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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - FASA CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL DISCIPLINA: MONOGRAFIA ÁREA: JORNALISMO PROFESSORA ORIENTADORA: LUZIA CRISTINA GIFFONI AS NOVAS TECNOLOGIAS DA MÍDIA: A IMPLANTAÇÃO DA TV DIGITAL NO BRASIL CAROLINE HENRIQUES MOTA BALDUÍNO SANTOS MATRÍCULA: 2039003-9 Brasília/DF, 30 de outubro de 2006 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com

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  • CENTRO UNIVERSITRIO DE BRASLIA FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS - FASA CURSO: COMUNICAO SOCIAL DISCIPLINA: MONOGRAFIA REA: JORNALISMO PROFESSORA ORIENTADORA: LUZIA CRISTINA GIFFONI

    AS NOVAS TECNOLOGIAS DA MDIA: A IMPLANTAO DA TV DIGITAL NO BRASIL

    CAROLINE HENRIQUES MOTA BALDUNO SANTOS MATRCULA: 2039003-9

    Braslia/DF, 30 de outubro de 2006

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  • CAROLINE HENRIQUES MOTA BALDUINO SANTOS

    AS NOVAS TECNOLOGIAS DA MDIA: A IMPLANTAO DA TV DIGITAL NO BRASIL

    Monografia apresentada como requisito parcial para concluso do curso de bacharelado em Comunicao Social com habilitao em Jornalismo do Centro Universitrio de Braslia UniCEUB. Prof Orientadora: Luzia Cristina Giffoni.

    Braslia/DF, 30 de outubro de 2006

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  • CAROLINE HENRIQUES MOTA BALDUINO SANTOS

    AS NOVAS TECNOLOGIAS DA MDIA: A IMPLANTAO DA TV DIGITAL NO BRASIL

    Monografia apresentada como requisito parcial para concluso do curso de bacharelado em Comunicao Social com habilitao em Jornalismo do Centro Universitrio de Braslia UniCEUB. Prof Orientadora: Luzia Cristina Giffoni.

    Braslia, ___ de _______ de 2006

    Banca Examinadora

    ____________________________________ Prof. Luzia Cristina Giffoni.

    Orientadora

    ____________________________________ Prof. Luiz Cludio Ferreira

    Examinador

    _____________________________________ Prof. Alexandre Humberto Gonalves Rocha

    Examinador

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  • AGRADECIMENTO

    Agradeo professora Luzia Cristina Giffoni que me orientou de forma clara e objetiva.

    Agradeo tambm aos meus pais e minha irm por tudo em minha vida e as pessoas que me ajudaram direta e indiretamente na elaborao desse trabalho.

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  • Nada permanente, exceto mudana

    Herclito, 450 aC

    uma janela aberta para o mundo. Por que no abr-la ainda mais amplamente?

    Ernest Dichter

    Uma coisa ser cego, outra viver na escurido.

    Coventry Patmore

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  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    Abert - Associao Brasileira das Emissoras de Rdio e Televiso

    ABTU Associao Brasileira de Televiso Universitria

    Acel Associao Nacional das Operadoras Celulares

    Anatel Agncia Nacional de Telecomunicaes

    Ancinav Agncia Nacional do Cinema e Audiovisual

    Andi Agncia de Notcias dos Direitos da Infncia

    ATSC Advanced Television Systems Committee

    BBC - British Broadcasting Corporation

    CBS - Columbia Broadcasting System

    CNT - Centro Nacional de Televiso

    Contel - Conselho Nacional de Telecomunicaes

    CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicaes

    DMMBT Digital Multimedia Multicasting Broadcasting Terrestrial

    DTH Direct to Home

    DVB Digital Video Broadcasting

    Eletros Associao Nacional de Fabricantes de produtos Eletroeletrnicos

    Embratel - Empresa Brasileira de Telecomunicaes

    Enecos Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicao Social

    Epcom Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicao

    EUA - Estados Unidos da Amrica

    Fenaj Federao Nacional dos Jornalistas

    Finep Financiadora de Estudos e Projetos

    FM freqncia modulada

    FNDC - Frum Nacional pela Democratizao da Comunicao

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  • Funtel Fundo Tecnolgico das Telecomunicaes

    HDTV -High Definition Television

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    Ibidem - refere-se ao trecho que fora extrado da mesma obra e autor j referido

    anteriormente.

    Idem - a citao em questo vem do autor anterior, em obra diferente.

    Indecs Instituto de Estudos e Projetos de Comunicao e Cultura

    Intelsat - Consrcio Internacional de Comunicaes por Satlite

    ISDB - Integrated Services Digital Broadcasting

    ISDB-T - Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial

    JBIC Japan Bank for Cooperation

    LCD Liquid Crystal Display

    m2 - metros quadrados

    MHz - megahertz

    MMDS microondas terrestres

    MTV - Music Television

    NBC - National Broadcasting Company

    n. - nmero

    NTSC National Television System Committee

    op. cit - obra citada

    OT ondas terrestres

    p. - pgina ou pginas

    PAL Phase Alternative Line

    PCdoB Partido Comunista do Brasil

    PMDB Partido do Movimento Democrtico Brasileiro

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  • Psol Partido Socialismo e Liberdade

    PT Partido dos Trabalhadores

    PUC-RJ Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro

    RCA Radio Corporation of America

    SBT - Sistema Brasileiro de Televiso

    SBTC - Sistema Brasileiro de Telecomunicaes por Satlite

    SBTVD Sistema Brasileiro de Televiso Digital

    SBTVD-T - Sistema Brasileiro de Televiso Digital Terrestre

    SDTV Definition Standard Television

    SECAM Sequentiel em Coulleurs avec Mmoire

    SET Sociedade Brasileira de Engenharia de Televiso e de Telecomunicaes

    TeleBrasil Associao Brasileira de Telecomunicaes

    TV PRF-3 TV Tupi Difusora

    TV - Televiso

    UFPB Universidade Federal da Paraba

    UHF - Ultra High Frequency

    Unesp Universidade Estadual Paulista

    Unicef Fundo das Naes Unidas para a Infncia

    UPI United Press International

    USP Universidade de So Paulo

    v. - volume

    VHF Very High Frequency

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  • RESUMO Na presente monografia apresentada a descrio do processo de implantao de TV digital no Brasil. A busca por esmiuar os acontecimentos recentes deste processo se deu a partir de anlises bibliogrficas de jornais, revistas e livros especializados no assunto. O objetivo deste trabalho mostrar a importncia dessa nova tecnologia para a sociedade brasileira, ressaltando os aspectos econmicos, tecnolgicos e sociais. O processo de implantao de TV digital est apenas comeando, a TV digital est sendo aos poucos inserida e as negociaes tecnolgicas e polticas vo continuar. Este trabalho traz a tona este debate que mostra quo ausente a sociedade est das discusses dessa mudana que pode ser considerada paradigmtica. Palavras chave: TV digital, democratizao, incluso digital, incluso social, interatividade, multiprogramao.

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  • SUMRIO

    INTRODUO............................................................................................................... - 11 - 1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... - 11 -

    1.2 Objetivos Especficos................................................................................................. - 12 - 1.3 Metodologia............................................................................................................... - 12 -

    1.4 Justificativa................................................................................................................ - 13 - 1.5 Hiptese..................................................................................................................... - 13 -

    1.6 Problematizao......................................................................................................... - 13 -

    CAPTULO I ................................................................................................................. - 15 - 1 A HISTRIA DA TV................................................................................................... - 15 -

    1.1 A descoberta da TV ................................................................................................... - 15 - 1.2 O surgimento da TV no mundo .................................................................................. - 15 -

    1.3 O surgimento da TV no Brasil.................................................................................... - 16 - 1.4 Formas de transmisso ............................................................................................... - 18 -

    1.4.1 Comunicao via satlite ........................................................................................ - 18 - 1.5 TV em cores .............................................................................................................. - 19 -

    1.5.1 No mundo................................................................................................................ - 19 - 1.5.2 No Brasil................................................................................................................. - 19 - 1.5.3 O sistema PAL-M.................................................................................................... - 19 - 1.5.4 Os videoteipes......................................................................................................... - 20 - 1.6 As tecnologias de transmisso do sculo XXI:............................................................ - 21 -

    CAPTULO II................................................................................................................ - 23 - 2 TV DIGITAL................................................................................................................ - 23 -

    2.1 O processo de implantao da TV digital no Brasil .................................................... - 23 - 2.2 Multiprogramao...................................................................................................... - 24 -

    2.3 Interatividade ............................................................................................................. - 26 - 2.4 Operador de Rede ...................................................................................................... - 27 -

    2.5 O SBTVD.................................................................................................................. - 28 - 2.6 Os primeiros testes..................................................................................................... - 30 -

    2.7 O Espectro ................................................................................................................. - 31 - 2.8 Cenrios..................................................................................................................... - 31 -

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  • CAPTULO III .............................................................................................................. - 34 - 3 Sistema analgico x Sistema digital .............................................................................. - 34 -

    3.1 TV digital, o incio ..................................................................................................... - 36 - 3.2 Os trs padres........................................................................................................... - 36 -

    3.2.1 Diferenas entre os padres .................................................................................... - 37 - 3.2.2 Padro norte-americano ATSC ............................................................................ - 38 - 3.2.3 Padro europeu DVB ........................................................................................... - 39 - 3.2.4 Padro japons ISDB........................................................................................... - 41 - 3.2.5 O padro escolhido ISDB..................................................................................... - 42 - 3.3 O decreto ................................................................................................................... - 45 -

    3.4 Transmisso analgica e digital (simulcasting)........................................................... - 46 - 3.5 HDTV (high definition television ou tv de alta definio) ....................................... - 46 -

    3.6 TV de Plasma e LCD (Liquid Crystal Display) .......................................................... - 47 - 3.8 Personagens ............................................................................................................... - 50 -

    CAPTULO IV............................................................................................................... - 52 - 4 Democratizao ............................................................................................................ - 52 - 4.1 Obstculos para a democratizao .............................................................................. - 56 -

    4.2 Incluso social e digital.............................................................................................. - 56 - 4.3 Legislao.................................................................................................................. - 58 -

