os vikings e o estereótipo do bárbaro no ensino de história

OS VIKINGS E O ESTEREOacuteTIPO DO BAacuteRBARO NO ENSINO DE HISTOacuteRIA

ohnni Langer

RESUMO O artigo procura refletir sobre o baacuterbaro no ensino de Histoacuteria propondo alguns elementos para a criacutetica dos estereoacutetipos

PALAVRAS-CHAVE Civilizaccedilatildeo Viking estereoacutetipo ensino de Histoacuteria

O Viking natildeo pode ser considerado hoje irrelevante no desenvolvimento da nossa civilizaccedilatildeo pois os meacuteritos da sua arte cheia de forccedila e ritmo patenteando uma tlrme aceitaccedilatildeo das limitaccedilotildees impostas pelos materiais a utilizar satildeo mais perceptiacuteveis para noacutes agora do que o foram para os nossos antepassados Holger Arbman (Os Villtings 1967)

o mundo em que vivemos atualmente encontra-se

repleto de imagens fantasiosas sobre o passado estereoacutetipos

muito bem estruturados na sociedade que dificilmente

conseguem ser eliminados Em especial as representaccedilotildees

relacionadas com a Histoacuteria que Elias Tomeacute Saliba denomina

de imagens canocircnicas proliferam em grande quantidade nos

manuais didaacuteticos Apresentamos uma anaacutelise sobre um

caso especial envolvendo a figura do baacuterbaro escandinavo da

Idade Meacutedia no qual inicialmente apresentamos alguns

Doutor em Histoacuteria pela UFPR Professor da Unes par (Uniatildeo da Vitoacuteria PR) e Facipal (Palmas PR) Editor do boletim Notiacutecias Asgardianas

I Aqui utilizamos as palavras Viking noacuterdico e escandinavo corno sinocircnimos Diferenciaccedilotildees eacutetnicas regionais no caso dos Vikings dinamarqueses alematildees noruegueses suecos russos ou irlandeses natildeo seratildeo considerados

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paracircmetros conceituais e em seguida abordamos um experimento didaacutetico envolvendo o tema

1 O estereoacutetipo do Viking

o primeiro aspecto do estereoacutetipo a respeito dos escandinavos eacute o seu equipamento de guerra No imaginaacuterio moderno a palavra imediatamente associa-se a guerreiros portando capacetes com enormes chifres laterais Nada mais falso aos olhos da arqueologia e da historiografia medieval Dois seacuteculos de investigaccedilatildeo acadecircmica demonstraram que nunca existiu qualquer tipo de vestiacutegio material que confirmasse essa imagem Nem mesmo durante a Idade Meacutedia os Vikings eram representados dessa maneira na visatildeo de outros povos O estereoacutetipo surgiu no iniacutecio do seacuteculo XIX em consequumlecircncia da idealizaccedilatildeo romacircntica do baacuterbaro utilizado como suporte para a constituiccedilatildeo de diversas nacionalidades oitocentistas (LANGER 2001) Diversos pintores representaram cornos natildeo somente nos noacuterdicos medievais como tambeacutem em seus deuses que tornaram-se muito populares a partir de entatildeo

O advento do seacuteculo XX trouxe a novidade da cultura de massa Dois veiacuteculos em especial as histoacuterias em quadrinhos e o cinema popularizariam ao extremo essas fantasias Em 1937 o puacuteblico viu o surgimento do famoso quadrinho Prince Valiant de Harold Foster um cavaleiro descendente de Vikings mas que juntamente com o rei Arthur e seus ingleses combatem a invasatildeo de maleacuteficos escandinavos Em toda essa obra o invasormiddot Viking possui o estatuto de baacuterbaro estrangeiro trazendo a desordem o caos aos bons princiacutepios da cavalaria britacircnica E eacute claro com sua enorme estatura ferocidade e seus possantes

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elmos com cornos e asas A seacuterie foi publicada em jornais dominiGlIacutes nunca em tiras e dispensando o uso de balotildees Outros quadrinhos trataram de solidificar o imaginaacuterio claacutessico dos escandinavos Asterix (1959) EI capitan Trueno (1960) i Thor (1962) Eric the Noorman (1962) Erik the Viking (1965) Uma seacuterie em especial tornou-se responsaacutevel pela continuidade do estereoacutetipo Hagar o horriacutevel (1965)

