Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

202
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM BOTÂNICA ASPECTOS TAXONÔMICOS E BIOGEOGRÁFICOS DO GÊNERO CALLIANDRA BENTH. (LEGUMINOSAE – MIMOSOIDEAE) NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASIL ÉLVIA RODRIGUES DE SOUZA Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Botânica . ORIENTADOR:PROF.DR.LUCIANO PAGANUCCI DE QUEIROZ FEIRA DE SANTANA – BA 2001 v

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

ASPECTOS TAXONÔMICOS E

BIOGEOGRÁFICOS DO GÊNERO CALLIANDRA BENTH.

(LEGUMINOSAE – MIMOSOIDEAE)

NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA,

BRASIL

ÉLVIA RODRIGUES DE SOUZA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós­

Graduação em Botânica da Universidade Estadual

de Feira de Santana como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Botânica.

ORIENTADOR: PROF. DR. LUCIANO PAGANUCCI DEQUEIROZ

FEIRA DE SANTANA – BA

2001

v

Page 2: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

Ficha catalográfica: Biblioteca Central Julieta Carteado Souza, Élvia Rodrigues de

S714a Aspectos taxonômicos e biogeográficos do gênero Calliandra Benth. (Leguminosae – Mimosoideae) na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. /

Élvia Rodrigues de Souza. – Feira de Santana: [s.n.], 2001.

187p. : il

Orientador: Luciano Paganucci de Queiroz.

Dissertação (Mestrado em Botânica) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Ciências Biológicas, 2001.

1. Calliandra – Chapada Diamantina (BA). 2. Taxonomia de Fanerógamas. 3. Botânica sistemática. I. Queiroz, Luciano Paganucci de. II. Universidade Estadual de Feira de Santana. III. Título.

CDU: 582.737(814.22)

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Banca Examinadora

_____________________________________________

Dra. Daniela Cristina Zappi

_____________________________________________ Prof. Dr. José Rubens Pirani

_____________________________________________ Prof. Dr. Luciano Paganucci de Queiroz Orientador e Presidente da Banca

Feira de Santana – BA

2001

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Ando devagar porque já tive pressa

E levo esse sorriso, porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe

Eu só levo a certeza de que muito pouco seu sei

E nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs

O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar

É preciso paz pra poder sorrir

É preciso chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente

Compreender a marcha e ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro levando a boiada

Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu sou

Estrada eu vou

Conhecer as manhas e as manhãs

O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar

É preciso paz pra poder sorrir

É preciso chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora

Um dia a gente chega, no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua estória

E cada ser em si carrega o dom de ser capaz

E ser feliz.

(Tocando em frente – Renato Teixeira e Almir Sater)

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Ao meu filho Caynã dedico não só o fruto de todos os meus esforços

como também toda a minha vida.

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A Deus

Pelo amor maior que nos faz fortes, perseverantes, que

nos faz filhos, encorajando­nos sempre nas horas mais

difícies quando tudo parecia perdido. Senhor tu és a

esperança, a janela que se abre depois das

dificuldades, és a certeza de que podemos tudo de

novo...

Page 7: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

i

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................... iii

ÍNDICE DE TABELAS ...........................................................................................................vi

AGRADECIMENTOS ...........................................................................................................vii

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................1

CAPÍTULO 1 – Levantamento do gênero Calliandra Benth. (Leguminosae – Mimosoideae) na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil.............................................5

Resumo.....................................................................................................................7

Abstract ....................................................................................................................7

Introdução.................................................................................................................9

Material e métodos..................................................................................................10

Resultados e discussão ............................................................................................12

1. Aspectos morfológicos do gênero Calliandra e sua aplicação na taxonomia das espécies da Chapada Diamantina.................................12

1.1. Hábito .....................................................................................................12

1.2. Indumento...............................................................................................13

1.3. Folhas .....................................................................................................15

1.4. Inflorescência..........................................................................................16

1.5. Flores......................................................................................................19

1.6. Fruto .......................................................................................................20

1.7. Semente ..................................................................................................21

2. Taxonomia ...................................................................................................21 Calliandra Benth. ..........................................................................................21 Chave para identificação das espécies do gênero Calliandra da

Chapada Diamantina ...............................................................................22

1.1. Calliandra sec. Androcallis Barneby.......................................................28 1.2. Calliandra sec. Microcallis Barneby.......................................................45 1.3. Calliandra sec. Calliandra ......................................................................47

Referências Bibliográficas ......................................................................................98

CAPÍTULO 2 – Duas novas espécies de Calliandra Benth. do Estado da Bahia, Brasil.......................................................................................................128

Abstract ................................................................................................................130

Page 8: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

ii

Introdução.............................................................................................................131 Calliandra geraisensis ..........................................................................................131 Calliandra imbricata ............................................................................................133 Literatura citada....................................................................................................134

CAPÍTULO 3 – Aspectos biogeográficos do gênero Calliandra (Leguminosae –

Mimosoideae) na Chapada Diamantina, Bahia Brasil ............................................138

Abstract ................................................................................................................140

Introdução.............................................................................................................141

Material e métodos................................................................................................144

Delimitação da área de estudo ........................................................................144

Dados de distribuição.....................................................................................148

Análises de similaridade.................................................................................149

Resultados e discussão ..........................................................................................149

Padrões de distribuição geográfica .................................................................150

Distribuição da diversidade por latitude..........................................................152

Endemismo ....................................................................................................153

Similaridade entre áreas e províncias florísticas .............................................154

Referências Bibliográficas ....................................................................................160

CONCLUSÕES.................................................................................................................180

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................183

RESUMO ........................................................................................................................185

ABSTRACT .....................................................................................................................186

ANEXOS .........................................................................................................................187

Page 9: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

iii

ÍNDICE DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1. Mapa da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. ..................................................103

Figura 2. A: Calliandra hygrophylla ­ hábito; B: C. parvifolia ­ hábito; C: C.

bahiana ­ indumento do perianto; D: C. lanata ­ indumento; E: C. sessilis ­ Inflorescência. ........................................................................................104

Figura 3. Indumento das espécies de Calliandra. A: Ápice do lacínio do cálice de C. asplenioides ilustrando os tricomas tectores unicelulares longos e

tricomas glandulares (100x); B: Tricoma tector longo da corola de C. parvifolia; C: Tricomas tectores estrelados de C. stelligera; E: Tricomas granulares capitados da corola de C. asplenioides; F: Tricoma granular elispóide de corola de C. parvifolia. (B­F: 400x). .................................................105

Figura 4. Esquema ilustrando os tipos de nervação dos folíolos das espécies de Calliandra. A: Pinado­palmado; B: Palmado­dimidiado; C: Palmado. ..................106

Figura 5. Tipos de inflorescências encontrados em espécies de Calliandra: Inflorescência lateral: A: C. sessilis. Inflorescências terminais:

pseudoracemo: B: C. coccinea; C: C. asplenioides; pseudopanícula: D: C. ellegans. ..........................................................................................................107

Figura 6. A: C. mucugeana ­ Inflorescência; B: C. hygrophylla ­ Inflorescência; C: C. asplenioides ­ Cálice; D: C. luetzelburgii ­

Perianto; E: C. coccinea ­ Perianto; F: C. nebulosa ­ Inflorescência. .....................108 Figura 7. A: C. viscidula ­ Inflorescência; B: C. macrocalyx ­ Lacínios

reflexos; C: C. blanchetti ­ Flor central diferenciada; D: C. hygrophylla ­ Fruto e semente.....................................................................................................109

Figura 8. A­B: C. bahiana ­ Estemonozone:; C: C. luetzelburgii­

Estemonozone ; D: C. leptopoda ­ Nectário...........................................................110 Figura 9. A­C: C. bella: A: Hábito; B: Folíolo; C: Flor. D­F: C. pilgeriana: D:

Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­K: C. sessilis: G: Hábito, H: Folíolo, I: Flor central, J: Flor periférica, K: Nectário. ...........................................................111

Figura 10. A­D: C. blanchetti: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Fruto. E­G: C. depauperata: E: Folíolo, F: Flor, G: Nectário e estipe. H­I: C. parvifolia: H: Folíolo, I: Flor. J­K: C. spinosa: J: Folíolo, K: Flor. ........................112

Page 10: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

iv

Figura 11. A­D: C. harrisii: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Ovário. E­K: C. leptopoda: E: Hábito, F: Estípula, G: Folíolo, H: Flor, I: Nectário, J: Fruto, K: Semente. ................................................................................................113

Figura 12. A­B: C. asplenioides; A: Folíolo, B: Flor. C­D: C. coccinea: C: Folíolo, D: Flor. E­G: C. fuscipila: E: Hábito, F: Folíolo, G: Flor. H­J: C.

involuta: H: Hábito, I: Folíolo, J: Flor. K­L: C. mucugeana: K: Folíolo, L: Flor. .................................................................................................................114

Figura 13. A­B: C. bahiana: A: Hábito, B: Flor. C: C. crassipes ­ Flor; D­F: C. feioana: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­H: C. hirsuticaulis: G: Folíolo,

H: Flor. I­K: C. lintea: I: Hábito, J: Folíolo, K: Flor. L­N: C. nebulosa: L: Hábito, M: Folíolo, N: Flor...............................................................................115

Figura 14. A­C: C. calycina: A: Folíolo, B­C: Flor. D­F: C. cumbucana: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­H: C. pubens: G: Folíolo, H: Flor............................116

Figura 15. A­E: C. geraisensis sp. nov. ined. A: Hábito, b: Folíolo, C­D: Flor, E: Fruto.................................................................................................................117

Figura 16. A­C: C. erubescens: A: Folíolo, B­C: Flor, D­F: C. germana: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­H: C. hygrophila: G: Folíolo, H: Flor. I­K:

C. semisepulta: I: Hábito, J: Folíolo, K: Flor. L­O: C. stelligera: L: Hábito, M: Estípula, N: Folíolo, O: Flor. ..............................................................118

Figura 17. A­D: C. imbricata: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Ovário. ......................119 Figura 18. A­E: C. elegans: A: Hábito, B: Estípula, C: Folíolo, D: Flor. E­G:

C. lanata: E: Hábito, F: Folíolo, G: Flor. H­J: C. viscidula: H: Hábito, I: Folíolo, J: Flor. ....................................................................................................120

Figura 19. A­C: C. debilis: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor. D­F: C. ganevii: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­H: C. longipinna: G: Flor, H: Ovário. I­K: C. luetzelburgii: I: Hábito, J: Folíolo, K: Flor. L: C. paterna ­ Flor. M­P:

C. renvoizeana: M: Folíolo, N: Estípula, O: Flor, P: Ovário. .................................121

Figura 20. Dendrograma mostrando a similaridade entre espécimes de Calliandra bahiana, construído utilizando coeficiente de Jaccard com UPGMA. BAH = var. bahiana, ERY = var. erythrematosa, BRC = espécimes de Catolés com brácteas mais longas do que os espécimes das

demais variedades. ................................................................................................122

CAPÍTULO 2

Page 11: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

v

Figura 1. Calliandra geraisensis. A: Hábito, B: Folíolo, C­D: Flor, E: Fruto..................136 Figura 2. Calliandra imbricata: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Ovário .....................137

CAPÍTULO 3

Figura 1. Distribuição geográfica do gênero Calliandra evidenciando os três principais centros de diversidade...........................................................................166

Figura 2. Mapa da Chapada Diamantina.........................................................................167

Figura 3. Espécies de distribuição ampla associada, principalmente, ao bioma

cerrado..................................................................................................................168

Figura 4. Espécies com distribuição associada ao bioma caatinga...................................169

Figura 5. Distribuição de Calliandra bella, ilustrando a disjunção entre a região da Chapada Diamantina e as restingas litorâneas ........................................170

Figura 6. Distribuição de espécies disjuntas ou pares vicariantes entre a

Chapada Diamantina (Bahia) e a serra do Espinhaço (Minas Gerais).....................171

Figura 7. Espécies restritas mas bem distribuídas na Chapada Diamantina .....................172

Figura 8. Espécies restritas ao setor meridional da Chapada Diamantina ........................173

Figura 9. Espécies distribuídas na serra do Sincorá.........................................................174

Figura 10. Espécies endêmicas .......................................................................................175

Figura 11. Espécies do gênero Calliandra na Chapada Diamantina: número total de espécies e número de espécies restritas à faixa latitudinal .........................176

Figura 12. Número de espécies do gênero Calliandra na Chapada Diamantina por quadrícula.......................................................................................................177

Figura 13. Dendrograma mostrando a similaridade entre 13 áreas da Chapada

Diamantina baseada na ocorrência de 39 espécies de Calliandra, construído utilizando coeficiente de Jaccard com UPGMA. Correlação

cofenética = 0.8784...............................................................................................178

Figura 14. Representação dos três primeiros eixos da análise de componentes

principais de 13 áreas da Chapada Diamantina baseada na ocorrência de

40 espécies de Calliandra. Percentual de variância acumulada nos três primeiros eixos = 58.8% (primeiro eixo = 26.2%; segundo eixo = 19.2%;

terceiro eixo = 13.4%)...........................................................................................179

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vi

ÍNDICE DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Lista de caracteres usados para a análise de similaridade entre

espécimes de Calliandra bahiana .........................................................................125 Tabela 2. Matriz de dados usados para a análise de similaridade entre

espécimes de Calliandra .......................................................................................126

Page 13: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

vii

AGRADECIMENTOS

“Cada dia é um novo começo... Uma outra chance de aprender mais sobre nós

mesmos, de se importar mais com os outros, de rir mais do que ríamos, de realizar mais

do que pensávamos ser possível, de ser mais do que éramos antes...”

Aos meus pais: Elmano de Souza (in memoriam) e Heloísa Rodrigues da Cruz

pela minha existência. Sem a ajuda de vocês este sonho não estaria sendo realizado.

Toda gratidão é pouca...

À toda minha “thurma”: Cacay, Allana, Marcelinho, Lú, Marcinho, Nice e Déa

por terem me suportado nas horas mais estressantes (todos merecem um troféu, pois

nessas horas nem eu mesma me suporto!). Obrigada pela compreensão e paciência e

desculpem a ausência.

Ao Mateus pelo carinho, pela compreensão e, principalmente, por nas horas

mais difícies, ter conseguido me proporcionar momentos felizes.

Ao Prof. Dr. Luciano Paganucci de Queiroz pela orientação, pela paciência

(mesmo às vezes esgotada), pela confiança (mesmo às vezes desanimada), pela

amizade, pela dedicação “quase” exclusiva para conclusão desta dissertação e,

principalmente, pelas broncas nas horas certas (só as das horas certas, viu?).

Aos professores da Área de Botânica do Departamento de Ciências Biológicas

da UEFS, responsáveis pela implantação do Programa de Pós­Graduação em Botânica.

Em especial à Prof. Dr a . Ana Maria Giulietti, por todo o empenho em fazer desta

Instituição um modelo no ensino da Botânica, e ao Francisco de Assis, que tanto

trabalhou durante a elaboração do Projeto.

À Adriana, secretária do Programa de Pós­Graduação, por toda a paciência,

preocupação e empenho para que nunca nos faltasse material e, principalmente, dinheiro

Page 14: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

viii

para os trabalhos de campo, visitas aos herbários e participações em congressos (valeu

mesmo!).

Aos Curadores dos Herbários visitados pelos empréstimos de materiais sem os

quais este trabalho não seria realizado.

À UEFS, CAPES e CADCT pelo financiamento do curso.

Aos colegas do curso, pelos momentos passados juntos durante as aulas e

trabalho de campo.

À Zezé, minha eterna conselheira, pelo apoio nos momentos difícies, pelas

conversas, por tudo...(espero ter sempre um lugar no seu divã!).

À Téo pelo auxílio nunca negado, pela companhia nos plantões e também nos

momentos de descontração, pelas fotos e pelas caronas (você foi realmente uma

parcerassa!).

À Patrícia e Alexa pela companhia nos dias, noites de feriados e finais de

semana de plantões. Nossos casos, fofocas foram de fundamental importância para

podermos superar os momentos de desespero, cansaço, stress... (foi muito bom poder

brincar um pouco com vocês, ridículas!).

À Kelly pela companhia, pela eterna paciência, pela ajuda em todos os

momentos...

À Elaine que mesmo à distância contibuiu para a realização deste trabalho.

Ao Anderson Carneiro por ser esta pessoa maravilhosa que é, super prestativo.

Obrigada por tudo, e desculpe o abuso!

À Dani pela orientações e pelo apoio.

À toda equipe do HUEFS: Milene, Vanilda, Cosme, Indiara, Jefferson, Nadja,

Ive, Claúdio José, Bruno, Franciane, Anderson Rocha, Paulino e Claúdia pelos

momentos de descontração e por todo apoio quando necessário.

Page 15: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

ix

À toda equipe do LAMIV: Chico, Paulino, Cláudia pelos empréstimos de

materiais nunca negados.

Ao LAPH por ter permitido o uso da câmera fotográfica acoplada ao

estereomicrocópio.

Ao Carlos Wallace pelas orientações e por ter sempre se mostrado disposto a

ajudar.

Ao Alano e à Adriana pelos desenhos e também pela enorme paciência.

Ao Eduardo pelos ensinamentos e contribuições sem os quais não seria possível

a realização de parte deste trabalho.

À toda equipe do “mutirão” que contribuiu para a confecção desta dissertação,

muitíssimo obrigada, sem a ajuda de todos vocês tenho certeza de que não teríamos

conseguido...

Page 16: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

1

INTRODUÇÃO

A família Leguminosae é a terceira maior família entre as fanerógamas

(Heywood, 1998). Tem distribuição quase cosmopolita com aproximadamente 650

gêneros, reunindo ao todo, cerca de 18.000 espécies que são tradicionalmente agrupados

em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionioideae (Polhill &

Raven, 1981)

A subfamília Mimosoideae é, provavelmente, monofilética (Doyle et al. 1997,

Luckow 2000) e apresenta cerca de 3.000 espécies, distribuídas em cerca de 60 gêneros

organizados em cinco tribos: Parkieae, Mimozygantheae, Mimoseae, Acacieae e Ingeae,

definidas com base em uma combinação de caracteres como número e fusão de estames,

prefloração e fusão das sépalas (Polhill & Raven, 1981).

Análises moleculares recentes (Luckow, 2000, 2001) mostram que as tribos

Ingeae e Acacieae são polifiléticas e formam dois clados, um incluindo Acacia subg.

Acacia e Pithecellobiumque não é resolvido em relação a três grupos de Mimoseae

(grupos Leucaena, Piptadenia e Dichrostachys). O outro clado é mais relacionado a

parte do grupo Piptadenia e inclui todos os outros gêneros de Ingeae, os ­demais

subgêneros de Acacia e Faidherbia albida. Estas análises indicam que a conação dos

filetes evoluiu várias vezes dentro do grupo. Esses dados são congruentes com hipóteses

prévias derivadas da análies de caracteres de pólen, sendo o pólen de Acacia subg.

Acacia bem distinto dos outros subgêneros de Acacia, e os demais subgêneros

apresentam pólen mais semelhante aos do grupo Piptadenia de Mimoseae.

A tribo Ingeae foi estabelecida por Bentham (1875), incluindo todas as

Mimosoideae com estames numerosos e unidos em um tubo. Nielsen (1981) reconheceu

Page 17: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

2

17 gêneros com 950­1.000 espécies, com distribuição, predominantemente, tropical e

dois grandes centros de diversidade: América Central e do Sul e Ásia – Austrália.

Barneby & Grimes (1996) realizaram um estudo filogenético aprofundado da

tribo Ingeae nas Américas e propuseram uma extensa redefinição dos gêneros, com

muitos segregados principalmente a partir de Albizia e Pithecellobium. Como resultado,

esses autores reconheceram, para as Américas, 22 gêneros com cerca de 357 espécies.

Além disso, estabeleceram seis alianças, sendo cinco bem definidas e uma composta por

gêneros incertos. O gênero Calliandra é incluído na aliança de Inga, juntamente, com

Macrosamanea, Cojoba, Zapoteca e Archidendron. O gênero Zapoteca, que foi

segregado de Calliandra por Macqueen & Hernandez (1997), é o grupo­irmão de

Calliandra (Luckow, 2000). Calliandra e Zapoteca diferem entre si, principalmente, no

tipo de grão de polén, o qual é acalimado em Zapoteca e calimado em Calliandra.

O gênero Calliandra foi descrito por Bentham (1840), incluindo espécies da

subfamília Mimosoideae com androceu polistêmone e monadelfo que possuem um um

tipo especial de fruto, caracterizado pela deiscência longitudinal a partir do ápice e

valvas com margens espessadas. O gênero foi recentemente revisado por Barneby

(1998), que o expurgou dos elementos africanos e asiáticos, de modo que, na sua atual

circuscrição, é um grupo exclusivamente neotropical com 132 espécies (Barneby,

1998).

A Chapada Diamantina é um maciço montanhoso que ocorre na região central

do estado da Bahia, de cerca de 10° a 14°S e de 40° a 43°W. Esta região é um dos

principais centros de diversidade de Calliandra, onde ocorrem 40 espécies (Barneby,

1998)

A vegetação do alto das serras da Chapada Diamantina compreende diversos

tipos vegetacionais sob controle do relevo, clima local e substrato, sendo que a mais

Page 18: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

3

característica é a dos campos rupestres. É um mosaico de diferentes fisionomias com

predominância de espécies herbáceas e subarbustivas geralmente com diferentes

adaptações para captação de umidade atmosférica (Menezes & Giulietti 1986, Giulietti

et al. 1996) e com composição florística diferenciada dos demais tipos vegetacionais da

Chapada Diamantina. Este mosaico de fisionomias reflete a ocorrência de diferentes

combinações de topografia, substrato e microclima, formando um conjunto particular de

fatores que estabelece o limite inferior dos campos rupestres a altitudes de 800­900m

(Harley 1995, Giulietti et al. 1996).

Duas das principais características biogeográficas dos campos rupestres são a

elevada diversidade florística e o elevado número de espécies com distribuição muito

restrita, fatos estes ressaltados por diversos autores que estudaram esta flora (Joly 1970,

Harley & Simmons 1986, Giulietti & Pirani 1988, Harley 1988, 1995, Giulietti et al.

1996). Como exemplo, pode­se citar a área do Pico das Almas, cuja flora foi

recentemente publicada (Stannard, 1995) na qual, para uma área de cerca de 170km 2 ,

foram referidas 1044 espécies de angiospermas dos quais cerca de 10% foram novos

táxons para a ciência.

Montanhas podem funcionar como ilhas para espécies cuja distribuição é limitada às

altitudes mais elevadas (Kruckeberg & Rabinowitz, 1985). Harley (1988) propôs um

modelo de diversificação nos campos rupestres relacionado às flutuações climáticas do

Quaternário, as quais propiciariam expansão e contração de populações, hibridização e

isolamento, como um possível mecanismo de especiação, aplicando um modelo

apresentado por Stebbins (1974) como species pump. Assim, a distribuição atual das

espécies deve ser influenciada pela história do grupo, especialmente se ele não

apresenta adaptações para dispersão à longa distância. Conseqüentemente, a análise da

distribuição atual e a coincidência de padrões fitogeográficos em diferentes grupos deve

Page 19: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

4

dar indicações sobre a história de uma determinada área. Sendo Calliandra um gênero

com elevada diversificação e grande número de espécies endêmicas na Chapada

Diamantina (Giulietti & Pirani, 1988; Giulietti et al. 1996) ele poderá se constituir em

um bom grupo modelo para avaliar hipóteses de biogeografia das plantas de campos

rupestres da Chapada Diamantina.

Este trabalho teve como objetivos:

• Inventariar, descrever, ilustrar e elaborar chave de identificação para as espécies de

Calliandra;

• Investigar a fitogeografia dos campos rupestres da Chapada Diamantina e, a partir

do estudo de padrões de distribuição das espécies indicar possíveis centros de

endemismo e relacionamentos florísticos entre áreas da Chapada Diamantina.

Page 20: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

5

Capítulo 1

Este capítulo está formatado para publicação na revista Sitientibus série Ciências Biológicas.

Page 21: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

6

LEVANTAMENTO DO GÊNERO CALLIANDRA BENTH. (LEGUMINOSAE –

MIMOSOIDEAE) NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA, BRASIL

Élvia Rodrigues de Souza

Luciano Paganucci de Queiroz

Universidade Estadual de Feira de Santana, Depto. de Ciências Biológicas, Km 03 – BR

116, Campus. 44031­460, Feira de Santana, BA, Brasil.

Page 22: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

7

RESUMO

(Levantamento do gênero Calliandra Benth. (Leguminosae – Mimosoideae) na

Chapada Diamantina, Bahia, Brasil) – O gênero Calliandra possui cerca de 134

espécies distribuídas no Neotrópico. A região da Chapada Diamantina tem sido

reconhecida como um de seus principais centros de diversidade o que foi confirmado

pelo presente levantamento que resultou em 42 espécies pertencentes a três seções: (1)

Calliandra sec. Androcallis: C. bella Benth., C. blanchetii Benth., C. depauperata

Benth., C. harrisii (Lindl.) Benth., C. macrocalyxHerms, C. parvifolia (W.J.Hook. &

Arn.) Speg., C. pilgeriana Harms, C. sessilis Benth. e C. spinosa Ducke; (2) Calliandra

sec. Microcallis: C. leptododa Benth., e (3) Calliandra sec. Calliandra: C. asplenioides

(Nees) Renvoize, C. bahiana Renvoize, C. calycina Benth., C. coccinea Renvoize, C.

crassipes Benth., C. cumbucana Renvoize, C. debilis Renvoize, C. elegans Renvoize,

C. erubescens Renvoize, C. feioana Renvoize, C. fuscipila Harms, C. ganevii Barneby,

C. geraisensis E.R.Souza & L.P.Queiroz, C. germana Barneby, C. hirsuticaulis Harms,

C. hirtiflora Benth., C. hygrophila Mackinder & Lewis, C. imbricata E.R.Souza &

L.P.Queiroz, C. lanata Benth., C. lintea Barneby, C. longipinna Benth., C. luetzelburgii

Harms, C. mucugeana Renvoize, C. paterna Barneby, C. pubens Renvoize, C. nebulosa

Barneby, C. renvoizeana Barneby, C. semisepulta Barneby, C. sincorana Harms, C.

spinosa Ducke, C. stelligera Barneby e C. viscidula Benth.

ABSTRACT

(Survey of the genus Calliandra Benth. (Leguminosae – Mimosoideae) in the region of

the Chapada Diamantina, Bahia, Brazil) – The genus Calliandra has 134 species

occurring in the Neotropics. The region of the Chapada Diamantina has been considered

as one of its most important diversity center and this assumption was confirmed in the

Page 23: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

8

present work, which resulted in 42 espécies belonging to three sections: (1) Calliandra

sec. Androcallis: C. bella Benth., C. blanchetii Benth., C. depauperata Benth., C.

harrisii (Lindl.) Benth., C. macrocalyx Herms, C. parvifolia (W.J.Hook. & Arn.) Speg.,

C. pilgeriana Harms, C. sessilis Benth. e C. spinosa Ducke; (2) Calliandra sec.

Microcallis: C. leptododa Benth., e (3) Calliandra sec. Calliandra: C. asplenioides

(Nees) Renvoize, C. bahiana Renvoize, C. calycina Benth., C. coccinea Renvoize, C.

crassipes Benth., C. cumbucana Renvoize, C. debilis Renvoize, C. elegans Renvoize,

C. erubescens Renvoize, C. feioana Renvoize, C. fuscipila Harms, C. ganevii Barneby,

C. geraisensis E.R.Souza & L.P.Queiroz, C. germana Barneby, C. hirsuticaulis Harms,

C. hirtiflora Benth., C. hygrophila Mackinder & Lewis, C. imbricata E.R.Souza &

L.P.Queiroz, C. lanata Benth., C. lintea Barneby, C. longipinna Benth., C. luetzelburgii

Harms, C. mucugeana Renvoize, C. paterna Barneby, C. pubens Renvoize, C. nebulosa

Barneby, C. renvoizeana Barneby, C. semisepulta Barneby, C. sincorana Harms, C.

spinosa Ducke, C. stelligera Barneby, and C. viscidula Benth.

PALAVRAS­CHAVE: Calliandra, Leguminosae, Chapada Diamantina.

KEY­WORDS: Calliandra, Leguminosae, Chapada Diamantina.

Page 24: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

9

INTRODUÇÃO

O gênero Calliandra foi descrito por Bentham (1840), que o delimitou,

principalmente, com base no tipo particular de frutob elasticamente deiscentes a partir

do ápice e com valvas plano­compressas com margens espessadas. Bentham (1844,

1875) subdividiu o gênero, nas séries Macrophyllae, Laetevirentes, Pedicellatae,

Nitidae e Racemosae. Estas forsam baseadas em caracteres de folhas (número de jugos,

tamanho e consistência dos folíolos). de flores (sésseis ou pediceladas, consistência da

corola, número de pétalas) e inflorescência (tipo e localização).

Barneby (1998) redefiniu os limites do gênero, excluindo os táxons da África e

do subcontinente indiano de modo que, na presente circunscrição, o gênero é

inteiramente neotropical com área de distribuição estendendo­se do sul dos Estados

Unidos ao norte da Argentina. Este autor apresentou uma nova classificação para o

gênero baseada, principalmente, na arquitetura e desenvolvimento da inflorescência,

reconhecendo cinco seções: Androcallis, Acistegia, Acroscias, Calliandra e Microcallis.

Para a Bahia, Bentham (1875) referiu 16 espécies do gênero Calliandra, das 44

citadas na Flora Brasiliensis. Renvoize (1981) publicou uma sinopse do gênero para a

Bahia, acompanhada de uma chave de identificação, na qual 15 novas espécies foram

descritas. Lewis (1987) referiu 43 espécies nativas, baseado na sinopse publicada por

Renvoize (1981). Posteriormente, Mackinder & Lewis (1991) publicaram duas novas

espécies para as regiões de Mucugê e Lençóis e Barneby (1998) propôs mais cinco

espécies novas para o estado. Todas estas espécies foram oriundas das montanhas da

Chapada Diamantina e foram coletadas pela primeira vez a partir da década de 1970,

demonstrando a necessidade de estudos florísticos nesta área. Dados extraídos de

Barneby (1998) e das coletas recentes depositadas nos herbários da Bahia indicam que,

Page 25: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

10

no total, 43 espécies ocorrem na Chapada Diamantina sendo 30 destas endêmicas da

área (Souza, 1999).

Apesar do elevado número de espécies de Calliandra e do seu alto grau de

endemismo, nenhum tratamento florístico específico para o gênero foi publicado para a

região da Chapada Diamantina. A publicação de muitas novas espécies a partir da

década de 1980, demonstra que os tratamentos desenvolvidos sobre a taxonomia deste

gênero ainda não esgotaram todas as possibilidades de trabalhos florísticos e

taxonômicos em Calliandra para a região da Chapada Diamantina. Este trabalho teve

como objetivos principais: inventariarar, descrever, ilustrar e elaborar chave de

identificação para as espécies de Calliandra da Chapada Diamantina.

MATERIAL E MÉTODOS

A delimitação da Chapada Diamantina adotada neste trabalho difere dos limites

políticos (Bandeira 1995), tendo sido aplicado aqui critérios geológicos e hipsométricos

para definição da Chapada Diamantina.

O maciço da Chapada Diamantina é dominado por duas unidades

geocronológicas e geotectônicas (Jesus et al. 1983): o supergrupo Espinhaço (1100­

1800 My) e o supergrupo São Francisco (400­1100 My). Além destes, na parte nordeste

encontra­se o complexo metamórfico de Jacobina (1800­2600 My). Na maior parte da

região dominada pelo supergrupo São Francisco a estrutura é em forma de bacia,

constituindo o Sinclinal de Irecê (Jesus et al. 1983), onde as altitudes são inferiores a

800m e a cobertura vegetal predominante é a caatinga, que circunda quase todo o

maciço da Chapada Diamantina. A delimitação adotada neste trabalho para a Chapada

Diamantina inclui as áreas com altitude mínima de 800m dominadas pelo supergrupo

Espinhaço e pelo complexo metamórfico de Jacobina, conforme explicitado por Souza

Page 26: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

11

et al. (in prep.). Dessa forma, os limites aqui adotados estendem­se mais para o norte, a

até cerca de 10ºS, onde voltam a aflorar rochas do supergrupo Espinhaço (serra do

Curral Feio), embora esta área encontre­se separada do maciço principal da Chapada

Diamantina por uma faixa de cerca de 45km de terras baixas (Fig.1).

Os dados apresentados neste trabalho foram baseados em revisão bibliográfica e

a análise morfológica dos espécimes dos seguintes herbários: ALCB, CEPEC, HRB,

HUEFS, R, RB, SP e SPF (acrônimos de acordo com Holmgren et al. 1990). No total,

foram analisados 1267 espécimes. Além disso, foram realizadas, entre 1999 e 2001,

doze excursões aos municípios de: Mucugê (3), Andaraí (1), Lençóis (2), Jacobina (2),

Umburanas (1), Morro do Chapéu (1) e Rio de Contas (2) para coleta, fotografia e

exame de plantas na natureza, onde foram coletados 46 espécimes de 19 espécies.

A abreviatura dos nomes dos autores dos táxons está de acordo com Brummitt &

Powell (1992). O material examinado está listado para cada espécie em ordem

alfabética dos municípios que compõem a Chapada Diamantina. Algumas coleções

especiais estão referidas pelas seguintes siglas: CFCR: Coleção da Flora dos Campos

Rupestres (Universidade de São Paulo); H: coleção da excursão realizada pelo projeto

Flora de Catolés (novembro de 1991 a fevereiro de 1992, Royal Botanic Gardens Kew)

e PCD: coleção do Projeto Chapada Diamantina (Universidade Federal da Bahia).

Informações sobre distribuição geográfica e fenologia foram obtidas através das

etiquetas do material examinado.

A identificação dos táxons foi baseada principalmente com o uso dos limites

taxonômicos propostos por Barneby (1998) e consulta aos tipos nomenclaturais. Foram

analisados espécimes tipo (holótipos ou isótipos) de todas as espécies com exceção de

C. harrisii, C. leptopoda, C. longipinna, C. macrocalyx, C. pilgeriana, e C. sincorana.

Page 27: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

12

As ilustrações foram feitas em câmara clara acoplada a estereomicroscópio

binocular a partir de exsicatas do HUEFS e material conservado em etanol a 70%.

Fotografias de indumento do perianto e nectário floral foram feitas em câmara

fotográfica acoplada a estereomicroscópio. Detalhes dos tricomas foram observados a

partir de cortes tranversais do cálice e da corola clarificados com hipoclorito de sódio a

50% e corados com safranina, posteriormente montados em gelatina glicerinada, sendo

analisados e fotografados em microscópio óptico Zeiss Standard 20 MC 80.

As espécies são apresentadas em ordem alfabética por seção, de acordo com a

classificação proposta por Barneby (1998). As pranchas foram organizadas por grupos

de espécies semelhantes a fim de facilitar a identificação das mesmas.

As variedades de Calliandra bahiana foram avaliadas através de análise de

similaridade entre espécimes usando 13 caracteres morfológicos (tabela 1). A matriz

resultante encontra­se na tabela 2. Os dados foram analisados com uso do Paup for

Windows usando coeficiente de Jaccard para estimar o nível de similaridade e UPGMA

como método de agrupamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Aspectos morfológicos do gênero Calliandra e sua aplicação na taxonomia das

espécies da Chapada Diamantina

1.1. Hábito

O hábito das espécies de Calliandra encontradas na região são: subarbustos com

caule rizomatoso e parte aérea relativamente pequena (C. semisepulta e C. hygrophila

Fig. 2A); subarbustos ou pequenos arbustos hemicriptófitos com intensa rebrota ao

nível do solo formando touceiras, com cerca de até 50 cm de altura (C. mucugeana e C.

Page 28: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

13

fuscipila); subarbustos ou pequenos arbustos virgados com ramos longos, geralmente

com folhas concentradas ao ápice e pequena ramificação distal (C. paterna, C. sp nova);

arbustos de 1­3m de altura, ramificados na base e ramos virgados (C. elegans);

subarbusto remota a esparsamente foliado, folhas com 1 a 2 pares de pinas, virgado de

(C. debilis, C. longipinna, C. renvoizeana); subarbusto arborescentes amplamente

multifoliolado de 1,5­6m de altura (C. bella, C. pilgeriana); subarbustos a arbustos

subarborescentes ramificados em vários níveis formando uma copa ampla, geralmente

obcônica de 1­5m de altura (C. asplenioides e C.macrocalyx); arbustos a subarbustos

densamente ramificados com ramos escandentes e sobrepostos (C. leptopoda e C.

parvifolia Fig. 2B); subarbustos microfilídios, densamente ramificados (C.

depauperata, C. spinosa).

1.2. Indumento

O indumento apresenta grande variação e importância para o reconhecimento

das espécies de Calliandra da Chapada Diamantina. Os tricomas tectores são,

principalmente, unicelulares (Fig. 3A) e foram reconhecidos dois grupos de acordo com

o tamanho: longos, de 3 a 4mm compr. (Fig. 3B) e curtos, de 0,2 a 1mm compr. (Fig.

3C). Tricomas estrelados (Fig. 3D) são encontrados em apenas em uma espécie da

região, C. stelligera.

Um tipo especial de tricoma que, até o momento, é referido apenas para os

gêneros Calliandra (Renvoize, 1987) e Inga (Pennington, 1997), é caracterizado por um

pedúnculo unisseriado e uma cabeça multisseriada, esta com coloração avermelhada a

amarronzada e a forma variando de capitada (Fig.3E) a elipsóide (Fig. 3F). Renvoize

(1981) e Lewis (1987) denominaram estes tricomas de glandulares mas a sua natureza é,

Page 29: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

14

ainda desconhecida. Como sua ocorrência na epiderme confere à mesma um aspecto

granular, Barneby (1998) propôs o termo tricoma granular para denominá­lo, o que está

sendo adotado neste trabalho. Encontram­se distribuídos na epiderme dos ramos, eixos

foliares, folíolos, pedúnculos, pedicelos, cálice e corola.

As espécies de Calliandra da Chapada Diamantina, apresentam, em geral,

epiderme revestida por alguns dos tipos de tricoma acima descritos, não havendo

nenhuma espécie completamente glabra. O termo glabrescente está sendo usado, neste

trabalho, para denominar um estado de quase glabro, com tricomas tectores muito

esparsos, geralmente cofinados às nervuras de maior porte dos folíolos. Com existe uma

grande discrepância na literatura quanto à plicação de termos relacionados ao tipo de

indumento, estes são apresentados a seguir na forma em que são usados neste trabalho.

Estes termos referem­se apenas ao aspecto relacionados aos tricomas tectores, não

sendo considerados, portanto, os tricomas granulares.

Os principais tipos de indumento encontrados nas espécies da região são:

­ pubérulo: constituído por tricomas curtos, eretos, unicelulares ou estrelados

(C. stelligera), variando em intensidade de densos (p. ex.: ramos e eixos foliares de C.

bahiana, C. asplenioides, C. nebulosa) a esparsos (p. ex.: ramos, eixos foliares, folíolos

e pedúnculos de C. luetzelburgii);

­ lanoso: formado por tricomas longos, eretos a patentes, muito densos (p.ex.: C.

lanata) (Fig. 2D);

­ piloso: quando formado por tricomas longos, macios, eretos e esparsos (p. ex.:

C. hirsuticaulis e C. hirtiflora);

­ velutino: formado por tricomas eretos, densos e longos mas comprimento

menor do que os encontrados no tipo lanoso (p.ex.: C. viscidula);

Page 30: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

15

­ tomentoso: formado por tricomas longos ou curtos, flexuosos e entrelaçados

(p.ex: C. elegans);

­ seríceo: formado por tricomas curtos, adpressos e densos (p. ex.: perianto de C.

bahiana e ramos e folíolos de C. involuta) (Fig. 2C).

1.3. Folhas

As folhas das espécies da área de estudo apresentam, geralmente, filotaxia

dística ou, menos freqüentemente, espiraladas (p. ex.: C. calycina). São sempre

bipinadas, variando de 1­10­jugas, com pinas 8­92­folioladas. Neste trabalho adotou­se

a fórmula foliar utilizada por Barneby (1991) para representar as folhas bipinadas,

sendo o número de pares de pinas pina representado por algarismos romanos e o número

de pares de folíolos por pina por algarismos arábicos. Por exemplo, a fórmula foliar i­

x/4­46, indica uma folha com 1 a 10 pares de pinas e 4­46 pares de folíolos por pina. Os

números apresentados nas descrições correspondem ao de folhas completamente

desenvolvidas em cada espécime.

As folhas não apresentam nectários extraflorais. As estípulas apresentam grande

variação morfológica, podendo se apresentar como: lineares, ca. 6x mais longas do que

largas (p.ex. C. luetzelburgii); lanceoladas a ovais de ápice agudo e base cordada (p.ex.

C. cumbucana); deltóides, com formato triangulat (p.ex. C. longipinna); foliáceas,

quando apresenta uma lâmina ampla e relativamente bem desenvolvidas (p.ex.: C.

viscidula, C. lanata, C. leptopoda).

Os folíolos das espécies de Calliandra encontradas na região são assimétricos e,

na maioria destas, oblongos, quando são até 2­3x mais longos do que largos ou lineares

quando são mais de 3x mais longos do que largos. O ápice varia de arredondado, obtuso

agudo a emarginado. A base é truncada a oblíqua e, freqüentemente, auricalada na

Page 31: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

16

porção externa. Em algumas espécies com folíolos maiores, estes são geralmente

obovados (p.ex. C. germana, C. erubescens, C. semisepulta e C. imbricata). C. harrisii

e C. leptopoda são as únicas espécies da região que apresentam folíolos elipsóides.