    4.4 Novos nichos ............................................................................................................. - 59 -

    CONCLUSO................................................................................................................. - 61 -

    REFERNCIAS .............................................................................................................. - 63 -

    APNDICE A - Entrevistas ............................................................................................. - 68 - ANEXO A Histria da TV no Brasil e no mundo .......................................................... - 70 -

    ANEXO B Histria da TV (dcadas) ............................................................................ - 74 - ANEXO C - Decreto n 5820, de 29 de junho de 2006. .................................................... - 75 -

    ANEXO D Cronologia da TV ....................................................................................... - 77 -

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  • - 11 -

    INTRODUO

    O presente trabalho est permeado por discusses que se confundem, ora se

    tornam polticas, ora tecnolgicas e muitas vezes sociais. A televiso se tornou um veculo

    com grandes possibilidades de democratizao, mas o oligoplio barra esse movimento

    natural. Bolan1 conta que as transformaes fundamentais que afetam o mercado brasileiro

    de televiso hoje no representam o fim do oligoplio televisivo ou, finalmente, a

    democratizao das comunicaes. Segundo pesquisas do Instituto de Estudos e Pesquisas

    em comunicao realizada em 2002, 81% da populao brasileira assistem TV todos os dias e

    passam 3 horas e meia diariamente diante da TV.2 Estes dados demonstram a importncia

    desse assunto para a sociedade, pois a televiso faz parte do cotidiano dos brasileiros. O

    captulo I mostra como essa mquina de fazer sonhos entrou na vida dos brasileiros e hoje

    uma das principais formas de entretenimento e informao. O captulo II mostra o processo de

    implantao de TV digital no Brasil. Em questo de anos, o mundo se render s mdias

    digitais e a convergncia das mesmas, tornando-o cada vez mais globalizado. Mudanas de

    paradigmas tecnolgicos no se do mais em vrias geraes, mas em questo de anos, e nos

    redutos de vanguarda da revoluo digital, at em um intervalo de pouco meses3. As

    descries de cada modelo de TV digital sero descritas no Captulo. Para concluir este

    trabalho, o Captulo IV traz tona o desejo da sociedade civil em democratizar as

    comunicaes e as possibilidades que podem surgir com a TV digital. As mudanas esto

    surgindo no dia-a-dia das nossas vidas. Quando todos comeam a se acostumar televiso

    em preto-e-branco, surgem as televises coloridas; a partir da, a cada dia surge uma televiso

    com novas caractersticas, vdeo em fita e vdeo-laser, e novos tipos de aparelhos que adiam

    inexoravelmente a possibilidade de abundncia e da satisfao4. A implantao da TV digital

    um desafio nesta conjuntura e ser esmiuada nos prximos captulos.

    1.1 Objetivo Geral

    1 BOLANO, Csar Ricardo Siqueira; BRITTOS, Valrio Cruz. A economia poltica do mercado brasileiro de

    televiso em mdias digitais: convergncia tecnolgica e incluso social. In: FILHO, Andr Barbosa; CASTRO, Cosette; TOME, Takashi (org). Mdias Digitais. So Paulo: Paulinas, 2005. p. 86.

    2 Revista TV Digital. Informativo Intervozes. Novembro de 2005. p. 7. 3 RYDLEWSKI, Carlos. A vida sem fio. Revista Veja. So Paulo, Ed. Abril, edio 1874, ano 37, n. 40, 6 out.

    2004. p. 102. 4 BUARQUE, Cristovam. A cortina de ouro: os sustos do final do sculo e um sonho para o prximo. 2. ed. So

    Paulo: Paz e Terra, 1998. p. 88.

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  • - 12 -

    Mostrar quais sero as possveis mudanas sociais promovidas pela implantao

    da TV digital no Brasil, analisando aspectos estruturais (poltico, econmico e tecnolgico)

    que influenciam diretamente a sociedade e consequentemente o processo de Comunicao

    Social.

    1.2 Objetivos Especficos

    Descrever as dificuldades do processo de implantao da TV digital no

    Brasil, englobando aspectos econmicos e sociais;

    Conhecer os personagens envolvidos no cenrio da implantao da TV

    digital no Brasil e os interesses econmicos, polticos e sociais de cada

    um;

    Verificar se houve participao da sociedade no processo de discusso e

    de escolha do padro de TV digital a ser implantado no pas;

    Verificar os dados estatsticos e quantitativos que demonstrem as

    mudanas econmicas/ sociais que a TV digital proporcionar

    sociedade;

    Analisar os trs padres (sistemas) existentes de TV digital no mundo e

    suas diferenas;

    Analisar profundamente o padro japons, escolhido para o Brasil, suas

    vantagens e desvantagens;

    Verificar as possveis mudanas que ocorrero nos meios de

    comunicao social e os possveis nichos de mercado que iro surgir;

    Observar o papel do terceiro setor e da sociedade civil organizada na

    busca pela Democratizao da Comunicao Social a partir da

    digitalizao dos meios de comunicao.

    1.3 Metodologia

    Para fins de estudo, o mtodo utilizado nessa pesquisa o bibliogrfico, que a

    atividade de localizao e consulta de fontes variadas de informaes escritas, com o objetivo

    de coletar materiais mais especficos a respeito do tema As novas tecnologias da mdia: a

    implantao da TV digital no Brasil. Essa metodologia engloba tambm a descrio dos

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  • - 13 -

    mecanismos utilizados pela sociedade civil e terceiro setor para mobilizar a sociedade em prol

    da democratizao dos meios de comunicao social. O material coletado consiste em livros,

    revistas especializadas, jornais online e entrevistas.

    1.4 Justificativa

    Nesta monografia sero apresentadas as possveis mudanas que a TV digital trar

    para a vida dos brasileiros. As mudanas percebidas vo desde a melhora na qualidade da

    imagem at a incluso social e digital. Segundo dados do Unicef5, grande parte dos

    adolescentes brasileiros (51%) tem a televiso como a principal forma de entretenimento.

    Alm disso, de acordo com a pesquisa do IBGE (2005), 92% da populao brasileira possui

    televiso em seus domiclios. Esses dados ratificam a importncia da televiso para a

    sociedade brasileira e justifica a questo primordial da pesquisa: Que mudanas sociais

    relevantes surgiro com a implantao da TV Digital no Brasil?.

    1.5 Hiptese

    A pesquisa tem como motivao fomentar a discusso sobre TV digital. Este

    assunto est em pauta entre os representantes da sociedade, empresas e o terceiro setor.

    Contudo, o pblico em geral desconhece as decises que governantes e empresrios esto

    tomando. A hiptese desta monografia visa verificar que aspectos scio-econmicos

    importantes da populao brasileira sero modificados com a implantao da TV digital e se

    esse processo contribuir para a democratizao da comunicao. Esse estudo ser importante

    tambm para mostrar que a digitalizao da TV pode promover a incluso social e digital,

    proporcionando melhoria na qualidade de vida dos brasileiros.

    1.6 Problematizao

    O objeto de estudo deste trabalho monogrfico o processo de implantao da TV

    digital no Brasil, mais especificamente os interesses dos atores sociais que esto decidindo os

    rumos dessa nova tecnologia e as mudanas sociais que ela proporcionar sociedade. As

    dificuldades que sero mostradas so inerentes falta de discusso sobre o assunto pelo

    5 AGNCIA de Notcias dos Direitos da Infncia Andi. Disponvel em: . Acesso em: 19 set. 2006.

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  • - 14 -

    pblico em geral e pelo fato de o processo de implantao ainda estar em andamento.

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  • - 15 -

    CAPTULO I

    1 A HISTRIA DA TV 1.1 A descoberta da TV

    A origem da palavra televiso vem do grego que significa: transmisso de

    imagens distncia, (tele = ao longe e viso = ato ou efeito de ver). O termo remonta

    primeira metade do sculo passado6. Segundo Xavier7, a palavra televiso foi inventada em

    1900 pelo francs Constantin Perskyi que definiu televiso como um equipamento baseado

    nas propriedades fotocondutoras do selnio, que transmitia imagens distncia.

    O selnio o elemento fundamental para a existncia da televiso por transformar

    a energia luminosa em energia eltrica e foi desoberto por Jakob Berzelius em 1817.

    Depois de vrias pesquisas que vinham sendo feitas desde 1890, em 1920, nos

    Estados Unidos, Charles F. Jenkins conseguiu fabricar um disco rotativo, perfurado, que

    captava e conseguia transmitir algumas imagens, denominadas como as primeiras imagens da

    histria da televiso.8 A tecnologia da televiso foi aperfeioada pelas redes de radiodifuso9.

    No se pode afirmar ao certo quem foi o pai da televiso e quando ela foi

    inventada devido s dvidas quanto data do seu nascimento e quem a originou. Muito

    provvel que o russo Zworykin, contratado pela empresa Radio Corporation of Amrica

    RCA, dos Estados Unidos, seja o pai da televiso, pois, em 1927 conseguiu transmitir

    imagens a uma distncia de 45 quilmetros.10

    1.2 O surgimento da TV no mundo

    A TV dos tempos atuais nasceu na Inglaterra, onde, em 1926, ocorreu a primeira

    demonstrao pblica de TV e onde foi construda a primeira emissora de televiso para os

    6 COSTELLA, Antonio. Comunicao do grito ao satlite. So Paulo: Mantiqueira, 1978. p. 185. 7 XAVIER, Ricardo; SACCHI, Rogrio. Almanaque da TV: 50 anos de memria e informao. Rio de Janeiro:

    Objetiva, 2000 pgina 11. 8 SOUZA, Cludio Melo. Rede Globo, 15 anos de histria: o mais completo depoimento sobre televiso e o

    telejornalismo no Brasil. Rio de Janeiro: 1984. p. 26. 9 STEPHENS, Mitchell. Histria das comunicaes: do tant ao satlite, civilizao brasileira. Rio de Janeiro:

    1993. p. 623. 10 SOUZA, op. cit, p.27.

