As Implicações Lúdicas no Processo de Socialização

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• Vídeo de Michel Ocelot – o

casaco da velha

“Somos lúdicos na essência e

trabalhadores por necessidade”(Luiz O. L. Camargo).

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• De onde vem o lúdico?

• Homo ludens e seus avatares:

brincadeira, jogo, esporte, ócio,

lazer e divertimento.

• O que dignifica o homem é a

quantidade de lazer e não de

trabalho.

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• Socialização de crianças: segundoDurkheim é tomar os sujeitos para aconsciência coletiva.

• (educação é a ação, constante e geral,exercida nas crianças pelos pais eprofessores). É claro que nessa noção deeducação há um matiz singular e adquireeducação há um matiz singular e adquireum lato sensu.

• Escola – instituição autorizada parafazer parte/grande parte daSocialização

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• Questões importantes que aprendisobre brincadeiras de crianças e suarelação com a aprendizagem:

1) Repetição

2) Experiência

3) Reflexão

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• A criança nasce sabendo ou aprende a brincar?

• Nem um nem outro. Brincar se aprende (learning),mas sem que isso necessite ser ensinado (teaching).

• É brincando que a criança aprende a brincar eparticularmente põe em prática uma linguagemimaginária ou secundária, a fazer de conta e acapacidade de decisão sem a qual não pode havercapacidade de decisão sem a qual não pode haverbrincadeira.

• A prova que certas crianças não “sabem” brincar, querdizer, que não conseguem aceitar a um convite de fazerde conta, é, por exemplo, brincar de bater. Respondemliteralmente à situação quando batem de verdade.

• Os jogos de esconde-esconde são brincadeiras quepermitem à criança bem nova aprender a brincar.

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Jogo é diferente de brincadeira?

• A brincadeira (play) produz esquemas, ecria condições sobre as quais osparticipantes podem se apoiar paracontinuar a brincar.continuar a brincar.

• Os jogos (games) são a reificação(coisificação) da experiência social dabrincadeira, tornam realidade uma ideiade fazer de conta, de criar uma situaçãoimaginária com a qual as pessoas brincam.

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Os jogos (games) são o resultado da atividadelúdica (brincar), o produto da suaexperiência. Contrapor brincadeira e jogo édesconhecer as diferentes dimensões de umfenômeno social.

Na brincadeira a dimensão da experiência eNa brincadeira a dimensão da experiência eda participação (play) e aquela do suporte,da instrumentação (game) sãointerdependentes. Os jogos (games)permitem enriquecer a experiência lúdica(da brincadeira) como o fazem osvideogames.

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Na escola, a brincadeira livre deve ter espaço

reservado na rotina das crianças pequenas?

Existem diversas formas de pensar a brincadeira livre. Emcertos sistemas de Educação Infantil, comonos kindergartens alemães, a brincadeira livre é a principalatividade curricular, alternada com outras atividadesrotineiras.

Em outros sistemas educativos há um planejamentorelativo ao emprego do tempo escolar que preserva otempo das brincadeiras livres. Existem ainda realidadesque estão baseadas em projetos, que garantem umapermanência variável da brincadeira na rotina. Nestescasos o projeto desenvolvido com os alunos determina oespaço da brincadeira livre.

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E como os professores devem interferir nas brincadeiras, de forma a favorecer a aprendizagem?

• Podemos também considerar que a brincadeira não precisa daintervenção dos educadores por ser um espaço de aprendizageme que deve ser preservado como tal.

• 1) fazem escolha do material e organização espacial.

• 2) Intervir participando da brincadeira e a influenciando sob acondição de se respeitar a lógica lúdica das ações (tipo decondição de se respeitar a lógica lúdica das ações (tipo deintervenção é delicada e difícil e, deve ser desaconselhadaàqueles que não se sentem capazes de fazê-la sem estragar abrincadeira).

• 3) Por meio da observação da brincadeira os professores podempropor atividades lúdicas complementares, como um desenho,uma construção ou mesmo sugerir outras ações lúdicas.

• 4) sugerir conversas, ilações e reflexões sobre as atividades debrincar e a forma como elas se desenvolvem.

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A importância da ludicidade na vida do Homo faber

• Negrinha (Monteiro Lobato)

• Kaspar Hauser (Werner Herzog)• Kaspar Hauser (Werner Herzog)

• Little Tree (Forrest Carter)

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[...] Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática deNegrinha, e tão grande a força irradiante da felicidade desta, que o seuduro coração afinal bambeou. (ele aqui está falando de Dona Inácia) Epela primeira vez na vida foi mulher. Apiedou-se. Ao percebê-la na sala,Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça aimagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. Eincoercíveis lágrimas de pavor assomaram-lhe aos olhos. Falhou tudoisso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo —estas palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida: — Vão todasbrincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein? Negrinhaergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viumais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu. Se alguma vez aergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viumais a fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu. Se alguma vez agratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha... Varia a pele, acondição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e namendiga. E para ambas é a boneca o supremo enlevo. Dá a naturezadois momentos divinos à vida da mulher: o momento da boneca —preparatório —, e o momento dos filhos — definitivo. Depois disso, estáextinta a mulher. Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia daboneca que tinha uma alma. Divina eclosão! Surpresa maravilhosa domundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como fulgurante florde luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa— e doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não eracoisa! Se sentia! Se vibrava! Assim foi — e essa consciência a matou.

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Qual elemento essencial para a

aprendizagem?

Para que as crianças aprendam é preciso que elasparticipem não como apenas executoras de tarefaspré-definidas.

A sala da educação escolar deve, portanto, ser definidaA sala da educação escolar deve, portanto, ser definidacomo um espaço de participação ou vivências ematividades diversas, orientadas pelo professor.

A brincadeira pode favorecer esse protagonismoinfanto. Só nesta perspectiva podemos tambémimaginar a participação dos pais, entendida aquicomo implicação com as tarefas na escola.

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A experiência da educação física e a riqueza de

movimentos com as rubricas de Roger Caillois

• Agôn – corrida, jogos, competições, disputas, pega-

pega...

• Alea – jogos de dados, par ou ímpar, odoletá, jogos

de construção, “tratos culturais”, Jan-ken-Pô...de construção, “tratos culturais”, Jan-ken-Pô...

• Mimicry – faz-de-conta, jogos de esconder, jogos

cantados...

• Ilinx – cambalhotas, estrelas, piruetas,

saltitamentos, arremessos...

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Dismitificações: as implicações lúdicas

podem propiciar à felicidade?• A noção de tempo, assim como a noção de mundo é

uma desculpa que inventamos para trocar as coisas,mudar os roteiros de nossas vidas, no plano coletivo,nos projetos individuais...

• A força da experiência (a banana flambada, o pé decouve)

• A força da experiência (a banana flambada, o pé decouve)

• As crianças como sujeitos coletivos, pesquisadores...

• As crianças não têm o direito de brincar, elas têm oprivilégio.

• Não existe milagres no processo de socialização decrianças e jovens (“Escritores da Liberdade” e “Ocontador de histórias”) são biografias que mostram queprecisa-se de muito trabalho.