Criado pelo norte-americano Dik Browne ateacute hoje apresenta-se como um dos maiores sucessos de tiras humoriacutesticas em jornais de todo o mundo Hagar eacute um Viking barbudo gordo relaxado e beberratildeo que como todos os seus

conterracircneos noacuterdicos vive de saques pilhagens e aventuras pelo mundo medievaL Assim como seu filho Hamlet sua esposa Helga e seu cachorro Snert Hagar porta um elmo com grandes

cornos Jaacute sua filha Honi sempre veste-se com um elmo com asas laterais e malhas peitorais de ferro - uma inspiraccedilatildeo direta

no modelo operiacutestico do seacuteculo XIX Atualmente o personagem eacute publicado diariamente em muitos perioacutedicos brasileiros como Gazeta do Povo e Folha de Paulo aleacutem de diversos aacutelbuns especiais que circulam em bancas de jornais como os quadrinhos de bolso lanccedilados pela editora Oacutepera Graphica de Satildeo Paulo em 2002

O cinema tambeacutem influiu decisivamente para a expansatildeo da imagem fantasiosa Filmes como Conan o baacuterbaro (1983) O Vikin (1978) A lenda de um guerreiro (2001) contribuiacuteram para reforccedilar a impressatildeo perante o grande puacuteblico de que os guerreiros da Antiguumlidade e Idade Meacutedia utilizavam frequumlentemente equipamentos coacuterneos aleacutem de transmitir elementos de insociabilidade e transgressatildeo civilizatoacuteria

O segundo aspecto estereoacutetipo eacute a identificaccedilatildeo escandinavos com seres impiedosos piratas pagatildeos e crueacuteis verdadeiros flagelos de Deus enviados para redimir os pecados

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dos cristatildeos ou bestas selvagens que se opotildee ao avanccedilo da

civilizaccedilatildeo cristatilde Na realidade aqui temos uma continuidade de outro estereoacutetipo muito mais antigo e que se mescla ao dos escandinavos a imagem do baacuterbaro Originalmente criada para diferenciar os povos de liacutenguas estranhas ao mundo claacutessico com o tempo transforma-se em identificaccedilatildeo com todos aqueles que natildeo eram cristianizados e portanto colocavam-se fora dos ideais de civilidade e comportamento (RAMINELLI 199oacute p 53) A questatildeo de violecircncia eacute um tema tratado atualmente de forma

relativa e cultural pela historiografia natildeo podemos associar valores morais aos povos do passado nem mesmo colocar situaccedilotildees de verdade moral quando tratamos de conflitos ou guerras

Na Idade Meacutedia Os Vikings matavam muitas pessoas e pilhavam diversas localidades europeacuteias mas natildeo adotavam a praacutetica da tortura - amplamente utilizada pelos cristatildeos Enquanto os aacuterabes eram vistos como baacuterbaros desumanos pelos europeus os muccedilulmanos ao serem destruiacutedos pelos cruzados

faziam exatamente o oposto (DUBY 1998 p51-74) Satildeo Luiacutez o famoso modelo de santidade teria afirmado a respeito dos aacuterabes Com essa gente haacute apenas um argumento a espada Eacute preciso enfiaacute-la no seu ventre (p 63) Tambeacutem os proacuteprios cristatildeos atacaram outras localidades cristatildes como Constantinopla Nesse caso resta aos professores a possibilidade de refletir o comportamento advindo confronto entre duas culturas distintas (OLIVEIRA

Advindo dessa imagem de opositor agrave civilizaccedilatildeo temos o surgimento de outro estereoacutetipo natildeo tatildeo comum no Brasil quanto na Europa os Vikings bebendo cerveja e hidromeF nos cracircnios de seus inimigos Uma associaccedilatildeo direta com o estereoacutetipo do canibalismo onde o baacuterbaro ficaria num estado

2 Bebida alcooacutelica feita agrave base de mel tiacutepica dos povos escandinavos

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proxlmo da bestialidade incapaz de perpetuar sentimentos

humanos tiacutepicos dos seres portadores de ordem moralidade e civilizaccedilatildeo Diversos estudos modernos jaacute demonstraram a

inveracidade dessa imagem (ARBMAN 1967 p 14) Mas natildeo eacute somente em nosso paiacutes que as fantasias

proliferam pelos meios educacionais ou artiacutesticos Uma pesquisa efetuada pelo site norueguecircs The Vilacircngs Network descobriu

que muitas representaccedilotildees falsas proliferam sobre jovens entre 10 e 14 anos do mundo inteiro

