As filhas de Maria - MENSAGENS ESPÍRITAS – Um … do público e bate com a varinha no proscênio....
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As filhas de MariaMarcus V.A. Braga
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Título: As filhas de MariaPersonagens:
1. MARIA DO ROSÁRIO - Imersa em uma vida de vício desencarna e é
substituída pela sua filha Rosa, menina trabalhadora e sonhadora.
2. MARIA DAS DORES - Mulher que vive o sexo desregrado, abortou seguidas
vezes e vive um casamento de aparência.
3. MARIA APARECIDA- Rude, descriminada pela sua cor e extremamente
competente profissionalmente, uma líder orgulhosa que esconde uma pessoa
frágil.
4. MARIA DO SOCORRO -Mãe dedicada, abandonada pelo marido. Cuida do
filho problemático e tem preocupação excessiva com os outros, com agradar.
5. MARIA DA CONCEIÇÃO -Mulher fútil e endinheirada, uma material girl.
6. PROFESSOR: Homem, de jaleco, calça jeans, camisa com gravata
7. DECLAMADORA DO ENTREATOS
8. ROSA: Filha de Maria do Rosário. Na verdade, é Maria do Rosário em espírito.
9. HOMEM: Personagem masculino vestido de camisa branca, calça jeans e
chapéu coco.
10. MULHER: Personagem feminino vestido de camisa branca, calça jeans e
lenço branco amarrado na cabeça.
11. BRUXA DA ROSA JUVENIL: Mulher vestida de vermelho e bem maquiada,
com olhos fundos
12. REI DA ROSA JUVENIL: Homem trajado como Jesus
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ATO ICenário: Quadro negro, cadeiras de sala de aula dispostas perpendicularmente ao
público. Professor de jaleco com vara na mão ao lado do quadro negro.
Professor: Boa noite, senhoras e senhores! Abram suas mochilas, peguem seus
cadernos para anotar a lição de hoje.
Aproxima-se do público e bate com a varinha no proscênio.
Professor: O estereótipo, o tipo ideal, de tom exagerado e acentuado, é o que não
existe no mundo real. Mas, entretanto, esse exagero nos permite refletir sobre o que
estamos nos convertendo, ou ainda, sobre o que não queremos nos tornar. Importante
não esquecermos que aprendemos muito com o quê não está no mundo real.
Aprendemos sobre nossos sonhos e nossas ilusões...
Professor volta para o lado do quadro e fica imóvel.
Música de abertura: Companheiro- Marielza Tiscates. Música disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=P7RG05B8meY. Avaliar a possibilidade de canto em
dueto.
Inicia com a música “Companheiro” a meia luz. As personagens “Marias”,
uniformizadas, vem das laterais do palco aos pares, se encontram, se abraçam e vão
sentando ao som da música e o professor permanece imóvel.
Na fala final da música “(...) Vibra a doce presença de DEUS”, alonga a palavra DEUS
e acende a luz e o professor fala:
Professor: Deus! Pelo amor de Deus! As senhoritas não param de tagarelar na minha
aula. (fala com entonação diferente da primeira fala, que atua como narrador)
As meninas se entreolham e começam a rir.
Professor: Mais uma algazarra dessas e as senhoritas serão encaminhadas a salinha
de castigo. Vocês são alunas do colégio “Filhas de Maria”, uma instituição renomada
dentre os colégios cariocas. (Ajeita o jaleco). Bem, trataremos hoje do teorema de
Pitágoras, cujo enunciado diz que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos
quadrados dos catetos ...
Som da voz do professor vai se esvaindo e a luz foca apenas nas meninas,
escurecendo o professor.
Conceição: Afff.....Num agüento mais. Haja paciência, hipotenusa!
Dores: Esse colégio “Filhas de Maria” tá o “ò do bobó”...Também não agüento mais!
Rosário: Um dia vou largar essa vidinha e conhecer o mundo, de navio, avião, trem,
de carroça...Vou curtir a beça! Festas, experimentar o mundo!
Dores: Ah, eu vou casar com um homem bem bonitão e rico e posso fazer isso tudo,
bem acompanhada. E você, Maria Aparecida, o que você sonha, entre um livro e
outro?
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Aparecida: Ah, cala boca sua tonta! Eu vou ser uma executiva de grande sucesso!
Serei poderosa e terei um montão de gente as minhas ordens. (Olha para o público e
suspira). Ah, uma verdadeira dama de ferro!
Socorro: Nossa, nem pensar. Eu queria apenas ter três lindos filhos. Duas moças e
um rapaz. Quero vê-los formados em medicina, engenharia e direito.
Conceição: Mas esse povo só pensa pequeno...Seu bando de provincianas. Eu vou
arrumar um ricaço que me sustente e aí vou ter tudo isso-viagem, filhos, pessoas as
minhas ordens- tudo do bom e do melhor, sem gastar a minha beleza.
