As Transformações Do Movimento Feminista No Brasil e Sua Relação Com a América Latina

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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 91 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina As transformações do movimento feminista no Brasil e sua relação com a América Latina Carolina Quieroti Timoteo 1 Resumo: Neste trabalho procuro dar conta das mudanças, das novas demandas, dos novos enfrentamentos, das condições vivenciadas em 30 anos pelo feminismo brasileiro e perceber que não acontece isolado, de forma homogênea, alheio ao contexto mundial e, por isso, estabeleço aqui laços e relações com os feminismos latino-americanos e com as novas dinâmicas, hoje, presentes em contextos mais amplos, supranacionais. Esta relação histórica realizada, também se propõe a fazer uma analise social da atuação do movimento feminista na América Latina. Refletir sobre as lutas e como estas foram cruciais para o desenvolvimento do movimento, as novas dinâmicas e desafios desse movimento no Brasil é o objetivo central deste trabalho. Palavras-chave: Movimento feminista; feminismos; mulheres. INTRODUÇÃO Neste trabalho, busco dar conta das mudanças, das novas demandas, dos novos enfrentamentos, das contradições vivenciadas em 30 anos pelo feminismo brasileiro enquanto movimento social. Para construir esse caminho, retorno para o início do século XIX em busca da origem, das experiências, das lições, do nosso passado e da contribuição das nossas antecessoras, para demarcar nossos avanços em relação ao “novo” feminismo, objeto deste trabalho. Porém, o movimento feminista não acontece isolado, alheio do contexto mundial e, por isso, aqui, estabeleço laços e relações com feminismo latino-americano e com as dinâmicas e desafios do movimento feminista no Brasil que é o objetivo central a que, aqui, me proponho. O feminismo brasileiro, e também o mundial, de fato mudou, e não mudou somente em relação àquele movimento sufragista, emancipacionista do século XIX que “queimava 1 Universidade Estadual de Maringá. Ciências Sociais. Pós-graduanda em Psicopedagogia no Instituto Paranaense de Educação. E-mail: [email protected]

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O texto relaciona a tranformação na organização e na temática do movimento feminista na america latina com as tematicas brasileiras

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    ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013

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    GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na Amrica Latina

    As transformaes do movimento feminista no Brasil e sua relao com a Amrica Latina

    Carolina Quieroti Timoteo1

    Resumo: Neste trabalho procuro dar conta das mudanas, das novas demandas, dos novos enfrentamentos, das condies vivenciadas em 30 anos pelo feminismo brasileiro e perceber que no acontece isolado, de forma homognea, alheio ao contexto mundial e, por isso, estabeleo aqui laos e relaes com os feminismos latino-americanos e com as novas dinmicas, hoje, presentes em contextos mais amplos, supranacionais. Esta relao histrica realizada, tambm se prope a fazer uma analise social da atuao do movimento feminista na Amrica Latina. Refletir sobre as lutas e como estas foram cruciais para o desenvolvimento do movimento, as novas dinmicas e desafios desse movimento no Brasil o objetivo central deste trabalho. Palavras-chave: Movimento feminista; feminismos; mulheres.

    INTRODUO

    Neste trabalho, busco dar conta das mudanas, das novas demandas, dos novos

    enfrentamentos, das contradies vivenciadas em 30 anos pelo feminismo brasileiro enquanto

    movimento social. Para construir esse caminho, retorno para o incio do sculo XIX em busca

    da origem, das experincias, das lies, do nosso passado e da contribuio das nossas

    antecessoras, para demarcar nossos avanos em relao ao novo feminismo, objeto deste

    trabalho. Porm, o movimento feminista no acontece isolado, alheio do contexto mundial e,

    por isso, aqui, estabeleo laos e relaes com feminismo latino-americano e com as

    dinmicas e desafios do movimento feminista no Brasil que o objetivo central a que, aqui,

    me proponho.

    O feminismo brasileiro, e tambm o mundial, de fato mudou, e no mudou somente

    em relao quele movimento sufragista, emancipacionista do sculo XIX que queimava

    1 Universidade Estadual de Maring. Cincias Sociais. Ps-graduanda em Psicopedagogia no Instituto

    Paranaense de Educao. E-mail: [email protected]

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    sutis, mudou tambm em relao aos anos 60, 70 e at mesmo aos 80. Na verdade, vem

    mudando cotidianamente, a cada enfrentamento, a cada conquista, a cada nova demanda, em

    uma dinmica impossvel de ser acompanhada por quem no vivencia suas entranhas. No

    movimento feminista a dialtica viaja na velocidade da luz.

