ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” MICROBIOLOGIA CARLA ROBERTA KRUEGER ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM GESTANTES DE CUIABÁ-MT CUIABÁ MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” MICROBIOLOGIA

CARLA ROBERTA KRUEGER

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM GESTANTES DE CUIABÁ-MT

CUIABÁ – MT

2016

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Carla Roberta Krueger

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM GESTANTES DE CUIABÁ-MT

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Especialização em

Microbiologia, da Universidade Federal do

Mato Grosso como requisito parcial à

obtenção do título de Especialista em

Microbiologia.

Orientadora: Prof. Dra. Inês Stranieri

CUIABÁ – MT

2016

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Carla Roberta Krueger

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM GESTANTES DE CUIABÁ-MT

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Especialização em

Microbiologia, da Universidade Federal do

Mato Grosso como requisito parcial à

obtenção do título de Especialista em

Microbiologia.

Banca Examinadora

Orientador (a) Prof.(a) Dra. Inês Stranieri

1º Examinador (a) Prof.(a)

2º Examinador (a) Prof.(a)

CUIABÁ – MT

2016

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Dedicatória: Dedico está bem como todas

as minhas demais conquistasaos meus

amados pais Carla Maria e Heinz, que

foram o instrumento para concretizar o

precioso dom que recebi do universo: “a

vida”.

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AGRADECIMENTO

Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, autor de meu destino, por ter

me dado saúde e força para superar as dificuldades.

Aos meus pais que, com muito amor e apoio, não mediram esforços para

que eu chegasse até esta etapa da minha vida.

Aos meus irmãos, Heros, Rafael e Manuela por todo amor ecarinho. Amo

vocês!

Agradeço também ao meu namorado Carlos Henrique, pela paciência, pela

força nos momentos de dificuldades e principalmente pelo carinho.

Agradeço a esta instituição de ensino UFMT, a direção, administração e a

todos os professores que me acompanharam durante a graduação. A professora e

orientadora Inês Stranieri pelo suporte, suas correções e incentivos que tornaram

possível a conclusão desta monografia.

Ao laboratório Carlos Chagas, que é uma referencia em Mato Grosso, pela

oportunidade de pesquisa e todas as gestantes que participaram do processo.

Obrigada!

Aos amigos e colegas, em especial o Mickaelson Nogueira e Adnaldo

Brilhante pelo incentivo e apoio constante, e a todos que direta ou indiretamente

fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada!

Page 6: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 9

2 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 10

3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 10

4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 10

5 METODOLOGIA ........................................................................................ 11

6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 12

6.1 HISTÓRICO E CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO EGB ............... 12

6.2 ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS ..................................................... 13

6.3 FATORES DE VIRULÊNCIA E HABITAT ........................................... 14

6.4 COLONIZAÇÃO E INFECÇÃO PELO EGB ........................................ 15

6.4.1 INFLUÊNCIA DA COLONIZAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ ...... 16

6.4.2 INFLUÊNCIA DA COLONIZAÇÃO PELO EGB DURANTE A

GESTAÇÃO NO PROGNÓSTICO DO CONCEPTO ......................................... 17

6.5 EPIDEMIOLOGIA DO EGB NO BRASIL E BAIXADA CUIABANA ...... 18

6.6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA COLONIZAÇÃO PELO EGB ... 19

6.6.1 ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO .............................................. 20

6.6.2 TESTE FATOR CAMP.................................................................. 22

6.6.3 TESTES RÁPIDOS ...................................................................... 22

6.6.4 SUSCETIBILIDADE ANTIMICROBIANA ...................................... 23

6.7 RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS .............................................. 23

6.8 PREVENÇÃO DAS DOENÇAS DO NEONATO .................................. 24

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 25

8 CONCLUSÃO ............................................................................................ 27

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 29

ANEXOS ....................................................................................................... 31

ANEXO I – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO ........................................ 31

ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 32

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Faixa etária das pacientes entrevistas ......................................... 25

Figura 2- Renda familiar em salários mínimos (SM) ..................................... 26

Figura 3- Quantidade de entrevistadas que sabiam da importância do exame

e que foram orientadas pelo médico sobre a importância do exame EGB. ............... 26

Figura 4 - Nível de conhecimento das gestantes sobre o exame ................. 27

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RESUMO

O Streptococcus agalactiae (S. agalactiae) ou “Streptococcus do grupo B (EGB)” é

uma bactéria gram-positiva e sua principal importância está relacionada à

colonização em gestantes que pode contaminar seus filhos no momento do parto e

provocar desde quadros infecciosos leves a muito graves. Sendo assim, este estudo

teve por objetivo identificar o grau de conhecimento das gestantes que realizaram a

pesquisa do EGB bem como a importância do perfil socioeconômico das pacientes.

Para tal, foi realizado um estudo epidemiológico de corte transversal, quantitativo,

utilizando um questionário que abordava questões socioeconômicas e o nível de

conhecimento das participantes. Foram entrevistadas 53 gestantes, sendo que

dessas, 18,3% eram portadoras do EGB. A faixa etária predominante no estudo foi

de 31 a 40 anos (56,6%) e a maioria das gestantes era proveniente de Cuiabá – MT

(60,4%), 35,9% das gestantes informaram desconhecer a importância da realização

do exame e 90% delas relataram não ter sido informada pelo médico sobre as

doenças que podem ser prevenidas por meio da identificação do EGB. Concluímos

que deverão ser tomadas medidas preventivas no que se refere à qualidade das

informações para que os cuidados sejam mais preventivos do que meramente

curativos.

Palavras-chaves: Streptococcus agalactiae. Gestantes. Estreptococos do grupo B.

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ABSTRACT

Streptococcus agalactiae (S. agalactiae) or "Group B Streptococcus (GBS)" is a

gram-positive bacteria and its main importance is related to colonization in pregnant

women can infect their children during childbirth and cause since mild infectious

conditions than severity one. Therefore, this study aimed to identify the degree of

knowledge of pregnant women who underwent GBS research and the importance of

the socioeconomic profile of the patients. To this end, we conducted a

epidemiological cross-sectional study, quantitative, using a questionnaire that

addressed socio-economic issues and the level of knowledge of participants. 53

pregnant women were interviewed, and of these, 18.3% were carriers of GBS. The

predominant age group in the study was 31-40 years (56.6%) and most of the

women came from Cuiaba - MT (60.4%), 35.9% of pregnant women reported not

knowing the importance of the examination and 90% reported not having been

informed by the doctor about the diseases that can be prevented by identifying the

EGB. We conclude that preventive measures should be taken with regard to the

quality of information so that care is more preventive than merely curative.

Key-words: Streptococcusagalactiae,Pregnantwomen,Group B streptococci.

