Aspectos Da Linguagem Poetica

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    Literatura, 03 - A Linguagem Potica

    Para melhor entendimento e apreciação de um poema, existem alguns conceitos técnicos que precisamser entendidos. São recursos de estilo que tornam a linguagem poética mais expressiva. Primeiramente vejamosalgumas definições:

    O poema: É um texto que apresenta em suas características físicas algumas particularidades: tais como:aproveitamento de parte das linhas (o que chamamos de versos), distribuição dos versos em grupos (o quechamamos de estrofe). Visualmente podemos distinguir um poema de uma notícia de jornal ou uma narração.

    A poesia: A poesia está presente na mensagem do texto, quando usamos as palavras para transmitirsentimentos e despertar emoções subjetivas. Há geralmente o uso da linguagem no sentido conotativo (sentidofigurado), e aproveitamento do som das palavras para transmitirem efeitos de musicalidade ou outras referências(como o som de “x e ch” associados à chuva, ou o som do “v e f”, associados ao vento, etc.)”. A poesia podeexistir, mesmo que o texto não apresente a estrutura de um poema.

    O verso: É cada linha de um poema.

    A estrofe: É um conjunto de versos que se distingue dos demais grupos, seja para fins de sonoridade,conteúdo da mensagem ou apenas fator estético.

    Observe os dois textos abaixo:

    Ontem, um automóvelchocou-se com um muro,

    na avenida principal.

    O motorista e os passageirosforam encaminhados ao hospital,mas ninguém corre risco de vida.

    Fiz de mim o que não soubeE o que podia fazer de mim não o fiz.

    O dominó que vesti era errado.Conheceram-me logo por quem não erae não desmenti, e perdi-me.Quando quis tirar a máscara,Estava pegada à cara.

    Fragmento de Tabacaria, Álvaro de Campos 

    Observe que os dois possuem a estrutura de um poema. Ambos possuem versos e estrofes. No entanto,apenas o segundo possui poesia. Essa receita de escolha de palavras, sons, sentimentos e emoções faz com que

    o poema tenha poesia e vá além de uma simples folha rabiscada; ultrapassando o tempo e deixando sua marcaatravés das gerações. Leia o texto abaixo de Luís Vaz de Camões, in. Sonetos

    Amor é um fogo que arde sem se ver;É ferida que dói, e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer.

    É um não querer mais que bem querer;É um andar solitário entre a gente;É nunca contentar-se e contente;É um cuidar que ganha em se perder;

    É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata, lealdade.

    Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

    Agora ouça a música Monte Castelo , do Legiâo Urbana

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    As rimas têm dupla função na poesia:1) conferir musicalidade aos versos2) reforçar determinados significados pela rima de certas palavras.

    Nas rimas externas, os esquemas de rimas mais frequentes são: o das rimas paralelas, alternadas,intercaladas ou mistas. Veja os exemplos:

    “Quem deixa o trato pastoril amado (A) Pela ingrata, civil correspondência, (B) Ou desconhece o rosto da violência, (B) Ou do retiro a paz não tem provado.” (A) (rimas intercaladas ou interpoladas) 

    “Na messe que enlourece, estremece a quermesse (A) O sol, o celestial girassol, esmorece (A) E as cantilenas de serenos sons amenos (B) Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...” (B) (rimas emparelhadas ou paralelas) 

    “Eu vi meu semblante numa fonte, (A) Dos anos inda não está cortado: (B) 

    Os pastores, que habitam este monte, (A) Respeitam o poder do meu cajado.” (B)(rimas cruzadas ou alternadas)

    "Os navios existem, e existe o teu rosto (A) encostado ao rosto dos navios. (B) 

    Sem nenhum destino flutuam nas cidades (C) partem no vento, regressam nos rios. (B) As palavras que te envio são interditas (D) até, meu amor, pelo halo das searas (D) se alguma regressasse, nem já reconhecia (E) o teu nome nas suas curvas claras." (D) (rimas misturadas) 

    Nas rimas internas, a rima ocorre em vocábulos pertencentes ao próprio verso, interiores a ele,. Iníciocom Centro, Centro com Fim, e até mesmo em diferentes versos. Exemplos:

    Um dia inventei a fantasiaQue a vida era tida como simples

    Porém, para o nosso bemHá também a ajuda Anônima Que econômica sugereAo invés de incertos versosUm poema inteiro em gemas coloridas

    Extraídas das palavras

    Nas lavras do solo lúdico Mais lúcido e menos mórbidoQue sórdido opera a tetras Nas tetas (letra grega) da antena Atenas As penas do verso apenas

    Desconhecido

    Nem todo poema apresenta rima. Os poemas modernos nem sempre têm essa preocupação formal.Mesmo entre os antigos, nem sempre ela ocorria.

