As Teorias Da Comunicação

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    da comunicao

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    R916t Rdiger, Francisco.As teorias da comunicao / Francisco Rdiger. Porto Ale-gre : Penso, 2011.

    152 p. ; 23 cm.

    ISBN 978-85-63899-00-2

    1. Comunicao. I. Ttulo.

    CDU 070.1

    Catalogao na publicao: Ana Paula M. Magnus CRB 10/2052

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    Artmed Editora S.A., 2011

    Capa:Mrcio Monticelli

    Preparao do original: Cristine Henderson Severo

    Leitura final:Rafael Padilha Ferreira

    Editora snior Cincias Humanas:Mnica Ballejo Canto

    Editora responsvel por esta obra: Carla Rosa Araujo

    Editorao eletrnica:Formato Artes Grficas

    Reservados todos os direitos de publicao, em lngua portuguesa, ARTMEDEDITORA S.A.Av. Jernimo de Ornelas, 670 Santana90040-340 Porto Alegre RSFone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070

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    Apresentao............................................................................................................. 7

    1 Fundamentos gerais da problemtica terica da comunicao.................. 13 O paradigma de Shannon e Weaver ................................................................... 18 Crtica ao modelo informacional ........................................................................ 23 Perspectivas tericas da comunicao .............................................................. 33

    2 A Escola de Chicago e o interacionismo simblico...................................... 37 Comunicao e sociedade: George Mead ......................................................... 39 Comunicao e poder: Hugh Duncan ................................................................ 45

    Comunicao e meios de comunicao: Harry Pross ....................................... 48

    3 O paradigma funcionalista................................................................................ 55 Os pioneiros: Lasswell e Dovifat ......................................................................... 56 A reviso do modelo: Schramm .......................................................................... 61 A teoria das mdias: Niklas Luhmann .................................................................. 67

    4 O paradigma materialista.................................................................................. 77 Trabalho e interao: Marx e Engels: ................................................................. 78 Linguagem e comunicao: Bakhtin e Schaff .................................................... 85 Mdia e revoluo: Enzensberger e Barbrook .................................................... 88

    5 A Escola de Frankfurt: Jrgen Habermas....................................................... 95

    Comunicao e ao comunicativa .................................................................... 98 Comunicao e comunidade ideal de comunicao ......................................... 102 Comunicao e mdias de comunicao ............................................................ 107 Excurso sobre Dominique Wolton....................................................................... 113

    6 Wiener, McLuhan e herdeiros: o paradigma midiolgico............................. 115 A Escola de Toronto: Innis e McLuhan................................................................ 120 Genealogia da problemtica ............................................................................... 124 Os herdeiros de McLuhan: o xtase da comunicao ....................................... 130Concluso.................................................................................................................. 139Referncias................................................................................................................ 145Fonte das figuras...................................................................................................... 151

    Sumrio

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    Figura 1 Charles Chaplinse exibe para amultido (Wall Street,1918) comunicaovertical mercantil e

    individualista.

    Figura 2 Hitler discursapara seus correligionrios

    (Dortmund, 1933) comunicao verticalpoltica e coletivista.

    Figura 3 Manifestao derua em favor da liberdadede expresso (Berkeley,EUA, 1964) Comunicaohorizontal democrtica.

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    A comunicao sabidamente desempenha um papel fundamental nasociedade: o homem no vive sem comunicao. A capacidade de se rela-cionar coordenadamente com seus semelhantes representa para ele, desdeos tempos primitivos, um elemento bsico de sobrevivncia e satisfaodas necessidades, que h algumas dcadas vem se tornando tambm umformidvel campo de cuidado tcnico e moral em nossa civilizao.

