentao que pode trazer para o casal uma certa passividade: os netos.

Celebrando as transies

Ao chegar nesse ponto, olhando em retrospectiva para as fases e suas transies, percebo que sendo a vida conjugal rica em significado assim como ela , com todas essas transformaes, deveramos celebrlas mais intensamente. Isso nos ajudaria no s o tomarmos conscincia das transies como tambm ensin-las s geraes mais novas. Estou me referindo especificamente aos cristos. Mesmo o cristianismo sofre com a superficialidade reinante nessa nossa era da informao, individualismo e globalizao. Seria muito interessante estabelecer celebraes com profundos significados simblicos para cada uma dessas transies. Seria muito bom que a igreja que lida com um denso contedo simblico pudesse trabalhar nessa direo.

CONSIDERANDO O COMPANHEIRISMO E A AMIZADE

A meia-idade uma fase da vida em que as emoes reprimidas tendem a vir tona. Elas ficaram submersas durante anos, e muitos padres fixos de reao precisam ser reexaminados.

Mary Batchelor, pag. 76

Experimentemos agora ver o casamento em uma outra tica. Vamos olhar para o casal na perspectiva do desenvolvimento fsico e emocional. Tambm aqui encontramos pelo menos trs fases: 1) o perodo da juventude, 2) o perodo da meia-idade e 3) o perodo da velhice (ou terceira idade). Nessa perspectiva, o desempenho sexual do casal cresce at um valor mximo e depois decresce ao longo do tempo, tornando-se mais calmo no perodo da terceira idade. A freqncia com que o casal tem suas relaes sexuais varia grandemente de casal para casal. Todavia, razovel pensar que, para um mesmo casal normal ela tende a diminuir medida que os anos passam. necessrio um cuidado para que o relacionamento sexual no entre numa rotina montona, criando armadilhas para os cnjuges. Muitas coisas mudam no corpo do homem e da mulher que influenciam o lado ertico do sexo. Com o passar dos anos a beleza fsica do casal muda, os quadris se alargam, muita coisa j no fica no seu lugar e o flego do casal no mais como no comeo. necessrio criatividade para a vida sexual do casal encontre outras expresses erticas que satisfaam. Algumas pessoas argumentam que se a quantidade de relaes sexuais diminui, todavia, a qualidade dessas relaes aumenta. Vinho velho melhor, dizem. Talvez essa seja uma transformao a ser construda com dedicao por ambos os cnjuges. Aqui o perigo considerar todas as limitaes fsicas e emocionais que aparecem como normais e aceit-las sem nenhum esforo de adaptao. Na realidade, as marcas do tempo sobre ns no so facilmente assimilveis seno quando se atinge a meia idade. Para isso a vida utiliza o cnjuge como espelho. Quando comeamos a perceber o sinal dos tempos em nosso cnjuge, ento comeamos a compreender que ns tambm devemos estar mudados. At esse ponto, dificilmente a morte poderia representar alguma preocupao. A partir de ento, percebemos que no somos imortais. E, ano a ano, vamos vendo nossas limitaes darem o ar de sua graa. Nesse perodo podemos entrar em crise pessoal. Talvez esteja aqui localizada a idade do lobo ou da loba. Nesse caminhar estaremos aprendendo a aceitar a nossa finitude. S muito mais tarde estaremos em paz quanto a isso. A preocupao em disfarar os desgastes do tempo seria algo inconveniente? Talvez aqui o marido dever aceitar com naturalidade que a esposa esconda os cabelos brancos debaixo de cuidadosas aplicaes de tintas. Alguns estaro interessados em tirar os excessos e firmar as coisas soltas atravs at mesmo de cirurgia. Tudo isso pode ser feito, contudo no se deve negar os avanos do tempo.

Quando o ser humano nasce nesse mundo ele nada tem para recordar e seu futuro existe todo para alm do seu presente. medida que o homem vai vivendo, contudo, para atrs do seu presente vai se acumulando mais e mais o passado. Na proporo que o homem vai caminhando para frente, seu futuro passa pelo triturador do presente e se transforma em passado. O ser humano vai se tornando cada vez mais pesado de passado enquanto caminha em direo morte. No dia de sua morte todo o futuro temporal se transformou em passado e o presente temporal repentinamente desaparece. Assim o ser humano vem da regio do no-ser e se torna um ser e vai caminhando e digerindo seu futuro com a voracidade do presente enquanto o futuro vai sendo digerido pelo presente e se tornando o passado que corre pelas veias inconscientes do ser. O ser humano uma mquina de transformar o futuro em passado acumulado. A situao semelhante execuo de uma trilha musical em um aparelho de CD. medida que a msica vai sendo tocada, o cursor do aparelho vai indicando o quanto j foi tocado e quanto falta para acabar a msica. Quando chega no fim da linha: toda trilha futura da msica agora passado. A enorme diferena com entre o cursor e a vida, todavia, que nem mesmo Deus puxa o cursor de volta para repetir a vida. Utilizando uma analogia de um escritor: a vida no tem rascunho. Por isso, a todo homem est ordenado morrer uma s vez. Lembrando Kierkegaard: Reflete: tua vida corre, e tambm, para ti, chegar o dia em que vers tua carreira concluda, e j no ters, para viver, outro recurso seno recordar.

