AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO … · Tecnologia Educativa pela Universidade...
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ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
Ademilde Silveira Sartori
RESUMO A partir de um estudo de caso qualitativoEducom.Cine, que promoveu a produção audiovisual no ensino fundamental, refletimos sobre a possibilidade das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se configurarem como a espinha dorsal de um currículo mais atento aos 1 Professor Catedrático no Instituto de Educação da Universidade do Minho. Braga, Portugal. Licenciado em Ensino de História e Ciências Sociais e Doutor em Ciências da Educação Tecnologia Educativa pela Universidade do Minho. E0001-5394-5620. 2 Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Brasil. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Email: [email protected] Professor do Departamento de Pedagogia a Distância da Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Brasil. Doutorando em Tecnologia Educativa pela Universidade do Minho. E-mail: [email protected] Endereço de contato com os autores (por correio): Universidade do Minho. Instituto de Educação. Campus de Gualtar. 4710
AS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO COMO
AGENTES DE
INTEGRAÇÃO DO
CURRÍCULO COM A
GLOCALIDADE
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
Bento Duarte Silva1 Ademilde Silveira Sartori2 Rafael Gué Martini3, 4
A partir de um estudo de caso qualitativo sobre o programa de extensão Educom.Cine, que promoveu a produção audiovisual no ensino fundamental, refletimos sobre a possibilidade das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se configurarem como a espinha dorsal de um currículo mais atento aos
Professor Catedrático no Instituto de Educação da Universidade do Minho. Braga, Portugal.
Licenciado em Ensino de História e Ciências Sociais e Doutor em Ciências da Educação Tecnologia Educativa pela Universidade do Minho. E-mail: [email protected]
Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Brasil. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. E
[email protected] Professor do Departamento de Pedagogia a Distância da Universidade do Estado de Santa
Catarina. Florianópolis, Brasil. Doutorando em Tecnologia Educativa pela Universidade do [email protected]
Endereço de contato com os autores (por correio): Universidade do Minho. Instituto de Educação. Campus de Gualtar. 4710-057 Braga, Portugal.
THE INFORMATION AND COMMUNICATION
TECHNOLOGIES AS AGENTS OF INTEGRATION OF THE
CURRICULUM WITH GLOCALITY
TECNOLOGÍAS DE INFORMACIÓN Y COMUNICACIÓN COMO AGENTES DE INTEGRACIÓN
CURRICULAR CON LA GLOCALIDAD
AS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO COMO
AGENTES DE
INTEGRAÇÃO DO
CURRÍCULO COM A
GLOCALIDADE
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
sobre o programa de extensão Educom.Cine, que promoveu a produção audiovisual no ensino fundamental, refletimos sobre a possibilidade das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se configurarem como a espinha dorsal de um currículo mais atento aos
Professor Catedrático no Instituto de Educação da Universidade do Minho. Braga, Portugal. Licenciado em Ensino de História e Ciências Sociais e Doutor em Ciências da Educação –
[email protected].. ORCID: 0000-
Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Brasil. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. E-
Professor do Departamento de Pedagogia a Distância da Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, Brasil. Doutorando em Tecnologia Educativa pela Universidade do
Endereço de contato com os autores (por correio): Universidade do Minho. Instituto de
THE INFORMATION AND COMMUNICATION
TECHNOLOGIES AS AGENTS OF INTEGRATION OF THE
CURRICULUM WITH GLOCALITY
TECNOLOGÍAS DE INFORMACIÓN Y COMUNICACIÓN COMO AGENTES DE INTEGRACIÓN
CURRICULAR CON LA GLOCALIDAD
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
processos de integração da escola com sua localidade. Nesta perspectiva, a escola se tornaria o centro de gerenciamento de diversos canais comunitários de comunicação, onde a produção escolar seria vinculada e publicizada à toda a comunidade. Esta se configambiente escolar com seu uso nãolocal (bairro) pensando também no global, numa perspectiva glocal. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia educativa; educomunicação; curríecossistema comunicativo; audiovisual ABSTRACT Based on a qualitative case study on the Educom.Cinepromoted audiovisual production in elementary education, we reflected on the possibility of Information and Communication Technologies (ICT) becoming the backbone of a more attentive curriculum to the processes of integration of school with its locality. In this perspective, school would become the center of management of several community communication channels, where school production would be linked and publicized to the whole community. This would be part of a proposal to integnon-formal use, stimulating the students to act in the local (neighborhood) considering also the global, in a glocal perspective. KEYWORDS: Educational technology; educommunication; school curriculum; communicative ecosystem; audio RESUMEN A partir de un estudio de caso cualitativo del programa de extensión Educom.Cine, que promovió la producción audiovisual en la escuela primaria, se reflexiona sobre la posibilidad de que las Tecnologías de Información y Comunicación (TIC) si configuren como columna vertebral de un currículo más atento a cerca de los procesos de integresta perspectiva, la escuela se converte en el centro de la gestión de los canales comunitarios de comunicación, donde la producción de la escuela sea divulgada
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
rocessos de integração da escola com sua localidade. Nesta perspectiva, a escola se tornaria o centro de gerenciamento de diversos canais comunitários de comunicação, onde a produção escolar seria vinculada e publicizada à toda a comunidade. Esta se configuraria em uma proposta de integrar o uso das TIC no ambiente escolar com seu uso não-formal, estimulando os estudantes a agir no local (bairro) pensando também no global, numa perspectiva glocal.
ecnologia educativa; educomunicação; curríecossistema comunicativo; audiovisual.
Based on a qualitative case study on the Educom.Cine extension program, which promoted audiovisual production in elementary education, we reflected on the possibility of Information and Communication Technologies (ICT) becoming the backbone of a more attentive curriculum to the processes of integration of chool with its locality. In this perspective, school would become the center of management of several community communication channels, where school production would be linked and publicized to the whole community. This would be part of a proposal to integrate the use of ICT in school environment with its
formal use, stimulating the students to act in the local (neighborhood) considering also the global, in a glocal perspective.
ducational technology; educommunication; school curriculum; communicative ecosystem; audio-visual.
A partir de un estudio de caso cualitativo del programa de extensión , que promovió la producción audiovisual en la escuela primaria, se
reflexiona sobre la posibilidad de que las Tecnologías de Información y Comunicación (TIC) si configuren como columna vertebral de un currículo más atento a cerca de los procesos de integración de la escuela con su localidad. En esta perspectiva, la escuela se converte en el centro de la gestión de los canales comunitarios de comunicación, donde la producción de la escuela sea divulgada
Setembro. 2017
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rocessos de integração da escola com sua localidade. Nesta perspectiva, a escola se tornaria o centro de gerenciamento de diversos canais comunitários de comunicação, onde a produção escolar seria vinculada e publicizada à toda a
uraria em uma proposta de integrar o uso das TIC no formal, estimulando os estudantes a agir no
local (bairro) pensando também no global, numa perspectiva glocal.
ecnologia educativa; educomunicação; currículo escolar;
extension program, which promoted audiovisual production in elementary education, we reflected on the possibility of Information and Communication Technologies (ICT) becoming the backbone of a more attentive curriculum to the processes of integration of chool with its locality. In this perspective, school would become the center of management of several community communication channels, where school production would be linked and publicized to the whole community. This would
rate the use of ICT in school environment with its formal use, stimulating the students to act in the local (neighborhood)
ducational technology; educommunication; school curriculum;
A partir de un estudio de caso cualitativo del programa de extensión , que promovió la producción audiovisual en la escuela primaria, se
reflexiona sobre la posibilidad de que las Tecnologías de Información y Comunicación (TIC) si configuren como columna vertebral de un currículo más
ación de la escuela con su localidad. En esta perspectiva, la escuela se converte en el centro de la gestión de los canales comunitarios de comunicación, donde la producción de la escuela sea divulgada
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
a toda la comunidad. Esto se configura en una propuestlas TIC en el entorno escolar con su uso no formal, estimulando los estudiantes para tomar medidas en nivel local (bairros) y también a pensar globalmente, en una perspectiva glocal. PALABRAS CLAVE: Tecnología educacional; comuniecosistema de comunicacíon; audiovisual
Recebido em: 15.03
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
a toda la comunidad. Esto se configura en una propuesta para integrar el uso de las TIC en el entorno escolar con su uso no formal, estimulando los estudiantes para tomar medidas en nivel local (bairros) y también a pensar globalmente, en
ecnología educacional; comunicación educativa; currículo; ecosistema de comunicacíon; audiovisual.
03.2017. Aceito em: 23.05.2017. Publicado em: 01.07.2017
Setembro. 2017
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a para integrar el uso de las TIC en el entorno escolar con su uso no formal, estimulando los estudiantes para tomar medidas en nivel local (bairros) y también a pensar globalmente, en
cación educativa; currículo;
.2017. Aceito em: 23.05.2017. Publicado em: 01.07.2017.
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
Cenário e problemática
Partimos de um cenário já conhecido na educação mundial, aquele que
nos apresenta o desenvolvimento tecnológico como uma possibilidade e a
mudança na metodologia pedagógica como uma necessidade. Neste cenário
constata-se a importância do fortalecimento da
a educação – o que acreditamos que seja o objetivo principal da
Educomunicação. De acordo com Silva e Teixeira (2015) o neologismo
Educomunicação, une as áreas de educação e comunicação destacando de
modo significativo um terc
recorrem a Ismar Soares, o qual esclarece que a Educomunicação trata
do conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais (tais como escolas, centros culturais, emisde TV e rádios educativos, centros produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros de coordenação de educação à distância ou 'ecomunicativo das ações educativas, incluindo dos recursos da informação no processo de aprendizagem. (SOARES, 2000, p.63).
