As origens da filosofia

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1 AS ORIGENS DA FILOSOFIA Prof. André Puchalski O que leva o homem a filosofar? A essa pergunta tem surgido inúmeras respostas, com o intuito de buscar as origens do ato de filosofar. Uma das respostas dadas por Platão, é que a origem da Filosofia está no ESPANTO diante daquilo que se contempla. Esse ESPANTO leva-nos a buscar uma explicação do desconhecido, aquilo que vemos e não entendemos no momento. Mas o ESPANTO, a ADMIRAÇÁO, não são suficientes para a contemplação e busca da verdade. Surge então a DÚVIDA, pois a após um exame crítico não há mais certezas. As percepções estão condicionadas aos meus sentidos e não podem ser considerados como certezas. Outra fonte de origem da Filosofia é a situação do homem no mundo, a COMOÇÁO. Quando o homem toma consciência de sua existência, quando percebe-se no mundo, sente a angústia, isto é, uma comoção interior, o que o leva a buscar o sentido de sua existência. O homem, portanto, sentindo-se perdido no mundo, busca a si mesmo. Outra grande questão que aparece é: para que serve a Filosofia! A Filosofia, ainda hoje é tida por muitos como inútil. É preciso analisar as origens da utilidade da filosofia para saber dar-lhe o devido valor. Na Antiguidade Grega, havia filósofos, entre eles Aristóteles, que, certamente por serem aristocratas, consideravam a filosofia uma atividade contemplativa. É importante ressaltar que havia uma grande separação entre trabalho intelectual e o trabalho manual. Este último era próprio dos escravos. Portanto, o filósofo não precisava preocupar-se com tais tarefas. A Filosofia contemplativa vê a realidade ordenada, harmônica, e, cabia á Filosofia perceber essa ordenação. Outra utilidade da Filosofia vista pelos gregos era a de orientar a conduta das pessoas. “Esta Filosofia era expressa pela máxima: Conhece-te a ti mesmo”. Então a Filosofia não é mais a busca ada sabedoria, como queria Platão, mas uma investigação de como conduzir bem a vida humana. Deixa de ser um privilégio de uma classe, e passa a ser um conjunto de normas de conduta á disposição de qualquer um. Não pretende ser um sistema de conhecimentos de uma realidade eterna, mas um ensinamento prático. A sua preocupação é com a resolução dos problemas práticos da vida do cidadão. Em oposição a Filosofia contemplativa, surge a Filosofia ativa, que parte da idéia de um mundo desordenado e irracional. E é através da Filosofia que o homem poderá entendê-lo, ou pelo menos buscar soluções. Sobretudo hoje, diante da complexidade das culturas, do saber e do poder, o papel da Filosofia ativa torna-se mais importante para mostrar os caminhos mais viáveis, analisar e propor alternativas para o homem. Para um sistema capitalista, imediatista e consumista a Filosofia é vista como inútil, pois não dá um retorno imediato. Neste sistema o valor predominante é o TER e para a Filosofia o mais importante é o SER. ATITUDE FILOSÓFICA Atitude filosófica é tomar distância, interrogar-se a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Desta forma podemos dizer que a Filosofia é a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceita-los sem antes havê-los investigado e compreendido. O que? - essência da coisa.

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AS ORIGENS DA FILOSOFIA

Prof. André Puchalski

O que leva o homem a filosofar? A essa pergunta tem surgido inúmeras respostas, com o intuito de

buscar as origens do ato de filosofar. Uma das respostas dadas por Platão, é que a origem da Filosofia

está no ESPANTO diante daquilo que se contempla. Esse ESPANTO leva-nos a buscar uma explicação do

desconhecido, aquilo que vemos e não entendemos no momento.

Mas o ESPANTO, a ADMIRAÇÁO, não são suficientes para a contemplação e busca da verdade. Surge

então a DÚVIDA, pois a após um exame crítico não há mais certezas. As percepções estão condicionadas

aos meus sentidos e não podem ser considerados como certezas.

Outra fonte de origem da Filosofia é a situação do homem no mundo, a COMOÇÁO. Quando o homem

toma consciência de sua existência, quando percebe-se no mundo, sente a angústia, isto é, uma

comoção interior, o que o leva a buscar o sentido de sua existência. O homem, portanto, sentindo-se

perdido no mundo, busca a si mesmo.

Outra grande questão que aparece é: para que serve a Filosofia!