Os folíolos apresentam três padrões de nervação, classificados de acordeo com a

terminlogia proposta por Barneby & Grimes (1996) (Fig. 4): (A) pinado­palmado,

caracterizado por apresentar 2 a 3 nervuras partindo do pulvínulo: as nervuras

secundárias que partem da nervura principal são essencialmente pinadas; (B) palmado­

dimidiado, caracterizado por apresentar nervura principal bastante excêntrica

delimitando uma porção do folíolo bastante estreita e com nervuras inconspícuas e uma

porção mais larga com nervuras maiores que partem do pulvínulo; (C) palmado, com

várias nervuras partindo do pulvínulo e nervuras secundárias menores partindo da

nervura principal.

Os folíolos são distribuídos ao longo do eixo da pina sobre de maneiras distintas:

contíguos, quando os folíolos estão dispostos com margens paralelas e contíguas, mas

sem sobreposição (p. ex.: C. calycina); imbricados, quando estão dispostos de modo a

recobrir parte do folíolo seguinte (p. ex.: C. imbricata); esparsos, quando estão

dispostos de modo a não se tocarem nem se recobrirem (p. ex.: C. mucugeana e C.

asplenioides).

1.4. Inflorescência

1.4.1. Unidade da inflorescência

A unidade da inflorescência das espécies de Calliandra é um glomérulo ou, mais

raramente, uma umbela. Ambos se caraterizam pela ocorrência de flores que partem do

ápice de um eixo achatado, sendo estas flores sésseis no primeiro caso e pediceladas no

Page 32: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

17

segundo. São geralmente homomórficas, encontrando heteromorfimos floral apenas em

algumas espécies das seções Androcallis e Microcallis como, por exemplo: C. sessilis,

C. leptopoda, C. harrisii, e C. parvifolia. Estas apresentam flores centrais diferenciadas

das periféricas devido a presença de nectário intraestaminal discóide e um tubo

estaminal relativamente mais longo.

1.4.2.Pedúnculo e brácteas

Os glomérulos e umbelas encontrados nas espécies de Calliandra são

geralmente pedunculados, com exceção de uma única espécie, C. sessilis. Estes

pedúnculos podem apresentar uma a duas brácteas ao longo de seu comprimento (p. ex.:

C. hirtiflora, C. depauperata, C. blanchetii, C. spinosa, C. sincorana) ou serem não

bracteados (p. ex.: C. asplenioides, C. bahiana, C. stelligera, C. coccinea, C.

hirsuticaulis). Além das brácteas pedunculares, podem ocorrer brácteas florais. Estas

brácteas apresentam morfologia semelhante às pedunculares e se localizam na base das

flores. Variam em forma e comprimento, às vezes, essa variação é observada até mesmo

dentro de uma espécie, como é o caso de C. bahiana que apresentam brácteas deltóides

a lanceoladas que variam de 2­10mm de comprimento. Em C. viscidula e C.

renvoizeana as brácteas são lanceoladas, estriadas e relativamente bem desenvolvidas,

8­10 x 5­7mm. C. ganevii e C. hirsuticaulis apresentam brácteas florais lineares a

lanceoladas, 2­3 x 1mm. Em algumas espécies são ausentes como, por exemplo, C.

asplenioides, C. elegans e C. nebulosa.

1.4.3. Arquitetura geral das inflorescências

As unidades de inflorescência podem se apresentar isoladas, em posição lateral,

ou agrupadas em coflorescências, denominadas de pseudoracemos.

Page 33: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

18

As inflorescências laterais isoladas apresentam­se em ramos diferenciados,

denominados de braquiblastos, e caracterizam Calliandra sec. Androcallis (Barneby,

1998). Estes braquiblastos podem ser reconhecidos pela presença de profilos

escamiformes fortemente imbricados na sua base e folhas e/ou inflorescências no seu

ápice. Estes braquiblastos possuem desenvolvimento proléptico e se constituem em

ramos efêmeros que não contribuem para a arquitetura da planta após a frutificação. São

formados por metâmeros vegetativos e reprodutivos (p. ex.: C. sessilis) (Fig. 5A) ou

apenas por reprodutivos (p. ex.: C. bella)

As coflorescências ocorrem principalmente na forma de pseudoracemos

terminais. Estes tipos de inflorescência foram considerados por Barneby (1998) como

característicos de Calliandra sec. Calliandra. Os pseudoracemos caracterizam­se por

um desenvolvimento siléptico dos meristemas que dão origem às unidades de

inflorescência. O padrão básico inclui um desenvolvimento coevo das folhas e

inflorescência de cada metâmero, resultando em pseudoracemos folhosos, cada nó

apresentando uma folha e unidades de inflorescência axilares e fasciculadas, como pode

ser exemplificado por C. coccinea (Fig. 5B) e C. bahiana. Uma situação mais comum é

a supressão das folhas dos nós distais da inflorescência. Este padrão foi descrito por

Grimes (1999) como um caso de histerantia de supressão tardia e resultando em um

pseudoracemo bracteoso terminal (Fig. 5C), como por exemplo, em C. asplenioides. O

grau de supressão das folhas pode resultar em pseudoracemos mais ou menos exsertos

da folhagem. Quando essa supressão ultrapassa o ponto de ramificação distal, o

resultado é uma sucessão de pseudoracemos nos quais os metâmeros são apenas

reprodutivos e o conjunto é denominado de pseudopanícula, seguindo a terminologia de

Barneby (1998), como, por exemplo, em C. lanata, C. lintea e C. elegans (Fig. 5D).

Page 34: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

19

1.5. Flores

As flores são actinomorfas. Na maioria das espécies são pentâmeras ou, menos

freqüentemente, tetrâmeras. Algumas espécies possuem perianto falsamente tetrâmero

ou falsamente trímero pela fusão de alguns dos lobos do cálice ou da corola, como, por

exemplo, em C. coccinea e C. luetzelburgii.

Alguns dos principais caracteres florais úteis para a taxonomia do gênero na

região foi encontrado no cálice. As espécies de Calliandra da Chapada Diamantina

apresentam cálice campanulado a infundibuliforme, a maioria delas com lacínios

deltóides com cerca da metade do comprimento da corola: C. bahiana, C. elegans (Fig.

18D), C. erubescens, C. germana, C. hirtiflora (Fig. 2C), C. semisepulta (Fig. 16K), C.

sessilis (Fig. 9I­J), C. stelligera (Fig. 16O). Algumas das espécies estudadas

apresentaram particularidades que são de grande importância para a sua identificação

taxonômica. Em algumas espécies os lacínios são muito longos em relação ao

comprimento da corola como em C. coccinea (Fig. 12D), com lacínios longamente

acuminados, C. viscidula (Fig. 18J), C. ganevii (Fig. 19F) e C. hirsuticaulis (Fig. 13L).

Em C. lanata os lacínios são deltóides mas o cálice chega a recobrir quase totalmente a

corola (Fig. Fig. 18G). Já em C. asplenioides (Fig. 6C), C. bella (Fig. 9C), C. fuscipila,

C. luetzelburgii (Fig. 6D), C. nebulosa (Fig. 6C), C. harrisii (Fig. 11C), C. leptopoda

(Fig. 11H) e C. spinosa (Fig. 10K) o cálice é bastante curto, com cerca de apenas 1/3 do

comprimento da corola. Algumas espécies apresentam ainda outras diferenciações no

cálice como é o caso de C. harrisii (Fig. 11C), que apresenta o cálice giboso; C.

mucugeana (Fig. 12L), com cálice anguloso, conferindo­lhe um aspecto quandrangular,

C. blanchetii e C. feiona, com cálice ligeiramente dilatado na base.

A corola apresenta lacínios geralmente oblongos e eretos, raramente reflexos (C.

macrocalyx) (Fig. 7B) ou côncavos (p. ex.: C. lintea). Podem apresentar estrias

Page 35: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

20

proeminentes (C. sessilis) e a textura varia de membranácea com uma fina nervação

aparente (C. spinosa, C. pilgeriana) a carnosa, na maioria das espécies.

O androceu é formado por 10­15 (C. depauperata) a mais de 50 estames (demais

espécies) unidos, formando um tubo estaminal que varia de ca. 2mm compr. em C.

depauperata e C. spinosa a 5­15mm na maioria das espécies.

O termo estemonozone foi introduzido por Lewis & Elias (1981) para designar

uma porção fundida do tubo estaminal com a base da corola. Apesar deste temo ter sido

proposto para grupos da tribo Mimoseae, esta condição aparece também em grupos de

Ingeae, tendo sido adotado por Barneby & Grimes (1996, 1997) e Barneby (1998). Em

algumas espécies como, por exemplo, C. bahiana (Fig. 13B), C. lanata e C.

semisepulta, o estemonozone apresenta­se internamente nectarífero.

O ovário é, geralmente, obovado, exceto em C. feiona que é globoso. O ovário é

freqüentemente glabro ou o indumento varia de pubérulo, piloso a velutino. O número

de óvulos varia de 5 a 10. C. lanata e C. depauperata são as únicas especies da região

que apresentam o ovário estipitado, o estipe variando de ca. 2mm compr. em C. lanata e

ca. de 0,5mm em C. depauperata. O estilete apresenta sempre posição subterminal.

Em C. parvifolia, C. sessilis, C.depauperata e C. leptododa foi detectada a

presença de um nectário intraestaminal estruturado, discóide, presente apenas nas flores

centrais.

1.6. Fruto

O fruto não apresenta muita variação morfológica dentre as espécies de

Calliandra encontradas na Chapada, diferindo apenas em tamanho e indumento. É um

legume linear­oblanceolado com ápice arredondado, mucronado, base cuneada e

margens espessadas, elasticamente deiscente do ápice para a base por ambas as margens

Page 36: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

21

(Fig. 7D). Apresenta valvas coriáceas a lenhosas com o indumento variando de

glabrescente a densamente velutino ou, ocasionalmente, glabro.

1.7. Semente

A semente assim como o fruto também não possui muita variação morfológica,

variando apenas no tamanho e, poucas, vezes na forma de obovada a arredondada (Fig.

7D). Apresenta testa lisa, de coloração ocre a amorronzada e pleurograma oval a

elíptico.

2. Taxonomia

Foram encontradas, na região, 42 espécies divididas em 3 seções: (1) Calliandra

sec. Androcallis: C. bella, C. blanchetii, C. depauperata, C. harrisii, C. macrocalyx, C.

parvifolia, C. pilgeriana, C. sessilis e C. spinosa; (2) Calliandra sec. Microcallis: C.

leptododa, e (3) Calliandra sec. Calliandra: C. asplenioides, C. bahiana, C. calycina,

C. coccinea, C. crassipes, C. cumbucana, C. debilis, C. elegans, C. erubescens, C.

feioana, C. fuscipila, C. ganevii, C. geraisensis, C. germana, C. hirsuticaulis, C.

hirtiflora, C. hygrophila, C. imbricata, C. lanata, C. lintea, C. longipinna, C.

luetzelburgii, C. mucugeana, C. paterna, C. pubens, C. renvoizeana, C. nebulosa, C.

semisepulta, C. sincorana, C. spinosa, C. stelligera e C. viscidula.

Calliandra Benth., J. Bot. 2: 138. 1840, nom. conserv. Espécie­tipo: C. houstoniana

(Mill.) Standl.

Anneslia Salisb., Parad.Lond. 64. 1807, nom. rejic.

Arbustos ou arvoretas, algumas vezes subarbustos eretos ou prostados com ou

sem tricomas granulares; estípulas presentes, caducas ou persistentes. Folhas bipinadas,

Page 37: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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1­multijugas. Inflorescências glomérulos ou umbelas, isolados e laterais em

braquiblastos ou terminais e fasciculados em pseudoracemos ou pseudopanículas. Flores

sésseis, subsésseis ou pediceladas; cálice campanulado a infundibuliforme, lacínios

deltóides a acuminados, com ou sem tricomas granulares; corola campanulada a

infundibuliforme, lacínios oblongos, obovais, arredondados a agudos, com ou sem

tricomas granulares; androceu monadelfo com filetes relativamente longos, soldados

em um tubo que às vezes apresenta a base da parede interna nectarífera, vistosos,

brancos, róseos, vermelhos ou bicolores (brancos na base e róseos no ápice); nectário

intraestaminal discóide presente ou não; estemonozone presente; ovário geralmente

obovado, séssil, estigma capitado. Legume linear­oblanceolado com margens

espessadas, elasticamente deiscente do ápice para a base por ambas as margens; valvas

coriáceas a lenhosas, glabras a densamente velutinas.

Chave para identificação das espécies do gênero Calliandra da Chapada

Diamantina

1. Folhas com 1 ou 1­2 pares de pinas

2. Estípulas amplas, foliáceas, 8 ­ 25 mm compr.; flores com comprimento

total de ca. 7 mm e perianto de ca. 2,8mm; pedicelos mais longos do que

as flores, 8­9mm compr. ............................................................................................................................ C. leptopoda

2’. Estípulas menores; flores com perianto ca.11mm compr.; pedicelos

curtos, de no máximo 6 mm ou flores sésseis

3. Pina com exatamente 3 folíolos, cada folha, portanto, 6­foliolada ................................. C. harrisii

3’. Pina com mais de 3 folíolos

4. Inflorescência lateral aparecendo em braquiblastos revestidos por

profilos escamiformes

Page 38: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

23

5. Pina de 3,5­7,5cm compr.; inflorescência séssil ................................................................... C. sessilis

5’.Pina de 0,5­4cm compr.; inflorescência pedunculada

6. Estípulas setiformes de até 1mm compr.; folíolos 1,2­3mm compr;

flor ca. 6mm compr., com até 15 estames ................................................................... C. depauperata

6’. Estípulas lanceoladas a lineares 3­8 x 0,6­1,4mm; folíolos 3,5­

5mm compr; flores 18­53mm compr., com mais de 50 estames nas

flores periféricas

7. Ramos com ápice pungente, espinescente; flores sésseis de até

3cm compr.; perianto ca. 3mm compr. ................................................................................. C. spinosa

7’. Ramos com ápice não espinescente; flores pediceladas ca. 5,3cm

compr.; perianto ca. 8mm compr. ....................................................................................... C. blanchetii

4’. Glomérulos agrupados em racemos ou pseudoracemos terminais;

braquiblastos ausentes

8. Indumento de tricomas estrelados ........................................................................................ C. stelligera

8’.Tricomas estrelados ausentes

9. Folíolos obovais a oblanceolados com nervação palmada, pinas

com 2­10 pares de folíolos

10. Arbustos de 1­2m de altura; pinas com 4­8 pares de folíolos

11. Perianto sem tricomas granulares ........................................................................ C. erubescens

11’. Perianto com tricomas granulares ........................................................................... C. germana

10’. Subarbustos de até 50cm ou plantas prostadas; pinas com 1­3

pares de folíolos

12. Subarbustos com caule profusamente ramificado; folíolos

oblanceolados, pedúnculos maiores com ca. 1cm; perianto

glabro ......................................................................................................................................... C. hygrophila

Page 39: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

24

12’. Subarbustos rizomatosos com ramos aéreos pouco

ramificados; folíolos obovados; pedúnculos maiores com ca.

4,5cm; perianto com tricomas granulares ........................................................... C. semisepulta

9’. Folíolos oblongos a lineares com nervação palmada­dimidiada,

pinas de 12­44 pares de folíolos

13. Folíolos convexos

14. Folha com superfície adaxial rugosa a bulado .................................................... C. involuta

14'. Folha com superfície adaxial lisa a reticulada .......................................... C. asplenioides

13’.Folíolos planos

15. Pinas das folhas maiores com 8 a 17 pares de folíolos

16. Estípulas foliáceas 10 x 3 mm ..................................................................................... C. ganevii

16’. Estípulas lanceoladas de 2,5­5 x 0,5­1,5mm

17. Brácteas pedunculares presentes ....................................................................... C. sincorana

17’. Brácteas pedunculares ausentes ................................................................. C. luetzelburgii

15’. Pinas das folhas maiores com 20 a 40 ou mais pares de

folíolos

18. Folhas sésseis, ascendentes

19. Folhas espiraladas; tricomas granulares presentes no ramo,

eixo foliar, folíolo, pedúnculo e perianto ............................................................. C. calycina

19'. Folhas dísticas; tricomas granulares ausentes ....................................... C. geraisensis

18’. Folhas pecioladas (pecíolo 2­15mm), não ascendentes

20. Estípulas deltóides, ca.1,5­2 x 1mm ............................................................ C. longipinna

20’. Estípulas lanceoladas de 5­10 x 3­6mm

21. Arbusto virgado ca. 3m alt.; ramo e perianto glabros .............................. C. debilis

Page 40: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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21’. Subarbusto virgado de 0,5­1,5m alt.; ramo e perianto

com tricomas granulares

22. Pecíolo 2­3mm compr. ................................................................................ C. renvoizeana

22’. Pecíolo 10­15mm compr .................................................................................... C. paterna

1’. Folhas com 3 ou mais pares de pinas

23. Inflorescência lateral surgindo em braquiblastos protegidos por profilos

escamiformes

24. Folhas com 3 pares de pinas; flores ca. 6mm compr., com até 15

estames ...................................................................................................................................................... C. depauperata

24’. Folhas com 3 ou mais pares de pinas; flores 20­70mm compr., com

mais de 50 estames

25. Flores relativamente grandes, cálice 10­14 mm compr. revestido por

indumento branco e lanoso ........................................................................................................... C. macrocalyx

25’. Flores relativamente pequenas com cálice de até 5mm compr

26. Pina 5­7mm compr.; folíolos ca. 2 x 0,5mm; corola de 3­5 mm

compr.; filetes bicolores, brancos na base e róseos no ápice .................................... C. parvifolia

26’. Pina com 30­60mm compr.; folíolos de 3­6 x 1mm; corola 9­

14mm compr.; filetes de coloração uniforme, branca .............................................................. C. bella

23’. Inflorescência em racemos ou pseudoracemos terminais

27. Indumento de tricomas estrelados ............................................................................................... C. stelligera

27’. Tricomas estrelados ausentes

28. Folhas com 3­4 pares de pinas

29. Estípulas amplas, foliáceas, ovais a lanceoladas, 9­20mm compr.;

ramos densamente velutinos, de tricomas amarelados ................................................... C. viscidula

Page 41: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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29’. Estípulas de até 6mm, se maiores então, estípulas lineares; ramos

glabrescentes a pubérulos

30. Dentes do cálice deltóides a obtusos, mais curtos do que o tubo

31. Pecíolo 10­20mm compr.; pinas longas, 7­14cm compr.;

glomérulos agrupados em inflorescências ramificadas, laxas,

longamente exsertas ......................................................................................................................... C. elegans

31’. Pecíolo 2­5(­10)mm, pinas mais curtas, 3­5cm; glomérulos em

pseudoracemos terminais curtos, parcialmente revestidos pela

folhagem

32. Folíolos planos, lineares, 1­1,5mm larg., com ápice agudo;

lacínios do cálice e da corola pubescente no ápice ..................................................... C. pubens

32’. Folíolos convexos, oblongos, 2­3mm larg., com ápice

arredondado; perianto glabro a glabrescente ...................................................... C. asplenioides

30’. Dentes do cálice estreitamente triangulares a subulados, mais

longos do que o tubo

33. Folíolos com margem revoluta e face adaxial rugosa a bulada; 9­

15 pares de folíolos por pina ..................................................................................................... C. involuta

33’. Folíolos planos; 17­40 pares de folíolos por pina

34. Pedúnculo sem brácteas, 2­7(­15)mm compr.; pinas 2­3,5cm;

folíolos 3­4,5mm; estames vermelhos ............................................................................ C. coccinea

34’. Pedúnculo bracteado, 25­80mm compr.; pinas 3,5­6cm;

folíolos de pelo menos 7mm compr; estames brancos

35. Estípulas de 5­11mm compr. ...................................................................................... C. hirtiflora

35'. Estípulas de 2,5­4mm compr. ................................................................................... C. sincorana

28’. Folhas com mais de 4 pares de pinas

Page 42: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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36. Lobos do cálice lanceolados, maiores do que o tubo

37. Estípulas e brácteas ovais, foliáceas; ramos densamente velutinos

com tricomas amarelados ............................................................................................................. C. viscidula

37’. Estípulas e brácteas triangulares a lineares; ramos glabros a

pilosos

38. Folhas pecioladas, pecíolo 10­20mm; pinas 5­7cm ............................................. C. hirtiflora

38’. Folhas subsésseis, pecíolo 2­5mm; pinas 1­4,5cm

39. Pedúnculo das inflorescências distais 18­35mm; perianto com

tricomas granulares densos ................................................................................................... C. crassipes

39’. Pedúnculo das inflorescências distais 10­15mm; perianto

piloso, com tricomas brancos e alguns tricomas granulares

esparsos ..................................................................................................................................... C. hirsuticaulis

36’. Lobos do cálice deltóides a obtusos, menores do que o tubo

40. Estípulas suborbiculares, amplas, ca. 15­20 x 15­20mm; ramos

jovens, estípulas e pedúnculo densamente revestidos por indumento

branco, lanoso a seríceo ....................................................................................................................... C. lanata

40’. Estípulas ovais, lineares a deltóides, significativamente menores,

de no máximo 6 mm compr. e 3 mm larg.

41. Pseudoracemos longamente exserto de folhagem, com 1/3­1/2

basal do eixo estéril

43. Pecíolo 10­20mm; 4­5 pares de pinas ........................................................................... C. elegans

43’. Pecíolo 3­5mm; 9­13 pares de pinas ................................................................................. C. lintea

41’. Pseudoracemos pouco ou não exserto de folhagem

44. Perianto glabro ou esparsamente puberulento e/ou tricomas

granulares esparsos

Page 43: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

28

45. Ramos e eixos foliares glabros; folíolos oblongos, 12­22

pares por pina, com ápice arredondado; subarbusto de até 60cm,

formando touceiras ........................................................................................................... C. mucugeana

45’. Ramos e eixos foliares pubérulos e com tricomas granulares;

folíolos obovados ou lineares, 23­48 pares por pina, com ápice

obtuso a arredondado; arbustos eretos 1,5­3m

46. Folíolos obovados; estames vermelhos ......................................... C. imbricata

46'. Folíolos lineares; estame alvos .......................................................C. nebulosa

44’. Perianto densamente revestido por tricomas granulares e,

ocasionalmente, também por tricomas tectores esbranquiçados

47. Pedúnculo de 3­10mm compr; folíolos 2­3,5mm compr.;

ramos, folhas e pedúnculos densamente revestidos por tricomas

granulares que conferem à planta um aspecto ferrugíneo;

estames vermelhos ................................................................................................................... C. fuscipila

47’. Pedúnculo 25­60mm; folíolos 2,4­8mm; ramos revestidos

por tricomas esbranquiçados; estames brancos

48. Cálice 1,5­2,5mm e corola 5­7mm compr. ......................................................... C. feioana

48’. Cálice 3­8mm e corola 9­11mm compr. ............................................................ C. bahiana

1.1 Calliandra sec. Androcallis Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 21. 1998.

Espécie­tipo: Calliandra laxa (Willd.) Benth.

1. Calliandra bella Benth., London J. Bot. 3: 110, 1844. Lectótipo (designado por Renvoize, 1981): “Brazil, Vila Nova de Almeida, Martius”, Sello s.n. (K !). Figura 9A­C.

Arbusto ca. 3m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos pubérulos e com

tricomas granulares. Filotaxia dística. Estípulas lanceoladas, coriáceas, 5­10 x 2­4mm.

Page 44: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Folhas viii­ix/39­51; pecíolo 1­2cm compr.; raque 5,5­8cm compr.; pinas equilongas a

decrescentes do centro para o ápice, 4­6cm compr.; folíolos, contíguos, 5­6 x 1mm,

coriáceos, lineares, ligeiramente falcados, ápice agudo, base assimétrica, auriculada no

lado externo, face adaxial glabra, face abaxial discolor, pilosa e com tricomas

granulares vermelhos, margem ciliada, nervação palmado­dimidiada, nervura principal

excêntrica. Inflorescências em glomérulos pedunculados, isolados, localizados em

braquiblastos laterais, densamente revestidos por profilos imbricados; pedúnculo ca.

1,5­5mm compr., brácteas, lanceoladas a lineares, 3­5 x 0,5­1mm. Brácteas florais

ausentes. Flores pentâmeras, homomórficas, subsésseis, pedicelo ca. 1mm compr.;

cálice campanulado, estriado, seríceo e com tricomas granulares, tubo ca. 3mm compr.,

lacínios deltóides, obtusos a agudos, ca. 2mm compr.; corola campanulada, serícea e

com tricomas granulares, tubo ca. 9mm compr., lacínios agudos, ca.5mm compr;

estames brancos com ápice rosado, estemonozone 1,8­2,5mm compr., tubo estaminal ca.

5mm compr., filetes livres por 45­65mm compr.; nectário intraestaminal ausente; ovário

cilíndrico, seríceo no ápice, ca. 3mm compr. Legume (descrito a partir de material de

Ilhéus) linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, 8­11 x 1­1,5

cm, valvas lenhosas, margens espessas, glabrescente a densamente piloso com tricomas

ferrugíneos. Semente oblonga a arredondada, 10­12 x 5­6 mm, testa lisa, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, estrada de Abaíra a Piatã, 17.Ago.92, W. Ganev s.n. (HUEFS). Palmeiras, ca. de 20km sul de Palmeiras, próximo a Capão, 19.Jul.85, R. Kral et al. 72800 (CEPEC). Rio de Contas, Serra do Sumidouro,

aproximadamente a 8km ao sudeste da cidade de Rio de Contas, na Fazenda Marion,

córrego de Baeta, 10.Jul.95, S. J. Mayo & A. Brandão 1080 (CEPEC). Mater ial adicional: BRASIL, Bahia: Camamú, estrada Travessào – Camamú, Km

25, 18.Mai.85, G.Martinelli et al. 11044 (CEPEC, RB). Cravolândia, 5 Km S do povoado de Três Braços, ao longo do Rio Piabinha. Ilhas do Rio, 29.Mai.94, E. Melo

1049 (HUEFS). Ilhéus, km 35 na estrada Ilhéus/Serra Grande, 22.Out.83, A.M. de Carvalho et al. 2006 (CEPEC); rodovia para Una – km 35, ca. de 5km após o entroncamento, 06.Set.90, fr., H.C. de Lima et al. 3868 (CEPEC, RB); próximo a Vila Brasil, 10km W da junção a BA001, ca. 40km S de Ilhéus, 10.Mai.93, W.W. Thomas et al. 9848 (CEPEC); oeste da Mata da Esperança, 28.Set.94, W.W. Thomas et al 10711 (CEPEC, HUEFS); Mata da Esperança, 25.Ago.94, A.M. de Carvalho et al 4609 (CEPEC, HUEFS); Entrocamento estrada Ilhéus­Uma­ Vila Brasil, Km 3, 19.Set.92, L.

Page 45: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Coradin 8668 (HUEFS); Ramal a Vila Brasil, km 28 da rodovia Ilhéus – Una, s.d., M.Sobral & L.A. Mattos Silva 5532 (MBM, UFRGS – Porto Alegre). Itacaré, 6,7km S

da junção com BA 654 a “Loteamento Marambaia”, próximo a Serra Grande, 6km W de

Itacaré, 02.Mai.93, W.W. Thomas et al. 9787 (CEPEC, MBM, SP); rodovia Itacaré –

Ubaitaba, 10.Abr.70, T.S. dos Santos 682 (CEPEC); 12.Mai.66, R.P.Belém & R.S.

Pinheiro 2180 (CEPEC). Mascote, km 7 da estrada que liga Mascote à rodovia BR 101,

via Povoado de Estica, 25.Out.88, L.A. Mattos­Silva et al. 2600 (CEPEC, RB). Porto Seguro, km 17, no ramal para Vale Verde, com estrada no povoado de Vera Cruz,

situado no km 41 da rodovia Porto Seguro­Eunápolis ­BR 367, 16.Jun.80, L.A.M. Silva

& H. da S. Brito 827 (ALCB, CEPEC, HRB); Reserva Florestal Brasil Holanda, ramo Vicinal da Rodovia de Eunápolis para Porto Seguro, na altura do Km 22. Acesso por

Vera Cruz, ca. 15 Km a partir da rodovia, 16.Mai.00, P. Fiaschi 264 (HUEFS); Ca. 22 Km do entrocamento da BR 367, BA001, estrada para o Arraial da Ajuda. Entrada da

Faz. Santa Rita, 29.Mai.00, R.P. Oliveira (HUEFS). Santa Cruz de Cabrália, Reserva florestal de Vera Cruz, 23.Ago.94, M.L. Guedes & F. Navarro 3428 (ALCB, CEPEC); 13.Jul.66, R.P. Belém & R.S. Pinheiro 2555 (CEPEC, UB); 24.Set.68, J.Almeida & T.S. dos Santos 104 (CEPEC); estrada velha para Santa Cruz de Cabrália, entre a Estação

Ecológica Pau­Brasil e Santa Cruz de Cabrália, ca. de 15km a NW de Porto Seguro,

16.Mai.79, S.A. Mori et al. 11861 (CEPEC, RB). Una, km 3 a 8 da Rodovia Una – Olivença, 10.Set.74, T.S. Santos 2790 (CEPEC); Reserva Ecológica do Mico­leão ­

IBAMA, entrada no km 46 da rodovia BA 001, 28.Jun.93, A.M. de Carvalho 4258

(CEPEC, HRB, MBM); Reserva Ecológica do Mico­leão ­IBAMA, entrada no km 46

da rodovia BA 001, 26.Mai.93, A.M. Amorim 1288 (ALCB, HUEFS, MBM);

26.Mar.92, A.M. Carvalho 3940 (HUEFS, MBM). Vera Cruz, rodovia Porto Seguro –

Eunápolis a 41km W da Estação Ecológica do Pau­Brasil ­ESPAB ­ estrada de terra

para Vale Verde, km 17 entrada à direita, estrada de terra a 4 km, 09.Mai.91, G.P.Lewis

et al. 2025 (CEPEC, MBM). Wenceslau Guimarães, próximo à Três Braços, 13,2km

de Nova Esperança, 15.Mai.92, W.W. Thomas et al. 9386 (ALCB, CEPEC, RB); vale do Samambamai, V/96, A.E. Brina et al. s/n (BHCB ,SP).

C. bella é uma espécie endêmica do estado da Bahia e sua distribuição geográfica mostra uma disjunção entre as áreas elevadas da Chapada Diamantina e as

restingas do litoral sul da Bahia. Esta distribuição ilustra o padrão disjunto entre os

campos rupestres da Cadeia do Espinhaço e as restingas litorâneas discutido por

Page 46: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Giulietti & Pirani (1988). Floresce nos meses de fevereiro a maio e de julho a

dezembro. Material encontrado em frutificação nos meses agosto e setembro.

Dentre as espécies pertencentes a seção Androcallis, C. bella assemelha­se mais a C. pilgeriana pelas pinas com número elevado de folíolos (54 a 102), pela disposição contígua dos folíolos na pina e por apresentar folíolos com faces abaxiais discolores.

Porém, difere desta por apresentar maior número de pares de pinas (8­9, enquanto C. pilgerina apresenta 4­5 pares), por apresentar flores subsésseis, pedicelo curto ca. 1mm (C. pilgeriana possui pedicelos relativamente longos, 4­5mm) e estames brancos (C. pilgerina possui estames coccíneos).

2. Calliandra pilgeriana Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 204, 1908. Tipo: Bahia: Serra do São Ignacio (= Sa. Açuruá), Ule 7530 (holótipo: B ­ destruído; isótipo: HBG). Figura 9D­F.

Arbusto ca. 1,0m alt.; braquiblastos, nos quais se inserem folhas e

inflorescências; profilos lanceolados, ca. 6 x 1mm, densamente imbricados na base dos

braquiblastos; ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos; filotaxia dística. Estípulas.

Folhas iv­v/27­47; pecíolo ca.1cm compr.; raque 2,5­3,5cm compr.; pinas, as distais

ligeiramente maiores, 3,0­5,5cm compr.; folíolos contíguos, decrescentes proximal e

distalmente, os medianos, 3­5 x 0,8­1,2 mm, coriáceos, oblongos, ápice obtuso a

arredondado, base assimétrica, face adaxial glabra, face abaxial pilosa, discolor, nervura

principal ligeiramente excêntrica. Inflorescências em umbelas laterais; pedúnculo 35­

40mm compr. bracteado, brácteas lanceoladas 2­2,5 x 1mm; brácteas florais não vistas.

Flores homomórficas, pentâmeras, pediceladas, pedicelo 4­5mm compr.; cálice

campanulado, amarelo­esverdeado, pubérulo, tubo ca. 1mm compr., lacínios deltóides

ca. 0,5mm compr.; corola campanulada, amarelo­esverdeada, pubérula, tubo ca. 6mm

compr., lacínios oblongos, ca. 3mm compr.; estames coccíneos, estemonozone ca. 4mm

compr, tubo estaminal ca. 7mm compr. base da parede interna do tubo nectarífera,

filetes livres por ca. 50mm compr., anteras esverdeadas; nectário intraestaminal ausente;

ovário obovado, glabro, ca. 3mm compr. Fruto linear­oblanceolado, ápice obtuso,

mucronado, base atenuada, ca. 7,5 x 1cm, valvas lenhosas,velutinas. Semente ca. 10 x

6mm, oboval, testa óssea, lisa, ocre e pleurograma elíptico.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Gentio do Ouro, Serra do Açuruá, estrada

para Xique­Xique, 02km antes de Santo Inácio, 10.Out.90, H.C. de Lima et al. 3953

Page 47: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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(RB). Santo Inácio, 1km saindo de Santo Inácio, 06.Set.99, K.R.B. Leite et al. 30 (HUEFS).

Mater ial adicional: BRASIL, BAHIA: Xique­Xique, próximo a Xique­Xique,

24.Jun.96, M. L. Guedes PCD 3022 (ALCB, CEPEC).

C. pilgeriana é uma espécie que ocorre na Chapada Diamantina, restrita ao

extremo noroeste, na porção norte da Serra do Açuruá. Foi encontrado materiais floridos

e frutificados nos meses de setembro e outubro. C. pilgeriana assemelha­se a C. bella pela posição lateral da inflorêscência,

pelas pinas com número elevado de folíolos (54 a 102), pela disposição contígua dos

folíolos na pina e por apresentar folíolos com faces abaxiais discolores. Porém, difere

desta por apresentar menor número de pares de pinas (4­5, enquanto C. bella apresenta 8­9 pares), por apresentar flores com pedicelos relativamente longos, 4­5mm (C. bella possui flores subsésseis, pedicelo curto ca. 1mm) e estames coccíneos (C. bella possui

estames brancos).

3. Calliandra sessilis Benth., J. Bot. 2: 141, 1840. Tipo: Brasil, Bahia: Serra Açuruá, Blanchet 2816 (holótipo: K­Benth.!; isótipos: B, K­Hook. !, NY). Figura 9G­K.

Subarbusto virgado, com ramos aéreos 30­70cm alt. emergindo de rizomas

subterrâneos, espessos, ca. 3,0 cm diâm.; ramos e eixos foliares pubérulos a

glabrescentes e com tricomas granulares; braquiblastos axilares guarnecidos na base por

profilos setiformes, imbricados, 6­10mm compr.; filtotaxia dística. Estípulas

lanceoladas 3­8 x 1­2mm. Folhas i/19­35, sub­sésseis; pecíolo 1­5mm compr.; pinas

3,5­7cm compr. folíolos imbricados, mais ou menos equilongos com os distais menores,

7­12 x 2­3mm, coriáceos, oblongos a lanceolados, ligeiramnete falcados, ápice

arredondado a agudo, base oblíqua, semicordada, face adaxial pubérula, face abaxial

pubérula e com tricomas granulares, margem cerdosa, nervação palmada, nervura

principal excêntrica. Brácteas florais lanceladas ca. 3 x 2mm. Glomérulos laterais,

sésseis, isolados emergindo de braquiblastos; bractéolas florais em número de duas,

unidas, ca. 2mm, oblongas a lanceoladas, estriada, pilosa. Flores heteromórficas,

pentâmeras, sésseis. Flores periféricas com cálice campanulado, estriado, com tricomas

granulares, tubo 2­2,5mm compr., lacínios deltóides, ciliados, 0,5­1mm compr.; corola

Page 48: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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campanulada, estriada, alva, com tricomas granulares avermelhados, tubo ca.3,5mm

compr., lacínios obtusos, róseos, ciliados, 1,5­2mm compr.; estames bicolores, alvos

com porção terminal rósea, estemonozone 0,8­1,5mm compr. tubo estaminal incluso na

corola, 4­5mm compr., filetes livres por ca. 25mm compr., anteras vináceas; nectário

intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, 1­1,5mm compr. Flores centrais com

cálice tubuloso, estriado, tubo ca. 3mm compr., pubérulos, lacínios deltóides, pilosos,

ca. 1mm compr.; corola campanulada, estriada, alva, tubo ca.5mm compr., lacínios

oblongos, pilosos, ca. 2mm compr.; estames bicolores, alvos com porção terminal rósea,

tubo estaminal exserto da corola, 13­15mm compr., filetes livres por 20­25mm compr.,

anteras vináceas; nectário intraestaminal presente, ca. 1 x 1,8mm; ovário obovado,

glabro, ca. 2mm compr. Fruto linear­oblanceolado, ápice agudo, mucronado, base

atenuada, 10­11 x 1cm, valvas lenhosas, tomentosas. Semente oboval, ca. 10 x 6 x 3

mm, testa óssea, lisa, amarronzada.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Abaíra, Boa Vista, 28.Nov.93, fl., W. Ganev 2587 (HUEFS, SPF); Boa Vista, 28.Nov.93, fr., W. Ganev 2600 (HUEFS, SPF); caminho Boa Vista­Riacho Fundo, pelo Toucinho, 27.Jan.94, W. Ganev 2904 (HUEFS, SPF); estrada para Catolés, ca.5km do entroncamento com a estrada Boninal­Abaíra,

18.Abr.98, L. P. de Queiroz 4992 (HUEFS); Gerais do Pastinho, 28.Fev.92, B. Stannard H 51661 (HUEFS, CEPEC, SP, SPF); Perto de Ouro Verde, ponte sobre rio Toboró, 8.Jan.1999, R.M.Harley 53408 (HUEFS). Andaraí, Entre Andaraí e Igatú, 24.Jan.80, R. M. Harley 20551 (SPF); 15­20km de Andaraí, na estrada para Itaeté, 13.Fev.77, R.M. Harley 18630 (RB). Bar ra da Estiva, estrada Barra­Mucugê, km 79, 04.Jul.83, L. Coradin 6463 (CEN, HUEFS); ca. 14 Km N de Barra da Estiva perto de Ibocoara, 02.Fev.74, R. M. Harley 15843 (CEPEC, SPF); Serra do Sincorá, Oeste de Barra da Estiva na rodovia para Jussiape, 22.Mar.80, R.M. Harley 20731 (CEPEC, SPF). Caetité, km 6 da estrada Caetité a Brejinho das Ametistas, 15.Abr.83, A. M. de Carvalho 1758 (CEPEC, RB); 18.Fev.92, A. M. de Carvalho 13686 (CEPEC); 09.Abr.80, R. M. Harley 21096 (HUEFS, SPF, CEPEC); caminho para Licínio de Almeida, 10.Fev.97, B. Stannard et al. PCD 5347 (ALCB, CEPEC, HUEFS, SPF); 12­ 20 Km da cidade em direção a Brejinho das Ametistas, 8.Mar.1994, V.C.Souza 5345

(HUEFS, SPF); Palmeira, 16.Jan.1997, G.Hatschbach et al. 65849 (CEPEC); Estrada Caetité­Guanambi, 31.Mar.84, C.B.de A.Bohrer 28 (HRB). Campo Formoso, 26.Jun.83, L. Coradin 6078 (HUEFS). Iraquara, 22.Jul.93, L. P. de Queiroz 3385

Page 49: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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(HUEFS). Jacobina, Serra do Tombador, 20.Fev.93, A. M. de Carvalho 4158 (CEPEC, HUEFS). J ussiape, Capão da Volta, estrada para Jussiape, 18.Mai.1999, V.C.Souza 22728 (HUEFS). Lençóis, Entroncamento BR­242, Boninal, Km 14, 14.Set.92, L. Coradin 8619 (CEN, HUEFS). Morro do Chapéu, 16.Mar.90, A. M. de Carvalho s.n. (CEPEC); 16.Jan.77, G. Hatschbach 39662 (CEPEC, MBM); 08.Set.91, H. C. de Lima

s/n (HUEFS); ca. 12km SE de Morro do Chapéu na BR 052 (estrada do feijão),

25.Jul.93, L. P. de Queiroz 3442 (HUEFS, MBM); 18.Jun.94, L. P. de Queiroz 4006 (HUEFS); 15 Km L de Morro do Chapéu, 1.Mai.1999, F.França 2803 (HUEFS); Rodovia para Utinga ramal para a torre da Telebahia, 8.Set.1990, H.C.de Lima et al.