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1 INTRODUÇÃO

O Streptococcus agalactiae (S. agalactiae) também conhecido como

“Streptococcusdo grupo B (EGB)”primeiramente foi identificado como causador de

mastite bovina e não como causador de infecções em humanos. Atualmente, sabe-

se que ele é componente da flora gastrointestinal e coloniza a vagina de

aproximadamente um terço das mulheres. Sua colonização pode ser transitória,

crônica ou intermitente (ZARDETO et al, 2014; BORGER, 2005).

A infecção não possui um caráter emergencial. A preocupação maior são as

gestantes colonizadas, em vista da maior possibilidade de contaminar seus filhos no

momento do parto e provocar tanto quadros leves de infecção, sendo ela vaginal e

urinária, ou até mesmo infecções graves como celulite e fascite quanto graves

complicações como septicemia e meningite nos neonatos. Durante a gestação ainda

pode causar endometrite puerperal, amnionite e infecções de feridas na mãe. Diante

disso, intensifica-se a discussão sobre a realização da cultura reto-vaginal para EGB

em gestantes no final da gestação uma vez que os índices de mortalidade neonatal

associados à infecção por essa bactéria são altos. Alguns países desenvolvidos já

realizam a cultura por meio de rotinas do serviço de saúde (TAMINATO, et al. 2011;

OLIVEIRA, 2009).

No Brasil, poucos são os estudos que avaliam os processos infecciosos

relacionados ao EGB em recém-nascidos e gestantes, mostrando que apesar da

gravidade da infecção e da existência de medidas profiláticas, essa relação não tem

sido ainda devidamente valorizada. Fato esse, justificado pela inexistência de uma

recomendação oficial do Ministério da Saúde para rastreamento do EGB em todas

as gestantes, ao contrário dos países desenvolvidos, como os EUA, que preconiza

desde 2002 o rastreamento rotineiro de todas as gestantes entre a 35ª e 37ª

semanas de gestação, com conduta profilática nas que estão colonizadas. Os dados

disponíveis atualmente sugerem que essa conduta também deve ser adotada no

Brasil. Entretanto, um melhor conhecimento sobre a incidência de

infecções/colonização por EGB ao longo do Brasil, bem como o perfil e o grau de

instrução destas gestantes quanto a importância do exame, é necessário para

posterior avaliação das medidas a serem empregadas.

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Dessa forma, a existência de estudos que possibilitem uma revisão e

reunião do conteúdo científico e uma explicação da realidade existente sobre essas

infecções fazem-se necessário para que posicionamentos sejam revistos, teorias

sejam reformuladas, e consequentemente, haja mudanças benéficas não somente

na relação saúde-doença, mas também na tríade “Promoção, Prevenção e

Recuperação da Saúde”.

Em vista disso, realizamos neste estudo uma revisão crítica da literatura

sobre os aspectos epidemiológicos brasileiros da colonização e infecção pelo EGB

em gestantes, de modo que se possa fornecer aos profissionais de saúde

informações atuais sobre essa infecção. Esse estudo ainda, por meio da aplicação

de um questionário socioeconômico, obteve informações das gestantes que

utilizaram os serviços de um laboratório referência em Cuiabá acerca do

conhecimento sobre a infecção por EGB bem como do perfil das gestantes que

realizarama pesquisa de EGB e a quantidade de culturas positivas no período de

julho a setembro de 2016.

2 OBJETIVO GERAL

Identificar o nível de conhecimento das gestantes sobre a importância do

diagnóstico laboratorial precoce do Streptococcus agalactiaedurante a gestação,

3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Identificar o perfil socioeconômico das gestantes que realizam a pesquisa de

Streptococcus agalactiae em um laboratório de referência em Cuiabá-MT

(Laboratório Carlos Chagas).

2. Mensurar a quantidade de gestantes com culturas positivas para EGB;

3. Conhecer a qualidade das informações que as gestantes possuem sobre as

patologias causadas pelo de Streptococcus agalactiae.

4 JUSTIFICATIVA

O EGB surge como fator causador de infecções em RN inicialmente nos

Estados Unidos na década de 1970, segundo Santos Neto (2013), essas infecções

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resultavam em taxas de mortalidade e morbidade que chegavam a 50%, ocorrendo

um aumento importante de septicemia e meningite em neonatos.

A necessidade de conscientização quanto a pesquisa do EGB é

demonstrada no estudo de Costa (2011), onde é evidentemente demonstrada a

queda de infecções neonatais de 0,39 por 1000 nascidos vivos para 0,14 por 1000

nascidos vivos, após inúmeras campanhas de sensibilização dos obstetras,

enfermeiras obstétricas e neonatologistas.

A frequência de colonização por EGB durante a gravidez é variável, estando

relacionada com diferenças socioculturais, geográficas e com as metodologias

bacteriológicas empregadas, entre outras. (PAULA, 2006).

Em Cuiabá-MT, segundo Paula et. al. (2008), pelos estudos realizados no

laboratório Carlos Chagas, o primeiro a programar a metodologia de detecção do

EGB, em 2006, a incidência encontrada foi de 33% de testes positivos

para Streptococcus agalactiae entre as gestantes.

O nível de informação que as gestantes possuem a respeito da necessidade

do diagnóstico precoce é insatisfatório, o que contribui para a falta de prevenção em

relação à morbimortalidade dos recém-nascidos.

Dada a frequência relativamente elevada de colonização por EGB e a sua

relação com o número de mortes e problemas causados em recém-nascidos, fica

clara a importância da realização de mais estudos para aadoção de medidas de

controle, prevenção e também a importância na divulgação de informações a

respeito da colonização por Streptococcus agalactiae.

5 METODOLOGIA

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Muller (HUJM) (Número CAAE: 57860216.8.0000.5541).Trata-se

de um estudo epidemiológico, do tipo transversal, quantitativo, com aplicação de um

questionário (Anexo I) para identificar o perfil das gestantes que realizaram a

pesquisa de S. agalactiae em um laboratório de referência em Cuiabá-MT

(Laboratório Carlos Chagas), o qual abordou desde aspectos socioeconômicos ao

nível de conhecimento destas sobre o exame realizado por meio de 12 perguntas

objetivas. Todas as gestantes entrevistadas foram orientadas quanto ao teor da

pesquisa e participaram somente após a assinatura do Termo de Consentimento

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Livre e Esclarecido (Anexo II).Além disso, foi realizada uma revisão da literatura

nacional e internacional utilizando os bancos de dados MEDLINE, LILACS-BIREME,

SCIELO E PUBMED, sendo selecionados prioritariamente artigos publicados nos

últimos dez anos (2006-2016) que abordam a infecção e colonização do

estreptococo do grupo B em gestantes no Brasil. Essa revisão incluiu artigos

originais, artigos de revisão, editoriais e diretrizes escritos nas línguas inglesa e

portuguesa.

6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

6.1 HISTÓRICO E CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO EGB

O Streptococcus agalactiae (S. agalactiae) também conhecido como

“Streptococcusdo grupo B (EGB) ”foi isolado pela primeira vez por Nocard em 1887

e por anos, foi conhecido por causar mastite bovina e não como causador de

infecções em humanos.A literatura aponta que ele é um habitante natural da flora

gastrointestinal e pode colonizar a vagina em cerca de um terço das mulheres.

