As TICs e Suas Implicações no EAD
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As TICs1 e Suas Implicações no Ensino a Distância
O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa
acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber [...]
Pierre Lévy, Cybercultura, 1999, p. 172.
Introdução
A Educação a Distância é um conceito muito mais antigo do que imaginamos a
primeira vista. Podemos, por exemplo, encarar as epístolas de São Paulo como uma
forma pioneira de educação (ou doutrinação no caso específico) à distância. Desde
os tempos bíblicos, entretanto, os avanços tecnológicos têm refletido em todas as
áreas da civilização humana e de forma ainda mais marcante na educação humana
presencial ou à distância.
Ao longo das últimas décadas a convergência tecnológica vem aglutinando as
diversas mídias e tecnologias disponíveis em cada época e transformando-as em
recursos didáticos. Estes recursos promoveram a criação de uma novíssima
linguagem pedagógica com características próprias e cujo estudo e aplicação ainda
estão na adolescência, por assim dizer.
Fases
De acordo com alguns estudiosos, a educação à distância pode ser
caracterizada pela existência de três fases intimamente ligadas ao
desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação:
1ª Fase – Geração Textual – Ensino por correspondência
Por volta de 1881, William Rainey Harper, fundador e primeiro reitor da
Universidade de Chicago, ofereceu com absoluto sucesso, diga-se de
passagem, um curso de hebreu por correspondência. Essa foi a primeira
geração de EAD, a geração textual, que se baseou no auto-aprendizado com
suporte apenas em simples textos impressos, e que correu assim até a década de
1960.
1 TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação
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2ª Fase – Geração Analógica - Broadcasting
Baseada no auto-aprendizado complementado com recursos tecnológicos
de multimídia tais como gravações de vídeo e áudio e suportado pela tele e
radiodifusão, esta fase floresceu entre as décadas de 1960 e de 1980. O
material impresso continua a ser usado como complemento às tecnologias
referidas.
Um exemplo digno de nota é o programa Telecurso (Telecurso 1º grau,
2º grau, 2000 e Novo Telecurso). A “família” Telecurso é um sistema de
educação por televisão, criado e realizado pela Fundação Roberto Marinho e
FIESP. O método usa teledramaturgia para ensinar disciplinas tradicionais
(química, física, português, etc) através de “teleaulas” de 15 minutos. O
programa começou na década de 70, seguiu pelas décadas de 80 e 90 e
atualmente ainda encontra-se no ar com nome de Novo Telecurso.
3ª Fase – Geração Digital – Redes de Computadores, interatividade
Baseia-se no auto-aprendizado com suporte em recursos tecnológicos de
ponta, altamente diferenciados, que podem ser caracterizados pelos seguintes
fatores:
a) eficiência, abrangência e baixo custo dos sistemas de telecomunicações
digitais;
b) baixo custo, alta interatividade, alta mobilidade e altíssimo poder
computacional dos computadores pessoais modernos;
c) a amplitude e o custo acessível das redes computacionais locais e remotas,
tais como as intranets e a Internet.
Essa fase caracteriza-se também pela disseminação dos sistemas de EDMC
(Educação à Distância Mediada por Computador). A alta interatividade aliada à
capacidade de transmissão de dados quase infinita, sepultaram de vez o maior
empecilho à disseminação do conhecimento, a falta de feedback.
Tecnologias de Suporte
A modalidade EAD pode beneficiar-se de diversas tecnologias digitais.
Algumas novas ou novíssimas e outras um pouco mais amadurecidas. Podemos
citar:
Internet – Citar a Internet é quase um clichê. A grande rede é virtualmente
onipresente na vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. Sua abrangência
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aguçou a imaginação de milhares, no sentido de criar usos e ferramentas que
explorem a interatividade e a disseminação oferecida pela rede. Uma grande parcela
do ferramental EAD nasceu “na” ou nasceu “para” a Internet. A Internet constitui o
maior vetor de disseminação de informações da humanidade (e isso não é nenhum
exagero) e todas as técnicas pedagógicas atuais, sejam presenciais ou não, já
fazem uso do cabedal de ferramentas disponíveis na rede.
WWW - A World Wide Web (que em português significa "Rede de alcance
mundial"; também conhecida como Web e WWW) é um sistema de documentos em
hipermídia que são interligados, armazenados e executados na Internet ou em redes
locais (intranets). Os usuários acessam esses documentos usando programas
conhecidos por navegadores, usualmente via um protocolo de aplicação conhecido
por HTTP (Hyper Text Transfer Protocol).
