As fontes jornalísticas e a abordagem do Bioma Pampa

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SBPJor Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: As fontes jornalísticas e a abordagem do Bioma Pampa Eliege Maria Fante 1 Resumo: Este artigo reflete sobre a abordagem do Bioma Pampa através da identificação das fontes citadas nas notícias difundidas pelo portal de internet do principal grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, o clicRBS. Com a identificação destas fontes no período de aprovação do Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvicultura, em abril de 2008, e a fundamentação do Jornalismo Am- biental, pretende-se que as considerações apresentadas estimulem a complexificação das pautas e a construção de notícias que atendam ao interesse público. Acredita-se que assim o cidadão será incenti- vado a participar mais das decisões que repercutirão, de alguma maneira, no seu presente e no seu futuro. Palavras-chave: jornalismo ambiental; fontes jornalísticas; bioma pampa; silvicultura; clicRBS. 1. Introdução Este artigo se propõe a refletir sobre o jornalismo referente ao Bioma Pampa através da exposição dos temas abordados e da identificação das fontes citadas nas notícias difundidas pelo portal de internet do principal grupo de comunicação do Rio Grande do Sul, o clicRBS. O período observado é o de aprovação do Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvi- cultura no Estado, ZAS, em abril de 2008. Ao pretender-se apontar os aspectos a serem inte- grados no processo de construção das notícias, espera-se contribuir para a formação do Jorna- lismo Ambiental, no qual, “[...] tudo é informação, incluindo o próprio ambiente, o espaço e as diferentes manifestações que ele abriga” (GIRARDI et all, 2010, p.12). A leitura das notícias possibilitou a constatação de que não houve a indicação da subs- tituição do Bioma Pampa devido implantação da Silvicultura. Não obstante esta abordagem 1 Jornalista, mestranda em Comunicação e Informação pela UFRGS. Email: [email protected].

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Artigo apresentado nas Comunicações Livres do 9º Encontro Anual da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) sobre ”Jornalismo e Mídias Digitais“.

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  • 1. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: As fontes jornalsticas e a abordagem do Bioma Pampa Eliege Maria Fante 1Resumo: Este artigo reflete sobre a abordagem do Bioma Pampa atravs da identificao das fontescitadas nas notcias difundidas pelo portal de internet do principal grupo de comunicao do RioGrande do Sul, o clicRBS. Com a identificao destas fontes no perodo de aprovao do ZoneamentoAmbiental para a Atividade de Silvicultura, em abril de 2008, e a fundamentao do Jornalismo Am-biental, pretende-se que as consideraes apresentadas estimulem a complexificao das pautas e aconstruo de notcias que atendam ao interesse pblico. Acredita-se que assim o cidado ser incenti-vado a participar mais das decises que repercutiro, de alguma maneira, no seu presente e no seufuturo.Palavras-chave: jornalismo ambiental; fontes jornalsticas; bioma pampa; silvicultura; clicRBS. 1. Introduo Este artigo se prope a refletir sobre o jornalismo referente ao Bioma Pampa atravsda exposio dos temas abordados e da identificao das fontes citadas nas notcias difundidaspelo portal de internet do principal grupo de comunicao do Rio Grande do Sul, o clicRBS.O perodo observado o de aprovao do Zoneamento Ambiental para a Atividade de Silvi-cultura no Estado, ZAS, em abril de 2008. Ao pretender-se apontar os aspectos a serem inte-grados no processo de construo das notcias, espera-se contribuir para a formao do Jorna-lismo Ambiental, no qual, [...] tudo informao, incluindo o prprio ambiente, o espao eas diferentes manifestaes que ele abriga (GIRARDI et all, 2010, p.12). A leitura das notcias possibilitou a constatao de que no houve a indicao da subs-tituio do Bioma Pampa devido implantao da Silvicultura. No obstante esta abordagem1 Jornalista, mestranda em Comunicao e Informao pela UFRGS. Email: [email protected].