Rosário: Essa quer tirar a sorte grande. Tá podendo, hein, colega!
Aparecida: Vocês podem ficar quietas, que eu quero prestar atenção na aula!
Socorro: É mesmo, eu não to entendendo nada desse negócio de Pitágoras,
hipotenusa, cateto...
Então, começa uma algazarra e uma guerra de bolinhas de papel. A cena congela e
começa a música “ A linda rosa juvenil”. As “Marias” se levantam, chegam próximas do
proscênio e dão as mãos, fazendo uma roda e representam a música. Maria do
Rosário se coloca no centro, como personagem Rosa da Música. Na hora da “bruxa
má”, entra uma mulher vestida de vermelho. No trecho do “Tempo passou a correr”, a
luz se apaga lentamente e entra o barulho do “tic tac” de um relógio, que vai
diminuindo.
Entreatos- Trecho do Poema “Eterna Lei”, do Livro Poetas Redivivos, P. 34”. Mulher
jovem, de roupa branca com boneca de pano, declama, com ênfase e emoção. Música
Maria, Maria no fundo, com vocalize- Vide versão em http://www.youtube.com/watch?
v=91OONh8fQsU&list=PL2F1EEC66F59B0663
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ATO IICenário: “Marias” sentadas cada uma em uma cadeira com um laptop sobre a mesa,
de costas para o palco. “Marias”vestidas com roupas comuns. No palco, um projetor
simula uma sala de bate papo, na sala chamada “Filhas de maria-Turma 89”.
Sonoplastia de teclado, cada uma com um nickname e com a foto. Os nicknames são:
• Maria do Rosário-ANGEL
• Maria das Dores: PODEROSA
• Maria Aparecida: TOP OF THE HILL
• Maria do socorro: MARIA DO SOCORRO
• Maria da Conceição: CLEÓPATRA
Ao teclar, cada uma fala também o que está teclando, simulando um diálogo e dando
entonação ao que está sendo teclado.
Entra a Maria do Rosário.
Rosário: Alguém aí do filhas de Maria, turma de 1989?
Dores: Oí nóis aqui. Maria das Dores teclando!
Rosário: Das dores, é a Rosário!
Conceição: Oba! Um “rendez-vous” da nossa galera. E aí, tudo bem pessoal? Aqui é
a Maria da Conceição, aquela bonitona...
Socorro: E humilde. ..Tudo bem, pessoal? É a Socorro!
Dores: Socorro!!! Nós vimos que era você, com esse seu Nick name super original. E
aí, todo mundo conectado na internet, navegando na mesma hora, visitando essa sala
de bate-papo.
Rosário: Pois é, que coincidência...
Conceição: É, o povo ta conectadíssimo. E falar em aparecimentos, cadê a
Aparecida?
Socorro: Encontrei-a na rua outro dia. Deve estar trabalhando...
Dores: Vixe, mas hoje é domingo.
Rosário: Pé de cachimbo...Então, já que nos encontramos aqui no mundo virtual, que
tal nos encontrarmos no mundo real, para trocar idéias, tomar um café, adiantar as
fofocas atrasadas. Afinal, são mais de 20 anos...
Socorro: Eu topo. Vai ser aonde?
Conceição: eu ofereço a minha humilde residência. Que tal sábado que vem? O
endereço é a Rua dos Alfeneiros, número 4, Bairro das Arniqueiras. È uma casa
grande, com um muro alto, verde musgo.
Socorro: Uma casa ou uma mansão?
Conceição: kkkk. È uma mansão.
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Dores: Ok. Socorro, você entra em contato com a Aparecida e avisa.
Socorro: Sem problema.
Rosário: Combinado então.
Continua o barulho de teclas. Escurece a cena. Entra Aparecida, joga a bolsa na mesa
e reclama:
Aparecida: Ai, finalmente terminei esse relatório, já não agüentava mais!
Toca o telefone e ela atende.
Aparecida: Alô, oi, quem? Maria do Socorro, do Colégio “Filhas de Maria”. Ah, quanto
tempo? Ah, um encontro de nossa turma do ginasial. Claro, vai ser ótimo ver todos.
Quando? Deixa-meeu ver a minha agenda...
Sai de cena falando no telefone.
Entram todas em cena fazendo a roda novamente e cantam a “Linda rosa juvenil” de
novo, a partir do trecho “E o tempo passou a correr” até o final da musica. Maria do
Rosário continua no centro e na hora de “Um dia veio um belo Rei”, entra em cena um
homem vestido como Jesus.
Entreatos- Trecho do Poema “Rainha da vida”.. Mulher jovem, de roupa branca com
boneca de pano, declama, com ênfase e emoção. Música Maria, Maria no fundo, com
vocalize-Vide versão em http://www.youtube.com/watch?
v=91OONh8fQsU&list=PL2F1EEC66F59B0663
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ATO IIICenário: Sofás espalhados na cena, de frente para o palco. Na parede, quadros de
paisagens, vasos, mesinhas de telefone, simulando uma sala de estar de uma casa de
luxo.