Pontua-se ainda, que a colonização por este microrganismo pode ser transitória,

crônica ou intermitente. (ZARDETO et. al., 2014; BORGER, 2005).

Lancefield propôs em 1940 uma classificação baseada na presença de

atividade hemolítica e reações sorológicas. Nesse tipo de classificação observa-se

em meios de cultura contendo sangue, temos os: alfa(α)-hemolíticos, que são os que

causam a lise parcial das hemácias; beta(β)-hemolíticos, quando lisam(quebram)

totalmente as hemácias e; gama(γ)ou não-hemolíticos, aqueles que não causam

hemólise (SANTOS NETO, 2013; NOGUEIRA et al, 2013).

No início da década de 1970, nos Estados Unidos, o EGB foi identificado

como o principal responsável pela meningite e sepse em recém-nascidos (RN) em

ambas as suas formas, que pode ser precoce (antes dos sete dias de vida) ou tardia

(de sete a 90 dias de vida). Com a instituição da antibioticoterapia durante o parto

para as mulheres de risco na década seguinte, os índices de infecção dos recém-

nascidos reduziram significativamente (COSTA, 2008).

No final da década de 1990, o Centers for DiseaseControlandPrevention

(CDC) estabeleceu duas estratégias para a antibioticoterapia durante o parto: a

primeira delas consistia em gestantes colonizadas pelo EGB, diagnosticadas pela

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cultura de rotina entre 35 e 37 semanas de gestação; e a segunda, em gestantes

com fatores de risco, como idade gestacional menor que 37 semanas, ruptura

prematura de membranas com duração maior que 18 horas e temperatura corpórea

maior que 38ºC, ressaltando a importância de se realizar em gestantes com

bacteriúria na gravidez atual e RN anterior com infecção pelo EGB (CDC, 1996).

Já com a atualização desse guia em 2002, a realização da pesquisa da

colonização por EGB em todas as gestantes mostrou-se mais eficaz ao se comparar

com o protocolo baseado na pesquisa em gestantes com fatores de risco, sendo

adotada, portanto, pela American CollegeofObstetriciansandGynecologists (ACOG)

e pela American AcademyofPediatrics (SCHRAG, 2002).

6.2 ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS

Os Streptococcus são bactérias do tipo coco, gram-positivas, catalase

negativa, anaeróbias facultativas e apresentam forma esférica ou ovoide, cuja

disposição ocorre em pares ou em cadeias pequenas, oxidase negativos, imóveis e

não esporulados. Para obter energia, realizam fermentação de carboidratos

originando o ácido lático. São classificados pela hemólise, ou seja, de acordo com a

capacidade de lisar células vermelhas sanguíneas. Se há lise total das hemácias,

são classificados em beta (β)-hemolíticos; lise parcialsendo alfa (α)-hemolíticos e

também em gama (γ) ou não hemolíticos (PIRES, 2009).

A β-hemólise discreta, as características microscópicas após coloração de

Gram, o teste da hidrólise do hipurato e o teste de CAMPpositivo são testes que

permitem identificar presuntivamente o Streptococcus agalactiae. Contudo, a

confirmação da identificação é realizada por meio de testes sorológicos para

detecção do antigênio do grupo B, com a utilização de antissoros específicos

(CHAVES, 2011).

Além da β-hemólise discreta, das características microscópicas após

coloração de Gram e do teste da hidrólise do hipurato, utiliza-se para diagnóstico

presuntivo do EGB, a presença do fator CAMP, uma vez que apenas essa espécie

de Streptococcus é capaz de produzi-lo. Descrito em 1944, por Christie, Atkins e

Munch-Peterson,o CAMP é uma proteína termoestável que intensifica a lise das

hemácias produzias pela beta-lisina do Staphylococcus aureus. Quando esse

associa o Staphylococcus aureuse a amostra da paciente (dentro do caldo Todd

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Hewitt) e ambas são semeadas em forma de estrias perpendiculares, em placas de

ágar-sangue de carneiro, levam ao aparecimento de uma zona de hemólise em

forma de seta. O fator CAMP pode se ligar a imunoglobulinas G e M, via fração Fc e,

por isso, é considerado um fator de virulência (PIRES, 2009; CAETANO, 2008).

Ainda são classificados de acordo com um polissacarídeo denominado

carboidrato C, localizado na parede celular, de composição variável. Na década de

1930, Rebeca Lancefield dividiu os estreptococos em cinco grupos sorológicos

(grupos de Lancefield), representados pelas letras maiúsculas do alfabeto (A, B, C,

D e E). Após seus estudos, os grupos sorológicos foram ampliados para vinte, sendo

classificados de A a H e de K a V. O método de soro-grupagem desenvolvido por

Lancefield é amplamente aceito para a identificação confirmatória dos estreptococos

b-hemolíticos (grupos A, B, C e G), embora alguns deles também possam ser

identificados, presuntivamente, com base em características fisiológicas (CAETANO,

2008).

A maioria dos Streptococcus agalactiae são β-hemolíticas, por isso essa

espécie é considerada como a única representante do grupo B de Lancefield. O

antígeno do grupo B de Lancefield é um polissacarídeo composto por ramnose, N-

acetil-glicosamina e galactose, e é comum a todas as amostras da espécie. O

Streptococcus agalactiae possui ainda antígenos capsulares polissacarídicos tipo-

específicos (Ia, Ib, II, III, IV, V e VI) e um antígeno proteico designado pela letra c.

Esse antígeno é encontrado em todos os sorotipos Ia e Ib, em 60% das cepas tipo II

e raramente nas cepas tipo III. Para fins epidemiológicos, os polissacarídeos tipo-

específicos, sorotipos Ia, III e V são excelentes marcadores, sendo mais comumente

associados à colonização e à doença (CAETANO, 2008).

6.3 FATORES DE VIRULÊNCIA E HABITAT

A colonização pelo Streptococcus agalactiae pode ser intermitente,

transitória ou crônica. Este microrganismo é considerado saprófita vaginal na mulher

e tem sido isolado em culturas do trato genital e/ou gastrointestinal baixo de

grávidas. Pode ser encontrado na adolescência tardia, mas é incomum nas crianças.

Em humanos, seu principal reservatório é o trato gastrointestinal, e em segundo

lugar o trato urinário, podendo colonizar nesses ambientes sem causar sintomas.

(POGERE, 2005). As colonizações em gestantes aumentam as chances de

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contaminar os filhos no momento do parto, além de provocar casos graves de

septicemia e meningite nos neonatos. Esse quadro constitui-se no caso de maior

relevância médica (BORGER, 2005).