Num casamento saudvel, o companheirismo e a amizade tendem a aumentar progressivamente at a morte de um dos cnjuges. aqui que o casal precisa tomar muito cuidado. Uma muralha se faz sobrepondo pedra a pedra. Muita ateno deve ser dada quelas mgoas no-resolvidas, queles ferimentos no-tratados. Seno, ao invs de uma amizade verdadeira, rica e prazerosa, pode se desenvolver uma vida de hipocrisia. Ou algo ainda mais nefasto, a assimilao de um cnjuge pelo outro, que se torna apenas a sua sombra amargurada. Contudo, se o casal cuida de no deixar pedra sobre pedra neste muro de lamentaes, algo de muito belo e venervel vai acontecendo com os cnjuges. Com o passar dos anos, um indivduo vai entrando cada vez mais na memria e na alma do outro indivduo. Chega um momento que ningum mais (exceto, talvez, o profissional da psi dessa nossa ensandecida humanidade) conhece melhor o cnjuge do que o seu parceiro. E essa aproximao to profunda que vai gerando um desespero em cada um dos cnjuges: se ele morrer quem vai cuidar de mim? ou se ela morrer quem vai me compreender? Esse desespero s pode ser adequadamente enfrentado pela f e confiana em Deus que aquele que nos conhece perfeitamente, bem l dentro. Obviamente, tudo pode ser completamente diferente. Se a amizade no vai se desenvolvendo. Mas, se as couraas vo sendo construdas diariamente, ento o desespero vai aumentando, juntamente com a solido. Um cnjuge olha desesperadamente para o outro e pensa: quem esse que compartilha o mesmo teto comigo? ou , meu Deus, j no suporto mais essa to grande solido!.

CONSIDERANDO A DISPONIBILIDADE DE TEMPO

Na poca em que atingimos a meia-idade, deveramos parar de brincar com as coisas e assumir a responsabilidade por sermos como somos. Eric Berne sugere que a mulher que diz se no fosse por ele, inconscientemente pode ter decidido casar-se com ele porque lhe daria a desculpa de que precisava para fugir das ambies que ela mesma temia no poder atingir.Mary Batchelor, pag. 272

Nos interessa nessa altura no a progresso linear inexorvel do tempo, mas a administrao do tempo dirio que o casal desfruta. A disponibilidade de tempo no comeo do casamento razovel, embora muito tempo tenha que ser dedicado ao desenvolvimento profissional. Com a chegada dos filhos essa disponibilidade tende a diminuir, tanto mais quanto mais filhos o casal tem. Todavia, com a sada dos filhos do lar, a disponibilidade de tempo vai ficando cada vez maior. A diminuio da disponibilidade de tempo que os cnjuges tm um para o outro pode chegar a tal ponto que cause a solido de um dos cnjuges ou de ambos, fragilizando a relao conjugal e expondo os cnjuges a tentaes perigosas. Quando somos solteiros, todo tempo disponvel pode ser utilizado

CONSIDERANDO A DISPONIBILIDADE FINANCEIRA

Muitos escritores e artistas, tanto do passado como do presente, mantiveram a profisso que lhes servia de ganha-po, para poderem se conservar livres para escrever ou pintar sem preocupaes de ordem financeira.

s vezes, vale a pena desistir do sonho que agora no pode mais ser realizado por algo mais concreto que pode ser alcanado.

Mary Batchelor, pag. 273

A disponibilidade financeira tende a seguir um comportamento semelhante ao da disponibilidade de tempo, diminuindo com a chegada dos filhos e aumentando com a sada deles. Porm, diferentemente do tempo, a disponibilidade financeira tende a aumentar tambm com o desempenho profissional do provedor. H, contudo, o perigo de se dar uma nfase exagerada ao desempenho profissional, com conseqente diminuio do tempo disponvel. Na realidade a nfase na disponibilidade financeira acaba gerando um desequilbrio na disponibilidade de tempo citada anteriormente. O cuidado na busca de um equilbrio entre essa disponibilidade e a anterior deve ser redobrado para que o epitfio dos tits no venha a ser pregado nos tmulos dos cnjuges (o maior candidato o marido):