  • 2. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::tenha sido feita no decorrer das atividades que geraram o debate pblico 2 atravs, principal-mente, dos tcnicos, professores, pesquisadores e ambientalistas vinculados aos rgos esta-duais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental, o jornalismo ob-servado optou por dar nfase s declaraes do governo estadual, empresas da celulose e seto-res ligados silvicultura. Portanto, o vis econmico predominou na abordagem jornalstica. Os pressupostos do Jornalismo Ambiental sero revisados com Bueno (2007) e Bac-chetta (2008; 2000). As informaes disponibilizadas pelos tcnicos, professores, pesquisado-res e ambientalistas vinculados aos rgos estaduais e federais ambientais, universidades e aomovimento socioambiental, dentre os quais se destaca Chomenko (2007), Boldrini (2006) eTeixeira Filho (2008), vo proporcionar a compreenso da complexidade do Bioma Pampabem como do debate no perodo. A escolha do clicRBS se justifica por este portal de internet multiplicar as notciasproduzidas em todos os outros veculos do Grupo RBS (Rede Brasil Sul de Comunicao),dentre eles: 18 emissoras de televiso aberta; 2 emissoras locais de televiso; uma emissorasegmentada focada no agronegcio; 25 emissoras de rdio; 8 jornais dirios; 4 portais na In-ternet3. Ainda sobre a imensa abrangncia comunicacional, segundo o Instituto Verificador deCirculao, o clicRBS ficou em terceiro lugar no nmero de visitas em um total de 39 sitesauditados, no ltimo trimestre de 2010. Foram registradas, por exemplo, 29.356.514 visitas4em dezembro do ano passado. 2. O Bioma Pampa no contexto da aprovao do ZAS O Pampa o bioma5 presente em 63% do RS, caracterizado por campos, e no por flo-restas, predominantes em outros biomas brasileiros, como o Mata Atlntica ou o Amaznico.2 Reunies do Conselho Estadual de Meio Ambiente, Consema, suas Cmaras Tcnicas, bem como palestras eseminrios abertos ao pblico.3 Disponvel em: Acesso em: set. 2009.4 Visitas. Mede a frequncia de acessos. Ver em Glossrio rpido. Disponvel em: Acesso em: 15 fev. 2011.5 [...] conjunto de vida (vegetal e animal) constitudo pelo agrupamento de tipos de vegetao contguos e iden-tificveis em escala regional, com condies geoclimticas similares e histria compartilhada de mudanas, oque resulta em uma diversidade biolgica prpria. Mapa de Biomas do Brasil e Mapa de Vegetao do Brasilpelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, IBGE, em parceria com o Ministrio de Meio Ambiente,MMA (2004). Disponvel em:
  • 3. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::Por isso tambm, que uma das principais atividades econmicas dos sul-rio-grandenses ougachos a pecuria de corte. A diversificao econmica atravs das polticas dos governosdeveria buscar o desenvolvimento de atividades sustentveis. Porm, com a introduo dasmonoculturas de gros para a exportao (comoditties) a partir dos anos 70, passou-se a regis-trar o aceleramento da degradao do Bioma e o comprometimento da fauna e flora campes-tres. Atualmente, 39% de sua rea total so constitudas por remanescentes de campos natu-rais. O Pampa encontra-se exposto degradao provocada pela ao humana tambm por terpoucas reas protegidas, apenas 17, ou 3,6% da rea total do bioma (PICOLI; VILLANOVA,2007). O Bioma Pampa compreende uma rea de 700 mil Km2, compartilhada entre Argenti-na, Brasil e Uruguai. No Brasil, se estende na metade sul do Rio Grande do Sul, abrangendo176 mil Km2. A pecuria conta com o apoio de bilogos6 bem como demais estudiosos dascaractersticas do Pampa, devido capacidade de atravs do pasto, manter-se a paisagem daplancie. Mas, em 2004 iniciou-se uma nova onda7 de desenvolvimento da silvicultura noPampa. Para que fosse desenvolvida uma atividade econmica de acordo com a legislao(Cdigo Estadual de Meio Ambiente e Resoluo nmero 084/2004 do Conselho Estadual doMeio Ambiente, Consema), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sema, determinou acriao de um regramento da atividade da silvicultura. A realizao do documento teve o a-poio de tcnicos da Fundao Estadual de Proteo Ambiental Lus Henrique Roessler, Fe-pam, da Fundao Zoobotnica do Rio Grande do Sul, FZB, e do Departamento de Florestas ereas Protegidas, Defap.Acesso em: 06 set. 2010.6 PILLAR, Valrio De Patta. Campos Sulinos - conservao e uso sustentvel da biodiversidade. Braslia:MMA, 2009. 403p. Disponvel em: Aces-so em: 06 set. 2010.7 Nas dcadas de 1960 e 1980 houve incentivo dos governos. In: BINKOWSKI, Patrcia. Conflitos ambientais esignificados sociais em torno da expanso da silvicultura de eucalipto na Metade Sul do Rio Grande doSul. 2009. 212f. Dissertao (Mestrado em Desenvolvimento Rural) Curso de Ps-Graduao em Ps-Graduao em Desenvolvimento Rural da Faculdade de Cincias Econmicas da Universidade Federal do RioGrande do Sul, Porto Alegre, 2009. p.31.