Sentada no centro dos sofás, está Rosa, calada e pensativa. Entra Conceição toda
espalhafatosa, falando pelos cotovelos.
Conceição: Ah, mas que dificuldade de se comprar uma lata de patê de “Foie Gras”
para se fazer uns míseros canapés. Só vende coisa de gentalha nessas lojinhas da
vizinhança. Mas, veja se eu vou servir as minhas amigas patê de azeitona preta. Que
coisa brega! Tenho um nome a zelar!
Vê Rosa sentada humildemente e pergunta:
Conceição: Mocinha, mal lhe pergunte, mas quem é você?
Rosa muito sem jeito diz:
Rosa: Ah, perdoe a minha indelicadeza, mas eu vim para o encontro da turma de
1989 do colégio “Filhas de Maria”.
Conceição: Menina (falando pausadamente). Me ensina quem é a sua esteticista.
Você é muito nova para ser da turma de 1989, ainda que seus traços não me sejam
estranhos.
Rosa: Ah, mil desculpas novamente. Meu nome é Rosa e sou filha única de Maria do
Rosário. Ela não pode vir e a estou representando fielmente.
Conceição: Ora, mas ela estava no chat.
Rosa: Era eu... Não queria alarmá-las e deixei para contar na reunião que a minha
mãe, bem, ela morreu faz bem uns três anos.
Conceição: Maria do Rosário morreu? Que tragédia!
Nisso entram as outras “Marias”, que pegam o fio da meada e se espantam com a
notícia.
Dores: Nossa, que lástima. Tão jovem! Sempre foi a nossa líder!
Socorro: Ah, então essa é a filha dela. Que gracinha (E pega na bochecha de Rosa).
A carinha da mãe.
Aparecida: Será que a Rosa ta precisando de alguma ajuda. Vamos perguntar gente,
a menina não vai falar assim...
Rosa sinaliza que não.
Socorro: Rosa, Rosa, a sua mãe morreu de quê?
Rosa: De sorver a vida de um gole só... (Fala cabisbaixa)
Conceição: Como? Isso é uma nova doença?
Socorro: Ai, meu Jesus cristinho (Se ajoelhando).
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Rosa: Não, nada disso. O corpo da minha mãe, apesar de jovem, não resistiu a gama
de vícios que ela enterrou nele...
Socorro: Ah, na escola a Rosário só fumava...
Dores: E bebia...
Conceição: melhor eu não falar do que sei...
Rosa: Não se preocupem...Não tenho vergonha da minha mãe. Já superei isso. Acho
bom contar a vocês um pouco do que a minha mãe passou, pois pode servir de
reflexão para todos nós.
Congela a cena. Entra a melodia de “Maria, Maria” no violão, dedilhada.
Entra em cena a Mulher, gritando:
MULHER: Raios! Não consigo comprar meu barato! Já liguei para todos os lugares e
ninguém ta de “plantão”! Não acredito! Hoje é sábado à noite! Que raios de cidade é
essa?
Mexe nos bolsos e nos móveis.
MULHER: Ah (grita). Não agüento mais!
Começa a fuçar a lata de lixo.
MULHER: Ah, achei! (Comemora) Finalmente, uma guimba! Vai ser essa mesmo.
Tenta acender a guimba e vai saindo de cena.
Descongela a cena principal.
Rosa: Os exemplos já faltavam lá em casa, onde a minha vó já se entregava ao álcool
de forma irresponsável, em espetáculos de bebedeiras, regadas a outras substâncias
ilícitas, na companhia de amigas nada respeitáveis, presenciado isso tudo pelos
infantis olhos de minha mãe.
Conceição: Quem diria, dona Margarida me parecia tão pudica.
Socorro: Quem te viu, quem te vê...
Rosa: E na escola, apesar da amizade com vocês, a presença em festas de
determinados grupos de amigos na busca de impressionar certos pretendentes, fez a
minha mãe mergulhar no mesmo abismo sem fundo.
Dores: Cheguei a aconselhá-la algumas vezes.
Aparecida: Eu também...Mas ela pareça fugir do mundo.
Rosa: Esse coquetel de substâncias lhe rendeu acidentes automobilísticos, brigas
com o vizinho e uma soma de doenças que por fim a levaram na época da madureza.
Socorro: E o seu pai?
Rosa: Os abusos dela na gravidez, as fugas para sustentar o vício. Isso tudo ele não
agüentou...Largou a minha mãe e em breve arrumou outra família. Se não fosse o
concurso de Helena, minha tia, não sei como eu teria sido criada.
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Conceição: Rosa, eu lamento pela sua mãe, mas estamos nos reencontrando depois
de muito tempo e queremos falar de coisas alegres, não é meninas?