    Atualmente, a comunicao de fato est na ordem do dia: por todaa parte se fala dela e seus meios, seja em sentido positivo, como espciede nova panaceia, seja por contraste, quando se visualiza na falta de en-tendimento um dos principais males da vida em sociedade (ver Breton,1995; Neveu, 1994). A problemtica da comunicao com os outros, dasubjetividade cindida, sabemos hoje, uma constitutiva da modernidade.O resultado disso que a expresso, pouco a pouco, tornou-se fonte dereflexo no senso comum e em diversos ramos do conhecimento, passan-do a solicitar o esclarecimento conceitual de seu sentido e valor no con-

    texto do pensamento contemporneo.O pequeno tratado que o leitor tem em mos constitui, em sntese,uma espcie de curso bsico de teoria da comunicao: trata-se de umtexto escrito de forma didtica, concebido como exerccio de reconstru-o dos fundamentos desse conceito, que se destina sobretudo quelesque se iniciam neste campo de conhecimento. A sistematizao que seensaia nestas pginas se furta ao juzo crtico, deixando-o para maistarde, na medida em que este, a despeito de sua premente necessidade,constitui tarefa que pressupe, antes de tudo, o esclarecimento concei-

    tual de sua prpria temtica.

    Apresentao

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    A comunicao constitui valorativamente um tema de importnciaconsensual, cujo contedo, no entanto, est longe de ter sido esclarecido,

    quando se passa sua definio terica. Em geral, a palavra tende a serdefinida pelos meios, pelo uso e pelas aplicaes: remete a uma multi-plicidade de territrios raramente explicitada ou coerente entre si, ser-

    vindo de passarela para diversas disciplinas, que tratam-na com enfoquesna maioria das vezes divergentes, acentuados quando passamos das cin-cias humanas para as cincias naturais. No limite, a expresso no de-signa mais nada, transformando-se em simples rtulo, posto em um cam-po de estudos multidisciplinar, para o qual convergem ou se confrontamos mais diversos projetos de pesquisa, mas do qual no se tem o con cei-

    to (ver Sfez, 1992).Nesse texto, a comunicao tratada como categoria sociolgica e filo-sfica autnoma, constitui conceito empregado em sentido restrito, desig-nando um processo cultural que pode ser analisado e reconstrudo com cer-ta autonomia pelos meios do pensamento. As modalidades de comunicaopr-humana, verificadas nos diversos organismos vivos, bem como os pro-cessos de comunicao entre mquinas e entre mquinas e homens, no soconsideradas, embora esteja clara a relevncia do contedo tratado para acompreenso desta ltima problemtica, pertencente, segundo nosso enten-

    der, ao campo de estudo das chamadas cincias cognitivas.O projeto de uma teoria geral, ou seja, de construir um conceito deinterao vlido para todos os campos do saber, da biologia economia(por exemplo, ver Neiva, 1991 ou Serrano, 2007), criticado e posto fo-ra de considerao. A comunicao constitui, em essncia, um fenmenocultural; representa um processo de relacionamento primrio, ou no,que ocorre entre os seres humanos. Propriamente falando, no h comu-nicao biolgica: referir-se assim recorrer pura fora de expresso,estamos apenas tratando os processos naturais como se fossem processos

    de comunicao.A matria est dividida em seis partes, que procuram sistematizar

    as perspectivas filosficas, conceituais e histricas do estudo da comuni-cao, conforme o ponto de vista das teorias da sociedade. A perspectivaexplica porque se deixou de fora, por exemplo, o contributo terico daEscola de Palo Alto (ver Winkin, 1981). A investigao tambm no tratade maneira especfica da problemtica das tecnologias e meios de comu-nicao, no distingue entre comunicao social e o que podemos cha-mar de comunicao midiada. As clivagens entre ambas sabidamente so

    cada vez menores, conforme demonstra o aparecimento e a difuso das

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    tecnologias interativas. Partimos, assim, do princpio de que tanto umaquanto outra devem ser compreendidas como manifestaes do processo

    social da comunicao, do entendimento da comunicao como ma

    triade reflexo sociolgica (ver Anderson e Meyer, 1988).Considerando a expresso mais de perto, verifica-se que comuni-

    cao um conceito histrico e polissmico e que evoluiu, entre o sculoXIX e o XX, da designao do conjunto de canais e meios de transporte(comunicaes) para o deprocesso social de interaoe, finalmente, pa-ra o depositividade formada pelas prticas, discursos e ideias institudas

    volta dos meios e tcnicas de veiculao social de mensagens, das chamadas

    tecnologias maquinsticas de comunicao.