Os quadros de infecção neonatal podem se apresentar precoce ou

tardiamente. Em torno de 80% dos casos correspondem à forma precoce, e a

transmissão ocorre por via ascendente antes do parto ou durante a passagem pelo

canal de parto. A forma precoce evolui para bacteremia e sepse, resultando de

pneumonia e/ou meningite. Na maioria das vezes, logo após o nascimento, já

surgem os primeiros sintomas, sendo que o mais comum é o desconforto

respiratório, encontrado em 35% a 55% dos pacientes. Cerca de 25% a 40% dos

casos de sepse evoluem em 24h para choque séptico. Tem-se casos de meningite

em torno de 5% a 15%, casos que geralmente no segundo dia de vida evoluem para

óbito. A transmissão da forma tardia pode ser vertical, horizontal ou nosocomial. A

Meningite, bacteremia, artrite séptica são as manifestações mais frequentes.

Raramente, ocorre a onfalite e osteomielite (COSTA, 2009).

6.4 COLONIZAÇÃO E INFECÇÃO PELO EGB

O principal reservatório do EGB é o trato gastrointestinal (TGI), ocorrendo a

colonização no trato digestivo baixo em até um terço das mulheres e que a partir

dele, pode colonizar a vagina e, com menos frequência, o trato urinário. A infecção

propriamente dita se inicia a partir da aderência da bactéria à superfície das

mucosas do TGI e geniturinário (PIRES, 2009).

A infecção na maioria das mulheres é assintomática, contudo na gestante

pode causar infecção. Quando as gestantes não possuem comorbidades e realizam

o pré-natal adequadamente, o prognóstico é animador e excelente coma adesão

terapêutica adequada para o tratamento da colonização por S. agalactiae. As

complicações da bacteremia por S. agalactiae mais raras corresponde a

endocardite, meningite e osteomielite. Algumas complicações importantes são risco

de abortamento espontâneo, de ruptura prematura de membranas, de trabalho de

parto prematuro e de recém-nascido com baixo peso (SANTOS NETO, 2013).

Apesar da intensa preocupação com a colonização nas gestantes, é

importante ressaltar que a população idosa é uma das mais atingidas também e

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16

alguns estudos apontam o envolvimento com o EGB em quase 40% dos residentes

com mais de 70 anos de idade em lar de idosos (KLINE, 2016).

Entre os adultos não gestantes, a incidência de infecções sistêmicas

causadas pela infecção por EGB é estimada em cerca de 4,4 casos por 100.000

indivíduos; 14% destes são casos de sepse urinária, tendo como fatores de risco

condições como diabetes mellitus, câncer, doença renal crônica, infecções urinárias

recorrentes, neuropatia obstrutiva e bexiga neurogênica (KLINE, 2016).

6.4.1 INFLUÊNCIA DA COLONIZAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ

A maior preocupação está nos casos de gestantes colonizadas, que podem

contaminar seus filhos no momento do parto e provocar tanto quadros leves de

infecção, sendo ela vaginal e urinária ou até mesmo infecções graves como celulite

e fascite quanto graves complicações como septicemia e meningite nos neonatos.

Além disso, durante o período gestacional, pode causar endometrite puerperal,

amnionite e infecções de feridas na mãe. Por conta disso, tem-se discutido sobre a

realização da cultura reto-vaginal para EGB em gestantes no final da gestação já

que os índices de mortalidade neonatal associados à infecção por essa bactéria são

altos. Apesar de essa cultura estar sendo realizada em países desenvolvidos, no

Brasil ainda não se tornou uma rotina no Pré-Natal (MENGIST, et. al. 2016;

TAMINATO, et al. 2011; OLIVEIRA, 2009).

Estudos apontam que na ausência de quimioprofilaxia materna em gestantes

colonizadas, até 50% dos recém-nascidos dessas gestantes serão infectados pelo

EGB e 1 a 2% desenvolverão alguma complicação (MENGIST, et al. 2016).

A taxa de colonização EGB durante a gravidez varia entre diferentes países.

Estima-se que a prevalência média de colonização seja de 17,9% no total, sendo

maior na África (22,4%), seguida pelas Américas (19,7%) e Europa (19,0%)

(MENGIST, et al. 2016).

No Reino Unido e na Austrália a incidência de infecção precoce pelo EGB no

recém-nascido é de 0,4 a 1,0 a cada 1000 nascidos vivos. Nos EUA, por se tratar de

uma região conhecida por ter altas taxas de colonização, adota-se a rotina de

triagem do EGB na gestação(SINHA et. al., 2012).

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6.4.2 INFLUÊNCIA DA COLONIZAÇÃO PELO EGB DURANTE A GESTAÇÃO NO

PROGNÓSTICO DO CONCEPTO

A infecção pelo EGB em neonatos corresponde a causa mais comum de

sepse de início precoce. Apesar da melhora nos prognósticos, dependendo da idade

gestacional e do início dos primeiros sintomas, pode ser fatal em 10 a 20% dos

casos. Estima-se que cerca de 10 a 20% das crianças nascidas de mulheres

colonizadas também serão colonizadas (SINHA et al., 2012).

A maioria dos neonatos se apresenta com infecção precocee apresentam

sintomas nas primeiras quatro a seis horas de vida, podendo cursar com sinais de

desconforto respiratório, cujo aspecto clínico e radiológico podem não ser suficientes

para diferenciar de outras afecções respiratórias, como por exemplo, a Síndrome do

Desconforto Respiratório do Recém-Nascido. Diante disso, deve-se considerar a

infecção pelo EGB como uma possível causa de infecções precoces no neonato

(SINHA et al., 2012).

O risco de o RN adquirir infecção através da transmissão vertical está

diretamente relacionado ao número absoluto de microrganismos presentes no canal

de parto ao nascimento e à ausência de anticorpos específicos contra EGB, que são

transferidos da mãe para o RN nas últimas 10 semanas de gestação (SCHRAG,

2002).

Sabe-se que a sepse de início precoce é de transmissão materno-fetal no

período perinatal, cuja transmissão ocorre após ruptura de membranas fetais,

aspiração de líquido amniótico contaminado e até mesmo durante a passagem pelo

canal do parto colonizado,cursando geralmente com quadros de septicemia,

pneumonia e meningite, podendo ser justificada pela menor quantidade de

anticorpos contra o EGB pois ainda não houve a transferência de anticorpos para o

RN, e por conta disso, são bem frequentes em recém-nascidos prematuros pois

favorecem a multiplicação rápida do EGB e a evolução rápida da doença (GOMES

et al., 2010; PIRES, 2009).

Já as de início tardio estão associadas canal do parto das mães colonizadas,

podendo também ocorrer à contaminação pós-natal a partir da mãe, de pessoas que

cuidam da criança, ou do ambiente hospitalar, em pequenas proporções. Ela se

manifesta geralmente como meningite (30-40%), bacteriana sem foco aparente

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18

(40%), artrite séptica (5-10%) e raramente como onfalite e osteomielite (BERARDI et

al., 2013; GOMES et al., 2010; PIRES, 2009).