As “Marias” meneam as cabeças, meio que inseguras, concordando com a dona da
casa.
Rosa: Perdoe-me, Conceição. Achava somente que vocês precisavam conhecer
esses fatos. Quem sabe seria útil para vocês...
Dores: Ah, lindinha, nós sabemos que a sua mãezinha tomou decisões erradas na
vida, mas isso não se aplica a nós.
Conceição: Isso mesmo. A nossa vida até aqui foi fashion, luminosa, glamorosa,
estrondosa...
Rosa: Sim, mas todas as rosas tem espinhos...
Apaga a luz abruptamente.
Entreatos- Trecho do Poema “Minha Mãe” (Maria Dolores). Mulher jovem, de roupa
branca com boneca de pano, declama, com ênfase e emoção. Música Maria, Maria no
fundo, com vocalize-Vide versão em http://www.youtube.com/watch?
v=91OONh8fQsU&list=PL2F1EEC66F59B0663
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ATO IVCenário: Sofás espalhados na cena, de frente para o palco. Na parede, quadros de
paisagens, vasos, mesinhas de telefone, simulando uma sala de estar de uma casa de
luxo. Todas as “Marias” sentadas nos sofás.
Conceição: Mas, então, gente...O que vocês contam de novidade?
Aparecida: Éramos meninas, agora somos mulheres feitas, realizadas...
Socorro: Sim, parece que era ontem aquele grupo de mocinhas sonhadoras. Você,
Maria das Dores, queria casar com um homem bonito e rico. Conseguiu?
Dores: Na verdade casei várias vezes, com vários homens lindos...
Todas: hmmmmmmm
Dores: Sim, e não...Quer dizer...Tive todos em épocas separadas...Ou quase isso...
Todas: hmmmmmmm
Socorro: E esses homens m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o-s lhe deram filhos?
Dores: Ora, claro que sim. Mas não os quis...Você entende...Não queria perder o meu
tempo com coisas de gravidez, deformar meu corpo. Eu sou de todos e não sou de
ninguém. Não quero ninguém me prendendo, homem ou filho.
Congela a cena. Entra a melodia de “Maria, Maria” no violão, dedilhada.
Entra em cena o HOMEM e feminino discutindo.
HOMEM: Mas, o que custa você tirar mais essa vez? Você já fez isso outras vezes e
não foi só comigo!
MULHER: É, mas agora eu quero ter esse filho! A minha idade, eu gosto de
você...Você é tão bom pra mim (abraça-o).
HOMEM: (Largando ela) È, mas eu não quero saber de filhos agora. Tem uma
carreira, um casamento...Vai me atrapalhar...
Saem de cena discutindo.
Descongela a cena.
Rosa: Então, é só na balada?
Dores: Só na balada! E tem coisa melhor?
Rosa: È, na minha idade, na sua idade...
Dores: Ora, menina, deixe de ser preconceituosa. O importante é curtir!
Socorro: Mas, você nunca pensou em ter alguém só seu, um lar, com filhos...
Dores: Vixe, que coisa mais careta. Ganho em muitos aspectos de minha vida sendo
assim...
Rosa: E perde em outros...
Dores: Ora, tenho um exército de homens aos meus pés...E vamos parar com essa
sabatina, gente!
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Conceição: (Interrompendo) Eu tenho apenas um, que me dá do bom e do melhor e
isso é o suficiente para mim.
Socorro: Ah, vai dizer que você realizou o sonho de conseguir um ricaço?
Conceição: Podre de rico...Viagens, jóias, imóveis...Tudo que o dinheiro pode
comprar!
Rosa: E vocês viajam muito?
Conceição: Eu viajo muito. Armandinho não tem muito tempo com os compromissos
da empresa...
Socorro: Sei...Mas, esse casarão, ele sempre fora, você não se sente sozinha?
Aparecida: Ou frustrada com a sua realização profissional?
Congela a cena. Entra a melodia de “Maria, Maria” no violão, dedilhada.
Entra HOMEM e logo atrás o feminino.
MULHER: Armandinho, você vai viajar de novo. Mas, é Natal...
HOMEM: Eu sei, querida, mas os negócios são inadiáveis. São investidores coreanos.
Vá para a casa da sua mãe.
MULHER: De novo...Você vai me ligar?
HOMEM: Claro, amor. Como sempre.
MULHER: Ano passado você esqueceu e não atendeu o celular...
Saem de cena e descongela a cena principal.
Dores: (resmungando) Nossa, vocês viraram um bando de despeitadas, isso sim!
Conceição: Ora, meninas, eu não tenho tempo de pensar nessas coisas, minha
agenda é muito lotada.
Dores: As recalcadas de plantão, eu também tenho uma vida muito intensa! Morram
de inveja! Vem cá, vocês são umas perdedoras e ficam aí dando lição de moral em
mim e na “Ceição”.Eu sou amada, Conceição tem tudo o que uma mulher pode
desejar. È isso!