  • 4. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Enquanto o Zoneamento Ambiental para a Atividade da Silvicultura, ZAS, esteve emconstruo, foram emitidas apenas autorizaes8 para que os plantios fossem realizados emreas de reformas de plantio ou j de uso agrcola. Contudo, as empresas do setor da celulosee o governo do Estado, pressionavam a Fepam para a liberao das licenas ambientais. Entre abril de 2007 e maro de 2008, o ZAS esteve em discusso no Consema, tantonas reunies quanto nas suas Cmaras Tcnicas. Um consenso estava em construo quantos restries silvicultura para a preservao do Pampa, mas na reunio do Consema de 18 demaro, foram retiradas as principais restries: os ndices de vulnerabilidade e de restriopara as unidades de paisagem, alm de ter sido desconsiderada a relevncia da manutenodos limites quanto ao tamanho dos macios e seus espaamentos (BRACK apud TEIXEIRAFILHO, 2008, p.266). A pressa pela aprovao do ZAS menos restritivo, por parte do governo do Estado esetores ligados silvicultura, levou reunio extraordinria do Consema em 9 de abril, a qualdeveria ter sido suspensa devido liminar da Justia apresentada pela Associao Gacha deProteo Ambiental, Agapan. A finalidade era ter 15 dias para ler o relatrio da reunio naqual retiraram-se as principais restries do ZAS. Porm, o secretrio estadual de Meio Am-biente e presidente do Consema, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, conseguiu j na noitede 9 de abril, a cassao da liminar anterior e realizou a votao do ZAS. A partir deste fato at agosto de 2008, quando a Justia determinou o retorno do ZASao Consema e a retomada do debate pblico em busca de um consenso quanto s restries silvicultura e preservao do Pampa, licenas ambientais foram concedidas. Portanto, semterem sido considerados os ndices de vulnerabilidade e de restrio para as unidades de pai-sagem, nem os limites quanto ao tamanho dos macios e seus espaamentos. importante destacar-se que a rea9 da silvicultura no Estado corresponde a 563,5 milhectares. E, a meta das empresas da celulose dobr-la nos prximos anos, rea equivalente ocupada no Uruguai, onde os efeitos da silvicultura j so conhecidos. Bacchetta (2008, p. 90)8 MINISTRIO PBLICO ESTADUAL/RS. "Termo de Ajustamento de Conduta - MPE x FEPAM/RS, a res-peito dos licenciamentos ambientais da silvicultura". 2006. 05 pginas. Disponvel em: Acesso em: out. 2010.9 JORNAL CORREIO DO POVO. Reflorestamento ganha espao. Correio do Povo, Porto Alegre, 13 de agos-to de 2010. Disponvel em: Acesso em: 15 ago. 2010.
  • 5. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::ressalta que foram observados processos de salinizao e acidificao do solo, indicando per-da de fertilidade. A riqueza da biodiversidade do Bioma Pampa se manifesta atravs das ca-ractersticas dos solos, da flora e da fauna e, a partir desta, que os bilogos indicam usosadequados do territrio. Boldrini (2006) cita a estimativa10 de que h, pelo menos, trs milplantas vasculares, com 450 espcies de gramneas e 150 de leguminosas, alm de 385 aves e90 mamferos. medida que os estudos avanam novas espcies vo sendo catalogadas. Eainda, parte destas espcies endmica, ou seja, s ocorrem neste ecossistema. O que tornaainda mais triste a ameaa de extino das espcies. 3. Jornalismo Ambiental Segundo Bucci (2000, p.165), pode-se destacar entre os mandamentos do Jornalis-mo, o desejo dominante de descobrir a verdade, pensar nas consequncias do que se publi-ca e possuir o impulso de educar. A tica norteia a prtica do jornalista como bem explicao autor. De outra forma, erros so cometidos e multiplicados, comunidades e seus territrios,sofrero com os impactos de decises que atendem mais aos interesses de pblicos do queao interesse pblico. Por isso, os pressupostos tomados nesta reflexo para uma prtica maisconsciente e cidad pelos profissionais de mdia, vm do Jornalismo Ambiental. Assim comoGels, acredita-se que: Se necessita de uma sociedade mais participativa e influente em seu destino. Por es- sa razo de todos os setores se reclama mais e melhor participao cidad. Mas a populao em geral est desinformada, carece de conhecimentos e no est a par dos acontecimentos. necessrio mudar esta situao para fortalecer o empoderamento e a governana11 (apud GIRARDI; SCHWAAB, 2008, p. 69). Neste sentido, o Jornalismo Ambiental uma proposta de jornalismo integral, contex-tualizado, que busca complexificar a pauta. uma prtica atenta s interdependncias entre osseres nos ecossistemas, que propicia a percepo de que o ser humano uma parte do todo eque precisa proteger o meio ambiente para no comprometer o acesso aos bens naturais ne-cessrios existncia das geraes vindouras.10 BOLDRINI, Ilsi. Biodiversidade nos campos sulinos. 2006. 15f. Disponvel em: Acesso em: out. 2010.11 Traduo da autora.
