As Inúmeras Faces Da Violência Ditatorial Na América Latina Nos Anos 1960 e 1970

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TÍTULO DA APRESENTAÇÃO: AS INÚMERAS FACES DA VIOLÊNCIA DITATORIAL NA AMÉRICA LATINA NOS ANOS 1960 E 1970 . Fábio José de Queiroz 1 SINOPSE: O intuito da palestra é o de examinar as distintas expressões da violência durante o período em que o poder ditatorial, de modo quase absoluto, reinou na América Latina, e, particularmente, no Brasil. Dito de outro modo: trata-se de refletir quanto à violência em suas manifestações mais variadas, tomando como referência um dos momentos mais dramáticos da história política latino-americana: os anos de chumbo dos regimes policiais e militares. A ideia é abordar situações como a dos “suicídios” forjados, da violência dos “desaparecimentos”, da tortura institucionalizada; da violência contra os movimentos sociais, contra religiosos, de gênero (a sevícia e execução de mulheres militantes); da selvajaria contra a cultura e a arte; da embustice da imprensa empresarial, atuando como arauto do poder tirânico instituído; da veemência contra a educação, a autonomia universitária e a liberdade de pensamento; da violência das infiltrações que redundaram no desmoronamento de organizações da esquerda; da bestialidade da transformação de crianças em “prendas de guerra”, estendendo às famílias os insultos e a cólera de regimes autocráticos de feição bonapartista; e, finalmente, a violência da “solução final”, patente nos milhares de assassinatos que enodoaram a memória dos verdugos e aterrorizaram a imaginação de homens e mulheres do continente. Trata-se, em última análise, de se acertar as contas pendentes com a história, com tempos de dor e de luta, de túmulos sem nomes e de nomes sem túmulos, particularmente, no caso do Brasil, com os seus 5 mil cassados, 50 mil presos, 10 mil exilados, 7 mil processados, 10 mil torturados e, oficialmente, 437 mortos e desaparecidos. Em suma, o estudo dessas inúmeras faces da violência ditatorial contra o direito de milhões, em última análise, é o leitmotiv que justifica e organiza, descreve e confere sentido a comunicação. 1 Fábio José Cavalcanti de Queiroz, Historiador, Doutor em Sociologia, professor do Departamento de História da Universidade Regional do Cariri (URCA), na qual coordena um grupo de pesquisa marxista, é estudioso do período de dominação militar, no Brasil e na América Latina. E-mail: [email protected]

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O intuito da palestra é o de examinar as distintas expressões da violência durante o período em que o poder ditatorial, de modo quase absoluto, reinou na América Latina, e, particularmente, no Brasil. Dito de outro modo: trata-se de refletir quanto à violência em suas manifestações mais variadas, tomando como referência um dos momentos mais dramáticos da história política latino-americana: os anos de chumbo dos regimes policiais e militares.

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TÍTULO DA APRESENTAÇÃO:

AS INÚMERAS FACES DA VIOLÊNCIA DITATORIAL NA

AMÉRICA LATINA NOS ANOS 1960 E 1970.

Fábio José de Queiroz1

SINOPSE:

O intuito da palestra é o de examinar as distintas expressões da violência durante

o período em que o poder ditatorial, de modo quase absoluto, reinou na América Latina,

e, particularmente, no Brasil. Dito de outro modo: trata-se de refletir quanto à violência

em suas manifestações mais variadas, tomando como referência um dos momentos mais

dramáticos da história política latino-americana: os anos de chumbo dos regimes

policiais e militares.

A ideia é abordar situações como a dos “suicídios” forjados, da violência dos

“desaparecimentos”, da tortura institucionalizada; da violência contra os movimentos

sociais, contra religiosos, de gênero (a sevícia e execução de mulheres militantes); da

selvajaria contra a cultura e a arte; da embustice da imprensa empresarial, atuando como

arauto do poder tirânico instituído; da veemência contra a educação, a autonomia

universitária e a liberdade de pensamento; da violência das infiltrações que redundaram

no desmoronamento de organizações da esquerda; da bestialidade da transformação de

crianças em “prendas de guerra”, estendendo às famílias os insultos e a cólera de

regimes autocráticos de feição bonapartista; e, finalmente, a violência da “solução

final”, patente nos milhares de assassinatos que enodoaram a memória dos verdugos e

aterrorizaram a imaginação de homens e mulheres do continente.

Trata-se, em última análise, de se acertar as contas pendentes com a história,

com tempos de dor e de luta, de túmulos sem nomes e de nomes sem túmulos,

particularmente, no caso do Brasil, com os seus 5 mil cassados, 50 mil presos, 10 mil

exilados, 7 mil processados, 10 mil torturados e, oficialmente, 437 mortos e

desaparecidos.

Em suma, o estudo dessas inúmeras faces da violência ditatorial contra o direito

de milhões, em última análise, é o leitmotiv que justifica e organiza, descreve e confere

sentido a comunicação.

1 Fábio José Cavalcanti de Queiroz, Historiador, Doutor em Sociologia, professor do Departamento de

História da Universidade Regional do Cariri (URCA), na qual coordena um grupo de pesquisa marxista, é

estudioso do período de dominação militar, no Brasil e na América Latina. E-mail:

[email protected]

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