    A rima serve para tanto para dar musicalidade e harmonia ao poema como também para reforçar a ligação

    entre o sentido de determinadas palavras. Quando ela ocorre no meio dos versos, ela é como um eco estendendoa sonoridade por todo o verso. Às vezes, a repetição de um som pode ser a tentativa de imitar certos ruídos.

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    “Sino de Belém, que graça que ele tem!Sino de Belém, bate bem -bem - bem!”

    Manuel Bandeira

     

    Dependendo da escolha das palavras, as rimas podem se apresentar sob diferentes aspectos – fato queas classifica como pobres, ricas e raras (ou preciosas). Assim, vejamos:

    Consideram-se assim em virtude da escolha de palavras pertencentes à mesma classe gramatical:

    De repente do riso fez-se o pranto (A) Silencioso e branco como a bruma (B) E das bocas unidas fez-se a espuma (B) E das mãos espalmadas fez-se o espanto (A) 

    Soneto da Separação, Vinícius de Moraes

    Inferimos que os vocábulos “pranto/espanto” e “bruma/espuma” pertencem à classe dos substantivos.

    Caracterizam-se como tal pelo fato de que a escolha das palavras se dá de forma variada, ou seja, osvocábulos que se fazem presentes pertencem a classes gramaticais distintas:

    Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino escreve! No aconchegoDo claustro, na paciência e no sossego,

    Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!

    Mas que na forma se disfarce o empregoDo esforço: e trama viva se construaDe tal modo, que a imagem fique nuaRica mas sóbria, como um templo grego.

    A um poeta, Olavo Bilac

    Notamos que, bem ao estilo parnasiano, Bilac demonstra seu hábil manejo em combinar “rua/sua” =substantivo com pronome; “construa/nua” = verbo com adjetivo; “emprego/grego” = substantivo e adjetivo.

    As rimas raras são aquelas cujas palavras se constituem de terminações incomuns, não muitoconvencionais. Exemplo de tal ocorrência se manifesta numa das criações de Raul de Leoni, intitulada “Argila”:

    É tanta a glória que nos encaminhaEm nosso amor de seleção, profundo,Que ouço ao longe o oráculo de Elêusis

    Se um dia eu fosse teu e fosses minha,O nosso amor conceberia um mundoE do teu ventre nasceriam deuses...

    Constatamos a semelhança de sonoridade entre “Elêusis / deuses”.

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    Para analisarmos a estrutura dos versos, precisamos dividi-los em sílabas, porém não são sílabasgramaticais, como aprendemos na aula de língua portuguesa. Chamamos de sílabas métricas  ou sílabaspoéticas  cada uma das sílabas que compõem os versos de um poema. As sílabas de um poema não sãocontadas da mesma maneira que contamos as sílabas gramaticais. A contagem delas ocorre auditivamente.Quando fazemos isso, dizemos que estamos escandindo  os versos. A partir dessa escansão  é que podemosclassificá-los.

    Para contarmos corretamente as sílabas poéticas, devemos seguir os seguintes preceitos:

    •  Não contamos as sílabas poéticas que estão após a última sílaba tônica do verso.•  Ditongos têm valor de uma só sílaba poética.•  Duas ou mais vogais, átonas ou até mesmo tônicas, podem fundir-se entre uma palavra e outra,

    formando uma só sílaba poética.

    Observe a escansão dos versos de um trecho do poema “A língua do nhem ”, de Cecília Meireles.

    No verso tradicional a quantidade de sílabas (a métrica) do poema é fixa: eles terão de uma a dozesílabas. As sílabas dos versos costumam ser medidas, e os versos recebem uma classificação de acordo com onúmero de sílabas. As cantigas medievais, para atingirem maior musicalidade, eram construídas com 5 ou 7sílabas poéticas. Os versos com 5 sílabas eram chamados de redondilhas menores; e os versos com 7 sílabas eram chamados de redondilhas maiores. Com o Classicismo  surgiram os versos decassílabos, as redondilhascaíram em desuso e foram chamadas de medidas velhas  em contraposição aos decassílabos, que foramchamados de medida nova. Também temos o verso alexandrino, composto por versos heptassílabos (12 sílabas),de origem medieval. No verso moderno, porém, a métrica é livre, ou seja, cada verso poderá conter o número desílabas que o poeta achar conveniente. Por essa razão, o ritmo também é apresentado de maneira livre, de acordocom o desejo do autor.