Socorro: Não é nada disso, vocês é que estão esnobando a gente, como sempre...
Aparecida: Meninas, meninas, calma! Não viemos aqui para isso! Nosso tempo é
precioso! Não vamos ressuscitar as nossas briguinhas da juventude!
Conceição: È, vocês sempre tiveram inveja “de nóis”! Mas a gente entende, perdoa,
né “Das Dores”?
Dores: È, ficavam chamando me chamando de namoradeira, mas vejam a gente
agora! Por isso, eu perdôo...
Conceição: È, me chamavam de patricinha...
Rosa: Mas, passados esses anos todos, olhando para trás, vocês podem dizer que
são mulheres felizes?
Conceição: que papo de analista...Claro que sim, tenho tudo!
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Dores: Certamente, vivo como quero e sou muito resolvida com isso!
Aparecida: A questão maior da vida é como você lida com as suas frustrações...
Socorro: Ou seus sonhos...
Conceição: Mas, e você, Aparecida, tão engomadinha nesse “tailleur”, superou as
suas frustrações?
Dores: Que não eram poucos (gargalha)
Aparecida: Queridas, posso dizer com propriedade que venci na vida!
Entreatos- Trecho do Poema “Cantigas para mulher”, do Livro Antologia Mãe, P. 40”.
Mulher jovem, de roupa branca com boneca de pano, declama, com ênfase e emoção.
Música Maria, Maria no fundo, com vocalize-Vide versão em
http://www.youtube.com/watch?v=91OONh8fQsU&list=PL2F1EEC66F59B0663
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ATO VCenário: Sofás espalhados na cena, de frente para o palco. Na parede, quadros de
paisagens, vasos, mesinhas de telefone, simulando uma sala de estar de uma casa de
luxo. Todas as “Marias” sentadas nos sofás.
Aparecida se levanta como um general pronto para a batalha e se vira para o público.
Aparecida: Então é isso meninas. Eu venci! Vim, vivi e venci!
Aproxima-se de Conceição, fitando-a de forma expressiva.
Aparecida: Com meu esforço, com meu suor, eu, mulher, negra, vinda de pobre,
venci o mundo.
Olha fixamente para Maria das Dores.
Aparecida: E não tenho ninguém, pois não preciso. Me formei, galguei altos postos
em uma grande empresa e hoje comando homens e mulheres. Realização
profissional, sucesso no trabalho, isso é o que me importa!
Dores: Vixe, Cida. Você virou uma Workaholic. Mas, não rola nem uma baladinha?
Conceição: Uma viagenzinha, umas comprinhas no Shopping?
Aparecida: Ora, eu não tenho tempo para essas futilidades.
Rosa: Aparecida, que amargura no seu coração. E o seu lado de mulher, de mãe?
Socorro: Acho que esse lado foi enterrado por essa capitã de indústria de saias.
Aparecida: Ora, eu não quero ficar como vocês, submissas, fracassadas e
dependente de homens. Eu fui a luta em minha vida e conquistei um lugar ao sol,
apesar de todos os desafios e preconceitos.
Dores: Colega, colega, desencana, você ta muito bitolada. A vida não é assim... Dá
uma relaxada.
Conceição: Isso para mim é uma fuga!
Socorro: E o Mário, vocês terminaram?
Aparecida: (Rondando como um animal acuado) O Mário não agüentou o meu ritmo.
Pediu para sair...Só ficava me fazendo exigências...
Congela a cena. Entra a melodia de “Maria, Maria” no violão, dedilhada.
HOMEM e Feminino entram em cena discutindo.
HOMEM: Aparecida, Aparecida, precisamos de tempo para nós. Quero ter uma
família, filhos e não encontrar você ocasionalmente...
MULHER: Mário, você esqueceu quem ganha mais aqui em casa. O meu trabalho é
prioridade! Será nosso ganha pão!
HOMEM: (Cabisbaixo) Também tenho meu trabalho, é digno e gosto dele. Mas, a vida
não é só trabalho. Preciso estar mais com você!
Toca o celular do MULHER.
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MULHER: Alô, Alô, Boa noite, Dr. Onofre! Ah, sim senhor, amanhã as 7hs estarei no
escritório com o relatório...
HOMEM: Aí, não falei...Não te largam!
Saem de cena e descongela a cena principal.
Socorro: Que pena. Meu João me abandonou, mas antes me deixou o Matheus,
razão da minha vida.
Dores: Você não tinha engravidado na faculdade? Terminou o curso?
Socorro: Pois é, acabei largando o curso por conta da gravidez, o João exigiu
também...Aí pude cuidar melhor do Matheus, a quem me dedico até hoje.
Congela a cena. Entra a melodia de “Maria, Maria” no violão, dedilhada.