Devia ter amado mais, ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais e at errado mais

Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado as pessoas como elas so

Cada um sabe a alegria e a dor que traz no corao

Devia ter complicado menos, trabalhado menos

Ter visto o sol se pr

Devia ter me importado menos com problemas pequenos

Ter morrido de amor

Queria ter aceitado a vida como ela

A cada um cabe alegrias e a tristeza que vierCom relao a esse recurso pode ocorrer de maneira passageira ou ento de maneira mais persistente algo que vai mexer muito com a questo do significado daquele que a Bblia colocou como provedor da famlia (na sociedade secular hoje, esse modelo de famlia em que o homem o provedor considerado ultrapassado): o desemprego. Esse um mal muito peculiar de nossos dias de globalizao e de transformaes tecnolgicas. A esposa e os filhos tero que ser muito pacientes nesses perodos, pois aquele que sempre foi o esteio financeiro da famlia pode at mesmo entrar em depresso profunda decorrentes da falta de significado que o desemprego ocasiona. Sobretudo a esposa deve ser uma ajudadora amorosa nesta fase.

TRANSIES: EFEITOS, CUIDADOS E CRESCIMENTO

Ao ler as recordaes de [Viktor] Frankl, sei exatamente em quem eu pensaria num momento de terror, sofrimento e morte iminente. Assim como Frankl, concentraria todas as minhas energias no rosto de minha esposa, que partilhou minha vida e me ensinou o significado do amor. Imagino se teria aprendido a amar a Deus se no tivesse primeiro aprendido a am-la. Se nos tornamos pessoas por meio dos relacionamentos, sou o que sou hoje em grande parte graas a ela. Embora fosse terrivelmente tmido, socialmente desajeitado e emocionalmente avariado quando a conheci, ela no levou em conta esses defeitos e me agraciou com seu amor e ateno... Quando penso em quanto Janet exerce influncia sobre mim, compreendo por que a Bblia se refere com tanta freqncia ao amor e ao casamento como exemplos do relacionamento que Deus quer ter conosco.

Philip Yancey, O Deus Invisvel, pag. 104, 105

Cada uma das fases que vimos anteriormente tem seus prprios desafios e suas prprias responsabilidades. Isso j pudemos ver aqui e ali durante a descrio de cada uma dessas fases. Infelizmente, algumas dessas fases podem se sobrepor gerando uma demanda reforada dos cnjuges. Onde que os cnjuges vo buscar recursos para fazer face a essas demandas? Lendo o pensamento de Yancey acima, podemos desconfiar que a resposta para essa pergunta tem a ver com a prpria existncia do casamento. Qual o objetivo de estarmos envolvidos nesse relacionamento conjugal por tanto tempo? O objetivo, nos diz Yancey para que possamos entender o significado de amor. E a Bblia nos diz que Deus amor. Logo, Deus a causa e o fim do casamento. Se assim , os cnjuges devem buscar recursos morais, emocionais, materiais e espirituais no prprio Deus para poderem enfrentar todos esses desafios do casamento.

As transies de uma fase para outra podem ser suaves ou cheias de lutas e sofrimentos. Considere o cuidado que o casal deve ter para evoluir da fase pr-nupcial para a fase inicial do casamento (transio essa que no inclumos no nosso modelo original). A maneira de viver, as circunstncias econmicas e as formas de relacionamento entre eles e entre eles e seus familiares vo sofrer um formidvel salto qualitativo. Se o processo de deixar a casa paterna no foi bem sucedido, um ou ambos os cnjuges se vero em grandes dificuldades de cortar o cordo umbilical com suas famlias de origem. Se os pais de um ou ambos os cnjuges se intrometem na vida do novo lar que est sendo formado, ento a transio fica perturbada. As coisas podem piorar mais ainda se eles descobrem que tm expectativas conflitantes com relao ao dinheiro, sexo ou estilo de vida. Se os conflitos no forem solucionados de maneira harmoniosa a transio para a fase de paternidade pode ser pobre e esta fase poder ter um mal comeo.

As famlias podem desviar-se desse modelo de fases, por exemplo um casal pode iniciar o casamento com a esposa j grvida (algo que tem sido muito comum hoje em dia inclusive em famlias evanglicas). Nesse caso, eles no tero a experincia da primeira fase. Algumas mulheres se tornam avs antes mesmo que atinjam quarenta anos e suas vidas ficaro envolvidas no cuidado das geraes mais jovens. Um casal pode ter um problema insolvel de infertilidade impedindo-os de poderem experimentar as fases dois e trs. Nesse caso existe uma soluo, que seria a adoo. Contudo, essa soluo introduz alguns aspectos diferentes no modelo estudado. Seja como for, um casal s poder ser bem-sucedido no vivenciar dessas fases se Deus se tornar o centro da famlia.