    De posse desse estatuto, a categoria, todavia, acabou perdendo osentido de referncia sociolgica fundamental, de processo social prim-rio, para deixar-se melhor apreender na figura de um dispositivo de po-der/saber, que funciona na estrutura social, tendo nela efeitos diretos eindiretos, conforme se pode analisar em suas condies de emergncia,em seus princpios de difuso, em seu regime discursivo e nas funesque ele assume em relao ao conjunto das prticas que com elecoexistem em um dado momento histrico (Rodrigues, 1990).

    Segundo nosso ponto de vista, o conjunto de disciplinas e saberes quese ocupa e de certo modo ajuda a moldar, seja de forma crtica, seja de formaadministrativa, esse domnio (ver Mige, 1995) conjunto este formadopelas pesquisas e estudos interdisciplinares da comunicao (communicationresearchou media studiesentre os anglo-saxes) , constitui parte central doque podemos chamar, por sua vez, na falta de melhor expresso, e modaalem, de publicstica. Afinal, [...] a publicstica no seno o estudocientfico [especializado] de todas as formas de comunicao pblica[...],isto , de todas as formas de interao humana que se revistam de um cunho

    coletivo, tpico e institucionalizvel, como diz Franz Drge (1968, p. 154).Assim entendida, a publicstica compreende, mas no se confunde coma teoria da comunicao, partindo do suposto de que o estudo dessa ltimamatria no tem como foco nenhuma forma de interao especfica, nemmuito menos pode se limitar troca especializada de mensagens criadapelas novas tecnologias de comunicao. Portanto, salienta com razo umestudioso da matria que [...] o termo comunicao deve ser reservado interao humana, troca de mensagens entre os homens, sejam quais fo-rem suas formas e os aparatos intermedirios empregados para facilitar o

    relacionamento a distncia[...] (McQuail, 1975, p. 41).

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    As reflexes tericas sobre as comunicaes midiadas costumam tra-tar essas comunicaes como se no o fossem; abordam-nas, na maioria

    das vezes, como fenmeno poltico, econmico, cultural, etc., desprezandocompletamente sua dimenso comunicativa. Conforme veremos, no hnenhum problema grave nisso, mas, neste caso, no nos parece correto elegtimo situ-las no domnio das teorias da comunicao. Nessas ocasies,encontramo-nos diante de programas de pesquisa cuja matriz, no obstan-te derivada das modernas teorias sociais, e por mais vlido que seja seuenfoque, no tem qualquer preocupao com o componente comunicacio-nal, dispensa toda reflexo em relao matria (exceo nesse sentido a teoria social da mdia proposta por Thompson (1995).

    Para ns, essa separao dos estudos da comunicao midiada daproblemtica terica da comunicao, embora metodologicamente legti-ma, costuma ser prejudicial, quando escapa conscincia reflexiva, uma

    vez que essa postura significa em geral no s a adoo implcita de mo-delos comunicativos hipersimplificados, de extrao informacional, maso bloqueio dos esforos de estabelecer a autonomia relativa da proble-mtica de estudo da comunicao, que, embora falaciosamente, haviamcaracterizado as reflexes derivadas da teoria da informao. Destarte,parece-nos vlido supor que a reconstruo das matrizes tericas da co-

    municao, embora possa no ser o melhor, constitui sem dvida umexpediente esclarecedor dos fundamentos conceituais da publicstica.A publicstica, o estudo da mdia, no uma cincia, mas um conjun-

    to de saberes, de natureza multidisciplinar, cujos mtodos de anlise notm qualquer especificidade, foram desenvolvidos pelos diversos ramos doconhecimento. A perspectiva no significa, contudo, que este campo nopossa transcender sua dependncia ideolgica dinmica da comunicaomidiatizada, no possa construir conceitos tericos, no possa desenvolversua prpria problemtica comunicacional, como provam as vises sobre o

    tema constitudas no interior da teoria social. Afinal de contas, embora sepreste cada vez mais ao emprego ideolgico, a categoria em foco nestetexto se apoia em ltima instncia sobre um fato sociolgico fundamental:o fato de que no h sociedade humana sem comunicao.