    O feminismo, enquanto movimento social, um movimento essencialmente moderno,

    surge no contexto das ideias iluministas e das ideias transformadoras da Revoluo Francesa e

    da Americana e se espalha, em um primeiro momento em torno da demanda por direitos

    sociais e polticos. Nesse seu alvorecer, mobilizou mulheres de muitos pases da Europa, dos

    Estados Unidos e, posteriormente, de alguns pases da Amrica Latina, tendo seu auge na luta

    sufragista.

    Aps um pequeno perodo de relativa desmobilizao, o feminismo ressurge no

    contexto dos movimentos contestatrios dos anos 1960, a exemplo do movimento estudantil

    na Frana, das lutas pacifistas contra a guerra do Vietn nos Estados Unidos e do movimeno

    hippie internacional que causou uma verdadeira revoluo nos costumes. Ressurge em torno

    da afirmao de que o pessoal poltico, pensado no somente como uma bandeira de luta

    mobilizadora, mas como um questionamento profundo dos parmentros conceituais do

    poltico. Vai, portanto, romper com os limites do conceito de poltico, at ento identificado

    pela teoria poltica com o mbito da esfera pblica e das relaes sociais que a acontecem.

    Isto , no campo da poltica que entendida aqui como o uso limitado do poder social.

    Ao afirmar que o pessoal poltico, o feminismo traz para o espao da discusso

    poltica as questes at ento vistas e tratadas como especficas do privado, quebrando a

    dicotomia pblico-privado, base de todo pensamento liberal sobre as especificidades da

    poltica e do poder pblico. Para o pensamento liberal, o conceito de pblico diz respeito ao

    Estado e s suas instituies, economia e a tudo mais identificado como poltico. J o

    privado se relaciona com a vida domstica, familiar e sexual, identificado com o pessoal,

    alheio poltica.

    Ao utilizar essa bandeira de luta, o movimento feminista chama a ateno das

    mulheres sobre o carter poltico da sua opresso, vivenciada de sua forma isolada e

    individualizada no mundo do privado, identificada como meramente pessoal. Essa bandeira,

    para Carole Pateman, [] chamou a ateno das mulheres sobre a maneira como somos

    levadas a contemplar a vida social em termos pessoais, como se tratasse de uma questo de

    capacidade ou de sorte individual [] As feministas fizeram finc-p em mostrar como as

    circunstncias pessoais esto estruturadas por fatores pblicos, por leis sobre a violao e o

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    aborto, pelo status de esposa, por polticas relativa ao cuidado das crianas, pela definio

    de subsdios prprios do estado de bem-estar e pela diviso sexual do trabalho no lar e for a

    dele. Portanto, os problemas pessoais s podem ser resolvidos atravs dos meios e das

    aes polticas (PATEMAN, 1996, p. 47).

    O movimento significou uma redefinio do poder poltico e da forma de entender a

    poltica ao colocar novos espaos no privado e no domstico. Sua fora est em recolocar a

    forma de entender a poltica e o poder, de questionar o conteudo formal que se atribuiu ao

    poder a as formas em que exercido. Esse seu carater subversivo (LEON, 1994, p 14). Ao

    trazer essas novas questes para o mbito pblico, o feminismo traz tambm a necessidade de

    criar novas condutas, novas prticas, conceitos e novas dinmicas. Um exemplo tem sido toda

    a crtica ao modelo de cidadania universal e, conseqentemente, a contribuio do feministo

    na elaborao do moderno conceito.

    O movimento feminista, apesar de inserir-se no movimento mais amplo de mulheres,

    distingue-se por defender os interesses de gnero das mulheres, por questionar os sistemas

    culturais e polticos construdos a partir dos papis de gnero historicamente atribudos s

    mulheres, pela definio da sua autonomia em relao a outros movimentos, organizaes e

    ao Estado, e pelo princpio organizativo da horizontalidade, isto , da no-existncia de

    esferas de decises hierarquizadas (LVAREZ, 1990, p. 23).