Em um estudo chinês, 28,3% dos casos de sepse neonatal entre 2012 e

2014 apresentaram colonização pelo EGB, sendo que 9 destes casos foram de

início precoce (antes de 7 dias de vida). Convulsão, sonolência, coma e insuficiência

respiratória foram observados em alguns pacientes, sendo necessário o suporte da

ventilação mecânica em alguns casos (ZENG et. al., 2016).

Caso a contagem de leucócitos seja inferior a 5x 109/L ou haja proteína do

líquido cefalorraquidiano inicial maior ou igual a 300 mg/dL, o prognóstico do

paciente é bem ruim, e quando aliada com um teste de capacidade auditiva anormal,

sinais anormais do sistema nervoso, tais como espasmos, a morte ou invalidez em

uma fase posterior torna-se um risco substancial (ZENG et al., 2016).

6.5 EPIDEMIOLOGIA DO EGB NO BRASIL E BAIXADA CUIABANA

Os dados referentes à morbidade e mortalidade pela doença neonatal são

imprecisos e raros. Tampouco se encontram trabalhos que demonstram as taxas de

colonização materna e neonatal pelo EGB com precisão. Em um estudo realizado

em Porto Alegre, RS, encontrou-se uma taxa de mortalidade neonatal em torno de

20%. No Brasil, 52% do total de mortes de crianças menores de um ano ocorrem no

período neonatal. Quanto às taxas de colonização, estudos comprovaram a

prevalência de 14,9%, no Paraná, e 21,6% em Santa Catarina (ZARDETO, 2014).

A prevalência em gestante foi de 20,4%, em um estudo, realizado no

nordeste, no qual foram avaliadas 201 gestantes, sendo que 41 estavam

colonizadas. As taxas estão em concordância com outras pesquisas que

identificaram valores entre cinco e 35%, na dependência de fatores como o sítio e

época da coleta, amostra e técnica bacteriológica de isolamento utilizada (COSTA et

al., 2008).

Ainda nesse estudo, 43,9% apresentaram cultura positiva no sítio vaginal;

21,9% apresentaram cultura positiva no sítio retal e 34,1% apresentaram cultura

positiva nos dois sítios (COSTA et. al., 2008).

Esses dados são semelhantes ao único estudo realizado em dois hospitais

cuiabanos, que registrou positividade para o EGB em 13,95% das amostras,

Page 20: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

19

predominando nas gestantes de 36 semanas (35%), seguido pelas gestantes de 37

semanas (10,87%) e em último lugar, as de 35 semanas (5,88%) (DIAS, 2014).

Ainda, observou-se que no trabalho de parto prematuro e na amniorrexe

prematura, 33,33% e 28,57% dos casos respectivamente eram positivos para o

EGB, todavia não se observou diferença estatisticamente significativa entre a média

das idades gestacionais entre as colonizadas e não colonizadas (DIAS, 2014).

Em um estudo sobre doença neonatal causada pelo EGB realizado com 347

casos em Berlim entre os anos de 2001 a 2003, encontramos 60% como casos de

início precoce e 16% destes se apresentavam com meningite. Em contrapartida, a

frequência de meningite entre os de início tardio foi de 61,8%. Além disso, esse

estudo evidenciou o baixo peso ao nascer (<2500g) como um fator de risco

importante para doença de início tardio (31,7%) em detrimento da doença de inicio

precoce (6,9%) (DE CARVALHO, 2009).

Mesmo com as taxas de prevalência de colonização entre 15 a 35%

consideradas preocupantes, ainda não existem protocolos ou recomendações

técnicas sobre prevenção e detecção precoce. Apesar da eficiência na detecção de

Streptococcus agalactiae existem algumas limitações como baixa frequência de

solicitação deste exame pelos médicos e negligência das gestantes quanto a

realização adequada do pré-natal (BORGER, 2005).

6.6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA COLONIZAÇÃO PELO EGB

O método padrão para o diagnóstico de EGB colonização consiste da cultura

combinado swab vaginal e anal num meio de caldo seletivo (Todd Hewitt) que

promove a inibição do crescimento de microrganismos que não são EGB. O CDC

aponta ainda, que este método requer pelo menos 48h para a identificação (PIRES,

2009).

As amostras para pesquisa de S. agalactiae são colhidas em grávidas em

ambulatório ou hospitalizadas. Para eficácia máxima, são necessários alguns

cuidados. É necessário que se observe a idade gestacional da realização da cultura,

IG entre 35-37 semanas; sítios anatômicos para a coleta da amostra, mais eficaz no

terço inferior do trato genital (introito vaginal) e região anal (dentro do esfíncter anal)

e os métodos microbiológicos para detecção e cultura do EGB. Para maior eficácia,

Page 21: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

20

não se recomenda banho, higiene íntima e evacuação antes da coleta (ZARDETO,

2014).

As amostras são colhidas por profissionais capacitados, sendo realizada

segundo as recomendações do CDC (Centers for DiseaseControlandPrevention),

que sugerem queseja feita com swab estéril na região vaginal e retal, podendo

optar-se por utilizar um ou dois swab. Quando os pesquisadores utilizam somente

um swab, preconiza-se colher primeiramente a amostra vaginal para depois colher

da região anal (ZARDETO, 2014; GOMES, 2010).

Para a obtenção da amostra vaginal, introduz-se um swab estéril a 2 cm

através do introito vaginal, com movimentos giratórios em toda a sua circunferência,

após a remoção de secreções e corrimentos excessivos. Quanto aos espécimes por

via anal, a introdução do swab deve ser de forma cuidadosa, e a literatura refere

cerca de 0,5 a 4 cm, com movimentos giratórios em toda a parede do reto, de

maneira a entrar em contato com as criptas anais (ZARDETO, 2014; PIRES, 2009;

SILVEIRA, 2006).

Após a realização da coleta os swabs devem ser armazenados em

temperatura ambiente e colocados em meio de transporte não nutritivo (como por

exemplo, o meio de Amie ou Stuart sem carvão). O tempo transcorrido entre a coleta

e o processamento do material é de2 ou 3 dias e são utilizados tubos de transporte

para cada swab separadamente. A amostra é inserida em caldo Todd-Hewitt, no

laboratório, adicionado de gentamicina (8μg/mL) e ácido nalidíxico (15 μg/mL). Após

6h de incubação a 35ºC, é realizada subcultura no meio de Ágar sangue. A coleta do

material vaginal e retal é indolor. O exame é feito no final da gravidez porque a

colonização da vagina pelos estreptococos B pode desaparecer ao longo da

gestação. Portanto, quando o exame é positivo, a mãe está colonizada, entretanto,

isso não significa que a mãe e o bebê estão correndo risco imediato, uma vez que a

transmissão geralmente acontece no momento do parto. Este resultado revela que

será necessária a administração de antibiótico durante o parto, a fim de impedir a

infecção neonatal (ZARDETO, 2014; SANTOS NETO, 2013).