Entram HOMEM e feminino
HOMEM: Mãe, eu vou sair dessa casa! Não agüento mais! Você me sufoca. Fica me
controlando, dizendo o que tenho que fazer, comer, estudar...
MULHER: Filho, é para o seu bem, sou a sua mãe.
HOMEM: Mãe, eu quero crescer, eu preciso...
MULHER: Filhinho (abraça-o)
Saem de cena e descongela a cena principal.
Aparecida: Imagina se eu ia fazer uma coisa dessas!
Socorro: Não fala assim! Meu Matheuzinho é tudo o que eu tenho na vida! Garanto a
ele o melhor que posso e sonho em vê-lo bonito, formado, um engenheiro de sucesso.
Conceição: E bem casado!
Socorro: Não precisará disso!
Rosa: Bem, como jovem posso afirmar que temos aqui um típico caso de mãe
ciumenta.
Socorro: Ciumenta não, zelosa! Afinal, existem muitas mulheres levianas por aí, não é
Maria das Dores.
Dores: Pera lá, não generaliza. Além de ciumenta, você é machista!
Aparecida: Isso mesmo, Maria do Socorro, não permita que seu filho se desvie do
sucesso por conta de questões menores.
Socorro: (Meio chorosa) Gente, meu filhinho é tudo o que eu tenho na minha vida. A
razão da minha existência. Sendo mãe me realizo e vocês tem que respeitar isso!
Aparecida: Mulher, você está se anulando. Esse teu filho vai te abandonar e vai ser
ingrato com você!
Dores: Acho que vocês todas estão precisando ir para a balada!
Conceição: Ou então fazer umas comprinhas, para desopilar!
Rosa: Ou amadurecer...
Começa uma sucessão de xingamentos mútuos.
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Conceição: Socorro, sua apagada!
Dores: Aparecida, sua bitolada!
Aparecida: Conceição, sua acomodada!
Socorro: Das Dores, sua namoradeira.
Rosa abaixa a cabeça, a discussão vai diminuindo de intensidade, a luz reduz e foca
em Rosa, que levanta a caminha até o proscênio, de frente para o público e levanta os
braços.
Rosa: Ah, Senhor, quantos desafios nos são impostos na encarnação feminina. A
maternidade, o trabalho, a sexualidade, os bens materiais, o prazer.
Vira-se e olha para as colegas discutindo.
Rosa: Como dosar isso tudo nessa selva louca e desvairada? Como conciliar sonhos
com a realidade?
Apaga a luz abruptamente.
Entreatos- Trecho do Poema “Petições de Natal”, de Maria Dolores”. Mulher jovem,
de roupa branca com boneca de pano, declama, com ênfase e emoção. Música Maria,
Maria no fundo, com vocalize-Vide versão em http://www.youtube.com/watch?
v=91OONh8fQsU&list=PL2F1EEC66F59B0663
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ATO VICenário: O mesmo de antes. Temos as quatro (Das dores, Socorro, Conceição e
Aparecida) sentam-se de costas para a outra, dois a dois, perpendicular ao proscênio,
com um espaço de afastamento entre elas, relativamente afastadas para que o público
possa ver todas de perfil. Ficam de braços cruzados, enquanto Rosa de coloca no
meio delas quatro.
Rosa: Ora, ora, a reunião de amigas virou uma praça de guerra.
Conceição: (Falando para frente, meio em transe) Culpa da Socorro.
Socorro: (Falando para frente, meio em transe) Foi a Das Dores.
Aparecida: (Falando para frente, meio em transe) Desde sempre a conceição
complicando as coisas.
Dores: (Falando para frente, meio em transe) Socorro, não sei por que nos tornamos
sua amiga. Que falta a Rosário faz nesses momentos!
Rosa: Pessoal, pessoal, que mágoa nos corações. Passaram vinte anos e vocês com
os mesmos ressentimentos.
Dores: Menina, você não sabe de nada da vida, do que sofremos, o que passamos...
Conceição: Diga por você, que eu sou muito feliz com o que eu tenho!
Aparecida: E eu com o que sou !
Socorro: E eu com meu filho!
Dores: A sua mãe, Rosa, não foi diferente de nós! Achávamos ela madura, descolada,
mas se acabou no vício, como nós estamos nos acabando em nossas mazelas, ainda
que cada uma fica aqui posando de boa moça, de forte, de bem sucedida... (Começa a
chorar).
Aparecida: (Chorando) Eu queria ter uma família, Socorro, eu invejo você...
Socorro: (Chorando) Eu queria ter estudado mais também, mas não pude...
Conceição: (Gritando em prantos) Eu sou...tão solitária...