3896 (CEPEC, RB); Ca. 3 Km S da cidade na estrada para Wagner, 16.Mar.90, A.M.de Carvalho et al. 2836 (CEPEC, HRB, MBM, SPF). Mucugê, 04.Fev.74, R. M. Harley 15978 (HUEFS, CEPEC, RB); 15 km do Riacho de Cima na estrada para Mucugê,

17.Dez.84, G. P. Lewis 7036 (HUEFS, CEPEC, SPF); estrada Mucugê­Andaraí,

17.Dez.84, G.P. Lewis 7100 (HUEFS, MBM, MO, K, SPF). Palmeiras, Estrada entre

Palmeiras e Mucugê, ca. 1km N de Guiné de Baixo, 19.Fev.94, R.M. Harley CFCR 14253 (SPF). Piatã, Ca. 9km de Piatã, 15.Fev.87, R.M.Harley et al. 24230 (F, K, MBM,

SPF); Próximo à Serra do Gentio, 21.Dez.84, G.P. Lewis CFCR 7417 (SPF). Rio de

Contas, Ca. 1 Km de Rio de Contas, 15.Jan.74, R. M. Harley 15039 (CEPEC, HUEFS); 29.Out.88, R.M. Harley 25746 (CEPEC, HUEFS); Caminho da Ponte do Coronel para o Município de Rio de Contas, ca. 05 Km, 28.Nov.2000, M.J.S.Lemos 131 (HUEFS); Serra do Marcelino, 2.Jul.1997, L.Passos 4844 (ALCB, HUEFS, CEPEC); Estrada para

livramento ca. 1 Km de Rio de Contas, 15.Nov.1998, M.M.da Silva 185 (HUEFS); Estrada para Jussiape, 24.Mar.1988, S.Ginzbarg et al. 874 (ALCB, CEPEC); Estrada para o Pico das Almas, 23.Ago.2000, E.R.Souza 31 (HUEFS); Ca. 5 Km na estrada da cidade para Pico das Almas, 27.Dez.97, A.M.de Carvalho et al. 6332 (CEPEC, HRB); Ao longo da estrada para a torre de televisão em cima da serra Marsalina, 26.Mar.96,

S.Mayo et al. 1172 (CEPEC); 9 Km SW de Mucugê na rodovia Cascavél para Rio

Paraguaçu, 4.Fev.74, R.M.Harley 15978 (CEPEC); Aeroporto, 21.Jan.1984, G.Hatschbach 47424 (CEPEC, MBM); Pico das Almas, 3.Mar.94, S.Atkins et al. 14759 (CEPEC, SPF); Estrada para o Pico das Almas, 10.Abr.99, L.C.Forzza et al. 1198 (NY, SPF, HRB); 13.Dez.84, G.P. Lewis et al. CFCR 6799 (SPF, K). Umburanas, Serra do Curral Feio (localmente referida como Serra da Empreitada), entrando para W a cerca

de 20 Km S de Delfino na estrada para Umburanas, 10.Abr.1999, L.P.de Queiroz 5253 (HUEFS); Serra do Curral Feio (localmente referida como Serra da Empreitada),

Page 50: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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entrando para W a cerca de 20 Km S de Delfino na estrada para Umburanas,

12.Abr.1999, L.P.de Queiroz 5431 (HUEFS). Mater ial adicional: BRASIL, BAHIA: Igaporã: Br 430, próximo ao trevo para

Tanque Novo, 18.Mar.1995, G.Hatschbach et al. 62027 (MBM, CEPEC). Campo

Formoso, Água Preta, estrada Alagoinhas­Minas do Mimoso, Km 15, 26.Jun.1983,

L.Coradin 6078 (CEN, HUEFS). PIAUÍ: Gilbues, Serra Guaribas, L.P.Félix 7930 (HUEFS); MINAS GERAIS: Diamantina, Chapada do Rio das Pedras, Rio Manso,

27.Nov.37, M.Barreto 10050 (SP). Grão Mongol, Serra de São Calixto, 11.Nov.38, F.Markgraf 3321 (SP). Montes Claros, 29.Ago.62, E. Amante s.n. (SP). para Pirapora,

30.Jan.1965, R.P.Belém et al. 395 (CEPEC); Claro das Poções, próximo ao trevo para Boa Sorte, 13.Mar.1995, G.Hatschbach et al. 61833 (MBM, CEPEC); Claro das

Poções, Rodovia BR 135, 25km S de Montes Claros, 21.Jan.78, G.Hatschbach 40781 (MBM).PARANÁ: São Gonçalo do Abaeté, BR 135, 15­20 Km S do trevo com a BR

04, 14.Jan.1996, G.Hatschbach et al. 64080 (MBM, CEPEC).

C. sessilis é uma espécie com distribuição ampla, ocorrendo desde o estado do Pará até o de Minas Gerais (Barneby, 1998), sendo uma planta característica do cerrado.

Na área de estudo, ocorre em diversos ambientes associados ao cerrado e ao campo

rupestre. Floresce nos meses de janeiro a abril, em julho e setembro e foi encontrado

material frutificado no mês de novembro.

Dentre as espécies estudadas é facilmente reconhecida pela combinação dos

seguintes caracteres: inflorescência séssil, estames bicolores, folhas unijugas e caule

rizomatoso.

4. Calliandra blanchetii Bentham, London J. Bot. 3: 102 (“Blancheti”), 1844. Tipo: Serra da Jacobina, Brasil, Blanchet 2584 (holótipo: K !; isótipo: BM). Figura

10A­D.

Arbusto de até 2,5m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos pubérulos e

com tricomas granulares. Folhas dísticas. Estípulas lanceoladas, estriadas, 6,0 x 1,0mm.

Folhas i/17­23; pecíolo 1­3mm compr.; pinas 1­2cm compr., folíolos decrescentes do

centro para o ápice e para a base da pina, 3,5­4,0 x 1,0mm, coriáceos, lineares, ápice

agudo a arredondado, base truncada, assimétrica, glabros com margem esparsamente

ciliada, nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Inflorescências

composta por 1­2 glomérulos heteromórficos, pedunculados, localizados em

Page 51: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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braquiblastos laterais, formados por profilos imbricados; pedúnculo 20­25mm compr.,

bracteado, brácteas ca. lanceladas, 1 x 1mm. Flor central não vista. Flores periféricas

pediceladas, pedicelo 3­6mm compr.; cálice campanulado, estriado, glabro, com base

ligeiramente dilatada, tubo ca. 3mm compr., lacínios arredondados, ca. 0,5mm compr.;

corola campanulada, estriada, esparsamente pubérula, tubo ca. 5mm compr., lacínios

oblongos, ca. 3mm compr.; estames bicolores, róseos no ápice e brancos na base;

estemonozone 2mm compr. tubo estaminal ca. 5mm compr., filetes livres por ca. 48mm

compr.; nectário intraestaminal ausente; ovário, obovado, glabro, ca. 3mm compr.,

estilete ca. 60mm compr., estigma capitado. Fruto linear­oblanceolado, ápice

arredondado, mucronado, base atenuada, 5,5­7,5 x 0,8­0,9cm, valvas lenhosas,

esparsamente pubérula a glabra. Sementes obovadas, ca. 6 x 3,2mm, testa óssea, lisa,

amarronzada.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Morro do Chapéu, Cachoeira Domingos Lopes,

ca. de 14km da estrada do feijão, 30.Abr.99, F.França et al. 2733 (HUEFS); Povoado Domingos Lopes ­ na cachoeira Domingos Lopes, 08.Jun.01, E.R. de Souza et al. 141 (HUEFS).

Mater ial adicional: BRASIL, Bahia: Conceição de Feira, estação da Embasa, Jul.80,

G° Pedra do Cavalo 337 (ALCB, HUEFS).

C. blanchetii ocorre na confluência dos rios Jacuípe e Paraguaçu (município de Conceição de Feira) e na Chapada Diamantina, onde é encontrada em Jacobina e Morro

do Chapéu, em áreas de campo rupestre, nas margem de rio entre pedras. Foram

encontrados materiais floridos e frutificados nos meses de abril e junho e julho.

Assemelha­se a C. parvifolia pelo hábito arbustivo, posição lateral das inflorescências umbeliformes. Diferem quanto ao número de pares de pinas (1 par em C. blanchetti e 8­9 pares de pinas em C. parvifolia), comprimento das pinas (1­2cm em C. blanchetii e 5­7mm em C. parvifolia) e comprimento do pecíolo (1­3cm em C.

blanchetii e ca. 1mm em C.parvifolia).

5. Calliandra depauperata Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 546, 1875. Tipo: Brasil, Bahia, Blanchet 3900 (holótipo: BR). Figura 10E­G.

Pequeno arbusto profusamente ramificado 40­70cm a arbustos com porte

arborescentes ca. 2,0m alt. com ramos fortemente lenhosos, frequentemente com ápice

Page 52: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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espinescente; ramos, eixos foliares, folíolos glabros a glabrescentes, filotaxia dística.

Estípulas setáceas a lanceoladas, 1­2,2 x 0,2mm compr. Folhas i­iii/9­19; pecíolo ca.

1mm compr.; pinas 4­10mm compr.; folíolos imbricados decrescentes proximal e

distalmente, os medianos, 1,2­3,0 x 1,0mm, coriáceos, oblongos a lineares, ápice

obtuso, base assimétrica, truncada, face adaxial e abaxial glabras a glabrescentes com

tricomas granulares, margem ciliada, nervação palmado­dimidiada, nervura principal

excêntrica. Glomérulos isolados pedunculados, axilares; pedúnculos tomentosos com

tricomas granulares 10­20mm compr. brácteas pedunculares 3­5mm compr., ovais a

lanceoladas; brácteas florais lanceoladas a ovais, ca. 1 x 0,7mm. Flores homomórficas,

pentâmeras, sésseis; cálice cilíndrico, glabro, tubo ca. 0,8mm compr., lacínios deltóides,

ca. 0,2mm compr.; corola infundibuliforme, glabra, tubo ca. 2mm compr., lacínios

agudos, ca. 1mm compr.; estames vermelhos, estemonozone ca. 0,5 mm compr. tubo

estaminal ca. 2mm compr., filetes livres por ca. 4mm compr.; nectário intraestaminal

discóide ca.0,3mm; ovário obovado, glabro, ca. 1mm compr., estipitado, estipe ca. 2mm

compr. estilete ca.3mm compr., estigma capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice

arredondado, base atenuada, ca. 4 x 0,7cm, valvas coriáceas, glabras. Semente oboval,

ca. 4 x 2mm, testa óssea, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Bar ro Alto, Comunidade de Lagoa Funda,

Faz. Lagoa Branca, 11.Abr.01, T.S. Nunes 315 (HUEFS). Brotas de Macaúbas,

Associação Comunitária do Jatobá, 10.Abr.01, T.S. Nunes 273 (HUEFS). Brumado, ca. 23km na rodovia Brumado para Livramento de Brumado, 28.Dez.89, Fr., A.M. de

Carvalho et al. 2675 (CEPEC); ca. 23km na rodovia Brumado para Livramento de Brumado, 28.Dez.89, Fr., A.M. de Carvalho et al. 2675 (CEPEC). Contendas do Sincorá, 10­15km O, 22.Nov.85, Fl., G. Hatschbach & J.M. Silva 50078 (HRB, MBM).

Jacobina, 11.Abr.81, W.N. da Fonseca 366 (CEPEC, HRB, RB). Livramento de Brumado, 21 km de Livramento de Brumado a Brumado, 21.Mar.91, G.P. Lewis &

S.M.M. de Andrade 1869 (CEPEC, MBM); 35km sul de Livramento de Brumado a

Brumado, 03.Abr.91, G.P. Lewis & S.M.M. de Andrade 1939 (CEPEC); 10km sul de Livramento de Brumado a Brumado, 01.Abr.91, G.P. Lewis & S.M.M. de Andrade 1967 (CEPEC). Morro do Chapéu, 31.Mar.91, A.M. Miranda et al. 278. Rio de Contas, caminho para Lagoa Nova, 05.Fev.97, L.Passos 5107­PCD (ALCB, CEPEC, HUEFS, HRB). Seabra, 14.Jun.80, A.P.de Araújo 319 (HRB).

Page 53: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Mater ial adicional: BRASIL, Bahia: Bom Jesus da Lapa, ca. de 22 km S do

entroncamento para Bom Jesus da Lapa, na estrada para Malhada, 11.Fev.00, L.P.de Queiroz et al. 5875 (HUEFS); Casa Nova, 15.Jan.88, C.V.A. Moruz 150 (RB). Don Basílio, ca. 60km na estrada de Brumado para Livramento de Brumado, 13.Mar.91, H.S. Brito & G.P. Lewis 295 (CEPEC, MBM). Igaporã, 13.Mar.81, S.B.da Silva 180 (HRB).

Itaberaba, 25 Km Leste da cidade, BR 242, 22.Abr.84, L.R. Noblick et al. 3146. Jussara, 02.Abr.84, Fl., Fr., O.A. Salgado & H.P. Bautista 337 (ALCB, CEPEC, HRB, MBM, RB). Juazeiro, 7 km S de Juazeiro, na BR 407, para Senhor do Bonfim,

24.Jan.93, W. Thomas et al. 9621 (NY, HUEFS, MBM, SP); 11km S de Juazeiro (340m

– 9°30’S/ 40°29’W), s/data, G. & L.T. Eiten 10873 (SP); Serra do mulato, 27.Mar.00, G. Cavalcanti et. al. 59 (ALCB); 26.Fev.62, A. L. Costa 1030 (ALCB). Paramir im, Lagoa do leito, 17.Jan.97, G.Hastchbach et al. 65896 (CEPEC, HUEFS). Quixaba, caminho para Ipupiara, a 3Km, 25.Jan.01, M.L. Guedes et. al. 7908 (ALCB). Riachão

do Jacuípe, Serrote Branco, 26.Mar.00, G.Cavalcanti et. al. 42 (ALCB). Senhor do Bomfim, 64km norte de Senhor do Bomfim a BA 130 para Juazeiro, 25.Fev.74, R.M. Harley 16321 (CEPEC). Sento Sé, 29.Abr.81, R.P. Orlandi 390 (HUEFS, HRB, RB). Ceará: Aiuaba, Estação Ecológica de Aiuaba ­estrada de Arara para Barra, 30.Mai.96,

L.W. Lima­Verde 248. Pernambuco: Bebedouro, Abr.91, G.C.P. Pinto s/nº ( HRB). Petrolina, Entre Petrolina e Afrânio, IV­V/71, E.P. Heringer et al. 166 (RB); Divisa dos Estados de Pernambuco e Piauí, BR 407, 7.Abr.79, L. Coradin (HUEFS); Ouricuri, Fazenda Tabuleiro, 29.Fev.1984, G.Costa Lima 67 (IPA, HRB). Orocó, 14 Km de

Orocó, na estrada para Santa Maria da Boa Vista, 27.Abr.01, R.M. Harley 54321 (HUEFS). Piauí: São Raimundo Nonato, 10km norte da Fundação Ruralista ­sede –

Fazenda Abacaxi, ca. 220km de Petrolina, 18.Jan.82, G.P. Lewis & H.P.N. Pearson 1153 (CEPEC, K); 10km norte da Fundação Ruralista ­sede – Fazenda Abacaxi, ca. 220km de Petrolina, 21.Jan.82, G.P. Lewis & H.P.N. Pearson 1116 (CEPEC, K); 10km

norte da Fundação Ruralista ­sede – Fazenda Abacaxi, ca. 220km de Petrolina,

20.Jan.82, G.P. Lewis & H.P.N. Pearson 1132 (CEPEC, K); BR 235 a Curral Novo – sudoeste do Piauí, 15.Jan.82, G.P. Lewis & H.P.N. Pearson 1075 (CEPEC, K).

C. depauperata é uma espécie típica de caatinga amplamente distribuída na Chapada Diamantina nos municípios de Rio de Contas, Brotas de Macaúbas, Morro do

Chapéu, Jacobina, Seabra e Contendas do Sincorá. Floresce nos meses de janeiro a

Page 54: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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maio, e foram encontrados materiais frutificados nos meses de fevereiro, dezembro,

abril e maio. C. depauperata assemelha­se a C. spinosa no hábito de pequenos arbustos a

arbusto arborescentes, pedúnculo bracteado, na posição lateral da inflorescência, mas

diferencia­se por C. spinosa apresentar inflorescências heteromórficas, flores com

corola e cálice campanulados, estames brancos, folíolos com nervação pinada, pinas

maiores de 1,5­3,5cm.

6. Calliandra spinosa Ducke, Anais Acad. Brasil. Ci. 32(2): 289. 1959. Tipo: Brasil, Ceará, Canindé, A. Ducke 2117 (holótipo: MG; isótipo: RB !). Figura 10J­K.

Pequeno arbusto profusamente ramificado, ca. 80cm alt., a arbusto com porte

arborescente, 2­4m alt., ramos fortemente lenhosos, com ápice pungente, espinescente;

ramos e eixos foliares glabros a glabrescentes; filotaxia dística. Estípulas setáceas a

linear­lanceoladas, 3­5 x 0,5­0,8mm compr. Folhas i/20­22; pecíolo ca. 1mm compr.;

pinas 15­35mm compr.; folíolos imbricados, decrescentes distalmente, 4­5 x 1­1,5mm,

coriáceos, lineares, ápice agudo, base oblíqua, face adaxial e abaxial glabras a

glabrescentes com tricomas granulares, margem ciliada a pilosa, nervação pinada,

nervura principal excêntrica. Glomérulos isolados pedunculados, axilares; pedúnculos

tomentosos com tricomas granulares, 5­12mm compr.; brácteas pedunculares ovais a

lanceoladas, ca. 1,8 x 1,2mm; brácteas florais caducas, não vistas. Flores

heteromórficas, pentâmeras, sésseis. Flores periféricas com cálice campanulado, glabro,

tubo ca. 0,7mm compr., lacínios deltóides, ciliados e com tricomas granulares, desiguais

0,1­0,4mm compr.; corola campanulada, glabra, tubo ca. 2mm compr., lacínios obtusos

com tricomas granulares, ca. 1mm compr.; estames brancos, estemonozone ca. 0,5 mm

compr., tubo estaminal incluso na corola, ca. 2mm compr., filetes livres por ca. 16­

22mm compr.; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, ca. 1mm

compr.; estilete ca.3mm compr., estigma capitado. Flores centrais não vistas. Legume

linear­oblanceolado, ápice arredondado, base atenuada, 4­5,5 x 0,5­0,7cm; valvas

coriáceas, glabras. Semente oboval, ca. 6 x 3mm, testa óssea, ocre.

Mater ial examinado:BRASIL, BAHIA: Delfino, estrada Delfino­Mimoso de Minas,

20Km de Delfino, 08.Mar.97, A.M. Gulietti et al. PCD 6129 (ALCB, CEPEC, HRB,

SPF).

Page 55: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

40

Mater ial adicional: BRASIL, BAHIA: Aiuaba, estação ecológica de Aiuaba, 30.Mai.

96, M. I. Bezerra Loiola 190 ( HUEFS). Tanhaçú, próximo a Areião, 27.Mar.84, J. E.M. Braga 287 (HRB). CEARÁ: Canindé, sertão da caridade, Fev.57 V.C. França s/nº (SP). Orós, Sopé da Serra do Franco, próximo de Cupins (Povoado), 09.Jul.84, F.C.F. da Silva 188 (HRB).

C. spinosa é uma espécie típica de caatinga que ocorre na Chapada Diamantina apenas no município de Umburanas. Foram encontrados materiais floridos nos meses de

março, maio e julho e frutificados no mês de março e maio. C. spinosa assemelha­se a C. depauperata no hábito de pequeno arbusto,

profusamente ramificado a arbusto com porte arborescente, com ramos fortemente

lenhosos, pedúnculo bracteado, mas diferencia­se por apresentar inflorescências

heteromórficas, flores maiores (18­24mm compr. em C. spinosa e ca. 6mm em C. depauperata) com corola e cálice campanulados, estames brancos, folíolos com

nervação pinada e pinas maiores 1,5­3,5cm compr.

7. Calliandra parvifolia (W. J. Hook. & Arn.) Speg., Rev. Argent. Bot. 1: 193. 1926. Inga parvifolia W. J. Hook. & Arn., Bot. Misc. 3: 202, 1833. Lectótipo (designado por Barneby, 1998): Baird s.n. (K). Figura 10H­I.

Arbusto de até 1,6 m alt. apresentando ramos virgados de onde partem

braquiblastos, nos quais se inserem folhas e inflorescências; profilos setáceos,

escamiformes, fortemente imbricados, ca. 3­5mm compr., localizados na base dos

braquiblastos; ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos e com tricomas granulares.

Folhas 8­10­jugas; pecíolo ca.1 mm compr.; raque 1,5­2,5 cm compr.; pinas 5­7 mm

compr., 30­40­folioladas; folíolos ca. 2x0,5mm, coriáceos, oblongos, ápice

arredondado, base truncada, assimétrica, face adaxial e abaxial com tricomas granulares,

margem ciliada, nervura principal ligeiramente excêntrica. Inflorescências em umbelas

laterais, isoladas na axila foliar no ápice de um braquiblasto; pedúnculo 2­10 cm compr;

brácteas duas, localizadas na porção mediana a superior do pedúnculo, ca.1,5 mm

compr. Flores heteromórficas; flores periféricas: pediceladas, pedicelo ca.2 mm compr.;

cálice campanulado, vináceo, viloso e com tricomas granulares avermelhados, tubo ca.

2 mm compr., lacínios arredondados ca. 1 mm compr.; corola campanulada, alva, tubo

ca.3 mm compr., lacínios obtusos, vilosos e com tricomas granulares, ca. 2 mm compr.;

estemonozone 0,45­0,8 mm compr.; estames bicolores com metade basal alva e metade

Page 56: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

41

distal rósea, tubo estaminal ca.4 mm compr., filetes livres por ca.18 mm compr., anteras

castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário subséssil, obovado, glabro. Fruto

linear­oblanceolado, ápice agudo, mucronado, base atenuada, 4­6 x 0,6­0,8 cm, valvas

lenhosas, glabras. Semente ca. 6 x 3 mm, testa óssea, lisa, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Abaíra, Catolés de Cima, Serra do Tanque

do Boi, 23.Out.92, W. Ganev 1319 (HUEFS, SPF); Boa Vista, ca. de 4km de Catolés, 12.Nov.92, W. Ganev 1416 (HUEFS, SPF); Boa Vista, 28.Nov.93, W. Ganev 2603 (HUEFS, SPF); 10.Set.93, W. Ganev 2210 (HUEFS, SPF); Catolés­Água Limpa, 19.Set.99, A.S. Conceição 388 (HUEFS); 27.Dez.93, W. Ganev 2713 (HUEFS). Barra

do Choça, Estrada para Roda d’Água, Rio Catolés, 3­6 Km a E de Barra do Choça,

22.Nov.1978, S.A.Mori et al. s/n. (CEPEC). Ibiquara, Capão da Volta, 19.Nov.84, G.Hatschbach 48350 (MBM). Lençóis, Morro da Chapadinha, 29.Dez.94, M. L. Guedes 1497 (ALCB, CEPEC, HRB); Mucugêzinho, Km 220 ap. da rodovia BR 242,

21.Dez.81, G. P. Lewis 958 (CEPEC, MBM); Margem do Rio Mucugezinho­próximo à

Toca da Rita, 23.Out.00, E.R. de Souza 45 (HUEFS); Rio Mucugezinho, Toca da Rita,

8.Nov.97, M.L.S. Guedes 5451 (ALCB, HUEFS). Palmeiras, 19.Nov.83, L. Noblick & A. Pinto (CEPEC); 19.Nov.83, L.R. Noblick 2841 (HUEFS, MBM). Piatã, Cabrália, 26

km em direção a Piatã, 05IX/96, R. M. Harley 28274 (HUEFS); Platô no alto da serra da Tromba, rama ao sul da estrada Piatã;Inúbia, “caminho­da­ressaca”, 02.Nov.96, L.P. de Queiroz 4704 (CEPEC, HUEFS); Estrada Piatã­Inúbia, 02.Nov.960, M.M. da Silva 3935 (ALCB, CEPEC, HRB, SPF). Rio de Contas, ca. 5km N de Rio de Contas, na

estrada para Brumadinho, 02.Dez.91, L. P. de Queiroz 3674 (HUEFS, MBM); Pico das

Almas, vertente leste, ca. 3 Km da fazenda Brumadinho na estrada para junco,

19.Dez.88, R. M. Harley 27611 (CEPEC, F, K, NY, SPF); Palmeira, próximo a Cachoeira da Michilana, 27.Dez.93, W. Ganev 2713 (HUEFS, SPF); Caminho da Ponte do Coronel para o Município de Rio de Contas, ca. 5 km, 28.Nov.00, M.J.S. Lemos

131A (HUEFS); Serra de Rio de Contas, arredores da cidade, 20.Out.97, M.Alves et al. 1248 (HRB); Ca. de 5­6km em direção ao Pico das Almas, 05.Nov.88, M.G.L. Wanderley1519 (SP). Mater ial adicional: BRASIL, BAHIA: Salvador, Dunas de Itapoã, próximo ao

Condomínio Alameda da Praia, arredores da Lagoa do Urubu, 02.Dez.91, L.P.de Queiroz 2534 (HUEFS, MBM); Dunas de Itapoã, perto do aeroporto, 05.Fev. 87 L.Silva S/nº (ALCB). MINAS GERAIS: Grão Mongol, Vale do rio Itacambiruçu. Entre a

Page 57: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

42

fazenda Jambeiro e estrada para Cristália, 25.Fev.86, T.B. Calvalcanti 9673(HUEFS). GÓIAS: Colinas do Sul, Rodovia 60327, Rio Tocantinzinho, 21.Jan.92, G.Hatschbach & R.Kummrow 56312 (MBM).

C. parvifolia é uma espécie com distribuição ampla, ocorrendo do Pará até a Argentina (Barneby, 1998), geralmente associada a áreas de cerrado. Na Chapada

Diamantina ocorre em ambientes de campo rupestre, cerrado, campo de encosta.

Floresce de setembro a dezembro e frutifica nos meses de outubro a novembro.]

Assemelha­se a C. blanchetii pelo hábito arbustivo, posição lateral das inflorescências umbeliformes. Diferem quanto ao número de pares de pinas (1 par em C. blanchetti e 8­9 pares de pinas em C. parvifolia), comprimento das pinas (1­2cm em C. blanchetii e 5­7mm em C. parvifolia) e comprimento do pecíolo (1­3cm em C. blanchetii e ca. 1mm em C.parvifolia).

8. Calliandra macrocalyx Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 203, 1908. Tipo: Bahia: Serra

do São Ignacio Ule 7586 (holótipo: B – destruído; isótipo: HBG).

Arbusto a arvoreta 1,5­5m alt.; ramos, eixos foliares, pedúnculos velutinos a

glabros e com tricomas granulares; filotaxia dística. Estípulas setiformes a lanceoladas,

estriadas, 5­7 x 1,5­2,5mm. Folhas iii­iv/18­21; pecíolo 7­10mm compr.; raque 1,5­2cm

compr.; pinas 2 ­5cm compr.; folíolos 6­10 x 2­3,5mm, cartáceos, oblongos, ápice

obtuso, base assimétrica, face adaxial pubérula, face abaxial tomentosa, nervação

palmada­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos terminais curtos ou

nascidos excepcionalmente nos nós de braquiblastos axilares; glomérulos pedunculados

2­fasciculados; pedúnculos ca. 20mm compr, bracteado, brácteas pedunculares ovais a

lanceoladas, estriadas, 2­5 x 3­4mm . Flores homomórficas, tetrâmeras a pentâmeras,

subsésseis, pedicelo turbinado 2­2,5 x 2­4mm; cálice amplamente campanulado,

carnoso, densamente velutino, tubo 9­10mm compr. lacínios deltóides, 2­5mm compr.;

corola campanulada, velutina a lanosa, tubo ca. 14mm compr. lacínios oblongos,

reflexos, ca. 6mm compr.; estames alvos, estemonozone ca. 2mm compr. tubo estaminal

8­10mm compr. filetes livres por ca. 55mm compr. anteras castanhas; nectário

intraestaminal ausente; ovário obovado, lanoso, ca. 5mm compr. estilete ca. 70mm,

estigma capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice agudo, mucronado, base cuneada,

9­12 x 1,5­2cm, valvas lenhosas, densamente velutinas.

Page 58: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

43

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Boninal, entroncamento da BR 242 , VIII/92, W.Ganev

s.n.(HUEFS). Gentio do Ouro, 16.Jun.94, L.P. de Queiroz 3969 (HUEFS). Rio de Contas, encosta da Serra dos Frios, Água Limpa, 25.Ago.93, W. Ganev 2128 (HUEFS). Seabr a, a oeste de Seabra, BR 242,

17.Mar.84, H.P.Bautista & O.Salgado 843 (ALCB, HRB, HUEFS, MBM); 500m na estrada para

Boninal, entroncamento da BR 242, 05.Set.96, R.M. Harley et al. 28252 (HUEFS); BR 242 no

entroncamento para Boninal, 21.Jul.93, L.P.de Queiroz & N.S. Nascimento 3323 (ALCB, HUEFS, MBM); 16.Out.94, L.P. de Queiroz 4203 (HUEFS); 16.Out.94, L.P. de Queiroz 4204 (HUEFS); 16.Out.94, L.P. de Queiroz 4205 (HUEFS); 14.Jun.80, A.P.de Araújo 319 (CEPEC, HRB). Sento Sé,

Estrada de asfalto, 05.Jan.90, A.M.Miranda 91 (HRB, RB) Mater ial adicional: BRASIL, Bahia: Barr a, ca. 58km W de Ibotirama na BR 242, 11.Out.94, L.P.de

Queiroz & N.S.Nascimento 4069 (HUEFS, MBM); Ibiraba, em frente a Villa de Ibiraba na Caminho para

os Brejos, 26.Fev.97, L.P.de Queiroz 5857 (HUEFS); Barra (= Igatu), em frente à Vila de Ibiraba no caminho para os Brejos, 26.Fev.97, L.P.de Queiroz et al 4879 (HUEFS, MBM). Bom Jesus da Lapa, ca.

14km S do entroncamento para Bom Jesus da Lapa, na estrada para Malhada, 11.Fev.00, L.P.de Queiroz

et al. 5857 (ALCB, HUEFS); 35 Km N de Bom Jesus da Lapa – Ibotirama, 19.Abr.80, R.M.Harley et al. 21564 (CEPEC, K).Caetité, Rodovia para bom Jesus da lapa, 17.Jun.86, G.Hatschbach & F.J.Zelma

50466 (MBM);Rodovia para bom Jesus da lapa, 18.Mai.83, G.Hatschbach et al. 46569 (MBM, RB);

caminho da Fazenda Boa Vista para Urânio, 08.Fev.97, E. Saar et al. PCD 5253 (ALCB, CEPEC, HUEFS); caminho da Fazenda Boa Vista para Urânio, 08.Fev.97, E. Saar et al. PCD 5252 (ALCB, HRB,

SPF); estrada entre Brejinho das Ametistas e Licínio de Almeida, a ca. 10km de Brejinho das Ametistas,

12.Mar.94, N.Roque et al. 15003 (HUEFS, K, SPF); ca. 2km S de Caetité, na estrada para Brejinho das

Ametistas, 27.Out.93, L.P.de Queiroz & N.S.Nascimento 3584 (HUEFS); Brejinho das Ametistas, 2km a SW da sede do povoado, 15.Abr.83, A.M.de Carvalho et al. 1784 (CEPEC, HUEFS); Brejinho das Ametistas, ca. 3km a SW da sede do distrito, 18.Fev.92, A.M.de Carvalho et al. 3742 (CEPEC, HUEFS);

Ca. 3 Km de Caetité, 20.Abr.1980, R.M.Harley et al. 21183 (CEPEC, K, SPF); Km 6 da estrada Caetité­ Brejinho das Ametistas, 15.Abr.1983, A.M.de Carvalho et al. 1763 (CEPEC, MBM); 16.Mar.81, S.B.da

Silva 245 (HRB, RB); a 2 Km ao S de Caetité, 19.Mar.80, S.A.Mori et al. 13470 (CEPEC); a 2 Km ao S

de Caetité, 19.Mar.80, S.A.Mori et al. 13463 (CEPEC); caminho para Brejinho das Ametistas, 11.Fev.97, B.Stannard et al. 5451 (ALCB, HRB, CEPEC); 4 KmW de Caetité, 1.Mar.63, A.Kapovickas et al. 12979

(CTES, MBM); Serra Geral de Caetité, ca. 3 Km de Caetité Sul ao longo da estrada para Brejinho das

Ametistas, R.M.Harley et al. 21158 (SPF). Casa Nova, Próximo a Casa Nova Velha, 17 km do entrocamento na estrada BA 235 para Remanso, que fica 35 Km depois de Casa Nova, 27.Abr.01, R.M.

Harley 54339 (HUEFS); 08.Set.81, L.M.C. Gonçalves 209 (HRB, RB); 8.Set. 81, L.M. C.Gonçalves 209

(HRB, RB). Cristópolis, estrada Barreiras­Ibotirama ­BR 242, km 121, 08.Set.92, L.Coradin et al. 8513 (CEN, HUEFS); estrada Barreiras­Ibotirama ­BR 242, km 121, 08.Set.92, L.Coradin et al. 8515 (CEN,

HUEFS). Guanambi, BR 030, ca. 15 Km N de Guanambi, 19.Abr.96, G.Hatschbach et al. 65045

(MBM); BR 030, ca. 17km de Guanambi em direção a Caetité, 03.Abr.92, R.Mello­Silva et al. 561

(ALCB, HUEFS, MBM, SP, SPF). Ibiraba, Dunas arenosas à margem do Rio São Francisco, II/89, P.Rocha 40 (CEPEC, SPF). Ibotirama, Rodovia BR 242 ­Ibotirama­Barreiras, km 86, 07.Jul.83,

L.Coradin et al. 6622 (CEN, HUEFS). Igaporã, 13.Mar.81, S.B.da Silva 181 (CEPEC, HRB). Itanajé,

Page 59: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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28.Fev.93, M.L. Guedes et al. 2851 (ALCB); 28.Fev.93, M.L. Guedes et al. 2850 (ALCB); 27.Nov.92 ,

M.L. Guedes et al. 2637 (ALCB); Petr olina, Rodovia Petrolina­Lagoa Grande ­BR 122, km 03, 23.Jun.87, L.Coradin et al. 7738 (CEN, HUEFS). Tanque Novo, 20.Jan.97, G.Hatschbach et al. 66010

(MBM). Wander lei, 5 Km O de Wanderlei, 19.Jun.86, G.Hatschbach 50503 (MBM, CEPEC). Minas

Gerais: Aprox. 20 Km a Nordeste do rio Carinhanha, 20.Jun.80, L.C. de Oliveira Filho 60 (HRB, RB);

Aprox. 20 Km a Nordeste do rio Carinhanha, 20.Jun.80, L.C. de Oliveira Filho 50 (HRB); Ianaúba­Rod. BR 122, Km 145, 13.Jan.97, G.Hatschbach 65688 (MBM, CEPEC).

C. macrocalyx é uma espécie típica de caatinga que ocorre do norte de Minas

Gerais ao sul de Pernambuco. Na Chapada Diamantina ocorre nos municípios de

Boninal, Seabra e Rio de Contas. Floresce nos meses de e frutifica no meses de C. macrocalyx se diferencia das demais espécies da região por apresentar cálice

amplamente campanulado, carnoso, densamente velutino, 11­15mm compr. com

lacínios curtos, deltóides, 2­5mm compr. e corola com lacínios oblongos e reflexos.

Barneby (1998) reconheceu duas variedades para C. macrocalyx: C. macrocalyx var. macrocalyx e C. macrocalyx var. aucta. Estas diferenciam­se basicamente pelos lacínios do cálice, deltóides e curtos em C. macrocalyx var. macrocalyx e lanceolado­

acuminados e mais longos em C. macrocalyx var. aucta. Na Chapada Diamantina ocorre, apenas, C. macrocalyx var. macrocalyx.

9. Calliandra harrisii (Lindl.) Benth., London J.Bot. 3: 95, 1844. Inga harrisii Lindl., Bot. Reg.25: t.41, 1839. Descrita de planta cultivada na Inglaterra. Tipo

provavelmente não conservado. Figura 11A­D.

Arbusto com porte arborescente, 3­4m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos

glabros. Filotaxia dística. Estípulas deltóides a ovais, estriadas 1­2 x 1mm. Folhas i/1,5;

pecíolo velutino 1­2,7cm compr.; pina 0,5cm compr.; folíolos em 2 jugos, o proximal

com apenas 1 folíolo externo, o interno ausente, a folha em consequência, com apenas 6

folíolos, 10­20 x 3­6mm, membranáceos, elípticos, ápice agudo, base semicordada,

pubérulo, nervação pinado­palmada, nervura principal excêntrica. Glomérulos

localizados no ápice de braquiblastos axilares, densamente revestidos por profilos;

glomérulos pedunculados, pedúnculos velutinos a vilosos, 25mm compr. brácteas

pedunculares ausentes; brácteas florais ovais 0,7­1 x 1mm. Flores heteromórficas,

pentâmeras. Flores periféricas pediceladas, pedicelo ca. 1mm compr.; cálice

campanulado, giboso, pubérulo, tubo ca. 3mm compr., lacínios arredondados, ca.

Page 60: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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0,5mm compr.; corola infundibuliforme, glabra, tubo ca. 8mm compr., lacínios

oblongos a obtusos, desiguais, 1 ­3mm compr.; estames alvos com ápice rosado, quando

envelhecidos totalmente róseos, estemonozone ca. 1,5mm compr. tubo estaminal ca.

8mm compr. filetes livres por 35­40mm compr.; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro, ca. 2mm compr. estilete ca. 47mm, estigma capitado. Flores centrais

não vistas. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Bar ra da Estiva, rodovia para Ituaçu,

18.Set.84, G.Hatschbach 48374 (CEPEC, MBM).

Mater ial adcional: BRASIL, São Paulo: Parque Estadual de São Paulo, 05.Out.51, W.

Hoehne s.n. (HUEFS, MBM, SP, SPF).

C. harrisii é a única espécie da seção Androcallis série Macrophyllae que ocorre na Chapada Diamantina, no município de Barra da Estiva. Ocorre também,

descontinuamente, no Rio de Janeiro, Paraguai e Bolívia. É cultivada em São Paulo e na

Europa, de onde foi descrita a espécie. Foi encontrado material florido nos meses de

outubro e novembro. A frutificação não foi observada. C. harrisii difere de todas as espécies estudas da região da Chapada Diamantina por

apresentar folhas unijugas, sendo cada pina 3­foliolada, com o jugo proximal composto

apenas por um folíolo externo e pelos folíolos elipsóides.

Calliandra sec. Microcallis Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 197. 1998. Espécie­tipo: Caliandra parviflora Benth.

10. Calliandra leptopoda Benth., London J. Bot.3: 101. 1844. Tipo: Brasil, Serra Acurua, Blanchet, 2833 (holótipo: K­Benth.; isótipos: BM, K­Hook).

Subarbusto a arbustos 0,50­1,3m alt. Ramificados, ramos delgados, às vezes

prostados, ramos, eixos foliares, pedúnculos glabros, com tricomas granulares

avermelhados esparsos; filotaxia dística. Estípulas foliáceas, cordiformes, 8­25 x 6­

25mm. Folhas i/4­5; pecíolo 0,8­2cm compr.; pinas 2­4,5 cm compr.; folíolos 8­20 x 4­

12mm, membranáceos, obovais a elipsóides, ápice arredondado, base semicordada ,

nervação palmado­pinada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos folhoso,

terminal composto por umbelas, 3­5­fasciculadas nas axilas das folhas distais, esta às

vezes suprimidas; pedúnculo vináceo, 20­35mm compr. não bracteado; brácteas florais

Page 61: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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lanceoladas, membranáceas, 2­4 x 1­1,5mm. Flores homomórficas, pentâmeras,

pediceladas; pedicelo 6­12mm compr.; cálice campanulado, esverdeado, glabro, tubo ca.

0,6mm compr., lacínios deltóides, ca. 0,4 mm compr.; corola campanulada, vinácea,

tubo glabro, ca. 10mm compr., lacínios, oblongos, com tricomas granulares, 18mm

compr.; estames vináceos; estemonozone ca 0,5mm, tubo estaminal 1­2mm compr.,

filetes livres por 3­6mm compr.; nectário intraestaminal 0,5­1mm compr.; ovário

obovado, ca. 1­2mm compr. estilete ca. 1mm compr. estigma capitado. Legume

(imaturo) linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, 3,5­8 x

0,9cm, valvas coriáceas, glabras. Sementes ovais, 5 x 4­6 x 1mm, ocre, testa óssea, lisa.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Gentio do Ouro, ca. 58km N de Gentio do Ouro para Santo

Inácio, 23?II/77, R.M. Harley 18973 (RB). Macaúbas, Próximo de Veredinha, 20.Mar.84, H.P.Bautista

856 (HUEFS, HRB, MBM). Parnamirim, Barragem de Zabumbão,06.Fev.97, B. Stannard 5152

(ALCB). Seabr a, Queimada Nova, 13.Jan.77, G.Hatschbach 39533 (MBM)

Mater ial adicional: Brasil, Bahia: Bom J esus da Lapa, Ca. 2,5 km E da estrada de

Bom Jesus da Lapa­ Ibotirama em ramal entrando a ca. 9,1 km N de Bom Jesus da

Lapa, 10.Fev.00, L.P. de Queiroz 5834 (HUEFS); Ca. 32 Km NE de Bom Jesus da Lapa, R.M.Harley et al. 21518 (SPF). Gameleira, Serra Dourada, estrada para Gameleira da Lapa na Prop. Agrop. 22.Mar.84, M.M.Fernandez et al. 13 (HRB). Morpará, Fazenda São Domingos, 29.Mar.84, H.P.Bautista et al. 906 (HRB, RB).

Oliveira dos Brejinhos, Canabrava, 16.Mar.98, G.Hatschbach et al. 67788 (MBM).

Parnamirim, Barragem de zabumbão, ao redor da barragem de Zabumbão, 6.Fev.97, B. Stannard 5152 (HUEFS). Pilão Arcado, 1 km depois da ponte sobre o riacho de Lage, 30 km de Remanso na estrada para Pilão Arcado, 28.Abr.01, L.P. de Queiroz 6583

(HUEFS). Remanso, Caminho para Pau Ferro, 27.Fev.00, G. Cavalcanti 5 (HUEFS).