    “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.”

    1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

    mu dam seos tem pos mu dam seas von ta desúltimasílabatônica

    “Muda-se o ser, muda-se a confiança.”

    1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

    mu da seo ser mu da sea con fi an çaúltimasílabatônica 

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    Esses versos de Camões são exemplos de poesia tradicional, pois apresentam um número fixo de versos(10): são versos decassílabos.

    Na poesia moderna, os versos têm, geralmente, um número variado de sílabas poéticas, são chamadosde versos livres.

    “São José Del ReiBananeiras

    O solO cansaço da ilusãoIgrejaO ouro na serra de pedraA decadência” Osvald de Andrade. Poesias Reunidas

    * Monossílabo – versos com uma sílaba.* Dissílabos – versos com 2 (duas) sílabas.

    * Trissílabos – versos constituídos com 3 (três) sílabas.* Tetrassílabos – versos constituídos com 4 (quatro) sílabas.* Pentassílabos – versos com uma estrutura de 5 (cinco) sílabas ou chamado de redondilha menor.* Hexassílabos – versos estruturados com 6 (seis) sílabas.* Heptassílabos – versos constituídos de 7 (sete) sílabas ou chamado de redondilha maior.* Octossílabos – versos constituídos com 8 (oito) sílabas.* Decassílabos – versos estruturados em 10 (dez) sílabas.* Hendecassílabos – versos com 11 (onze) sílabas.* Dodecassílabos – versos constituídos em 12 (doze) sílabas ou chamado de alexandrino.* Verso bárbaro – versos com mais de 12 (doze) sílabas.

    Além da divisão em sílabas poéticas, os poemas também são divididos em estrofes. No entanto, essadivisão já é feita pelo próprio autor, que a faz visando o ritmo de leitura, foco do assunto, ou qualquer outro fatorque lhe seja pertinente. Ao leitor cabe apenas conhecer essa classificação. Uma estrofe pode ser:

    * Monóstico – só um único verso.* Dístico – dois versos.

    * Terceto – três versos.* Quadra – quatro versos.* Quintilha – cinco versos.* Sextilha – seis versos.* Septilha – sete versos.* Oitava – oito versos.* Nona – nove versos.* Décima – dez versos.

    O Poema Lírico é geralmente curto. Devido ao grande uso de rimas e ritmo, os poemas líricos parecemcanções. No poema lírico o autor expressa seus sentimentos pessoais sobre as coisas que vê, ouve, pensa esente.

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    O Poema Narrativo conta uma história e geralmente é mais longo que os outros. No poema narrativo ahistória é contada por um narrador. Daí que vem o nome. As epopeias e as baladas estão entre os principais tiposde poesia narrativa. Muitas das fábulas que conhecemos hoje como textos em prosa, originalmente foram escritascomo poemas narrativos.

    O Poema Dramático  se assemelha ao poema narrativo porque também conta uma história e érelativamente longo. Mas, no poema dramático, essa história é contada através das falas dos personagens. Aspeças de teatro escritas em verso são formas de poesia dramática.

    Classicamente, os poemas são divididos em vários tipos,

    )  sua origem perde-se no tempo. É um canto popular, singelo, em geral onomatopaico, destinado aembalar o sono das crianças. É cultivado em todas as partes do mundo.

    Agora assista o vídeo:Acalanto , de Chico Buarque.

    )  espécie de mensagem cifrada, oculta no poema, o acróstico se revela pela leitura, na vertical, dasletras iniciais ou mediais do poema. Vem de tempos remotos; é encontrado na literatura greco-romana, medieval,renascentista, barroca e chegou aos nossos dias.

    R evivendo minhas lembranças,

    O ceano de sentimentos infinitos,

    B uscando na complexidade do amor

    E ssência de tudo que sinto

    R eavivando cada emoção,

    T razendo na tranquilidade que sinto

    O  amor de que necessito.

    )  composto por três oitavas ou três décimas, que têm as mesmas rimas, seguidas de uma quadra ouquintilha. Sua origem é remota, são cantos medievais italianos, breves, narrativos ou líricos cuja matéria eraretirada das lendas populares, anônimas e simples, que contavam eventos trágicos ou cômicos. Essencialmentepopulares, e transmitidas oralmente, as baladas apresentavam peculiaridades específicas em cada país.