Ainda no início do século XXI, Silva (2002) ressalta que, apesar da
globalização comunicacional cada vez mais intensa, a escola se mantinha
praticamente inalterável: “um sistema fechado no espaço e no tempo ao
exterior, à comunidade, afastado da realidade” (p.784). Cada vez a tecnologia se
desenvolve mais e cada vez mais as pessoas ficam para trás, num processo de
exclusão digital.
Neste cenário tecnológi
em dimensão estratégica para o entendimento da produção, circulação e
recepção dos bens simbólicos, dos conjuntos representativos, dos impactos
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
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a
Partimos de um cenário já conhecido na educação mundial, aquele que
nos apresenta o desenvolvimento tecnológico como uma possibilidade e a
mudança na metodologia pedagógica como uma necessidade. Neste cenário
se a importância do fortalecimento da relação entre a comunicação e
o que acreditamos que seja o objetivo principal da
Educomunicação. De acordo com Silva e Teixeira (2015) o neologismo
Educomunicação, une as áreas de educação e comunicação destacando de
modo significativo um terceiro termo: a “ação”. Nesta definição os autores
recorrem a Ismar Soares, o qual esclarece que a Educomunicação trata
conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais (tais como escolas, centros culturais, emisde TV e rádios educativos, centros produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros de coordenação de educação à distância ou 'e-learning', e outros…), assim como a melhorar o coeficiente comunicativo das ações educativas, incluindo as relacionadas ao uso dos recursos da informação no processo de aprendizagem. (SOARES, 2000, p.63).
Ainda no início do século XXI, Silva (2002) ressalta que, apesar da
globalização comunicacional cada vez mais intensa, a escola se mantinha
inalterável: “um sistema fechado no espaço e no tempo ao
exterior, à comunidade, afastado da realidade” (p.784). Cada vez a tecnologia se
desenvolve mais e cada vez mais as pessoas ficam para trás, num processo de
Neste cenário tecnológico e globalizado “a comunicação transformou
em dimensão estratégica para o entendimento da produção, circulação e
recepção dos bens simbólicos, dos conjuntos representativos, dos impactos
Setembro. 2017
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Partimos de um cenário já conhecido na educação mundial, aquele que
nos apresenta o desenvolvimento tecnológico como uma possibilidade e a
mudança na metodologia pedagógica como uma necessidade. Neste cenário
relação entre a comunicação e
o que acreditamos que seja o objetivo principal da
Educomunicação. De acordo com Silva e Teixeira (2015) o neologismo
Educomunicação, une as áreas de educação e comunicação destacando de
eiro termo: a “ação”. Nesta definição os autores
recorrem a Ismar Soares, o qual esclarece que a Educomunicação trata
conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais (tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios educativos, centros produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros de coordenação de educação à distância
learning', e outros…), assim como a melhorar o coeficiente as relacionadas ao uso
dos recursos da informação no processo de aprendizagem. (SOARES,
Ainda no início do século XXI, Silva (2002) ressalta que, apesar da
globalização comunicacional cada vez mais intensa, a escola se mantinha
inalterável: “um sistema fechado no espaço e no tempo ao
exterior, à comunidade, afastado da realidade” (p.784). Cada vez a tecnologia se
desenvolve mais e cada vez mais as pessoas ficam para trás, num processo de
co e globalizado “a comunicação transformou-se
em dimensão estratégica para o entendimento da produção, circulação e
recepção dos bens simbólicos, dos conjuntos representativos, dos impactos
ISSN nº 2447-4266
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materiais” (CITELLI, 2011, p. 62). Citelli indica também a emergê
paradigmas sociotécnicos que devem integrar melhor a agência da escola, da
família, das mídias, entre outras, em um ecossistema de comunicação voltado a
fortalecer a cidadania dos indivíduos. Um destes novos paradigmas podia ser
vislumbrado já nas bases da proposta da “Cidade Educativa”, divulgada em
relatórios editados na década de 70 pela UNESCO e Fundação Europeia da
Cultura e cuja estratégia incluía a abertura da escola à comunidade (SILVA,
2002).Tanto os documentos produzidos na década d
perspectivas de pesquisa apresentam esta tensão entre a escola fechada,
resistente à mudança, e a necessidade de repensar a escola como um espaço
aberto à sociedade educativa
em rede. O Relatório “Aprender a Ser”, coordenado por Edgar Faure, é bem
claro na necessidade dessa abertura: “o seu advento [Cidade Educativa] só
poderia conceber-se no fim dum processo de compenetração íntima da
educação e do encadeamento social, político e económ
familiares, na vida cívica” (FAURE, 1974, p. 249). Já na viragem do milenio,
novamente a UNESCO, em relatório coordenado por Jacques Delors sobre a
educação para o século XXI, intitulado "Educação, Um Tesouro a Descobrir”,
estabelecia uma forte relação entre as sociedades educativas e as sociedades da
informação. A Cidade Educativa é reforçada pela emergência espetacular de
“sociedades da informação”, já que estas constituíam um dos fenômenos mais
promissores do final do século XX, recomend
todas as potencialidades contidas nas novas tecnologias da informação e da
comunicação sejam postas a serviço da educação e da formação” (DELORS,
1998, p. 66-67).
Hoje, passada a resistência da escola às tecnologias, reconhecem
mais facilidade a existência de outros espaços que podem ser chamados de
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
materiais” (CITELLI, 2011, p. 62). Citelli indica também a emergê
paradigmas sociotécnicos que devem integrar melhor a agência da escola, da
família, das mídias, entre outras, em um ecossistema de comunicação voltado a
fortalecer a cidadania dos indivíduos. Um destes novos paradigmas podia ser
á nas bases da proposta da “Cidade Educativa”, divulgada em
relatórios editados na década de 70 pela UNESCO e Fundação Europeia da
Cultura e cuja estratégia incluía a abertura da escola à comunidade (SILVA,
2002).Tanto os documentos produzidos na década de 70, quanto as novas
perspectivas de pesquisa apresentam esta tensão entre a escola fechada,
resistente à mudança, e a necessidade de repensar a escola como um espaço
aberto à sociedade educativa – que se fortalece com as possibilidades de ação
Relatório “Aprender a Ser”, coordenado por Edgar Faure, é bem
claro na necessidade dessa abertura: “o seu advento [Cidade Educativa] só
se no fim dum processo de compenetração íntima da
educação e do encadeamento social, político e económico, nas células
familiares, na vida cívica” (FAURE, 1974, p. 249). Já na viragem do milenio,
novamente a UNESCO, em relatório coordenado por Jacques Delors sobre a
educação para o século XXI, intitulado "Educação, Um Tesouro a Descobrir”,
forte relação entre as sociedades educativas e as sociedades da
informação. A Cidade Educativa é reforçada pela emergência espetacular de
“sociedades da informação”, já que estas constituíam um dos fenômenos mais
promissores do final do século XX, recomendando, por consequência, “que
todas as potencialidades contidas nas novas tecnologias da informação e da
comunicação sejam postas a serviço da educação e da formação” (DELORS,
Hoje, passada a resistência da escola às tecnologias, reconhecem
mais facilidade a existência de outros espaços que podem ser chamados de
Setembro. 2017
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materiais” (CITELLI, 2011, p. 62). Citelli indica também a emergência de novos
paradigmas sociotécnicos que devem integrar melhor a agência da escola, da
família, das mídias, entre outras, em um ecossistema de comunicação voltado a
fortalecer a cidadania dos indivíduos. Um destes novos paradigmas podia ser
á nas bases da proposta da “Cidade Educativa”, divulgada em
relatórios editados na década de 70 pela UNESCO e Fundação Europeia da
Cultura e cuja estratégia incluía a abertura da escola à comunidade (SILVA,
e 70, quanto as novas
perspectivas de pesquisa apresentam esta tensão entre a escola fechada,
resistente à mudança, e a necessidade de repensar a escola como um espaço
que se fortalece com as possibilidades de ação
Relatório “Aprender a Ser”, coordenado por Edgar Faure, é bem
claro na necessidade dessa abertura: “o seu advento [Cidade Educativa] só
se no fim dum processo de compenetração íntima da
ico, nas células
familiares, na vida cívica” (FAURE, 1974, p. 249). Já na viragem do milenio,
novamente a UNESCO, em relatório coordenado por Jacques Delors sobre a
educação para o século XXI, intitulado "Educação, Um Tesouro a Descobrir”,
forte relação entre as sociedades educativas e as sociedades da
informação. A Cidade Educativa é reforçada pela emergência espetacular de
“sociedades da informação”, já que estas constituíam um dos fenômenos mais
ando, por consequência, “que
todas as potencialidades contidas nas novas tecnologias da informação e da
comunicação sejam postas a serviço da educação e da formação” (DELORS,
Hoje, passada a resistência da escola às tecnologias, reconhecemos com
mais facilidade a existência de outros espaços que podem ser chamados de
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
“escola”, além daquele ocupado pela educação formal. Os meios de
comunicação de massa, junto com a família e outros espaços de educação não
formal ou informal, já em 1971, forn
alunos, segundo a UNESCO (SILVA, 1998, p. 170). Ou seja, a ampliação do
acesso aos meios evidenciou a importância da comunicação para os processos
educativos e para a própria construção da sociedade.