Ele eacute um homem com um capacete Existe chifres em seu capacete Ele usa roupas de couro Ele viveu haacute mil anos atraacutes lngvild (10) Noruega Os Vikings satildeo guerreiros que atacam em seus navios e buscam ouro e tesouros queimando e matando Josh (12) NSW Australia Os Vikings foram homens e mulheres que viveram nas costas da Austraacutelia e saiacuteram pelo mar Vikings travavam batalhas pelo mundo Chris (11) California USA Os Vikings tinham a forma dos iacutendios como os Astecas Katrina (11) Califomia USA

Na o estereoacutetipo acaba circulando maneira muito intensa na sociedade moderna numa relaccedilatildeo CINEMA

+ TV + LITERATURA + QUADRINHOS ocasionando um

imaginaacuterio muito consistente em jovens uUV~-L

3 Em diversas situaccedilotildees que vivenciamos mesmo nos meios universitaacuterios percebemos que existe uma tendecircncia no Brasil em associar a origem do nome da cerveja Skol com esse estereoacutetipo como a palavra inglesa para cracircnio e caveira eacute Skull muitos acreditam que a antiga praacutetica Viking teria originado a terminologia inglesa c posteriormente a marca da cerveja Nada mais incorreto pois as bebidas entre os baacuterbaros germacircnicos eram utilizadas em cornos de animais e a origem da palavra anglo-saxatilde Skull proveacutem do noacuterdico Skoll uma designaccedilatildeo para o deus lobo que perseguia diariamente o Sol (COTIERELL 1998 p 226)


Recentemente diversas escolas universidades museus e fundaccedilotildees culturais elaboraram diversas atividades para tentar reverter as fantasias sobre a cultura escandinava especialmente nos Estados Unidos e Europa Poreacutem as atividades didaacuteticas com o ensino baacutesico ainda satildeo o principal alvo dos pesquisadores para proporcionar uma nova concepccedilatildeo da civilizaccedilatildeo dos antigos baacuterbaros (FITZHUGH 2001 i VIKING STEREOTYPE 2001)

11 Panorama do tema em material didaacutetico e paradidaacutetico no Brasil

Em nossa anaacutelise de livros dirigidos diretamente ao ensino no Brasil encontramos alguns manuais com os estereoacutetipos em questatildeo

O primeiro eacute o manual Nova Histoacuteria Criacutetica escrito por Maacuterio Schmidt e dirigido aos alunos de 5 seacuterie Na sua paacutegina 65 apresenta uma charge onde um guerreiro Viking enormes chifres toma violentamente uma mulher - denotando tambeacutem a imagem dos noacuterdicos como seres e estupradores Na mesma obra foi utilizada uma do seacuteculo XIX sobre baacuterbaros (p 2 perpetuando outro estereoacutetipo claacutessico as asas laterais no capacete muito comuns no personagem infanto-juvenil Asterix e aplicado aos celtas c gauleses Mais uma fantasia moderna sobre a antiguumlidade

Outros livros tambeacutem apresentam equiacutevocos a respeito dos guerreiros noacuterdicos

Histoacuteria amp Consciecircncia do mundo de Gilberto Cotrim lo grau Erra ao apresentar uma fotografia de medalhatildeo apontado como germacircnico ao tratar das invasotildees baacuterbaras do seacuteculo V de (p 129) Trata-se de um medalhatildeo Viking do IXshyX de Uma figura de guerreiro em tapeccedilaria foi legendada como Viking (p 141) mas trata- se de um guerreiro do seacuteculo XII dC detalhe da tapeccedilaria de Bayeux


Histoacuteria Geral de Gilberto Cotrim 2deg grau Sobre a religiatildeo dos baacuterbaros germacircnicos do periacuteodo das grandes invasotildees ao impeacuterio romano - corretamente cita Wodan Donar e Tiwaz como deuses germacircnicos (p 79) mas erra quando cita as Valquiacuterias (nome Viking) o correto seria Idi e tambeacutem erra quando cita o Valhala o paraiacuteso Viking e Hell uma espeacutecie de inferno subterracircneo Entre a cultura germacircnica continental e a escandinava medieval existem cinco seacuteculos de separaccedilatildeo cronoloacutegico-espacial portanto natildeo satildeo a mesma coisa Os Germanos surgem na Histoacuteria na Antiguumlidade Tardia e os Vikings durante a Idade Meacutedia