C. leptopoda é a única espécie da seção Microcallis que ocorre na Chapada Diamantina, sendo encontrada na porção noroeste, nos municípios de Gentio do Ouro e

nos municípios de Parnamirim e Seabra. Foi encontrado material florido e frutificado

nos meses de janeiro a abril.

C. leptopoda difere de todas as demais espécies encontradas na Chapada Diamantina flores pequenas (4­8mm compr.), pediceladas, pedicelos mais longos do

que as flores (8­9mm compr), pelas estípulas amplas, foliáceas ca. 8­25 x 6­25mm e

folíolos elipsóides.

Page 62: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Calliandra sec. Calliandra

11. Calliandra asplenioides (Nees) Renvoize, Kew Bull. 38: 79, fig. 4 (33). 1981. Acacia asplenioides Nees, Flora 4: 303. 1821. Tipo: “Um Valos in Campo Geral”, Pr. Maximilian von Wied­Neuwied (holótipo: BR). Figura 12A­B.

Arbusto até 2,8m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos pubérulos e

com tricomas granulares. Folhas dísticas. Estípulas deltóides a lanceoladas, 2,5­3mm.

Folhas ii(­iii)/14­24; pecíolo ca. 0,2cm compr.; raque 0,5­1,5cm compr.; pina 3­7cm

compr., folíolos maiores na porção mediana, decrescendo para o ápice e base, 5­15 x 2­

3mm, coriáceos, oblongos, ligeiramente côncavos, esparsos a contíguos, ápice obtuso a

arredondado, base truncada, nervação palmado­dimidiada com nervura principal

excêntrica. Pseudoracemo terminal constituído por glomérulos isolados a ternados,

pedunculados; pedúnculo 1,5­3,5cm compr. Flores homomórficas, pentâmeras, sésseis;

cálice cilíndrico a campanulado, glabro a glabrescente e com tricomas granulares, tubo

1,5­2mm compr., lacínios deltóides, ciliados, 0,2­1mm compr.; corola infundibuliforme,

glabra a pilosa e com tricomas granulares, tubo 4­6mm compr., lacínios oblongos,

pubérulos no ápice, 2­4mm compr.; estames vermelhos ou brancos, tornando­se, então,

rosados nas flores mais velhas, estemonozone 1,4­2,2mm compr., tubo estaminal 5­7

mm compr., filetes livres por 12­35mm; nectário intraestaminal ausente; ovário glabro a

piloso e com tricomas granulares esparsos, oblongo, 2­3mm compr., 7­8­ovulado,

estilete glabro, 10­27mm compr., estigma capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice

arredondado, base atenuada, 5­8 x 0,5­1cm, valvas lenhosas, velutinas. Semente

oblonga a elíptica, ca. 6 x 4mm.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, Água Limpa, Fazenda Catolés de

Cima, 17.Set.92, W. Ganev 1114 (HUEFS, SPF); Caminho para a cachoeira das Anaguinhas, próximo à cachoeira, 10.Out.92, W. Ganev 1205 (HUEFS, SPF); Gregória, beira do córrego da mata, próximo à cachoeira das Anáguas, Catolés de Cima,

15.Dez.93, W.Ganev 2647 (HUEFS, SPF); Serra do Rei, 12.Jan.94, W.Ganev 2794 (HUEFS, SPF); Caminho de Catolés a Guarda Mor, pela Samambaia, 02.Jun.94, W. Ganev 3286 (HUEFS, SPF); Catolés, mata da encosta da Serra do Barbado, 19.Abr.98, E.R de Souza et al. 07 (HUEFS, MBM); Catolés, estrada para Serrinha e Bicota,

20.Abr.98, E.R. de Souza 17 (HUEFS); Catolés, Água Limpa ­ próximo ao córrego, 19.Set.99, T.S. Nunes 66 (HUEFS); Campo de Ouro Fino (baixo), 8.Jan.92, D.J.N. Hind

Page 63: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

48

H 50033 (HUEFS, SP, SPF). Barra da Estiva, ca. 6Km de Barra da Estiva na rodovia para Ibicoara, 28.Jan.74, R.M. Harley 15568 (CEPEC); 31.Jan.74, R.M. Harley 15747 (SPF); Serra do Sincorá, W de Barra da Estiva, estrada para Jussiape, 22.Mar.80, R.M.Harley 20784 (CEPEC, SPF); 19.Jul.81, A.M. Giulietti CFCR 1314 (SPF); 19.Jul.81, A.M. Giulietti CFCR 1361 (SPF); 23.Mai.91, E.B. dos Santos & S.Mayo 274

(CEPEC, MBM); estrada Barra da Estiva­Mucugê, Km 7, 04.Jul.1983, L.Coradin et al. 6388 (CEN). Ibiquara, 22.Jul.78, P. Vaillant 051 (RB). Ituaçu, 10km N da cidade, 14.Jun.84, G.Hatschbach & R.Kummrow 47876 (MBM). Lençóis, Cachoeira glass, 30

.Jun. 83, M.L. Guedes 739 (ALCB); 24.Abr.79, L.R. Noblick 1153 (ALCB); 29.Fev.80,

S.A. Mori 13318 (CEPEC, HUEFS); Serra dos Lençóis – Serra da Larguinha, Ca. 2km N.E. de Caeté­Açú/Capão Grande, 25.Mai.80, R.M. Harley 22541 (CEPEC, K, RB); Ca. 2km N.E. de Caeté­Açú ­Capão Grande, 25.Mai.80, R.M. Harley 22537A(CEPEC, K);

Trilha atravessando o rio­ próximo à Toca do Pato, 23.Out.00, E.R. de Souza 44

(HUEFS); Área de cerrado (cerradão), perto de área agrícola, 4.Ago.96, A.A.Grilo & A.A. Conceição 41 (HUEFS, SPF); 19.Mar.80, G. C. Pinto 107/80 (HRB). Morro do

Chapéu, Próximo a Moreira, 31.Mar.86, A.C. Sarmento e H.P. Bautista 840 (HRB, RB); Estrada do Morro do Chapéu a Feira de Santana, ca. 20km a partir da sede do

Município, cachoeira do Ferro­Doido, 22.Fev.93, A.M.A. Amorim et al. 1022 (CEPEC, RB). Mucugê, Fazenda Pedra Grande, estrada para Boninal, 17.Fev.97, B. Stannard 5817 (ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS, SPF). Palmeiras, Morro do Pai Inácio,

21.Mai.80, R.M. Harley 22288 (CEPEC, RB); Morro do Pai Inácio, 21.Mai.80,

R.M.Harley 22493 (CEPEC); Morro do Pai Inácio, 29.Ago.96, A.A. Conceição 147 (HUEFS, SPF); Morro do Pai Inácio, 5.Jul.98, E.R. de Souza 25 (HUEFS); Morro do

Pai Inácio, 19.Dez.83, L.R. Noblick 2810 (HUEFS); 13.Abr.90, A. M. de Carvalho & W.W. Thomas 2998 (CEPEC, MBM, RB); 28.Jun.95, M.L. Guedes 1949 (ALCB, CEPEC, SPF); Km 9 da Rodovia para Mucugê, 09.Abr.92, G.Hatschbach et al. 56908

(MBM); Pai Inácio, 25.Out.94, PCD 985 (ALCB, CEPEC, RB); Ca. Km 235, da BR 242, Pai Inácio, 13.Abr.90, A.M.de Carvalho & W.W.Thomas 2998 (CEPEC, MBM,

RB). Piatã, Boca da Mata, 12.Nov.96, H.P. Bautista 4227 (ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS, SPF). Rio de Contas, Água Limpa, encosta da Serra dos Frios, 25.Ago.93, W. Ganev 2124 (HUEFS, SPF). Umburanas, Serra do Curral Feio localmente referida como Serra da Empreitada, Cachoeirinha, à beira do Rio Tabuleiro, ca. 10km NW de

Delfino na estrada que sai pelo depósito de lixo, 12.Abr.99, L.P. de Queiroz 5435 (HUEFS).

Page 64: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

49

Mater ial adicional: BRASIL, Bahia: Caetité, arredores de Brejinho das Ametistas,

12.Mar.1994, N.Roque et al. 14975 (ALCB, HUEFS, SPF). Macaúbas, Estrada para

Canatiba, Serra das Poções, próximo ao alto, 18.Jan.97, G. Hatschbach et al. 65949 (CEPEC, HUEFS, MBM). Rui Barbosa, 14.Jun.78, A.P. deAraújo 14 (HRB, RB). Seabra, Ca. 2 km SW da Lagoa da Boa Vista, na encosta da Serra do Bebedor,

22.Jul.93, L.P. de Queiroz 3359 (ALCB, HUEFS); Mata de Cipó,13.Fev.87, J.R. Pirani et al. 1985 (SPF). Minas Gerais: Botumir im, Ca. 12km de Botumirim em direção à

Adão Colares, 12.Mar.99, A. Rapini 759 (HUEFS, SP, SPF); Saída ao S da cidade, 10.Nov.92, R. Mello­Silva et al 697 (MBM, SPF). Diamantina, Estrada para Biri­Biri a

2 Km da saída da cidade, 18.Nov.84, R.M. Harley et al. CFCR 6159 (HUEFS,MBM,

SPF); Salto Cristal, 19.Mar.87, G.Hatschbach et al. 51126 (MBM). Grão Mogol, Rio

Itacambiruçu, 21.Abr.78, G. Hatschbach 41251 (CEPEC, MBM); Campo Mogol,

próximo ao Rio Itapicuruçu, 14.Abr.81, J.R.Pirani 860 (HUEFS, SPF); Margens do

córrego à saída da cidade, na estrada para o rio Ventania, 25.Fev.86, N.L. Menezes 9615 (HUEFS); Vale do Rio Itacambiruçu, 10.Dez.89, J.R.Pirani 12388 (HUEFS, SPF); Torre Telemig, 12.Jun.90, G.Hatschbach et al. 54204 (MBM); Extremidade N da Serra

da Bocaína, rodovia BR 251, próximo à nascente do rio Ventania, 20.Set.92, R.Mello­

Silva et al. 753 (MBM). Jaboticatubas, Serra do Cipó, 26.Jul.97, M.F. Tomé 1140 (MBM). Joaquim Felício, Serra do Cabral, 17.Jan.96, G.Hatschbach 64303 (HUEFS, MBM); Serra do Cabral, 15.Abr.96, G.Hatschbach 64813 (CEPEC, MBM); Serra do

Cabral, 17.Set.97, G.Hatschbach et al. 67197 (MBM); Serra do Cabral, 21.Nov.84,

R.M.Harley et al. CFCR 6272 (SPF). Monte Azul, Serra do Espinhaço, via Montividiu,

próximo ao alto, 18.Abr.96, G.Hatschbach et al. 65014 (MBM). Presidente Juscelino,

Estrada Juscelino Gouveia, à 9 Km de Presidente Juscelino, 9.Fev.94, R.M. Harley CFCR 13963 (HUEFS, SPF).

Apresenta­se distribuída por quase toda a Cadeia do Espinhaço incluindo a

Chapada Diamantina, na Bahia e a Serra do Espinhaço em Minas Gerais (Barneby,

1998). Ocorre em áreas de mata de encosta, campo rupestre, carrasco e cerrado.

Floresce nos meses de dezembro a abril e de junho a setembro. Encontra­se em

frutificação nos meses de julho e de outubro a novembro. C. asplenioides é uma espécie polimórfica em vários caracteres, incluindo o

número de pinas e a coloração do androceu, que varia de branca a vermelha.. C. erubescens pode ser superficialmente confundida com C. asplenioides por apresentar

Page 65: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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folíolos com forma semelhante e folhas 2­3­jugas. No entanto, C. erubescens apresenta menor número de folíolos por pina (10 a 20 em C. erubescens e 24 a 48 em C. asplenioides) além de apresentar folíolos planos e sem tricomas granulares. Assemelha­ se ainda a C. involuta pelo hábito arbustivo, por também apresentar folhas com 2­3 pares de pinas e pelos folíolos côncavos, mas diferenciam­se por C. involuta apresentar

folíolos bulados, com face adaxial rugosa (C. asplenioides apresentar folíolos com face adaxial lisa) e flores tetrâmeras com calíce ca. 1/3 do comprimento da corola(C. asplenioides apresenta flores pentâmeras com cálice ca. ½ do comprimento da corola).

12. Calliandra coccinea Renvoize, Kew Bull. 36: 69. 1971. Tipo: Brasil, Bahia, Harley et al. 19980 (holótipo CEPEC !; isótipo K !). Figura 12C­D.

Pequeno arbusto 0,5­1m alt., densamente ramificado, formando touceiras;

ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos e com tricomas granulares. Folhas dísticas.

Estípulas ovais a lanceoladas, 3­4,5 x 2­3mm compr. Folhas iii­v/25­35; pecíolo 1­3mm

compr.; raque 8­15mm compr.; pinas às vezes decrescentes distalmente, 2,5­5cm

compr.; folíolos 3­5 x 1mm, coriáceos, oblongos, ápice agudo, base assimétrica, face

adaxial glabra, face abaxial esparsamente pubérula e com tricomas granulares, margem

ciliada, nervação palmada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo terminal

constituído por glomérulos isolados, pedunculados; pedúnculo 0,4­2,5cm compr.,

ebracteado; brácteas florais ovais a lanceoladas, 2­4,5 x 1­2mm compr. Flores

homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice campanulado, pubérulo e com tricomas

granulares, tubo ca. 2mm compr., lacínios acuminados, 3­5mm compr.; corola

campanulada, pubérula e com tricomas granulares, tubo ca. 5mm compr., lacínios

acuminados ca.6mm compr.; estames coccíneos, estemonozone 0,6­2,1mm compr.; tubo

estaminal ca. 6mm compr., filetes livres por ca. 24mm compr.; nectário intraestaminal

ausente; ovário obovado, pubérulo e com tricomas granulares, ca. 2 mm compr., estilete

subterminal, ca. 35mm compr., estigma capitado. Legume, linear­oblanceolado a linear,

ápice agudo, base cuneada, 4,5­8,5 x 1cm, valvas lenhosas, pubérulas e com tricomas

granulares. Semente oblonga, 10­12 x 5 mm, testa óssea, lisa, amarronzada.

C. coccinea é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina. Encontra­se distribuída em ambientes de campo rupestre, ocorrendo nas serras em torno de Catolés e

Rio de Contas e no sul da serra do Sincorá em Mucugê. Floresce nos meses de

dezembro a abril, julho e setembro. Foi encontrado material frutificado em abril.

Page 66: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Assemelha­se a C. fuscipila pelo hábito de pequenos arbustos profusamente ramificados e coloração vermelha dos filetes, mas diferencia­se desta por apresentar

folhas com menor número de jugos (no máximo 5, enquanto C. fuscipila possui folhas 5­8 jugas), pelo maior comprimento das pinas (2,5­5cm x 1­2,6cm), pelos folíolos

maiores (3­5 x 1mm em C. coccinea e 1,2­2 x 0,5­1mm em C. fuscipila) e flores com

corola maior (ca.11mm x ca. 5mm) maiores, além de possuir cálice com lacínios

longamente acuminados (até 5mm), enquanto C. fuscipila possui cálice com lacínios deltóides (ca.1mm).

Barneby (1998) reconhece duas variedades para esta espécie que podem ser

diferenciadas pelos caracteres citados abaixo.

Chave para identificação das variedades de Calliandra coccinea: 1. Corola tetrâmera ou falsamente bímera com lacínios acuminados ...............var. coccinea 1’. Corola trímera com lacínios obovados .............................................................................var. trimera

12.1. Calliandra coccinea var . coccinea

Esta variedade caracteriza­se pela corola tetrâmera a falsamente bímera devido a

união dos lacínios, os quais são longamente acuminados.

Ocorre em Rio de Contas, Abaíra e Piatã. Floresce de dezembro a abril e em

julho.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Abaíra, Campo do Ouro Fino, 16.Jul.92, W. Ganev 677 (HUEFS, SPF); caminho do Ribeirão de Baixo, próximo a encosta da Serra do Atalho, 30.Jul.92, W. Ganev 793 (HUEFS, SP, SPF); Boa Vista, 28.Nov.93, W. Ganev 2594 (HUEFS, SPF); 9 km N de Catolés, caminho de Ribeirão de Baixo a Piatã, 10.Jul.95, L.P.de Queiroz et al. 4349 (HUEFS, HRB); Encosta da Serra da Tromba, 07.Set.96, R.M. Harley 28362 (HUEFS); Boa Vista, 20.Dez.91, R.M. Harley H 50140 (HUEFS, CEPEC, SP, SPF); Catolés, 14.Mai.00, E.B.M. da Silva et al. 475 (HUEFS); Catolés, 20.Abr.98, E.R de Souza 14 (HUEFS); Engenho, base da Serra do Atalho, Catolés, 20.Abr.98, E.R. de Souza et al. 19 (HUEFS, MBM, SP); Campo de Ouro Fino

(baixo), 09.Jan.92, D.J.N. Hind et al. H 50038 (HUEFS, SP, SPF). Mucugê, Serra de

São Pedro, 17.Dez.84, G.P. Lewis et al. CFCR 7037 (HUEFS, SPF). Piatã, 13.Fev.87, R.M. Harley 24138 (HUEFS); 13.Fev.87, R.M. Harley et al. 24142 (HUEFS,MBM).

Rio de Contas, Ca. 6 Km N de Rio de Contas na estrada para Abaíra, 16.Jan.74, R.M.

Page 67: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Harley 15101 (K, SPF); 24.Mar.77, R.M. Harley 19980 (holótipo: CEPEC); arredores, 16.Mai.83, G. Hatschbach 46466 (CEPEC, MBM, RB); em direção ao rio Brumado, 5

Km de Rio de Contas, 13.Dez.84, G.P. Lewis et al. CFCR 6795 (SPF); ca. de 2,5 km N de Rio de Contas, na estrada de Jussiape, próximo ao lixão, 26.Ago.00, L.P. de Queiroz & D.S. Carneiro 6352 (HUEFS); área de aterro da represa, 29.Jul.99, A.M. Giulietti et

al. PCD 1545 (HUEFS); caminho da Ponte do Coronel para Rio de Contas, ca. 5 km,

28.Nov.00, M.J.S. Lemos et al. 130 (HUEFS); Na saída da cidade na direção de Jussiape, próximo da nascente do rio Bonito, 11.Jun.00, R.M. Harley (HUEFS); Ca. 2 Km da cidade, em direção a Marcolino Moura, 04.Mar.94, P.T.Sano et al. CFCR 14841

(SP, SPF); A 1 Km da cidade na estrada para Marcolino Moura, 09.Set.81, J.R.Pirani et al. CFCR 2154 (SPF).

12.1. Calliandra coccinea var . trimera Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 168. 1998. Tipo: Bahia, Rio de Contas, S. A. Mori & F. Benton 13532 (holótipo:

CEPEC !; isótipos: MO, NY).

Esta variedade caracteriza­se pela corola trímera com lacínios obovados. É

conhecida apenas do material tipo, coletado no Pico das Almas, município de Rio de

Contas. É possível, portanto, que se trate de uma variação local sem valor taxonômico.

Floresce nos meses de março a abril.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Rio de Contas, S. A. Mori & F. Benton 13532 (CEPEC).

13. Calliandra fuscipila Harms, Repert. Sp. Nov. Regni Veg. 17: 91, 1921. Tipo: Brasil,

Bahia, Rio de Contas, “Minas de Contas”, Luetzelburg 245 (holótipo: M; isótipo:

B ­ destruído). Figura 12E­G.

Arbusto 0,5­2m alt. propesamente ramificado, ramos, eixos foliares e pedúnculos

pubérulos e com tricomas granulares. Filotaxia dística. Estípulas deltóides, 0,8­1,2 x

0,5­0,7mm compr. Folhas v­viii/17­30; pecíolo 1­2mm compr.; raque 0,8­3cm compr.;

pinas 1­2,6cm compr. decrescentes distalmente; folíolos imbricados, 1,2­2 x 0,5­1mm,

coriáceos, oblongos a obovados, ápice arredondado, base assimétrica, auriculada, face

adaxial e abaxial pubérulas e com tricomas granulares, nervação inconspícua, nervura

Page 68: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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principal excêntrica. Pseudoracemo terminal folhoso formado por glomérulos

pedunculados, 2­3 fasciculados na axila das folhas distais, pedúnculo ferrugíneo, 0,5­

1,5cm compr. Flores homomórficas, pentâmeras, às vezes com 2 lacínios da corola

unidos, sésseis; cálice amplamente campanulado com tricomas granulares densos, tubo

esbranquiçado, ca. 1 mm compr., lacínios deltóides vináceos, ca.1 mm compr.; corola

campanulada, com tricomas granulares densos, tubo ca. 3 mm compr., lacínios agudos,

ca.2mm compr.; estames vináceos, esbranquiçados na base, estemonozone 0,6­1mm

compr.; tubo estaminal ca. 5mm compr., filetes livres por ca. 25mm compr., anteras

vináceas; nectário floral ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2mm compr., ca. 8­

ovulado, estigma capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice agudo a arredondado,

base cuneada, 4­6 x 1cm, valvas coriáceas, ferrugíneas e com tricomas granulares

densos avermelhados. Sementes obovais, ca. 5x3mm, testa lisa, cartácea, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, Serra dos Frios, 12.Nov.93, W. Ganev

2469 (HUEFS, SPF); Serra do Rei, 12.Jan.94, W. Ganev 2798 (HUEFS, SPF); 26.Dez.88, R.M. Harley et al. 27814 (CEPEC, HUEFS, SPF); Campo do Ouro Fino ­ alto, 17.Jan.92, D.J.N. Hind H 50074 (F, HUEFS, NY, SP, SPF); Catolés: orla da Mata

dos Frios, 10.Jan.99, E.B. Miranda 299 (HUEFS). Água­Quente, 26.Mar.80, Mori & F.

Benton s.n (CEPEC). Piatã, Serra do Atalho, próximo ao garimpo da cravada, 11.Jun.92, W. Ganev 472 (HUEFS, SPF); Serra da Tromba, 08.Set.96, R.M. Harley 28387 (HUEFS); Estrada Piatã/Boninal, entrando a 3,7 Km à direita num local denominado Tijuco, 12.Nov.96, H.P. Bautista 4215 (ALCB, HRB, HUEFS, SPF). Rio

de Contas, 22.Jul.79, Mori 12465 (CEPEC); Pico das Almas, ca. 25 Km NW de Vila de

rio de Contas, 17.Fev.77, R.M. Harley 19526 (SPF); Pico das Almas, 19.Fev.87, R.M. Harley 24427 (K, MO, SPF); Rio de Contas­Brumadinho, entre Fazenda Brumadinho e

Queiroz, 22.Fev.87, R.M.Harley et al 24619 (CEPEC, G, HUEFS, K, NY, SPF, SP); 14.Dez.84, G.P. Lewis 6896 (CEPEC, HUEFS, K, MO, SPF); próximo ao Morro do

Queiroz, 27.Mar.98, E.R. de Souza 02 (HUEFS); Encosta do Pico das Almas, 28.Jan.98, L.P. de Queiroz 4956 (HUEFS); Ca. 1 Km antes do Distrito de Mato Grosso, 29.Dez.97,

A.M. de Carvalho 6462 (ALCB, CEPEC, HUEFS, MBM); Subida para o Pico das

Almas: campo de Queiroz, 23.Ago.00, L.P. de Queiroz 6340 (HUEFS); Na saída da cidade na direção de Jussiape, próximo do nascente do Rio Bonito,

11.Jun.00,R.M.Harley 53960 (HUEFS).

Page 69: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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C. fuscipila é uma espécie endêmica da porção sudoeste da Chapada Diamantina, sendo conhecida apenas dos municípios de Abaíra, Piatã, Água­Quente e

Rio de Contas Ocorre em ambientes de campo rupestre. Floresce nos meses de julho a

março e encontra­se em frutificação nos meses de janeiro e junho. C. fuscipila é um pequeno arbusto pequeno 0,5­2m de campo rupestre, podendo

ser reconhecido principalmente pelo indumento denso e que confere um aspecto

ferrugíneo a toda a planta. Por estas características aproxima­se de C. coccinea da qual pode ser diferenciada pelos lacínios deltóides (C. coccinea apresenta lacínios acuminados) do cálice e por apresentar folhas com maior número de jugos (5­8 x 3­5),

além de menores dimensões das pinas (1­2,6 x 2,5­5cm) e folíolos (1,2­2 x 0,5­1, por 3­

5 x 1mm em C. coccinea).

14. Calliandra involuta Mackinder & Lewis, Kew Bull. 45: 683, 1990. Tipo: “Brasil, Bahia, Lençóis, Serra da Larguinha, Lewis et al. CFCR 7248” (holótipo: SPF!;

isótipo: K!). Figura 12H­J.

Arbusto ca. 1,5m alt.; ramos, eixos foliares, pedúnculos velutinos. Filotaxia dística.

Estípulas lineares, 4­5 x 1mm. Folhas ii­iii/16­17; pecíolo ca. 2mm compr.; raque 0,5­

2cm compr.; pinas 4­5cm compr.; folíolos esparsos, 10­12 x 2,5­4mm, coriáceos,

oblongos, bulados, côncavos, assimétricos, ligeiramente falcados, ápice arredondado,

base assimétrica, face adaxial serícea, face abaxial pubérula, margem fortemente

involuta, nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo

terminal constituído por glomérulos pedunculados, pedúnculo ca. 30mm compr.

brácteas pendunculares ausentes. Brácteas florais lanceoladas 1,5­2 x 1mm. Flores

homomórficas, tetrâmeras, sub­sésseis, pedicelo ca. 1mm; cálice campanulado, pilosos

com tricomas amarelados, tubo ca. 2,5mm compr., lacínios agudos, ca. 1,5m compr.;

corola campanulada, pétalas soldadas, duas a duas, formando dois lábios, um

envolvendo parcialmente o outro, tubo 4mm compr., lacínios agudos, mas, devido a

união, aparentam­se arredondados, ca. 3mm compr.; estames brancos na base, na maior

parte rosa­avermelhados a coccíneos, parede do tubo estaminal nectarífera,

estemonozone ca. 1mm compr, tubo estaminal ca.5mm compr., filetes livres por ca.

20mm compr., anteras vermelhas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado,

glabro, ca. 1,8 mm compr., estilete ca. 23mm. Fruto não visto.

Page 70: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

55

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Piatã, Encosta da Serra do Barbado, após

Catolés de Cima, fl., 6.Set.96, R.M. Harley et al. 28344 (HUEFS); Encosta da Serra do Barbado, após Catolés de Cima, fl., 6.Set.96, R.M. Harley et al. 28302 (HUEFS); Lençóis: Serra da Larguinha, 19.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 7248 (holótipo: SPF).

C. involuta é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina com distribuição

disjunta entre Lençóis (conhecida apenas pelo material tipo) e Catolés (com dois

espécimes coletados). Ocorre em ambiente de campo rupestre. Foi encontrado material

florido em setembro e dezembro e a frutificação não foi observada.

Assemelha­se ainda a C. asplenioides pelo hábito arbustivo, por apresentar folhas

com 2­3 pares de pinas e pelos folíolos côncavos, mas diferenciam­se por C. asplenioides apresentar folíolos com face adaxial lisa (C. involuta apresenta folíolos bulados, com face adaxial rugosa) e flores pentâmeras com cálice ca. ½ do comprimento

da corola (C. involuta apresenta flores tetrâmeras com calíce ca. 1/3 do comprimento da

corola).

15. Calliandra mucugeana Renvoize, Kew Bull. 36: 83, 1981. Tipo: Brasil, Bahia, Mucugê, Harley et al. 16095 (holótipo: CEPEC !; isótipo: K !, NY). Figura 12K­ L.

Subarbusto ca. 60cm alt. ramificado, formando touceiras; ramos, eixos foliares,

pedúnculos pubérulos e com tricomas granulares. Folhas dísticas. Estípulas setiformes a

lanceolas, 1,2­1 x 0,5­0,8mm. Folhas iv­v/6­11; pecíolo 1­5mm compr.; raque 2­3,5cm

compr.; pinas ligeiramente decrescente distalmente, 2­5cm compr.; folíolos esparsos,

ligeiramnete côncavos, 4­5 x 2mm, coriáceos, oblongos, ápice arredondado, base

assimétrica, face adaxial, às vezes rugosa, glabra, face abaxial com tricomas granulares,

nervação palmada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos terminais, curtamente

exsertos, glomérulos pedunculados, 1­2 fasciculados; pedúnculos não barcteados, 13­

20mm compr. Brácteas florais ovais, 0,8 x 0,8mm. Flores homomórficas, tetrâmeras,

sésseis; cálice quadrangular, com tricomas granulares, tubo ca. 1,5mm compr., lacínios

deltóides, 0,5mm compr.; corola infundibuliforme, com tricomas granulares

avermelhados, tubo 4 ­5mm compr., lacínios oblongos, às vezes soldados dois a dois,

ca. 3mm compr.; estames vermelhos, estemonozone 2mm compr. tubo estaminal 5­7mm

compr., filetes livres por 20­25mm compr., anteras vináceas; nectário intraestaminal

ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2mm compr., estilete ca. 10mm, estigma capitado.

Page 71: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Legume linear­oblanceolado, ápice agudo, mucronado, base cuneada, 5,5­6 x 0,6­

0,9cm, valvas lenhosas, velutinas. Sementes não vistas.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Andaraí, Serra do Sincorá, 22.Jul.97, P.E.Labiak 464 (SPF); estrada de Andaraí­Mucugê, 20.Nov.83, L.R. Noblick & A.Pinto 2886 (ALCB, CEPEC, HUEFS, HRB, MBM); Rodovia Andaraí/Mucugê, Km 30,

20.Mai.1989, L.A.Mattos Silva et al. 2816 (CEPEC, MBM); IV/79, G.M. Barroso (RB). Ibicoara, 22.Jun.78, P.Vaillant 51 (HRB). Mucugê, Estrada Mucugê­Abaíra, ca. 3 km

de Mucugê, próximo à ponte, 11.Fev.92, W. Ganev 822 (HUEFS, SPF); ca. de 30 km na estrada de Andaraí para Mucugê; 19.Mar.90, A.M. de Carvalho & J. Saunders 2923

(CEPEC, HRB, HUEFS, MBM); Cachoeira das Andorinhas, próximo ao Rio Cumbuca,

11.Out.98, M.M. da Silva & J. Costa 107 (HUEFS); UMS, próximo a confluência do rio

Mucugê com o rio Cumbuca, 03.Jan.97, H.P.Bautista & S.L. Silva 326 (ALCB, HRB, HUEFS, MBM); UMS, 03.Jan.97, H.P.Bautista et al. 015 (HRB, HUEFS); UMS,

05.Abr.97, H.P.Bautista & S.L. Silva 238 (HRB, HUEFS); 31.Jan.97, L.Passos et al. PCD 4747 (ALCB, CEPEC, HUEFS, SPF); ca. 4 km N de Mucugê, L.P. de Queiroz et al. 5594 (HUEFS); km 16 Mucugê­Andaraí, 4.Mar.78, A.C. Allem 1792 (HUEFS); Serra de São Pedro, 17.Dez.84, G.P. Lewis CFCR 7040 (HUEFS, K, SPF); Primeira

entrada a esquerda, próximo a pedreira, 24.Out.00, E.R. de Souza 70 (HUEFS); Ca. 2 Km ao longo da rodovia para Andaraí, 25.Jan.1980, R.M.Harley et al. 20633 (CEPEC, SPF); Serra do Sincorá, 3 Km SW de Mucugê na estrada para Cascável, 27.Mar.1980, R.M.Harley et al. 21050 (CEPEC, K); 2 Km N de Mucugê para Andaraí, 20.Jan.1997,

M.M.Arbo et al. 7577 (CEPEC , CTES); Rodovia Mucugê/Andaraí, Km 6, 12.Jan.1983, L.A.Mattos Silva et al. 1618 (CEPEC); 3 Km S de Mucugê, 22.Dez.1979, S.A.Mori et al. 13131 (CEPEC).; Ca. 30 Km na estrada de Andaraí para Mucugê, 19.Mar.1990, A.M.de Carvalho et al. 2923 (CEPEC); 5 km S, 22.Jan.84, G.Hatschbach 47474 (CEPEC, MBM); Pai Inácio, BR 242, W of Lençóis at Km 232, 12.Jan.1981, S.A.Mori

et al. 14341 (CEPEC); Andaraí­Caeté­Açu em direção ao Pati, 10.Fev.89, M.C.Ferreira 185 (HRB); Estrada que liga cascável a Mucugê, 07.Abr.84, J.E.M.Brazão 316 (HRB, RB); Margem da estrada Andaraí­Mucugê, estrada Nova a 13 Km de Mucugê, próximo

a uma grande pedreira na margem esquerda, 21.Jun.81, J.R.Pirani et al. CFCR 1651 (SPF); Perto do cemitério, Brejo, 16.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 6963 (K, MO,

SPF); Estrada Mucugê­Andaraí, 17.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 7090 (K, MO, SPF);

10 Km S de Andaraí na estrada para Mucugê, 16.Fev.77, R.M.Harley et al. 18762 (K,

Page 72: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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SPF); Serra do Sincorá, 3 Km SW de Mucugê, 27.Mar.80, R.M.Harley et al. 21050 (K, SPF); Estrada Andaraí­Mucugê, 27 Km S de Andaraí após atravessar o Rio Piaba,

21.Ago.85, M.G.L.Wanderley et al. 952 (SP, SPF); 23.Jun.78, J.E.M. Brazão 68 (RB); Serra de Mucugê, 2.Nov.73, A. L. Costa s/nº (ALCB); Capão do Andrade, 01.Fev.87, B. L. Morretes et al. 07 (ALCB); 23.Jun.78, J.E.M. Brazão 68 (ALCB). Palmeiras,

Morro do Pai Inácio, VI/86, N.N.A.Santos s/n (HUEFS);Morro do Pai Inácio, 05.Jul.98, E.R. de Souza & E.B. Miranda 25 (HUEFS); Pai Inácio, 12.Jun.1981, S.A.Mori et al. 14353 (CEPEC, NY); Pai Inácio, BR 242, Km 232, ca. de 15 Km ao NE de Palmeiras, 29.Fev.1980, S.A.Mori 13312 (CEPEC).

Calliandra mucugeana é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, restrita à Serra do Sincorá. Ocorre em ambientes de campo rupestre. Floresce nos meses de

janeiro a julho e novembro. Foram encontado materiais com frutos nos meses de julho a

novembro.

Calliandra mucugeana assemelha­se a C. asplenioides por apresentar os folíolos ligeiramente concâvos e esparsos, mas difere­se desta pelo hábito subarbustivo,

densamente ramificado, formando touceiras de ca. 60cm (C. asplenioides arbusto de até 2,8m alt.), por apresenatar 4 a 5 pares de pina com 6 a 11 pares de folíolos, enquanto C.

asplenioides de 2 a 3 com 14 a 24 pares de folíolos e pela presença de brácteas florais (ausentes em C. asplenioides).

16. Calliandra bahiana Renvoize, Kew Bull. 36: 69, 1981. Tipo: Brasil, Bahia, Serra do Curral Feio, Harley et al. 16985 (holótipo: CEPEC !; isótipos: K !, NY). Figura 13A­B.

Calliandra bahiana var. erythrematosa Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 151. 1998. Tipo: Bahia, Rio de Contas, G. P. Lewis & S. M. M. Andrade 1986 (holótipo: CEPEC !; isótipos: K !, MO, NY), syn. nov.

Arbusto 0,8­1,8m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos densamente

pubérulos a velutinos canescentes, e com tricomas granulares. Filotaxia dística. Estípula

deltóide a lanceolada, 0,8­4 x 1­3mm. Folhas (iv­)vi­xii/(10)17­31; pecíolo 2­5mm

compr.; raque 2­6cm compr.; pina mais ou menos equilongas, 1,5­4,5cm compr.,

folíolos, contíguos, 1­2 x 4­6mm, coriáceos, oblongos, ápice obtuso a arredondado, base

assimétrica, truncada, face adaxial pubérula, face abaxial glabrescente a pubérula e com

tricomas granulares, nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica.

Page 73: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Pseudoracemo folhoso terminal constituído por glomérulos isolados, pedunculados,

exserto da folhagem; pedúnculo 2,5­5cm compr., ebracteado. Brácteas florais deltóides

a lanceoladas, 2­10 x 1­4mm. Flores homomórficas, pentâmeras, sésseis, com tricomas

granulares densamente distribuídos no cálice e na corola; cálice campanulado, seríceo a

velutino, canescentes, tubo 3­6mm compr., lacínios deltóides a agudos, castanhos, 0,5­

4mm compr.; corola infundibuliforme, serícea a velutina, canescentes, tubo 5­9mm

compr., lacínios agudos, 2­4mm compr.; estames brancos, tornando­se róseos nas flores

velhas, estemonozone 1,4­3,5mm compr., tubo estaminal com base da parede interna

nectarífera, 5­8mm compr., filetes livres por 20­22mm compr.; ovário glabro a

esparsamente piloso, obovado, 3­4mm compr., ca. 5­ovulado, estilete subterminal, ca.

26mm compr. Legume linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base

atenuada, 7­8 x 1cm, valvas lenhosas, densamente velutinas, canescentes.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, ca. de 1 km de Catolés, na Fonte do

meio, estrada Catolés­Furnas, 09.Jul.95, F. França 1250 (HUEFS); caminho de Boa Vista para Bicota, 09.Jul.95, F. França 1255 (HUEFS); Catolés de Cima, Campo Grande, 22.Jun.92, W. Ganev 548 (HUEFS, SPF); Boa Vista, 28.Nov.93, W. Ganev 2601(HUEFS, SPF); Caminho Boa Vista­Riacho Fundo pelo toucinho, 27.Jan.94, W.

Ganev 2902 (HUEFS, SPF); Boa Vista, acima do Capão do Mel, 11.Jun.94, W. Ganev 3355(HUEFS, SPF); Catolés de Cima, Bem Querer, 23.Jun.94, W. Ganev 3415 (HUEFS, SPF); 26.Nov.88, R.M. Harley et al. 27746 (HUEFS, CEPEC); Catolés, estrada para Serrinha e Bicota, 20.Abr.98, E.R de Souza et al. 16 (HUEFS); Encosta da

Serra da Tromba,14.Mai.00, E.B. Miranda 473 (HUEFS). Ituaçu, Estrada Ituaçu­Barra da Estiva, a 13 Km de Ituaçu, próximo ao Rio Lajedo, 18.Jul.81, A.M. Giulietti 1226 (SPF). J ussiape, Próximo da cidade, Cachoeira da Fraga, 16.Fev.87, R.M.Harley et al. 24337 (MBM, RB, SPF). Minas do Mimoso, NW da Lagoinha e SW Delfino,

04.Mar.74, R.M. Harley et al. 16684 (SPF). Morro do Chapéu, Serra do Tombador,

ca. 5km da cidade, próximo a base de Morro do Chapéu, 19.Fev.71, H.S. Irwin et al. 32571 (CEPEC, HUEFS, MBM); ca. 12 km E do entroncamento para Cafarnaum na BA

052 ­estrada do feijão, 22.Ago.93, L.P. de Queiroz 3540 (HUEFS); descendo do Morro,

7.Jun.2001, M.E.R. Junqueira et al. 86 (HUEFS). Piatã, Quebrada da Serra do Atalho, 26.Dez.91, R.M. Harley H 50398 (HUEFS, SP, SPF); 13.Fev.97, R.M. Harley 24136 (HUEFS). Rio de Contas, Entre 2,5 e 5 Km S da Vila do Rio de Contas, 28.Mar.77, R.M.Harley et al. 20137 (K, SPF); Pico das almas, casa Dona Maria Silvina, 14.Dez.84,

Page 74: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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G.P.Lewis CFCR 6894 (HUEFS, K, SPF); 21.Jul.97, Arbo et al. 7594 (HUEFS, CEPEC); ca. 5km S da sede do município de Cachoeira do Fraga, 11.Fev.91, A. M. de Carvalho 3229 (HUEFS, CEPEC); Pico das Almas, 19.Fev.87, R.M. Harley et al. 24428 (CEPEC, F, K, MO, SPF); Pico das Almas – estrada ca. 2­3km da Fazenda

Morro Redondo, em direção à cidade, 03.Abr.94, S. Atkins et al. CFCR 14762 (CEPEC,

RB); 19.Mar.77, R.M. Harley 19717 (HUEFS, CEPEC); entre 2,5 e 5 Km da Vila de Rio de Contas, 28.Mar.77, R.M. Harley 20091 (CEPEC, HUEFS, SPF); entre 2,5 e 5 Km da Vila de Rio de Contas, 28.Mar.77, R.M. Harley 20092 (SPF); próximo ao Morro

do Queiroz, 27.Mar.98, E.R de Souza 01 (HUEFS); subida do morro ao lado da

barragem do rio Brumado, 25.Jan.98, L.P. de Queiroz 4923 (HUEFS); Mato Grosso,

16.Mai.83, G. Hatschbach 46515 (Tipos C. bahiana var erythematosa: HUEFS, CEPEC, Paratipo: MBM); 02.Abr.91, G.P. Lewis & S.M.M. de Andrade 1949 (CEPEC); 5km S de Rio de Contas, na estrada de terra para Livramento de Brumado, 16.Abr.91,

G.P. Lewis & S.M.M. de Andrade 1986 (CEPEC, MBM); em direção ao rio Brumado, 5

Km de Rio de Contas,14.Dez.84, G.P. Lewis et al. CFCR 6788 (SPF); 25.Mar.93, W. Ganev 2128 (SPF); 4km ao norte de Rio de Contas, 21.Jul.79, S.A. Mori et al. 12383 (CEPEC); caminho para a cachoeira do Fraga, 01.Fev.97, S. Atkins et al. 4774 (ALCB,

CEPEC, HUEFS); trilha da cachoeira do Fraga, 13.Nov.98, M.M. da Silva et al. 131 (HUEFS); estrada Livramento – Rio de Contas, a 3km de Rio de Contas, 10.Abr.99, R.C. Forzza et al. 1119 (CEPEC); Estrada Real, parte mais alta, 2.Jan.00, A.M.Giulietti 1630, (HUEFS); Cachoeira do Frade (Rio Brumado), 28.Fev.94, P.T. Sano CFCR

14653 (HUEFS, K, MBM, SPF, SP); Estrada Real, 21.Ago.00, E.R. de Souza 29 (HUEFS); Caminho para o Pico das Almas, antes do Campo do Queiroz, 23.Ago.00, E.R. de Souza 33(HUEFS); Estrada do Fraga, ca. 2km SE da cidade, 13.Jul.85, M.G.L. Wanderley et al. 871 (SP). Sento Sé, 29.Abr.81, R.P. Orlandi 410 (HRB, RB); Umburanas, Serra do Curral Feio ­localmente referida como Serra da

Empreitada,Cachoeirinha à beira do Rio Tabuleiro, 11.Abr.99, L.P. de Queiroz 5387 (HUEFS); 16 km NW de Lagoinha (15,5 Km SW de Delfino), nas estradas para Minas

do Mimoso 4.Mar.74, R.M.Harley et al. 16684 (K, SPF); 16km NW de Lagoinha

(5,5km SW de Delfino) na estrada para Mimoso, 08.Mar.74, R.M. Harley 16985 (RB);

C. bahiana é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina. Ocorre em ambientes de campo rupestre, cerrado, campos gerais e carrascos. Floresce nos meses de dezembro

Page 75: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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a abril e em agosto, apresentando­se em frutificação nos meses de junho, julho e

novembro. C. bahiana assemelha­se mais a C. elegans e C. nebulosa pelas folhas com cerca de

seis pares de pinas, diferindo por apresentar pedúnculos mais longos, de pelo menos 2,5

cm compr., pinas menores, de até 4,5 cm compr. e, principalmente pelo indumento

seríceo a velutino e canescentedo cálice e corola.