A comunicação seres humanos (e talvez alguns animais inteligentes) cultivam de forma permanente a fim de expressaremmesmos (VIZER; CARVALHO, 2009, p. 151)
É na comunicação e pela comunicação que os seres humanos constroem
sua realidade. Freire (1988) fala da 'palavramundo' para representar este fluxo
do mundo para a sua encarnação em palavra ou da palavra até sua
materialização no mundo, com a palavra (símbolo da comunicação) poderíamos
escrever e re-escrever o mundo. De forma similar Cloutier (1975)
informar é dar forma à matéria, que poderia ser definida como energia
informada.
Se o homem adquiriu um certo soube 'organizar a energia', porque soube 'informáconfere um poder relativo sobre a matéria que, de facto, não é mais do que energia 'informada' (CLOUTIER, 1975, p.226).
Por isso, a importância da comunic
Para que os coletivos possam transformar a realidade é imprescindível que
saibam primeiramente comunicar essa mudança. Kaplún (1996), autor que
cunhou o termo educomunicação, insistia em relembrar que a etimologia da
5 Tradução livre do texto original em espanhol.
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
“escola”, além daquele ocupado pela educação formal. Os meios de
comunicação de massa, junto com a família e outros espaços de educação não
formal ou informal, já em 1971, forneciam 80% da informação que chegava aos
alunos, segundo a UNESCO (SILVA, 1998, p. 170). Ou seja, a ampliação do
acesso aos meios evidenciou a importância da comunicação para os processos
educativos e para a própria construção da sociedade.
A comunicação é a prática de constituição social par excellenceseres humanos (e talvez alguns animais inteligentes) cultivam de forma permanente a fim de expressarem-se a si mesmos mesmos – em relação a seus ambientes físicos, sociais e simbólicos”(VIZER; CARVALHO, 2009, p. 151)5.
É na comunicação e pela comunicação que os seres humanos constroem
sua realidade. Freire (1988) fala da 'palavramundo' para representar este fluxo
do mundo para a sua encarnação em palavra ou da palavra até sua
zação no mundo, com a palavra (símbolo da comunicação) poderíamos
escrever o mundo. De forma similar Cloutier (1975)
informar é dar forma à matéria, que poderia ser definida como energia
Se o homem adquiriu um certo controlo do seu ambiente, é porque soube 'organizar a energia', porque soube 'informáconfere um poder relativo sobre a matéria que, de facto, não é mais do que energia 'informada' (CLOUTIER, 1975, p.226).
Por isso, a importância da comunicação nos ambientes comunitários.
Para que os coletivos possam transformar a realidade é imprescindível que
saibam primeiramente comunicar essa mudança. Kaplún (1996), autor que
cunhou o termo educomunicação, insistia em relembrar que a etimologia da
do texto original em espanhol.
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“escola”, além daquele ocupado pela educação formal. Os meios de
comunicação de massa, junto com a família e outros espaços de educação não-
eciam 80% da informação que chegava aos
alunos, segundo a UNESCO (SILVA, 1998, p. 170). Ou seja, a ampliação do
acesso aos meios evidenciou a importância da comunicação para os processos
par excellence que os seres humanos (e talvez alguns animais inteligentes) cultivam de
se a si mesmos – e para si em relação a seus ambientes físicos, sociais e simbólicos”
É na comunicação e pela comunicação que os seres humanos constroem
sua realidade. Freire (1988) fala da 'palavramundo' para representar este fluxo
do mundo para a sua encarnação em palavra ou da palavra até sua
zação no mundo, com a palavra (símbolo da comunicação) poderíamos
escrever o mundo. De forma similar Cloutier (1975)a ressalta que
informar é dar forma à matéria, que poderia ser definida como energia
controlo do seu ambiente, é porque soube 'organizar a energia', porque soube 'informá-la', o que lhe confere um poder relativo sobre a matéria que, de facto, não é mais
ação nos ambientes comunitários.
Para que os coletivos possam transformar a realidade é imprescindível que
saibam primeiramente comunicar essa mudança. Kaplún (1996), autor que
cunhou o termo educomunicação, insistia em relembrar que a etimologia da
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palavra comunicação tem sua raiz latina no termo
raiz da palavra comunidade, e que tem o sentido de colocar algo em comum
com o outro ou com o grupo
outro, é nesta relação comunicativa
nossa realidade e nos inventamos a nós mesmos e o próprio mundo.
Ao nos comunicarmos vemos o real sentido daquilo que pensamos e
nosso pensamento transforma a realidade. Pois, da mesma forma que é possível
dizer que somos fisicamente aquilo que comemos, somos intelectual,
psicológica e socialmente aquilo que vemos, escutamos, pensamos, falamos,
acreditamos e comunicamos ao mundo e com o mundo. Assim, tanto melhor
será o mundo quanto mais construtiva for a comunicação qu
seria o sentido mesmo da comunicação social, um instrumento coletivo para a
construção da sociedade.
Mas o espaço da comunicação como utilidade pública não é respeitado e
vira com frequência balcão de comércio e de promoção de interesses
particulares. A TV, por exemplo, exerce muita influência ao agenciar as
temáticas de seus patrocinadores da forma que estes julgam mais adequada
aos seus negócios e não ao interesse público. Esta e outras agências
comunicacionais comerciais, tratam de ens
consumo e não ao exercício da cidadania. A escola, que deveria se ocupar da
formação cidadã, acaba concentrando muito de seus esforços em desconstruir
uma série de pré-conceitos que vem arraigados na (sub)cultura dos meios
massa.
Colocados estes desafios, numa perspectiva sociocomunicativa, podemos
refletir sobre como fazer com que a escola imutável, inalterável, se transforme
neste espaço educativo aberto à comunidade, ao ponto de chegarmos à cidade
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a comunicação tem sua raiz latina no termo communis, que é a mesma
raiz da palavra comunidade, e que tem o sentido de colocar algo em comum
com o outro ou com o grupo - o sentido mesmo da alteridade. Ou seja, é com o
outro, é nesta relação comunicativa estabelecida em diálogo que criamos a
nossa realidade e nos inventamos a nós mesmos e o próprio mundo.
Ao nos comunicarmos vemos o real sentido daquilo que pensamos e
nosso pensamento transforma a realidade. Pois, da mesma forma que é possível
mos fisicamente aquilo que comemos, somos intelectual,
psicológica e socialmente aquilo que vemos, escutamos, pensamos, falamos,
acreditamos e comunicamos ao mundo e com o mundo. Assim, tanto melhor
será o mundo quanto mais construtiva for a comunicação que nos rodeia. Este
seria o sentido mesmo da comunicação social, um instrumento coletivo para a
construção da sociedade.
Mas o espaço da comunicação como utilidade pública não é respeitado e
vira com frequência balcão de comércio e de promoção de interesses
particulares. A TV, por exemplo, exerce muita influência ao agenciar as
temáticas de seus patrocinadores da forma que estes julgam mais adequada
aos seus negócios e não ao interesse público. Esta e outras agências
comunicacionais comerciais, tratam de ensinar os comportamentos ligados ao
consumo e não ao exercício da cidadania. A escola, que deveria se ocupar da
formação cidadã, acaba concentrando muito de seus esforços em desconstruir
conceitos que vem arraigados na (sub)cultura dos meios
Colocados estes desafios, numa perspectiva sociocomunicativa, podemos
refletir sobre como fazer com que a escola imutável, inalterável, se transforme
neste espaço educativo aberto à comunidade, ao ponto de chegarmos à cidade
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, que é a mesma
raiz da palavra comunidade, e que tem o sentido de colocar algo em comum
o sentido mesmo da alteridade. Ou seja, é com o
estabelecida em diálogo que criamos a
nossa realidade e nos inventamos a nós mesmos e o próprio mundo.
Ao nos comunicarmos vemos o real sentido daquilo que pensamos e
nosso pensamento transforma a realidade. Pois, da mesma forma que é possível
mos fisicamente aquilo que comemos, somos intelectual,
psicológica e socialmente aquilo que vemos, escutamos, pensamos, falamos,
acreditamos e comunicamos ao mundo e com o mundo. Assim, tanto melhor
e nos rodeia. Este
seria o sentido mesmo da comunicação social, um instrumento coletivo para a
Mas o espaço da comunicação como utilidade pública não é respeitado e
vira com frequência balcão de comércio e de promoção de interesses
particulares. A TV, por exemplo, exerce muita influência ao agenciar as
temáticas de seus patrocinadores da forma que estes julgam mais adequada
aos seus negócios e não ao interesse público. Esta e outras agências
inar os comportamentos ligados ao
consumo e não ao exercício da cidadania. A escola, que deveria se ocupar da
formação cidadã, acaba concentrando muito de seus esforços em desconstruir
conceitos que vem arraigados na (sub)cultura dos meios de
Colocados estes desafios, numa perspectiva sociocomunicativa, podemos
refletir sobre como fazer com que a escola imutável, inalterável, se transforme
neste espaço educativo aberto à comunidade, ao ponto de chegarmos à cidade
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
educativa proposta pela UNESCO. Quem sabe este não seria um dos novos
paradigmas sociotécnicos apontados por Citelli (2011).