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  • - 16 -

    poucos receptores existentes11. A primeira transmisso regular de televiso no mundo

    aconteceu na Inglaterra e foi feita por John Lodgie Baird em 1930, mas no teve tanto sucesso

    devido baixa qualidade das imagens da poca. A capital britnica foi a nica cidade da

    Inglaterra a ser contemplada com trs cmeras eletrnicas para que os londrinos pudessem

    assistir as imagens da coroao do rei Jorge VI. Neste dia, a cidade j possuia vinte mil

    aparelhos de recepo.12

    Em 1936, John Lodgie Baird inaugurou a British Broadcasting Corporation

    (BBC) com imagem composta por 240 linhas (padro mnimo que os tcnicos chamavam de

    alta definio).13

    Segundo Souza14, no ano de 1950, a BBC levou ao ar imagens para alm do Canal

    da Mancha15, dando origem Euroviso, ou seja, a rede Europia de TV que permitiu que em

    1953, os franceses, os belgas, os holandeses e os alemes vissem as imagens da Coroao da

    rainha Elizabeth II.

    J nos Estados Unidos, o ano de 1930 foi marcante, pois teve a primeira iniciativa

    de transmisso de TV. No ano seguinte, entrou no ar a National Broadcasting Company

    (NBC), que se equiparou a BBC da Inglaterra, comeando assim a concorrncia das emissoras

    e consequentemente aumentando a produo de aparelhos16. O desenvolvimento televisivo nos

    Estados Unidos ocorreu a partir de 1949. Neste ano, surgiram cerca de 100 estaes de

    televises pelo pas17. No ano seguinte, 1950, a TV chegou ao Brasil.

    1.3 O surgimento da TV no Brasil

    Assis Chateaubriand, jornalista e dono dos Dirios Associados, quando voltou dos

    Estados Unidos em 1950, ficou estarrecido com o que viu. Que bruxaria essa? foi a frase

    que ele soltou quando viu um grande monitor de televiso transmitindo imagens de uma

    11 NINCE, Uvermar Sidney. Sistemas de televiso e vdeo, livros tcnicos e cientficos. Rio de Janeiro: Editora

    Ltda, 1988. p. 1. 12 SOUZA, Cludio Melo e. Rede Globo, 15 anos de histria: o mais completo depoimento sobre televiso e o

    telejornalismo no Brasil. Rio de Janeiro: 1984. p. 28. 13 XAVIER, Ricardo; SACCHI, Rogrio. Almanaque da TV: 50 anos de memria e informao. Rio de Janeiro:

    Objetiva, 2000. p. 20. 14 Ibidem, p. 28. 15 Canal da Mancha ou Estreito de Dover parte do Oceano Atlntico que separa a ilha da Gr-Bretanha do norte

    da Frana e une o Mar do Norte ao Atlntico. 16 XAVIER, op. cit., p. 30. 17 STEPHENS, Mitchell. Histria das comunicaes: do tant ao satlite, civilizao brasileira. Rio de Janeiro,

    1993. p. 624.

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  • - 17 -

    banda de jazz18. Aps este episdio, ele pediu para uma empresa de importao e exportao

    trazer cerca de duzentos aparelhos de TV para So Paulo. Como ia demorar cerca de dois

    meses, o jornalista pediu para que os aparelhos viessem por contrabando. A estratgia

    funcionou.

    De acordo com Morais19, no ms anterior ao da implantao da TV no Brasil, o

    engenheiro norte-americano, Walther Obermller veio para o pas supervisionar a

    inaugurao e as primeiras semanas da TV Tupi. O americano queria saber quantos receptores

    tinham sido vendidos para o comrcio e para a populao de So Paulo. No entanto nenhum

    receptor havia sido vendido. Obermller indagou a Assis: O senhor est investindo cinco

    milhes de dlares e ningum vai assistir sua programao no dia da inaugurao da Tupi.

    Foi ento que Chateaubriand resolveu comprar trinta toneladas de equipamento de TV20 para

    levar ao Brasil. Metade dos aparelhos foi dada de presente para personalidades e empresrios

    que estavam financiando a implantao da TV, sendo que a outra metade ficou na vitrine das

    lojas.

    O primeiro televisor foi dado de presente ao presidente Eurico Gaspar Dutra em

    agradecimento simblico aos favores que o jornalista recebera do governo federal durante o

    processo de implantao da TV PRF-3.21

    A data oficial do surgimento da televiso no Brasil foi 18 de setembro de 1950.

    Por volta das 16 horas daquele dia foi inaugurada a TV Tupi Difusora, inicialmente Canal 3,

    posteriormente Canal 4 de So Paulo, por Assis Chateaubriand no Palcio do Rdio22. A TV

    Tupi foi a primeira emissora de TV brasileira e a primeira da Amrica Latina23. No Rio de

    Janeiro, a televiso passou a existir oficialmente apenas quatro meses depois de inaugurada,

    pois os morros dificultaram a instalao dos transmissores24. Em 26 de abril de 1965 s 11

    horas da manh entrou no ar no canal 4 de televiso, a TV Globo, no Rio de Janeiro25. Os

    equipamentos da emissora eram os mais modernos da poca (fabricados pelo RCA). Em 1 de

    setembro de 1969 entrou no ar o primeiro telejornal transmitido em rede nacional para o

    18 MORAIS, Fernando. Chat: o rei do Brasil. 3. ed. So Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 497. 19 Ibidem, p. 501. 20 Ibidem, p. 496. 21 Ibidem, p. 504. 22 SOUZA, Cludio Melo e. Rede Globo, 15 anos de histria: o mais completo depoimento sobre televiso e o

    telejornalismo no Brasil. Rio de Janeiro: 1984. p. 32. 23 COSTELLA, Antonio. Comunicao do grito ao satlite. So Paulo: Mantiqueira, 1978. p. 196. 24 SOUZA, op. cit. p. 35 25 Ibidem, p. 62.

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  • - 18 -

    Brasil: O Jornal Nacional26. O Jornal Nacional era o nico programa naquela poca que

    funcionava em tempo real. A Rede Globo passou a transmitir faixas de programao via

    Embratel, que transmitia para todas as afiliadas27. A partir de ento, a programao comeou a

    ser feita em tempo real, o que trouxe maior credibilidade ao pblico.

    Segundo Milanesi28, a televiso mesmo no incio de sua chegada, com todos os

    problemas tcnicos, e com cada vez mais famlias e famlias adquirindo receptores, no era

    somente um significado de status, mas de uma necessidade, pois era uma distrao barata com

    informaes e cultura. O aparelho de TV passou a ser uma prioridade colocada frente de

    outros bens de consumo29. Conforme Stephens30, uma vez que os aparelhos de TV se tornaram

    acessveis, as notcias passaram a estar disposio de um pblico de milhes de pessoas. O

    aumento do pblico telespectador forou a televiso a popularizar sua programao31. Alm

    disso, com o aumento da audincia houve a necessidade de ampliar e melhorar as formas de

    transmisso.

    1.4 Formas de transmisso 1.4.1 Comunicao via satlite

    A comunicao via satlite aproximou os povos do planeta e intensificou o

    intercmbio de informaes entre as regies distantes32. O Brasil comeou as transmisses via

    satlite em 1969, quando a Empresa Brasileira de Telecomunicaes (Embratel) inaugurou a

    estao terrena de comunicao via satlite33. Por meio do satlite milhares de pessoas

    puderam assistir a chegada do homem Lua34.

    De acordo com Souza35, as comunicaes via satlite tiveram destaque em 1974,

    quando a Rede Globo firmou contrato com a agncia de notcias United Press International

    (UPI) para receber imagens de qualquer lugar do mundo. O uso do satlite desenvolveu o 26 RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Memria Globo, Jornal Nacional: a notcia faz histria. Rio de janeiro: J.

    Zahar, 2004. p. 24. 27 SOUZA, Cludio Melo e. Rede Globo, 15 anos de histria: o mais completo depoimento sobre televiso e o

    telejornalismo no Brasil. Rio de Janeiro: 1984. p. 69. 28 MILANESI, Luiz Augusto. O paraso via Embratel. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 13. 29 MILANESI, op. cit, p. 14. 30 STEPHENS, Mitchell. Histria das comunicaes: do tant ao satlite, civilizao brasileira. Rio de Janeiro:

    1993. p. 632. 31 COSTELLA, Antonio. Comunicao do grito ao satlite. So Paulo: Mantiqueira, 1978. p. 197. 32 RIBEIRO, op. cit., p. 17. 33 Ibidem, p. 19 34 COSTELLA, op.cit, p. 198. 35 SOUZA, op. cit, p. 97.

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  • - 19 -

    noticirio internacional e possibilitou o recebimento de transmisses ao vivo.

    1.5 TV em cores 1.5.1 No mundo

    As primeiras transmisses em cores no mundo foram realizadas pela Columbia

    Broadcasting System (CBS) nos Estados Unidos em 25 de junho de 1951. Nos Estados

    Unidos, apenas 25 aparelhos que estavam tecnicamente modificados puderam receber as

    imagens, apesar de existirem doze milhes de televisores no pas36.

    1.5.2 No Brasil

    A primeira transmisso colorida no Brasil aconteceu em 10 de fevereiro de 1972

    na Festa da Uva, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul37. O governo formou atravs da

    Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicaes)38 uma rede nacional para a primeira

    transmisso em cores, evitando assim que uma rede ou emissora levasse a fama de ser a

    primeira a transmitir as imagens coloridas39. Neste perodo, existia cerca de 68 mil televisores

    coloridos no Brasil.

    1.5.3 O sistema PAL-M

    Na poca da implantao da TV colorida no Brasil, havia uma discusso sobre

    qual seria o sistema em cores mais adequado realidade brasileira: o sistema alemo PAL

    (Phase Alternative Line); o norte americano NTSC (National Television System Comitee) ou o

    francs SECAM (Sequentiel em Coulleurs avec Mmoire)40.