Barneby (1998) reconhece para esta espécie duas variedades: C. bahiana var. bahiana e C. bahiana var. erythematosa Barneby, que se diferenciam nos aspectos quantitativos do indumento do perianto e pela distribuição geográfica. C. bahiana var.

bahiana possui tricomas tectores pilosos brancos densamente distribuídos ao longo do perianto e, de maneira menos abundante, tricomas granulares avermelhados e apresenta­

se distribuída nas Serras do Curral Feio, do Tombador e em Catolés. Em C. bahiana var. erythematosa os tricomas granulares avermelhados predominam e os tricomas

tectores pubérulos, brancos são poucos e esparsamente distribuídos ao longo do

perianto, conferindo­lhe um aspecto ferrugíneo e apresenta­se distribuída no entorno da

cidade de Rio de Contas.

Analisando a variação entre espécimes representativos de C. bahiana, observou­se

que a análise de UPGMA não discriminou as duas variedades (Figura 20). Apenas um

grupo, formado pelos espécimes com brácteas mais longas, concentrados no entorno de

Catolés foi discriminado. Assim, não estão sendo reconhecidas as variedades propostas

por Barneby (1998). Uma análise mais ampla desta espécie é necessária para definir o

status taxonômico dos materiais de Catolés.

17. Calliandra crassipes Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 555. 1875. Tipo: Bahia: Caraboto a Caetité, Martius s.n. (holótipo: M). Figura 13C.

Arbusto 1,5­3m alt.; ramos, eixos foliares, pedúnculos seríceos e com tricomas

granulares. Filotaxia dística. Estípulas lineares ca. 4 x 1mm. Folhas vi­viii/18­28;

pecíolo ca. 5mm compr.; raque 3­4,5cm compr.; pinas subequilongas, 1,5­4,5cm

compr., 36­56­folioladas; folíolos imbricados, ca. 6 x 1­2mm, coriáceos, oblongos,

ápice obtuso a arredondado, base assimétrica, truncada, face adaxial serícea, face

abaxial com tricomas granulares, margem ciliada, nervação palmado­dimidiada, nervura

principal excêntrica. Pseudoracemo terminal composto por glomérulos pedunculados, 3

a 5 fasciculados; pedúnculos 18­35mm compr. Brácteas florais não vistas. Flores

Page 76: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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homomórficas, tetrâmeras e sésseis; cálice campanulado, seríceos e com tricomas

granulares, tubo ca. 5mm compr., lacínios acuminados, 5 ­8mm compr.; corola

campanulada, serícea e com tricomas granulares avermelhados, tubo ca. 7mm compr.,

lacínios obtusos, ca. 5mm compr.; estames alvos, estemonozone 1,3­4mm compr.; tubo

estaminal 7­10mm compr., filetes livres por 20­25mm compr., anteras vináceas; ovário

obovado, seríceo, 2­3mm compr., 5­6­ovulado, estilete ca. 35mm compr., estigma

capitado. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Bar ra da Estiva, ca. 6km N de Barra da

Estiva em Ibicoara, 28.Jan.74, R.M. Harley 15521 (CEPEC, K, SPF); Serra do Ouro, 7

Km S de Barra da Estiva em direção a Ituaçu, 30.Jan.74, R.M. Harley 15687 (CEPEC, K, SPF); Serra do Sincorá, W de Barra da Estiva, próximo a Jussiape, 22.Mar.80, R.M. Harley 20726 (CEPEC, K); 8 Km S de Barra da Estiva – caminho a Ituaçu: Morro do

Ouro e Morro da Torre, 22.Nov.92, M.M. Arbo 5685 (CTES, HUEFS, K, MBM, NY,

RB, SPF, UB); Sincorá Velho – Serra do Sincorá, 24.Nov.92, R. Mello­Silva et al. 795 (NY, SPF); 28.Jan.74, R.M. Harley 15521 ; 22.Mar.80, R.M. Harley 20726; 18.Mai.99, V.C. Souza et. Al. 22623 (HUEFS).

C. crassipes é uma espécies endêmica da Chapada Diamantina, restrita ao

município de Barra da Estiva, onde ocorre em ambiente de campo rupestre. Floresce nos

meses de novembro a fevereiro. A frutificação não foi observada. C. crassipes assemelha­se a C. bahiana e a C. nebulosa quanto ao hábito

arbustivo e quanto ao número de pares de pina, geralmente 6 a 8 pares, mas difere

destas por apresentar lacínios do cálice fortemente acuminados.

18. Calliandra feioana Renvoize, Kew Bull. 36: 75, 1981. Tipo: Brasil, Bahia, Serra do Curral Feio, Lagoinha a Minas do Mimoso, Harley et al. 16972 (holótipo: CEPEC !; isótipos: K !, NY). Figura 13D­F.

Pequeno subarbusto virgado ca. 1m alt; ramos, eixos foliares e pedúnculos

pilosos com tricomas amarelados, e com tricomas granulares. Filotaxia dística. Estípulas

lanceoladas, 5­6 x 1,5­2mm. Folhas vii­ix/19­22; pecíolo 2­6mm compr.; raque 2­3cm

compr.; pinas 1,5­4cm compr.; folíolos 3­5 x 1­1,2mm, coriáceos, oblongos,

assimétricos, ápice agudo, base oblíqua, face adaxial pubérula e com tricomas

granulares avermelhados, face abaxial glabra, nervação palmada, nervura principal

Page 77: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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excêntrica, margem hirsurta. Pseudoracemo terminal; glomérulos pedunculados;

pedúnculo 1,4­2,5cm compr. brácteas pedunculares ausentes. Brácteas florais linear­

lanceoladas, 3,5 x 1,5mm. Flores homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice

campanulado, pubérulo e com tricomas granulares, tubo ca. 2mm compr., lacínios

deltóides, pilosos, 1­1,5mm compr.; corola campanulada, pubérula e com tricomas

granulares, tubo ca. 4mm compr., lacínios oblongos, hirsutos, ca.2mm compr.; estames

brancos, tornando­se róseos quando envelhecidos, estemonozone ca. 1,8mm compr.

tubo estaminal ca. 5mm compr., filetes livres por ca. 25mm compr., anteras vináceas;

nectário intraestaminal ausente; ovário clavado, glabro, ca. 2mm compr., ca. 8­ovulado,

estigma capitado. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Umburanas, 16 km nordeste de Lagoinha ao

lado da estrada para Minas do Mimoso ­5,5km sudoeste de Delfino, 08.Mar.74, R.M. Harley 16972 (Tipo­ CEPEC, RB).

C. feioana é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, restrita a região de Lagoinha, localidade do município de Umburanas, conhecida apenas pelo material tipo.

Foi encontrado material florido no mês de março e a fruticação não foi observada. C. feiona assemelha­se a C. hirsuticaulis no hábito subarbustivo, indumento

hirsurto dos ramos, eixo foliares e pedúnculos, comprimento das pinas (1,5­4cm),

disposicão dos folíolos, forma lanceolada das estípulas, mas diferencia­se por apresentar

folíolos com nervação palmada (palmado­dimidiada em C. hirsuticaulis), flores sésseis (subsésseis com pedicelo turbinado em C. hirsuticaulis) e tubos do cálice e da corola

pubérulos (pilosos em C. hirsuticaulis).

19. Calliandra hirsuticaulis Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 203, 1908. Tipo: Bahia, Serra do Sincorá, 1400m, Ule, 7312 (holótipo B, isótipos: HBG, K !). Figura 13G­H.

Subarbusto prostado a decumbente de ca. 60cm até arbustos 1­2 m alt.; ramos,

eixos foliares e pedúnculos pilosos, tricomas tectores amarelados e com tricomas

granulares. Folhas dísticas. Estípulas linear­lanceoladas, 7­10 x 1,5­2mm. Folhas (ii­)iii­

vii/14­28; pecíolo 1­2mm compr.; raque 1­3 cm compr.; pinas subequilongas, 1,5­4,5cm

compr.; folíolos decrescentes proximal e distalmente, imbricados, assimétricos, (3­)4­9

x 1­2mm, coriáceos, oblongos, ápice agudo, base oblíqua, face adaxial pubérula e com

tricomas granulares, face abaxial com tricomas granulares, margem ciliada, nervação

Page 78: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo folhoso terminal com

glomérulos pedunculados nas axilas das folhas distais, 2­3­fasciculados; pedúnculos,

pilosos, não bracteados, 7­25 (35­40)mm compr.; brácteas florais lanceoladas a obovais,

(2­)3­7x1­1,5mm. Flores homomórficas, pentâmeras, com tricomas granulares no cálice

e na corola, subsésseis, pedicelo turbinado 0,4­1 x 1­1,6mm; cálice campanulado,

piloso, tubo 1,5­4mm compr., lacínios agudos a acuminados, 0,5­3mm compr.; corola

campanulada, pilosa, tubo 4­5mm compr., lacínios obovados, 2­3mm compr.; estames

brancos, quando envelhecidos róseos a vermelhos, estemonozone 1­1,8mm compr. tubo

estaminal 5­7mm compr. filetes livres por 18­25mm compr. anteras vináceas; nectário

intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2mm compr., 6­8­ovulado, estilete

23­28mm, estigma capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice agudo, base cuneada,

ca. 6,5 x 1cm, valvas lenhosas, velutinas. Semente oboval, ca. 10 x 4 x 3mm, testa

óssea, lisa, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, caminho de Jambeiro a Belo

Horizonte, 14.Jun.94, W. Ganev 3528 (HUEFS, SPF); Catolés: Campo da Bicota, 20.Set.99, T.S. Nunes 111 (HUEFS); Catolés: estrada para Serrinha e Bicota, 20.Abr.98, E.R. de Souza 15 (HUEFS). Bar ra da Estiva, 8km S de Barra da Estiva, caminho a

Ituaçu, 23.Nov.92, M. Arbo 5736 (HUEFS, SPF). Caetité, 10.Fev.97, L. passos 5397 (CEPEC). Lençóis, Cachoeira da Fumaça, 11.Out.87, M.L.Guedes s/nº (ALCB); Cachoeira da Fumaça, 11.Out.87, M.L.Guedes et. al. 1555 (ALCB); Morro da

Chapadinha, 24.Nov.94, E. Melo PCD 1351 (ALCB, CEPEC, HUEFS, HRB, SPF);

Morro do Pai Inácio, 19.Nov.83, L. P. de Queiroz 769 (HUEFS); Serra dos Lençois – Serra da Larguinha, ca. 2 Km NE de Caeté­Açu (Capão Grande), 25.Mai.80, R.M.Harley et al. 22537 (K, SPF); Serra Larga (= Serra da Larguinha) a O de Lençois, perto de Caeté­Açu, 19.Dez.84, J.R.Pirani et al. CFCR 7262 (K, MO, SPF). Mucugê,

Serra de Mucugê, 13.Ago.76, E.Gusmão s/nº (ALCB); 24.Jan.00, L.P. de Queiroz 5666

(HUEFS); 24.Jan.00, L.P. de Queiroz 5669 (HUEFS); rodovia para Andaraí, 17.Set.84, G.Hatschbach 48323 (MBM); estrada Nova Andaraí­Mucugê, 08.Set.81, A.Furlan et al. CFCR 1574 (MO, SPF). Palmeiras, próximo à localidade de Caeté­Açu, Cachoeira da

Fumaça ­Glass, 11.Out.87, L. P. de Queiroz 1922 (HUEFS); 18.Dez.81, G. P. Lewis 852 (CEPEC); Morrão, 31.Ago.96, A.A. Conceição 166 (HUEFS, SPF); Pai Inácio, 29.Ago.94, M.L.Guedes et al. PCD 479 (ALCB, HRB, RB, SPF). Piatã, estrada Catolés­Inúbia, próximo ao Ribeirão do meio, 07.Ago.92, W. Ganev 804 (HUEFS,

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SPF). Rio de Contas, Pico das Almas, 24.Mar.96, M.L. Guedes et. al. 5034 (ALCB); 29.Dez.97, A.M. Carvalho 6463 (HUEFS); Povoado do Mato Grosso, 24.Out.88, R. M. Harley 25350 (CEPEC, SPF); Pico das Almas, vertente leste ao N do Campo do Queiroz, 15.Nov.88, R.M. Harley 26157 (CEPEC, HUEFS, MBM, SPF); Pico das

Almas, casa de Dona Maria Silvinas, 14.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 6893 (SPF).

Seabra, Serra do Bebedor, ca. de 4km W da lagoa da Boa Vista, na estrada para Gado

Bravo, 22.Jun.93, L. P. de Queiroz 3334 (HUEFS, MBM). Umburanas, Serra do Curral

Feio ­localmente referida como Serra da Empreitada, entrando para W a cerca de 20 Km

S de Delfino na estrada para Umburana, 9.Abr.99, L.P. de Queiroz 5126 (HUEFS);

Serra do Curral Feio ­localmente referida como Serra da Empreitada, entrando para W a

cerca de 20 Km S de Delfino na estrada para Umburana, 10.Abr.99, L.P. de Queiroz 5266 (HUEFS).

C. hirsuticaulis é uma espécie que ocorre na Chapada Diamantina, em sua parte

meridional até Seabra, estendendo­se para o sul até Caetité. Ocorre em campo rupestre.

Floresce nos meses junho a dezembro e foi encontrado material frutificado nos meses de

de abril e agosto.

É uma espécie que apresenta uma ampla variação no hábito, de subarbusto prostado

a decumbente a arbustos de até 2m de altura. Assemelha­se a C. feioana no indumento pilosos e amarelados dos ramos, eixo foliares e pedúnculos, comprimento das pinas

subequilongas (1,5­4cm), disposicão imbricada dos folíolos, forma lanceolada das

estípulas, mas diferencia­se por apresentar folíolos com nervação palmado­dimidiada

(palmada em C. feioana), flores subsésseis com pedicelo turbinado (flores sésseis em C. feioana), cálice ca. 2/3 do comprimento da corola com lacínios agudos a acuminados (cálice ca. 1/3 do comprimento da corola com lacínios deltóides em C.feioana).

20. Calliandra lintea Barneby, Mem. New York. Bot. Gard. 74 (3): 149, 1998. Tipo: Bahia: Lençóis, S. A. Mori & B. M. Boom 14400 (holótipo: CEPEC !; isótipos: K !, NY). Figura 13I­K.

Arbusto 1­2,5m alt., ramos virgados; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos

pubérulos e com tricomas granulares avermelhados; filotaxia dística, folhas congestas

para o ápice dos ramos. Estípulas deltóides, 1­1,5 x 0,7­1mm. Folhas viii­ix/16­21;

pecíolo 2­5cm compr.; raque 4­6,5cm compr.; pinas 3­5,5 cm compr.; folíolos 5,0 x 1,0

mm, coriáceos, lineares, ápice obtuso, base assimétrica, nervação palmado­dimidiada,

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nervura principal excêntrica. Pseudoracemos terminais longamente exsertos constituído

por glomérulos pedunculados 2­4­fasciculados; pedúnculo 2­7cm compr. não

bracteado; brácteas florais não vistas. Flores homomórficas, tetrâmeras, sésseis; cálice

campanulado, glabro, tubo ca. 1,6mm compr., lacínios deltóides com tricomas

granulares avermelhados, ca. 0,4mm compr.; corola campanulada, carnosa, tubo

esparsamente pubérulo a glabro, ca. 3mm compr., lacínios, obtusos, côncavos, com

tricomas granulares, ca. 3mm compr.; estames brancos tornando­se róseos quando

envelhecidos; estemonozone ca. 2mm compr.; tubo estaminal ca. 4mm compr., filetes

livres por ca. 10mm compr.; ovário obovado, 2­3mm compr., estilete 15­28mm compr.,

estigma capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base

cuneada, ca. 5 x 0,7­0,9 mm, valvas lenhosas, ferrugíneas. Semente oboval, 7 x 4 x

1mm testa óssea, lisa, amarronzada.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Andaraí, nova rodovia Andaraí­Mucugê, a

3Km ao Sul de Andaraí, 21.Dez.79, S.A. Mori & F.P. Benton s/nº (CEPEC). Lençóis, Chapadinha , 3.Set.94, M. Fonseca et. al. s/nº (ALCB); estrada de Lençois para BR 242, +/­ 5­6km ao N de Lençois, 19.Dez.81, G.P. Lewis et.al. 872 (ALCB); 28.Jun.83, M.L. Guedes & L.P. de Queiroz 645 (ALCB, HRB); estrada para Recanto, a 2km de Lençóis,

12.Set.90, H.C. de Lima et al.3971 (RB); ca. 5km N de Lençóis, 13.Jun.81, S.A. Mori & B.M. Boom 14400 (RB); 24.Set.65, A.P. Duarte 9354 & E. Pereira 10067 (RB, IPA); Arredores da cidade, 28.Jun.83, L.P. de Queiroz 600 (HUEFS); estrada Lençóis­Seabra na BR 242, km 8, 10.Set.92, L. Coradin et al. 8549 (CEN, HUEFS); Trilha

atravessando rio ­ próximo a Toca do Pato, 23.Out.00, E.R. de Souza 43 (HUEFS); Capitinga, 4.Set.99, F.F. Rocha 38 (HUEFS); Capitinga, 7.Set.99, F.F. Rocha 44 (HUEFS); Capitinga, 20.Fev.00, F.F. Rocha 56 (HUEFS); Capitinga, 19.Ago.00, L.P. de Queiroz 6331 (HUEFS); Capitinga, 15.Ago.00, A. Oliveira 92 (HUEFS); Br 242 ca. 5km W da cidade, 09.Nov.88, R.Kral et al. 75614 (SP); Serra da Chapadinha, 30.Jul.94,

H.P. Bautista et al. PCD 0368 (ALCB, RB); Serra da Chapadinha, 30.Jul.94, H.P. Bautista et. al. PCD 0368 (ALCB, RB). Palmeiras, Morro do Pai Inácio, 16.Ago.96, A.A.Grilo & A.Conceição 4 (SPF).

C. lintea é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, restrita aos municípios de Lençóis e Palmeiras. Ocorre em ambientes de campo rupestre e campos arenosos

(“capitinga”), margem de rios ou entre pedras. Floresce nos meses de junho, setembro e

novembro. Foi encontrado material frutificado no mês de fevereiro.

Page 81: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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C. lintea assemelha­se a C. bahiana e a C. nebulosa pelos ramos e eixos foliares pubérulos, disposição imbricada dos folíolos, mas diferencia­se por apresentar um

pseudoracemo longamente exserto da folhagem (folhoso em C. bahiana e curto, imerso na folhagem em C. nebulosa), folíolos lineares (oblongos em C. bahiana e C. nebulosa) e difere ainda de C. bahiana por apresentar flores com cálice curto, ca. de 1/3 do

comprimento da corola (cálice ca. ½ do comprimento da corola em C. bahiana).

21. Calliandra nebulosa Barneby, Mem. New York. Bot. Gard. 74 (3): 150, 1998. Tipo: Rio de Contas, R. M. Harley et al. 20092 (holótipo CEPEC !; isótipos: K !, NY).

Figura 13L­N.

Arbusto de até 2,5 m alt.; ramos, eixos foliares, pedúnculos velutinos e com

tricomas granulares; filotaxia dística. Estípulas ovais a lanceoladas, 2­4 x 1­2mm.

Folhas iv­vii/10­24; pecíolo 2­4mm compr.; raque 2­3,5cm compr.; pinas 2­4cm

compr.; folíolos 3­5 x 1­2mm, coriáceos, oblongos, assimétricos, ápice arredondado,

base oblíqua, face adaxial e abaxial pubérulas e com tricomas granulares, margem

esparsamente ciliada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo terminal curto,

imerso na folhagem; glomérulos pedunculados, 2­3­fasciculados; pedúnculos 2­7cm

compr. brácteas pedunculares ausentes; brácteas florais não vistas. Flores sésseis a sub­

sésseis; cálice campanulado com tricomas granulares, tubo 1­1,5mm compr., lacínios

deltóides, vináceos, ciliados 0,5­1mm compr.; corola campanulada com tricomas

granulares, tubo 4­6 mm compr., lacínios agudos a obovados, vináceos, 2­4mm compr.;

estames alvos, estemonozone 1,1­3mm compr. tubo estaminal 7­10mm compr., filetes

livres por 18­22 mmcompr., anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro a tomentoso, ca. 2mm compr., estilete 28­33mm, estigma capitado.

Legume linear­oblanceolado, ápice agudo, mucronado, base cuneada, ca. 6 x 0,6­1cm,

valvas lenhosas, ferrugíneas. Semente oboval, 6­8 x 3­4mm, testa lisa, cartácea, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaír a, caminho Serrinha­Capão de Levi, 22.Set.92, W. Ganev

1148 (HUEFS, SPF); Jambeiro, próximo a Catolés, 10.Set.93, W. Ganev 2210 (HUEFS, SPF); estrada

para Serrinha e Bicota, 20.Abr.98, E. R. de Souza 13 (HUEFS); Catolés: Faz. Água Limpa Samambaia, 19.Set.99, T.S. Nunes 54 (HUEFS). Lençóis, caminho Lençóis para Barro Branco, atrás do cemitério,

27.Abr.92, L.P. de Queiroz 2751 –(HUEFS, CEPEC); caminho Lençóis para Barro Branco, atrás do

cemitério, 27.Abr.92, L.P. de Queiroz 2752 (HUEFS). Piatã, estrada Catolés­Ouro Verde, 28VIII/92, W. Ganev 980 (HUEFS, SPF); estrada Piatã­Cabrália, 09.Set.92, W. Ganev 1055 (HUEFS, SPF). Rio de

Contas, Rodovia para Tamanduá, 16.Set.89, G. Hatschbach & V. Nicolack 53394 (CEPEC, MBM

Page 82: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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parátipo); ca. 18km N de Rio de Contas, próximo ao entroncamneto para Brumadinho, 29.Out.93, L. P. de

Queiroz 3684 (HUEFS); 27.Abr.92, L.P. de Queiroz 2752 (HUEFS); Ca. 3,5 km N de Rio de Contas na estrada para Jussiape, próximo ao lixão, 25.Ago.00, L.P.de Queiroz 6353(HUEFS); Estrada Real,

21.Ago.00, E.R. de Souza 28 (HUEFS); Beira de estrada, cerca de 1,5 km antes da Ponte do Coronel,

25.Ago.00, E.R. de Souza 28(HUEFS); Pico do Itubiara, 29.Ago.1998, A.M.de Carvalho et al. 6639

(CEPEC); Rodovia de Livramento do Brumado/Rio de Contas, 10 Km NW da primeira, 19.Jul.1979, S.A.Mori et al. 12297 (CEPEC, RB); ao longo da estrada para a torre da televisão em cima da Serra Marcolina (Serra das Almas), ca. 3­4Km de Rio de Contas, 26.Mar.96, J. M. Simon & E. R. de alencar

1170 (ALCB).

Mater ial adicional: BRASIL, Bahia: Caetité, Estrada para Brejinho das Ametistas,

18.Fev.92, A. M. Carvalho 3695 (CEPEC); morro com torre de transmissão de TV, 25.Mai.85, L. R. Noblick 3775 (HUEFS); ca. 7km S de Caetité, na estrada para Brejinho das Ametistas, 27X/93, L.P. de Queiroz 3595 (HUEFS); caminho para Licinio de Almeida, 10.Fev.97, L. Passos et al. PCD 5397 (ALCB); ca. 15Km W de Caetité,

28.Ago. 99, E. Melo et al. 2877 (HUEFS). Igaporã, Rodovia BR 430, próximo ao

trevo Tanque Novo, 18.Mar.95, G.Hatschbach et al. 62032 (MBM); 13.Mar.81, S. B. da Silva 179 (ALCB).

C. nebulosa ocorre na Chapada Diamantina nas serras do setor meridional, estando seu limite norte de distribuição na Serra do Sincorá, próximo a Lençóis,

estendendo­se para o sul até Caetité. Ocorre em ambientes de campo rupestre, carrasco

e cerrado. Floresce nos meses de fevereiro a maio e de agosto a setembro e frutifica nos

meses de abril e de agosto a setembro.

Esta espécie é muito semelhante a C. bahiana, especialmente nos caracteres das

folhas (número de jugos, comprimento das pinas e dos folíolos, número de pares de

folíolos por pina e indumento dos ramos e eixos foliares). As principais diferenças entre

estas duas espécies podem ser encontradas no cálice, uma vez que C. bahiana apresenta cálice maior (3,5­10mm e 1,5­2,5 em C. nebulosa), seríceo a velutino, enquanto C.

nebulosa apresenta cálice com tubo glabro e lacínios ciliados.

22. Calliandra calycina Bentham, Trans. Linn. Soc. London 30: 549, 1875. Tipo: Blanchet 3683 (holótipo: K !; isótipos: BM, BR, G, GH). Figura 14A­C.

Arbusto 0,6­2m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos esparsamente a

densamente pubérulos a velutinos e com tricomas granulares avermelhados. Folhas

fortemente espiraladas, ascendentes, congestas. Estípulas lineares, 3­5mm compr.

Page 83: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Folhas i(ii)/15­25; pecíolo geralmente ausente, mas quando presente 1­2mm compr.;

raque 3mm compr.; pinas 2­4cm compr., folíolos imbricados, 7­10 x 1­2mm, coriáceos,

lineares, assimétricos, imbricados, ascendentes, ápice agudo, base oblíqua, face adaxial

glabra, face abaxial esparsamente pubérulas e com tricomas granulares avermelhados,

nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos terminais

constituídos por glomérulos pedunculados, fasciculados; pedúnculo 18­35mm compr.

Brácteas linear­lancelada, ca. 5x1mm. Flores homomórficas, tetrâmeras, sésseis a sub­

sésseis, quando pediceladas pedicelo ca. 1,5mm; cálice campanulado, esparsamente

pubérulo e com tricomas granulares avermelhados, tubo 1,5­4mm compr., lacínios

deltóides, ciliados, 0,5­2mm compr.; corola campanulada, esparsamente pubérula e com

tricomas granulares avermelhados, tubo 5­8,5mm compr., lacínios agudos, agrupados

dois a dois ou livres, 1,5­4mm compr., estames alvos, estemonozone ca. 2mm compr.,

tubo estaminal 7­10mm compr., filetes livres por 20­25mm compr.; nectário

intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro a piloso apenas na região mediana, 2­

4mm compr., estilete ca. 30mm compr., estigma capitado. Fruto linear­oblanceolado,

ápice arredondado, mucronado, base atenuada, 5,5­6,5 x 1cm, valvas lenhosas,

velutinas.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Andaraí, Serra de Andaraí – Capa Bode,

estrada para Mucugê, 30.Out.78, G.Martinelli et al. 5405 (RB); 22 Km S de Andaraí na estrada para Mucugê, 16.Fev.77, R.M.Harley et al. 18745 (SPF). Campo Formoso, Água Preta, estrada Alagoinhas – Minas do Mimoso, 26.Jun.83, L. Coradin et al. 6059

–(CEN, HUEFS). Jacobina, Serra da Jacobina , W de Estiva, ca. 12Km N de Senhor do

Bomfim na BA 130 para Juazeirro, 28.Fev.74, R.M. Harley 16540 (CEPEC); Serra da Jacobina, Morro do Cruzeiro, 23/XII/84, G.P. Lewis et al. CFCR 7544 (HUEFS); Serra da Jaboticaba, 21.Ago.80, W. Walmor 276 (CEPEC, HRB, RB); Morro vizinho ao

Monte Tabor, 24.Jun.99, F. França et al. 3086 (HUEFS); Morro vizinho ao Monte

Tabor, 24.Jun.99, F. França et al. 3097 (HUEFS); Serra da Jacobina ­Serra das Figuras: morro E da cidade onde estão instaladas as torres de retransmissão, 14.Abr.99, L.P. de Queiroz et al. 5518 (HUEFS); 11.Abr.81, W.N.da Fonseca 366 (HRB); estrada para a Torre Nova, 23.Abr.99, R.C.Forzza et al. 1305 (CEPEC, NY, SPF). Lençóis, Mucugezinho (rio), próximo a BR 242, 20.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 7320, (K, MO, SPF); Morro da Mãe Inácio, 18.Ago.96, A.A.Grillo & A.A.Conceição 24 (SPF); ca. 5km N de Lençóis, 01.Mar.80, S.A. Mori & B.M. Boom 13346 (CEPEC, K); BR 242,

Page 84: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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ca. 15km NW de Lençóis ­ km 225, 10.Jun.81, S.A. Mori & B.M. Boom 14285 (CEPEC, RB); perto da cidade, 20.Dez.81, G.P.Lewis et al. 908 (CEPEC, MBM, K);

estrada entre Lençóis­Seabra, a 20km NW de Lençóis, 14.Fev.94, R.M. Harley et al. CFCR 14063 (ALCB, HUEFS, K, SP, SPF); ca. 8­10km NW de Lençóis – estrada para

Ouro Branco, 20.Dez.81, G.P. Lewis et al 931 (CEPEC, K); Serra da Chapadinha,

29.Jul.94, R.P. Orlandi et al. PCD 277 (ALCB, HUEFS, SPF); beira de estrada Mucugezinho­Lençóis, 23.Out.00, E.R. de Souza 46 (HUEFS); arredores da cidade, 28.Out.94, A. Amorim et al. 1681 (CEPEC); Serra da Chapadinha, 05.Jan.96, A. M. de Carvalho et al. PCD 2173 (ALCB, CEPEC); Coqueiro, 03.Set.87, C.V.A.Moriz 21

(HRB); ca. 5km N de Lençóis, 13.Jun.81, S.A. Mori & B.M. Boom 14399 (RB). Mucugê, Ca. 7km N de Mucugê, 10.Set.88, R.Kral et al. 75631 (MBM, SP); próximo a

Andaraí, 25.Jan.80, R.M. Harley 20654 (CEPEC, K); Serra do Sincorá , 3km SW de

Mucugê a Cascavel, 27.Mar.80, R.M. Harley 21041 (CEPEC, K, SPF); rio Apiaba,

15.Set.84, G. Hatschbach 48273 (CEPEC, MBM); entre 10 e 15 Km N de Mucugê na

estrada para Andaraí, 18.Fev.77, R.M.Harley et al. 18860 (K, SPF); córrego Moreira,

22.Out.84, G.Hatschbach 47515 (CEPEC, MBM, SPF); ca. 30 km na estrada de

Andaraí para Mucugê, 19.Mar.90, A. M. de Carvalho & J. Saunders 2930; 01.Fev.85,

M. Ataíde et al. 600 (CEPEC, MBM); Estrada Nova Igatu­Andaraí­ BA 142, 26.Fev.01,

A.A. Ribeiro­Filho 234 (HUEFS); Rio Cumbuca, 22.Out.86, R.P. Orlandi et al. 796 (HRB, RB); ca. 5Km N de Lençois, 13.Jun.81, S.A. Mori & B. M. Boom 14399 (RB). Palmeiras, Serra dos Lençóis, ca. 14,5km NW de Lençóis – Pai Inácio, 21/.Mai.80,

R.M. Harley et al. 22254 (CEPEC, MBM, K, SPF); km 232 da rodovia BR 242 para

Ibotirama – Pai Inácio, 18.Dez.81, G.P. Lewis et al. 853 (CEPEC, MBM, RB, K, SPF);

25.Set.94, M.L. Guedes 723 (ALCB, HRB, HUEFS); Pai Inácio, lado oposto da torre de repetição, 30.Ago.94, A. Poveda et al. 582 (ALCB, CEPEC, HRB, SPF); Pai Inácio, 19.Nov.83, L.R. Noblick 2808 (HUEFS); BA 242 entre o Ramal a Lencóis e Pai Inácio,

19.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 7128 (MBM, SPF). Rio de Contas, Estrada para a

Cachoeira do Fraga, no rio Brumadinho, a 3 Km do município de Rio de Contas,

22.Jul.81, A.Furlan et al. CFCR 1696 (MO, SPF). Umburanas, Serra do Curral Feio –

entrando para W, a ca. de 20km S de Delfino, na estrada para Umburanas, 09.Abr.99, L.P. de Queiroz 5189 (HUEFS); Delfino, ca. 16Km NW de Lagoinha (5,5Km SW de

Delfino) na rodovia para Minas do Mimoso, 8.Mar.74, R.M. Harley 16971 (CEPEC).

Page 85: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

70

C. calycina é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, apresentando uma distribuição disjunta, entre as regiões de Mucugê e Palmeiras, Jacobina e Delfino.

Floresce nos meses de novembro a março, apresentando­se em frutificação nos meses

de fevereiro, abril e junho. C. calycina difere da maioria das espécies da área de estudo por apresentar uma

filotaxia espiralada, folhas fortemente ascendentes e congestas. C. calycina compartilha essa distribuição das folhas com C. pubens e C. cumbucana. Difere das mesmas por apresentar folhas com apenas um, raramente, dois pares de pinas, indumento do perianto

esparsamente pubérulo (C. cumbucana possui o perianto com tricomas tectores apenas

nos lacínios do cálice e da corola e C. pubens apresenta a corola pubérula e os lacínios do cálice ciliados a pilosos). Difere ainda de C. cumbucana pela ausência das brácteas florais e pelas flores pentâmeras.

23. Calliandra cumbucana Renvoize, Kew Bull. 36: 75, 1981. Tipo: Brasil, Bahia,

Mucugê ­ Serra do Sincorá, Rio Cumbuca, Harley et al. 15394 (holótipo: CEPEC !; isótipo, K !, NY). Figura 14D­F.

Arbusto ereto 1,5­3m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos velutinos

a pubérulos; filotaxia dística. Estípulas lanceoladas, estriadas, 7­11­nervadas, 5­10 x

1,2­3mm compr. Folhas ascendentes, (ii­)iii/20­22; pecíolo 2­6mm compr.; raque 1­

1,5cm compr.; pinas 4­5,5cm compr.; folíolos imbricados, ca.10 x 2mm, coriáceos,

lineares, ápice agudo, inclinado, base assimétrica, oblíqua, auriculada apenas no lado

externo, ligeiramente falcados, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, face

abaxial pubérula e com tricomas granulares, nervura principal e margem ciliadas,

nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica.. Pseudoracemo terminal

composto por glomérulos pedunculados 1­3­fasciculados; pedúnculos 25­30mm compr.

Flores homomórficas, tetrâmeras, sub­sésseis, pedicelo ca. 1mm compr.; cálice

campanulado, tubo glabro, ca. 3mm compr., lacínios deltóides a agudos, densamente

pilosos, ca. 1,8mm compr.; corola campanulada, pétalas soldadas, duas a duas,

formando dois lobos, tubo glabro, ca. 6mm compr., lacínios ovados, obtusos, pubérulos,

2­3mm compr.; estames brancos, estemonozone ca. 2mm compr.; tubo estaminal ca. 6­

7,5mm compr., filetes livres por ca. 35mm compr.; ovário não visto. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL. Bahia: Mucugê, estrada para Mucugê, 12°56’56’’S,

41°16’57’’W, 857 m, 17. Fev.2001 (fl), B.S.Andrade & A.C.S.Rocha 13 (HUEFS);

Page 86: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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estrada Andaraí­Mucugê, ca. 20Km antes de Mucugê, 17.Fev.2001, E.B. Miranda 517 et al.(HUEFS); Rio Cumbuca, ca. 36m S de Mucugê, próximo (site of small dam in

rodovia para cascavel), 4.Fev.1974, R.M. Harley 15934 (SPF, K­ Tipo).

C. cumbucana é uma espécie endêmica de Mucugê onde ocorre em ambientes de

campos rupestres. Floresce no mês de fevereiro.

Barneby (1998) considerou esta espécie como um provável híbrido, entre C. calycina e C. viscidula sendo justificado pela semelhança na disposição das folhas de maneira ascendentes de C. calycina, e pela semelhança das brácteas florais, cálice venuloso, indumento do perianto piloso e microgranular de C. viscidula. Além disso, as

flores dissecadas apresentaram ovário atrofiado. Neste trabalho preferiu­se considerar C. cumbucana como uma espécie distinta e próxima de C. calycina. É interessante, no entanto, a realização de estudos mais para confirmar a sua natureza híbrida ou não desta

espécie.

24. Calliandra pubens Renvoize, Kew Bull. 36: 79, 1981. Tipo: Bahia, Serra do Curral Feio, Lagoinha a Minas do Mimoso, Harley et al. 16694A(holótipos: K !;

isótipos: CEPEC !, RB !). Figura 14G­H.

Arbusto ca. 3m alt.; ramos e pedúnculos densamente pubérulos e com tricomas

granulares avermelhados. Folhas espiraladas, ascendentes. Estípulas lineares a linear­

lanceoladas, ca. 5­6 x 1mm. Folhas iii­iv/23­28; pecíolo 2­4mm compr.; raque pubérula,

1­2,5cm compr.; pinas 2,5­3,5cm compr., folíolos maiores na porção mediana,

decrescendo proximal e distalmente, 4­6 x 1mm, coriáceos, lineares, assimétricos,

imbricados, ascendentes, ápice agudo, base oblíqua com porção externa auriculada e

com tricomas glanulares, face adaxial glabra, face abaxial com tricomas granulares,

margem pilosa, nervação palmada­dimidiada, nervura principal excêntrica. Brácteas

semelhantes as estípulas em forma e comprimento, lineares a linear­lanceoladas, ca. 5 x

1mm. Pseudoracemo terminal constituído por glomérulos pedunculados 2­3­

fasciculados; pedúnculos não bracteados, 1,5­2cm compr. Flores subsésseis,

homomórficas, tetrâmeras e com pedicelo ca 1mm; cálice campanulado, tubo 3­4mm

compr., lacínios agudos, pilosos, 2­3mm compr.; corola campanulada, tubo

esparsamente pubérulo e tricomas granulares avermelhados, ca. 7mm compr., lacínios

agudos, pilosos a pubérulos, 2­3mm compr.; estames brancos, estemonozone 1,7­2mm

compr., tubo estaminal 10­12mm compr., com base da parede interna nectarífera, filetes

Page 87: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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livres por 18­23mm compr., anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro, ca. 2mm compr., estilete 30­40mm compr., estigma capitado. Fruto

não visto.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Delfino, 16Km NW de Lagoinha e 5Km SW

de Delfino na Rodovia para Minas do Mimoso04.Mar.74, R.M. Harley 1668A (holótipo:

CEPEC; isótipo RB, SPF).

C. pubens é uma espécie que ocorre na Chapada Diamantina restrita à região de Umburanas e conhecida apenas pelo material tipo. Foi encontrado material florido em

março e não foi observada a frutificação.

C. pubens é uma espécie muito semelhante a C. calycina pela posição ascendente das folhas, disposição imbricada e forma linear dos folíolos, arquitetura da

inflorescência, mas diferem por C. pubens possuir 3­4­pares de pinas, flores tetrâmeras e tubo do cálice glabro. C. calycina possui 1(­2) pares de pinas, flores pentâmeras e tubo

do cálice pubérulo. Barneby (1998) não descreveu C. pubens, colocando­a como uma espécie incerta ou pouco conhecida por não ter visto nenhum espécime.

25. Calliandra geraisensis E. R. Souza & L. P. Queiroz. Figura 15A­E.

Subarbusto virgado ca.0,60m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos jovens

densamente pilosos, ramos envelhecidos glabros; filotaxia dística. Estípulas

lanceoladas, ca. 3­7 x 1­2mm. Folhas sésseis, ascendentes, ii/19­21; raque 0,5­0,7cm

compr.; pinas, 4,5­5cm compr.; folíolos imbricados, 8­10 x 2mm, coriáceos, oblongos a

lineares, ápice obtuso, base truncada, oblíqua, assimétrica, glabro, nervação palmado­

dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos terminais compostos por

glomérulos pedunculados agrupados em fascículos de 1­2; pedúnculo 18,0­22,0mm

compr. Flores homomórficas, tetrâmeras a pentâmeras, sésseis; cálice campanulado,

tubo glabro, ca. 1,5mm compr., lacínios deltóides, ciliados, 0,5­0,6mm compr.; corola

campanulada, glabra, esverdeada, tubo 3­5mm compr., lacínios obtusos, vináceos, ca.