A caminho da cidade educativa
A partir da reflexão sobre o processo de produção audiovisual com
alunos de 5˚ ao 9˚ ano no
(fundamentado no campo da Educomunicação), surge a proposta de integrar
escola, moradores, instituições e governos em comunidades de aprendizagem
espontâneas, onde estudariam em conjunto soluções inovadoras para
problemas de sua localidade.
A escola seria o centro de referência do seu bairro, responsável por
administrar diversas comunidades de aprendizagem de acordo com temáticas
sociambientais transversais. Uma temática possível seriam os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), propo
chancelados pela ONU (ONU BRASIL, 2017). Assim, poderíamos ter um grande
ganho na integração glocal (mais adiante discutiremos este conceito). Esta
integração constituiria um novo paradigma sociotécnico, amparado pela
plataforma tecnológica oferecida pelo ciberespaço, mas com foco no
desenvolvimento das pessoas, por meio do fortalecimento das relações
interpessoais e interinstitucionais. Esta perspectiva é estudada sob o ponto de
vista da Comunicação Comunitária por Peruzzo (20
social do não empoderamento coletivo das TICC
implementação de alternativas duráveis de comunicação comunitária contribui
para o atraso na transformação da realidade local” (p. 83). A hipótese de
Peruzzo é que a cibercultura poderia ajudar a configurar processos
6 Peruzzo inclui um duplo “C” na sigla das Tecnologias de Informação e Comunicação, como forma de indicar a presença do conhecimento em todo o processo tecnológico.
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
ela UNESCO. Quem sabe este não seria um dos novos
paradigmas sociotécnicos apontados por Citelli (2011).
A caminho da cidade educativa
A partir da reflexão sobre o processo de produção audiovisual com
˚ ao 9˚ ano no âmbito do programa de extensão Educom.Cine
(fundamentado no campo da Educomunicação), surge a proposta de integrar
escola, moradores, instituições e governos em comunidades de aprendizagem
espontâneas, onde estudariam em conjunto soluções inovadoras para
problemas de sua localidade.
A escola seria o centro de referência do seu bairro, responsável por
administrar diversas comunidades de aprendizagem de acordo com temáticas
sociambientais transversais. Uma temática possível seriam os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos por centenas de países e
chancelados pela ONU (ONU BRASIL, 2017). Assim, poderíamos ter um grande
ganho na integração glocal (mais adiante discutiremos este conceito). Esta
integração constituiria um novo paradigma sociotécnico, amparado pela
ma tecnológica oferecida pelo ciberespaço, mas com foco no
desenvolvimento das pessoas, por meio do fortalecimento das relações
interpessoais e interinstitucionais. Esta perspectiva é estudada sob o ponto de
vista da Comunicação Comunitária por Peruzzo (2012) que afirma que “o custo
social do não empoderamento coletivo das TICC6 para efeito de
implementação de alternativas duráveis de comunicação comunitária contribui
para o atraso na transformação da realidade local” (p. 83). A hipótese de
cibercultura poderia ajudar a configurar processos
Peruzzo inclui um duplo “C” na sigla das Tecnologias de Informação e Comunicação, como
forma de indicar a presença do conhecimento em todo o processo tecnológico.
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
ela UNESCO. Quem sabe este não seria um dos novos
A partir da reflexão sobre o processo de produção audiovisual com
ão Educom.Cine
(fundamentado no campo da Educomunicação), surge a proposta de integrar
escola, moradores, instituições e governos em comunidades de aprendizagem
espontâneas, onde estudariam em conjunto soluções inovadoras para
A escola seria o centro de referência do seu bairro, responsável por
administrar diversas comunidades de aprendizagem de acordo com temáticas
sociambientais transversais. Uma temática possível seriam os Objetivos de
stos por centenas de países e
chancelados pela ONU (ONU BRASIL, 2017). Assim, poderíamos ter um grande
ganho na integração glocal (mais adiante discutiremos este conceito). Esta
integração constituiria um novo paradigma sociotécnico, amparado pela
ma tecnológica oferecida pelo ciberespaço, mas com foco no
desenvolvimento das pessoas, por meio do fortalecimento das relações
interpessoais e interinstitucionais. Esta perspectiva é estudada sob o ponto de
12) que afirma que “o custo
para efeito de
implementação de alternativas duráveis de comunicação comunitária contribui
para o atraso na transformação da realidade local” (p. 83). A hipótese de
cibercultura poderia ajudar a configurar processos
Peruzzo inclui um duplo “C” na sigla das Tecnologias de Informação e Comunicação, como forma de indicar a presença do conhecimento em todo o processo tecnológico.
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
organizativos autogestionários de alta conectividade, no âmbito da
comunicação popular e comunitária, no sentido da construção de uma nova
sociedade (ibid.). A proposta de uma escola mais ligada aos proces
cooperativos de organização, típicos da comunicação popular comunitária,
possibilitaria a criação e distribuição de conteúdos info
daqueles que circulam nos mass media tradicionais, estes produtos se
configurariam como uma altern
escola, com seus nativos digitais, seria um grande potencializador da
comunicação comunitária popular alternativa, fortalecendo o ecossistema de
comunicação local enquanto uma Comunidade Emergente de Conhecimento,
conceito abordado por Peruzzo (2012).
Ao expandirmos a abrangência da escola, enquanto centro emanador de
cidadania, poderíamos considerar que todos os cidadãos de sua comunidade
são potenciais alvos de seus princípios educativos. Uma visão reforçada pela
necessidade de educação continuada, ou educação para toda a vida. E que
preparo melhor para o exercício da cidadania um aluno/cidadão poderia ter do
que o incentivo à sua participação ativa no bairro onde vive e estuda? Silva
(2002) afirma que as Tecnolo
facilidade na criação de redes abrem possibilidades de renovação da escola
“como uma comunidade de aprendizagem aberta à comunidade global
785)”. Comunidade que, ligada em rede com o mundo, pode ser considerada
glocal - pensar no global e agir no local.
Esta perspectiva de transformação é reforçada pelo professor João
Barroso (2017). Ao fazer uma revisão dos artigos publicados ao longo d
edições do Colóquio da Associação de Estudos e Investigação em Educação
(Afirse) em Portugal, Barroso aponta a tendência de se alterar o conceito da
escola como um ambiente mais
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
organizativos autogestionários de alta conectividade, no âmbito da
comunicação popular e comunitária, no sentido da construção de uma nova
sociedade (ibid.). A proposta de uma escola mais ligada aos proces
cooperativos de organização, típicos da comunicação popular comunitária,
possibilitaria a criação e distribuição de conteúdos info-comunicativos diversos
daqueles que circulam nos mass media tradicionais, estes produtos se
configurariam como uma alternativa de comunicação local de qualidade. A
escola, com seus nativos digitais, seria um grande potencializador da
comunicação comunitária popular alternativa, fortalecendo o ecossistema de
comunicação local enquanto uma Comunidade Emergente de Conhecimento,
conceito abordado por Peruzzo (2012).
Ao expandirmos a abrangência da escola, enquanto centro emanador de
cidadania, poderíamos considerar que todos os cidadãos de sua comunidade
são potenciais alvos de seus princípios educativos. Uma visão reforçada pela
necessidade de educação continuada, ou educação para toda a vida. E que
preparo melhor para o exercício da cidadania um aluno/cidadão poderia ter do
que o incentivo à sua participação ativa no bairro onde vive e estuda? Silva
(2002) afirma que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e a
facilidade na criação de redes abrem possibilidades de renovação da escola
comunidade de aprendizagem aberta à comunidade global
785)”. Comunidade que, ligada em rede com o mundo, pode ser considerada
pensar no global e agir no local.
Esta perspectiva de transformação é reforçada pelo professor João
Barroso (2017). Ao fazer uma revisão dos artigos publicados ao longo d
edições do Colóquio da Associação de Estudos e Investigação em Educação
(Afirse) em Portugal, Barroso aponta a tendência de se alterar o conceito da
escola como um ambiente mais lato de aprendizagem, mais diversificado e
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
organizativos autogestionários de alta conectividade, no âmbito da
comunicação popular e comunitária, no sentido da construção de uma nova
sociedade (ibid.). A proposta de uma escola mais ligada aos processos
cooperativos de organização, típicos da comunicação popular comunitária,
comunicativos diversos
daqueles que circulam nos mass media tradicionais, estes produtos se
ativa de comunicação local de qualidade. A
escola, com seus nativos digitais, seria um grande potencializador da
comunicação comunitária popular alternativa, fortalecendo o ecossistema de
comunicação local enquanto uma Comunidade Emergente de Conhecimento,
Ao expandirmos a abrangência da escola, enquanto centro emanador de
cidadania, poderíamos considerar que todos os cidadãos de sua comunidade
são potenciais alvos de seus princípios educativos. Uma visão reforçada pela
necessidade de educação continuada, ou educação para toda a vida. E que
preparo melhor para o exercício da cidadania um aluno/cidadão poderia ter do
que o incentivo à sua participação ativa no bairro onde vive e estuda? Silva
gias de Informação e Comunicação (TIC) e a
facilidade na criação de redes abrem possibilidades de renovação da escola
comunidade de aprendizagem aberta à comunidade global (p.