Google – O Google é um empresa norte-americana que desenvolve sistemas
para Internet. Sua ferramenta mais notória é o Google Search, um site de pesquisa
que tornou-se a ferramenta de pesquisa mais usada da Internet. O Google Search
por si só já é uma tremenda ferramenta de auxílio pedagógico, pois sua capacidade
de indexação de informações faz com que seja capaz de apontar em segundos,
milhares (ou milhões) de referências ao termo pesquisado, relacionando os sites em
que tais termos foram encontrados. O Google, hoje, fornece dezenas de outros
serviços online, em sua maioria gratuitos, que incluem serviço de e-mail (Gmail),
edição e compartilhamento de documentos, apresentações e planilhas (Google
Docs), rede social (Orkut), comunicação instantânea (Google Talk), tradução
(Google Translate), compartilhamento de fotos e vídeos (Picasa e Youtube), grupos
de discussão e listas de e-mails (Google Groups), vídeos e artigos acadêmicos
(Google Scholar) entre outros.
Blog - Os Weblogs foram criados no final da década de 90 como diários na
web ou como coleção de links favoritos. O termo "weblog" foi cunhado por Jorn
Barger em 17 de dezembro de 1997 e com o tempo passou a ser reduzido apenas
para “blog”. Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em
particular; outros funcionam mais como diários online. Um blog típico combina texto,
imagens, links, imagens, aplicativos, etc. A edição de um blog é bastante
simplificada pelos provedores deste tipo de serviço que normalmente apresentam
modelos de design à disposição dos usuários do serviço, escondendo assim toda a
problemática a respeito das técnicas de programação das páginas. Os blogs podem
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ser utilizados complementarmente ao ensino presencial ou a distancia, na
catalogação e disseminação de informações, boa parte dela composta de opiniões e
impressões pessoais sobre algum assunto, além de avisos, fóruns e enquetes,
indicações de trabalhos, trechos de livros ou mesmo livros inteiros, vídeos e
imagens.
Youtube – O Youtube é um site que permite que os usuários carreguem e
compartilhem vídeos. Fundado em 2005 tornou-se um fenômeno rapidamente e no
final de 2006 foi comprado pelo Google. Armazena filmes (embora haja um limite de
tamanho para os arquivos que são enviados, é possível encontrar filmes inteiros
postados em partes), videoclipes, animações e muito material amador, caseiro. O
site disponibiliza códigos (APIs) para que os usuários possam embutir os vídeos em
em blogs, sites de comunidades e sites pessoais e aceita o envio de filmes na
maioria dos formatos, incluindo .wmv, .avi, .mov, mpeg, .mp4, DivX, FLV e .ogg a
3GP, permitindo que vídeos sejam enviados diretamente do celular. O youtube
permite que qualquer um veja os vídeos armazenados mas para enviar um vídeo é
necessário fazer um cadastro de usuário.
Wiki / Wikipedia – Um Wiki é um tipo específico de website que permite a
edição e colaboração dos usuários/autores, ou seja, qualquer leitor pode se tornar
um autor ou editor. Um website Wiki típico possui uma estrutura de ligação entre os
documentos não-linear e permite a inserção de vários tipos de mídia, à semelhança
de um Blog. A possibilidade de edição é de fato o grande atrativo dessa tecnologia,
pois possibilita a construção de grandes estruturas de conhecimento a partir da
colaboração individual de cada usuário/autor. De fato, muitos professores já
começam a usar a tecnologia para estimular a interação e a colaboração entre os
alunos e professores, a troca de ideias, a discussão dirigida, a construção coletiva
do conhecimento. A integração dos alunos neste processo, muitas vezes acaba
gerando benefícios para além das fronteiras da educação, os alunos que colaboram
em torno de um tópico, ganham um sentimento de relevância e de inclusão, já que o
reconhece sua contribuição para o aprendizado do grupo e da sua própria.
O website wikipedia (www.wikipedia.com) constitui hoje o maior utilizador e
incentivador da tecnlogia. O wikipedia é uma enciclopédia virtual, online, multiíngue
(257 idiomas), colaborativa, escrita internacionalmente por milhões de voluntários de
todo o mundo. Qualquer artigo dessa obra pode ser transcrito, modificado e
ampliado, desde que preservados os direitos de cópia e modificações, o que desafia
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o modo convencional de lidar com a propriedade intelectual. A Wikipedia já é a maior
enciclopédia do planeta; em comparação com enciclopédias tradicionais como
Britannica e Encarta, seu acervo conta com mais de 7,5 milhões de verbetes e mais
de 12 milhões de artigos (contra 28 mil e 120 mil da Britannica e 28 mil e 45 mil da
Encarta). Apesar de ser de conteúdo aberto, e, portanto, sujeito a ser editado por
qualquer internauta, a Wikipédia conquistou a aprovação — no tocante à
confiabilidade de suas informações — da renomada revista científica Nature.