Coleccedilatildeo cultura e sociedade do homem primitivo ateacute o seacuteculo XIX de Maria Valentim e Marileia Ordaz (Satildeo Paulo IBEp 1999) Apresenta como deuses germacircnicos do seacuteculo V dC Odin Thor Freia Valquiacuterias (p 189) sendo que na realidade eles satildeo expressotildees linguumliacutesticas de deuses Vikings durante a Idade Meacutedia

Temos que perceber que o espaccedilo dedicado exclusivamente aos escandinavos medievais nos manuais de ensino fundamental e meacutedio eacute extremamente curto ocasionando uma ausecircncia de iconografia e consequentemente maiores condiccedilotildees de aacutenaacutelise por nossa parte

Alguns manuais paradidaacuteticos atualmente disponiacuteveis no Brasil em sua maioria traduccedilotildees de originais estrangeiros satildeo de excelente qualidade Vikings (Coleccedilatildeo Desafios1996) Fiona MacDonaldj Os Vikings (Coleccedilatildeo Povos do passado1990) Michael Gibson Os Vikings (Coleccedilatildeo Povos do passado1996) Philippe Brochardj Os Vikings (Coleccedilatildeo Eu estive laacute1993) John Clare Com textos acessiacuteveis documentados e fartamente ilustrados satildeo um excelente apoio didaacutetico aos professores de ensino fundamental e meacutedio principalmente para criarem condiccedilotildees de reverter as imagens estereotipadas


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Entretanto uma ediccedilatildeo paradidaacutetica apresentou uma

farta iconografia estereotipada Os Vikings (Coleccedilatildeo Mitos e Lendas 1997) Gilles Ragache De origem francesa o texto apresenta uma adaptaccedilatildeo infanto-juvenil de muitos mitos de origem germacircnica mas que acabam perpetuando as imagens tradicionais sobre o baacuterbaro por meio das diversas ilustraccedilotildees que acompanham o texto

Outro livro que apresenta muitos problemas eacute O enigma dos Vikings (Coleccedilatildeo Entre Linhas e Letras 1999) de Romilda Raeder Trata-se de um romance destinado ao puacuteblico infantil do ensino fundalnental Os escandinavos satildeo tratados no livro como seres extremamente embrutecidos enormes musculosos

e muito violentos Ou seja um referencial moderno advindo

de filmes como Conan o Baacuterbaro A ilustraccedilatildeo da capa jaacute esclarece o conteuacutedo um brutamonte com o tiacutepico capacete de cornos

Em mais uma obra destinada ao puacuteblico infanto-juvenil desta vez um desenho animado As novas aventuras de Robin Hood (Coleccedilatildeo Videoteca da crianccedila 1992) tambeacutem cxemplifica o poder do estereoacutetipo Na Inglaterra medieval o

povo vive pacificamente sob o comando do heroacutei Robin Hood ateacute o momento em que os Vikings surgem matando e destruindo a harmonia coletiva Aqui temos uma tiacutepica associaccedilatildeo de

VIOLEcircNCIA + CHIFRES = BARBAacuteRIE que influi muito na construccedilatildeo do imaginaacuterio das crianccedilas e adolescentes

2 Estudo de caso desmistificaccedilatildeo dos Vikings no ensino meacutedio

Em outubro de 2001 efetuou-se um estaacutegio supervisionado do curso de Histoacuteria da Unespar campus de

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Uniatildeo da Vitoacuteria tratando da desmistificaccedilatildeo dos povos

escandinavos O estaacutegio foi executado no estabelecimento Coleacutegio Estadual Neusa Domit na cidade de Uniatildeo da Vitoacuteria PR A turma escolhida foi a primeira seacuterie do ensino meacutedio composta por 30 alunos tendo como supervisores os professores Leni Trentin Gaspari e Aluiacutesio Witiuk e como estagiaacuterio o estudante Marlon Acircngelo Maltauro

O principal objetivo do estaacutegio era a ruptura das ideacuteias preacuteshyconcebidas referentes aos escandinavos medievais bem como a exposiccedilatildeo do seu legado com o intuito de criar reflexotildees acerca dos acontecimentos histoacutericos (MALTAURO 2001 p 34)