    O feminismo bem comportado

    No Brasil, bem como em vrios pases latino-americanos, a exemplo do Chile,

    Argentina, Mxico, Peru e Costa Rica, as primeiras manifestaes aparecem j na primeira

    metade do sculo XIX, em especial atravs da imprensa feminina, principal veculo de

    divulgao das ideias feministas naquele momento.

    Em fins do sculo XIX, as mulheres brasileiras incorporadas produo social

    representavam uma parte significativa da fora de trabalho empregada, ocupavam de forma

    cada vez mais crescente o trabalho na indstria, chegando a constituir a maioria da mo-de-

    obra empregada na indstria txtil. Influnciadas pelas idias anarquistas e socialistas trazidas

    pelos trabalhadores imigrantes espanhis e italianos, j se podiam encontrar algumas

    mulheres incorporadas s lutas sindicais na defesa de melhores salrios e condies de

    higiene e sade no trabalho, alm do combate s discriminaes e abusos a que estavam

    submetidas por sua condio de gnero. Na primeira dcada do sculo XX, existiam

    organizaes feministas socialistas, anarquistas e liberais em vrios pases da Amrica Latina.

    Na maioria desses pases, os processos de organizao das mulheres ocorreram

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    simultaneamente ao processo de organizao das classes populares, fortemente influenciadas

    pelo pensamento socialista e anarquista de carter internacional (VALDS, 2000;

    MOLYNEUX, 2003).

    Geralmente essas organizaes se autodenominavam feministas, discutiam e

    propagavam os direitos da mulher. Quase todos os congressos de mulheres da poca se

    declaravam feministas, e esse era um tipo de iniciativa freqente no movimento, muitos deles

    de carter internacional como foi, em 1906, o Congresso Internacional do Livre Pensamento

    organizado pelo Centro Feminista de Buenos Aires, e o Primeiro Congresso Internacional

    Feminista, realizado tambm na Argentina, em 1910. Em 1916, outro Congresso Feminista

    realizado, desta vez, em Yucatn, no Mxico. O eixo articulador desses congressos a

    demanda pela igualdade jurdica e o direito ao voto.

    No Brasil, merece destaque a criao do Partido Republicano Feminista, pela baiana

    Leolinda Daltro, com o objetivo de mobilizar as mulheres na luta pelo sufrgio, e a

    Associao Feminista, de cunho anarquista, com forte influncia nas greves operrias de 1918

    em So Paulo. As duas organizaes foram muito ativas e chegaram a mobilizar um nmero

    significativo de mulheres. A partir dos anos 1920, a luta sufragista se amplia, em muitos

    pases latino-americanos, sob a conduo das mulheres de classe alta e mdia, que atravs de

    uma ao direta junto aos aparelhos legislativos, logo conquistam o direito ao voto. Assim foi

    no Equador, em 1929, o primeiro pas da regio a estabelecer o voto feminino; no Brasil,

    Uruguai e Cuba, no incio dos anos 1930; e na Argentina e Chile, logo aps o final da

    Segunda Guerra Mundial. As mulheres do Mxico, Peru e Colmbia s vo conquistar o voto

    na dcada de 1950. A partir da conquista do direito de voto, o movimento feminista entra em

    um processo de desarticulao na grande maioria dos pases latino-americanos,

    acompanhando a tendncia ocorrida nos Estados Unidos e Europa (JAQUETTE, 1994).

    Isso no significou que as mulheres estiveram excludas dos movimentos polticos

    mais amplos. Em toda Amrica Latina, as mulheres se organizaram em clubes de mes,

    associaes de combate ao aumento do custo de vida, nas associaes de bairros, nas lutas por

    demandas sociais (escolas, hospitais, saneamento bsico, creches, transporte etc), pelo direito

    terra e segurana. No Brasil, as organizaes femininas, sob a orientao do Partido

    Comunista Brasileiro, como a Unio Feminina criada para atender a poltica de frente

    popular estabelecida pela Terceira Internacional em 1935, e o Comit de Mulheres pela

    Anistia em 1945, tiveram amplo poder de articulao e mobilizao feminina (COSTA

    PINHEIRO, 1981).