785)”. Comunidade que, ligada em rede com o mundo, pode ser considerada
Esta perspectiva de transformação é reforçada pelo professor João
Barroso (2017). Ao fazer uma revisão dos artigos publicados ao longo de 24
edições do Colóquio da Associação de Estudos e Investigação em Educação
(Afirse) em Portugal, Barroso aponta a tendência de se alterar o conceito da
de aprendizagem, mais diversificado e
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
territorial. O edifício da esc
territorialização da escola. “O local é onde emergem os problemas e se
constroem as soluções” (BARROSO, 2017). Justamente em função desta
necessidade de resolução de problemas, sugerimos que a estratégia
pedagógica desta escola territorializada seria a Aprendizagem Baseada em
Problemas (ABP), que valoriza as atividades coletivas e a execução de projetos.
A ABP é também uma das técnicas pedagógicas indicadas pela UNESCO para o
ensino e a aprendizagem da Alfabetizaç
compreende
um método de aprendizagem altamente estruturado e cooperativo, que visa a aprimorar tanto o conhecimento individual quanto o coletivo, engajando os estudantes na investigação crítica aprofundada de proble
Na ABP, os estudantes são os administradores de seus objetivos de
aprendizagem, dos métodos de investigação e dos resultados. Desta forma
compreende um sistema pedagógico que desenvolve simultaneamente o
pensamento crítico e os conhecimentos de base, aplicados na solução de
problemas que necessitam de habilidades interdisciplinares, que são adquiridas
no processo pelos estudantes (ibid.).
Dentro deste novo paradigma sócio
TIC, não apenas como uma plataforma de aprendizagem, mas como agentes de
propagação de um currículo mais vivo, orientado à qualificação do ecossistema
comunicativo da escola/bairro. Ampliando e qualificando a aura de atuação dos
alunos e da escola em seu
escola-bairro, os alunos/cidadãos, com o apoio e acompanhamento dos
professores, a colaboração de voluntários, participação de amigos e familiares,
transformariam seus projetos de aprendizagem em produtos, a
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
territorial. O edifício da escola seria pulverizado pelo território, numa
territorialização da escola. “O local é onde emergem os problemas e se
constroem as soluções” (BARROSO, 2017). Justamente em função desta
necessidade de resolução de problemas, sugerimos que a estratégia
ca desta escola territorializada seria a Aprendizagem Baseada em
Problemas (ABP), que valoriza as atividades coletivas e a execução de projetos.
A ABP é também uma das técnicas pedagógicas indicadas pela UNESCO para o
ensino e a aprendizagem da Alfabetização Midiática e Informacional (AMI). Ela
um método de aprendizagem altamente estruturado e cooperativo, que visa a aprimorar tanto o conhecimento individual quanto o coletivo, engajando os estudantes na investigação crítica aprofundada de problemas verídicos. (WILSON et al, 2013, p.35)
Na ABP, os estudantes são os administradores de seus objetivos de
aprendizagem, dos métodos de investigação e dos resultados. Desta forma
compreende um sistema pedagógico que desenvolve simultaneamente o
pensamento crítico e os conhecimentos de base, aplicados na solução de
problemas que necessitam de habilidades interdisciplinares, que são adquiridas
no processo pelos estudantes (ibid.).
Dentro deste novo paradigma sócio-educacional, poderíamos incluir as
TIC, não apenas como uma plataforma de aprendizagem, mas como agentes de
propagação de um currículo mais vivo, orientado à qualificação do ecossistema
comunicativo da escola/bairro. Ampliando e qualificando a aura de atuação dos
alunos e da escola em seu território. Neste contexto de parceria sociedade
bairro, os alunos/cidadãos, com o apoio e acompanhamento dos
professores, a colaboração de voluntários, participação de amigos e familiares,
transformariam seus projetos de aprendizagem em produtos, a
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
ola seria pulverizado pelo território, numa
territorialização da escola. “O local é onde emergem os problemas e se
constroem as soluções” (BARROSO, 2017). Justamente em função desta
necessidade de resolução de problemas, sugerimos que a estratégia
ca desta escola territorializada seria a Aprendizagem Baseada em
Problemas (ABP), que valoriza as atividades coletivas e a execução de projetos.
A ABP é também uma das técnicas pedagógicas indicadas pela UNESCO para o
ão Midiática e Informacional (AMI). Ela
um método de aprendizagem altamente estruturado e cooperativo, que visa a aprimorar tanto o conhecimento individual quanto o coletivo, engajando os estudantes na investigação crítica aprofundada
Na ABP, os estudantes são os administradores de seus objetivos de
aprendizagem, dos métodos de investigação e dos resultados. Desta forma
compreende um sistema pedagógico que desenvolve simultaneamente o
pensamento crítico e os conhecimentos de base, aplicados na solução de
problemas que necessitam de habilidades interdisciplinares, que são adquiridas
educacional, poderíamos incluir as
TIC, não apenas como uma plataforma de aprendizagem, mas como agentes de
propagação de um currículo mais vivo, orientado à qualificação do ecossistema
comunicativo da escola/bairro. Ampliando e qualificando a aura de atuação dos
território. Neste contexto de parceria sociedade-
bairro, os alunos/cidadãos, com o apoio e acompanhamento dos
professores, a colaboração de voluntários, participação de amigos e familiares,
transformariam seus projetos de aprendizagem em produtos, a serem
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
divulgados em sua comunidade. Estes produtos, desenvolvidos em diversas
linguagens, constituiriam parte da programação de canais virtuais comunitários
de TV, rádio, bibliotecas virtuais, e demais canais digitais criados a partir da
disponibilidade das TIC, enquanto estruturas de produção e propagação de
redes e conteúdos.
Estes canais de comunicação local seriam constituídos pela escola em
conjunto com a comunidade e gerenciados de forma participativa. O incentivo à
produção local e continuada de pro
constante de linguagem, possibilitaria, como consequência, o domínio da
técnica. O convívio dos professores e dos próprios moradores do bairro com os
nativos digitais, na execução de projetos envolvendo o uso da tecnologi
promoveria a formação bilateral
outros, ética e epistemologicamente.
O currículo seria esta rede multimídia de processos de comunicação onde, ao
criar suas conclusões dos trabalhos, cada aluno (ou grupo de alun
consolidaria suas aprendizagens e, simultaneamente, teria sua voz propagada
em toda a comunidade. Um exercício de cidadania que recolocaria a escola no
centro da sociedade como promotora de conhecimento e mudanças. Aqui
teríamos uma intersecção com out
apontada por Abílio Amiguinho (2017): a tentativa de fundir inovação educativa
e social na parceria da escola com trabalhadores sociais
relacional com equipes multidisciplinares e multi
Também podemos relacionar esta possibilidade educomunicativa com o
pensamento de Cloutier (1975) que, já em 1974, apontava que o uso das
tecnologias na escola implicaria o ensino da comunicação como utensílio,
principalmente para que os alunos p
"A aprendizagem da comunicação, enquanto 'utensílio', deve ser flexível e
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
divulgados em sua comunidade. Estes produtos, desenvolvidos em diversas
linguagens, constituiriam parte da programação de canais virtuais comunitários
de TV, rádio, bibliotecas virtuais, e demais canais digitais criados a partir da
as TIC, enquanto estruturas de produção e propagação de
Estes canais de comunicação local seriam constituídos pela escola em
conjunto com a comunidade e gerenciados de forma participativa. O incentivo à
produção local e continuada de produtos comunicativos, num exercício
constante de linguagem, possibilitaria, como consequência, o domínio da
técnica. O convívio dos professores e dos próprios moradores do bairro com os
nativos digitais, na execução de projetos envolvendo o uso da tecnologi
promoveria a formação bilateral – uns se alfabetizando tecnologicamente, e
outros, ética e epistemologicamente.
O currículo seria esta rede multimídia de processos de comunicação onde, ao
criar suas conclusões dos trabalhos, cada aluno (ou grupo de alun
consolidaria suas aprendizagens e, simultaneamente, teria sua voz propagada
em toda a comunidade. Um exercício de cidadania que recolocaria a escola no
centro da sociedade como promotora de conhecimento e mudanças. Aqui
teríamos uma intersecção com outra perspectiva de inovação para o século XXI
apontada por Abílio Amiguinho (2017): a tentativa de fundir inovação educativa
e social na parceria da escola com trabalhadores sociais - um trabalho inter
relacional com equipes multidisciplinares e multi-institucionais.