2mm compr.; estames brancos, parede interna do tubo estaminal nectarífera,

estemonozone ca. 2mm compr. tubo estaminal 7­8mm compr., filetes livres por 18­

22mm compr., anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado,

glabro, ca. 2mm compr., ca. 5­ovulado, estilete 23­28mm compr., estigma capitado.

Page 88: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Legume linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, ca. 4,5 x

0,7cm, valvas lenhosas, velutinas. Semente não vista.

Mater ial examinado: BRASIL. Bahia: Piatã, platô do alto da Serra da Tromba, ramal

ao sul da estrada Piatã­Inúbia, “caminho­da­ressaca”, 13°03’S, 41°49’W, 1300 m,

02.Nov.1996 (fl), L.P. de Queiroz et al. 4705 (HUEFS); Piatã, platô do alto da Serra da

Tromba, ramal ao sul da estrada Piatã­Inúbia, “caminho­da­ressaca”, 13°03’S,

41°49’W, 1300 m, 02.Nov.1996 (fl, fr), L.P. de Queiroz et al. 4706 (HUEFS).

C. geraisensis é uma espécie que ocorre na Chapada Diamantina, mais precisamente em Piatã, na Serra da Tromba. encontrada em ambiente de campo cerrado,

sobre solo arenoso compactado, praticamente sem árvores a uma altitude de 1300m,

conhecida localmente por gerais. Foi encontrado material florido e frutificado no mês de

novembro. C. geraisensis assemelha­se a C. calycina na disposição ascendentes das folhas,

mas diferencia­se desta pela filotaxia dística (C. calycina apresenta filotaxia espiralada) e disposição menos congesta, indumento do perianto quase glabro, com tricomas

tectores apenas nos lacínios do cálice e ausência de tricomas granulares (C. calycina possui perianto esparsamente púberulo com tricomas granulares).

26. Calliandra erubescens Renvoize, Kew Bull. 36: 79, 1981. Tipo: Brasil, Bahia, Morro do Chapéu, Harley et al. 19227 (holótipo CEPEC !; isótipos K !, NY).

Figura 16A­C.

Arbusto 1­2m alt. profusamente ramificado, formando uma copa ampla ; ramos,

eixos foliares e pedúnculos pubérulos a glabrescentes; filotaxia dística. Estípulas

ssetiformes 2­2,2 x 0,6­0,8mm. Folhas ii(­iii)/5­10; pecíolo 2­12mm compr.; raque 1­

2,5cm compr.; pinas equilongas 3­5cm compr.; folíolos decrescentes distalmente, ou

equilongos, os medianos, 7­10 x 4­5 mm, cartáceos, oblongos ou oblongo­elípticos,

ápice arredondado, base assimétrica, truncada, nervação palmada, nervura principal

excêntrica. Pseudoracemo terminal, congesto, exserto da folhagem, constituído por

glomérulos pedunculados 2­3­fasciculados; pedúnculos 2­3cm compr.; brácteas

pedunculares ausentes; brácteas florais lanceoladas ca. 1,5 x 1mm. Flores, homórficas,

pentâmeras a tetrâmeras, sésseis; cálice campanulado, glabro, tubo creme­esverdeado,

ca. 2mm compr., lacínios deltóides ciliados, ca.1mm compr.; corola campanulada,

Page 89: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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glabra, tubo creme­esverdeado, ca. 4mm compr., lacínios agudos, ca. 2mm compr.;

estames alvos, tornando­se róseos quando envelhecidos, estemonozone 1,1­2mm compr.

tubo estaminal ca. 5mm compr., filetes livres por 20­25mm compr.; nectário floral

ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2mm compr., 6­8­ovulado. Frutos não vistos.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, As vertentes das Serras ao Oeste de

Catolés, perto de Catolés de Cima, 26.Dez.88, R.M. Harley 27753 (HUEFS, SPF); Catolés, encosta da Serra do Atalho, subida pela boca do leão, 20.Abr.98, E.R de Souza 18 (HUEFS). Água­Quente, 25.Dez.88, R. M. Harley 27376 (SPF). Miguel Calmon,

Serra das Palmeiras, a ca. 8,5 km W do Povoado de Urubú (=Lagoa de Dentro), este a

ca. de 11 km W de Miguel Calmon, 21.Ago. 93, L.P. de Queiroz 3517 (ALCB, HUEFS, MBM). Morro do Chapéu, Ferro doido, 17.Mai.75, G.M. Barroso & A.L.Costa s/nº (ALCB); rodovia para Utinga, ramal para a torre da Telebahia, 8.Set. 90, H.C. Lima et. al. 3883 (RB); próximo a ponte sobre o rio Ferro Doido, 28.Jun.96, D.J.N. Hind PCD

3164 (ALCB, HRB, HUEFS, SPF); 02.Mar.97, R.M. Harley 5953 (ALCB, CEPEC); 02.Mar.97, Nic Lughadha 5967 (ALCB, HRB, HUEFS, SPF); 19,5Km SE de Morro do

Chapéu na BA 052 rodovia para Mundo Novo, 02.Mar.77, R.M. Harley 19227 ­Tipo de C.erubescens; (isótipo: CEPEC, SPF); 31.Mar.80, R.M. Harley 22838 (HUEFS); Torre

da Telebahia, ca. 6km S de Morro do Chapéu, 16.Jun.81, S.A. Mori & B.M. Boom 14454 (RB); 17.Jun.81, S.A. Mori & B.M. Boom 14495 (CEPEC); 11.Mar.96, A M. Giulietti 2297 (ALCB, CEPEC); 2.Mar.97, R.M. Harley 5953 (HRB, HUEFS); 19VI/94, L.P. de Queiroz 4026 (HUEFS); Rio Ferro Doido, 17.Jul.79, G.Hatschbach &

O.Guimarães 42436 (MBM); Rodovia para Utinga, ramal para a Torre da Telebahia,

08.Set.90, H.C. de Lima et al. 3883 (RB). Palmeiras, Morrão, 31.Ago.96, A.A.Conceição & A.A.Grilo 168 (SPF). Rio de Contas, 29.Out.88, R.M. Harley 25746 (CEPEC); Pico das Almas, vertente leste, entre rio de Contas – Junco ao NO da cidade,

10.Nov.88, R.M. Harley 26102 (HUEFS, SPF); em direção ao rio Brumado, 13.Dez.84,

G.P. Lewis CFCR 6789 (HUEFS, MBM); 11.Fev.91, Carvalho 3241(CEPEC, HUEFS); Subida para Campo da Aviação, 6.Abr.92, G.Hatschbach et al. 56717 (MBM).

C. erubescens é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina. É uma das poucas espécies que mostram disjunção entre a porção setentrional (Morro do Chapéu) e

a parte sul da Chapada (Abaíra e Rio de Contas). Ocorre mais frequentemente em beira

de riachos nos campos rupestres, cerrados e encosta de serras. Floresce de fevereiro a

agosto.

Page 90: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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C. erubescens forma um complexo taxonômico com C. germana, C. semisepulta e C. hygrophila, caracterizado pelas folhas paucijugas e folíolos relativamente amplos. Além das citadas características, esta espécie compartilha com C. germana o hábito arbustivo, os folíolos amplos as flores de tamanho equivalente (cálice ca. 3 mm comp. e

corola ca. 6 mm comp.), mas diferem por esta apresentar folíolos obovais, maioria das

folhas do ramo unijugas e tricomas granulares no cálice e na corola. Em relação a C. semisepulta, C. erubescens compartilha as folhas bijugas, mas diferencia­se pelo hábito arbustivo (em C. semisepulta prostado) folíolos oblongos (em C. semipulta suborbiculares) e ausência de tricomas granulares. C. erubescens diferencia­se ainda de

C. hygrophila por esta espécie apresentar hábito subarbustivo, 30­50cm compr.; pinas unijugas e folíolos oblanceolados.

27. Calliandra germana Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 175, 1998. Tipo:Brasil, Bahia, Catolés, W. Ganev 506 (holótipo HUEFS !, isótipos: K !, SPF

!). Figura 16D­F.

Arbusto de até 2m alt. ramificado com copa obcônica; ramos, eixos foliares,

folíolos e pedúnculos pubérulos a glabrescentes e com tricomas granulares; filotaxia

dística. Estípulas ovais, 1,2­1,5 x 0,5­0,7. Folhas i(­ii)/4­8; pecíolo 0,4­2,5cm compr.;

raque, quando presente, ca. 2,5cm compr.; pinas 2­6cm compr.; folíolos medianos ca. 7

x 5mm, os distais maiores 24 x 15mm, cartáceos, obovais, ápice truncado, base cordada,

assimétrica, pubérulos e com tricomas granulares, nervação palmada, nervura principal

excêntrica. Pseudoracemo terminal constituído por glomérulos pedunculados, 1­2­

fasciculados; pedúnculo 10­28mm compr. bráctaes pedunculares ausentes; brácteas

florais. Flores homomórficas, pentâmeras, com tricomas granulares no cálice e na

corola, subsésseis, pedicelos 0,2 –0,8mm compr.; cálice campanulado, tubo ca. 1,5­

2mm compr., lacínios deltóides, ciliados 0,5­1mm compr.; corola infundibuliforme a

campanulada, tubo 2­4mm compr., lacínios arredondados, ciliados, 1­3mm compr.;

estames alvos passando a róseos ou vináceos quando envelhecidos, estemonozone 1,6­

1,8mm compr.; tubo estaminal 4­7mm compr. com base da parede interna nectarífera,

filetes livres por 13­20 mm compr., anteras castanhas a vináceas; nectário intraestaminal

ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2mm compr., 5­8­ovulado, estilete 25­28mm

compr. estigma capitado. Legume (imaturo) linear­oblanceolado a oblongo, ápice

agudo, base cuneada, ca. 4 x 0,5cm, valvas lenhosas, pubérulas e com tricomas

Page 91: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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granulares avermelhados. Semente ovais a obovais, ca. 6 x 4mm , testa óssea, lisa,

castanha.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, caminho de Boa Vista a Bicota,

09.Jul.95, F. França 1274 (HUEFS); 16.Jun.92, salão, estrada Catolés a Barra, W. Ganev 506 ­Tipo de C. germana (HUEFS); Serra da Bicota ­Virassaia, 05.Jul.93, W.

Ganev 1816 (HUEFS); campo entre a Serra do Barbado e a Serra de Itobira, 20.Nov.93, W. Ganev 2517 (HUEFS, SPF); Jambeiro, 31.Jan.94, W. Ganev 2906 (HUEFS); caminho Jambeiro a Belo Horizonte, 05.Mai.94, W. Ganev 3209 (HUEFS, SPF); Catolés, estrada para Serrinha e Bicota, 20.Abr.98, E.R. de Souza 11 (HUEFS, SP).

Piatã, Estrada Piatã­Inúbia, ca. 25 km NW de Piatã, 23.Fev.94, P.T. Sano et al. CFCR 14429 (HUEFS); Estrada Piatã­Inúbia, ca. 25 km NW de Piatã, Serra do Atalho,

23.Fev.94,P.T. Sano et al. CFCR 14431 (HUEFS, SPF). Rio de Contas, caminho Samambaia a Serrinha, 23.Ago.93, W. Ganev 2081 (HUEFS, SPF); próximo ao Morro

do Queiroz, 27.Mar.98, E.R. de Souza 03 (HUEFS); 28.Jan.98, L.P. de Queiroz 4954 (HUEFS); Estrada entre o Distrito de Mato Grosso e o pé do Morro do Itabira,

1.Mar.94, P.T. Sano et al. CFCR 14710 (CEPEC, HUEFS, K, SPF); Caminho para o Pico das Almas, antes do Campo do Queiroz, 23.Ago.00, E.R. de Souza 34 (HUEFS);

Pico das Almas, Casa de Dona Maria Silvinas, 14.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 6895 (K, MO, SPF); Campo do Cigano, 8.Ago. 99, F.H.F. Nascimento 233 (HUEFS).

C. germana é uma espécie endêmica da região sudoeste da Chapada Diamantina, no limite entre os municípios de Abaíra e Rio de Contas. Ocorre em ambientes de mata

de encosta, carrasco e campo rupestre. Floresce nos meses de janeiro, abril a julho e

novembro. Frutifica nos meses de julho a agosto e novembro. C. germana é uma espécie muito semelhante a C. erubescens, sendo difícil

diferenciá­las (ver discussão desta espécie). De acordo com os critérios adotados por

Barneby (1998), estas espécies podem ser distinguidas principalmente pelas folhas

unijugas em C. germana e bijugas em C. erubescens, embora folhas bijugas ocorram raramente em C. germana.

28. Calliandra hygrophila Mackinder & Lewis, Kew Bull. 45: 681, 1990. Tipo: Brasil, Bahia, Serra do Sincorá, 3Km de Mucugê – 27/III/1980, R.M. Harley et al. 21055

(holótipo: CEPEC !; isótipos: K !, M, MBM !, MO, NY, SPF !). Figura 16G­H.

Page 92: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Subarbusto 30­50cm alt., densamente ramificado formando touceiras; ramos, eixos

foliares e pedúnculos glabros a glabrescentes; filotaxia dística. Estípulas lanceoladas ca.

1 x 0,5mm. Folhas i/2­3; pecíolo 2­3mm compr.; pinas 0,8­2,5cm compr.; folíolos

distalmente decrescentes, 10­25 x 5,0­10mm semicoriáceos, obovais a oblanceolados,

ápice arredondado a emarginado, base arredondada a cuneada, glabro, nervação

palmada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo folhoso, terminal, imerso ou

curtamente exserto da folhagem constituído por glomérulos pedunculados 1­3­

fasciculados; pedúnculos, 5­10mm compr. Brácteas florais ovais 0,8­1 x 1­1,2mm.

Flores homomórficas, pentâmeras, sésseis, glabras; cálice campanulado, tubo ca. 1mm

compr., lacínios deltóides, ca. 1mm compr.; corola campanulada, tubo 4­5mm compr.,

lacínios agudos, 3­4mm compr.; estames vermelhos, estemonozone 1­2mm compr. tubo

estaminal ca. 6mm compr., filetes livres por ca. 19mm compr., anteras vináceas;

nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, 2­3mm compr. Legume linear­

oblanceolado, ápice obtuso a arredondado, mucronado, base cuneada, ca. 6,5 x 0,6­

0,8cm, valvas coriáceas, glabras. Semente ovais, ca. 6 x 4mm , testa óssea, lisa,

castanha.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Ibiquara, Cascável, trilha para o Rumo. Entre o

Riachão e Morro do Chapéu, 04/X1/89, M.C.Ferreira et al. 233 (HRB, RB). Mucugê,

17.Nov.83,H.P.Bautista 1394 (HUEFS, RB); 3­5 km N da cidade, em direção a Palmeiras, 20.Fev.94, R.M. Harley 14270 (HUEFS, SPF); Córrego Moreira, 22.Jan.84, G. Hatschbach 47511 (CEPEC, HUEFS, MBM); Serra de São Pedro,G.P. Lewis 7039

(HUEFS, K, MO, SPF); Ca. 4 km N de Mucugê na Chapada para Andaraí, sede do

Projeto Sempre Viva. Caminho da mata acima do Tiburtino, 23.Jan.00, L.P. de Queiroz 5613 (HUEFS); Cachoeira das Andorinhas, margem do Rio Combuca, 11.Out.98, M.M. da Silva 101 (ALCB, HUEFS); Reserva do Projeto Sempre Viva, beira do Rio do Tmboro, 24.Out.00, E.R. de Souza (HUEFS); 10.Out.87, M.L.S. Guedes 1540 (ALCB,

HUEFS); UMS – Piabinha, 12.Jan.97, A.S.Conceição et al. 201 (HRB); Serra do Sincorá, 3 Km Sw de Mucugê­Cascável, 27.Mar.80, R.M.Harley et al. 21055 (Isótipo: MBM, SPF); Gerais de Paty de Fora, no parque, 06.Fev.97, A.A.Conceição et al. CFCR 379 (SPF); Estrada Mucugê­Andaraí, 17.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 7095 (SPF).

C. hygrophila é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, restrita a Serra do Sincorá, nos municípios de Mucugê e Ibiquara. Ocorre em beira de rios, entre pedras

Page 93: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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nos campos rupestres. Floresce nos meses de novembro a fevereiro. Foi encontrado

materila frutificado nos meses de dezembro e janeiro. C. hygrophila é uma espécie muito próxima a C. erubescens caracterizadas pelas

folhas paucijugas e folíolos relativamente amplos. Barneby (1998) considerada C. hygrophila uma espécie derivada de C. erubescens, porém reduzida e especializada ou

derivadas do mesmo ancestral. Diferenciam­se pelo hábito subarbustivo de 30­50cm

(em C. erubescens arbusto 1­1,5m), pelas folhas unijugas (em C. erubescens bijugas), folíolos oblanceolados (em C. erubescens oblongos a obovados) e filetes vermelhos (em C. erubescens brancos, passando a róseos nas flores maduras).

29. Calliandra imbricata E. R. Souza & L. P. Queiroz. Figura 17A­D.

Arbusto ca. 1m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos e com

tricomas granulares avermelhados, ramos novos ferrugíneos; filotaxia dística. Estípulas

foliáceas, lanceoladas, ca. 2 x 1mm. Folhas iv­v/13­16; pecíolo 0,8­1,2cm compr.; raque

3,5­4,5cm compr.; pinas mais ou menos equilongas, 2,8­5,3cm compr.; folíolos

fortemente imbricados, mais ou menos equilongos, com os distais menores, 5­8 x 3­

4mm, coriáceos, obvados, ápice obtuso a arredondado, base truncada, assimétrica, face

adaxial pubérula a glabrescente, face abaxial com tricomas granulares, púberulo apenas

sobre as nervuras principais e secundárias, margem ciliada, nervação palmada, nervura

principal excêntrica, dispostos sobrepondo a parte interna do folíolo seguinte.

Pseudoracemos terminais, exsertos da folhagem, constituídos por glomérulos

pedunculados, 2­3­fasciculados; pedúnculo 10­17mm compr.; brácteas pedunculares

ausentes; brácteas florais lanceoladas ca. 2 x 1mm. Flores homomórficas, pentâmeras,

sésseis; cálice campanulado, com tricomas granulares, tubo 1,8­2mm compr., lacínios

deltóides, ca. 0,2mm compr.; corola campanulada, com tricomas granulares, tubo 2,8­

5mm compr., lacínios obtusos, 2­2,2mm compr.; estames vermelhos, estemonozone ca.

1,5mm compr. tubo estaminal ca. 6mm compr., filetes livres por 21­24mm compr.,

anteras vináceas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, pubérulo, 2­2,5mm

compr., ca. 5­ovulado, estilete ca. 30mm compr., estigma capitado. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL. Bahia: Piatã, estrada Piatã­Inúbia a ca. 25km NW de

Piatã, 13°04’48’’S, 41°55’59’’W, 1450 m, 23.Fev.1994 (fl), P.T.Sano et al. CFCR

14433 (HUEFS, SPF).

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C. imbricata é uma espécie encontrada apenas na Chapada Diamantina, mais especificamente na Serra do Atalho, município de Piatã. Ocorre em ambientes de

campos gerais, entre rochas. Foi encontrado material florido no mês de fevereiro e a

frutificação não foi observada. C. imbricata assemelha­se a C. erubescens no hábito arbustivo, arquitetura da

inflorescência, mas diferencia­se pelas folhas com maior número de jugos, (4­5 em C. imbricata x 2­3 em C. erubescens); maior número de folíolos por pina, (26­32 x 10­20), folíolos menores (5­8 x 3­4mm em C. imbricata e 7­10 x 4­5mm em C. erubescens) perianto com tricomas granulares, (ausentes em C. erubescens) e estames vermelhos

(brancos em C. erubescens).

30. Calliandra semisepulta Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 174, 1998. Tipo: Brasil, Bahia, Rio de Contas, R. M. Harley et al. 26102 (holótipo: K !; isótipos: CEPEC !, SPF !). Figura 16I­K.

Subarbusto prostado com rizoma subterrâneo e partes aéreas de até 50cm alt.;

ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos e com tricomas granulares; filotaxia

dística. Estípulas, lanceoladas a ovais, 2­4,5 x 1­1,5mm compr. Folhas i­ii/4­8; pecíolo

0,7­2,5cm compr.; raque 0,5­2,5(­6)cm compr.; pinas equilongas ou distamente

decrescentes, 2,5­7,5cm compr., 8­16­folioladas; folíolos 0,8­2,5 x 0,5­1,5cm,

cartáceos, obovados, ápice arredondado a truncado, base truncada, face adaxial glabra,

face abaxial com tricomas granulares, nervação palmada, nervura principal ligeiramente

excêntrica. Pseudoracemo terminal exserto da folhagem constituído por glomérulos

pedunculados 2­3­fasciculados; pedúnculo não bracteado, ou unibracteado, bráctea

lanceolada ca. 3 x 1mm, localizada próxima do glomérulo, 2,5­4,5cm compr; brácteas

florais lanceoladas 2­3 x 1mm compr. Flores homomórficas, pentâmeras, subsésseis,

pedicelo ca.1mm compr.; cálice campanulado, com tricomas granulares, tubo ca. 2mm

compr., lacínios deltóides a agudos ca. 1mm compr.; corola infundibuliforme, com

tricomas granulares, tubo ca. 4mm compr., lacínios oblongos ca. 3mm compr.; estames

rosa­choque, estemonozone 1,2­1,4mm compr. tubo estaminal ca.8mm compr., filetes

livres por ca.20mm compr., anteras vináceas; parede do hipanto nectarífera; ovário

obovado, glabro, ca.2mm compr., estilete ca. 23mm compr., estigma capitado.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Abaíra, Cabaceira, Riacho Fundo, atrás da Serra da Bicota,

25.Out.93, W. Ganev 2317 (HUEFS, CEPEC, SPF); Serra do Rei, 12.Jan.94, W. Ganev 2780 (HUEFS,

Page 95: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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CEPEC, SPF); caminho Samambaia­Serrinha, 05.Fev.94, W. Ganev 2951 (HUEFS, CEPEC, SPF);

26.Dez.88, R. M. Harley 27817 (CEPEC); Campo de Ouro Fino, 31.Dez.91, R.M. Harley 50589 (HUEFS, CEPEC, SPF); Catolés, 19.Abr.98, E. R. de Souza 08 (HUEFS); Ladeira Rochosa entre Ouro Fino e Pedra

Grande, 11.Fev.1992, L.P.de Queiroz 51088 (HUEFS). Piatã, Sopé da Serra do Santana, a E da cidade de

Piatã, no caminho para a capela, 02.Nov.96, L. P. de Queiroz 4720 (HUEFS); Arredores da cidade no

caminho para a Capelinha, 14.Fev.87, R.M.Harley et al. 24185 (SPF). Rio de Contas, 1 Km antes do município de Mato Grosso, 29.Dez.97, A.M. de Carvalho 6464 (CEPEC); Mato Grosso, 07.Nov.93, W.Ganev 2448 (HUEFS, SPF); Estrada entre o Distrito de Mato Grosso e o pé do Morro do Itabira,

01.Mar.94, S.Atkins et al. CFCR 14733 (SPF); Pico das Almas, vertente leste, R.M.Harley 25746, 29.Out.1988 (CEPEC); Estrada Pico das Almas­Rio de Contas, a 9 Km de Rio de Contas, 14.Dez.84,

G.P.Lewis et al. CFCR 6904 (SPF); 10.Nov.88, R.M. Harley 26102 (isótipos: CEPEC, SPF).

C. semisepulta é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina com distribuição restrita à sua porção meridional, entre Piatã e a região do Pico das Almas.

Ocorre em campo rupestre com os ramos rizomatosos crescendo em fendas entre as

rochas. Floresce nos meses de janeiro e de outubro a novembro.

É uma espécie muito semelhante a C. erubescens nos caracteres foliares, podendo se confundir material de herbário destas espécies se apenas os ramos aéreos

são coletados. No entanto, além do hábito bastante distinto, algumas pequenas

diferenças podem ser observadas na forma dos folíolos (obovados em C. semisepulta e oblongos em C. erubescens) e na presença de tricomas granulares no cálice e corola de C. semisepulta. Barneby (1998) considerou que são espécies estreitamente relacionadas e com distribuição simpátrica e que C. semisepulta é provavelmente derivada de C.

erubescens por modificação na sua forma de crescimento. Este autor discordou, portanto, de Lewis (1995), que considerou as duas formas, prostrada e ereta, como co­

específicas.

31. Calliandra stelligera Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 166, 1998. Tipo:

Brasil, Bahia, Piatã, W. Ganev 917 (holótipo: HUEFS !, isótipos: K ! , SPF !). Figura 16L­O.

Subarbusto ereto de até 50cm alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos

densamente pubérulos, com tricomas estrelados e tricomas granulares; filotaxia dística.

Estípulas ovais a lanceoladas, 2­6 x 1­3mm. Folhas iii/17­19; pecíolo ca.1cm compr.;

raque 3­3,5cm compr.; pinas raqueadas distalmente, 5,5­8,5cm compr.; folíolos

imbbricados, coriáceos, oblongos a oblanceolados, ápice arredondado, base truncada,

Page 96: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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faces adaxial abaxial densamente pubérulas, com tricomas estrelados e com tricomas

granulares, nervação palmada, nervura principal excêntrica, ca. 10x18mm.

Pseudoracemos terminais exsertos da folhagem constituídos por glomérulos

pedunculados 1­3­fasciculados; pedúnculo não bracteado 2­2,5cm compr.; brácteas

florais ovais ca. 1,2 x 1mm. Flores homomórficas, pentâmeras, subsésseis, pedicelo ca.

1mm compr.; cálice e corola campanulados, densamente pubérulos, com tricomas

estrelados e com tricomas granulares, cálice com tubo ca. 2mm compr., lacínios

deltóides, ca. 1mm compr.; corola com tubo ca.2,5mm compr., lacínios ovais, ca.

3,5mm compr.; estames vináceos, estemonozone 1,5­1,6mm compr. tubo estaminal ca.

3mm compr., filetes livres por ca.20mm compr.; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro, ca.2mm compr., 5­ovulado. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Piatã, estrada Inúbia­Piatã, descida da Serra

do Atalho para Inúbia, 20.Ago.92, W. Ganev 917 (holótipo: HUEFS; isótipos: HUEFS,

SPF); estrada Piatã­Inúbia a ca. 25 Km NW de Piatã. Serra do Atalho, 23.Fev.94, P.T.Sano et al. CFCR 14476 (HUEFS, SPF).

C. stelligera é uma espécie endêmica da região de Catolés, mais precisamente de Piatã, sendo conhecida apenas por dois materiais. Ocorre em ambientes de campo de

encosta com carrasco. Floresce no mês de agosto. Frutificação não foi observada.

Esta espécie pode ser facilmente diferenciada das demais por ser a única espécie

da região a apresentar tricomas estrelados. Barneby (1998) considera­a mais próxima de C. elegans da qual pode ser diferenciada pelo hábito subarbustivo de até 50cm alt.

(arbusto 2­3,5m em C. elegans), pinas mais curtas 5,5­8,5cm (7­14cm em C. elegans) e folhas com menor número de pinas e de pares de folíolos por pina, iii/17­19 (iii­vi/24­

37 em C. elegans).

32. Calliandra elegans Renvoize, Kew Bull. 36: 77, 1981. Tipo: Brasil, Bahia, Rio de Contas, Mato Grosso, Harley et al. 19928 (holótipo CEPEC !; isótipo K !, NY).

Figura 18A­D.

Arbusto 2­3,5m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e pedúnculos velutinos a

tomentosos com tricomas esbranquiçados e com tricomas granulares; filotaxia dística.

Estípulas ovais a lanceoladas, 3­5 x 2,5­3mm. Folhas iii­vi/24­32; pecíolo 1­2cm

compr.; raque 3­6cm compr.; pinas maiores 7­14cm compr.; folíolos decrescente

Page 97: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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proximal e distalmente, os medianos, 9­15 x 1­4mm, coriáceos, oblongos, ápice

arredondado, base oblíqua, ligeiramente falcados, face adaxial glabra, face abaxial

pubérula e com tricomas granulares, margem ciliada, nervação palmado­dimidiada,

nervura principal excêntrica. Pseudopanícula terminal longamente exserta constituído

por glomérulos pedunculados 3­5­fasciculados; pedúnculos 15­20mm compr. brácteas

pedunculares ausentes; brácteas florais ovais, cordadas, 3­6mm compr. Flores

homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice campanulado, verde­pálido, tubo púberulo,

2­3mm compr., lacínios deltóides, seríceos e com tricomas granulares, ca.1mm compr.;

corola campanulada, alva, tubo pubérulo, ca. 5mm compr. lacínios agudos, ápice seríceo

e com tricomas granulares, ca. 3mm compr.; estames brancos, estemonozone 1,2­1,5mm

compr. tubo estaminal 6­10mm compr., filetes livres por ca. 22mm compr. anteras

vináceas; ovário obovado, com tricomas esparsos ao longo da sutura, ca. 3mm compr.

ca. 8­ovulado, estilete 25­28mm compr. estigma capitado. Legume linear­oblanceolado,

ápice agudo, base cuneada, ca. 7 x 0,7 cm, valvas lenhosas, pubérulas e com tricomas

granulares. Semente oblonga, ca. 7 x 3mm, testa óssea, lisa, marrom­esverdeada.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, caminho do Engenho a Serra da

Tromba, à beira do riacho, 12.Set.92, W. Ganev 1076 (HUEFS, SPF); Catolés de Cima:

encosta da Serra do Barbado, 17.Nov.93, W. Ganev 2500 (HUEFS, SPF); radiador, 14.Jun.94, W. Ganev 3374 (HUEFS, SPF); Catolés de Cima, Bem Querer, 23.Jun.94, W. Ganev 3403 (HUEFS, SPF); Tijuquinho, 26.Fev.92, P.T. Sano H 52344 (HUEFS, SP, SPF); Catolés: Engenho, base da Serra do Atalho, 20.Abr.98, E.R de Souza 20

(HUEFS); Catolés: orla da mata dos Frios, 23.Out.99, E.B. Miranda(HUEFS); Distrito de Catolés, 19.Abr.98, E.R. de Souza 9 (HUEFS); Distrito de Catolés, 19.Abr.98, E.R. de Souza 10 (HUEFS); caminho de Boa Vista para Bicota, 09.Jul.95, F. França et al.1301 (HUEFS); Distrito de Catolés: Engenho, base da Serra do Atalho, 20.Abr.98, E. R. de Souza (HUEFS). J ussiape, Estrada para Capão da Volta, ca. 8 Km de Jussiape,

18.Mai.99, V. C. Souza 22752 (HUEFS, MBM); Estrada para Capão da Volta, ca. 8 Km

de Jussiape, 18.Mai.99, V. C. Souza 22760 (HUEFS, MBM); Estrada Canabrava a

Chapadão de Cima, próximo ao alto da Serra Geral, 16.Mar.98, G.Hatschbach et al. 67813 (MBM). Piatã, encosta da Serra do Barbado, 06.Set.96, R. M. Harley et al. 28343 (HUEFS). Rio de Contas, encosta da Serra dos Frios, 25.Ago.93, W. Ganev 2118 (HUEFS, SPF); caminho Jaqueiro a passagem de Arapiranga, 28.Ago.93, W. Ganev 2149 (HUEFS, SPF); povoado de Mato Grosso, 24/10/88, R.M. Harley et al.

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25349 (CEPEC, HUEFS, SPF); 24.Mar.77, R.M. Harley 19928 (holótipo: CEPEC); Subida para o Pico do Itubira, ca. 28 Km de Rio de Contas, 14.Nov.1998, R.P.de Oliveira 130 (HUEFS); Estrada entre o distrito de Mato Grosso e o pé do Morro do

Itobira, 01.Mar.94, P.T.Sano et al. CFCR 14700 (HUEFS, SPF).

C. elegans é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, ocorrendo apenas em

sua porção sudoeste, nos municípios de Abaíra, Piatã, Jussiape e Rio de Contas. Ocorre

em ambientes de campo rupestre, beira de riachos, capoeiras e floresta estacional

decídua. Floresce nos meses de março a abril e de junho a novembro e frutifica nos

meses de janeiro, abril e novembro.

Assemelha­se a C. luetzelburgii pelos folíolos oblongos, mas diferencia­se por apresentar folhas com maior número de jugos (3­5 x 1­2) e pinas com maior número de

pares de folíolos (24­32 x 7­14). Barneby (1998) considera­a semelhante a C. viscidula pelo hábito e no número de jugos, mas C. elegans diferencia­se desta espécie por

apresentar pecíolo bem mais desenvolvido, pinas com menor número de pares de

folíolos e cálice mais curto e não estriado.

30. Calliandra lanata Benth. Trans. Linn. Soc. London 30: 553, 1875. Tipo: Bahia, Rio de Contas, Martius 6165 (holótipo: M). Figura 18E­G.

Arbusto 1,2­3,5 m alt. pouco ramificado, ramos longos, robustos e virgados; ramos,

eixos foliares, pedúnculos e perianto com indumento denso, lanoso, canescente e com

tricomas granulares; filotaxia dística. Estípulas foliáceas, amplas, ovais a suborbiculares

com base cordada, 15­22 x 12­19mm compr. Folhas v­vii/30­46; pecíolo 1,5­2,5cm

compr.; raque 4,5­6cm compr.; pinas subeqqquilongas, 5,5­10cm compr.; folíolos

proximalmente decrescentes, os medianos, 5­10 x 2­3mm, coriáceos, oblongos a

lineares, ligeiramente falcados, ápice agudo a arredondado, base oblíqua, face adaxial

glabra, face abaxial esparsamente pilosa e com tricomas granulares, margem ciliada,

nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo terminal,

congesto, curtamente exserto da folhagem; glomérulos pedunculados, paucifloros, 7­8­

floros, 3­5­fasciculados, pedúnculo 20­40mm compr não bracteado; brácteas florais

imbricadas, orbiculares, 5­7 x 5­8mm; Flores homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice

campanulado, lanoso e com tricomas granulares, tubo ca. 8mm compr., lacínios

deltóides ca. 2mm compr.; corola campanulada, tubo 8­10mm compr., lacínios agudos,

ca. 4mm compr.; estames brancos, quando envelhecidos róseos, estemonozone

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internamente espessado, 2,7­3,4mm compr. tubo estaminal ca.12mm compr., filetes

livres por ca.20mm compr., anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, lanoso, ca. 2mm compr., estipitado, estipe ca. 2mm compr. Legume linear­

oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, 6­10 x 0,7­1cm, valvas

lenhosas, lanosas, canescentes. Semente oblonga a arredondada, ca. 10 x 6 x 2­3mm ,

testa óssea, lisa, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, estrada Catolés­Inúbia, Serra da

Barra, 28.Jul.92, W. Ganev 769 (HUEFS, SP, SPF); caminho Samambaia­Serrinha, 05.Fev.94, W. Ganev 2956 (HUEFS, SPF); entre Samambaia­Serrinha, 02.Jun.94, W.

Ganev 3288 (HUEFS, SPF); estrada para Serrinha e Bicota, 20.Abr.98, E. R. de Souza 12 (HUEFS); 9km N de Catolés, caminho de Ribeirão de Baixo a Piatã, 10.Jul.95, L. P. de Queiroz 4348 (ALCB, HUEFS, MBM). Água­Quente, 16/12/88, R. M. Harley 27538 (HUEFS, K, SPF). Rio de Contas, 16.Jan.74, R. M. Harley 15089 (SPF);

21.Mar.77, R.M. Harley 19822 (CEPEC); ico da Almas, vertente leste, vale ao Sudoeste do Campo do Queiroz, 24.Dez.88, R.M. Harley 27362 (CEPEC, G, HUEFS, MBM,

SPF); 15.Mai.83, G. Hatschbach 46437 (CEPEC, MBM, RB); 6­10km ao NW de Rio

de Contas, na estrada para o Pico das Almas, 21.Jul.79, S.A. Mori et al. 12430 (CEPEC,

RB); 29.Out.93, ca. de 5km N de Rio de Contas, na estrada para Brumadinho, L. P. de Queiroz 3678 (HUEFS, MBM); Estrada Rio de Contas­Itoibira, 9.Fev.99, K.R.B. Leite et al. 5 (HUEFS, SP); Em direção ao Rio Brumado, 5 Km de Rio de Contas, 13.Dez.84, G.P. Lewis 6796 (K, MO, SPF); Serra do Marcelino, 02.Fev.97, L. Passos 4851

(ALCB, HUEFS, HRB, SPF); Caminho da Ponte do coronel para o Município de Rio de

Contas, ca. 5 km, 28.Nov.00, M.J.S. Lemos 136 (HUEFS); Estrada entre o Distrito de Mato Grosso e o pé do Morro do Itabira, 1.Mar.94, P.T. Sano 14716 (HUEFS, K, SPF); Ca. 2 km da cidade em direção à Marcolino Moura, 4.Mar.94, P.T. Sano et al. CFCR 14855 (G, HUEFS, K, SPF); Ca. 2 km da cidade em direção à Marcolino Moura,

4.Mar.94, P.T. Sano et al. CFCR 14856 (F, K, SPF); Estrada para o Pico das Almas, 23.Ago.00, E.R. de Souza 32 (HUEFS); Ao longo da estrada para a torre de TV em cima da Serra Marsalina (Serra das Almas), ca. 3­4 Km da cidade de Rio de Contas,

26.Mar.96, S.J.Mayo et al. 1167 (CEPEC); Aeroporto, proximidades, 17.Mar.98, G.Hatschbarch 67862 (MBM); Rodoia para tamanduá, 16.Set.89, G.Hatschbach et al. 53395 (MBM); Campo da Aviação, 1 Km N, 06.Abr.92, G.Hatschbach et al. 56745 (MBM).

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C. lanata é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina meridional, tendo sua área de distribuição restrita à Serra das Almas, Serra de Rio de Contas e Serra do

Barbado. Bentham (1875) referiu erroneamente esta espécie para o estado de Minas

Gerais, como demonstrado por Barneby (1998). Ocorre em ambientes de campo

rupestre e caatinga. Floresce nos meses de outubro a abril e em junho e sua frutificação

ocorre nos meses de junho a julho.

Esta espécie é facilmente reconhecida pela combinação das estípulas amplas,

suborbiculares, indumento denso e canescente e folhas multijugas.

31. Calliandra viscidula Benth. London J. Bot. 3: 109, 1844. Tipo: Brasil, Bahia, Serra da Jacobina, Blanchet 2620 (holótipo K­Hook !, isótipo: BM). Figura 18H­J.

Arbusto, 0,4­2,0m alt.,; ramos, eixos foliares e pedúnculos densamente velutinos

e com tricomas granulares, filotaxia dística. Estípulas foliáceas, lanceoladas, ca. 1,2­2 x

0,3­1cm. Folhas iii­vi/14­21; pecíolo 0,5­2cm compr.; raque 2,5­5cm compr.; pinas 3­

9,5cm compr. às vezes recurvadas distalmente; folíolos ligeiramente decrescente

proximal e distalmente, os medianos, 1­2 x 0,2­0,5cm, coriáceos, oblongos, ápice

arredondado, base truncada, face adaxial glabra a pilosa, face abaxial glabra, pilosa

apenas sobre a nervura principal até completamente pilosa, margem ciliada, nervação

palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudopanículas terminais formadas

por glomérulos pedunculados, ca. 13­floros, 2­4­fasciculados; pedúnculo robusto, 1,5­

8cm compr, 1­5­bracteado acima do meio; brácteas florais ovais a lanceoladas, 4­8 x 2­

6mm. Flores, homomórficas, pentâmeras, sésseis a subsésseis, pedicelo ca.1mm compr.;

cálice campanulado, densamente piloso e com tricomas granulares, tubo ca. 7­10mm

compr., lacínios agudos, 5­6mm compr.; corola campanulada, densamente pilosa e com

tricomas granulares, tubo 4­9mm compr., lacínios agudos, 4­6mm compr.; estames

brancos, estemonozone ca. 3mm compr. tubo estaminal 10­12mm compr., filetes livres

por 35­53mm compr. anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro, ca.2mm compr., ca. 5­ovulado, estilete 32­70mm compr., estigma

capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, 3­

7 x 0,4­0,7 cm, valvas lenhosas, velutinas. Sementes obovais a arredondada, ca. 6 x

2,5mm , testa óssea, lisa, ocre.