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    Esse primeiro momento do movimento feminista, em linhas gerais, pode ser

    caracterizado como de cunho conservador no que se refere ao questionamento da diviso

    sexual dos papis de gnero, inclusive reforavam esses papeis, esteretipos e tradies na

    medida em que utilizavam as idias e representaes das virtudes domsticas e maternas

    como justificativa para suas demandas.

    As mulheres aceitaram o princpio da diferena sexual, mas o rechaaram como

    fundamento para a discriminao injustificada. As lderes dos movimentos de mulheres

    criticaram seu tratamento diante da lei e impugnaram os termos de sua excluso social e

    poltica, mas o fizeram de forma que reconheciam a importncia do seu papel na famlia, um

    argumento que foi utilizado tanto pelas feministas quanto pelos estados, ainda que com fins

    distintos (MOLYNEUX , 2003, p. 79).

    Com o golpe militar de 1964 no Brasil, e posteriormente nos anos 1970 em vrios

    outros pases latino-americanos, os movimentos de mulheres, juntamente com os demais

    movimentos populares, foram silenciados e massacrados. No obstante, no se pode esquecer

    que os movimentos de mulheres burguesas e de classe mdia, organizados por setores

    conservadores, tiveram papel importante no apoio aos golpes militares nesse perodo e aos

    regimes militares instalados. No Brasil, merece registro o movimento articulador das

    Marchas com Deus, pela ptria e pela famlia, que mobilizou grande nmero de mulheres

    em 1964 e 1968 (SIMES, 1985). Como em outros lugares, as mulheres foram utilizadas

    como massa de manobra, uma ttica da qual se apropriam tanto a esquerda como a direita.

    O feminismo da resistncia

    A segunda onda do feminismo na Amrica Latina nasceu nos anos 1970, em meio ao

    autoritarismo e represso dos regimes militares dominantes e das falsas democracias

    claramente autoritrias. Surge como conseqncia da resistncia das mulheres ditadura

    militar, por conseguinte, intrinsecamente ligada aos movimentos de oposio que lhe deram

    uma especificidade determinante (LEON, 1994; JAQUETTE, 1994; MOLYNEUX, 2003).

    Surge sob o impacto do movimento feminista internacional e como conseqncia do processo

    de modernizao que implicou uma maior incorporao das mulheres no mercado de trabalho

    e a ampliao do sistema educacional.

    Segundo Sarti, no Brasil, este processo de modernizao incorpora tambm a

    efervescncia cultural de 1968: os novos comportamentos afetivos e sexuais, o acesso ao

    recurso das terapias psicolgicas e da psicanlise, a derrota da luta armada e o sentido da

    elaborao poltica e pessoal desta derrota para as mulheres, as novas experincias cotidianas

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    que entraram em conflito com o padro tradicional e as hierarquias de gnero, e [...] as

    marcas de gnero na experincia da tortura, dada a forma especfica de violncia a que foram

    submetidas as mulheres militantes pela represso, no apenas sexualmente, mas, sobretudo,

    pela utilizao da relao me e filhos como vulnerabilidade feminina (SARTI, 1998, p. 02).

    lvares destaca nesse processo de transio o intenso labor que as feministas (muitas

    haviam participado ativamente em organizaes do movimento estudantil, da nova esquerda,

    das Associaes Eclesisticas de Base articuladas pela Igreja Catlica) enfrentaram ao serem

    obrigadas constantemente a lidar com a discriminao, a repensar sua relao com os partidos

    polticos dominados pelos homens, com a igreja progressista, com um Estado patriarcal,

    capitalista e racista. Junta-se a isso o predomnio que havia em toda a esquerda latino-

    americana da viso de que as feministas [...] eram pequenos grupos de pequeno-burguesas

    desorientadas, desconectadas da realidade do continente, que haviam adotado uma moda e

    faziam o jogo do imperialismo norte-americano (STERNBACH; ARANGUREN;

    CHUCHRYK, 1994, p. 70). Essa experincia teve como conseqncia as mltiplas tenses

    que caracterizaram, s vezes, tortuosas relaes do feminismo brasileiro com a esquerda, com

    os setores progressistas da Igreja Catlica em vrios momentos da luta poltica.