Também podemos relacionar esta possibilidade educomunicativa com o
pensamento de Cloutier (1975) que, já em 1974, apontava que o uso das
tecnologias na escola implicaria o ensino da comunicação como utensílio,
principalmente para que os alunos pudessem aplicá-la utilizando os
"A aprendizagem da comunicação, enquanto 'utensílio', deve ser flexível e
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
divulgados em sua comunidade. Estes produtos, desenvolvidos em diversas
linguagens, constituiriam parte da programação de canais virtuais comunitários
de TV, rádio, bibliotecas virtuais, e demais canais digitais criados a partir da
as TIC, enquanto estruturas de produção e propagação de
Estes canais de comunicação local seriam constituídos pela escola em
conjunto com a comunidade e gerenciados de forma participativa. O incentivo à
dutos comunicativos, num exercício
constante de linguagem, possibilitaria, como consequência, o domínio da
técnica. O convívio dos professores e dos próprios moradores do bairro com os
nativos digitais, na execução de projetos envolvendo o uso da tecnologia,
uns se alfabetizando tecnologicamente, e
O currículo seria esta rede multimídia de processos de comunicação onde, ao
criar suas conclusões dos trabalhos, cada aluno (ou grupo de alunos)
consolidaria suas aprendizagens e, simultaneamente, teria sua voz propagada
em toda a comunidade. Um exercício de cidadania que recolocaria a escola no
centro da sociedade como promotora de conhecimento e mudanças. Aqui
ra perspectiva de inovação para o século XXI
apontada por Abílio Amiguinho (2017): a tentativa de fundir inovação educativa
um trabalho inter-
Também podemos relacionar esta possibilidade educomunicativa com o
pensamento de Cloutier (1975) que, já em 1974, apontava que o uso das
tecnologias na escola implicaria o ensino da comunicação como utensílio,
la utilizando os self-media.
"A aprendizagem da comunicação, enquanto 'utensílio', deve ser flexível e
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
acessível a todos" (p. 241), pois, para o autor, ela corresponde ao ensino do
audiovisual e possibilitaria ampliar o repertório de linguag
estudantes. Esta proposta de uso dos meios audiovisuais na escola
complementaria o ensino da linguagem escrita, evitando a oposição dessa com
as demais linguagens e considerando a importância de compreender o universo
multimídia como um universo de possibilidades de comunicação áudio
visual.
No seio das instituições, o ensino da comunicação audiovisual seria uma actividade horizontal e não compartimentos estanques, encontraria seu lugar ao lado de ensinos metodológicosconcebidos como instrumentos de trabalho e não como objectos de ciências em si. (CLOUTIER, 1975, p. 241).
Por outro lado, Pérez Tornero (2015)
novo tipo de analfabetismo, que agrava o analfabetismo convencional. “É a
diferença cognitiva (…), relativa ao novo entorno midiático e que tem
consequências sobre todos os âmbitos da vida
relatórios da UNESCO, o autor destaca que “não é possível lutar eficazmente
contra a desigualdade se não se eliminar os obstáculos à difusão do
conhecimento e da educação representado por esses analfabetismos
p.02). Entre estes estaria o analfabetismo aud
mais significativos, visto que a principal linguagem dos meios massivos é a
audiovisual.
Ainda sobre estas transformações, Pérez Tornero indica o surgimento de
novos campos de pesquisa para dar conta das lacunas de formação do
indivíduos para lidar com as TIC.
7 Tradução livre do texto original em espanhol.8 Tradução livre do texto original em espanhol.
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
acessível a todos" (p. 241), pois, para o autor, ela corresponde ao ensino do
audiovisual e possibilitaria ampliar o repertório de linguagens dominadas pelos
estudantes. Esta proposta de uso dos meios audiovisuais na escola
complementaria o ensino da linguagem escrita, evitando a oposição dessa com
as demais linguagens e considerando a importância de compreender o universo
universo de possibilidades de comunicação áudio
No seio das instituições, o ensino da comunicação audiovisual seria uma actividade horizontal e não compartimentos estanques, encontraria seu lugar ao lado de ensinos metodológicosconcebidos como instrumentos de trabalho e não como objectos de ciências em si. (CLOUTIER, 1975, p. 241).
Por outro lado, Pérez Tornero (2015) aalerta para o surgimento de um
novo tipo de analfabetismo, que agrava o analfabetismo convencional. “É a
diferença cognitiva (…), relativa ao novo entorno midiático e que tem
consequências sobre todos os âmbitos da vida7” (p.01) A partir da análise dos
s da UNESCO, o autor destaca que “não é possível lutar eficazmente
contra a desigualdade se não se eliminar os obstáculos à difusão do
conhecimento e da educação representado por esses analfabetismos
p.02). Entre estes estaria o analfabetismo audiovisual, que é também um dos
mais significativos, visto que a principal linguagem dos meios massivos é a
Ainda sobre estas transformações, Pérez Tornero indica o surgimento de
novos campos de pesquisa para dar conta das lacunas de formação do
indivíduos para lidar com as TIC.
Tradução livre do texto original em espanhol.
livre do texto original em espanhol.
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
acessível a todos" (p. 241), pois, para o autor, ela corresponde ao ensino do
ens dominadas pelos
estudantes. Esta proposta de uso dos meios audiovisuais na escola
complementaria o ensino da linguagem escrita, evitando a oposição dessa com
as demais linguagens e considerando a importância de compreender o universo
universo de possibilidades de comunicação áudio-scripto-
No seio das instituições, o ensino da comunicação audio-scripto-visual seria uma actividade horizontal e não compartimentos estanques, encontraria seu lugar ao lado de ensinos metodológicos concebidos como instrumentos de trabalho e não como objectos de
para o surgimento de um
novo tipo de analfabetismo, que agrava o analfabetismo convencional. “É a
diferença cognitiva (…), relativa ao novo entorno midiático e que tem
” (p.01) A partir da análise dos
s da UNESCO, o autor destaca que “não é possível lutar eficazmente
contra a desigualdade se não se eliminar os obstáculos à difusão do
conhecimento e da educação representado por esses analfabetismos8” (ibid.,
iovisual, que é também um dos
mais significativos, visto que a principal linguagem dos meios massivos é a
Ainda sobre estas transformações, Pérez Tornero indica o surgimento de
novos campos de pesquisa para dar conta das lacunas de formação dos
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
A competência midiática e informacional, assim como os processos mediados por ela, estão se tornando um novo campo de pesquisa. A ênfase é então colocada nas novas capacidades dos indivíduos, em sua influência sobre osTayie, Jacquinotparadigmas sociais de relacionamento (Pentland, 2014) com base na criatividade e na inovação das pessoas e suas relações, bem como na emergência detempos, conteúdos e culturas (Jenkins, 2006). (PÉREZ TORNERO, 2015, p. 6)
Por fim, esta proposta vai de encontro aos esforços recentes da UNESCO
em estabelecer um currículo de formação em Alfabetização Midiática e
Informacional (AMI) ou Midia Education and Information Literacy (MIL), com
destaque para o documento lançado em 2013
diálogo reunindo o pensamento de pesquisadores desta área em vários países
do mundo. Ao propormos a comunicação como o centro do processo
educativo, em um currículo que tem como trilhos as TIC, estamos
proporcionando a oportunidade das comunidades escolares “desenvolverem
uma compreensão sobre a diferença entre ensinar sobre e ensinar por meio da
alfabetização midiática e informacional” (WILSON et al, 2013, p. 60).
Utopia possível – Educom.Cine: audiovisual, educação e cid
Efetivamente a proposta de colocar a comunicação no centro da
pedagogia escolar não é uma novidade. Já Freinet, um dos pioneiros nesta
tarefa, praticava esta possibilidade com a imprensa escolar na década de 60 do
século XX.
9 Tradução livre do texto original em espanhol.
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
A competência midiática e informacional, assim como os processos mediados por ela, estão se tornando um novo campo de pesquisa. A ênfase é então colocada nas novas capacidades dos indivíduos, em sua influência sobre os processos psicológicos e sociais (Carlson, Tayie, Jacquinot-Delaunay e Perez, 2009), na construção de novos paradigmas sociais de relacionamento (Pentland, 2014) com base na criatividade e na inovação das pessoas e suas relações, bem como na emergência de novos paradigmas que estão transformando espaços, tempos, conteúdos e culturas (Jenkins, 2006). (PÉREZ TORNERO, 2015, p. 6)9
Por fim, esta proposta vai de encontro aos esforços recentes da UNESCO
em estabelecer um currículo de formação em Alfabetização Midiática e
Informacional (AMI) ou Midia Education and Information Literacy (MIL), com
destaque para o documento lançado em 2013, resultado do esforço de anos de
diálogo reunindo o pensamento de pesquisadores desta área em vários países
do mundo. Ao propormos a comunicação como o centro do processo
educativo, em um currículo que tem como trilhos as TIC, estamos
rtunidade das comunidades escolares “desenvolverem
uma compreensão sobre a diferença entre ensinar sobre e ensinar por meio da
alfabetização midiática e informacional” (WILSON et al, 2013, p. 60).
Educom.Cine: audiovisual, educação e cidadania
Efetivamente a proposta de colocar a comunicação no centro da
pedagogia escolar não é uma novidade. Já Freinet, um dos pioneiros nesta
tarefa, praticava esta possibilidade com a imprensa escolar na década de 60 do
Tradução livre do texto original em espanhol.