  • 6. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Para Wilson Bueno, dentre 15 temas para serem acompanhados nas pautas jornalsti-cas, dentro do conjunto bastante diversificado de temas que o Jornalismo Ambiental inclui,est as comunidades biolgicas (os biomas e sua preservao), (apud GIRARDI; SCHWA-AB, 2008, p. 108). Segundo explica, o Jornalismo Ambiental deve estar sintonizado com adiversidade e alerta para os interesses das empresas poluidoras que se oferecem para falarcientificamente do seu negcio. Bueno (2007) v como um desafio das coberturas a supera-o do conflito entre o saber ambiental e o sistema fragmentado de produo jornalstica: O saber ambiental tem sido penalizado pelo chamado mosaico informativo que ca- racteriza a produo miditica, que lhe retira a perspectiva integrada e a sua dimen- so histrica, contemplando-o a partir de fragmentos de cobertura que descartam o contexto [...]. Por este motivo, o cidado [...] tem dificuldade para entender a ampli- tude e a importncia de determinados conceitos, e geralmente vislumbra o meio am- biente como algo que lhe externo (BUENO, 2007, p.17-18). Como diz Bacchetta (2000, p.18): A amplitude do jornalismo ambiental se manifestana interdependncia que deve estabelecer entre os mais diversos campos 12. Assim, no pos-svel o jornalismo apresentar uma notcia que no aborde sequer os contextos indicados pelasfontes presentes do debate pblico. Para Nuez (apud BACCHETTA et al, 2000, p.26), pre-ciso mudar o paradigma dominante de produo, que v na diversidade um empecilho ao seunegcio. Pois, A sociedade moderna ocidental generalizou o conceito de que os sistemas de produo baseados na diversidade so de baixa produtividade. No entanto, a alta produtividade atribuda aos sistemas uniformes est baseada em uma avaliao unidimensional dos resultados e exclui outros efeitos. Ao mesmo tempo, ignora as muitas performances dos sistemas de produo baseados na diversidade 13. O paradigma dominante do qual o autor trata acima, est presente no jornalismo e pre-cisa ser modificado. A notcia de 26 de abril, Menos um empecilho para as florestadoras,afirma que desde a aprovao do ZAS (sem as principais restries), duas empresas da celulo-se puderam receber as licenas aguardadas. O que a notcia no explica que o ZoneamentoAmbiental um instrumento de orientao para o adequado aproveitamento do territrio, queconsidera a oferta dos bens naturais com justa distribuio entre todos os usurios (desde osmais antigos ou grandes como a pecuria e a orizicultura, at os pequenos, como as propri-12 Traduo da autora.13 Traduo da autora.
  • 7. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::edades rurais familiares e os habitantes urbanos). Enfim, trata-se de um instrumento para pro-piciar a aplicao de polticas pblicas. O Jornalismo Ambiental, segundo Bueno (2007, p.36), pressupe um olhar multi einterdisciplinar, politicamente engajado, planetariamente comprometido. Na redao da not-cia, estes pressupostos vo aparecer ao buscar-se complexificar a pauta, ampliar o leque defontes buscando-as em diversos lugares, e no apenas naqueles relacionados s fontes oficiaisou cientficas. A lattelizao das fontes, de que trata Bueno (Ibidem), outro extremo aoqual o jornalista no pode sucumbir. Nas palavras deste autor, Quando o jornalista ambiental quiser debater o impacto da monocultura de eucalipto no deve perguntar apenas aos pesquisadores, em particular aqueles financiados pela Aracruz Celulose ou pela Votorantim (entre outras), mas s populaes que vivem ao redor destes megaprojetos [...], e aos indgenas desalojados pelas grandes empre- sas de papel e celulose (2007, p.47). Para Traquina (2008, p.120), nem todos os agentes sociais so iguais no seu acessoaos jornalistas e as fontes oficiais so as fontes dominantes na produo de notcias. Es-tando ciente desta realidade, o jornalista cidado precisa se comprometer a ampliar e a diver-sificar a sua busca pelas informaes. Segundo Kovach; Rosenstiel (2004, p.175), dar vozpara os sem voz, significa vigiar os poucos poderosos da sociedade em nome dos muitos naluta contra a tirania. A incluso de aspectos do Bioma Pampa nesta reflexo visa demonstrar que esta com-plexidade tambm deve ser retratada pelo jornalismo. Pois, ignorar as especificidades de umterritrio, acarreta perdas desde as referentes fauna e flora, at aquelas relacionadas pai-sagem, aos hbitos e aos costumes das comunidades. 4. O Bioma Pampa no clicRBS O clicRBS (desde 2000), produz jornalismo on-line e um canal difusor de todas asoutras mdias do Grupo RBS. por proporcionar uma maior visibilidade ao trabalho realizadonas diversas redaes e disponibilizar o acesso a qualquer contedo atravs de um buscador,que se considera o clicRBS uma fonte de acesso a todas as notcias veiculadas sobre o BiomaPampa e o ZAS. Rocha (2006, p.182), confirma a funo de difusor do clicRBS: So dispo-nibilizados no endereo do portal [...] no apenas a verso digitalizada dos jornais impressos,