    Essa tenso no foi uma especificidade do feminismo brasileiro, conforme afirma

    Nancy Sternbach e outras autoras (1994), a conscincia feminista latino-americana foi

    alimentada pelas mltiplas contradies experimentadas pelas mulheres atuantes nos

    movimentos guerrilheiros ou nas organizaes polticas, por aquelas que foram obrigadas a

    exilar-se, que participaram do movimento estudantil, das organizaes acadmicas politizadas

    e dos partidos polticos progressistas.

    Apesar das feministas latino-americanas romperem com as organizaes de esquerda,

    em termos organizativos, mantiveram seus vnculos ideolgicos e seu compromisso com uma

    mudana radical das relaes sociais de produo, enquanto continuavam lutando contra o

    sexismo dentro da esquerda (STERNBACH; ARANGUREN; CHUCHRYK, 1994, p. 74).

    Esta prtica as distinguia do feminismo europeu e norte-americano, dando-lhes como

    caracterstica especial o interesse em promover um projeto mais amplo de reforma social

    dentro do qual se realizavam os direitos da mulher e formas organizativas que possibilitavam

    o envolvimento de setores populares (MOLYNEUX, 2003, p. 269).

    Em 1975, como parte das comemoraes do Ano Internacional da Mulher, promovido

    pela Organizao das Naes Unidas, foram realizadas vrias atividades pblicas em So

    Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, reunindo mulheres interessadas em discutir a

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    condio feminina em nossa sociedade, luz das propostas do novo movimento feminista

    que neste momento se desenvolvia na Europa e nos Estados Unidos. O patrocnio da ONU e

    um clima de relativa distenso poltica do regime permitiam s mulheres organizarem-se

    publicamente pela primeira vez desde as mobilizaes dos anos 1967-1968. (COSTA;

    SARDENBERG,1994a, p. 103).

    A partir deste evento, surgem novos grupos de mulheres em todo o pas. Muitos so

    somente grupos de estudos e de reflexo, organizados de acordo com o modelo dos grupos

    de conscientizao surgidos no exterior. Outros so de reflexo e ao, nos quais o princpio

    da autonomia foi um dos pontos de controvrsia no enfrentamento, inevitvel, com os grupos

    polticos e, em particular, com as organizaes de esquerda (FIGUEIREDO,1988). Ainda em

    1975 criado o jornal Brasil Mulher, em Londrina, no estado do Paran, ligado ao

    Movimento Feminino pela Anistia e publicado por ex-presas polticas. J no comeo de 1976,

    um grupo de mulheres universitrias e antigas militantes do movimento estudantil comea a

    publicar o jornal Ns Mulheres, desde seu primeiro nmero auto-identificado como feminista.

    Ainda neste ano, o Brasil Mulher tambm se colocava abertamente como um jornal feminista.

    A partir de 1978, estes dois jornais se converteram nos principais porta-vozes do movimento

    feminista brasileiro.

    Nos anos seguintes, o movimento social de resistncia ao regime militar seguiu

    ampliando-se, novos movimentos de liberao se uniram s feministas para proclamar seus

    direitos especficos dentro da luta geral, como por exemplo, os dos negros e homossexuais.

    Muitos grupos populares de mulheres vinculadas s associaes de moradores e aos clubes de

    mes comearam a enfocar temas ligados a especificidades de gnero, tais como creches e

    trabalho domstico. O movimento feminista se proliferou atravs de novos grupos em todas as

    grandes cidades brasileiras e assume novas bandeiras como os direitos reprodutivos, o

    combate violncia contra a mulher, e a sexualidade. O feminismo chegou at a televiso

    revolucionando os programas femininos, nos quais agora, junto s tradicionais informaes

    sobre culinria, moda, educao de filhos etc. apareciam temas at ento impensveis como

    sexualidade, orgasmo feminino, anticoncepo e violncia domstica.

    Em linhas gerais, poderamos caracterizar o movimento feminista brasileiro dos anos

    1970 como fazendo parte de um amplo e heterogneo movimento que articulava as lutas

    contra as formas de opresso das mulheres na sociedade com as lutas pela redemocratizao.

    Nos movimentos se diluam os discursos estratgicos, o Estado era o inimigo comum. A

    identidade feminista naquele momento implicava (LOBO, 1987). [...] ter uma poltica

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    centrada em um conjunto de assuntos de interesse especfico das mulheres, aderir a

    determinadas normas de organizao (como por exemplo, participao direta, informalidade

    nos procedimentos, ou ausncia de funes especializadas) e atuar nos espaos pblicos

    especficos como as organizaes feministas autnomas ou do movimento de mulheres mais

    amplo. (LVAREZ, 2001, p. 25).

