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As relações sócio-afetivas: a importância da afetividade na construção dos laços de solidariedade e convivência Cleber Castilhos SIMCA, 07 de abri de 2011

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As relações sócio-afetivas: a importância da afetividade na construção dos laços de

solidariedade e convivência

Cleber CastilhosSIMCA, 07 de abri de 2011

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No decurso de sua existência o homem procura formas de se

manter inserido no ambiente em que vive para poder cumprir sua

tarefa: de ser humano.

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Esta evolução se dá de maneira ininterrupta, através dos relacionamentos:

Consigo mesmo;Com outros seres;Com a natureza.

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Uma Inteligência Afetiva pressupõe:

Autoconhecimento

Aceitação do Outro

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Autoconhecimento

Desenvolvimento da Consciência

Reconhecer necessidades,

desejos, emoções e ações;

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Autoconhecimento

Assumir responsabilidades;

Acompanhar os sistemáticos

processos de mudança da vida.

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Aceitação do Outro

Reconhecer semelhanças e

diferenças

Aceitar seu modo de ser

Compreender seu comportamento

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Dar e receber afeto

Identificar quando cuidar

Criar vínculos de confiança

Aceitação do Outro

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Jean-Yves Leloup propõe que nossa

atenção para com o outro contemple um “olhar do coração” que o revivifique e

o ajude a sair engrandecido desse

encontro.

Relações Afetivas

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Relações Afetivas

Através do “olhar que revivifica”

incorporamos ao nosso modo de ser diferentes maneiras de

pensar, de sentir e de agir .

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Relações Afetivas

Através de seus relacionamentos o homem se revitaliza, cresce,

aprende, troca, ama e se reconhece como ser humano.

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Na interdependência:

Construímos maneiras de ser e de estar no mundo

Criamos normas de convivência

R E L A C I O N A M E N T O S

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R E L A C I O N A M E N T O S

Na interdependência:

Fazemos história

Criamos a cultura e a arte

Evoluímos teórica, técnica e

espiritualmente

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“A vida consiste de relacionamentos que só têm verdadeiro significado se contemplam um processo de auto-revelação. Dessa forma, é importante reconhecer a si próprio no relacionamento com o outro. Depois disso o relacionamento se torna um movimento no qual você se descobre gradativamente e, essa descoberta representa o passo inicial de sua transformação”.

(Krishnamurti)

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“Se olharmos para nossos relacionamentos atuais, veremos que eles se constituem num processo de formação de resistências de uns contra os outros, num muro por cima do qual olhamos o outro, mas nos conservamos atrás dele, quer seja um muro psicológico, material, econômico ou nacional.”

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O que nos separa dos outros é o anteparo

de proteção que criamos ao nosso

redor, para evitar o sofrimento, o que nos conduz a um

isolacionismo cujo resultado

experimentamos todos os dias em nossa sociedade.

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A comunicação conturbada que utilizamos no

cotidiano decorre do isolacionismo

instituído que funciona como um desagregador dos relacionamentos interpessoais.

C O M U N I C A Ç Ã O

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C O M U N I C A Ç Ã O A F E T I V A

Comunicar deveria servir para

compartilhar o mundo interior, mas tem

servido para ocultar o que queremos dizer.

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Ao longo da vida aprendemos pouco

sobre como comunicar ao outro o

que está acontecendo conosco; pelo

contrário, somos estimulados a tentar

esconder nossos sentimentos em

relação a quase tudo o que nos acontece.

C O M U N I C A Ç Ã O A F E T I V A

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Nos tornamos dissimulados. Falamos mas não comunicamos o que estamos sentindo, pois

não corresponde à nossa verdade interna.

C O M U N I C A Ç Ã O A F E T I V A

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Vivemos num círculo vicioso de comunicações subliminares que

nos expõem a situações desfavoráveis para a criação de

vínculos que promovam o comprometimento mútuo.

C O M U N I C A Ç Ã O A F E T I V A

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CONVIVÊNCIA

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É um acontecimento básico e social, repousa em múltiplos conhecimentos que devemos

adquirir à medida que nos desenvolvemos como seres

humanos, pois em diferentes tempos e culturas o homem

sempre se organizou para viver junto.

CONVIVÊNCIA

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Envolve dois ou mais indivíduos que desejam (ou precisam) viver em comum, com familiaridade,

construindo intimidade.