    De acordo com Souza41, as imagens do sistema de televiso no Brasil eram em

    preto e branco igual ao sistema americano. O Brasil tinha que partir com um sistema em cores

    que fosse compatvel com o sistema preto e branco, para que as pessoas continuassem a

    receber a programao. Deveria tambm haver compatibilidade: receptores coloridos capazes

    36 XAVIER, Ricardo; SACCHI, Rogrio. Almanaque da TV: 50 anos de memria e informao. Rio de Janeiro:

    Objetiva, 2000. p. 128. 37 RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Memria Globo, Jornal Nacional: a notcia faz histria. Rio de janeiro: J.

    Zahar, 2004, p.51. 38 SOUZA, Cludio Melo e. Rede Globo, 15 anos de histria: o mais completo depoimento sobre televiso e o

    telejornalismo no Brasil. Rio de Janeiro: 1984. p. 135. 39 Ibidem, p. 135. 40 RIBEIRO, op. cit., p.52. 41 SOUZA, op. cit., p. 122.

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  • - 20 -

    de receber imagens geradas em preto e branco e receptores em preto e branco capazes de

    receber, em preto e branco, imagens coloridas. Tudo indicava que o Brasil adotaria o sistema

    americano - o NTSC. Mas o governo e os tcnicos brasileiros no acharam interessante copiar

    o sistema, pois o Brasil entraria na dependncia tecnolgica americana, no s com os

    receptores, mas tambm com os equipamentos e programas. O sistema adotado foi o alemo,

    que inicialmente no era compatvel com o brasileiro, mas foi adaptado somente em termos de

    cor. Em preto-e-branco ele continuava igual ao dos americanos42. O Brasil optou por uma

    adaptao do alemo, o PAL-M, ou seja, o M de Modificado. O sistema alemo era o

    melhor e logo ganhou vrios pases europeus.

    Segundo Xavier43, nos anos 90 o aparelho de TV foi o eletrodomstico mais

    vendido no Brasil. Em 1991, o Censo Demogrfico do IBGE registrou 12,5 milhes de lares

    com TV colorida e 15 milhes de casas com TV em preto-e-branco. No ano de 1992, o

    nmero de aparelhos receptores em cores passou a ser maior que o nmero de receptores em

    preto-e-branco44. Hoje, 97% da populao brasileira tm acesso TV, ou seja,

    aproximadamente 175 milhes de brasileiros.45

    De acordo com Csar46, a cor nas TVs possibilitou novos avanos: as tcnicas de

    fuso evoluram e as de iluminao se modificaram. A cor possibilitou a criao de um novo

    conceito de maquiagem, roupas e luzes.

    1.5.4 Os videoteipes

    Com a chegada dos videoteipes47 em 1960 a produo dos programas de TV

    tornou-se mais flexvel48, surgindo a figura do produtor independente. Antes era tudo ao vivo.

    O videoteipe facilitou a importao de programas de outros pases, tornando-os mais simples

    e baratos.49

    Em 1982, o gravador de videoteipe (videocassete), teve destaque no Brasil, pois

    42 SOUZA, Cludio Melo e. Rede Globo, 15 anos de histria: o mais completo depoimento sobre televiso e o

    telejornalismo no Brasil. Rio de Janeiro: 1984. p. 122. 43 XAVIER, Ricardo; SACCHI, Rogrio. Almanaque da TV: 50 anos de memria e informao. Rio de Janeiro:

    Objetiva, 2000. p. 136. 44 Ibidem, p. 164. 45 PESQUISA Nacional por Amostra de Domiclios 2005. Disponvel em: . Acesso

    em: 19 set. 2006. 46 CSAR, Newton. Direo de arte em propaganda. 3. ed. So Paulo: Futura, 2001. p. 203. 47 Videoteipe: fita plstica, recoberta de partculas magnticas para registrar imagens de televiso, em geral

    associadas ao som, destinadas a futuras transmisses. 48 COSTELLA, Antonio. Comunicao do grito ao satlite. So Paulo: Mantiqueira, 1978. p.198. 49 DUARTE, Luiz Guilherme. pagar para ver: a TV por assinatura em foco. So Paulo: Summus 1996. v. 51.

    p. 51.

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    os programas passaram a ser gravados pelos telespectadores em suas prprias casas a partir da

    TV. Foi a primeira tecnologia ligada televiso a tomar conta do mercado brasileiro50.

    1.6 As tecnologias de transmisso do sculo XXI:

    Quatro tecnologias so bastante utilizadas no Brasil para a distribuio de sinais:

    cabo, o microondas terrestres (MMDS), DTH (satlites) e UHF (somente a TV por

    assinatura)51.

    O sistema DTH (Direct to Home) permitiu ao usurio receber sinais captados

    diretamente por satlite. A miniparablica de 60 cm de dimetro pode ser instalada fora ou dentro de casa, desde que direcionada para a janela, bastando para isso um decodificador acoplado TV. Com som e imagens digitalizados, a qualidade de recepo superior aos outros sistemas.52

    O equipamento podia ainda ser transportado para qualquer lugar do pas, contudo

    este servio chegou ao Brasil em 1 de julho de 1996.

    O cabo um sistema muito utilizado no Brasil e pode ser empregado em outros

    servios, como transmisso de dados pela internet53. Para que o assinante receba os sinais em

    casa, necessrio ter um televisor preparado para o cabo ou utilizar um conversor, que recebe

    os sinais e transforma para uma seqncia que a TV consiga capturar. Para que os sinais

    sejam codificados preciso usar um decodificador54.

    O MMDS possui tecnologia similar ao cabo, mas a transmisso feita pelo ar. A

    vantagem o custo menor de infra-estrutura, pois a programadora envia um sinal por meio do

    satlite at a central de operao que codifica e passa para o assinante por meio da antena55.

    A TV por assinatura entrou no Brasil em 28 de maro de 1989, no canal 29 UHF

    em fase de testes com sinal aberto o Canal Plus56. Em 15 de setembro de 1991, a TVA foi

    inaugurada e absorveu os assinantes do Canal Plus. O crescimento do sistema de assinaturas

    no pas aconteceu a partir de 1993 com as operadoras: Net Brasil, Multicanal e TVA. A TV

    50 DUARTE, Luiz Guilherme. pagar para ver: a TV por assinatura em foco. So Paulo: Summus 1996. p. 52. 51 ALMANAQUE Abril: Brasil 2002. So Paulo: Ed. Abril, 2002. p. 199. 52 XAVIER, Ricardo; SACCHI, Rogrio. Almanaque da TV: 50 anos de memria e informao. Rio de Janeiro:

    Objetiva, 2000. p. 213. 53 Internet: rede de computadores de alcance mundial, formada por inmeras e diferentes muinas

    interconectadas em todo o mundo, que entre si trocam informaes na forma de arquivos de textos, sons e imagens digitalizadas. Na internet as informaes trafegam sob a forma de pacotes de dados (os bits, cdigos digitais formados por sries de nmeros 0 e 1)

    54 ALMANAQUE..., op. cit., p. 199. 55 ALMANAQUE..., op. cit., p. 199. 56 XAVIER, op. cit., p. 212

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  • - 22 -

    por assinatura foi uma mudana significativa que envolveu mudanas na programao e nas

    operaes tcnicas, com o objetivo de ter um pacote que atrasse assinantes, sem problemas

    de recepo de imagens57. As imagens recebidas pela TV eram decodificadas por

    equipamentos especficos, somente para os assinantes. Para se ter acesso a TV por assinatura

    preciso pagar uma taxa que possibilite o acesso a diversos canais.

    Tanto na tecnologia analgica, quanto na digital, a emissora transmite pelo ar uma

    torre para a casa do telespectador por meio de ondas eletromagnticas (sinais de transmisso).

    No formato digital ocorre uma compactao de dados, cabendo mais dados que o analgico58.

    Para Negroponte59, ser uma tecnologia digital ter a possibilidade de emitir um sinal contendo

    informao adicional para correo de erros como exemplo, o chiado e o rudo da televiso.

    57 DUARTE, Luiz Guilerme. pagar para ver: a TV por assinatura em foco. So Paulo: Summus 1996. p. 160. 58 RYDLEWSKI, Carlos; VALLADARES, Ricardo. Plasma ou LCD? Como ser a sua prxima televiso

    Revista Veja, v. 1944, ano 39, n. 7, 22 fev. 2006. p. 72. 59 NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. Companhia das letras. 2. ed. So Paulo: 2003. p. 22.

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    CAPTULO II

    2 TV DIGITAL

    A televiso digital utiliza a modulao e compresso digital para enviar vdeo,

    udio e sinais de dados aos aparelhos compatveis com a tecnologia, proporcionando assim

    transmisso e recepo de maior quantidade de contedo por uma mesma freqncia (canal),

    podendo atingir alta qualidade na imagem (alta definio) 60.

    Um sistema de TV digital composto por quatro elementos: o padro de

    modulao, o padro de codificao, o middleware (sistema operacional, algo como

    Windows da TV digital) e a linha de retorno (atravs da qual se dar a interatividade)61.

    2.1 O processo de implantao da TV digital no Brasil

    A Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel) deu incio ao processo de

    escolha do padro a ser adotado no Brasil em 199962. Para isso, o governo criou o Comit de

    Desenvolvimento da TV digital composto por nove ministros (Casa Civil, Fazenda,

    Desenvolvimento, Comunicaes, Planejamento, Educao, Cultura, Cincia e Tecnologia e

    Relaes Exteriores) para fixao de diretrizes do Sistema Brasileiro de TV digital63. Em

    seguida, o Comit de Desenvolvimento responsvel pela escolha do padro criou o Frum

    do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T) para dar prosseguimento ao

    processo. Este Frum contou com representantes dos setores de radiodifuso, da indstria e de

    comunidades cientficas e tecnolgicas.64

    Com a escolha do padro japons (decreto 5.820), em 29 de junho de 2006, a

    expectativa do ministro das Comunicaes, Hlio Costa65, que as primeiras transmisses

    sejam realizadas at o final de 2007. Antes da implantao, nas demais capitais brasileiras

    60 WIKIPEDIA. Disponvel em: . Acesso em: 12 dez. 2006. 61 CASTRO, Daniel. TV digital ter implantao gradual no pas. Folha Online. Disponvel em: < http://www.

    folha.com.br>. Acesso em: 18 set. 2006. 62 SUA prxima TV. Revista Veja. Tecnologia. Ed. especial n 46, ano 38, jul. 2006. p. 50 63 RYDLEWSKI Carlos; VALLADARES, Rardo. Plasma ou LCD? Como ser a sua prxima televiso. Revista

    Veja, So Paulo, Editora abril, v. 1944, n. 7, ano 39, 22 fev. 2006. p. 73. 64 REVISTA VDEO, SOM E TECNOLOGIA. Ano 7, n. 100, ago 2006. p. 33. 65 Hlio Costa: foi reprter da TV Globo, dono de emissoras e rdios comerciais. Ele defendeu os interesses

    das emissoras no debate sobre Emenda Constitucional que permitiu a entrada de 30% do capital estrangeiro na radiodifuso.