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
A competência midiática e informacional, assim como os processos mediados por ela, estão se tornando um novo campo de pesquisa. A ênfase é então colocada nas novas capacidades dos indivíduos, em
processos psicológicos e sociais (Carlson, Delaunay e Perez, 2009), na construção de novos
paradigmas sociais de relacionamento (Pentland, 2014) com base na criatividade e na inovação das pessoas e suas relações, bem como na
novos paradigmas que estão transformando espaços, tempos, conteúdos e culturas (Jenkins, 2006). (PÉREZ TORNERO, 2015,
Por fim, esta proposta vai de encontro aos esforços recentes da UNESCO
em estabelecer um currículo de formação em Alfabetização Midiática e
Informacional (AMI) ou Midia Education and Information Literacy (MIL), com
, resultado do esforço de anos de
diálogo reunindo o pensamento de pesquisadores desta área em vários países
do mundo. Ao propormos a comunicação como o centro do processo
educativo, em um currículo que tem como trilhos as TIC, estamos
rtunidade das comunidades escolares “desenvolverem
uma compreensão sobre a diferença entre ensinar sobre e ensinar por meio da
alfabetização midiática e informacional” (WILSON et al, 2013, p. 60).
adania
Efetivamente a proposta de colocar a comunicação no centro da
pedagogia escolar não é uma novidade. Já Freinet, um dos pioneiros nesta
tarefa, praticava esta possibilidade com a imprensa escolar na década de 60 do
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
Os alunos apaixonaramque não eram todavia simples com o material ainda rudimentar de que dispúnhamos. Eles deixaramporque a ordenação dos caracteres nos componedores pudesse ser atraente, mas sobnormal e natural da cultura; a observação, o pensamento, a expressão natural tornavam
Quase 60 anos depois, a comunicação segue sendo redescoberta como
instrumento fascinante e transformador na escola, conforme pode ser visto no
depoimento de uma aluna de 12 anos participante do Programa Educom Cine:
Eu me sinto orgulhosa em saber que nós fizemos isso e tivemos todo esse resultado. Não sei explicar, mas é muito orgulhotrabalhamos e demos duro. Lógico que, com a presença de adultos também que fazem, estudam e trabalham com isso. (informação verbal)
O programa de extensão “Educom.cine: Participação e Cidadania”, da
Universidade do Estado de Santa
promover a integração entre a comunidade escolar e os movimentos sociais no
ano de 2015. O projeto foi oferecido como atividade extracurricular na Escola
Básica Municipal Albertina Madalena Dias, com a missão
comunicação a serviço da solidariedade, da interdisciplinaridade e da prática da
cidadania por meio da alfabetização audiovisual. Foram integrados no
programa estudantes e professores da rede pública, ONGs e movimentos
sociais, bem como demai
Todos empenhados na reflexão e ação coletivas, bem como no domínio das
técnicas audiovisuais.
10 Depoimento gravado durante realização de grupo focal conduzido pela pesquisadora Mariana Roncale em
08/12/2015.
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
Os alunos apaixonaram-se pela composição e pela impressão, coisas que não eram todavia simples com o material ainda rudimentar de que dispúnhamos. Eles deixaram-se prender pelas novas tarefas, não porque a ordenação dos caracteres nos componedores pudesse ser atraente, mas sobretudo porque tínhamos descoberto um processo normal e natural da cultura; a observação, o pensamento, a expressão natural tornavam-se texto perfeito. (FREINET, 1975, p.25)
Quase 60 anos depois, a comunicação segue sendo redescoberta como
inante e transformador na escola, conforme pode ser visto no
depoimento de uma aluna de 12 anos participante do Programa Educom Cine:
Eu me sinto orgulhosa em saber que nós fizemos isso e tivemos todo esse resultado. Não sei explicar, mas é muito orgulhotrabalhamos e demos duro. Lógico que, com a presença de adultos também que fazem, estudam e trabalham com isso. (informação verbal)10
O programa de extensão “Educom.cine: Participação e Cidadania”, da
Universidade do Estado de Santa Catarina, realizou oficinas de audiovisual para
promover a integração entre a comunidade escolar e os movimentos sociais no
ano de 2015. O projeto foi oferecido como atividade extracurricular na Escola
Básica Municipal Albertina Madalena Dias, com a missão
comunicação a serviço da solidariedade, da interdisciplinaridade e da prática da
cidadania por meio da alfabetização audiovisual. Foram integrados no
programa estudantes e professores da rede pública, ONGs e movimentos
sociais, bem como demais interessados nas comunidades do entorno da escola.
Todos empenhados na reflexão e ação coletivas, bem como no domínio das
Depoimento gravado durante realização de grupo focal conduzido pela pesquisadora Mariana Roncale em
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
se pela composição e pela impressão, coisas que não eram todavia simples com o material ainda rudimentar de
se prender pelas novas tarefas, não porque a ordenação dos caracteres nos componedores pudesse ser
retudo porque tínhamos descoberto um processo normal e natural da cultura; a observação, o pensamento, a expressão
se texto perfeito. (FREINET, 1975, p.25)
Quase 60 anos depois, a comunicação segue sendo redescoberta como
inante e transformador na escola, conforme pode ser visto no
depoimento de uma aluna de 12 anos participante do Programa Educom Cine:
Eu me sinto orgulhosa em saber que nós fizemos isso e tivemos todo esse resultado. Não sei explicar, mas é muito orgulho saber que nós trabalhamos e demos duro. Lógico que, com a presença de adultos também que fazem, estudam e trabalham com isso. (informação
O programa de extensão “Educom.cine: Participação e Cidadania”, da
Catarina, realizou oficinas de audiovisual para
promover a integração entre a comunidade escolar e os movimentos sociais no
ano de 2015. O projeto foi oferecido como atividade extracurricular na Escola
de colocar a
comunicação a serviço da solidariedade, da interdisciplinaridade e da prática da
cidadania por meio da alfabetização audiovisual. Foram integrados no
programa estudantes e professores da rede pública, ONGs e movimentos
s interessados nas comunidades do entorno da escola.
Todos empenhados na reflexão e ação coletivas, bem como no domínio das
Depoimento gravado durante realização de grupo focal conduzido pela pesquisadora Mariana Roncale em
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
As oficinas do projeto Educom.Cine ocorreram duas vezes por semana,
no período de quatro horas do turno da ta
sendo interrompidas durante o recesso escolar de inverno. Em média, quinze
alunos participaram por semestre, com faixa etária entre 11 e 18 anos. Os
estudantes tiveram ao longo do projeto aulas de roteiro, direção, produção
captação, som, animação e edição que foram integradas em exercícios práticos
com oficineiros qualificados, utilizando equipamentos profissionais. As oficinas
foram alternadas de acordo com a ordem em que ocorre uma produção
audiovisual. Em alguns momento
preparação para as filmagens exigia a integração entre as diversas áreas e
principalmente na hora das filmagens
dois oficineiros.
Em um ano foram produzidos dois episódios do programa denominado
pela turma "Luz, Câmera: Educom!". A temática dos programas foi inspirada nos
oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovid
Quando a gente é criança a gente vê aqueles filmes na televisão e a gente pensa como aquilo aconteceu. E neste curso temos uma noção, uma ideia de como fazer, e a gente faz sabe, isso é o mais legal. (depoimento de aluno de 14 anos do Programinformação verbal)
Seguindo os propósitos da educomunicação, o programa Educom.Cine
teve como um de seus objetivos promover a alfabetização audiovisual no
ambiente escolar. Foram cerca de trinta alunos ao longo do ano, em um
11 Depoimento gravado durante realização de grupo focal coMariana Roncale em 08/12/2015.
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
As oficinas do projeto Educom.Cine ocorreram duas vezes por semana,
no período de quatro horas do turno da tarde, nos dois semestres letivos,
sendo interrompidas durante o recesso escolar de inverno. Em média, quinze
alunos participaram por semestre, com faixa etária entre 11 e 18 anos. Os
estudantes tiveram ao longo do projeto aulas de roteiro, direção, produção
captação, som, animação e edição que foram integradas em exercícios práticos
com oficineiros qualificados, utilizando equipamentos profissionais. As oficinas
foram alternadas de acordo com a ordem em que ocorre uma produção
audiovisual. Em alguns momentos ocorreram simultaneamente, sempre que a
preparação para as filmagens exigia a integração entre as diversas áreas e
principalmente na hora das filmagens - momento em que haviam ao menos
Em um ano foram produzidos dois episódios do programa denominado
pela turma "Luz, Câmera: Educom!". A temática dos programas foi inspirada nos
oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela ONU.
Quando a gente é criança a gente vê aqueles filmes na televisão e a gente pensa como aquilo aconteceu. E neste curso temos uma noção, uma ideia de como fazer, e a gente faz sabe, isso é o mais legal. (depoimento de aluno de 14 anos do Programa Educom.Cine informação verbal)11
Seguindo os propósitos da educomunicação, o programa Educom.Cine
teve como um de seus objetivos promover a alfabetização audiovisual no
ambiente escolar. Foram cerca de trinta alunos ao longo do ano, em um
Depoimento gravado durante realização de grupo focal conduzido pela pesquisadora
Mariana Roncale em 08/12/2015.