Rosa: Realmente, Maria do Rosário quando encarnada errou muito, se entregou a
forças que não pode dominar...Abusou de seu corpo e de sua liberdade.Tomou
caminhos errados mas a dor a fez refletir...Levou-a a valorizar a sua saúde, o seu
corpo, a sua família, ressignificando a sua vida. Creio que falta isso a vocês, refletir
nos seus rumos, na sua vida, nos seus valores e sonhos. Para Maria do Rosário esse
tempo se foi nessa oportunidade, mas para vocês ainda existe tempo.
Rosa posta a mão sobre a cabeça de Maria das Dores.
Dores: É verdade, esse tempo todo, com esses homens, nunca encontrei alguém que
realmente tivesse me amado. Ou pior, jamais encontrei alguém que eu tivesse amado.
Da experiência do amor verdadeiro me vi isolada...
Rosa coloca a mão na fronte de Maria da Conceição.
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Conceição: Trocaria todos esses meus objetos por companhia. Como me sinto
sozinha, como gostaria de ter amigos verdadeiros, que gostassem de mim pelo que eu
sou e não pelo que tenho.
Rosa coloca a mão suavemente sobre o ombro de Aparecida.
Aparecida: Queria tanto ter o dom de harmonizar meu trabalho com uma família.
Mas, não consigo...Sou absorvida e a cada dia fica mais difícil...Tenho medo de dividir
o meu espaço com alguém...
Rosa abraça Socorro.
Socorro: Eu queria ser eu mesmo, e não um reflexo do que eu sonho para o meu
filho. Quero que ele seja ele mesmo, eu quero ser eu mesma. Mas só sei sufocá-lo, só
sei sonhar através dele...
Rosa: (Falando alto, com a voz empostada) Companheiras, sempre há tempo para
refletirmos e mudarmos. Tudo na nossa vida é aprendizado, é experiência. Cada
amigo de jornada é uma chave para o nosso crescimento, uma oportunidade de
ascensão. Mas, agora é hora de acordarmos! (Dá um efeito “Flash” de luz)
A luz reduz sobre rosa, que sai de cena. Cada uma das “Marias” restantes pega no
chão um Laptop e na tela aparece a projeção da mesma sala de bate papo virtual do
Ato II. A luz reduz na cena e entra a melodia de “Maria, Maria” dedilhada no violão.
A luz aumenta e estão todas no dispositivo do Ato II.
Dores: Que bom nos encontrarmos aqui nessa sala de bate-papo! Que coincidência
entrarmos todas aqui na mesma hora, passado tanto tempo!
Socorro: Verdade, bom rever vocês, mesmo que virtualmente. Falando nisso, então
pessoal, semana que vem será o nosso encontro da Turma 89 do “Filhas de Maria”.
Conceição: Isso. Não nos vemos desde aquela época...
Aparecida: sim, e como mudamos. Olha, e a Maria do Rosário, sabemos dela?
Dores: Soube que morreu tem uns três anos. Conheci uma vizinha dela e me falou
que ela morreu e não deixou um descendente...
Conceição: Que pena...Ela queria tanto ter uma filha...Essa noite tive um sonho com
ela ...
Aparecida: Engraçado, eu também...
Socorro: Foi um sonho (...)
Dores: (...) muito bonito... Como os sonhos devem ser...
Conceição: Nele ela dizia que não podemos deixar de sonhar...
A luz vai diminuindo
Entra a música final “Não deixe de sonhar”
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APÊNDICE:1) Companheiro (Marielza Tiscate)
int.: [A7+/9 D7+/9 E7/9-] A7+/9 D7+/9 A7+/9 D7+/9 E7/9-
Companheiro, mágica palavra...
A7+/9 D7+/9 C#m7 D13/E
Quanta força emana do olhar de um irmão!
Bm7 C#m7 D13/E(int.)
Todo o Universo brilha na luz dessa emoção.
A7+/9 D7+/9 A7+/9 D7+/9 E7/9-
Ó meu companheiro, dádiva do céu,
A7+/9 D7+/9 C#m7 Bm7 C#m7 D13/E(int.)
No abraço que trocamos vibra a doce presença de Deus.[DC]
A7+/9 D7+/9 A7+/9 D7+/9 A7+/9/E
Companheiro... ó meu companheiro..
2) A linda rosa juvenil (Domínio popular)A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil
A linda rosa juvenil, juvenil
Vivia alegre em seu lar, em seu lar, em seu lar
Vivia alegre em seu lar, em seu lar
E um dia veio uma bruxa má, muito má, muito má
Um dia veio uma bruxa má, muito má
Que adormeceu a rosa assim, bem assim, bem assim
que adormeceu a rosa assim, bem assim
E o tempo passou a correr, a correr, a correr
E o tempo passou a correr, a correr
E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor
E o mato cresceu ao redor, ao redor
E um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei
E um dia veio um belo rei, belo rei
Que despertou a rosa assim, bem assim, bem assim
que despertou a rosa assim, bem assim
Batemos palmas para o rei, para o rei, para o rei
batemos palmas para o rei, para o rei
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3) Eterna lei (Antero de Quental/Psicografia Chico Xavier)A Terra disse ao Tempo: - “Aonde me levas,
Cavaleiro invisível. mudo e errante,
Que a luta me renovas, cada instante,
Desde as primeiras formações longevas?