A Filosofia, ainda hoje é tida por muitos como inútil. É preciso analisar as origens da utilidade da filosofia

para saber dar-lhe o devido valor. Na Antiguidade Grega, havia filósofos, entre eles Aristóteles, que,

certamente por serem aristocratas, consideravam a filosofia uma atividade contemplativa. É importante

ressaltar que havia uma grande separação entre trabalho intelectual e o trabalho manual. Este último

era próprio dos escravos. Portanto, o filósofo não precisava preocupar-se com tais tarefas. A Filosofia

contemplativa vê a realidade ordenada, harmônica, e, cabia á Filosofia perceber essa ordenação.

Outra utilidade da Filosofia vista pelos gregos era a de orientar a conduta das pessoas. “Esta Filosofia era

expressa pela máxima: Conhece-te a ti mesmo”. Então a Filosofia não é mais a busca ada sabedoria,

como queria Platão, mas uma investigação de como conduzir bem a vida humana. Deixa de ser um

privilégio de uma classe, e passa a ser um conjunto de normas de conduta á disposição de qualquer um.

Não pretende ser um sistema de conhecimentos de uma realidade eterna, mas um ensinamento prático.

A sua preocupação é com a resolução dos problemas práticos da vida do cidadão.

Em oposição a Filosofia contemplativa, surge a Filosofia ativa, que parte da idéia de um mundo

desordenado e irracional. E é através da Filosofia que o homem poderá entendê-lo, ou pelo menos

buscar soluções. Sobretudo hoje, diante da complexidade das culturas, do saber e do poder, o papel da

Filosofia ativa torna-se mais importante para mostrar os caminhos mais viáveis, analisar e propor

alternativas para o homem.

Para um sistema capitalista, imediatista e consumista a Filosofia é vista como inútil, pois não dá um

retorno imediato. Neste sistema o valor predominante é o TER e para a Filosofia o mais importante é o

SER.

ATITUDE FILOSÓFICA

Atitude filosófica é tomar distância, interrogar-se a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no

que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Desta

forma podemos dizer que a Filosofia é a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as

ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais

aceita-los sem antes havê-los investigado e compreendido.

O que? - essência da coisa.

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Como é? – estrutura da coisa. Por que é? – origem.

Reflexão filosófica

Por quê? –(PENSO) motivo/razão. O que (penso) – conteúdo (sentido) Para que? (penso) – intenção/

finalidade.

O processo do filosofar

Segundo Luchesi, “para iniciar o exercício do filosofar, a primeira coisa a fazer é admitir que vivessem e

vivenciamos valores e que é preciso saber quais são eles”. O primeiro passo do filosofar é inventariar

valores. O segundo é o momento da crítica e o terceiro é a construção crítica dos valores.

Importância da Filosofia na formação do educador

Para falar da import6ancia e necessidade da filosofia no cotidiano do educador, acho necessário abrir

um pequeno parênteses: quem é o educador”? onde estão os educadores? –

Recorro á analogia de Carlos Rodrigues Brandão, que busca resgatar ou encontrar esse profissional em

extinção. “....Lá bem no começo, seguindo a ordem alfabética, estava Boa Esperança, terra de meu pai, e

ele ajeitou os óculos para ver se descobria naquele registro do passado a informação de algum

antepassado ilustre, quem sabe alguma glória de que se pudesse gabar ! E o dedo indicador foi

percorrendo o rol dos importantes, um a um, pelo sobrenome, pois que de primeiro nome todas as

memórias já tinham sido apagadas. Até que parou. Lá estava. Não podia haver dúvidas. O sobrenome

era mesmo Espírito Santo. Profissáo:tropeiro.Tropeiro, isso mesmo. E com a tropa de burros e o barulho

imaginário dos sinos da madrinha, pelas trilhas da serra da Boa Esperança que Lamartine Babo cantou,

foram-se também as esperanças de um passado glorioso.

Que aconteceu aos tropeiros? Meu pai se consolou dizendo que naquele tempo, tropeiro era dono de

caminhões de transportes, depositário de valores mandados daqui para ali, uma verdadeira empresa

Brink de segurança. O fato é que o tropeiro desapareceu ou se meteu para além da correria do mundo

civilizado, onde a vida anda ao passo lento e tranquilizante das batidas quaternárias dos cascos no

chão...