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Andaraí, estrada Andaraí–Igatú, beira de

estrada próxima ao campo de futebol, A. A. Grilo 119 (HUEFS); estrada para Mucugê,

Page 101: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

86

curva de estrada, 24.Out.2000, E.R.de Souza 59 (HUEFS); estrada para Mucugê, curva

de estrada, 24.Out.2000, E.R.de Souza 64 (HUEFS); ca. 4km na estrada Mucugê­

Andaraí, margem do Rio Cumbuca, 14.Abr.90, A.M. de Carvalho & W.W. Thomas 3092 (RB); estrada para Mucugê, curva de estrada, 24.Out.2000, E.R.de Souza 68 (HUEFS); primeira entrada a esquerda, próximo a pedreira, 24.Out.2000, E.R.de Souza 72

(HUEFS); Rodovia Andaraí­Mucugê, entrada Km 7, 12.Jan.83, S.A.Mori et al. 1603 (CEPEC); Between Igatu and Mucugê, 24.Jan.80, R.M.Harley et al. 20568 (CEPEC); 3 Km S de Mucugê, na estrada para Jussiape, 26.Jul.1979, S.A.Mori et al. 12597 (CEPEC); 10­12 Km ao NW de Mucugê, na estrada para Andaraí, 27.Jul.79, S.A.Mori et

al. 12668 (CEPEC); Serra do Sincorá, 3 Km Se de Mucugê a Cascável, 27.Mar.80, R.M.Harley 21042 (CEPEC, K); A 3 Km ao S de Mucugê na estrada para Jussiape,

22.Dez.79, S.A.Mori et al. 13173 (CEPEC, K); assentamento Mocambo, área de

Reserva, 30.Abr.01, L.P.J. Alves et al. 29 (ALCB); Ca. 4Km na estrada Mucugê­

Andaraí, margens do Rio Cumbuca, 14.Abr.90, A.M. de Carvalho & W.W. Thomas 3092 (ALCB). Caeté­Açu, Serra da Larguinha, ca. 2 Km NW de Caeté­Açu, 25.Mai.80, R.M. Harley 22544 (CEPEC). Jacobina, Estrada Jacobina, Morro do Chapéu,

26.Out.95, Amorim 1758 (CEPEC); 21.Ago.84, H. P. Bautista 991 (CEPEC, HRB);

03.Abr.86, A. M. de Carvalho 2371 (CEPEC); 20.Fev.93, A. M. de Carvalho 4208 (CEPEC); V/67, A L. Costa s/n (ALCB, HUEFS); 18.Nov.1986, L.P.de Queiroz 1189 (HUEFS); Serra da Jacobina (Serra do Ouro), por trás do hotel Serra do Ouro,

20.Ago.1993, L.P.de Queiroz 3471 (HUEFS, MBM); Serra da Jacobina, ca.5km E no

caminho para Bananeira, 20.Ago.1993, Fl, L.P.de Queiroz 3488 (ALCB, HUEFS, MBM); Serra do Ouro, 6.Jun.2001, T.S.Nunes et al. 348 (HUEFS); ca. 5km antes de Jacobina, 20.Out.78, H.C. de Lima et al. 729 (RB). Lençóis, Serra da Chapadinha, 05.Jul.94, A M. Giulietti PCD 27 (ALCB, CEPEC, HRB, SPF); Estrada do Ribeirão do Meio, 22.Out.2000, E.R. de Souza 40 (HUEFS); Serra da Chapadinha, 31.Ago.1994,

R.P.Orlandi 645 (ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS); 26.Abr.1992, L.P.de Queiroz 2745 (HUEFS). Mucugê, 04.Fev.74, R.M. Harley 15931 (HUEFS); 04.Fev.74, R.M. Harley 1593 (HUEFS, CEPEC); 04.Fev.74, R.M. Harley 15933 (HUEFS, CEPEC); 24.Jan.80, R.M. Harley 20568(HUEFS, CEPEC); 25.Jan.80, R.M. Harley 20644 (HUEFS, CEPEC, SPF); 25.Jan.80, R.M. Harley 21016 (HUEFS, CEPEC, SPF); 27.Mar.80, R.M. Harley 21042 (HUEFS, CEPEC, SPF); 27.Mar.80, R.M. Harley 21051 (HUEFS, CEPEC, SPF); 4 km N de Mucugê, caminho a Andaraí, 25.Nov.92, M. M. Arbo 5768 (CEPEC, HUEFS, SPF, NY); 13.Jul.96, H. P. Bautista 3561 (HUEFS, CEPEC, SPF); ca. 4 Km

Page 102: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

87

na estrada Mucugê/Andaraí, margens do Rio Cumbuca, 14.Abr.90, A M. de Carvalho 3092 (CEPEC); ca. 4 Km na estrada Mucugê/Andaraí, margens do Rio Cumbuca,

14.Abr.90, A.M. de Carvalho 3094 (CEPEC); Serra do Sincorá, 15km S de Mucugê,

21.Jan.84, G. Hatschbach 47469 (HUEFS, MBM); Arredores, 15.Jun.84, G. Hatschbach 47910 (HUEFS, MBM, SPF); Serra Capa Bode­ Andaraí, 30.Out.78, G.

Martinelli 5399 (CEPEC, RB); Área da UMS, 25.Jan.2000, L.P. de Queiroz et al. 5682 (HUEFS); Área da UMS, 25.Jan.2000, L.P. de Queiroz et al. 5683 (HUEFS); 30.Abr.1996, M.C.Ferreira 1126 (HRB, HUEFS); 3­5 Km N da cidade, em direção a Palmeiras, 20.Fev.1994, R.M.Harley et al. CFCR 14260 (HUEFS, SPF); 3­5 Km N da

cidade, em direção a Palmeiras, 20.Fev.1994, R.M.Harley CFCR 14285 (HUEFS, MBM, SPF); 3­5 Km N da cidade, em direção a Palmeiras, 20.Fev.1994, R.M.Harley CFCR 14268 (HUEFS, SPF); 26.Abr.1992, L.P.de Queiroz 1845 (HUEFS); 3 Km, estrada para Jussiape, 26.Jul.79, S.A.Mori et al. 12624 (CEPEC); Serra do Sincorá, 3

Km Sw de Mucugê na Rodoiva para Cascável, 27.Mar.80, R.M.Harley 21051 (CEPEC, K); Serra do Sincorá, 6,5 Km Sw de Mucugê na Rodoiva para Cascável, 27.Mar.80, R.M.Harley 21016 (CEPEC, K); Ca. 2 Km ao longo da rodovia para Andaraí, R.M.Harley et al. 20644 (K, CEPEC); reserva do Projeto Sempre­Viva, beira do rio do

Tomboro, 24.Out.2000, E.R.de Souza 74 (HUEFS); reserva do Projeto Sempre­Viva, beira do rio do Tomboro, 24.Out.2000, E.R.de Souza 75 (HUEFS); Beira da estrada para Andaraí, a ca. de 2km, 16.Dez.84, G.P.Lewis CFCR 7018 (K,MO); Estrada Mucugê­

Andaraí, a 3­5km N de Mucugê, 21.Fev.94, P.T. Sano et al. CFCR 14374 (SPF);

01.Out.90, A. Freire­Fierro et al. 1677 (SPF); Campo defronte ao cemitério, 20.Jul.81, A.M.Giulietti et al. CFCR 1408 (SPF, K, MO); Estrada Mucugê­Guiné, a 5Km de

Mucugê, 07.Set.81, A.Furlan et al. CFCR 1986 (SPF); 3Km em direção à cidade, 20.Set.86, R.P. O. et al. 739 (ALCB); Estrada Mucugê­Barra da Estiva, 1Km de

Mucugê, 17.Fev.97, E. Saar et al. PCD 1837 (ALCB); 13.Jul.96, H.P. Bautista et al.

3561 (ALCB); 20Km após Mucugê em direção a Andaraí, 23.Jun.78, J.E.m Brazão 67 (ALCB); Projeto Sempre Viva, 27.Mar.98, M.T. S. Stradmann et al. 0564 (ALCB); Estrada Andarí­Mucugê, ca. 20Km antes de Mucugê, 17.Fev.01, E.B. Miranda et al. 518 (HUEFS). Palmeiras, Ca. Km 250 na Rodovia BR 242, 19.Mar.90, A M. de Carvalho 2970 (CEPEC, MBM). Piatã, Sopé da Serra de Santana, 3.Nov.96, D. J. N. Hind 3983 (ALCB, CEPEC, HRB, SPF); Encosta da Serra do Barbado após Catolés de Cima, 6.Set.1996, R.M.Harley 28302 (HUEFS); Encosta da Serra do Barbado após Catolés de Cima, 6.Set.1996, R.M.Harley 28344 (HUEFS).

Page 103: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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C. viscidula é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, distribuída desde a parte norte, em Jacobina, até a região de Catolés, com populações mais expressivas na

Serra do Sincorá. Ocorre em campo rupestre. Floresce nos meses de abril, e de agosto a

novembro e frutifica nos meses de agosto a novembro. C. viscidula é uma espécie prontamente identificada pelo hábito robusto,

estípulas amplas, ovadas, estriadas, 12­20 x 3­10mm compr. folhas 3­5­jugas, folíolos

amplos de 11­20mm compr., geralmente mais de uma bráctea peduncular, glomérulos 8­

12­floros e cálice com lacínios ovados a lanceolados, 2­5,5mm compr. Materias

coletados em Mucugê, Andaraí e Palmeiras apresentaram tamanhos das folhas e flores

bem maiores do que os referidos por Barneby (1998) e os analisados neste trabalho para

esta espécie, tratando­se, possivelmente, de um poliplóide natural.

32. Calliandra hirtiflora Benth. Trans. Linn.Soc. London 30: 550, 1875. Tipo: Caetité, Martius (holótipo M).

Arbusto 1­2m alt., ramificado, copado; ramos jovens, eixos foliares e pedúnculos

pilosos, viscosos; filotaxia dística. Estípulas lanceoladas a setiformes, 7­12 x 6­10mm

compr. Folhas iii­v/18­28; pecíolo 1­2cm compr.; raque 3­5cm compr., pinas barbadas,

5­6,5cm compr.; folíolos subequilongos, 6­12 x 1­2mm semicoriáceos, oblongos a

lineares, subfalcados, ápice agudo, base oblíqua, face adaxial pubérula ao longo das

nervuras, face abaxial com tricomas granulares, margem esparsamente ciliada, nervação

palmada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo terminal curtamente exserto da

folhagem; glomérulos pedunculados, 1­3­fasciculados; pedúnculos 4­7cm compr. não

bracteados; brácteas florais obovais a lanceoladas, 3­10 x 1­2mm. Flores homomórficas,

pentâmeras, subsésseis, com tricomas granulares no cálice e na corola; pedicelo 0,8­

1,7mm compr.; cálice campanulado, tubo 3­4 mm compr., lacínios agudos, pilosos, 2­

3mm compr.; corola campanulada, tubo 5­9mm compr., lacínios agudos, pilosos, 2­

5mm compr.; estames alvos, quando envelhecidos róseos, estemonozone 1,7­3,5(­4)

mm compr. tubo estaminal ca. 10mm compr., filetes livres por 30­35mm compr.,

anteras vináceas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, ca. 3mm

compr., ca. 10­ovulado. Fruto não visto.

C. hirtiflora ocorre na Chapada Diamantina meridional (Piatã, Rio de Contas e

Barra da Estiva) até a região de Seabra e Andaraí, estendendo­se para o sul até Caetité e

Page 104: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Ituaçú. É uma espécie característica de pequenas matas ciliares que se desenvolvem à

margem de pequenos riachos em campos rupestres. C. hirtiflora é uma espécie muito próxima de C. sincorana pela semelhança do

hábito, pela arquitetura da inflorescência, pelas flores campanuladas com lacínios do

cálice e da corola agudos a lanceolados, mas diferencia­se por apresentar folhas com 2­3

pares de pinas, estípulas menores (2,5­4 x 0,5­1,6) e pedúnculos bracteados.

Barneby (1998) reconhece duas variedades para esta espécie que podem ser

diferenciadas pelos caracteres citados abaixo.

Chave para identificação das variedades de Calliandra hirtiflora:

1. Ramos jovens e perianto revestidos por tricomas longos, macios e eretos

..................................................................................................................................................... var. hirtiflora 1’. Ramos jovens e perianto glabros ou, se pubescentes, então revestidos por tricomas

curtos ...........................................................................................................................................var. ripicola

32.1. Calliandra hirtiflora var. hirtiflora

Esta variedade caracteriza­se pelo indumento dos ramos e perianto, constituído

de tricomas esbranquiçados, macios, longos e eretos. Além disso, o perianto e o fruto

não possuem os tricomas granulares típicos da variedade seguinte.

Ocorre em Andaraí, Barra da Estiva, Ituaçú e Piatã. Floresce nos meses de

janeiroe de junho a agosto. A frutificação não foi observada.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Andaraí,; Perto de Ouro Verde, ponte sobre rio

Toboró, 8.Jan.99, R.M. Harley 53410 (HUEFS). Bar ra da Estiva, Estrada da Estiva­

Capão da Volta, a 7 Km de Barra da Estiva, 19.Jul.81, A. M Giulietti CFCR 1360 (MO,

SPF). Ituaçu, 23.Jun.87, L.P. de Queiroz 1692 (HUEFS). Piatã, estrada Catolés­ Abaíra, ca. 18km de Catolés, próximo ao rio, 15.Ago.92, W. Ganev 864 (HUEFS, SPF)

32.1. Calliandra hirtiflora var. ripicola Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 165. 1998. Tipo: Bahia, Andaraí, G. Hatschbach & R. Kummrow 48062 (holótipo: MBM !; isótipos: K, NY).

Page 105: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Ao contrário da variedade precedente, a var. ripicola possui ramos jovens e perianto glabro ou glabrescente mas a corola possui tricomas granulares. Estes estão

presentes também nos frutos, diferentemente do observado na variedade típica.

Ocorre em Abaíra, Piatã, Palmeiras, Andaraí e Lençóis. Floresce nos meses de

setembro a novembro e em janeiro. A frutificação não foi observada.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Abaíra, Catolés: Fazenda Água Limpa,

19.Set.99, T.S. Nunes 53 (HUEFS); Catolés: ca. 5km da saída de Catolés para Abaíra, próximo ao 1º córrego depois de Ouro Verde, 20.Set.99, T.S. Nunes 147 (HUEFS); Andaraí, 24.Jan.80, R. M. Harley 20542 (CEPEC, SPF); Rio Paraguaçu, 19.Jun.84,

G.Hatschbach & R.Kummrow 48026 (MBM). Lençóis, Morro da Chapadinha,

27.Out.1994, A.M. de Carvalho 1120 (CEPEC, HUEFS, SPF);Ca. 8­10 Km NW de

Lençois – Estrada para Barro Branco, 20.Dez.81, G. P. Lewis et al. 930 (CEPEC, SPF; Rio Mandassaia, Barro Branco, Parque Nacional da Chapada Diamantina, 26.Jan.00,

A.A. Ribeiro­Filho 31 (HUEFS); Estrada saindo de Lençóis­ beira do córrego do esgoto, 22.Out.00, E.R. de Souza 37 (HUEFS); Estrada saindo de Lençóis­ beira do córrego do esgoto, 22.Out.00, E.R. de Souza 38 (HUEFS); Margem do Ribeirão do Meio,

22.Out.00, E.R. de Souza 39 (HUEFS); Mucugezinho­próximo a Toca do Pato,

23.Out.00, E.R. de Souza 41 (HUEFS); 1.Out.92, C.M.B. Lôbo 41 (HUEFS). Palmeiras, 19.Nov.83, L.R. Noblick 2842 (HRB, HUEFS). Piatã, 10km S de Piatã, na estrada para Abaíra, 05.Set.96, R. M. Harley 28285 (HUEFS).

33. Calliandra sincorana Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42: 204, 1908. Tipo: Brasil, Bahia: Serra do Sincorá, Ule 7310 (holótipo: B ­ destruído, isótipos: HBG, RB !).

Subarbusto ca. 1,5m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos; filotaxia

dística. Estípulas lanceoladas a ovais 3­3,5 x 1­1,2mm. Folhas ii­iii/14­22; pecíolo ca.

6mm compr.; pinas ca. 4cm compr.; folíolos 8­10 x 1,2­2mm, semicoriáceos, oblongos

a lineares, subfalcados, ápice agudo, base oblíqua, face adaxial pubérula ao longo das

nervuras, face abaxial com tricomas granulares, margem esparsamente ciliada, nervação

palmada, nervura principal excêntrica. Glomérulos terminais imersos a curtamente

exsertos da folhagem, pedunculados, 1­3­fasciculados; pedúnculos 2­4cm compr.

bracteados, brácteas lanceoladas a ovais 1,5­2,5 x 1mm; brácteas florais lanceoladas, ca.

3 x 1mm. Flores homomórficas, tetrâmeras, subsésseis, com tricomas granulares no

Page 106: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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cálice e na corola; pedicelo 0,8­1,7mm compr.; cálice campanulado, tubo 1,5­2mm

compr., lacínios agudos, com tricomas granulares, 2­4mm compr.; corola campanulada,

tubo 4­6mm compr., lacínios agudos, 2­4mm compr.; estames brancos, tubo estaminal

ca. 7mm compr., filetes livres por ca. 25mm compr. Fruto não visto.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Palmeiras­Lençóis, 14.Set.56, E. Pereira 2148

(RB).

C. sincorana é uma espécie que ocorre na Chapada Diamantina, encontrada apenas na Serra do Sincorá, em localidade incerta. Material florido foi registrado para os meses

de novembro e dezembro (fide Barneby, 1998), não sendo observada a sua frutificação.

C. sincorana é uma espécie muito próxima de C. hirtiflora pela semelhança do hábito, arquitetura da inflorescência, perianto campanuladas com lacínios do cálice e da

corola agudos a lanceolados, mas difereciam­se por C. hirtiflora apresentar folhas com 4­7 pares de pinas, estípulas maiores 7­12 x 6­10mm e pedúnculos não bracteados.

Esta espécie é pouco coletada, sendo conhecida por apenas dois materiais, ambos

coletados por Ule no início do século XX. Apenas um espécime, depositado no herbário

do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, foi analisado.

34. Calliandra debilis Renvoize, Kew Bull. 36: 73, 1981. Tipo:Brasil, Bahia: Serra do

Sincorá (sul de Andaraí na estrada para Mucugê), próximo de Xique­Xique, Harley et al. 18676.(holótipo: CEPEC !; isótipo: K !, NY). Figura 19A­C.

Arbusto virgado, ca. 3,0m alt. com folhas esparsas nos ramos; ramos, eixos

foliares, folíolos e pedúnculos glabros; filotaxia dística. Estípula lanceoladas 5­10 x 3­

6mm. Folhas i­ii/27­37; pecíolo 0,8­1,5cm compr.; quando presente, raque 1,0­1,5cm

compr.; pinas 7,5­11,5cm compr.; folíolos equilongos, 8,0­11 x 3­4mm, coriáceos,

oblongos, ápice agudo, base auriculada, glabros, margem ciliada, nervação palmado­

pinada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo terminal constituído por glomérulos

pedunculados 1­3­fasciculados; pedúnculos 20­30mm compr. Flores homomórficas,

tetrâmeras, sésseis; cálice campanulado, glabro, tubo ca. 2mm compr., lacínios

deltóides, ca.1mm compr.; corola campanulada, tubo ca. 6mm compr., lacínios

oblongos, ca. 4mm compr.; estames alvos, estemonozone ca. 3,0mm compr. tubo

estaminal ca. 6mm compr., filetes livres por ca. 44mm compr., anteras vináceas; ovário

obovado, ca. 3mm compr. estigma capitado. Legume (imaturo), linear­oblanceolado,

Page 107: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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ápice agudo, base cuneada, 7­9,5 x 1­1,2cm, valvas lenhosas, verde­vináceas, margem

vinácea.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Mucugê, Serra de São Pedro, 17.Dez.84, G.P.Lewis et al. CFCR 7069 (SPF). Andar aí, Sul de Andaraí, ao longo da rodovia para Mucugê próximo a pequena

cidade de Xique –Xique, 14.Nov.77, R.M. Harley et. al. 18676 (CEPEC, K, SPF­ tipo de C. debilis);

caminho para Xique­Xique­Igatu, 10.Out.00, M.L. Guedes 7843 (ALCB). Andar aí­Igatú, Estrada nova Igatú a Andaraí, 26.Fev.01, A.A. Ribeiro­Filho 232 (HUEFS).

C. debilis é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, ocorrendo exclusivamente na Serra do Sincorá, em campo rupestre. Floresce no mês de fevereiro e

apresenta­se em frutificação no mesmo mês. C. debilis assemelha­se a C. paterna nas estípulas cordiformes a lanceoladas e

estriadas, arquitetura das folhas e inflorescências, mas diferencia­se pelos ramos,

pedúnculos e perianto glabros (x piloso em C. paterna) e lobos do cálice deltóides e

menores que o tubo (x agudos e mais longos que o tubo em C. paterna).

35. Calliandra ganevii Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 74 (3): 173, 1998. Tipo: Brasil, Bahia: Piatã, W. Ganev 294 (holótipo HUEFS !; isótipos K !, SPF !). Figura 19D­F.

Subarbusto virgado de ca. 50cm alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos pilosos e

com tricomas granulares; filotaxia dística. Estípulas foliáceas, ovais, base cordada, ca.

10 mm compr. Folhas i­(ii)/17; pecíolo 2­5mm compr.; raque, quando presente, ca.

1,4cm compr.; pinas 5­6,5 cm compr., ca.24­folioladas; folíolos 10­15 x 3­7 mm,

oblongos, cartáceos, discolores, glabros, ápice agudo a arredondado, mucronado, base

cordada, nervação palmada, nervura principal excêntrica. Glómerulos axilares

pedunculados 1­2­fasciculado; pedúnculo 6­12cm compr. não bracteado; brácteas

florais lanceoladas, ca. 6mm compr. Flores homomórficas, pentâmeras, sub­sésseis,

pedicelo ca. 1mm compr.; cálice infundibuliforme, com tricomas granulares, tubo 2­

3mm compr., lacínios acuminados, desiguais, pilosos, ca. 5mm compr.; corola

infundibuliforme, com tricomas granulares, tubo ca. 9mm compr., lacínios

arredondados, pilosos, ca.2mm compr.; estames brancos tornando­se róseos quando

envelhecidos, estemonozone 1,8­2mm compr. tubo estaminal 10­15mm compr., filetes

livres por ca. 25mm compr., anteras vináceas; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro, ca. 3mm compr., 8­ovulado, estilete ca. 35mm compr. Fruto não visto.

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Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Abaíra, Serra da Tromba, nascente do Rio de

Contas, 18.Dez.92, W. Ganev 1676 (HUEFS, SPF). Mucugê, 25.Jan.80, R.M. Harley 20653 ­Tipo de C. ganevii; (parátipo: CEPEC); estrada Mucugê­Barra da Estiva, 1 Km

para Mucugê, 17.Fev.97, E.Saar et al. PCD 5834 (ALCB, SPF); 3­5 Km N da cidade, em direção a Palmeiras, próximo ao Rio Moreira 20.Fev.94, R.M.Harley et al. CFCR

14261 (HUEFS, SPF). Piatã, estrada Piatã a Gerais, beira do Rio de Contas, 14.Mai.92, W. Ganev 294 ­Tipo de C. ganevii; (holótipo: HUEFS; SPF); estrada Mucugê­Barra da

Estiva, 1Km para Mucugê, 17.Fev.97, E. Saar PCD 5834 (ALCB, CEPEC).

C. ganevii é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina sendo conhecida

apenas da região de Catolés, no limite dos municípios de Abaíra e Piatã, próximo à

nascente do rio de Contas. Ocorre em ambientes de campo rupestre e em beira de

riacho. Floresce nos meses de maio a julho. A frutificação não foi observada.

Esta espécie apresenta grande semelhança com C. luetzelburgii, com a qual

compartilha as folhas unijugas, folíolos relativamente grandes e estípulas largas e

foliáceas. Pode, no entanto, ser diferenciada desta espécie por apresentar perianto mais

longo (ca. 11mm) e cálice com lacínios acuminados. C. paterna é outra espécie da área de estudo que apresenta as características foliares acima citadas mas difere de C. ganevii

por apresentar número maior de folíolos por pina (22­33 pares x 11­17 pares) e

pedúnculo mais curto (2­3cm x 6­12cm compr.).

36. Calliandra longipinna Benth., Trans. Linn. Soc. London 30: 546, 1875. Tipo: Martius s.n.(holótipo: M; provável isótipo: G). Figura 19G­H.

Subarbusto virgado ca. 3,0m alt., ramos, eixos foliares e pedúnculos glabros a

esparsamente pubérulos com tricomas granulares avermelhados; filotaxia dística

Estípulas deltóides a ovais, 1,5­2 x 1mm. Folhas i(­ii)/27­37; pecíolo 3­5mm compr.;

pinas 5,5­10,5cm compr.; folíolos 5­10 x 1­4mm, coriáceos, oblongos, ápice agudo,

base assimétrica, nervação palmada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos

terminais exserto da folhagem; glomérulos pedunculados, isolados, não bracteados;

brácteas florais deltóides ca. 2 x 1,5mm; pedúnculo 10­12 (30)mm compr. Flores

homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice campanulado, glabro com tricomas

granulares avermelhados, tubo ca. 2mm compr. lacínios deltóides, 0,5­1mm compr.;

corola campanulada, com tricomas granulares avermelhados, estriada internamente,

tubo 5­6mm compr. lacínios oblongos a agudos 2­4mm compr.; estames vermelhos,

Page 109: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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estemonozone 1­3mm compr.; tubo estaminal 4­6mm compr. filetes livres por ca. 44mm

compr. anteras vináceas; ovário obovado, com tricomas granulares avermelhados

apenas na região mediana, 2­3mm compr. estigma capitado. Legume (imaturo) linear­

oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, 5­9,5 x 0,7­10mm, valvas

lenhosas, glabras. Semente não vista.

Mater ial examinado: Brasil, Bahia: Andaraí, caminho para antiga estrada Xique­

Xique do Igatú, 14.Fev.97, T.R. Santos et al. PCD5643 (ALCB). Bar ra da Estiva, torre da Telebahia, 16.Fev.97, S. Atkins et al. PCD 5757 (ALCB); Serra do Sincorá, W

de Barra de Estiva n arodovia para Jussiape, 22.Mar.80, R.M. Harley et al. 20777

(CEPEC). Mucugê, estrada Mucugê­Cascavel, km 18, 16.Set.92, L. Coradin 8644 (CEPEC, CEN, HUEFS); estrada Mucugê­Abaíra, ca. 29Km da Ba 142, 12.Nov.98, R.P. Oliveira et al. 54 (HUEFS). Ibiquara, Capão da Volta, 18.Set.84, G. Hatshbach 48347 (HUEFS, MBM). Ituaçú, 09.Ago.79, J.E.M. Brazão (RB). Piatã, 28.Ago.86,

R.P.Orlandi 777 (HRB, RB); próximo a Pituaçu, 09.Ago.80, J.E.M.Brazão 121 (HRB).

C. longipinna é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, ocorrendo na Serra do Sincorá e em Piatã, em campo rupestre. Foi encontrado material florido e

frutificado no mês de setembro.

C. longipinna assemelha­se a C. debilis no hábito arbustivo, virgado, nas folhas paucijugas, na arquitetura das inflorescências, cálice relativamente curto ca. 1/3 do

comprimento da corola, com lobos deltóides menores que o tubo, mas diferencia­se por

apresentar estípulas deltóides, 1,5­2 x 1mm (lanceoladas em C. debilis), folhas com 54 a

74 pares de folíolos (27 a 37 em C. debilis) e tricomas granulares presentes em toda a planta (ausentes em C. debilis).

37. Calliandra luetzelburgii Harms, Repert. Sp. Nov. Regni Veg. 17: 89, 1921. Tipo: Brasil, Bahia, Ph. von Lutzelburg, 1914 (holótipo: M). Figura 19I­K.

Subarbusto a arbustos, eretos de até 1,7m alt.; ramos, eixos foliares, folíolos e

pedúnculos glabrescentes a esparsamente pubérulos; filotaxia dística. Estípulas

lanceoladas a lineares, 2­5 x 0,5­0,8mm compr. Folhas i/7­12; pecíolo 3­8mm compr.;

pinas 3­5cm compr.; folíolos 1­1,8 x 0,2­0,3cm, coriáceos, oblongos, ápice

arredondado, base arredondada a truncada, nervação palmado­dimidiada, nervura

principal excêntrica. Pseudoracemos terminais curtamente exserto da folhagem;

Page 110: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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glomérulos pedunculados, isolados; pedúnculo bracteado, 2­4,5cm compr.; brácteas do

pedúnculo setiformes, ca. 4 mm compr.; brácteas florais ca. 2mm compr. Flores

subsésseis, pedicelo ca. 1mm compr.; cálice campanulado, glabro, tubo ca. 1mm compr.

lacínios deltóides, ca. 0,3mm compr.; corola campanulada, tubo glabro, ca. 3mm compr.

lacínios, obtusos, com tricomas granulares esparsos, vináceos, 2mm compr.; estames

alvos tornando­se róseos quando envelhecidos; estemonozone 1,2­1,5mm compr.; tubo

estaminal ca. 6mm compr. filetes livres por ca. 20mm compr., anteras vináceas; ovário

obovado, ca. 8­ovulado, 2­ 3mm compr., estilete 15­28mm compr. estigma capitado.

Legume linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada, 4,5­8 x

0,5­0,9mm, valvas lenhosas, glabras. Sementes não vistas

Mater ial examinado: BRASIL, Bahia: Piatã, 10 km S de Piatã, estrada para Abaíra, 05.Set.96, R.M.

Harley 28293 (HUEFS). Rio de Contas, Pico das Almas, casa de Dona maria Silvina, 14.Dez.84,

G.P.Lewis et al. CFCR 6898 (K, MO, SPF); Rio da Água Suja, próximo ao Riacho Fundo, 27.Jul.93, W. Ganev 1994 (HUEFS); Ponte do Coronel, 28.Mar.98, E.R. de Souza 06 (HUEFS); Ca. 1 Km S do

povoado de Mato Grosso, 24.Mar.77, R.M. Harley 19971 (CEPEC, SPF); 28.Mar.77, R.M. Harley 20073

(CEPEC); Pico das Almas, vertente leste, Fazenda Silvina, 19 Km ao NO da cidade, 23.Out.88, R.M. Harley 25312 (CEPEC, HUEFS, MBM, SPF); Pico das Almas, vertente leste, trilha Fazenda Silvina­

Queiroz, 14.Nov.98, R.M. Harley 26150 (HUEFS, MBM, SPF); Ponte do Coronel, entrocamento com

estrada para o Mato Grosso, 26.Ago.00, L.P. de Queiroz 6358 (HUEFS); Margem do Rio Brumadinho

entre as pedras, 23.Ago.00, E.R. de Souza 30 (HUEFS); Rio da Ponte do Coronel, 25.Ago.00, E.R. de Souza 36 (HUEFS); Pico do Itubira, 29.Ago.98, A.M.de Carvalho et al. 6600 (CEPEC); Rio Brumadinho, 16.Mai.83, G.Hatschbach 46501 (CEPEC, MBM, RB); Pico das Almas, a 18 Km ao SNW de Rio de

Contas, 24.Jul.79, S.A.Mori 12525 (CEPEC); Estrada para Cacjoeira do Fraga, no rio Brumado, a 3 Km do Município de Rio de Contas, 22.Jul.87, A.Furlan et al. CFCR 1692 (K, MO, SPF).

C. luetzelburgii é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina meridional com distribuição muito restrita, ocorrendo apenas nas serras do sul de Piatã até o Pico

das Almas. Ocorre em ambientes de carrasco com mata ciliar, cerrado e em beira de

riacho. Floresce nos meses de março a julho e em setembro e frutifica nos meses de

julho e setembro.

Segundo Barneby (1998) assemelha­se a C. erubescens no hábito, mas diferencia­se desta no número de jugos (folhas unijugas em C. luetzelburgii e folhas 2(­

3)jugas em C. erubescens) e no número de folíolos por pina (14­24­foliolada em C. luetzelburgii e 10­20­foliolada em C. erubescens).

Page 111: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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38. Calliandra paterna Barneby, Mem. NY. Bot. Gard. 74 (3): 172, 1998. Tipo: Bahia: Palmeiras, Morro do Pai Inácio, G. P. Lewis et al. 880 (holótipo: CEPEC !; isótipos: K !, MO, NY). Figura 19L.

Subarbusto ereto 0,6­1,0m alt. virgado; ramos, eixos foliares e pedúnculos

quando jovens pilosos, passando a glabros ao envelhecer; filotaxia dística. Estípulas

foliáceas, cordiformes a lanceoladas, estriadas, 6­10 x 4­6mm. Folhas i­ii/23­33; pecíolo

10­15mm compr.; raque 1­1,2cm compr.; pinas 6­8cm compr.; folíolos 7­10 x 3­4mm,

membranáceos, oblongos, assimétricos, ápice agudo a arredondado, base oblíqua,

glabros, nervação palmada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo terminal

curtamente exserto da folhagem; glomérulos pedunculados 3­4­fasciculados;

pedúnculos 2­5cm compr. não bracteados; brácteas florais não vistas. Flores

homomórficas, pentâmeras, sésseis; cálice campanulado, tubo ca. 2mm compr. lacínios

oblongos, pilosos, ca. 3mm compr.; corola campanulada, tubo ca. 5mm compr. lacínios

oblongos, pilosos, ca. 3mm compr.; estames alvos, tubo estaminal ca. 7mm compr.

estemonozone ca. 3mm compr. filetes livres por ca. 20mm compr. anteras castanhas;

nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, glabro, ca. 2mm compr. estigma

capitado. Fruto não visto.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Palmeiras, Morro do Pai Inácio, 29.Abr.83, L.P. de Queiroz 628 (HUEFS); Pai Inácio, 21.Nov.94, E. Melo 1181 (HUEFS, SPF); Pai Inácio, lado oposto da torre de repetição, 30.Ago.94, M.L.S. Guedes 586 (ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS, SPF); Pai Inácio, lado oposto da torre de repetição, 30.Ago.94,

M.L.S. Guedes PCD 557 (ALCB, RB); Morro do Pai Inácio, 21.Dez.1981, G.P.Lewis et al. 960 (CEPEC); Morro do Pai Inácio, 19.Dez.1981, G.P.Lewis et al. 880 (CEPEC, SPF, MBB­Tipo); Serras de Lençóis, Morro do Pai Inácio, 23.Mai.1980, R.M.Harley 22423 (CEPEC); Pai Inácio, 13.Abr.1980, A. M.de Carvalho et al. 2990 (CEPEC); Pai Inácio, 25.Out.1994, A. M.de Carvalho et al. PCD 990 (ALCB, CEPEC, HRB, SPF);

caminho para a Serra do Pai Inácio, 29.Jun.83, M.L. Guedes 670 (ALCB).

C. paterna é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, ocorrendo exclusivamente no morro do Pai Inácio, localizado no município de Palmeiras. Foi

encontrado material florido nos meses de abril, maio, agosto e de outubro a dezembro.

A frutificação não foi observada.

Page 112: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Esta espécie apresenta grande semelhança com C. ganevii, com a qual compartilha as folhas paucijugas, estípulas largas e foliáceas, mas difere por apresentar

número maior de folíolos por pina (22­33 pares x 11­17 pares) e pedúnculo mais curto

(2­3cm x 6­12cm compr.).

39. Calliandra renvoizeana Barneby, Mem. NY. Bot. Gard. 74 (3): 169, 1998. C.

gracilis Renvoize, Kew Bull. 36: 73, 1981. Tipo: “Brasil. Bahia: Mucugê, Harley et al. 16061” (holótipo: CEPEC!; isótipo: K!, NY). Figura 19M­P.

Subarbusto a arbusto 1,2 – 6,0m alt. virgado, pouco ramificado, com folhas

apenas no ápice dos ramos; ramos esparsamente pilosos a glabrescentes, eixos foliares e

pedúnculos pilosos; filotaxia dística. Estípulas foliáceas, lanceoladas, estriadas, ca. 5 x

3mm. Folhas i/37­44; pecíolo 0,2­0,3cm compr.; pinas 4­7cm compr., folíolos 5­7 x 1­

2mm, coriáceos, oblongos, assimétricos, ápice agudo, obtuso a arredondado, base

oblíqua, auriculada, face adaxial com tricomas granulares avermelhados, face abaxial

glabrescente, nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemo

terminal curtamente exserto da folhagem; glomérulos pedunculados 2­3­fasciculados;

pedúnculo 18­40mm compr não bracteados; brácteas florais lanceoladas a ovais com

ápice agudo e base cordada, estriadas, 7­6 x 3­6mm. Flores homomórficas, pentâmeras,

sésseis; cálice campanulado, nervação aparente, com tricomas granulares avermelhados,

tubo ca. 4,0mm compr. lacínios agudos, pilosos, 3­4mm compr.; corola campanulada

com nervação aparente, duas pétalas unidas, tubo 5­8mm compr. lacínios oblongos,

pilosos, com tricomas granulares avermelhados, os mais curtos devido a união das

petálas com ca. 1mm compr. e os demais 4­5mm compr.; estames totalmente alvos a

alvos na base e ápice rosado, parede interna do tubo estaminal nectarífera,

estemonozone ca. 2mm compr. tubo estaminal 6­9mm compr. filetes livres por ca.

60mm compr. anteras castanhas; ovário obovado, glabro, 2­2,5mm compr. estilete ca.

78mm compr. estigma capitado. Fruto linear­oblanceolado, castanho­avermelhado,

ápice obtuso a arredondado, mucronado, base atenuada, ca. 5,5­10 x 1cm, valvas

lenhosas, pilosas. Semente 8­10 x 6mm, oboval a arredondada, testa óssea, lisa, ocre e

pleurograma elíptico.

Mater ial examinado: BRASIL, BAHIA: Andar aí, 20.Nov.83, L.R. Noblick 2880 (HUEFS); estrada Andaraí – Mucugê, 26.Fev.01, A.A. Ribeiro­Filho et al. 233 (HUEFS); estrada Andaraí – Mucugê,

21.Fev.94, R.M. Harley et al. CFCR 14331 (SPF). Mucugê, Arredores, 17/VI.1984, G.Hatschbach 47990

Page 113: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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(CEPEC, MBM); Centro do Projeto Sempre­Viva, trilha para o Tiburtino, próximo aos rios Piabinha e

Cumbuca, 25.Mar.00, A.M. Giulietti et al. 1947 (HUEFS); 8Km Sw de Mucugê na rodovia para Cascavel,

próximo a Fazenda Paraguaçú, 6.Fev.74, R. M. Harley 16061 ( Tipo­CEPEC); UMS, Piabinha,

12.Jan.97, A. S. Conceição, S. l. Silva & H. P Bautista UMS 155 (CEPEC). Palmeir as, Pai Inácio,

21.Nov.1994, E. Melo et al. 1181 (CEPEC).

C. renvoizeana é uma espécie endêmica da Chapada Diamantina, ocorrendo exclusivamente na Serra do Sincorá, nos municípios de Palmeiras, Andaraí e Mucugê.

Foi encontrado material florido nos meses de março, junho e novembro. A frutificação

foi observada no mês de fevereiro.

Esta espécie apresenta grande semelhança com C. paterna, com a qual compartilha as folhas paucijugas, estípulas largas e foliáceas, pinas multifolioladas,

brácteas florais lanceoladas, perianto piloso, diferindo por apresentar pinas com menor

número de folíolos (22­33 pares x 37­44 pares), folíolos maiores (7­10 x 3­4 em C.

paterna e 5­7 x 1­2 em C. renvoizeana) e pecíolos bem mais longos (10­15m x 2­3mm compr.).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 115: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

100

LEGENDA PARA AS FIGURAS

Figura 1. Mapa da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil.

Figura 2. A: Calliandra hygrophylla ­ hábito; B: C. parvifolia ­ hábito; C: C. bahiana ­

indumento do perianto; D: C. lanata ­ indumento; E: C. sessilis ­ Inflorescência.

Figura 3. Indumento das espécies de Calliandra. A: Ápice do lacínio do cálice de C. asplenioides ilustrando os tricomas tectores unicelulares longos e tricomas glandulares

(100x); B: Tricoma tector longo da corola de C. parvifolia; C: Tricomas tectores estrelados de C. stelligera; E: Tricomas granulares capitados da corola de C. asplenioides; F: Tricoma granular elispóide de corola de C. parvifolia. (B­F: 400x).

Figura 4. Esquema ilustrando os tipos de nervação dos folíolos das espécies de Calliandra. A: Pinado­palmado; B: Palmado­dimidiado; C: Palmado.

Figura 5. Tipos de inflorescências encontrados em espécies de Calliandra:

Inflorescência lateral: A: C. sessilis. Inflorescências terminais: pseudoracemo: B: C. coccinea; C: C. asplenioides; pseudopanícula: D: C. ellegans.

Figura 6. A: C. mucugeana ­ Inflorescência; B: C. hygrophylla ­ Inflorescência; C: C.

asplenioides ­ Cálice; D: C. luetzelburgii ­ Perianto; E: C. coccinea ­ Perianto; F: C. nebulosa ­ Inflorescência.

Figura 7. A: C. viscidula ­ Inflorescência; B: C. macrocalyx ­ Lacínios reflexos; C: C. blanchetti ­ Flor central diferenciada; D: C. hygrophylla ­ Fruto e semente.

Figura 8. A­B: C. bahiana ­ Estemonozone:; C: C. luetzelburgii­ Estemonozone ; D: C. leptopoda ­ Nectário. (A: x12; B: x6; C: x12; D: x25).

Figura 9. A­C: C. bella: A: Hábito; B: Folíolo; C: Flor. D­F: C. pilgeriana: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­K: C. sessilis: G: Hábito, H: Folíolo, I: Flor central, J: Flor periférica, K: Nectário (A­C Thomas 10711; D­F Leite 30; G­K Ganev 2587).

Page 116: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

101

Figura 10. A­D: C. blanchetti: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Fruto. E­G: C. depauperata: E: Folíolo, F: Flor, G: Nectário e estipe. H­I: C. parvifolia: H: Folíolo, I: Flor. J­K: C. spinosa: J: Folíolo, K: Flor. (A­D França 2733; E­G Thomas 9621; H­I Ganev 1416; J­K Giulietti 6129).

Figura 11. A­D: C. harrisii: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Ovário. E­K: C. leptopoda: E: Hábito, F: Estípula, G: Folíolo, H: Flor, I: Nectário, J: Fruto, K: Semente. (A­D Hatschbach 48374; E Bautista 856; F­K Queiroz 5834).

Figura 12. A­B: C. asplenioides; A: Folíolo, B: Flor. C­D: C. coccinea: C: Folíolo, D: Flor. E­G: C. fuscipila: E: Hábito, F: Folíolo, G: Flor. H­J: C. involuta: H: Hábito, I: Folíolo, J: Flor. K­L: C. mucugeana: K: Folíolo, L: Flor. (A­B Ganev 114; C­D Giulietti 1545; E­G Queiroz 4956; H­J Harley 28344; K­L Queiroz 5594).