6.6.1 ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO

O índice de isolamento do microrganismo depende de vários fatores

relacionados com a coleta e a metodologia laboratorial empregada. Embora seja

Page 22: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

21

admissível a utilização de um único swab para a coleta, tem sido demonstrado que a

coleta de espécime vaginal/anal, executada com o mesmo swab, apresenta um

índice de positividade duas vezes superior ao da coleta de material apenas vagina

(BORGER, 2005).

O padrão-ouro para detecção do EGB é a cultura, a qual pode alcançar

eficácia máxima quando observadas as recomendações técnicas da CDC já

mencionadas para a coleta da amostra e métodos, a idade gestacional adequada

(entre 35 e 37 semanas) e a escolha dos locais anatômicos para coleta. Os

microrganismos suspeitos de serem estreptococos são submetidos à prova de

Christie, Atkins e Munch-Peterson (CAMP), cujo resultado positivo identifica o S.

agalactiae. O meio de cultura mais indicado é o caldo de Todd-Hewitt suplementado

com gentamicina na concentração de 4-8 µg/mL e ácido nalidíxico na concentração

de 15 µg/mL, incubado durante 18 a 24 horas a 35-37°C, em atmosfera de 5% de

dióxido de carbono, segundo as recomendações do CDC (ZARDETO, 2014;

CHAVES, 2011; PIRES, 2009).

Este meio Todd-Hewitt favorece o crescimento dos Streptococcus, por isso é

utilizado na pesquisa de EGB β-hemolíticos por ser nutritivo devido à presença de

digestão peptídica de tecido animal e infusão de cérebro e coração. É um meio

tamponado pelo fosfato de sódio e carbonato de sódio, para neutralizar o ácido

produzido durante a fermentação de dextrose. A gentamicina e ácido nalidíxico a ele

adicionados são agentes antimicrobianos importantes por inibirem o crescimento da

maioria dos microrganismos, gram negativo da microbiota, conferindo a

característica seletiva ao meio (ZARDETO, 2014; PIRES, 2009).

Pode-se aumentar em 50% a possibilidade de isolamento do EGB, usando-

se meios de cultura enriquecidos e seletivos que contêm agentes antimicrobianos

para inibir o crescimento de bacilos gram negativos e de outros microrganismos da

flora vaginal. Entre as limitações da utilização de cultura de microrganismos para

detecção do EGB cita-se a necessidade de organismos viáveis na amostra coletada,

a demora para obtenção de resultados e a baixa sensibilidade do método, variando

de 50 a 60%, nas melhores casuísticas (CHAVES, 2011; PIRES, 2009).

Para identificação dos microrganismos supostamente EGB, observa-se a β

hemólise e as características das colônias. Os estreptococos são diferenciados de

acordo com sua aparência na placa ágar sangue, podendo apresentar: hemólise

total (beta), parcial (alfa, de cor esverdeada) ou nenhuma (gama).Depois de

Page 23: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

22

efetuada a cultura, realizam-se os testes rápidos a fim de identificar a espécie dos

estreptococos betas hemolíticos isolados. A partir das amostras, a identificação é

feita através de aglutinação com soros específicos contra os antígenos de Lancefield

(A, B, C, D, F e G), com período de incubação de 10 minutos (ex: Streptex®),

constituindo uma prova rápida, que pelo alto custo não é facilmente disponível em

todos laboratórios (CHAVES, 2011; PIRES, 2009).

6.6.2 TESTE FATOR CAMP

O fator CAMP foi descrito em 1944, por Christie, Atkins e Munch-Peterson,

cujas iniciais deram origem à sigla CAMP. É uma proteína termoestável que

influencia na lise das hemácias produzidas pela beta lisina do Staphylococcus

aureus, além de ser considerado um fator de virulência por se ligar a

imunoglobulinas G e M, via fração Fc. A única espécie capaz de produzir este fator é

a S. agalactiae (SANTOS NETO, 2013; CAETANO, 2008).

A positividade do fator CAMP, Streptococcus agalactiae (grupo B), é

evidenciada pelo alargamento da zona de lise, que adquire a forma de ponta de

flecha característica, na área de intersecção entre as duas estrias. Para isso,

inocula-se uma estria única de amostra de Staphylococcus aureus, produtor de beta

lisina, no centro de uma placa de ágar sangue preparada obrigatoriamente com

sangue de carneiro. Em seguida, inocula-se as amostras a serem testadas em

estrias formando um ângulo reto com a linha de inoculação da amostra de

estafilococo. A distância entre as estrias deve ser de 1mm, pois não devem se tocar

e, deste modo, várias amostras podem ser testadas em uma mesma placa de ágar.

A observação do efeito esperado depende da maneira de inocular por isso é

fundamental boa técnica. Observa-se o formato da flecha já mencionado, ao final,

após incubar a placa a 35-37°C durante um período de 18-24 horas (SANTOS

NETO, 2013).

6.6.3 TESTES RÁPIDOS

Desde 1979, a fim de desenvolver testes rápidos para a detecção do

Streptococcus agalactiae, vários métodos têm sido desenvolvidos, como aglutinação

Page 24: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

23

de látex, imunoensaios enzimáticos e hibridação com sondas de DNA, com

resultados definitivos entre 15 minutos e 4 horas (KONEMAN, 2008).

A sensibilidade e a especificidade dos testes baseados em aglutinação em

látex variam de 80% a 100%. Embora os testes desenvolvidos sejam muito

específicos, as taxas de sensibilidade são baixas, como 27% a 54%. Conseguem

diagnosticar com segurança casos em que a contaminação materna é maciça, mas

não aqueles em que a contaminação é discreta, dificultando assim o rastreamento

de Streptococcus agalactiaeem gestantes (BORGER, 2005).

Com base em dados de uma revisão sistemática sobre a acurácia e rapidez

de diversos testes rápidos, Pires (2009) concluiu que os testes de melhor

desempenham foi o PCR em tempo real e imunoensaios ópticos. Entretanto,

ressalta-se a necessidade de estudos consistentes, para que se avalie a

sensibilidade, especificidade, precisão, aceitação e custo-benefício, antes de se

protocolarem o uso destes testes na rotina clínica (SANTOS NETO, 2013; PIRES,

2009).

6.6.4 SUSCETIBILIDADE ANTIMICROBIANA

Em um estudo chinês realizado com 863 gestantes, em 56 casos foi

encontrado o EGB. Dentre os sorotipos encontrados, o tipo III foi o mais frequente

(32,1%) seguido por Ia (17,9%), Ib (16,1%) e V (14,3%). Todos os sorotipos

encontrados eram suscetíveis a penicilina e ceftriaxona. As taxas de não

suscetibilidade são: eritromicina (85,7%), claritromicina (92,9%),

azitromicina(98,2%), telitromicina (30,4%), clindamicina (73,2%), tetraciclina (91%) e

levofloxacina (39,3%) (WANG et al., 2015).