    A questo da autonomia foi um eixo conflitante e definidor do feminismo nos anos

    1970. Uma autonomia em termos organizativos e ideolgicos perante os partidos polticos e

    outras organizaes. Nesse momento de autoritarismo militar, a discusso sobre a autonomia

    em relao ao Estado, o inimigo comum, no era sequer colocada. A defesa da autonomia

    como um princpio organizativo do feminismo no implicava uma prtica defensiva ou

    isolacionista que impedisse a articulao com outros movimentos sociais que

    compartilhassem identidades, apenas a definio de um espao autnomo para articulao,

    troca, reflexo, definio de estratgias. O documento O Movimento de Mulheres no Brasil,

    publicado pela Associao de Mulheres, uma organizao paulista, em 1979, define bem o

    entendimento dessa autonomia [...] acreditamos que esse movimento deve ser autnomo

    porque temos a certeza de que nenhuma forma de opresso poder ser superada at que

    aqueles diretamente interessados em super-la assumam essa luta (COSTA, PINHEIRO,

    1981).

    Os dilemas do Estado e da institucionalizao

    Os anos 1980 trouxeram novos dilemas ao movimento feminista. Durante a dcada

    anterior, o movimento se havia centrado no trabalho de organizao, na luta contra a ordem

    social, poltica e econmica, conforme vimos anteriormente. O avano do movimento fez do

    eleitorado feminino um alvo do interesse partidrio e de seus candidatos, que comearam a

    incorporar as demandas das mulheres aos seus programas e plataformas eleitorais, a criar

    Departamentos Femininos dentro das suas estruturas partidrias. At o principal partido da

    direita, o PDS, criou seu Comit Feminino. At ento, a perspectiva de relao com o Estado

    no projeto de transformao feminista no se havia apresentado. A eleio de partidos

    polticos de oposio para alguns governos estaduais e municipais forou as feministas a

    repensarem sua posio ante o Estado, na medida em que a possibilidade de avanar em

    termos de poltica feminista era uma realidade. Nos dois primeiros anos (1980-1982), as

    velhas divises polticas e partidrias voltaram cena. Como afirma Elizabete Souza Lobo,

    [...] a reorganizao partidria comeou a descaracterizar as prticas autnomas dos

    movimentos, os grupos se dividiram e se desmancharam. Na diviso muitas feministas se

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    concentraram nos partidos, outras permaneceram somente no movimento. Os discursos

    feministas invadiram os discursos partidrios, mas as prticas autnomas se reduziram

    (LOBO, 1987, p. 50).

    A vitria do PMDB para o governo de So Paulo garantiu a criao do primeiro

    mecanismo de Estado no Brasil voltado para a implementao de polticas para mulheres: o

    Conselho Estadual da Condio Feminina, criado em abril de 1983. Esse seria um terceiro

    momento do feminismo na arqueologia elaborada por Lobo: [...] depois de 1982, em alguns

    estados e cidades, se criaram os Conselhos dos Direitos da Mulher, e mais adiante o Conselho

    Nacional dos Direitos da Mulher, os quais se configuraram como novos interlocutores na

    relao com os movimentos. Duas posies polarizaram as discusses: de um lado, as que se

    propunham ocupar os novos espaos governamentais, e do outro, as que insistiam na

    exclusividade dos movimentos como espaos feministas (LOBO, 1987, p. 64).

    A atuao do feminismo em nvel institucional, isto , na relao com o Estado, nesse

    e em outros momentos, no foi um processo fcil de ser assimilado no interior do movimento.

    A participao nos conselhos, e em especial, no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher

    (CNDM), foi uma questo polmica que incitou os nimos no VII Encontro Nacional

    Feminista, realizado em 1985, em Belo Horizonte. A perspectiva de atuar no mbito do

    Estado representava, para muitas mulheres, uma brecha na luta pela autonomia do movimento

    feminista.