PR-CONCLUSO GRFICAUtilizamos uma elipse para retratar as quatro fases do casamento nessa nossa reflexo. Essa escolha no foi arbitrria. O crculo tem apenas um centro, porm a elipse tem dois centros (veja os dois pontos desenhados no grfico das fases do casamento). A elipse uma figura nica, porm com dois centros. E as distncias de qualquer ponto do seu permetro a esses dois centros tem sempre a soma constante. Esses dois centros no casamento representam o homem e a mulher que se unem em casamento formando uma unidade. Essa constncia representa a estabilidade de um lar quando ambos os cnjuges ocupam o seu lugar diante de Deus. Podemos imaginar que a seta do tempo caminha da esquerda para a direita. Observando a figura, verificamos ento que eles esto unidos em dois momentos determinantes do casamento: no incio e no final. um s casamento, mas so duas pessoas que se unem para express-lo. As cores tambm tm uma simbologia. esquerda temos a primeira fase, que se inicia com o casal s, sendo a fase do idlio. Essa fase verde, pois os noivos esto se abrindo agora para a experincia do casamento. H muita coisa para ser vivida e compartilhada a dois que ainda se encontra no futuro de suas vidas. A figura se abre da esquerda para a direita como quando uma pessoa abre os braos para abraar e receber algum, nesse caso tudo aquilo que Deus trouxer para o casamento. As linhas que dividem as fases tambm so irregulares no distraidamente, mas porque as fases podem se sobrepor num mesmo ponto da linha do tempo. Em seguida, vem a fase da formao e do aceitar. Ela apresenta uma cor verde modificada indicando o trabalhar do casamento no corao dos cnjuges. A figura vai abrindo mais e mais na medida em que o casal recebe os filhos. Ao entrar na terceira fase, a figura atinge um mximo de abertura e comea a fechar-se sobre si mesma. Esta a fase da educao e do deixar ir. O casal, que teve que aprender a receber, agora comea a se preparar para aprender a deixar ir. O abrao vai se fechando mais e mais at que se entra na quarta fase, que termina com o casal s, sendo a fase da maturidade. Sua cor dourada pois aqui o casal deve ter atingido a maturidade do casamento. Eles esto ss novamente, mas Deus usou o casamento para amadurec-los. Eles caminharam de fase a fase, passando pelas transies entre elas. Foram moldados transformados pelos saltos qualitativos. Aqui eles devem ter atingido o clmax do companheirismo e da amizade. Continuam desfrutando desse prazer de serem dois em uma s experincia conjugal, at que a morte os separem no temporal. E o abrao se fecha sobre si mesmo dando unidade figura.

UMA CONCLUSO CONCLUSIVA Em toda essa reflexo no perdemos os cnjuges de vista. Afinal de contas a caminhada deles. Agur estava certo, todo casamento maravilhoso demais para ns. Talvez s mesmo o homem e a donzela consigam compreender o seu prprio caminho. Mas eles no o fazem somente com a razo, pois o corao tem razes que a prpria razo desconhece, dizem os sbios. E o amor cristo que em semente o ponto de partida da caminhada, agora se abre num lindo boto, que o ponto de chegada. A caminhada no pode ser feita sem o amor cristo, mas medida em que eles caminham mais e mais o amor cristo se faz presente. Quem pode compreender esse caminho?

ApndiceAbaixo um grfico ilustrativo, qualitativo, mostrando a variao normal de alguns parmetros relacionados com a vida do casal.

Nada que valha a pena fazer pode ser realizado em nosso tempo de vida; portanto, precisamos ser salvos pela esperana. Nada que seja verdadeiro, belo ou bom faz total sentido no contexto imediato da histria; portanto, precisamos ser salvos pela f. Nada que faamos, por mais virtuoso que seja, pode ser realizado apenas por ns; portanto, precisamos ser salvos pelo amor.

Reinhold Niebuhr

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

CAPACIDADE DE DESEMPENHO SEXUAL

COMPANHEIRISMO E AMIZADE

DISPONIBILIDADE DE TEMPO

DISPONIBILIDADE FINANCEIRA

SETA DO TEMPO EM ANOS

Presena dos filhos com o casal

Legenda:

EMBED PBrush

Primeira Fase: Idlio

(O CASAL S)

Quarta Fase: Maturidade

(O CASAL S)

Terceira Fase: Educao/Deixar ir

(ps-adolescncia)

Segunda Fase: Formao/Aceitar

(pr-adolescncia)

NPCIAS