6.7 RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS

A resistência aos antimicrobianosbacitracina e sulfametoxazol-trimetoprim é

uma característica fisiológica do Streptococcus agalactiae (CAETANO, 2008).

Em um estudo no qual foram analisadas 45 amostras, 100% das amostras

foram sensíveis á penicilina, à ampicilina, à cefalotina e à vancomicina, e todas

foram resistentes a gentamicina. Não se tem observado, com frequência, resistência

a penicilina; entretanto, a sensibilidade a penicilina de 100% das amostras tem se

Page 25: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

24

mantido nos últimos estudos. Duas amostras (4,4%) foram resistentes a

nitrofurantoína (CAETANO, 2008; BORGER, 2005).

Para eritromicina e clindamicina a resistência aumentou, respectivamente,

de sete para 25% e de três para 15%. As taxas de resistência para eritromicina

encontradas no Brasil, têm sido semelhantes às de outros países como Turquia e

França (CAETANO, 2008).

O antibiótico indicado para profilaxia antimicrobiano intraparto é a penicilina,

por selecionar menos micro-organismos resistentes, além de apresentar um

espectro estreito de atividade. Quando a paciente tem alergia a penicilina, usa-se

clindamicina, se esta não apresentar resistência induzível nos casos de cepas

resistentes a eritromicina. Entretanto, quanto a isso, nos últimos estudos foi

demonstrado que nenhuma das amostras resistentes a eritromicina tem resistência

induzível a clindamicina, assim sendo esta opção torna-se viável nos casos de

alergia a penicilina (CAETANO, 2008).

A administração de antibióticos tem que ser responsável a fim de retardar o

desenvolvimento de resistência bacteriana. Sendo assim, a realização do teste de

susceptibilidade antimicrobiana, tanto quanto,o conhecimento da prevalência de

colonização pelo EGB em cada região do país faz-se indispensável uma vez que

ajuda no planejamento de ações que ajudam a reduzir o uso desnecessário de

antibióticos durante a gestação (CAETANO, 2008).

6.8 PREVENÇÃO DAS DOENÇAS DO NEONATO

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Federação Brasileira de

Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam a realização de cultura ano-

vaginal como triagem universal em todas as gestantes. Segundo essas mesmas

entidades, o período em que o teste deve ser feito varia entre 35-37 semanas de

idade gestacional na presença de determinadas condições, como: trabalho de parto

prematuro, ruptura de membranas maior ou igual a18 horas, temperatura materna

maior ou igual a38ºC, bacteriúria na gestação, RN prévio com doença neonatal pelo

EGB, e também em toda gestante com mais de 24 semanas de idade gestacional e

que necessite de internação hospitalar por risco de trabalho de parto prematuro

(DIAS, 2014; COSTA, 2011; ROLNIK, 2010).

Page 26: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

25

Para Pires (2009), a detecção de colonização em grávidas pelo EGB é

fundamental para propor estratégias de prevenção e profilaxia, reduzir a transmissão

para os recém-nascidos, podendo dessa forma, reduzir não somente a mortalidade,

mas também as sequelas nos neonatos.

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistadas 53 gestantes no período de julho a setembro de 2016.

Destas, 18,8% (10 gestantes) tiveram resultado positivo na pesquisa do EGB na

gestação atual, 56,6% possuíam entre 31 a 40 anos de idade (Figura 1) e 75,5%

relataram ser casadas. Quanto à procedência das gestantes, 32 (60,4%) relataram

ser de Cuiabá e apenas 5 (9,4%) de Várzea Grande, sendo as demais (30,2%) de

outras cidades do Estado de Mato Grosso. Quanto ao grau de escolaridade

encontramos: 71,7% com nível superior completo; 18,9% com nível médio completo;

e apenas 9,4% com nível médio incompleto. Em relação à renda familiar, dividimos

de acordo com a quantidade de salários mínimos (SM): até 1 SM; de 1 a 3 SM; de 3

a 5 SM; de 5 a 15 SM e mais de 15 SM. Dentre esses, tivemos mais casos nas que

relataram ter uma renda de 3 a 5 SM (32,1%), sendo que 17% relataram ter mais de

15 SM como renda familiar (Figura 2).

Figura 1 - Faixa etária das pacientes entrevistas

5,70%

37,70%

56,60%

0

5

10

15

20

25

30

35

até 20 anos até 30 anos até 40 anos

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

N % entrevistadas

Page 27: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

26

Figura 2- Renda familiar em salários mínimos (SM)

Ao questionarmos sobre a origem das informações sobre a necessidade de

realizar o exame, 96,2% relataram que se originaram de solicitações médicas, e as

demais, por meio de amigos e internet. Em seguida, questionamos a gestante se a

mesma conhecia a importância de se realizar o exame e apenas 34 (64,2%)

respondeu que sim, evidenciando a necessidade de orientar a gestante sobre a

importância da realização do exame bem como as complicações que podem ser

evitadas caso tenha resultado positivo e seja identificado antes do parto (Figura 3).

Ainda, dentre as 19 gestantes que não conheciam a importância de se realizar a

pesquisa do EGB, aproximadamente 90% (17), relataram que não receberam

informações sobre as doenças que podem ser prevenidas com a realização da

pesquisa do EGB.

Figura 3- Quantidade de entrevistadas que sabiam da importância do exame e que foram orientadas pelo médico sobre a importância do exame EGB.

0,00%

26,40%

32,10%

24,50%

17,00%

0

5

10

15

20

Até 1 SM 1 a 3 SM 3 a 5 SM 5 a 15 SM Mais de 15SM

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

N %

3428

1925

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Você conhece a importância doexame?

O médico fornceceu informaçõessobre a importância e as doençasque podem ser prevenidas a partir

deste exame?SIM NÃO

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27

Quando questionamos sobre como a gestante classificaria seu

conhecimento sobre a importância do exame, 20,8% das gestantes relataram não ter

conhecimento algum sobre o mesmo. Já as demais, relataram conhecimento médio

(39,6%), baixo (34%) e alto (5,7%) (Figura 4).

Figura 4 - Nível de conhecimento das gestantes sobre o exame

Foi perguntado ainda, sobre a realização do EGB em gestações anteriores,

registramos baixas taxas em relação à população estudada em virtude de

aproximadamente 70% das mesmas estarem na sua primeira gestação. Entretanto,

dentre as multíparas, 62,5% relataram que não realizaram a pesquisa de EGB na

gestação anterior.

O nível de informação das gestantes em relação à necessidade do

diagnóstico da presença de EGB é insatisfatório e contribui para a falta de

prevenção em relação à morbimortalidade dos recém-nascidos por este

microrganismo.

8 CONCLUSÃO

Neste estudo, identificamos que o perfil socioeconômico das pacientes que

realizaram a pesquisa do EGB no laboratório de referência em Cuiabá-MT eram as

gestantes que possuíam rendas maiores que um salário mínimo mensal e o nível de

escolaridade superior completo.