    Porm, o movimento feminista no podia deixar de reconhecer a capacidade do Estado

    moderno para influnciar a sociedade como um todo, no s de forma coercitiva com medidas

    punitivas, mas atravs das leis, de polticas sociais e econmicas, de aes de bem-estar, de

    mecanismos reguladores da cultura e comunicao pblicas, portanto como um aliado

    fundamental na transformao da condio feminina (MOLYNEUX, 2003, p. 68). Tambm

    no poderia deixar de reconhecer os limites da poltica feminista no sentido da mudana de

    mentalidades sem acesso a mecanismos mais amplos de comunicao e tendo de enfrentar a

    resistncia constante de um aparelho patriarcal como o Estado. Caberia, ao feminismo,

    enquanto movimento social organizado, articulado com outros setores da sociedade brasileira,

    pressionar, fiscalizar e buscar influnciar esse aparelho, atravs dos seus diversos organismos,

    para a definio de metas sociais adequadas aos interesses femininos e o desenvolvimento de

    polticas sociais que garantissem a eqidade de gnero.

    E exatamente essa perspectiva que nortear a atuao do movimento em relao ao

    CNDM, criado a partir de uma articulao entre as feministas do Partido do Movimento

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    Democrtico Brasileiro (PMDB) e o presidente Tancredo Neves, no processo de transio.

    Graas atuao direta de algumas feministas nas esferas de deciso e planejamento, logo, o

    CNDM, de fato, se transformou em um organismo estatal responsvel por elaborar e propor

    polticas especiais para as mulheres, e, contrariando o temor de muitas feministas, se destacou

    na luta pelo fortalecimento e respeito autonomia do movimento de mulheres, o que lhe

    garantiu o reconhecimento de toda a sociedade (COSTA; SARDENBERG, 1994a, p. 106).

    No perodo da Assemblia Nacional Constituinte, conjuntamente com o movimento

    feminista autnomo e outras organizaes do movimento de mulheres de todo o pas, o

    CNDM conduziu a campanha nacional Constituinte pra valer tem que ter palavra de mulher

    com o objetivo de articular as demandas das mulheres. Foram realizados eventos em todo o

    pas e posteriormente as propostas regionais foram sistematizadas em um encontro nacional

    com a participao de duas mil mulheres. Estas demandas foram apresentadas sociedade

    civil e aos constituintes atravs da Carta das Mulheres Assemblia Constituinte. A partir

    da, as mulheres invadiram (literalmente) o Congresso Nacional: brancas, negras, ndias,

    mestias, intelectuais, operrias, professoras, artistas, camponesas, empregadas domsticas,

    patroas..., todas unidas na defesa da construo de uma legislao mais igualitria (COSTA,

    1998, p. 117).

    Atravs de uma ao direta de convencimento dos parlamentares, que ficou

    identificada na imprensa como o lobby do batom, o movimento feminista conseguiu aprovar

    em torno de 80% de suas demandas, se constituindo no setor organizado da sociedade civil

    que mais vitrias conquistou. A novidade desse processo foi a atuao conjunta da chamada

    bancada feminina. Atuando como um verdadeiro bloco de gnero, as deputadas

    constituintes, independentemente de sua filiao partidria e dos seus distintos matizes

    polticos, superando suas divergncias ideolgicas, apresentaram, em bloco, a maioria das

    propostas, de forma suprapartidria, garantindo assim a aprovao das demandas do

    movimento. Essa articulao do CNDM, movimento feminista e bancada feminina, atravs do

    lobby do batom representou uma quebra nos tradicionais modelos de representao vigentes

    at ento no pas, na medida em que o prprio movimento defendeu e articulou seus interesses

    no espao legislativo sem a intermediao dos partidos polticos. Celi Pinto explicita muito

    bem esse quadro ao afirmar: A presena constante das feministas no cenrio da Constituinte e

    a conseqente converso da bancada feminina apontam para formas de participao

    distintas da exercida pelo voto, formas estas que no podem ser ignoradas e que talvez

    constituam a forma mais acessvel de participao poltica das feministas. Este tipo de ao

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    poltica, prpria dos movimentos sociais, no passa pela representao. Constitui-se em

    presso organizada, tem tido retornos significativos em momentos de mobilizao e pode ser

    entendida como uma resposta falncia do sistema partidrio como espao de participao

    (PINTO, 1994, p. 265).