Os conteuacutedos explorados foram origem da civilizaccedilatildeo Viking cultura organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa

arquitetura e escultura religiatildeo e mitologia o fim da era Viking

Com relaccedilatildeo agraves principais competecircncias e habilidades propostas

Localizar no mapa mundi os paiacuteses de origem dos povos Vikings os paiacuteses por eles colonizados e as rotas de suas incursotildees pelo mundo Situar as diversas produccedilotildees da cu noacuterdica - as linguagens as artes a religiatildeo a mitologia as tecnologias e outras manifestaccedilotildees - nos contextos histoacutericos de suas constituiccedilatildeo e significaccedilatildeo

Comparar problemaacuteticas atuais com o abordado nas aulas

Demonstrar o tempo histoacuterico como duraccedilatildeo Criticar analisar e interpretar fontes documentais de naturezas diversas Produzir textos analiacuteticos e interpretativos sobre este processo histoacuterico


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Durante a primeira aula apoacutes a apresentaccedilatildeo do tema e os objetivos do estaacutegio foi solicitado aos alunos que desenvolvessem um texto sobre qual era a sua concepccedilatildeo a respeito dos Vikings Praticamente a maioria tratou da imagem claacutessica o estereoacutetipo do qual abordamos ateacute aqui (MALTAURO 2001 p 34-37) Apoacutes a produccedilatildeo textual explicou-se como foram originados os estereoacutetipos e imagens fantasiosas e em seguida foram abordados os aspectos baacutesicos do mundo noacuterdico Por meio de mapas graacuteficos e recursos

visuais explanou-se sobre a cultura Viking desde suas origens ateacute o periacuteodo de expansatildeo As principais caracteriacutesticas da sociedade poliacutetica comeacutercio colonizaccedilatildeo e principais

descobertas arqueoloacutegicas da atualidade Na segunda aula foi exibido o filme O deacutecimo terceiro

guerreiro produccedilatildeo cinematograacutefica recente que retrata com muito realismo a cultura Viking Tambeacutem foram feitos

comentaacuterios sobre o enredo do filme baseado nas expediccedilotildees do iacuterabe Ahamrned Ibn Fadlan aleacutem de discussatildeo com os alunos aos final da transmissatildeo do viacutedeo

Na terceira e uacuteltima aula foi exibido o documentaacuterio Os Vikings onde os alunos fizeram a comparaccedilatildeo com o conteuacutedo e o filme exibido anteriormente E como trabalho final foi solicitado aos estudantes que novamente escrevessem o que pensavam sobre os escandinavos medievais

Os resultados alcanccedilaram a proposta inicial do projeto de estaacutegio demonstrando a possibilidade de se reverter estereoacutetipos da Histoacuteria

Eu imaginava que os Vikings eram quer dizer usavam capacetes com chifres que eram muito brutos com as mulheres c que principalmente natildeo tinham um lugar para habitar que eram um povo nocircmade (Elis Acircngela)


Natildeo eacute aquele homem com um chifre na cabeccedila como muitos entendiam como Viking (Adriely de Brito) Eacute uma viSJO bem diferente que eles eram pessoas porcas e que usavam chifres na cabeccedila [ ] Ateacute que eles eram pessoas bem unidas (NataliMoreiradaCruz) Mudei muito a minha maneira de ver os Vikings eles natildeo satildeo apenas homens que se vestem mal ou porcos como antes cu coloquei Satildeo ou foram acima de tudo homens corajosos lutadores sonhadores sonhavam com um mundo melhor (Elainc)

3 Conclusatildeo Histoacuteria e ensino reflexivo

Ao analisar a metodologia de ensino tradicional podemos verificar que em muitos casos eacute uma forma pedagoacutegica ultrapassada necessitando rapidamente de alteraccedilotildees Nestas metodologias percebemos que o ensino da Histoacuteria mostra-se como produto pronto e acabado verdades absolutas trazidas pelos professor que orienta-se pelo livro didaacutetico c repassa esse conteuacutedo Dessa maneira imagens tradicionais produtos do senso comum e muitos estereoacutetipos satildeo perpetuados constantemente nas mais diversas e faculdades de nosso paiacutes Mas a reflexatildeo criacutetica sobre as imagens canocircnicas (SALIBA 1999) ou estereoacutetipos no ensino de Histoacuteria tambeacutem deve partir dos proacuteprios alunos