E aí começo pensar sobre o destino de outras profissões que forma sumindo devagarzinho. Nada

parecido com aqueles que morrem de enfarto, assustando todo mundo. Aconteceu com elas o que

acontece com aqueles velhinhos de quem a morte se esqueceu, e que vá aparecendo cada vez menos na

rua, e vão emagrecendo, encolhendo, sumindo, lembrados de quando em quando em vez pelos poucos

amigos que lhes restam, até que todos morrem e o velhinho fica, olha para o outro e pergunta: “Mas

quem era este?” Não foi assim que aconteceu com os médicos de antigamente, sem espacialização, que

montavam a cavalo, atendiam parto, erisipela, prisão de ventre, pneumonia....se assentavam para o

almoço, quando não ficavam para pernoitar, depois eram padrinhos dos meninos e não tinham

vergonha de acompanhar o enterro? Prá onde foram eles? Quem quer ser médico como eles?....

....Educadores onde estão? Em que covas terão se escondido? Professores há milhares. Mas professor é

profissão, não é algo quase define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão, é

vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.

Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem em nichos ecológicos, naquele conjunto.

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Com o advento do utilitarismo, tudo se alterou. A pessoa passou a ser definida pela sua

produção, pelo seu salário; a identidade é engolida pela função. E isto se tornou tão arraigado que,

quando alguém nos pergunta o que somos, respondemos inevitavelmente dizendo o que fazemos. Com

esta revolução instaurou-se a possibilidade de se gerenciar e administrar a personalidade, pois aquilo

que se faz e se produz, a função, é possível de medição, controle, racionalização. “A pessoa praticamente

desaparece, reduzindo-se a um ponto imaginário em que várias funções são amarradas.”

Educador constrói o sujeito. A sua prática está além dos conteúdos conceituais. Percebe o

sujeito como único capaz de resgatar a sua identidade e construir a sua história. Já o professor é apenas

um funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pela empresa. É o burocrata. O ato pedagógico

se transforma numa tarefa definida pela racionalização.

Os objetivos do professor:

Manter a disciplina do grupo (a todo custo)

Ênfase ao fator intelectual (aprender para aprender) para tirar uma boa nota, para passar de

ano...

Cumprir o programa

Objetivos do planejamento são puramente formais, quando não copiados de outro colega. São

amplos, vagos e imprecisos. Como: desenvolvimento integral da personalidade;

desenvolvimento harmonioso da personalidade; ou desenvolvimento das

potencialidades......São objetivos atemporais, ignoram a existência de classes sociais.

Desenvolver qualidades básicas de um bom cidadão...”

Quais os objetivos do educador ?

O papel da Filosofia é o de inventariar valores, questionar valores e construir novos valores, ou seja, em

primeiro lugar, elencar as práticas pedagógicas da escola. Como os professores trabalham? Quais os

objetivos dessas práticas pedagógicas? Ainda, a filosofia favorece o trabalho interdisciplinar, rompendo

com a compartimentalização do conhecimento.

Além disso, filosofia hoje, assume um papel de suma importância na educação, pois a escola

hoje, ao se propor assumir o seu papel, deve tornar-se reflexiva, para poder estar preparada para

algumas questões difíceis que exigem respostas, tais como:

O que os pais e educadores deveriam estar fazendo hoje para preparar as crianças para o

próximo século?

O que as crianças necessitam saber?

Quais comportamentos e habilidades serão importantes?

Como os educadores, pais, cidadãos, empresas e governos poderiam contribuir para o sucesso

das crianças?

A filosofia coloca-se como a questionadora do papel da escola e do professor, tendo como grande

desafio resgatar o papel do educador. A filosofia tem também como meta, instrumentalizar o educador

para ser capaz de:

o Ensinar a ser, ou seja, resgatar o ser humano escondido e massacrado pelo mundo do

Ter.

o Valorizar a cultura popular

o Ajudar a ver e compreender a realidade (classes sociais, preconceitos, etc.).

o Expressar a realidade expressar-se na perspectiva de sua própria cultura e não na

perspectiva de uma cultura imposta.

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o Descobrir e assumir a responsabilidade de ser elemento de mudança na realidade.

deseja destruir o mundo da pseudo-concreticidade. É refletir sobre o papel social da escola,

sobre o papel do educador dentro de cada unidade escolar. É saber dizer não aos preconceitos

e ao senso comum, começando pelo fazer pedagógico. É ter a coragem de descobrir qual a

verdadeira necessidade da educação no contexto escolar; é buscar e descobrir os verdadeiros

problemas do processo escolar, desvelando as cortinas dos fenômenos, superando as práticas

do senso comum.