  • 8. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::como tambm as outras mdias (rdio e televiso) e ainda as novas ferramentas de web, osblogs. A observao iniciou-se a partir de uma busca com as palavras-chaves Bioma Pam-pa, no perodo 200814. O portal clicRBS disponibilizou 14 resultados, tendo sido descartados12 deles por se situarem aps o ms de abril. E, apenas duas notcias foram disponibilizadasem maro de 2008. Assim sendo, no foram encontradas notcias com os termos BiomaPampa no buscador do portal clicRBS em abril de 2008. Justamente, o ms em que o debateno espao pblico alcanou o seu ponto mais alto - a aprovao do ZAS sem os limites neces-srios preservao do Bioma Pampa. A partir desta constatao, optou-se por realizar uma busca com as palavras-chavesZoneamento Ambiental da Silvicultura, no mesmo perodo, j que as restries silvicultu-ra extradas para a sua aprovao expunham o Bioma Pampa degradao. Desta vez, 1515notcias foram apontadas pelo buscador do clicRBS. A leitura destas proporcionou a identifi-cao dos temas abordados cujo foco foi o vis econmico, de desenvolvimento para a Me-tade Sul do RS atravs dos plantios florestais, da produo de celulose e da gerao deempregos derivados da silvicultura. Atravs da leitura das notcias constatou-se que no houve a indicao de que a silvi-cultura estava sendo implantada no Bioma Pampa, ampliando a sua degradao e impactandoa vida das comunidades do entorno das lavouras arbreas. O jornalismo observado localizou oinvestimento na Metade Sul do RS, assim como o fizeram as empresas da celulose e o go-verno do Estado. Entende-se que, ao no se especificar que a silvicultura estava sendo implan-tada no Pampa, o leitor pode ter sido levado a crer que no haveria impactos alm dos positi-vos amplamente divulgados, como o de gerao de empregos e renda. Ao mesmo tempo,Chomenko (2007) alertava que: Os cultivos de Eucalyptus spp e Pinus spp em reas inadequadas podero conduzir a graves conflitos, [...], seja pelo uso de recursos escassos, seja pela posse da terra ou ainda pela prpria perda da identidade cultural regional. Inmeros estudos em vrios pases, destacando-se Chile, Argentina, Uruguai, que esto mais prximos da reali- dade do Rio Grande do Sul, vem demonstrando o alto grau de impactos adversos, [...], destacando-se que surgem conflitos pela gua. Alm disso, solos passam a a- presentar maior acidez, reduo na sua fertilidade, incremento de eroso, em funo14 Disponvel em: http://www.clicrbs.com.br/busca/rs?a=l&t=2008&q=Bioma%20Pampa&p=1&c=-1&k=0&s=0Acesso em: 13 ago. 2010.15 Foram 16 notcias apontadas no resultado desta busca, porm uma delas no foi disponibilizada a partir dabusca pelo clicRBS.
  • 9. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: da alterao da estrutura do solo e reduo de permeabilidade de gua. Surge, tam- bm, o constante risco de incndios (CHOMENKO, 2007, p.4-7). O excessivo consumo de gua do qual depende o desenvolvimento do eucalipto (rvo-re mais utilizada na silvicultura no RS) devido alta atividade evapo-transpiratria16, por e-xemplo, permeou os debates no espao pblico. Um tema no includo nos resultados da bus-ca no clicRBS. Constatou-se tambm, a referncia silvicultura como se correspondesse floresta, reflorestamento, bosques. Pois, de acordo com o Caderno Biodiversidade doMovimento Mundial pelas Florestas Tropicais17 (WRM em ingls), Uma floresta contm numerosas espcies de rvores e de arbustos de todas as ida- des, alm de muitas outras espcies vegetais no solo e sobre as prprias rvores e arbustos (trepadeiras, epfitas, parasitas, etc.) - e uma enorme variedade de espcies de fauna, que nela encontram abrigo, alimentos e possibilidades de reproduo. Ao contrrio, uma plantao compe-se de uma ou poucas espcies de rvores de rpido crescimento (geralmente exticas), plantadas em blocos homogneos da mesma ida- de, onde a vegetao local no consegue se desenvolver, e a fauna no encontra ne- nhum alimento. As florestas esto habitadas por comunidades humanas que delas as- seguram sua sobrevivncia. As plantaes no alojam comunidade alguma. Ao con- trrio: as expulsam, privando-as de seus meios de vida (CADERNO 28, 2009, p.2). Cabe assinalar-se, por ltimo, o aparecimento da classificao de Setor Florestal -quele promotor da silvicultura, o que tambm consiste em um erro. As empresas bem como osetor que atua no ramo da silvicultura planta rvores exticas de eucalipto, pinus ou accia. E,ainda, utiliza sementes transgnicas. 5. As fontes jornalsticas e algumas consideraes A apresentao dos temas nas 15 notcias evidencia (Quadro 1) a nfase na crtica aoZAS. A demora dos licenciamentos para os plantios, a divulgao dos investimentos a se-rem feitos no Estado em bilhes de dlares e a gerao de empregos preencheram o espao.16 Conforme estudo feito pela UFRGS em 1972, A taxa de transpirao de Eucalyptus rostrata varia de 3 a 21litros por hora durante o ano, colocando-a entre os vegetais com maior transpirao que se conhecia e (2) partin-do-se de uma mdia de 10 litros por hora e levando-se em conta as dez principais horas do dia, o autor estimou atranspirao em 100 litros por dia de 10 horas. In: BUCKUP, Ludwig. A monocultura com eucaliptos e asustentabilidade. Maro de 2006. 05f. Disponvel em:http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/artigos-e-revistas/A_Monocultura_com_Eucaliptos_e_a_Sustentabilidade_.pdf Acesso em: 28 fev. 2011.17 Disponvel em: http://www.wrm.org.uy/publicaciones/Desmascarando_engodos.pdf Acesso em: 15 ago. 2010.