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    sero feitos testes, avaliao de sinais e de operao para levar a TV digital a todo o pas66. O

    Brasil possui cerca de 400 geradoras de TV e quase 10 mil retransmissores67. As emissoras de

    TV tero legalmente at 18 meses, aps aprovao de um projeto de instalao pelo

    Ministrio das Comunicaes para iniciarem as transmisses comerciais68.

    O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicaes (CPqD) estimou

    que a transio para a TV digital custar aproximadamente R$ 14 bilhes s emissoras em um

    prazo de 15 anos69. A implantao ser gradual e dever comear na cidade de So Paulo,

    nica que est realizando testes sobre a TV digital. Depois a TV chegar a outras capitais e no

    Distrito Federal para a partir da, alcanar o interior do pas. Neste perodo, o governo estima

    que sejam feitos investimentos de at R$ 100 bilhes ou R$ 10 bilhes por ano70. A

    interatividade possibilita a incluso digital, no entanto, o ministro das Comunicaes admitiu

    que durante o primeiro ano de funcionamento, a TV digital no dever contar com recursos de

    interatividade. O foco do governo num primeiro momento promover a popularizao da TV

    digital e por isso, lanar equipamentos mais simples e baratos e criar linhas de financiamento

    de baixo custo para facilitar o acesso populao71.

    2.2 Multiprogramao

    A multiprogramao a oferta de mltiplas programaes simultneas de TV

    atravs de um canal na plataforma digital. Com isso, possibilita a abertura de espao para

    novos atores produzirem seus contedos televisivos, como os sindicatos, movimentos sociais,

    organizaes no-governamentais, canais comunitrios e universitrios72.

    Gustavo Gindre, conselheiro do Coletivo Intervozes e coordenador-geral do

    Instituto de Estudos e Projetos de Comunicao e Cultura (Indecs),acredita que:

    66 ZIMMERMANN, Patrcia. Governo quer distribuir canais de TV digital para So Paulo at dezembro. Folha

    Online. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006. 67 Ibidem. 68 Idem. TV digital comea a ser transmitida em at 8 meses, diz ministro. Folha Online. Disponvel em:

    . Acesso em: 18set. 2006. 69 MEDINA, Humberto. Escolha do padro japons pode custar mais para consumidor. Folha Online.

    Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006. 70 CONSUMIDOR ainda vai demorar a ver TV Digital. Correio Braziliense. Caderno Economia. 30 jun. 2006.

    p. 16 71 ZIMMERMANN, Patrcia. TV digital comea a ser transmitida em at 8 meses, diz ministro. Folha Online.

    Disponvel em: . Acesso em: 18set. 2006. 72 INFORMATIVO do Sindicato dos radialistas no DF. julho/agosto de 2006. p. 1.

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    Estimular a diversidade cultural e regional, produzir contedo independente e permitir o acesso aos meios por parte dos movimentos sociais e das minorias uma estratgia para acabar com o oligoplio nas emissoras e isso possvel com a multiprogramao da TV Digital.73

    O pesquisador-snior da Diretoria de TV digital do Centro de Pesquisa e

    Desenvolvimento em Telecomunicaes (CPqD), Giovanni Moura de Holanda, apoiou a

    proposta de multiprogramao dos canais que tem por objetivo aumentar a oferta de contedo

    para a populao. O modelo que o CPqD props, incluiu ainda a interatividade com canal de

    retorno e uso facultativo do compartilhamento de rede pelas emissoras.

    A multiprogramao resulta em um produto de segunda categoria, segundo o

    diretor da Sociedade Brasileira de Engenharia e Televiso e de Telecomunicaes (SET),

    Fernando Mattoso Bittencourt Filho74, integrante do Conselho de Comunicao Social. Para

    Filho, a diferena entre a definio padro e a alta definio maior do que uma TV preto-e-

    branco para uma colorida. A alta definio uma tendncia mundial, a TV do futuro a TV

    de alta-definio, diz Filho75. Na opinio dele, o modelo de multiprogramao invivel,

    porque com a multiprogramao haver menos recursos para cada um produzir seus

    programas, pois a publicidade estar mais espalhada. O presidente da Cmara de Contedo do

    Conselho Consultivo do Sistema Brasileiro de TV Digital, Alexandre Kieling, discordou do

    argumento de Filho, defendendo a busca de outras formas alm da publicidade para financiar

    o contedo.76

    Cada emissora brasileira possui um faixa na transmisso. No modelo digital a

    faixa de transmisso pode ser dividida em quatro, dando espao a multiprogramao. O

    modelo analgico no pode ser dividido (monoprogramao). Com a revoluo digital, as

    emissoras podem utilizar a faixa inteira para transmitir um mesmo programa em tima

    resoluo, usar cada uma das quatro faixas para transmitir programas diferentes, porm com a

    resoluo mais baixa ou utilizar algumas faixas para transmitir programas em alta resoluo e

    empregar as restantes para transmitir contedo para celulares ou para TVs instaladas em

    carros ou outros veculos.77

    73 TV Digital: debatedores reclamam de pressa do governo. Disponvel em: .

    Acesso em: 18 set. 2006. 74 TV Digital: financiamento de programas divide entidades. Disponvel em: .

    Acesso em: 18 set. 2006. 75 Ibidem. 76 Ibidem. 77 RYDLEWSKI Carlos; VALLADARES, Rardo. Plasma ou LCD? Como ser a sua prxima televiso. Revista

    Veja, So Paulo, Editora abril, v. 1944, n. 7, ano 39, 22 fev. 2006. p. 72.

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  • - 26 -

    2.3 Interatividade

    O conceito de interatividade entrou no Brasil nos anos 90, quando o telespectador

    passou a interferir na ao dos programas instantaneamente, por meio das linhas telefnicas.

    A participao do telespectador vem sendo solicitada desde o incio da TV78.

    A TV digital traz a possibilidade da interatividade que tem sido classificada nas

    discusses do governo, no Congresso e no meio tecnolgico como uma nova mdia, um novo

    meio de comunicao.79

    Com a interatividade a TV digital poder permitir a incluso digital, oferecendo

    servios de internet populao.80

    Alm de melhorar a qualidade da imagem, som e multiprogramao a TV digital

    traz ofertas de servios interativos. So trs nveis de interatividade existentes:

    Nvel 1: Os dados so gravados no televisor ou caixa conversora (set up

    box) para serem depois acessados, no existe o canal de retorno.

    Nvel 2: Existe o canal de retorno que possibilita a comunicao entre o

    terminal e a emissora, no ocorrendo necessariamente em tempo real.

    Nvel 3: possvel receber e enviar em tempo real contedos de

    servios de radiodifuso, telefonia e comunicao de redes sem fio

    (wireless) 81.

    Observao: Os nveis 2 e 3 so os que garantem a interatividade. O

    usurio com a interatividade deixa de ser passivo pode interferir no

    contedo da emissora.82

    No nvel mais simples, o usurio pode escolher, por exemplo, diferentes cmeras

    em um jogo de futebol ou definir a programao de forma personalizada. No nvel

    intermedirio, existe o canal de retorno que possibilita o envio de informaes para a

    emissora. No intermedirio esto os servios como votaes, e-mail, governo eletrnico,

    transaes bancrias e comrcio. E no nvel mais avanado de interatividade, os espectadores

    sozinhos ou organizados em comunidades podem produzir contedo e enviar para a emissora

    78 XAVIER, Ricardo; SACCHI, Rogrio. Almanaque da TV: 50 anos de memria e informao. Rio de Janeiro:

    Objetiva, 2000, p. 206. 79 VEJA as principais mudanas para o telespectador com a TV digital. Folha Online. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006. 80 INFORMATIVO do Sindicato dos radialistas no DF. Jul./ago. 2006. p. 1 81 Ibidem, p. 1. 82 Ibidem, p. 1.

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  • - 27 -

    ou para outra emissora83. O uso do canal de retorno e do aparelho decodificador de sinais (set

    up box) o que permitir a interatividade.84

    Segundo Duarte85, a interatividade, alm da integrao da voz, dados e imagem,

    possibilita o desenvolvimento de novos servios como o vdeo-on-demand86, home-banking87,

    educao distncia, servios de sade e outros.

    Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco88, Carlos Ferraz, a

    interatividade o grande atrativo da TV digital. Por meio de um set up box89, conversor do

    sinal analgico para o digital, tm-se o acesso s aplicaes de interatividade. Segundo

    Gustavo Gindre, conselheiro do Coletivo Intervozes e coordenador-geral do instituto de

    Estudos e Projetos de Comunicao e Cultura (Indecs), por meio da interatividade, pode-se

    levar e-mail a todos os aparelhos de TV do Brasil, criar uma rede nacional de educao

    distncia ou apenas comprar um vestido da mocinha da novela.90

    2.4 Operador de Rede

    O operador de rede uma possibilidade trazida pela TV digital para a separao

    de provedores de programao e operadores de rede de transporte que so responsveis pela

    transmisso e recepo do sinal. No modelo digital, a transmisso pode ser feita sem a

    produo do contedo o que facilitaria a produo de pequenas emissoras que se livrariam dos

    altos custos de transmisso.91

    No entanto, as redes de TV abertas temem essa alternativa, pois teriam que pagar

    para a empresa de operador de rede transmitir o sinal.92

    A introduo do operador de rede elemento fundamental para a democratizao

    83 INFORMATIVO Intervozes. Revista TV Digital. Nov. 2005. p. 8. 84 Ibidem, p. 9. 85 DUARTE, Luiz Guilherme. pagar para ver: a TV por assinatura em foco. So Paulo: Summus, 1996. p. 10. 86 Vdeo-on-demand: Vdeo por demanda 87 Home-banking: com a revoluo implantada pela tecnologia, principalmente a informtica, as operaes

    atravs dos bancos tornaram-se mais geis e eficientes. O home-banking compreende ligaes entre o computador do cliente e a central de computao dos bancos. Este servio permite que um determinado cliente execute operaes bancrias distncia.