O nível de informação das gestantes em relação à necessidade do

diagnóstico da presença de EGB foi insatisfatório e contribui para a falta de

prevenção em relação à morbimortalidade dos recém-nascidos.

6%

39%

34%

21%

Alto

Médio

Baixo

Nenhum

Page 29: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

28

Identificamos a necessidade da conscientização de profissionais e equipes

envolvidas na assistência pré-natal quanto à necessidade de investigação do EGB

na gestação, bem como qualificar profissionais para atuarem na qualidade e

humanização da assistência.

Page 30: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR

29

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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24. SILVEIRA, J. L. S. Prevalência do Streptococcus agalactiae em gestantes detectadas pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

25. SINHA, S. K. et al. Essential neonatal medicine. Chichester, West Sussex: John Wiley & Sons. 5th ed. Essentials. 2012.

26. TAMINATO, M et al. Screening for group B Streptococcus in pregnant women: a systematic review and meta-analysis. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 19, n. 6, p. 1470-1478, dez. 2011.

27. ZARDETO, G.; GUILLEN, F.O.; CAMACHO, D.P.Pesquisa de Streptococcusagalactiae em gestantes como rotina laboratorial de exames pré-natais. Revista Uningá. V.42, pp.77-84. 2014.

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28. ZENG S.J. et al. Clinical analysis of cases of neonatal Streptococcus agalactiae sepsis. Genet Mol Res. 2016 Jun17;15(2).

ANEXOS

ANEXO I – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO

QUESTIONÁRIO ESTRTUTURADO PARA PESQUISA: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

DA COLONIZAÇÃO POR Streptococcus agalactiae EM GESTANTES DE CUIABÁ-MT.

Data: ____/_____/_________.

1. Idade:______

2. Estado Civil:

Solteira Casada Divorciada Viúva

3. Você é procedente de onde?

Cuiabá Várzea Grande Outra cidade em MT Outra cidade fora de MT

4. Qual é o seu grau de escolaridade?

Superior Médio Fundamental Incompleto

5. Qual sua renda familiar mensal? Em salários Mínimos (SM)

Até 1SM 1 a 3 SM 3 a 5 SM 5 a 15 SM + de 15 SM

6. Você já realizou durante a sua gravidez atual o exame de Pesquisa de

Streptococcus do Grupo B?

Sim Não

7. Como ficou sabendo do exame Pesquisa de Streptococcus do Grupo B?

Médico Amigos Internet Outros

8. Você conhece a importância desse exame?

Sim Não

9. O médico que solicitou seu exame forneceu informações sobre a importância e as

doenças que podem ser prevenidas com a realização deste exame?

Sim Não

10. Como você considera o nível do seu conhecimento sobre as doenças que são

diagnosticadas com a realização desse exame?

Alto Médio Baixo Nenhum

11- Na sua gestação anterior foi realizado esse exame?

Sim Não Primeiro filho

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12- O resultado do exame anteriormente realizado foi positivo?

Sim Não Não me lembro

Coleta atual: Cultura Positiva? Sim Não

ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Pesquisadora Responsável: Carla Roberta Krueger

Endereço: R. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança, Cuiabá - MT,

78060-900

Fone: (65)99648-2452

E-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Prezado participante,

Você está sendo convidada para participar da pesquisa para o Projeto intitulado

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA COLONIZAÇÃO POR Streptococcus

agalactiae EM GESTANTES DE CUIABÁ-MT, desenvolvido por Carla Roberta

Krueger, Pós-Graduanda em Microbiologia pelo Instituto de Biociências,

Departamento de Botânica e Ecologia do da Universidade Federal de Mato Grosso,

o qual pretende realizar um levantamento do perfil epidemiológico das gestantes que

realizam a pesquisa de S. agalactiae em um laboratório de referência em Cuiabá-MT

(Laboratório Carlos Chagas), bem como o nível de conhecimento das mesmas sobre

a importância e os benefícios do exame.

O convite a sua participação se deve à necessidade do projeto em investigar

pessoalmente o núcleo a ser estudado. Sua participação é voluntária, isto é, ela não

é obrigatória e você tem plena autonomia para decidir se quer ou não participar, bem

como retirar sua participação a qualquer momento. Você não será penalizado de

nenhuma maneira caso decida não consentir sua participação, ou desistir da

mesma. Contudo, ela é muito importante para a execução da pesquisa. Você não

terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração.

Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados em revistas da área, mas

qualquer dado que possa identificá-lo será omitido na divulgação dos resultados da

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pesquisa e o material armazenado em local seguro, sendo garantidas a

confidencialidadee a privacidade das informações por você prestadas.

A qualquer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você poderá solicitar

do pesquisador informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o que

poderá ser feito através dos meios de contato explicitados neste Termo.

A sua participação consistirá em responder perguntas de um roteiro de

entrevista/questionário à pesquisadora do projeto. O tempo de duração do

questionário aproximadamente dez minutos.

As entrevistas serão transcritas e armazenadas, em arquivos digitais, mas somente

terão acesso às mesmas a pesquisadora e sua orientadora.

O benefício (direto ou indireto) relacionado com a sua colaboração nesta pesquisa é

o de fomentar a identificação de grupos de gestantes que não realizam o exame,

permitindo que profissionais da saúde forneçam informações atuais sobre essa

infecção a esses grupos e desenvolvam estratégias com o intuito de melhorar sua

prevenção e consequentemente, evitar complicações.

Os resultados serão divulgados em palestras dirigidas ao público participante,

relatórios individuais para os entrevistados, defesa de monografias, bem como em

artigos científicos.

Para qualquer outra informação, você poderá entrar em contato com o pesquisador

no endereço R. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança, Cuiabá - MT,

78060-900- Fone: (65) 3615-8115 ou (65) 99648-2452, ou poderá entrar em contato

com o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Hospital Julio Muller -

CEP-HUJM, na Rua Philippe Pereira Leite, S/Nº, Bairro Alvorada - CEP 78048-902 –

Cuiabá – MT - Tel.: (65) 3615-7254 - E-mail: [email protected]

__________________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO PARTICIPANTE DE

PESQUISA

Eu,_____________________________________ RG nº _________________,

abaixo assinado, concordo voluntariamente em participar do estudo acima descrito,

como sujeito. Declaro ter sido devidamente informado e esclarecido pelo

pesquisador _____________________________________ sobre os objetivos da

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pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e

benefícios envolvidos na minha participação. Foi me dada a oportunidade de fazer

perguntas e recebi telefones para entrar em contato, a cobrar, caso tenha dúvidas.

Fui orientado para entrar em contato com o CEP - HUJM, caso me sinta lesado ou

prejudicado. Foi-me garantido que não sou obrigado a participar da pesquisa e

posso desistir a qualquer momento, sem qualquer penalidade. Recebi uma via deste

documento.

Cuiabá-MT, ___ de ___________ de _______

________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome:_______________________________Assinatura:______________________

___

Nome:_______________________________Assinatura:______________________

___