O que é um problema na escola? Quais são? Qual a natureza deste problema? Problema é algo

que se desconhece, é algo que incomoda, mas não é algo insolúvel, e sim algo que inquieta e

desafia.

Saviani apresenta o seguinte diagrama que ajuda a melhor compreensão (ação problema

‘reflexão-ação)

1. Ação (fundada na filosofia da vida) suscita

2. Problema (exige reflexão: a filosofia) que leva á

3. Ideologia (consequência da reflexão) que acarreta:

4. Ação (fundada na ideologia)

A realidade hoje exige: valores (ética), cidadania, autonomia, capacidade tomar decisões e resolver

problemas do dia a dia, visão holística e crítica de mundo. Todos estes aspectos dependem do

desenvolvimento das nossas habilidades de pensar. Portanto, a filosofia torna-se um instrumento

imprescindível para o educador comprometido com a educação do futuro, que exige cada vez mais o

desenvolvimento de habilidades de pensar. Pois o ato de pensar não leva o homem apenas a viver, mas

a viver melhor.

Os problemas sociais exigem cada vez mais a participação coletiva, na busca de soluções. Por

isso compete ao educador ensinar: comparar, resumir, fazer observação e descrever, classificar, solução

de problemas, interpretar, criticar, coletar e organizar dados, buscar suposições, tomar decisões e

imaginar.

Qualificações e aptidões acadêmicas:

Habilidades para escrever, capacitando os estudantes para uma comunicação efetiva.

Leitura abrangente e habilidade de compreensão

Uso da matemática, da lógica e habilidades de raciocínio; alfabetização funcional e

operacional e entendimento de estatística.

Fundamentos de conhecimento científico

Habilidade para usar computadores e outras tecnologias

Efetivo acesso á informação e habilidades de processamento usando tecnologia.

Habilidades para fazer pesquisa, aplicar e interpretar dados.

Conhecimento de História e do governo para operar numa sociedade democrática.

A compreensão da História Mundial e os negócios do mundo.

Conhecimento da geografia mundial

Conhecimento de língua estrangeira.

Habilidades pessoais e interpessoais

Habilidades de comunicação oral e escrita

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Pensamento crítico e habilidade na resolução de problemas.

Autodisciplina: habilidade para agir com responsabilidade, aplicação de princípios éticos e

estabelecer e avaliar metas.

Habilidades interpessoais críticas, incluindo falar, ouvir e habilidades para ser parte de um

grupo.

Respeito pelo valor do esforço, entendimento da ética do trabalho e necessidade de

contribuições individuais e autodisciplina.

Estar entusiasmado sobre a vida e estabelecer metas para um aprendizado permanente.

Habilidades e aptidões civis

Entendimento multicultural, incluindo ideias na diversidade e na necessidade de uma

perspectiva internacional.

Resolução de conflitos e habilidade de negociação.

Honestidade e integridade: entende-los e praticá-los é a regra de ouro.

Entendimento e respeito por aqueles não semelhantes – a apreciação da diversidade.

Capacidade de assumir maior responsabilidade por suas próprias ações.

O conhecimento humano

O que é o conhecimento? Como conhecemos? É possível o conhecimento? Qual o fundamento

do conhecimento? Para que serve o conhecimento?

Todas estas questões são tratadas por uma disciplina filosófica que costuma ser designada por

diferentes nomes: teoria do conhecimento, gnosiologia, crítica do conhecimento ou

epistemologia.

Teoria do conhecimento é uma reflexão filosófica com o objetivo de investigar as origens, as

possibilidades, os fundamentos, a extensão e o valor do conhecimento.

Conhecimento: conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior á mente. Portanto,

para que exista conhecimento, sempre será necessário a relação entre dois elementos básicos:

sujeito-conhecedor e um objeto conhecido (a realidade, o mundo, etc.) Só haverá

conhecimento se o sujeito conseguir apreender o objeto, isto é, conseguir representa-lo

mentalmente.

Como conhecemos?

O processo de apreensão da realidade é visto sob diferentes enfoques, segundo a corrente

filosófica, assim:

Empirismo (emperia= experiência). A valorização dos sentidos como fonte primordial

do conhecimento. ”Nada vem á mente sem ter passado pelos sentidos”, afirma o

filósofo J.Locke. Segundo Locke, ao nascermos, a nossa mente é como um papel em

branco, completamente desprovida de ideias. E para ele e outro empiristas, o vasto

conjunto de ideias que existem na mente vem da experiência.