CONVIVÊNCIA

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Sintomas de uma crise civilizacional

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Há um descuido e um descaso manifesto pelo destino dos pobres e marginalizados da humanidade, flagelados pela fome crônica, mal sobrevivendo da tribulação de doenças,outrora erradicadas e atualmente retornando com redobrada virulência

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Há um descuido e um descaso imenso pela sorte dos desempregados e aposentados, sobretudo dos milhões de excluídos do processo de produção, tidos como descartáveis e zeros econômicos. Esses nem sequer ingressam no exército de reserva do capital. Perderam o privilégio de serem explorados a preço de um salário mínimo e de alguma seguridade social.

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Há um descuido e um abandono crescente da sociabilidade nas cidades. A maioria dos habitantes sentem-se desenraizados culturalmente e alienados socialmente. Predomina a sociedade do espetáculo, do simulacro e do entretenimento.

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Há o descuido e descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pelo espírito de gentileza que cultiva a lógica do coração e do enternecimento por tudo o que existe e vive.

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Há um descuido e um descaso na salvaguarda de nossa casa comum, o planeta Terra. Solos são envenenados, ares são contaminados, águas são poluídas, florestas são dizimadas, espécies de seres vivos são exterminadas, pondo em risco a continuidade do experimento da espécie homo sapiens e demens.

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Saber

Cuidar

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A ternura vital é sinônimo de cuidado essencial. A ternura é o

afeto que devotamos às pessoas e o cuidado que aplicamos às

situações existenciais.

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É um conhecimento que vai além da razão,

pois mostra-se como inteligência

que intui, vê fundo e estabelece comunhão.

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A ternura é o cuidado sem obsessão: inclui também o trabalho, não como mera produção utilitária, mas como obra que expressa a criatividade e a auto-realização da pessoa.

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É um afeto que, à sua maneira, também conhece.

Ela não é efeminação e renúncia de rigor no

conhecimento.

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Na verdade só conhecemos bem quando nutrimos afeto e nos

sentimos envolvidos com aquilo que queremos conhecer.

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A carícia constitui uma das expressões máximas do cuidado. A carícia é essencial quando se transforma numa atitude, num modo de ser que qualifica a pessoa em sua totalidade, na psique, no pensamento, na vontade, na interioridade, nas relações que estabelece.

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O órgão da carícia é, fundamentalmente, a mão: a mão que toca, a mão que afaga, a mão que estabelece relação, a mão que

acalenta, a mão que traz quietude.

Mas a mão não é simplesmente mão. É a pessoa humana que através da mão e na mão revela um modo-de-ser-carinhoso.

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A carícia toca o profundo do ser humano, lá onde se situa seu centro pessoal. Para que a carícia seja verdadeiramente essencial precisamos afagar o eu profundo e não apenas o ego superficial da consciência.

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Como a ternura, a carícia exige total altruísmo, respeito pelo outro e renúncia a qualquer outra intenção que não seja a da experiência de querer bem e de amar.

O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado. Assim como a estrela precisa de aura para brilhar, assim o afeto precisa da carícia para sobreviver. É a qualidade da carícia que impede o afeto de ser mentiroso, falso ou dúbio.

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Hoje, na crise do projeto humano, sentimos a falta clamorosa de cuidado em toda a parte. Suas ressonâncias negativas se mostram pela má qualidade de vida, pela penalização da maioria empobrecida da humanidade, pela degradação ecológica e pela exaltação exarcebada da violência

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Não busquemos o caminho de cura fora do ser humano. O ethos está no próprio ser humano, entendido em sua plenitude que inclui o infinito. Ele precisa voltar-se sobre si mesmo e redescobrir sua essência que se encontra no cuidado.

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O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na

relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o diálogo entre os que querem a pronúncia do mundo e os

que não a querem; entre os que negam aos demais o direito de dizer a palavra e os que se acham negados deste direito. É preciso primeiro que, os que assim encontram negados no direito primordial de dizer a

palavra, reconquistem esse direito, proibindo que este assalto desumanizante continue. Se é dizendo a palavra

com que, “pronunciando” o mundo, os homens o transformam, o diálogo se impõe como caminho pelo qual

os homens ganham significação enquanto homens. Por isto, o diálogo é uma exigência existencial.

Paulo Freire