    88 PARA fabricantes, definio de padro pouco transparente. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006.

    89 Set up box: caixa conversora do sinal da TV digital. 90 TV Digital: debatedores reclamam de pressa do governo. Disponvel em: .

    Acesso em: 18 set. 2006. 91 INFORMATIVO..., op. cit., p. 5. 92 PARA jornalista, TV digital s chega de fato em 2007. Folha Online. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006.

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    do espectro eletromagntico. O operador de rede responsvel pela infra-estrutura de

    transmisso. Com ele, as emissoras transmitem o sinal para uma nica antena que no tem

    ligao com as emissoras e que rene os sinais em espao disponvel, transmitindo um nico

    feixe para as residncias daquela rea de cobertura. O operador de rede uma forma de tornar

    mais barata a transmisso para as pequenas emissoras, devido ao rateio do servio prestado,

    pois possibilita pagar individualmente93. O operador de rede promove a isonomia entre as

    pequenas e grandes emissoras, alm disso, o operador de rede diminui a interferncia entre

    canais, aumentando o espao til no espectro. E permite que o canal de 6MHz seja

    fracionado, disponibilizando-o a outras emissoras. Por isso, grandes redes no tm interesse

    em aceit-lo.94

    2.5 O SBTVD

    A tentativa da criao do Sistema Brasileiro de Televiso Digital (SBTVD)

    iniciou-se com o decreto 4901, do dia 26 de novembro de 2003. O governo mobilizou

    cientistas, pesquisadores e empresas em busca de uma televiso que se adequasse s

    caractersticas do Brasil, onde a TV aberta e gratuita. O governo investiu 60 milhes de

    reais em 22 consrcios, envolvendo 106 universidades, institutos de pesquisa e empresas

    privadas.95

    O SBTVD foi criado entre outras coisas para promover a incluso social, propiciar

    o surgimento de uma nova rede oficial de educao distncia, estimular a pesquisa e

    democratizar a informao.96

    O SBTVD tem por objetivos: estimular a pesquisa e o desenvolvimento e

    propiciar a expanso de tecnologias brasileiras e da indstria nacional, com o auxlio dos 22

    consrcios de universidades, centros de pesquisas e empresas com o recurso do Fundo para o

    Desenvolvimento Tecnolgico das Telecomunicaes (Funtel) e Gerncia da Financiadora de

    Estudos e Projetos (Finep). A Fundao CPqD foi contratada para cuidar dos consrcios. Os

    recursos eram poucos e houve demora para chegar, sendo que alguns pesquisadores tiveram

    93 INFORMATIVO Intervozes. Revista TV Digital. Maio 2006. p. 20. 94 Ibidem, p. 20 95 VEJA explicaes do governo sobre a definio da TV digital. Folha Online. Disponvel em:

  • - 29 -

    que comear as pesquisas com recursos prprios.97

    Em 2003, foi criado um Frum Governamental para definir as polticas da TV

    digital, assessorado por um Comit Consultivo com representantes da sociedade civil para o

    desenvolvimento do SBTVD. Apesar disso, o atual ministro das Comunicaes, Hlio Costa

    (PMDB-MG), anunciou que o desenvolvimento de uma pesquisa nacional era secundrio

    diante das necessidades de comear logo as transmisses digitais. E defendeu que os parceiros

    fundamentais nas decises sobre o SBTVD so as redes de televiso e, portanto so delas que

    devem partir as diretrizes da televiso brasileira. Apesar de ter sido previsto R$ 80 milhes

    para o desenvolvimento do SBTVD, somente R$ 38 milhes foram liberados.98

    Os diferentes grupos trabalharam em reas como transmisso e recepo,

    codificao de canal, modulao, camada de transporte, canal de interatividade, aplicativos e

    sistemas operacionais.

    A Universidade Federal da Paraba (UFPB) e a Pontifcia Universidade

    Catlica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) desenvolveram dois middlewares, atualmente unificados

    com o nome de Ginga. O middleware permite que diversos terminais de acesso rodem

    inmeros aplicativos com finalidades especficas e distintas entre si. o mais importante

    software do terminal de acesso99. A partir de uma combinao entre diferentes tecnologias, o

    Ginga permite aplicaes que utilizem textos, imagens e sons.100

    Segundo Estudo da Cmara dos Deputados, realizado em 2006, a adoo de um

    Sistema Brasileiro de TV digital no geraria profundas incompatibilidades entre o modelo

    nacional e os existentes.101

    Para o diretor-tcnico da Associao Brasileira de Televiso Universitria

    (ABTU), jornalista Alexandre Kieling, a diversidade de canais deve democratizar a TV

    brasileira com a possibilidade de incluir novos atores que esto fora dos sistemas

    convencionais de produo de contedo.102

    Para o presidente da Associao Nacional das Operadoras Celulares (Acel),

    97 INFORMATIVO Intervozes. Revista TV Digital. Maio 2006. p. 17. 98 Ibidem, nov. 2005. p. 3. 99 Ibidem, maio 2005. p. 17. 100 PESQUISADOR defende padro brasileiro de TV digital. Disponvel em: .

    Acesso em: 18 set. 2006. 101 OS CAMINHOS da TV digital no Brasil: estudo da Cmara dos Deputados. Braslia: Consultoria Legislativa

    da Cmara dos Deputados, 2006. 102 JORNALISTA prope diversificao de contedo da TV digital. Disponvel em: < http://www.camara.

    gov.br>. Acesso em: 18 set. 2006.

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    Emerson Martins Costa103, os celulares esto presentes em 47% dos domiclios no Pas,

    portanto deveria ser agregados aos modelos de negcios do SBTVD.

    Para o diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicaes

    (CPqD) e representante do projeto Sistema Brasileiro de Televiso Digital (SBTVD), Ricardo

    Benetton104, o decreto que instituiu o SBTVD pede que o Brasil respeite a flexibilidade dos

    modelos de negcios e sugere que a TV sirva como instrumento de incluso social, com o

    desenvolvimento de um sistema que promova a capacitao tecnolgica no Brasil e que seja

    um estmulo cadeia produtiva do audiovisual.

    2.6 Os primeiros testes

    Pela Lei Geral de Telecomunicaes (5070/66) papel da Anatel cuidar dos

    planos bsicos de TV e rdio levando em conta as inovaes para o setor. A Anatel j

    regulamentou as faixas que sero usadas para a TV digital.105

    A TV Cmara foi a primeira emissora do Brasil a receber autorizao formal da

    Agncia Nacional de Telecomunicaes (Anatel) para fazer teste de transmisso de TV

    digital. A TV Cmara pediu solicitao do canal 22D que est constante no Plano Bsico de

    Distribuio de Canais de Televiso Digital (PBTVD), em Braslia. A autorizao foi

    publicada em 12 de maio de 2006 no Dirio Oficial da Unio e possui validade de dois meses,

    podendo ser prorrogada. A autorizao foi concedida para execuo do Servio Especial para

    Fins Cientficos ou Experimentais106. Os testes usaram o modelo brasileiro da tecnologia de

    TV digital, desenvolvido por um consrcio de 22 universidades brasileiras. Um dos testes a

    transmisso de um programa de TV interativo, que utilizando o controle remoto do aparelho

    de TV, responde a um questionrio de sade107. O CPqD instalou um transmissor no hall da

    103 OPERADORAS de celular querem modelo hbrido em TV digital. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006. 104 CPqD defende uso de solues brasileiras. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>. Acesso em: 18 set.

    2006. 105 TV digital: Anatel defende marco regulatrio. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>. Acesso em: 18

    set. 2006. 106 TV Cmara pioneira na transmisso da TV digital no Pas. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>.

    Acesso em: 18 set. 2006. 107 CMARA discute impacto da TV digital no Pas. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>. Acesso em:

    18 set. 2006.

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    Taquigrafia da Cmara que envia sinais digitais para um receptor no interior da Cmara.108

    A primeira transmisso de TV digital foi realizada no dia 16 de maio de 2006 pela

    TV Cmara.109

    2.7 O Espectro

    Atualmente, as redes de TV usam toda a freqncia de 6MHz do espectro,

    disponvel para a transmisso analgica de um canal. Com a digitalizao, o sinal digital

    comprimido em bits, sobrando mais espao no espectro para enviar mais dados. Logo, sobrar

    mais espao no espectro de transmisso.

    Todos os equipamentos sem fio, desde celulares at os controles remotos de TV

    mandam os sinais em faixas de freqncia por meio do espectro110. Algumas destas faixas so

    controladas pelo governo que comercializam as licenas para que as empresas de

    telecomunicaes as utilizem. A diviso e a sobreposio de faixas tm limites e as

    freqncias mais teis para utilizar nas cidades so poucas. As faixas mais preciosas so as

    que possuem ondas que conseguem viajar por longas distncias e ultrapassam objetos slidos,

    por exemplo, as paredes dos edifcios (utilizada pela TV aberta). Com a digitalizao, o

    espectro tornou-se mais eficiente, pois foram utilizados mtodos de compactao de

    informaes. Nos anos 60, podiam se conduzir apenas sinais de vdeo para um canal de TV,

    com a compactao podem-se utilizar at dez canais.111

    2.8 Cenrios

    Segundo o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em telecomunicaes (CPqD),

    108 TV Cmara faz teste de transmisso digital. Disponvel em: . Acesso em: 18 set.

    2006. 109 SEMINRIO discute impacto da TV digital no Pas. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>. Acesso

    em: 18 set. 2006. 110 A freqncia medida em hertz, igual ao nmero de vezes que a onda completa um ciclo de subida e

    descida em um segundo. 111 RYDLEWSKI, Carlos. Escassez de nada. Revista Veja. So Paulo, Abril, v. 1874, ano 37, n. 40. 6 out. 2004,

    p. 110.