  • 10. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Quadro 1 Temas abordados nas notcias do clicRBS e frequncia O ZAS menos restritivo/ o apoio do governo 7 A demora na liberao de licenas/ a retomada dos licenciamentos 16 Ameaa ao Bioma Pampa/ no preservao da biodiversidade 6 Sada econmica "Metade Sul" 3 Dependncia do ZAS pelas empresas para realizar plantios e investimentos 7 Nenhum risco ao ambiente 2 Divulgao dos investimentos em bilhes de U$ e R$ 9 Retomada por parte das empresas aos plantios e de mais investimentos (fbricas) 5 Desenvolvimento do RS no setor da silvicultura 1 Gerao de empregos e Produo de celulose 10 Divulgao das reas de plantios em ha/ sua localizao nos municpios 7 Novos licenciamentos a partir do novo ZAS 2 FONTE: Elaborado pela autora (FANTE, 2011). Segundo Girardi et al (2010, p.12), O Jornalismo Ambiental pressupe uma prticaque, partindo do tema ecolgico, englobe na sua ao os vrios matizes nos quais este tema sedesdobra, suas diversas tematizaes possveis, nas quais o jornalismo fala das e deixa falaras diferentes vozes. Referente diversidade de fontes citadas nas notcias do clicRBS (Qua-dro 2), preciso esclarecer que, a linha Outros, representa as fontes citadas em uma nicanotcia (Pouco impacto na Serra, 11 abr. 2008). As presenas predominantes foram as fon-tes do governo estadual, principalmente, a presidente da Fepam Ana Pellini, e de entidadesligadas silvicultura com representatividade no Consema, como Roque Justen, da Ageflor. No obstante seja necessrio analisar uma amostragem representativa para assegurar-se da diversidade ou pluralidade de fontes, a observao a ser exposta sugere uma aparentepolifonia nas notcias. Segundo Benetti (2010, p.120), muitos locutores, no significam [..]muitos enunciadores. Por trs de aparentes polifonias, muitas vezes escondem-se textos emessncia monofnicos. Ao tentar-se trazer esta idia de monofonia observao da presenadas fontes nas notcias do clicRBS, percebeu-se o debate polarizado, entre os contrrios e osfavorveis silvicultura, tendo sido estes, os vencedores da disputa (com a aprovao doZAS menos restritivo). Contudo, esta polarizao apenas simplificou o debate no perodo.
  • 11. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::Assim como Dornelles18 (2008, p.129), acredita-se que se a pauta, as fontes, o foco da entre-vista no estiverem respaldados em um olhar multi e interdisciplinar, politicamente engajado,planetariamente comprometido, teremos uma reportagem que falseia os interesses da maioria,despossuda de poderes polticos e econmicos. Com isso, alm de dar-se conta do debatesocial, estar-se- realizando um jornalismo comprometido com entendimento do leitor sobreos acontecimentos que, cedo ou tarde, iro repercutir no seu dia a dia. Quadro 2 Diversidade de fontes nas 15 notcias do clicRBS e frequncia Governo estadual (secretrio estadual de M.A., secretrio estadual em exerccio, 7 presidente da Fepam [5x], Sema, Fepam, governo do estado, governadora Yeda Crusius) Empresas da celulose (diretor-presidente da Aracruz [2x], outras fontes no espe- 5 cificadas da Aracruz, Stora Enso, VCP Celulose, Derflin) Membros de entidades ligadas silvicultura (Ageflor, Sindimadeira, Fiergs (2x), 6 Associao Ecolgica Canela-Planalto das Araucrias, Abraflor, Farsul) Membros de entidades ambientalistas (Agapan [Lewgoy e Marques], Ncleo 3 Amigos da Terra/Brasil [2x]) Outros (MMA, Jornal Zero Hora, prefeituras dos Campos de Cima da Serra [Bom 12 Jesus, Cambar do Sul, Esmeralda, Jaquirana, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capes, So Francisco de Paula, So Jos dos Ausentes e Vacaria], Consema) FONTE: Elaborado pela autora (FANTE, 2011). As trs fontes (conselheiras do Consema) que relacionavam a implantao da silvicul-tura preservao do Bioma Pampa foram citadas em cinco notcias. O maior espao cedidofoi na notcia Ambientalistas contestam zoneamento da silvicultura no RS, 14 abr. 2008,onde Celso Marques (Agapan) diz: Nos posicionamos contra fazer o zoneamento desrespei-tando os critrios que foram colocados pelo estudo exaustivo feito pelos tcnicos da Fepam.Estamos destruindo uma possibilidade de o Pampa continuar a ser uma fonte de riqueza, comum tipo de cultura como a pecuria, que compatvel com a preservao do bioma. Aindasobre este resultado, deve-se assinalar que foi o nico onde aparece no corpo da notcia a pre-ocupao da Secretaria Estadual do Meio Ambiente com a preservao dos ecossistemas. Nas notcias Zoneamento menos restritivo, 09 abr. 2008, e Novas licenas para oplantio de eucaliptos no RS devem ser liberadas (publicadas no mesmo dia com diferena de18 DORNELLES, Beatriz. O fim da objetividade e da neutralidade no jornalismo cvico e ambiental. Brazi-lian Journalism Research (Verso em portugus) SBPJor. Volume 1. Number 1. Semester 2. 2008. p. 121-131.