Devemos fazer com que o aluno construa seu proacuteprio conhecimento Para que isto ocorra u educador deve estimular debates em sala de aula e fazer com que o aluno produza textos manifestando a compreensatildeo do que leu com o que o professor falou c discutiu em sala de aula estabelecendo relaccedilotildees No tocante a esta produccedilatildeo histoacuterica o educador tambeacutem deve fazer com que ela tenha a finalidade de captar e recuperar as relaccedilotildees que se estabelecem entre os grupos humanos que sempre em desenvolvimento evidenciam manifestaccedilotildees contraditoacuterias (MALTAURO 2001 p 49)


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Em um outro experimento didaacutetico desenvolvido sobre o tema dos Vikings percebemos do mesmo modo a importacircncia

da reflexatildeo dos alunos levando-os a situar o debate sobre o estereoacutetipo do baacuterbaro para o mundo contemporacircneo

Nestas discussotildees as classes refletiram sobre a discriminaccedilatildeo sofrida por negros e Uacuteldios em diversas eacutepocas e paiacuteses iembraram a maneira como os europeus ocidentais vecircem seus compatriotas do leste E no final alguns alunos chegaram agrave conclusatildeo de que para muita gente o baacuterbaro de ontem eacute o nordestino ou baiano de hoje (OLIVEIRA1993)

o surgimento do baacuterbaro idealizado durante o seacuteculo

XIX atendia a motivaccedilotildees que iam aleacutem do interesse individual dos artistas Foi fruto de um momento onde o mito explicava as origens histoacutericas e era legitimado pela linguagem artiacutestica Em nosso tempo apenas restou o estereoacutetipo que cada vez mais cede espaccedilo para novas interpretaccedilotildees artiacutesticas e produtos da

cultura de massa imagem dos Vikings ainda continua a fascinar restando aosmiddot educadores pesquisadores e estudantes

o resgate de uma nova forma de conceber esses povos do passado tornando o ensino de Histoacuteria muito mais reflexivo Afinal como declarou Robert Darton uma das missotildees do historiador eacute dar sentido agrave condiccedilatildeo humana Ao desconstruir estereoacutetipos noacutes estaremos natildeo somente entendendo de maneira muito mais eficiente as antigas sociedades como

tambeacutem refletindo sobre nosso proacuteprios valores contemporacircneos


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ABSTRACT The article looks for to reflect on the Barbarian in the education of History considering some elemcnts for the criticaI of stercutypes

KEY-WORDS Viking civilization stereotype education ofHistory


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paracircmetros conceituais e em seguida abordamos um experimento didaacutetico envolvendo o tema

1 O estereoacutetipo do Viking

o primeiro aspecto do estereoacutetipo a respeito dos escandinavos eacute o seu equipamento de guerra No imaginaacuterio moderno a palavra imediatamente associa-se a guerreiros portando capacetes com enormes chifres laterais Nada mais falso aos olhos da arqueologia e da historiografia medieval Dois seacuteculos de investigaccedilatildeo acadecircmica demonstraram que nunca existiu qualquer tipo de vestiacutegio material que confirmasse essa imagem Nem mesmo durante a Idade Meacutedia os Vikings eram representados dessa maneira na visatildeo de outros povos O estereoacutetipo surgiu no iniacutecio do seacuteculo XIX em consequumlecircncia da idealizaccedilatildeo romacircntica do baacuterbaro utilizado como suporte para a constituiccedilatildeo de diversas nacionalidades oitocentistas (LANGER 2001) Diversos pintores representaram cornos natildeo somente nos noacuterdicos medievais como tambeacutem em seus deuses que tornaram-se muito populares a partir de entatildeo

O advento do seacuteculo XX trouxe a novidade da cultura de massa Dois veiacuteculos em especial as histoacuterias em quadrinhos e o cinema popularizariam ao extremo essas fantasias Em 1937 o puacuteblico viu o surgimento do famoso quadrinho Prince Valiant de Harold Foster um cavaleiro descendente de Vikings mas que juntamente com o rei Arthur e seus ingleses combatem a invasatildeo de maleacuteficos escandinavos Em toda essa obra o invasormiddot Viking possui o estatuto de baacuterbaro estrangeiro trazendo a desordem o caos aos bons princiacutepios da cavalaria britacircnica E eacute claro com sua enorme estatura ferocidade e seus possantes









































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