As Propostas Antimentalistas

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CAROLINA LAMPREIA AS PROPOSTAS ANTI-MENTALISTAS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: UMA DISCUSSÃO DE SEUS LIMITES Tese apresentada ao Departamento de Psicologia da PUC/RJ como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Doutor Orientador: Anamaria Ribeiro Coutinho Departamento de Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, outubro/1992

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CAROLINA LAMPREIA

AS PROPOSTAS ANTI-MENTALISTAS NO

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO:

UMA DISCUSSÃO DE SEUS LIMITES

Tese apresentada ao Departamento de Psicologia da PUC/RJ como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Doutor

Orientador: Anamaria Ribeiro Coutinho

Departamento de Psicologia

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, outubro/1992

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AGRADECIMENTO

à Professora Anamaria Ribeiro Coutinho o privilégio de sua orientação

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RESUMO O enfoque mentalista /cognitivista, herdeiro do dualismo cartesiano,

tem predominado ha séculos no estudo de questões relativas ao ser

humano. Ele tem tido uma influência marcante não só no

pensamento filosófico e psico1ógico da cultura ocidental mas também

nas diferentes abordagens sobre o desenvolvimento cognitivo.

Contudo, tanto na filosofia quanto na psicologia, alguns pensadores

procuraram romper com esta tradição.

No âmbito da filosofia, Wittgenstein foi um dos que mais

sistematicamente procurou analisar os enganos que uma visão

cartesiana de mente acarreta nas questões relativas à linguagem. No

que diz respeito à psicologia em geral e ao desenvolvimento em

particular, podem ser salientadas as importantes propostas anti-

mentalistas de Skinner e Vygotsky, respectivamente.

No entanto, estas duas propostas devem ser consideradas limitadas e

insuficientes quando confrontadas com as reflexões críticas

desenvolvidas por Wittgenstein. Por não atingirem os fundamentos do

dualismo, como o faz Wittgenstein, mas apenas combaterem a idéia

de uma mente imaterial, Vygotsky e Skinner permanecem presos à

1ógica dualista, aderindo a dicotomias tais como o inato x o

adquirido, o interno x o externo, a aprendizagem x o

desenvolvimento.

O presente trabalho procura, em um primeiro momento, analisar as

propostas anti-mentalistas de Vygotsky e Skinner a partir de

categorias centrais para a questão do desenvolvimento cognitivo

como os fatores inatos, o papel do meio, do comportamento, da

linguagem, do social, da aprendizagem/desenvolvimento, e a relação

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mente/corpo. Como contraponto a estas posições, é igualmente

analisado o enfoque cognitivista de Piaget.

Em um segundo momento, é realizada uma discussão dos limites das

propostas anti-mentalistas de Vygotsky e Skinner a partir das idéias

de Wittgenstein.

E, finalmente, procura-se iniciar uma reflexão que permita repensar a

forma de se abordar o estudo do desenvolvimento cognitivo em

termos que não remetam ao dualismo.

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ABSTRACT For centuries the mentalist/cognitivist approach, successor of

Cartesian dualism, has predominated in the study of questions

related to humans. It has had a significant influence not only on the

philosophical and psychological thinking of western culture but also

on different approaches to cognitive development. However, both in

philosophy and in psychology some thinkers have attempted to brake

away from this tradition. Within the scope of philosophy, Wittgenstein

was one of those who most sistematically tried to analize the errors

which a Cartesian vision of mind implies in the definition of language.

In the case of psychology and cognitive development the most

prominent anti-mentalist proposals were formulated by Vygotsky and

Skinner, respectively. However, these two proposals might be

considered limited and inadequate in comparison to the critical

reflexions developed by Wittgenstein. Vygotsky and Skinner did not

question the premises of dualism as did Wittgenstein but only

criticized the idea of a non-material mind. In this sense they

remained within the dualist logic and, accordingly, adhered to

oppositions such as nature x nurture, learning x development,

internal x external.

The present study attempts, initially, to analyze the anti-mentalist

proposals of Vygotsky and Skinner. For this purpose were used the

following categories which are central in the literature of cognitive

development: Biological factors, the role of the environment, of

behavior, language, culture, learning/development and the

mind/body relation. Both-author's positions are compared to the

cognitive approach of Piaget. Secondly, the limits of the anti-

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mentalist proposals of Vygotsky and Skinner are discussed from the

perspective of Wittgenstein's ideas.

Finally, this study discusses some ways of how to approach the study

of cognitive development without being bound to dualism.

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PALAVRAS-CHAVE Anti-mentalismo, Desenvolvimento Cognitivo, Vygotsky, Skinner,

Wittgenstein.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1

- Cognitivismo 6

- Anti-mentalismo 8

- Classificação das Posições 11

- Raízes do Cognitivismo e sua Crítica na Filosofia 15

- Objetivo da Tese 23

CAPÍTULO 2 - A CONSTRUÇÃO DO COGNITIVO EM PIAGET 27

- Fatores Inatos 37

- Papel do Meio 48

- Papel do Comportamento/Ação/Atividade 51

- Papel da Linguagem 59

- Papel do Social 73

- Papel da Aprendizagem/Desenvolvimento 81

- Relação Mente/Corpo 91

- Conclusão 96

CAPÍTULO 3 - LINGUAGEM, INTERNALIZAÇÃO E COGNIÇÃO

EM VYGOTSKY 106

- Fatores Inatos 116

- Papel do Meio 123

- Papel do Comportamento/Ação/Atividade 126

- Papel da Linguagem 131

- Papel do Social 151

- Papel da Aprendizagem/Desenvolvimento 156

- Relação Mente/Corpo 164

- Conclusão 173

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CAPÍTULO 4 - O COGNITIVO SEGUNDO SKINNER 197

- Fatores Inatos 208

- Papel do Meio 216

- Papel do Comportamento/Ação/Atividade 226

- Papel da Linguagem 231

- Papel do Social 248

- Papel da Aprendizagem/Desenvolvimento 252

- Relação Mente/Corpo 256

- Conclusão 261

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE COMPARATIVA DO BIOLÓGICO E DO

SOCIAL EM PIAGET, VYGOTSKY E SKINNER 283

- A Constituição do Cognitivo 285

- Inatismo x Ambientalismo 290

- O Social 294

- A Linguagem 296

- Cognitivismo x Anti-cognitivismo 299

- Visão de Homem 303

CAPÍTULO 6 - OS IMPASSES DO ANTI-MENTALISMO

E WITTGENSTEIN 310

- Linguagem e Redefinição do Psicológico em Wittgenstein 314

- Discussão dos Limites do Anti-mentalismo de Vygotsky e Skinner 341

- Perspectivas para um Novo Rumo no Estudo do Desenvolvimento

Cognitivo 359

REFERÊNCIAS 365

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