    Esse compromisso do CNDM com o movimento de mulheres foi tambm o motivo de

    sua condenao. Atendendo a interesses conservadores e desvinculados da democracia e da

    participao popular, o governo Sarney, ao finalizar seu mandato, resolveu destruir o nico

    rgo federal que tinha respaldo e respeito popular, em especial em relao ao setor ao qual

    estava vinculado. Atravs de atos autoritrios, o CNDM foi paulatinamente destrudo. A

    euforia reformista dos primeiros anos de governo civil deu lugar a uma desiluso ampla no

    final dos anos oitenta. As novas instituies das mulheres se converteram em fontes de

    desencanto para as feministas brasileiras, mesmo para algumas das mes fundadoras dos

    conselhos e delegacias (LVAREZ, 1994, p. 266).

    Concluso

    O movimento feminista brasileiro, enquanto novo movimento social, extrapolou os

    limites do seu status e do prprio conceito. Foi mais alm da demanda e da presso poltica na

    defesa de seus interesses especficos. Entrou no Estado, interagiu com ele e ao mesmo tempo

    conseguiu permanecer como movimento autnomo. Atravs dos espaos a conquistados

    (conselhos, secretarias, coordenadorias, ministrios etc.) elaborou e executou polticas. No

    espao do movimento, reivindica, prope, pressiona, monitora a atuao do Estado, no s

    com vistas a garantir o atendimento de suas demandas, mas acompanhar a forma como esto

    sendo atendidas.

    O resultado da I Conferncia Nacional de Polticas para Mulheres a demonstrao da

    fora, da capacidade de mobilizao e articulao de novas alianas em torno de propostas

    transformadoras, no s da condio feminina, mas de toda a sociedade brasileira.

    At chegar a foi um longo e, muitas vezes, tortuoso caminho de mudanas, dilemas,

    enfrentamentos, ajustes, derrotas e tambm vitrias. O feminismo enfrentou o autoritarismo

    da ditadura militar construindo novos espaos pblicos democrticos, ao mesmo tempo em

    que se rebelava contra o autoritarismo patriarcal presente na famlia, na escola, nos espaos de

    trabalho, e tambm no Estado. Descobriu que no era impossvel manter a autonomia

    ideolgica e organizativa e interagir com os partidos polticos, com os sindicatos, com outros

    movimentos sociais, com o Estado e at mesmo com organismos supranacionais. Rompeu

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    fronteiras, criando, em especial, novos espaos de interlocuo e atuao, possibilitando o

    florescer de novas prticas, novas iniciativas e identidades feministas.

    Mas esse no o ponto final do movimento, a cada vitria surgem novas demandas e

    novos enfrentamentos. O feminismo est longe de ser um consenso na sociedade brasileira, a

    implantao de polticas especiais para mulheres enfrenta ainda hoje resistncias culturais e

    polticas. No documento Articulando a luta feminista nas polticas pblicas, a AMB

    apresenta trs campos principais dessa resistncia antifeminista no Brasil:

    os setores que tm uma perspectiva funcional e antifeminista da abordagem de

    gnero. Explicam as relaes de gnero como parte de uma ordem social que se estrutura a

    partir dos papis diferenciados entre homens e mulheres, definidos por funes imutveis e

    complementares na sociedade. Os papis femininos devem ser valorizados, mas no

    necessariamente transformados;

    um setor que questiona a existncia do feminismo hoje e que acredita ser possvel

    mudar a sociedade e superar as injustias apenas a partir de comportamentos individuais de

    homens e mulheres. Esta uma posio que vem crescendo entre os movimentos sociais e

    distintas organizaes, articuladas no que autodenominam erradamente de movimentos de

    gnero, preocupados mais em promover a unidade entre homens e mulheres do que em

    defender os direitos das mulheres e combater as desigualdades de gnero;

    refere-se queles que no reconhecem a centralidade das desigualdades e buscam

    explic-las apenas pela classe. So setores que consideram as desigualdades de gnero, a luta

    feminista e anti-racista como prpria do espao cultural e no tanto um problema da esfera

    pblica. (ARTICULAO..., 2004b).

    Analisar, entender e, em especial, dar respostas a estas resistncias um desafio que o

    movimento feminista brasileiro e da Amrica-latina continuar ainda enfrentando.

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