    )  a canção clássica (italiana ou petrarquiana) é sempre um canto de amor e de saudade. Normalmente,principia pela descrição do cenário onde o poeta evoca a amada; segue-se a lembrança do amor quando nasceu,cresceu e ausentou-se, mas continua a alimentar a vida no poeta. Mesmo quando canta desventuras da vida, alembrança da mulher amada surge para amenizar a dor e a solidão. Sua estrutura estrófica é bastante variável,bem como o sistema de rimas.

    )   poema de lamento pela morte de alguém amado. Tem sido cultivada desde a Antiguidade greco-romana e chegou ao Romantismo. Caracteriza-se pela composição longa de versos que expressam estados deespírito de tristeza ou dor.

    )  poema de origem japonesa, composto por três versos, sendo o primeiro e o último pentassílabos e osegundo heptassílabo. Originalmente não possui rima; no Brasil, vem sendo retomado de maneira rimada.

    )  etimologicamente, idílio é uma pequena ode. O grego Teócrito foi seu primeiro cultor e, comoseu assunto era pastoril, a palavra "idílio" passou a caracterizar "poesia pastoril". Mais tarde, o romano Vergíliochamou de égloga ou bucólica a sua poesia pastoril. Daí a difusão dos três termos como sinônimos, noRenascimento e no Arcadismo. Idílio e Égloga nunca tiveram estruturas formais fixas; identificam-se peloconteúdo: cantamos encantos da vida bucólica. O Idílio com o predomínio da ternura e sentimentalidade; a Églogacom maior visão filosófica da realidade.

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    )  formado de três estrofes: uma quintilha, um terceto e outra quintilha, com estribilho constante.

    )  composição de seis sextilhas e um terceto, apresenta versos decassílabos.

    )  poema composto de 14 versos, sendo dois quartetos e dois tercetos. Apresenta, geralmente, versosdecassílabos ou alexandrinos. Foi criado no século XIII, na Itália, e levado a sua máxima perfeição por Dante ePetrarca. Através dos tempos tem sido o mais cultivado dos poemas de forma fixa.

    )  poema popular de quatro versos e de métrica e rima variáveis. Geralmente encerra umpensamento ou uma "filosofia" insólita.

     

    Depois de conhecidos os elementos e gêneros de um texto poético, temos o conhecimento necessáriopara traçarmos uma analise detalhada sobre qualquer poema. Veja abaixo:

    Análise

    A lírica de Vinicius de Moraes é um soneto, pois possuidois quartetos e dois tercetos. As rimas do poema são externas,ocorrem sempre ao final de cada verso. Nos quartetos temosrimas interpoladas e emparelhadas (ABBA), e nos tercetos asrimas são misturadas. Quanto a métrica, os versos sãoclássicos, pois têm o mesmo número de sílabas em todo opoema, são todos decassílabos.

    O soneto fala especificamente do amor. O eu lírico deixaclaro que quer aproveitar cada momento ao máximo, sendoatencioso e zeloso com seu amor. Quer demonstrar a todos oque sente, e estar ao lado da pessoa amada nos momentosbons e ruins. Quando o eu lírico começa a falar de morte esolidão, já fica claro que não acredita na eternidade dosentimento.

    No verso “Eu possa me dizer do amor (que tive)”, opoeta deixa transparecer uma desilusão amorosa, talvez porisso não acredite no “amor eterno”.

    Quando utiliza a expressão “posto que”, pelo contexto,dá um valor causal a ela, significando “visto que”, “já que”, “uma vez que”. O poeta diz que não espera que o amorseja imortal visto que é chama, precisamente porque é chama e, tal como a chama se extingue, assim acontece

    com o amor. Esta é uma forte característica dos poemas de Vinicius de Moraes, destruir a noção da eternidade doamor. Porém, ao dizer “Mas que seja infinito enquanto dure”, confirma a ideia de aproveitar cada momento comseu amor, mas sem pensar no amanhã e sim aproveitando o presente.

    A linguagem do soneto é muito clara, não há vocábulos desconhecidos. Porém é culta. Também nãoaparece o uso de figuras de linguagem.

    Soneto de fidelidade

    De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento

    Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento

    E assim quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

    Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure

    Vinícius de Moraes