    No sculo passado, tornou-se bastante claro que o dilogo pblicono um processo secundrio, mas uma dimenso constitutiva da reali-dade: os processos pelos quais as pessoas interagem simbolicamenteconstituem um dos principais meios pelos quais se forma e se transformaa sociedade. A comunicao o processo atravs do qual tentamos fazer

    com que nosso mundo tenha sentido. Desse modo, terminou por desen-

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    volver-se, junto com a srie de pesquisas sobre essa realidade, uma preo-cupao analiticamente distinta e cada vez mais especfica com seu con-

    ceito, que permite que se reconhea hoje uma problemtica terica dacomunicao no pensamento contemporneo.Partindo desse ponto de vista, o conceito de teoria entendido aqui de

    maneira restrita; ele no se confunde com os chamados programas de pes-quisa em comunicao, nem inclui os respectivos modelos metodolgicos,como costumam fazer os tratados de publicstica anglo-saxes e os que sobessa influncia so escritos. Do nosso ponto de vista, os conceitos de comu-nidade de recepo, newsmaking ou agenda-setting, por exemplo, no tmsignificado terico puro. Constituem construtos metodolgicos de projetos

    de pesquisa emprica, cujo embasamento se encontra, no caso, ora em umadescrio etnogrfica, ora em uma sociologia do conhecimento.Neste texto, a expresso teoriarefere-se, portanto, exclusivamente

    reflexo conceitual sobre a estrutura e o sentido do que se chama de co-municao, seja no mbito da teoria social, seja no mbito da pesquisa fi-losfica. Os leitores interessados nos programas e modelos metodolgicosde pesquisa em publicstica estaro bem servidos, embora enganados pelosttulos quanto verdadeira natureza do contedo, na medida em que, fa-lando com propriedade, os livros em foco no tratam, em sua maior parte,

    das teorias da comunicao, procurando por esses programas e modelosem obras como as de Alsina (2001), Atallah (2000), Mattelart (1997),McQuail (1995), Santos (1992) e Wolf (1987).

    A Semitica, considerada por ns uma disciplina auxiliar da publi-cstica e da teoria da comunicao, deliberadamente deixada de foradeste texto. Em nosso modo de ver, essa disciplina representa um saberdesprovido de autonomia material, do ponto de vista cientfico. A se-mitica constitui uma metodologia de estudo dos discursos sociais, quese forma no cruzamento de conceitos provenientes da lingustica, da filo-

    sofia e das teorias da sociedade. Para ns, fora deste contexto, essa dis-ciplina pode ser um campo de interrogao epistemolgica bastante su-gestivo, mas parece muito difcil que chegue a contribuir para o conhe-cimento dos fundamentos da vida coletiva concreta e da interpretaoda realidade social-histrica.

    Objetivando compreender corretamente a semitica, convm escla-recer primeiro, mesmo que no haja necessidade, a problemtica tericada comunicao, na medida em que essa ltima constitui uma das me-diaes pelas quais este ramo do saber se integra no campo da moderna

    teoria social e da pesquisa filosfica contempornea. Em funo disso, no

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    para estranhar no texto a falta de referncia semitica com que se tentoureconstruir o paradigma informacional e a prpria problemtica terica da

    comunicao, notadamente contribuio feita nos escritos mais conheci-dos de Umberto Eco (1971, 1980; ver Fiske, 1990; Bettetini, 1994).Finalmente, salientemos que as teorias da comunicao tradicional-

    mente no pretendem ser construes intelectuais totalmente autno-mas. Conforme ser indicado no texto, elas surgiram e se desenvolveramcom o avano da teoria social e do discurso filosfico. Por isso, o leitorque no est familiarizado com o conhecimento sociolgico e filosficodeve estar ciente de que este um texto concebido como roteiro de es-tudo especfico e que, para ser devidamente aproveitado, deve ser tra-

    balhado em conjunto com as referncias listadas no final do livro.

    Figura 4Albion Small. Figura 5 Gabriel Tarde.