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    no Brasil existem trs cenrios alternativos para o mercado112: O primeiro cenrio (cenrio

    incremental) no rompe a legislao vigente. Ele preserva o espao das emissoras de

    radiodifuso e concedida uma outorga adicional para a explorao de um canal de alta

    definio. Neste cenrio a interatividade limitada, pois no existe possibilidade de operao

    de um canal de retorno. No segundo cenrio (classificado tambm por modelo de

    diferenciao), o sinal digital seria utilizado para multiprogramao, onde cada emissora

    exploraria quatro canais, mas no haveria sinal de alta definio, que suporta uma maior

    interatividade, com o canal de retorno. No terceiro cenrio (convergncia), as imagens e os

    sons so transportados por diversos meios, pelas antenas das emissoras, pelas redes de

    operadoras de telefonia fixa, celular e de TV por assinatura. Com a liberao do espectro de

    freqncia seria ento possvel oferecer interatividade completa em tempo real. Porm o

    estudo feito pela Consultoria Legislativa da Cmara Federal constatou que no primeiro

    modelo de diferenciao, seria preciso instituir novas facilidades para o servio de

    radiodifuso para que ele possa se adequar ao ambiente de multiprogramao, interatividade e

    mobilidade113 com programao diferenciada. No cenrio de convergncia, seria necessrio

    desvincular a necessidade de concesso de uma freqncia para a explorao do servio de

    radiodifuso de sons e imagens, pois neste cenrio seria permitido fazer transmisso por

    outros meios. As mudanas seriam bastante significativas, pois as telecomunicaes e a

    radiodifuso tem marcos regulatrios distintos114.

    Segundo o Folha Online115, o espao do espectro, com a digitalizao dos dados

    pode ser utilizado de trs maneiras, como mostra a tabela abaixo:

    Quadro 1 - Espao utilizado em 6 MHz Espao utilizado em 6MHz

    do espectro eletromagntico

    Quem ganha Quem perde

    Opo 1 cenrio incremental

    Transmisso de imagens em alta definio e transmisso de imagens em baixa definio para celulares.

    As atuais redes de TV As telefnicas que no ganham com interatividade e perdem com a TV aberta grtis no celular; os novos players, pois no h espao para eles; a TV paga, pois a TV aberta fica com melhor qualidade e no

    112 MODELO de explorao condiciona futuro da TV digital. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>.

    Acesso em: 18 set. 2006. 113 Mobilidade: funcionalidade que caracteriza os sinais transmitidos pelas emissoras de TV destinados

    recepo por terminais mveis. 114 MODELO..., op. cit. 115 ENTENDA o que est em jogo na discusso da TV digital. Folha Online. Disponvel em: < http://www.

    folha.uol.com.br>. Acesso em: 18 set. 2006.

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    h espao na TV aberta para canais pblicos e comunitrios.

    Opo 2 cenrio diferenciado

    Quatro canais para a mesma rede de TV, ou um canal de alta definio combinado com transmisso de baixa resoluo para veculos e celulares.

    As atuais redes e as telefnicas com a interatividade.

    Os novos players, pois no h espao. A TV paga, pois a TV aberta agora tem qualidade equiparada e no h espao para os canais pblicos e comunitrios.

    Opo 3 cenrio de convergncia

    Quatro canais de deferentes redes de TV (os canis podem ser ocupados por outros servios de telecomunicaes como banda larga).

    As telefnicas (com novos servios de interatividade), os novos players, pois tero mais espao, os canais pblicos e comunitrios, a TV paga e os produtores independentes.

    As atuais redes que perdem freqncia, audincia e receitas.

    Fonte: www.folha.uol.com.br

    Segundo a Revista Vdeo, Som e Tecnologia116, cinco so os personagens

    envolvidos na discusso que envolve TV digital: o governo, as emissoras de TV, as

    operadoras de telefonia fixa ou celular, os fabricantes e o telespectador. O governo teve como

    prioridade a incluso digital, para permitir a interatividade e internet por intermdio da TV.

    As emissoras de TV vem a TV digital como a chance de ampliar as oportunidades de

    negcios, mas continuando com o modelo atual, onde a produo e a transmisso gratuita e

    o lucro oriundo da publicidade. J as operadoras de telefonia fixa e de celular estavam

    interessadas no domnio da TV digital nos celulares e na competio para prover o acesso,

    hoje feito somente pelas emissoras de TV. Os fabricantes tinham a expectativa que o padro

    escolhido possibilitasse a reduo de custos com a produo em larga escala. E por ltimo o

    telespectador, que se quiser ver a TV digital ter que comprar um conversor (set up box) .117

    Para o engenheiro Andr Brando Peres, da Associao Brasileira de

    Telecomunicaes (Telebrasil), o interesse privado est se sobrepondo ao interesse pblico na

    discusso sobre TV digital.118

    116 REVISTA VDEO, SOM E TECNOLOGIA. Ano 7, n. 100, ago. 2006, p. 31. 117 Ibidem. 118 TV Digital: debatedores reclamam de pressa do governo. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br>.

    Acesso em: 18 set. 2006.

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    CAPTULO III

    3 SISTEMA ANALGICO X SISTEMA DIGITAL

    A televiso hoje no planeta o principal meio de informao, entretenimento e de

    educao119. Com a digitalizao sero viveis as ofertas de servios interativos como a

    internet, compras e operaes bancrias, telemedicina e teleducao. Em tempos de

    convergncia tecnolgica, a mensagem pode transitar em qualquer meio digital seja em

    telefone celular, computador ou a prpria TV120.

    A tecnologia analgica possibilita emissora a transmisso de sinais atravs de

    ondas eletromagnticas. Atualmente, cada canal de uma emissora ocupa 6 MHz no espectro.

    Com a tecnologia digital, imagens, sons e dados sero digitalizados, compactados, ocupando

    menos espao no espectro eletromagntico121.

    Segundo Wilson Dizard Jnior, na tecnologia de compresso digital os dados

    podem ser na forma de vdeo, udios, impressa ou as trs ao mesmo tempo, pois so baseados

    em dgitos binrios, igual ao do computador, no fazendo distino. J no analgico, s se

    pode ter somente uma aplicao por vez122.

    A revoluo tecnolgica que ocorrer com a transmisso digital dos sinais de TV

    mais que a qualidade do som e imagem, pois haver a possibilidade de assistir os programas

    em telefones celulares, podendo ainda por meio do controle remoto interagir com emissoras,

    votar em um show de auditrio, participar de uma pesquisa e/ou comprar produtos no

    intervalo comercial123. A digitalizao transformar a televiso da mesma forma que a tecnologia do CD digitalizado mudou o mundo da gravao digital. Os novos televisores no s exibiro uma imagem de televiso muito melhor, como tambm serviro como um sistema de telecomputao polivalente, oferecendo uma ampla gama de servios de informao e entretenimento.124

    119 O BRASIL na era digital. TV Senado. Braslia, 2006. DVD (37 min.). 120 Ibidem. 121 ENTENDA o que est em jogo na discusso da TV digital. Folha On Line. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006. 122 JNIOR, Op. cit, p.73. 123 RYDLEWSKI Carlos; VALLADARES, Rardo. Plasma ou LCD? Como ser a sua prxima televiso. Revista

    Veja, So Paulo, Editora abril, v. 1944, n. 7, ano 39, 22 fev. 2006. p. 63. 124 JNIOR, Op.cit, p. 73.

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    Quadro 2 - Sistema Analgico x Digital

    Analgico Digital A nitidez inferior digital. A nitidez oferecida poder ser de at 12,6 vezes

    superior analgica. Formato da tela de 4:3. Formato panormico da tela de cinema, em

    proporo de 16:9, chamada de widescreen, que tem por vantagem a abrangncia da cena.

    Som estreo, com duas sadas de udio. Som do tipo surround com 5.1 canais de udio. o mesmo sistema dos home theaters. O espectador tem a sensao de estar cercado pelos barulhos que esto acontecendo nas cenas.

    A resoluo da imagem de no mximo 640 x 480 linhas. (em tese, pois por causa de barreiras e problemas de transmisso, a qualidade da imagem no chega a metade deste valor).

    Existem quatro gradaes possveis na resoluo das transmisses. As gradaes variam de acordo com o nmero de pixels em cada linha horizontal e vertical da tela. O nvel mnimo de 854 x 480 linhas e o mximo so de 1920 x 1080 linhas.

    Uso do espectro limitado por interferncia Possvel uso de canais adjacentes. Fontes: Revista Veja, ano 39, n 7, ed. 1944, 22 fev. 2006. p. 68 -69. Revista Sudoeste News, n. 18, Braslia, jul. 2006. p. 8.

    O tempo de transio estimado para que a TV digital tenha total cobertura no

    Brasil varia de 10 a 15 anos125. No perodo de transio o usurio poder colocar um

    conversor na TV. A primeira transmisso digital est marcada para meados do ano que vem,

    30 de junho, quando devero ser comercializadas as caixas de recepo e converso de sinais

    digitais para analgicos (set up box)126.

    As emissoras que adotarem a transmisso digital tero que manter a transmisso

    analgica at 2016, de acordo com o decreto n 5.820 de 29 de junho de 2006. O

    decodificador (set up box), permitir ao telespectador receber a transmisso digital em sua

    casa. A tendncia que os set up boxes permitam ao telespectador gravar a programao

    sem a necessidade de um aparelho de vdeo-cassete ou gravador de DVD127.

    A definio ou a resoluo da imagem de acordo com o nmero de linhas que

    formam a imagem da televiso128. Essas linhas precisam ser transmitidas dentro de um

    espectro (espao natural de freqncia, onde as ondas eletromagnticas percorrem). Cada

    canal atual analgico ocupa 6 MHz deste espectro. Com a digitalizao, em um espao de

    cada canal podem caber at quatro canais. Atualmente, grande parte do contedo das grandes

    emissoras j digital, conhecido como padro estdio, ou seja, implantar a TV digital no

    125 INTERNAUTAS questionam custo da TV digital para populao. Disponvel em: < http://www.camara.

    gov.br>. Acesso em: 18 set. 2006. 126 SPITZ, Clarice. TV digital j est disponvel para 110 milhes de pessoas, diz Anatel. Folha Online.