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
As oficinas do projeto Educom.Cine ocorreram duas vezes por semana,
rde, nos dois semestres letivos,
sendo interrompidas durante o recesso escolar de inverno. Em média, quinze
alunos participaram por semestre, com faixa etária entre 11 e 18 anos. Os
estudantes tiveram ao longo do projeto aulas de roteiro, direção, produção,
captação, som, animação e edição que foram integradas em exercícios práticos
com oficineiros qualificados, utilizando equipamentos profissionais. As oficinas
foram alternadas de acordo com a ordem em que ocorre uma produção
s ocorreram simultaneamente, sempre que a
preparação para as filmagens exigia a integração entre as diversas áreas e
momento em que haviam ao menos
Em um ano foram produzidos dois episódios do programa denominado
pela turma "Luz, Câmera: Educom!". A temática dos programas foi inspirada nos
oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e nos Objetivos de
Quando a gente é criança a gente vê aqueles filmes na televisão e a gente pensa como aquilo aconteceu. E neste curso temos uma noção, uma ideia de como fazer, e a gente faz sabe, isso é o mais legal.
a Educom.Cine –
Seguindo os propósitos da educomunicação, o programa Educom.Cine
teve como um de seus objetivos promover a alfabetização audiovisual no
ambiente escolar. Foram cerca de trinta alunos ao longo do ano, em um
nduzido pela pesquisadora
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
processo de formação que abordou vários aspectos, como o aprendizado
técnico do uso dos equipamentos, o trabalho colaborativo em equipe e a
conexão do global com o local. Isso porque “compreendemos hoje que o
campo de produção audiovisual é transversal, não apenas par
estética, mas para o comportamento e para a expressão política” (BENTES, 2014,
p. 109).
O programa buscou também dar voz aos participantes, estimular e
desenvolver suas capacidades de expressão e comunicação, seguindo a linha de
raciocínio de Soares (2011), que defende experiências educomunicativas que
procuram entender e escutar os jovens da atualidade.
Na verdade, uma educação eficiente precisa inserirseus estudantes e não ser um simulacro de suas vidas. Fazer sentido para ele significa partir de um projeto de educação que caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformações. Que entenda o jovem. E não dá para entendêsequer escutá
Caminhar no mesmo ritmo da
as práticas pedagógicas, compreender que a escola não é a única fonte de
informação e perceber quais são as formas com que os alunos se relacionam
com a sociedade e com as mídias digitais. O programa Educom.Cine
caminhar neste sentido e o estudo de sua experiência possibilitou vislumbrar
uma utopia possível, dentro das diversas possibilidades de renovação do
ambiente escolar.
Considerações finais
Inspirada no Projeto “Educom.cine: Participação e Cidadania
tenhamos diante de nós uma proposta de inovação, ou apenas velhas
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
formação que abordou vários aspectos, como o aprendizado
técnico do uso dos equipamentos, o trabalho colaborativo em equipe e a
conexão do global com o local. Isso porque “compreendemos hoje que o
campo de produção audiovisual é transversal, não apenas par
estética, mas para o comportamento e para a expressão política” (BENTES, 2014,
O programa buscou também dar voz aos participantes, estimular e
desenvolver suas capacidades de expressão e comunicação, seguindo a linha de
Soares (2011), que defende experiências educomunicativas que
procuram entender e escutar os jovens da atualidade.
Na verdade, uma educação eficiente precisa inserir-se no cotidiano de seus estudantes e não ser um simulacro de suas vidas. Fazer sentido ra ele significa partir de um projeto de educação que caminhe no
mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformações. Que entenda o jovem. E não dá para entendêsequer escutá-lo.(SOARES, 2011, p. 8)
Caminhar no mesmo ritmo das crianças e adolescentes significa repensar
as práticas pedagógicas, compreender que a escola não é a única fonte de
informação e perceber quais são as formas com que os alunos se relacionam
com a sociedade e com as mídias digitais. O programa Educom.Cine
caminhar neste sentido e o estudo de sua experiência possibilitou vislumbrar
uma utopia possível, dentro das diversas possibilidades de renovação do
Inspirada no Projeto “Educom.cine: Participação e Cidadania
tenhamos diante de nós uma proposta de inovação, ou apenas velhas
Setembro. 2017
387-406, jul-set. 2017
formação que abordou vários aspectos, como o aprendizado
técnico do uso dos equipamentos, o trabalho colaborativo em equipe e a
conexão do global com o local. Isso porque “compreendemos hoje que o
campo de produção audiovisual é transversal, não apenas para a expressão
estética, mas para o comportamento e para a expressão política” (BENTES, 2014,
O programa buscou também dar voz aos participantes, estimular e
desenvolver suas capacidades de expressão e comunicação, seguindo a linha de
Soares (2011), que defende experiências educomunicativas que
se no cotidiano de seus estudantes e não ser um simulacro de suas vidas. Fazer sentido ra ele significa partir de um projeto de educação que caminhe no
mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformações. Que entenda o jovem. E não dá para entendê-lo, sem
s crianças e adolescentes significa repensar
as práticas pedagógicas, compreender que a escola não é a única fonte de
informação e perceber quais são as formas com que os alunos se relacionam
com a sociedade e com as mídias digitais. O programa Educom.Cine buscou
caminhar neste sentido e o estudo de sua experiência possibilitou vislumbrar
uma utopia possível, dentro das diversas possibilidades de renovação do
Inspirada no Projeto “Educom.cine: Participação e Cidadania” talvez
tenhamos diante de nós uma proposta de inovação, ou apenas velhas
ISSN nº 2447-4266
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447
experiências revisitadas. Independente disso, nos parece boa a ideia de, além da
reflexão, colocar em ação propostas curriculares que contemplem a perspectiva
da Educação para a Com
(AMI), principalmente considerando as possibilidades de produção e difusão
facilitadas pelas TIC neste tempo de pós
Boaventura de Sousa Santos (2000),
viajar no mundo pós
contemporaneidade ainda difusa, entre elas a emergência da utopia possível e a
necessidade de ancoragem territorial. A utopia possível seria, segundo o autor,
aquela idealização que pode estar a
evolução da humanidade. A ancoragem territorial se traduz na necessidade de,
além de estarmos conectados ao mundo, termos um local onde atuar para ver
nossas ideias florescerem qual ocorre no jardim de nossa casa. Uma
recomendação para mantermos algum vínculo territorial que possa fortalecer
nossa identidade e facilitar a preservação de nossas raízes culturais.
O educomunicador pode vir a ser uma peça fundamental neste novo
paradigma sociotécnico onde atuaria como o ge
comunicação da escola/bairro. Seria o promotor das parcerias, o incentivador
do diálogo, o facilitador dos processos de produção capitaneados por alunos,
professores e comunidade. A partir da escola, atuaria 'glocalmente' como um
agente comunitário de comunicação (MARTINI, 2006).
Referências
Vol. 3, n. 4, Julho-Setembro.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v3n4p387
Revista Observatório, Palmas, v. 3, n. 4, p. 387
experiências revisitadas. Independente disso, nos parece boa a ideia de, além da
reflexão, colocar em ação propostas curriculares que contemplem a perspectiva
da Educação para a Comunicação ou Alfabetização Midiática e Informacional
(AMI), principalmente considerando as possibilidades de produção e difusão
facilitadas pelas TIC neste tempo de pós-modernidade.
Boaventura de Sousa Santos (2000),a em sua feliz cartografia para se
no mundo pós-moderno, delineou algumas características desta
contemporaneidade ainda difusa, entre elas a emergência da utopia possível e a
necessidade de ancoragem territorial. A utopia possível seria, segundo o autor,
aquela idealização que pode estar ao nosso alcance, enquanto potencial de
evolução da humanidade. A ancoragem territorial se traduz na necessidade de,
além de estarmos conectados ao mundo, termos um local onde atuar para ver
nossas ideias florescerem qual ocorre no jardim de nossa casa. Uma
recomendação para mantermos algum vínculo territorial que possa fortalecer
nossa identidade e facilitar a preservação de nossas raízes culturais.
O educomunicador pode vir a ser uma peça fundamental neste novo
paradigma sociotécnico onde atuaria como o gestor do ecossistema de
comunicação da escola/bairro. Seria o promotor das parcerias, o incentivador
do diálogo, o facilitador dos processos de produção capitaneados por alunos,
professores e comunidade. A partir da escola, atuaria 'glocalmente' como um
nte comunitário de comunicação (MARTINI, 2006).
Setembro. 2017
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experiências revisitadas. Independente disso, nos parece boa a ideia de, além da
reflexão, colocar em ação propostas curriculares que contemplem a perspectiva
unicação ou Alfabetização Midiática e Informacional
(AMI), principalmente considerando as possibilidades de produção e difusão
a em sua feliz cartografia para se
moderno, delineou algumas características desta
contemporaneidade ainda difusa, entre elas a emergência da utopia possível e a
necessidade de ancoragem territorial. A utopia possível seria, segundo o autor,
o nosso alcance, enquanto potencial de
evolução da humanidade. A ancoragem territorial se traduz na necessidade de,
além de estarmos conectados ao mundo, termos um local onde atuar para ver
nossas ideias florescerem qual ocorre no jardim de nossa casa. Uma
recomendação para mantermos algum vínculo territorial que possa fortalecer
nossa identidade e facilitar a preservação de nossas raízes culturais.
O educomunicador pode vir a ser uma peça fundamental neste novo
stor do ecossistema de
comunicação da escola/bairro. Seria o promotor das parcerias, o incentivador
do diálogo, o facilitador dos processos de produção capitaneados por alunos,
professores e comunidade. A partir da escola, atuaria 'glocalmente' como um
ISSN nº 2447-4266
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