Monstro que me apavoras e me enlevas,
Porque, seguindo a passo de gigante,
Trazes a luz do dia, sob as trevas?!...”
Mas o Tempo clamou: - “Escuta e lida!”.
Eu sou teu companheiro para a vida,
Impelindo-te aos sóis da eternidade!
Tudo altera em teu seio, pólo a pólo,
Desde as nações aos vermes de teu solo,
Menos a Eterna Lei da caridade.”
4) Rainha da vida (MARCUS BRAGA)Tens o dom da vida, és mulher, és forte!
Voz macia e cheia de graça,
que ecoa noite e dia,
Na sorte ou na desgraça.
Vence o desafio,
Cresce sem submissão,
Pelas pedras do rio da tua encarnação.
Mãe, Maria, filha, avó,
Traz a força no coração
Um olhar sereno e cheio de luz,
Que revela o amor pleno de quem age com Jesus.
5) Minha Mãe (Maria Dolores/ Psicografia Chico Xavier)Desejava, Mãezinha, para testemunhar-te afeto e gratidão,
escrever-te um poema que me fotografasse o coração.
E, ao servir-me do verbo, quisera misturar
a beleza das flores e das fontes, o azul do céu, o ouro do sol e os lírios do luarl...
Anseio enaltecer-te!... A palavra, no entanto, Mãe querida,
não consegue mostrar as bênçãos incessantes que nos trazes à Vida.
Em vão consulto dicionários! Não encontro a expressão lúcida e bela
que nos defina claramente a luz que o teu sorriso nos revela...
Ofereço-te, assim ao carinho perfeito
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o doce pranto de agradecimento que me verte do peito.
As lágrimas que choro de alegria refletem, uma a uma
as estrelas de amor que te engrandecem, – a tua glória em suma !...
És tudo de mais lindo que há no mundo, – o agasalho a ternura calma e boa,
o refúgio de santo entendimento, a presença que abençoa...
Desculpe, meu tesouro de esperança, se não te sei nobilitar
o reino de bondade e sacrifício, no sustento do lar!
E não sabendo, Mãe, como louvar-te a celeste afeição,
rogando a Deus te glorifique a vida, trago-te o coração.
6) Cantigas para mulher (Manoel Ricardo Júnior/ Psicografia Chico Xavier)Mãe e esposa, filha e irmã,
Sentinelas benfazejas!...
Mulher fiandeira da vida,
Bendita, bendita sejas...
Alegria da mulher,
Seja qual seja, onde for,
Aflição oculta em riso,
Ventura leite de dor.
Mulher cativa da sombra,
Que o mundo fere a capricho,
Tesouro que ninguém vê,
Abandonado no lixo.
Mulher caída na estrada!...
Não grites condenação.
A chuva desce do céu
E faz-se vida no chão
Tudo o que é belo no mundo
Deus garante, enquanto houver
Alma que aceite os espinhos
Do oficio de ser mulher.
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7) P etições de natal (Maria Dolores/ Psicografia Chico Xavier) Senhor!...Quando criança, Só surgia o Natal,
Eu te enfeitava o nome em flores de papel
E te rogava em oração, Tomada de esperança,
Que me mandasses por Papai Noel Uma boneca diferente,
Que caminhasse à minha frente Ou falasse em minha mão...
Noutro tempo, Senhor, Jovem pisando alfombras cor-de-rosa,
De cada vez que ouvia Anúncios de Natal, Deslumbrada de sonho, eu te pedia
Um castelo de amor e fantasia Para o meu ideal.
Depois... Mulher cansada, Quando via o Natal, brilhando à porta,
Minha pobre ansiedade quase morta Multiplicava preces
E suplicava que me desses, Na velha angústia minha,
A ilusão de ser amada, Embora, ao fim da estrada,
Fosse triste e sozinha.
Hoje, Senhor, Alma livre, no Além, onde o consolo me refaz,
Ante a luz do Natal, novamente acendida, Agradeço-te, em paz,
Contente e enternecida, As surpresas da morte e as lágrimas da vida!...
E, se posso implorar-te algo à bondade, Nunca me dês aquilo que eu mais queira,
Dá-me a tua vontade, E o dom da compreensão,
Entre a humildade verdadeira E a serena alegria,
A fim de que eu te busque, dia-a-dia, Mestre do coração!...
8) Não deixe de sonhar Não deixe de sonhar
Mas sonhe com a alma
Pois a vida nos pede calma
E determinação
Não deixe de sonhar
Sonhe como homem ou mulher
Pense naquilo que quer
E agarre seu timão.
(A completar)