Racionalismo: a confiança total e exclusiva na razão. Segundo os racionalistas, a

experiência é passível de muitos erros e confusões, portanto, conforme afirma René

Descartes: ”nunca nos devemos deixar persuadir senão pela evidência de nossa

razão>” Para os racionalistas, os princípios lógicos fundamentais seriam inatos na

mente humana. Daí por que a razão deve ser considerada como a fonte básica do

conhecimento humano.

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Realismo crítico- tanto os sentidos como a razão humana têm participação

determinante na origem dos nossos conhecimentos.

Materialismo dialético: o conhecimento humano evolui da experiência sensível á

lógica racional. Só podemos atingir o conhecimento correto depois de muitas

repetições do processo que conduz da matéria á consciência e da consciência á

matéria, isto é, da prática á teoria e da teoria á prática (processo dialético). Interação

do sujeito com o objeto, através da construção e reconstrução.

Para que serve o conhecimento?

O conhecimento, qualquer que seja ele, tem por finalidade prática:

Dominar alguma coisa. Ora, só podemos dominar um fato, uma situação etc. se

conhecermos este fato, situação...

Modificar: o conhecimento é um instrumento que possibilita o homem modificar

o seu meio, uma situação’, seus valores, etc.

Adaptar- á medida em que o homem conhece, situa-se.

Ideologia

É um conjunto de ideias que explicitam que caracterizam um sistema, uma corrente filosófica.

Mas não é este o sentido que se emprega na análise da sociedade. Portanto, não é este o

sentido que damos aqui.

Ideologia “é o conjunto de inverdades difundidas através de ideias falsas, simbolos,

preconceitos, propagandas e “slogans” para neutralizar e dominar aqueles que historicamente

pertencem á classe dos dominados, sem que eles se percebam como sendo dominados”.

Conforme Marilene Chaui “a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de

representações (ideias e valores e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem

aos membros da sociedade o que devem sentir o que devem fazer e como devem fazer)”. Ela é,

portanto, um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter

prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida em

classes, uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais

atribuir tais diferenças á divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da

produção. Pelo contrário, a função da ideologia é a de apagar as diferenças, como as classes, e

de fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos

referenciais identificadores de todos e para todos, como por exemplo, a Humanidade, a

Liberdade, a Igualdade, a Nação, ou o Estado.

Algumas características da ideologia:

Representação social – cria imagens e conceitos: menor, marginalidade.

Um discurso lacunar- Apresenta meias verdades: “O salário mínimo atende ás

necessidades básicas de uma família”

Explicação da realidade – explica os acontecimentos a partir do ponto de vista dos que

tem o poder.

Inversão da realidade: detém-se nos efeitos dos fenômenos, encobrindo suas causas. As

reivindicações são vistas como “falta de espírito democrático”... O aluno que não

aprende porque mora na favela.

Naturalização- naturaliza as ações humanas, como a discriminação, violências, etc....

Sempre foi assim....

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Ocultação – a ideologia prima por ocultar o verdadeiro conhecimento da realidade

Homogeneização_ a ideologia homogeneíza a aparência das classes sociais,

originalmente divididas em razão do antagonismo de interesse no processo de

produção e na repartição de bens, apresenta uma realidade sem conflitos, sem

contradições. Aposta na integração social, por exemplo, referindo-se ao progresso

material como “fruto do trabalho de todos”.

Bibliografia

BRANDÁO, Carlos R. Educador: vida e Morte. Rio de Janeiro, Graal, 1983.

CHAUI, Marilena. O que é Ideologia. São Paulo: Brasiliense

CORDI, Cassiano e outros Para Filosofar. São Paulo: Scipione

LUCHESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educaçáo. São Paulo: Cortez, 1991.

SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum á consciência filosófica. São Paulo, Cortez,

1984.

SOUZA, Ari Herculano A Ideologia. São Paulo, Editora do Brasil.

ATIVIDADES

1. Faça uma leitura do texto e depois faça uma redação mostrando a importância da

Filosofia na formação do educador.

2. Explique o papel da Filosofia na prática do educador.

3. A tarefa do educador é trabalhar para que seus alunos desenvolvam o conhecimento.

Explique o que é o conhecimento , como se conhece e para que serve o

conhecimento.

4. O texto faz uma distinção entre professor e educador. Analise esta distinção

apresentada . Como você percebe esta diferença na prática?

Ler páginas 32 a 37 da apostila destacar as idéias dos itens: O nascimento da Filosofia, Mito e Filosofia

e condições históricas para o surgimento da Filosofia.