Videoconferência / Teleconferência / Webconferência – A
videoconferência é uma tecnologia que trabalha com linhas de comunicação iguais
às transmissões de dados, que permite o contacto visual e sonoro entre pessoas
que estão em lugares diferentes, dando a sensação de que os interlocutores
encontram-se no mesmo local. Permite não só a comunicação entre um grupo, mas
também a comunicação pessoa-a-pessoa. O uso da videoconferência apresenta
uma série de vantagens: 1) economia de tempo, evitando o deslocamento físico para
um local especial; 2) economia de recursos, com a redução dos gastos com viagens;
3) mais um recurso de pesquisa, já que a reunião pode ser gravada e disponibilizada
posteriormente. Além destes aspectos, os softwares que apoiam a realização da
videoconferência, em sua maioria, permitem também, através da utilização de
ferramentas de compartilhamento de documentos: 1) visualização e alteração pelos
integrantes do diálogo em tempo real; 2) compartilhamento de aplicações; 3)
compartilhamento de informações (transferência de arquivos). A videoconferência é
uma tecnologia full-duplex, ou seja, que permite comunicação nos dois sentidos ao
mesmo tempo.
A teleconferência trabalha no mesmo padrão das transmissões de TV já
conhecidas e a qualidade de sons e imagens é a mesma dos programas de TV que
estamos habituados a assistir em suas transmissões locais ou internacionais,
podendo o sinal ser trafegado por cabo, microondas terrestre ou satélite. Em geral a
teleconferência só permite transmissão de dados em um sentido (i.e. origem ->
destino), embora seja possível interatividade através de meios complementares
como e-mail, fax e telefone. No Brasil em dezembro de 2000 foi criada a Rede
Nacional de Teleconferência, com sinal codificado e imagens transmitidas via
satélite pela STV – Rede SESC-SENAC de Televisão que conta com mais de 400
pontos de recepção de sinal.
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A webconferência é uma reunião ou encontro virtual via Internet, com auxílio
de aplicativos ou serviços específicos para compartilhamento de voz, vídeos, textos,
arquivos. Numa webconferência cada conferencista participa através de seu
computador . Em geral uma webconferência permite transmissão full-duplex, mas
isso pode variar de acordo com os aplicativos, serviços ou banda de transmissão
oferecidos. Essas tecnologias permitem uma interação maior entre os participantes
de um curso à distância e principalmente permitem atenuar os efeitos de um dos
problemas mais citados entre os cursistas que é a ausência de contato visual com o
tutor.
Moodle – O Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment é um
software livre de apoio à aprendizagem (sistema de gestão de aprendizagem)
executado num ambiente virtual (rede local ou Internet). O Moodle é um sistema de
administração de atividades educacionais, destinado à criação e publicação de
cursos voltados para a aprendizagem colaborativa e à distância. As estimativas
oficiais não são completamente corretas, mas supõe-se que o Moodle seja o sistema
de gestão de aprendizagem mais utilizado no mundo. Os números são
impressionantes, são mais de 60 mill sites conhecidos, espalhados por mais de 200
países, mais de 3 milhões de cursos oferecidos com cerca de 30 milhões de
usuários registrados. Os motivos são muitos: ele é multi-plataforma, isto é, baseado
na linguagem PHP pode ser instalado em ambiente Windows, Linus, Unix, Mac OS;
está disponível em diversos idiomas; é simples de instalar e configurar; possui um
grande número de recursos educacionais (Avaliação do Curso, Chat, Diálogo, Diário,
Fórum, Glossário, Lição, Pesquisa de Opinião, Questionário, SCORM, Tarefa,
Trabalho com Revisão, Wiki) e atividades pré-configuradas e permite o acoplamento
de outros via plug-ins (que são softwares desenvolvidos pelos usuários). Muitas
instituições de ensino adotam a plataforma Moodle como sua principal ferramenta de
EAD e também como apoio à educação convencional, como mais um vetor de
interação com o alunado.
Conclusões
Segundo LOYOLLA e PRATES, “a implantação de cursos de EDMC deve
considerar a viabilidade de uso da tecnologia em todas as fases: produção da
informação, disponibilização da informação e obtenção da informação”.
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Isso significa que o professor/tutor deve ser antes de tudo um entusiasta da
informática, um geek. Entretanto o professor/tutor deve também manter-se sempre
cauteloso na adoção de novas tecnologias pois não deve perder o foco no que é
mais importante, isto é, facilitar, transmitir o conhecimento. Além disso deve lembrar-
se que seu público pode não estar completamente familiarizado com “aquela”
novíssima tecnologia, o que pode acabar gerando dificuldade para acompanhar o
curso e, no pior caso, abandono ou insucesso.