  • 12. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::04h), se l a mesma citao do Bioma Pampa atravs da fonte de maneira indireta no corpo danotcia: Do outro lado esto organizaes no-governamentais ambientalistas, que queremum zoneamento menos liberal. O argumento que essas florestas sero danosas ao Pampa.Representante da Associao Gacha de Proteo ao Ambiente Natural, Flvio Lewgoy dizque a entidade tem planos de contestar judicialmente a deciso. importante assinalar nestatranscrio, que o argumento atribudo s ONGs referente ao dano ao Pampa efeito dasflorestas de eucaliptos, revela um erro de compreenso ou de divulgao, j que os conse-lheiros ligados ao ambientalismo denominavam de silvicultura ou monocultivos arbreos aatividade em debate no perodo. Nas notcias Zoneamento pode atrair fbricas de celulose para a Metade Sul, 10 abr.2008, e Plantio florestal ganha terreno (publicadas no mesmo dia com diferena de 02h),no aparecem as palavras-chaves Bioma Pampa. Porm, se l na citao repetida da conse-lheira do Consema, Maria da Conceio de Arajo Carrion, pela ONG Ncleo Amigos daTerra/Brasil, sobre a inteno de recorrer Justia contra a aprovao do ZAS sem as princi-pais restries, que: Com a deciso, o governo do Estado abre mo da sua funo maior depreservar a vida, a biodiversidade e o patrimnio gentico gacho. A observao nas 15 notcias encontradas pelo buscador do clicRBS apontou apenasum resultado (Pouco impacto na Serra, 11 abr. 2008), no qual o Bioma Pampa citado emum quadro (fora do corpo da notcia), a partir do argumento dos ambientalistas. L-se: Asupresso dos percentuais que limitam a rea de plantio facilita o florestamento industrial emgrandes extenses. Isso seria prejudicial ao Pampa, por alterar as caractersticas do ecossiste-ma ao ameaar a sobrevivncia de outras plantas e da fauna, ao consumir muita gua e reduzirespao para circulao de animais. A partir das observaes, foi-se demonstrando que a abordagem jornalstica referenteao Bioma Pampa no perodo de aprovao do Zoneamento Ambiental da Silvicultura em abrilde 2008 limitou-se a repetir os argumentos das fontes predominantes, quelas ligadas ao go-verno estadual, s empresas da celulose e setores ligados silvicultura. Ao no ceder espaoequivalente nas notcias aos tcnicos, professores, pesquisadores e ambientalistas vinculadosaos rgos estaduais e federais ambientais, universidades e ao movimento socioambiental,tambm presentes no debate pblico, a abordagem ficou incompleta. Restando ao leitor destas
  • 13. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::notcias a alienao sobre o risco de desaparecimento do Pampa (bem como dos ecossistemasdos quais todos dependem) em decorrncia da implantao da silvicultura sem o devido rigor.RefernciasBACCHETTA, Victor. El periodismo ambiental. In: BACCHETTA, Vctor (Org.). Ciudadana Pla-netaria. Temas y desafios del periodismo ambiental. Federacin Internacional de Periodistas Ambien-tales/Fundacin Friedrich Ebert. Uruguay: 2000. p. 18-21.______.El fraude de La celulosa. Montevideo, UY: Doble Editoras, set. 2008. 224p.LAGO, Cludia; BENETI, Mrcia. (Orgs.). Metodologia de pesquisa em jornalismo. 3.ed. Petrpo-lis, RJ: Vozes, 2010.BINKOWSKI, Patrcia. Conflitos ambientais e significados sociais em torno da expanso da silvi-cultura de eucalipto na Metade Sul do Rio Grande do Sul. 2009. 212f. Dissertao (Mestradoem Desenvolvimento Rural) Curso de Ps-Graduao em Ps-Graduao em Desenvolvimento Ru-ral da Faculdade de Cincias Econmicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Ale-gre, 2009.BOLDRINI, Ilsi. Biodiversidade nos campos sulinos. 2006. 15f. Disponvel em: Acesso em: out. 2010.BUCCI, Eugenio. Sobre tica e Imprensa.So Paulo: Companhia das Letras, 2000. 245p.BUENO, Wilson da Costa. Comunicao, Jornalismo e Meio Ambiente Teoria e Prtica. So Pau-lo: Majoara Editorial, 2007.______, Wilson. Jornalismo ambiental: explorando alm do conceito. In: GIRARDI, Ilza; SCHWA-AB, Reges (org). Jornalismo Ambiental Desafios e Reflexes. Porto Alegre: Editora Dom Quixote,2008.BUCKUP, Ludwig. A monocultura com eucaliptos e a sustentabilidade. Maro de 2006. 05f. Disponvel em: Acesso em: 28 fev. 2011.BRACK, Paulo. Os grandes projetos de silvicultura e o choque de indigesto na rea ambiental doestado do RS. In: TEIXEIRA FILHO, Althen (Org.) Eucaliptais Qual Rio Grande do Sul deseja-mos? Pelotas, 2008. p. 261-284. Disponvel em: Acesso em: 06 set. 2010.CHOMENKO, Luiza. Pampa: um bioma em risco de extino. In: Revista do Instituto HumanistaUnisinos IHU-On Line. Edio 247, p.04-07, So Leopoldo, 10 dez. 2007. Disponvel em: Acesso em: 18 jul. 2011.