    Disponvel em: < http://www.folha.com.br>. Acesso em: 18 set 2006. 127 GROSSMANN, Lus Osvaldo Jornal. Consumidor ainda vai demorar a ver TV Digital. Correio Braziliense.

    Caderno Economia. 30 jun. 2006. p. 16. 128 OS CAMINHOS da TV digital no Brasil. Braslia: Consultoria Legislativa da Cmara dos Deputados, 2006.

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  • - 36 -

    pas promover a digitalizao dos segmentos de transmisso das emissoras e de recepo

    dos usurios129.

    3.1 TV digital, o incio

    Segundo Negroponte130, em 1972 alguns japoneses visionrios chegaram a

    concluso que o prximo passo evolutivo da televiso seria decorrente de uma melhor

    definio na imagem, postulando que a mudana do preto-e-branco para o colorido seria

    seguida por uma TV com qualidade de cinema, a chamada televiso de alta definio (high-

    definition television ou HDTV). Os japoneses deram um passo adiante e ao longo dos 14 anos

    seguintes desenvolveram o Hi-Vision, uma modalidade de TV de alta definio. Em 1986, a

    Europa estava alarmada diante da perspectiva do domnio japons com a nova gerao de

    TVs. Depois os Estados Unidos entraram na jogada para lutar junto com os japoneses para

    transformar a Hi-Vision em um padro mundial. Como medida protecionista os europeus

    votaram contra a Hi-Vision, desenvolvendo um prprio sistema, o HDTV. Em 1990, os pases

    que desenvolveram a TV avanada foram: Japo, Europa e Estados Unidos, mas eles

    caminharam em direes diversas: o Japo investiu 18 anos em pesquisas e dinheiro para a

    TV de alta definio. Os americanos viram a oportunidade de retornar ao mercado dos

    aparelhos eletrnicos, e em 1991, nos Estados Unidos, em menos de seis meses todas as

    propostas americanas para a televiso de alta definio transformaram-se de analgicas para

    digitais.131

    3.2 Os trs padres

    Existem trs padres de TV digital atualmente no mundo:

    Padro Americano ASTC (Advanced Television Systems

    Committee): privilegia a alta definio, contudo incompatvel com os

    receptores mveis. Este padro comeou em 1996 e utilizado pelos

    Estados Unidos, Canad, Mxico e Coria do Sul; 129 Estudo da Cmara dos Deputados. Os caminhos da TV digital no Brasil. Consultores da rea XIV da

    Consultoria Legislativa da Cmara dos Deputados. Realizado em 2006. 130 NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. 2. ed. So Paulo: Companhia das letras, 2003. p. 43. 131 Ibidem, p. 44.

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  • - 37 -

    Padro europeu DVB (Digital Video Broadcasting): se destaca pelos

    bons recursos interativos, mas est sujeito a interferncias de

    eletrodomsticos. Este padro foi adotado pela Europa, sia, frica e

    Oceania;

    Padro japons ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting):

    iniciado em 2003, tem como vantagem a transmisso de imagens de alta

    resoluo132 para celulares e computadores de mo. adotado somente

    pelo Japo133.

    3.2.1 Diferenas entre os padres

    O padro japons favorece o uso exclusivo das emissoras de TV. Foi o ltimo a

    entrar em aplicao, em dezembro de 2003. J no padro europeu, o contedo pode ser usado

    por vrios fornecedores. Logo, as empresas de telefonia poderiam ser beneficiadas134.

    A diferena bsica entre os padres est no sistema de modulao, ou seja, a

    transmisso135. A tabela abaixo mostra algumas caractersticas dos trs padres:

    Quadro 3 Tipos de padro

    Padro americano Padro europeu Padro japons Onde j adotado

    Estados Unidos, Canad, Mxico e Coria do Sul.

    Em quase setenta pases, incluindo toda a Europa, Austrlia, Nova Zelndia, ndia e Cingapura.

    Japo

    Caractersticas A imagem tem qualidade superior e o sistema permite interatividade. No possvel, contudo transmitir imagens para carros, nibus, trens e nem para celulares.

    A qualidade de imagem nos televisores um pouco inferior a dos outros sistemas. Permite interatividade, alm da transmisso para veculos e celulares (com qualidade mediana de imagem).

    A imagem tem qualidade superior, mesmo nas transmisses para veculos e celulares. O sistema permite a interatividade.

    O que o Brasil ganha se adotar o sistema

    Financiamento direto de 150 milhes de dlares para a indstria e reinvestimento de metade dos royalties no pas. O

    Financiamento direto de 480 milhes de dlares para a indstria e reinvestimento de metade dos royalties no pas. Alm disso, a chance de exportar

    Financiamento direto de 500 milhes de dlares para a indstria e o que mais for necessrio para atender demanda brasileira. Os

    132 Resoluo: a quantidade de pixels que forma uma imagem. 133 LIMA, Roberta Abreu. Sua prxima TV. Revista Veja Tecnologia. So Paulo, Abril, n. 46, ano 38, jul. 2005

    p. 50. 134 RYDLEWSKI Carlos; VALLADARES, Rardo. Plasma ou LCD? Como ser a sua prxima televiso. Revista

    Veja, So Paulo, Editora abril, v. 1944, n. 7, ano 39, 22 fev. 2006. p. 71. 135 VEJA explicaes do governo sobre a definio da TV digital. Folha Online. Disponvel em:

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    Brasil poderia exportar equipamentos para os Estados Unidos.

    aparelhos digitais para a Unio Europia com alquota zero.

    japoneses tambm prometem repassar tecnologia dos conversores e iseno de royalties. O Brasil poderia exportar equipamentos para o Japo.

    Defensores no Brasil

    Os prprios americanos. Os tcnicos e o governo brasileiro consideram esse padro o pior de todos, porque est atrasado na transmisso de imagens para veculos e celulares e no assegura a incorporao de tecnologia brasileira.

    A Casa Civil e os ministrios da Fazenda e do Desenvolvimento, de olho nas exportaes. Os fabricantes de equipamentos e as empresas de telefonia defendem o modelo, porque, nesse sistema, as emissoras de televiso no tm monoplio na transmisso de imagens digitais para celulares.

    O ministro das Comunicaes, Hlio Costa, considera o padro japons o mais flexvel e o mais completo. tambm o sistema preferido das empresas de TV brasileiras, uma vez que elas ganhariam o monoplio sobre todos os servios da TV digital.

    Fonte: Revista Veja, ano 39, n. 7, 22 fev. 2006. p. 66-67. Quadro 4 - As vantagens oferecidas por cada padro.

    Resumo das propostas oferecidas pelos representantes de cada padro Padro europeu Padro japons Padro americano Poltica de importao

    Taxa zero de importao para TVs e conversores fabricados nos pases do Mercosul

    Sem definio Sem definio

    Royalties Investimento de 100% dos royalties em pesquisa e desenvolvimento no Brasil

    Iseno de royalties Investimento parcial dos royalties em pesquisa e desenvolvimento no Brasil

    Mecanismos de financiamento

    Linha de crdito de at 400 milhes de euros

    Oferta de linha de financiamento, mas no estipula valores

    Oferta de linha de financiamento de at US$ 150 milhes

    Investimentos industriais

    Produo adicional de 79 milhes de conversores e terminais mveis, 40 milhes de TVs digitais com gerao de 9 mil empregos diretos e 23 mil empregos indiretos

    No existe definio precisa

    No existe definio precisa

    Fonte: Os caminhos da TV digital no Brasil. Consultoria Legislativa da Cmara dos Deputados. 2006. 3.2.2 Padro norte-americano ATSC

    O ATSC (Advanced Television Systems Committee) uma associao formada

    por aproximadamente 140 empresas das reas de radiodifuso e fornecedores de

    equipamentos eletrnicos que representam o padro americano de TV digital136.

    136 ZIMMERMANN, Patrcia. Entenda os sistemas americano, europeu e japons para a TV digital. Folha

    Online. Disponvel em: . Acesso em: 18 set. 2006.

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    Este foi o primeiro padro a ser descartado pelo governo brasileiro, pois no teria

    condies de apresentar testes satisfatrios de transmisses com mobilidade137 em nibus, por

    exemplo, e portabilidade138 (celular). Este sistema privilegia as transmisses de alta definio

    e a interatividade.139

    O padro norte-americano por atender a transmisso fixa de alta qualidade, visto

    como o melhor para o integrante do Conselho de Comunicao Social do Congresso e diretor

    da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televiso e de Telecomunicaes (SET), Fernando

    Mattoso Bittencourt Filho.140

    Alm da interatividade, o governo americano ofereceu ao Brasil a possibilidade de

    financiamento para as emissoras brasileiras e para a indstria nacional essa a razo para o

    representante do Advanced Television System Comittee Frum (ATSC), Svio Pereira,

    defender o padro norte-americano141. A possibilidade de utilizao das faixas UHF (Ultra

    High Frequency), ou Freqncia Ultra Alta, comum para propagaes de sinais de TV e rdio

    e VHF (Very High Frequency) ou Freqncia Muito Alta, comum para propagaes de sinais

    de TV (canais 2 ao 13 e rdio FM entre outros) so as vantagens desse padro.142

    Os Estados Unidos se recusaram a fazer a transferncia da tecnologia e instalar

    fbricas no Brasil, sendo o ltimo padro a ser colocado na avaliao do governo.143

    Para o representante do padro americano, Svio Pinheiro, a escolha pelo padro

    americano abriria para o Brasil a oportunidade de exportar televisores digitais para os Estados

    Unidos, que compram 30 milhes de TVs por ano e no fabricam internamente o produto.144

    3.2.3 Padro europeu DVB

    O padro europeu, ou DVB (Digital Video Broadca