  • 14. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::DORNELLES, Beatriz. O fim da objetividade e da neutralidade no jornalismo cvico e ambiental.Brazilian Journalism Research (Verso em portugus) SBPJor. Volume 1. Number 1. Semester 2.2008. p. 121-131.FUNDAO ESTADUAL DE PROTEO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER FE-PAM. Silvicultura. Disponvel em: Acesso em: 29 jun. 2011.GELS, Hernn. Periodismo Ambiental: eje comunicacional del siglo XXI. In: GIRARDI, Ilza;SCHWAAB, Reges (org). Jornalismo Ambiental Desafios e Reflexes. Porto Alegre: Editora DomQuixote, 2008.GIRARDI, I. M. T. et al. Jornalismo Ambiental: caminhos e descaminhos. In: 8 Encontro da Associa-o Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, 2010, So Luiz. 8 Encontro da Associao Brasileirade Pesquisadores em Jornalismo: Desafios da pesquisa em jornalismo - interdisciplinaridade e trans-disciplinaridade, 2010.IBGE. Mapa de Biomas do Brasil. 2004. Disponvel em: Acessoem: 06 set. 2010.INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAO IVC. Disponvel em: Acesso em: 15 fev.2011.JORNAL CORREIO DO POVO. Reflorestamento ganha espao. Correio do Povo, Porto Alegre, 13de agosto de 2010. Disponvel em: Acesso em: 15 ago. 2010.KOVACH; Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo. Traduo de Wladir Dupont. 2.edio. So Paulo: Gerao Editorial, 2004. 302p.MINISTRIO PBLICO ESTADUAL/RS. "Termo de Ajustamento de Conduta - MPE x FE-PAM/RS, a respeito dos licenciamentos ambientais da silvicultura". 2006. 05 pginas. Disponvel em: Acesso em: out. 2010.NEZ, Raquel. Ser Humano Naturaleza. In: BACCHETTA, Victor (Org.). Ciudadana Planeta-ria. Temas y desafios del periodismo ambiental. Federacin Internacional de Periodistas Ambienta-les/Fundacin Friedrich Ebert. Uruguay: 2000. p. 24-30.PICOLI, Luciana; VILLANOVA, Carla. O Pampa em disputa. A biodiversidade ameaada pela ex-panso das monoculturas de rvores. Publicao do Ncleo Amigos da Terra/Brasil e Federao Inter-nacional dos Amigos da Terra, jul.2007.PORTAL DE INTERNET CLICRBS. Consulta sobre o Bioma Pampa perodo 2008. Disponvel em:Acesso em: 13 ago. 2010.
  • 15. SBPJor Associao Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::PORTAL DE INTERNET CLICRBS. Consulta sobre o Zoneamento Ambiental da Silvicultura pe-rodo 2008. Disponvel em: Acesso em: set. 2009.PORTAL DE INTERNET CLICRBS. Consulta sobre o clicRBS. Disponvel em: e Acesso em: set. 2009.REVISTA DO INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS IHU On Line. Pampa: um bioma em riscode extino. Edio 247. p.04-07. So Leopoldo, 10 dez. 2007. Disponvel em: Acesso em: 19 jul. 2011.ROCHA, Paula Jung. Jornalismo em tempos de cibercultura: um estudo do clicRBS. 2006. 284f.Tese de Doutorado em Comunicao Social na PUCRS. Disponvel em: Acesso em: 19 jan. 2011.TEIXEIRA FILHO, Althen (Org.) Eucaliptais Qual Rio Grande do Sul desejamos? Pelotas, RS:2008. Disponvel em < http://www.natbrasil.org.br/Docs/monoculturas/eucalipitais.pdf> Acesso em06 set. 2010.TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Vol.II. A tribo jornalstica uma comunidade interpre-tativa transnacional. Florianpolis; Insular, 2. ed., 2008. 216p.WRM. Desmascarando alguns engodos sobre os monocultivos de rvores. Caderno 28 da WRM,julho de 2009. Disponvel em: Acesso em: 15 ago. 2010.