Figura 13. A­B: C. bahiana A: Hábito B: Flor):. C: C. crassipes – Flor; D­F: C. feioana: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor G­H: C. hirsuticaulis: G: Folíolo, H: Flor. I­K: C. lintea: I: Hábito J: Folíolo, K: Flor L­N: C. nebulosa: L: Hábito, M: Folíolo, N: Flor (A

Miranda 473; B Souza 16; C Arbo 5685; D­F Harley 16972; G­H Ganev 3528; I­K Queiroz 6331; J Queiroz 600; L­N Souza 16).

Figura 14. A­C: C. calycina: A: Folíolo, B­C: Flor. D­F: C. cumbucana: D: Hábito, E:

Folíolo, F: Flor. G­H: C. pubens: G: Folíolo, H: Flor. (A­C Ribeiro Filho 234; D­F Miranda 517; G­H Lewis 7544).

Figura 15. A­E: C. geraisensis sp. nov. ined. A: Hábito, b: Folíolo, C­D: Flor, E: Fruto. (A­E Queiroz 4706).

Figura 16. A­C: C. erubescens: A: Folíolo, B­C: Flor, D­F: C. germana: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­H: C. hygrophila: G: Folíolo, H: Flor. I­K: C. semisepulta: I: Hábito, J: Folíolo, K: Flor. L­O: C. stelligera: L: Hábito, M: Estípula, N: Folíolo, O: Flor. (A­C Queiroz 5168; D­F Queiroz 3517; G­H Harley 14270; I­K Harley 51088; L­O Ganev 917).

Page 117: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

102

Figura 17. A­D: C. imbricata: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Ovário (A­D Sano 14433).

Figura 18. A­E: C. elegans: A: Hábito, B: Estípula, C: Folíolo, D: Flor. E­G: C. lanata: E: Hábito, F: Folíolo, G: Flor. H­J: C. viscidula: H: Hábito, I: Folíolo, J: Flor (A­E

Souza 22752; E­G Harley 27362; H­J Queiroz 5682).

Figura 19. A­C: C. debilis: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor. D­F: C. ganevii: D: Hábito, E: Folíolo, F: Flor. G­H: C. longipinna: G: Flor, H: Ovário. I­K: C. luetzelburgii: I:

Hábito, J: Folíolo, K: Flor. L: C. paterna ­ Flor. M­P: C. renvoizeana: M: Folíolo, N:

Estípula, O: Flor, P: Ovário (A­C Harley 18676; D­F Ganev 294; G­H Ribeiro­Filho 232; I­K Harley 28293; L Queiroz 628; M­P Noblick 2880).

Figura 20. Dendrograma mostrando a similaridade entre espécimes de Calliandra bahiana, construído utilizando coeficiente de Jaccard com UPGMA. BAH = var. bahiana, ERY = var. erythrematosa, BRC = espécimes de Catolés com brácteas mais longas do que os espécimes das demais variedades.

Page 118: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

103

Figura 1.

Page 119: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 2.

Page 120: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 3.

Page 121: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 4.

Page 122: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 5.

Page 123: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 6.

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Figura 7.

Page 125: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 7.

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Figura 8.

Page 127: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 9.

Page 128: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 10.

Page 129: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 11.

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Figura 12.

Page 131: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 13.

Page 132: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 14.

Page 133: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

118

Figura 15.

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Figura 16.

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Figura 17.

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Figura 18.

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Figura 19.

Page 138: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Figura 20.

Page 139: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

124

LEGENDA PARA AS TABELAS

Tabela 1. Lista de caracteres usados para a análise de similaridade entre espécimes de Calliandra bahiana.

Tabela 2. Matriz de dados usados para a análise de similaridade entre espécimes de Calliandra bahiana.

Page 140: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

125

Tabela 1.

Caráter/Estados 1. Folha: pares de pinas

5 a 8 9 a 17

2. Folha: comprimento máximo da raque (cm) 3 4,5 5,5 6,5 9

3. Folha: pares de folíolos por pina até 20 acima de 20

4. Indumento do ramo Velutino Pubérulo

5. Flor: comprimento do cálice (mm) até 5 5 a 6 6 a 7 7 a 10

6. Flor: forma da margem do cálice 5­dentado, lobos deltóides Truncado

7. Flor: comprimento da corola (mm) até 10 10 a 12 12 a 15

8. Flor: indumento da corola Velutino com tricomas densos e canescentes cobrindo os tricomas

ferrugíneos Pubérulo com tricomas esparsos cobrindo parcialmente os glandulares Glabrescente com tricomas glandulares evidentes, o cálice ficando

ferrugíneo 9. Flor: indumento do cálice

Velutino com tricomas densos e canescentes cobrindo os tricomas ferrugíneos

Pubérulo com tricomas esparsos cobrindo parcialmente os glandularesGlabrescente com tricomas glandulares evidentes, o cálice ficando ferrugíneo

10. Brácteas: forma Lanceoladas Ovais

11. Brácteas: comprimento (mm) até 4 acima de 7

12. Brácteas: largura (mm) até 2 2 a 3

Page 141: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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3 a 4 13. Pedúnculo: comprimento máximo (mm)

até 40 40 a 60 acima de 60

Page 142: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

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Tabela 2.

Espécime 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 BRC (Ganev2860) 1 4 1 0 2 0 2 2 0 0 1 ? 2 BRC (Ganev548) 1 1 1 0 3 0 2 0 0 ? ? ? 1 BRC (Ganev3415) 1 2 1 0 3 0 2 0 0 ? ? ? 1 BRC (Miranda473) 1 3 1 0 3 0 2 0 0 0 1 2 1 BRC (ESouza16) 1 3 1 0 2 0 2 0 0 0 1 0 1 BRC (Franca1255) 1 4 1 0 3 0 1 0 0 ? ? ? 0 BRC (Ganev2601) 1 3 1 0 ? 1 ? ? ? ? ? ? 2 BRC (Franca1250) 1 3 1 0 3 0 1 0 0 0 1 0 2 BRC (Ganev2902) 1 4 1 0 2 0 2 0 0 0 1 ? 2 BAH (Queiroz3540) 0 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 ERY (Atkins4774) 0 1 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0 1 ERY (Silva131) 0 1 1 1 0 1 2 1 1 ? ? ? 0 ERY (Queiroz4923) 0 2 ? 0 3 1 2 1 1 0 0 0 2 ERY (Lewis6894) 0 1 1 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 ERY (Giulietti1630

) 0 1 1 1 3 0 1 1 1 0 0 0 1

ERY (Carvalho3229) 0 1 1 1 0 1 2 1 1 1 0 0 1 ERY (VSouza22640) 0 2 1 0 3 0 ? ? 1 ? ? ? 0 ERY (ESouza1) ? 1 0 0 1 0 2 1 1 0 0 0 1 ERY (Queiroz5387) ? 3 1 0 1 0 1 ? 1 1 0 0 0 ERY (ESouza29) 0 2 0 1 0 0 2 1 1 ? ? ? 2 ERY (Sano14653) 0 2 1 1 0 ? 2 1 1 ? ? ? 1 ERY (ESouza33) ? 2 1 0 2 0 1 1 1 1 0 1 1 BAH* (Harley50398) ? 2 1 1 1 0 1 1 1 ? 1 1 1 BRC (Ganev3355) 1 3 1 0 3 0 1 0 0 ? ? ? ?

Page 143: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

128

Capítulo 2

Este capítulo está formatado para publicação na revista Novon.

Não se tem a intenção de considerar como válida a publicação das espécies aqui tratadas. A fim de evitar esta interpretação, não estão sendo referidos os materiais que serão indicados como tipos nomenclaturais nem está sendo apresentada diagnose, os quais serão adicionados ao texto no envio para publicação.

Page 144: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

129

DUAS NOVAS ESPÉCIES DE CALLIANDRA BENTH. DO ESTADO DA BAHIA, BRASIL

Élvia Rodrigues de Souza

Luciano Paganucci deQueiroz

Universidade Estadual de Feira de Santana, Depto. de Ciências Biológicas, Km 03 – BR

116, Campus. 44031­460, Feira de Santana, BA, Brasil.

Page 145: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

130

ABSTRACT

Two new species of Calliandra are described for the State of Bahia, eastern

Brazil. Calliandra imbricata is a srubby plant similar to C. erubescens Renvoize from

which differs by the leaves with larger number of pinnae and leaflets and color of the

androecium. Calliandra geraisensis is near to C. calycina differing by its depauperate

habit, distichous leaves and absence of granular trichomes in the perianth. Both species

come from the mountains of the Chapada Diamantina region and are narrow endemics

from a small area near the town of Piatã.

Page 146: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

131

INTRODUÇÃO

O gênero Calliandra foi descrito por Bentham (1844), incluindo espécies da

subfamília Mimosoideae com androceu polistêmone e monadelfo que possuem um um

tipo especial de fruto, caracterizado pela deiscência longitudinal a partir do ápice e

valvas com margens espessadas. O gênero foi recentemente revisado por Barneby

(1998) que o expurgou dos elementos africanos e asiáticos, de modo que, na sua atual

circuscrição, é um grupo exclusivamente neotropical com 132 espécies (Barneby,

1998).

A Chapada Diamantina é um maciço montanhoso que ocorre na região central

do estado da Bahia, de cerca de 10° a 14°S e de 40° a 43°W. Esta região é um dos

principais centros de diversidade de Calliandra, onde ocorrem 40 espécies, sendo 30

endêmicas desta região (Souza et al., in prep.). 19 destas espécies foram descritas a

partir de 1980 (Renvoize, 1981; Mackinder & Lewis, 1990; Barneby, 1998)

demonstrando o grau de desconhecimento florístico da região e a complexidade

taxonômica do gênero.

No curso de um levantamento das espécies de Calliandra da Chapada

Diamantina (Souza & Queiroz, in prep.), foram encontradas duas espécies novas que

são descritas e ilustradas a seguir.

Calliandra geraisensis E. R. Souza & L. P. de Queiroz, sp. nov. Figura 1.

Subarbusto virgado ca.0,60m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos jovens

densamente pilosos, ramos envelhecidos glabros; filotaxia dística. Estípulas

lanceoladas, ca. 3­7 x 1­2mm. Folhas sésseis, ascendentes; raque 0,5­0,7cm compr.;

pinas 2 pares, 4,5­5cm compr.; folíolos 19­21 pares, imbricados, 8­10 x 2mm,

coriáceos, oblongos a lineares, ápice obtuso, base truncada, oblíqua, assimétrica,

Page 147: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

132

glabros, nervação palmado­dimidiada, nervura principal excêntrica. Pseudoracemos

terminais compostos por glomérulos pedunculados agrupados em fascículos de 1­2;

pedúnculo 18,0­22,0mm compr. Flores homomórficas, tetrâmeras a pentâmeras, sésseis;

cálice campanulado, tubo glabro, ca. 1,5mm compr., lacínios deltóides, ciliados, 0,5­

0,6mm compr.; corola campanulada, glabra, esverdeada, tubo 3­5mm compr., lacínios

obtusos, vináceos, ca. 2mm compr.; estames brancos, parede interna do tubo estaminal

nectarífera, estemonozone ca. 2mm compr. tubo estaminal 7­8mm compr., filetes livres

por 18­22mm compr., anteras castanhas; nectário intraestaminal ausente; ovário

obovado, glabro, ca. 2mm compr., ca. 5­ovulado, estilete 23­28mm compr., estigma

capitado. Legume linear­oblanceolado, ápice arredondado, mucronado, base cuneada,

ca. 4,5 x 0,7cm, valvas lenhosas, velutinas. Semente não vista.

Ecologia e distribuição: C. geraisensis é uma espécie endêmica da serra da Tromba, município de Piatã. Ocorre em ambiente de campo cerrado, sobre solo arenoso

compactado, praticamente sem árvores, a uma altitude de cerca de 1300m. Este tipo de

paisagem é localmente conhecido como “gerais”, de onde é derivado o epíteto

específico. Foi encontrado material florido e frutificado no mês de novembro.

Taxonomia: C. geraisensis pertence à seção Calliandra (sensu Barneby, 1998) e possui

morfologia mais semelhante à de C. calycina, uma espécie que relativamente bem distribuída na Chapada Diamantina mas que, até o momento, não foi coletada na serra

da Tromba (Souza & Queiroz, in prep.). Estas espécies se aproximam na disposição ascendentes das folhas e folíolos lineares e contíguos, mas C. geraisensis diferencia­se

de C. calycina pelo hábito mais depauperado, sendo um subarbusto com xilopódio e ramos virgados, pelas folhas dísticas, laxamente dispostas nos ramos e perianto quase

glabro com tricomas tectores apenas nos lacínios do cálice e sem tricomas granulares. C. calycina é um arbusto robusto com caule ramificado, folhas espiraladas, fortemente congestas e imbricadas no ápice dos ramos e perianto esparsamente púberulo com

tricomas granulares.

Mater ial examinado: BRASIL. Bahia: Piatã, platô do alto da Serra da Tromba, ramal

ao sul da estrada Piatã­Inúbia, “caminho­da­ressaca”, 13°03’S, 41°49’W, 1300 m,

02.Nov.1996 (fl), L.P. de Queiroz et al. 4705 (HUEFS); Piatã, platô do alto da Serra da Tromba, ramal ao sul da estrada Piatã­Inúbia, “caminho­da­ressaca”, 13°03’S,

41°49’W, 1300 m, 02.Nov.1996 (fl, fr), L.P. de Queiroz et al. 4706 (HUEFS).

Page 148: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

133

Calliandra imbricata E. R. Souza & L. P. Queiroz. Figura 2.

Arbusto ca. 1m alt.; ramos, eixos foliares e pedúnculos pubérulos e com

tricomas granulares avermelhados, ramos novos ferrugíneos; filotaxia dística. Estípulas

foliáceas, lanceoladas, ca. 2 x 1mm. Folhas pecioladas; pecíolo 0,8­1,2cm compr.; raque

3,5­4,5cm compr.; pinas 4­5 pares, mais ou menos equilongas, 2,8­5,3cm compr.;

folíolos 13­16 pares, fortemente imbricados, mais ou menos equilongos, com os distais

menores, 5­8 x 3­4mm, coriáceos, obvados, ápice obtuso a arredondado, base truncada,

assimétrica, face adaxial pubérula a glabrescente, face abaxial com tricomas granulares,

púberulo apenas sobre as nervuras principais e secundárias, margem ciliada, nervação

palmada, nervura principal excêntrica, dispostos sobrepondo a parte interna do folíolo

seguinte. Pseudoracemos terminais, exsertos da folhagem, constituídos por glomérulos

pedunculados, 2­3­fasciculados; pedúnculo 10­17mm compr.; brácteas pedunculares

ausentes; brácteas florais lanceoladas ca. 2 x 1mm. Flores homomórficas, pentâmeras,

sésseis; cálice campanulado, com tricomas granulares, tubo 1,8­2mm compr., lacínios

deltóides, ca. 0,2mm compr.; corola campanulada, com tricomas granulares, tubo 2,8­

5mm compr., lacínios obtusos, 2­2,2mm compr.; estames vermelhos, estemonozone ca.

1,5mm compr. tubo estaminal ca. 6mm compr., filetes livres por 21­24mm compr.,

anteras vináceas; nectário intraestaminal ausente; ovário obovado, pubérulo, 2­2,5mm

compr., ca. 5­ovulado, estilete ca. 30mm compr., estigma capitado. Fruto não visto.

Ecologia e distribuição: C. imbricata é uma espécie endêmica da Serra do Atalho, no município de Piatã. Da mesma forma que a espécie precedente, ocorre em ambientes

áreas de campos cerrados sobre solo arenoso entre rochas. Foi encontrado material

florido no mês de fevereiro. A frutificação não foi observada.

Taxonomia: C. imbricata pertence à seção Calliandra. Assemelha­se a C. erubescens no hábito arbustivo, arquitetura da inflorescência e folíolos oblongos a obovais com

nervação palmada. No entato, pode ser diferenciada pelas folhas com maior número de

pinas, (4­5 pares em C. imbricata e 2­3 em C. erubescens), maior número de folíolos por pina, (26­32 x 10­20), folíolos menores (5­8 x 3­4mm em C. imbricata e 7­10 x 4­ 5mm em C. erubescens), perianto com tricomas granulares, (ausentes em C. erubescens) e estames vermelhos (brancos em C. erubescens).

Page 149: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

134

Mater ial examinado: BRASIL. Bahia: Piatã, estrada Piatã­Inúbia a ca. 25km NW de

Piatã, 13°04’48’’S, 41°55’59’’W, 1450 m, 23.Fev.1994 (fl), P.T.Sano et al. CFCR 14433 (HUEFS, SPF).

LITERATURA CITADA

Barneby, R. C. 1998. Silky tree, Guanacaste, Monkey’s earring: a generic system for the

synandrous Mimosaceae of the Americas. Mem. New York Bot. Gard. 74: 1­223.

Mackinder, B. A. & G. P. Lewis. 1990. Two new species of Calliandra (Leguminosae –

Mimosoideae) from Brazil. Kew Bull. 45: 681­684.

Renvoize, S. A. 1981. The genus Calliandra (Leguminosae) in Bahia, Brazil. Kew Bull.

36: 63­83.

Page 150: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

135

LEGENDA PARA FIGURAS

Figura 1. Calliandra geraisensis. A: Hábito, B: Folíolo, C­D: Flor, E: Fruto. (A­E Queiroz 4706)

Figura 2. Calliandra imbricata: A: Hábito, B: Folíolo, C: Flor, D: Ovário. (A­D Sano 14433).

Page 151: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

136

Figura 1.

Page 152: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

137

Figura 2.

Page 153: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

138

Capítulo 3

Este capítulo está formatado para publicação na revista Journal of Biogeography.

Page 154: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

139

ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS DO GÊNERO CALLIANDRA (LEGUMINOSAE – MIMOSOIDEAE) NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA

BRASIL

Élvia Rodrigues de Souza

Luciano Paganucci de Queiroz

Eduardo Leite Borba

Universidade Estadual de Feira de Santana, Depto. de Ciências Biológicas, Km 03 – BR

116, Campus. 44031­460, Feira de Santana, BA, Brasil.

Page 155: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

140

ABSTRACT

A Chapada Diamantina é um maciço montanhoso que ocupa a maior parte da

região central do estado da Bahia. Em suas áreas mais elevadas, o principal tipo de

vegetação é o campo rupestre, cuja grande diversidade taxonômica e elevado número de

táxons endêmicos tem sido ressaltado em vários trabalhos realizados nas últimas duas

décadas. O gênero Calliandra tem na Chapada Diamantina um de seus principais centros de diversidade, ocorrendo aí 44 espécies, 32 das quais restritas a esta região.

Este trabalho tem, portanto, os objetivos de estabelecer padrões de distribuição

geográfica das espécies da Chapada e analisar características biogeográficas do gênero e

das áreas de altitude mais elevada. Para isso, a Chapada Diamantina foi delimitada pelas

duas grandes formações geológicas que a compõe, o supergrupo Espinhaço e o

complexo metamórfico de Jacobina, e pela curva hipsométrica de 800m. As áreas

relacionadas ao supergrupo São Francisco não foram consideradas pois nelas

predominam relevos em forma de bacia, áreas de menores altitudes e vegetação de

caatinga. A área resultante foi subdividida em quadrícula de 15’x 15’, para as quais foi

anotada a presença de espécies registradas para altitudes acima de 800m. Estas

quadrículas foram agrupadas em 13 áreas homogêneas que foram submetidas a análise

de similaridade e agrupamento, sendo usados, respectivamente, o coeficiente de Jaccard

e UPGMA como algoritmos de cálculo. Além disso, uma análise de componentes

principais foi realizada usando a mesma matriz de presença/ausência de espécies. Estas

análises permitiram identificar uma tendência de decréscimo da diversidade no sentido

Sul­Norte e discriminar dois grandes centros de endemismo, nas serras do entorno de

Catolés e de Mucugê. Quatro grupos áreas foram identificadas a 25% de similaridade,

as quais estão sendo propostas como províncias florísticas da Chapada Diamantina:

Açuruá (Gentio do Ouro e Brotas de Macaúbas), Sincorá (Mucugê, Lençóis e Pai

Inácio), Meridional (Rio de Contas, Catolés e Barra da Estiva) e Tombador­Seabra­

Delfino (Morro do Chapéu, Jacobina, Seabra e Delfino).

KEY WORDS Calliandra, Chapada Diamantina, campos rupestres, endemismo, unidades florísticas.

Page 156: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

141

INTRODUÇÃO

A Chapada Diamantina situa­se na porção central do estado da Bahia, entre as

coordenadas 10°00’–14°00’S e 40°30’–43°00’W, estendendo­se por cerca de 330 km na

direção Norte­Sul e ocupando uma área de cerca de 100.000km 2 (Jesus et al. 1983). É

constituída por maciços montanhosos com altitudes que variam de 800 a mais de

2000m. Apresenta uma geologia complexa na qual predominam arenitos metamórficos

e quartzitos. Os solos derivados de tais rochas são, em geral, muito pobres em nutrientes

e extremamente ácidos, geralmente formando depósitos de areia que variam de

profundidade de acordo com o relevo. O clima predominante é mesotérmico,

normalmente incluído no tipo Cwb do sistema de classificação de Köppen (1948). As

temperaturas médias variam de 18°C na estação seca (maio a setembro), a 22°C na

estação chuvosa (outubro a fevereiro; Harley 1995).

A vegetação do alto das serras da Chapada Diamantina compreende diversos

tipos vegetacionais sob controle do relevo, clima local e substrato. Nas áreas onde

ocorrem platôs arenosos e oligotróficos ocorre a vegetação de cerrado, caracterizado

pelo desenvolvimento de um estrato herbáceo contínuo de Graminae e Cyperaceae,

entremeado por subarbustos de diferentes grupos, palmeiras acaules e plantas lenhosas

com sistema caulinar bem desenvolvido mas quase que totalmente subterrâneo, e um

estrato arbóreo descontínuo, com árvores de troncos tortuosos e suberosos e folhas

geralmente grandes, coriáceas e perenes. Em altitudes acima de 1000m, o estrato

arbóreo é praticamente ausente, e o cerrado é localmente conhecido como “gerais” ou

“campos gerais” (Giulietti et al. 1996). Outro tipo vegetacional encontrado na Chapada

é a caatinga. Este é um tipo de vegetação que se desenvolve em áreas de clima mais

seco (Bsh de Köppen, 1948), característico das áreas de depressão do Nordeste do

Page 157: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

142

Brasil, geralmente em altitudes inferiores a 700m, que circunda praticamente todo o

maciço da Chapada Diamantina. No entanto, na Chapada Diamantina encontram­se

áreas de caatinga nas vertentes ocidentais das principais serras em altitudes de até

1000m, onde ocorrem “sombras de chuvas”. A fisionomia da vegetação de caatinga é

muito típica, sendo dominada por arvoretas espinhosas e com folhagem decídua e

expressivo número de espécies de Cactaceae (Giulietti et al. 1996).

A vegetação mais característica das serras da Chapada Diamantina é a dos

campos rupestres. É um mosaico de diferentes fisionomias com predominância de

espécies herbáceas e subarbustivas esclerófilas e perenifolias, geralmente com

diferentes adaptações para captação de umidade atmosférica (Menezes & Giulietti 1986,

Giulietti et al. 1996) e com composição florística diferenciada dos demais tipos

vegetacionais da Chapada Diamantina, com elevada diversidade taxonômica de famílias

como Velloziaceae, Eriocaulaceae, Compositae, Leguminosae, Melastomataceae,

Orchidaceae, Xyridaceae, dentre outras. Este mosaico de fisionomias reflete a

ocorrência de diferentes combinações de topografia, substrato e microclima, que criam

condições especiais que permitem o desenvolvimento dos campos rupestres,

caracterizadas por grandes flutuações diárias de temperatura e umidade, resultando na

formação de orvalho noturno que ameniza as condições mais secas que ocorrem ao

longo do dia. Este conjunto particular de fatores estabelece o limite inferior dos campos

rupestres a altitudes de 800­900m (Harley 1995, Giulietti et al. 1996).

Duas das principais características biogeográficas dos campos rupestres são a

elevada diversidade florística e o elevado número de espécies com distribuição muito

restrita, fatos estes ressaltados por diversos autores que estudaram esta flora (Joly 1970,

Harley & Simmons 1986, Giulietti & Pirani 1988, Harley 1988, 1995, Giulietti et al.

1996). Como exemplo, pode­se citar a área do Pico das Almas, cuja flora foi

Page 158: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

143

recentemente publicada (Stannard, 1995) na qual, para uma área de cerca de 170km 2 ,

foram referidas 1044 espécies de angiospermas dos quais cerca de 10% foram novos

táxons para a ciência.

Montanhas podem funcionar como ilhas para espécies cuja distribuição é

limitada às altitudes mais elevadas (Kruckeberg & Rabinowitz, 1985). Harley (1988)

propôs um modelo de diversificação nos campos rupestres relacionado às flutuações

climáticas do Quaternário, as quais propiciariam expansão e contração de populações,

hibridização e isolamento, como um possível mecanismo de especiação, aplicando um

modelo apresentado por Stebbins (1974) como species pump. Assim, a distribuição

atual das espécies deve ser influenciada pela história do grupo, especialmente se ele não

apresenta adaptações para dispersão à longa distância. Conseqüentemente, a análise da

distribuição atual e a coincidência de padrões fitogeográficos em diferentes grupos deve

dar indicações sobre a história de uma determinada área.

Calliandra

Calliandra Benth. é um gênero de Leguminosae subfamília Mimosoideae.

Barneby (1998) realizou a mais recente revisão taxonômica de todo o gênero e

reconheceu 132 espécies. Em sua monografia, Barneby (1998) também redelimitou os

limites do gênero, excluindo os táxons da África e do subcontinente indiano de modo

que, na presente circunscrição, o gênero é inteiramente neotropical com área de

distribuição estendendo­se do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina.

O gênero apresenta três principais centros de diversidade (Fig. 1). Um deles

encontra­se localizado no setor norte de distribuição do gênero, especialmente em áreas

desérticas e semi­desérticas do planalto mexicano e estendendo­se para o sul dos

Estados Unidos e América Central, onde ocorrem 33 espécies. Um segundo centro

Page 159: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

144

encontra­se na região noroeste da América do Sul, especialmente em regiões secas da

costa colombiana e venezuelana e vales andinos destes países, onde se encontram 29

espécies. O terceiro centro de diversidade ocorre no leste do Brasil, nas serras da Cadeia

do Espinhaço. Apesar de menor em extensão, esta área concentra 44 espécies de

Calliandra, a maioria das quais localizadas na Chapada Diamantina, o foco deste

trabalho.

Este trabalho tem como objetivos investigar a fitogeografia dos campos

rupestres da Chapada Diamantina e, a partir do estudo de padrões de distribuição das

espécies indicar possíveis centros de endemismo e relacionamentos florísticos entre

áreas da Chapada Diamantina.. A preferência das espécies de Calliandra por áreas

montanhosas, a distribuição restrita de muitas de suas espécies (Barneby, 1998) aliado à

sua diversificação na Chapada Diamantina (Giulietti et al. 1996) torna o gênero um bom

táxon indicador para estudos biogeográficos nos campos rupestres desta região.

MATERIAL E MÉTODOS

Delimitação da área de estudo – a delimitação da Chapada Diamantina adotada neste

trabalho difere dos limites políticos (Bandeira 1995), tendo sido aplicado aqui critérios

geológicos e hipsométricos para definição da Chapada Diamantina (Fig. 2)

O maciço da Chapada Diamantina é dominado por duas unidades

geocronológicas e geotectônicas (Jesus et al. 1983): o supergrupo Espinhaço (1100­

1800 My) e o supergrupo São Francisco (400­1100 My). Além destes, na parte nordeste

encontra­se o complexo metamórfico de Jacobina (1800­2600 My). Na maior parte da

região dominada pelo supergrupo São Francisco a estrutura é em forma de bacia,

Page 160: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

145

constituindo o Sinclinal de Irecê (Jesus et al. 1983), onde as altitudes são inferiores a

800m e a cobertura vegetal predominante é a caatinga, que circunda quase todo o

maciço da Chapada Diamantina. Como o objetivo deste trabalho foi o de analisar a

biogeografia das espécies que ocorrem no alto das serras, especialmente nos campos

rupestres, as áreas dominadas pelo supergrupo São Francisco não foram considerados

neste estudo. Assim, a delimitação adotada neste trabalho para a Chapada Diamantina

inclui as áreas com altitude mínima de 800m dominadas pelo supergrupo Espinhaço e

pelo complexo metamórfico de Jacobina. Dessa forma, os limites aqui adotados

estendem­se mais para o norte, a até cerca de 10ºS, onde voltam a aflorar rochas do

supergrupo Espinhaço (serra do Curral Feio), embora esta área encontre­se separada do

maciço principal da Chapada Diamantina por uma faixa de cerca de 45km de terras

baixas.

Para análise da distribuição das espécies, a Chapada Diamantina foi dividida em

quadrículas de 15’ de latitude por 15’ de longitude. Em cada quadrícula foram incluídas

as espécies que ocorrem em altitude mínima de 800m. No entanto, observou­se que para

muitas quadrículas não havia registro de nenhuma ou de apenas uma espécie de

Calliandra. Por outro lado, observou­se também muitas espécies foram registradas para

apenas uma quadrícula, o que torna este dado não informativo para análises de

similaridade e de agrupamento embora tenham sido importantes para identificação de

centros de endemismo. A fim de tornar possível estas análises, quadrículas contíguas,

que representam unidades do relevo (serras) foram reunidas. Estas serras foram

delimitadas de modo a representar regiões onde há continuidade de áreas com altitude

elevada. Como as altitudes decrescem no sentido Sul­Norte, os limites mínimos para

delimitação de áreas foram os de 800m ao norte de 11ºS, 1000m entre 11ºS e 12ºS e

1200m ao sul de 12ºS. Utilizando estes limites diferenciados, foi possível delimitar

Page 161: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

146

serras onde as áreas mais elevadas em cada faixa de latitude são descontínuas. Em

alguns casos, este critério resultou na subdivisão de algumas serras em áreas distintas,

como é o caso da serra do Sincorá, dividida em três áreas: Barra da Estiva (ao sul da

nascente do rio Paraguaçu), Mucugê (incluindo Andaraí) ao nordeste do vale do rio

Paraguaçu e ao sul do vale do rio Santo Antônio, e Lençóis, a norte do vale do rio Santo

Antônio.

Um critério adicional para a seleção das áreas de estudo foi a suficiência

amostral. Foram incluídas apenas as áreas que tem sido mais intensamente coletadas

desde o início da década de 1970, a partir de um programa de coletas coordenado pelo

Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) e Royal Botanic Gardens Kew. Nos últimos

dez anos, trabalhos de campo tem sido intensificados nas áreas menos cobertas nas

décadas de 1970 e 1980, resultando em um aumento significativo do conhecimento

florístico de diferentes áreas da Chapada Diamantina. Ainda assim, algumas áreas

mostraram número muito baixo de coletas e foram retiradas da presente análise como,

por exemplo, as áreas da serra de Jacobina ao Norte de 10º45’S as áreas elevadas a

noroeste de Caetité.

As treze áreas (OTU’s) resultantes foram denominadas de acordo com uma

cidade nela incluída ou com uma feição geográfica conspícua e são as seguintes:

Delfino ­ inclui as áreas mais setentrionais, disjuntas do maciço principal da Chapada

Diamantina (serra do Curral Feio);

Gentio do Ouro ­ extremo noroeste do maciço da Chapada Diamantina, na porção norte

da serra do Açuruá;

Brotas de Macaúbas ­ corresponde à porção sul da serra do Açuruá;

Jacobina ­ corresponde à toda a região elevada relacionada ao complexo metamórfico

de Jacobina (serras de Jacobina e da Saúde);

Page 162: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

147

Morro do Chapéu ­ corresponde a um extenso platô que se estende principalmente para

oeste da cidade de Morro do Chapéu e que se continua com a serra do Tombador;

Seabra ­ inclui serras ao norte da cidade de Seabra: serras do Gado Bravo e da Água de

Rega;

Boninal – esta área inclui o prolongamento para norte das serras da tromba e do Atalho

e alguns vales com altitude de cerca de 800m mas relativamente secos, onde ocorre

vegetação de caatinga. As regiões com altitudes acima de 1200m desta área são, ainda,

pouco coletadas.

Mucugê ­ corresponde ao setor oriental da serra do Sincorá, a leste do vale do rio

Paraguaçu e incluindo, também, algumas áreas de campo rupestre em menores altitudes

nas proximidades da cidade de Andaraí;

Barra da Estiva ­ platô meridional da serra do Sincorá que se continua com a região do

divisor das bacias do rio Paraguaçu e do rio de Contas;

Lençóis ­ parte noroeste da serra do Sincorá, incluindo Palmeiras, onde as áreas mais

elevadas são representadas por pequenos platôs relativamente isolados de cerca de

1000­1200m;

Pai Inácio ­ região é dominada por um relevo dissecado, formado por um conjunto de

morros tabulares e isolados que podem representar uma antiga extensão da serra do

Sincorá;

Catolés ­ corresponde a um conjunto de serras elevadas (altitudes máximas de 1800 a

mais de 2000m) mas contínuas a 1000m alt., no entorno das cidades de Piatã e Abaíra.

Inclui as serras da Tromba, do Atalho, de Santana e do Barbado;

Rio de Contas ­ corresponde às serras mais meridionais da Chapada, no entorno da

cidade de Rio de Contas, serras das Almas e do Rio de Contas.

Page 163: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

148

Dados de distribuição – O presente estudo foi baseado nos dados de distribuição de

espécies retirados de etiquetas de espécimes de herbário. A taxonomia foi baseada em

Barneby (1998), complementada com estudos em desenvolvimento sobre o gênero

Calliandra na Chapada Diamantina (Souza in prep.). Foi utilizado o nível de espécie

pois elas são definidas por caracteres morfológicos relativamente estáveis e uma

distribuição geográfica distinta. Por não preencher estes critérios, os táxons infra­

específicos propostos por Barneby (1998) não foram usados neste trabalho e a

distribuição das diferentes variedades foi somada para constituir a distribuição da

espécie.

Foram analisadas as coleções do gênero Calliandra dos herbários que contam

com coleções mais significativas para a Chapada Diamantina: ALCB, CEPEC, HUEFS,

HRB, K, MBM, R, RB, SP e SPF (acrônimos de acordo com Holmgren et al. 1990). No

total, foram analisados 1267 espécimes destes herbários. Além disso, foram realizadas

doze excursões entre 1999 e 2001 para os municípios de: Mucugê (3), Andaraí (1),

Lençóis (2), Jacobina (2), Umburanas (1), Morro do Chapéu (1) e Rio de Contas (2)

para coleta, fotografia e exame de plantas na natureza, onde foram coletados 46

espécimes de 19 espécies.

A distribuição de cada espécie foi baseada nas coordenadas geográficas

constantes nas etiquetas dos espécimes. Para espécimes sem coordenadas as mesmas

foram calculadas a partir de informações presentes na etiqueta, especialmente distância

de algum ponto de referência possível de ser localizado em mapa de escala 1:100.000.

Os espécimes que não possuíam nem coordenadas nem informações que permitissem

obtê­las foram desprezados.

Page 164: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

149

Além do material de herbário, dados de distribuição foram complementados com

informações da monografia de Barneby (1998), especialmente para a distribuição extra­

Chapada.

Análises de similaridade – Foi realizada uma análise de agrupamento das 13 áreas

baseada na presença das 39 espécies de Calliandra ocorrentes na Chapada Diamantina.

Foi utilizado o coeficiente de Jaccard como medida de similaridade e UPGMA

(Unweighted Pair­Group Arithmetical Averages) como algoritmo de agrupamento. Foi

também realizada uma análise de componentes principais (PCA) utilizando variância­

covariância com a mesma matriz de presença­ausência das 39 espécies nas 13 áreas. A

PCA foi realizada utilizando PCOrd 4.10 (McCune & Mefford 1999) a análise de

agrupamento o pacote Fitopac 1.0 (Shepherd 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontradas na Chapada Diamantina 40 espécies de Calliandra, o que

corresponde a cerca de 30,3% do número total de espécies do gênero, segundo a revisão

de Barneby (1998). De acordo com estes dados, a Chapada Diamantina se constitui no

principal centro de diversidade do gênero. A maior parte dessa diversidade é

relacionada a um dos grupos infragenéricos propostos por Barneby (1998), pois 30

espécies pertencem à seção Calliandra série Calliandra (tabela 1).Em relação a esta

série, as espécies da Chapada correspondem a 22,73% do total de espécies.

Page 165: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

150

Padrões de distribuição geográfica

Análise da distribuição geográfica das espécies permite reconhecer os seguintes

padrões de distribuição para as espécies de Calliandra da Chapada Diamantina:

Espécies de distribuição ampla no bioma cerrado – duas espécies da seção Androcallis

(C. parvifolia e C. sessilis) distribuem­se pela área core do bioma cerrado e, na Chapada

Diamantina, ocorrem em manchas de cerrado, especialmente nas formas de “gerais”

(Fig. 3). Essa distribuição mais ampla de espécies de cerrado que ocorrem na Chapada

Diamantina foi apresentada por Giulietti & Pirani (1988).

Espécies de distribuição ampla no bioma caatinga – duas espécies da seção Androcallis

(C. macrocalyx e C. depauperata) e C. leptopoda (seção Microcallis) ocorrem no bioma

caatinga. A área de distribuição de C. depauperata é quase que coincidente com a da

caatinga enquanto C. macrocalyx e C. leptopoda distribuem­se do norte Minas Gerais

ao sul de Pernambuco (Fig. 4).

Espécies disjuntas entre a Chapada Diamantina e as restingas litorâneas – apenas uma

espécie, C. bella, apresentou este padrão (Fig. 5). No entanto, contrariamente ao

observado por Giulietti & Pirani (1988), que indicaram esta disjunção entre espécies de

restinga e campos rupestres, C. bella não ocorre em campos rupestres mas em vegetação

localmente referida como “carrasco” que, pela composição florística é, possivelmente,

uma formação ecotonal entre caatinga e cerrado (Taylor 2000).

Espécies de campo rupestre – todas as espécies da Chapada Diamantina pertencentes à

seção Calliandra e duas espécies da seção Androcallis (C. blanchetii e C. pilgeriana)

ocorrem nos campos rupestres, totalizando 32 espécies. Estas possuem distribuição mais

restrita do que as precedentes, fato esse já ressaltado por Giulietti & Pirani (1988) para a

flora dos campos rupestres da cadeia do Espinhaço. Dentro deste grupo pode­se

observar os seguintes padrões:

Page 166: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

151

Espécies disjuntas entre a Chapada Diamantina e a Serra do Espinhaço (Minas Gerais)

– C. asplenioides é a única espécie de Calliandra a ocorrer exclusivamente nos dois

grandes maciços montanhosos da Bahia e Minas Gerais. Um par vicariante que pode

indicar relacionamento entre as duas áreas é representado por C. hirtiflora (Chapada

Diamantina) e C. fasciculata (Serra do Espinhaço). As duas espécies tem morfologia

muito semelhantes e ocorrem em habitats similares, pequenas faixas de matas ciliares

em beira de riachos nos campos rupestres (Fig. 6). Esta relativa raridade de espécies que

ocorrem nos principais maciços da cadeia do Espinhaço (3,2% das espécies de

Calliandra dos campos rupestres) foi destacada por Harley (1988) ao analisar a

distribuição de espécies de Eriope.

Espécies restritas mas bem distribuídas na Chapada Diamantina – seis espécies da

seção Calliandra podem ser consideradas como tendo distribuição relativamente ampla

na Chapada Diamantina: C. bahiana, C. calycina, C. erubescens, C. hirsuticaulis, C.

hirtiflora e C. viscidula (Fig. 7). Com exceção de C. hirtiflora (discutida acima) as

demais espécies ocorrem em habitats típicos de campos rupestres.

Espécies restritas ao setor meridional da Chapada Diamantina, áreas de Rio de

Contas, Catolés e Barra da Estiva – este padrão é exibido por C. elegans e C. coccinea

enquanto C. lanata, C. luetzelburgiii e C. semisepulta têm uma distribuição mais restrita

nesta região, ocorrendo apenas na porção ocidental, nas áreas de Catolés e Rio de

Contas (Fig. 8).

Espécies da serra do Sincorá (áreas de Mucugê e Lençóis), estendendo­se para Norte

até área do Pai Inácio e para o sul até o limite com a área de Barra da Estiva – este

padrão pode ser observado para C. lintea, C. longipinna, C. renvoizeana, C. sincorana e

C. mucugeana (Fig. 9).

Page 167: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

152

Sincorá. Espécies endêmicas – o termo endêmico está sendo usado neste trabalho para

as espécies que se distribuem por até duas quadrículas contíguas. Quatorze espécies,

correspondendo a aproximadamente 35% das espécies da Chapada Diamantina,

apresentam este padrão de endemismo restrito (Fig. 10).

Distribuição da diversidade por latitude

De modo geral, a diversidade de espécies decresce no sentido Sul­Norte.

Enquanto as regiões localizadas ao sul da latitude 13°S concentram 27 espécies, o

número de espécies diminui para o Norte chegando a cinco acima de 11°S (Fig. 11).

Apesar da falta de dados florísticos publicados para toda a área da Chapada Diamantina,

intensivo trabalho de campo desenvolvido nos últimos cinco anos tem sugerido que esta

pode ser uma tendência geral para a flora dos campos rupestres na Chapada Diamantina.

Outros gêneros de Leguminosae mostram esta tendência como, por exemplo,

Camptosema (Queiroz, 1999), Chamaecrista (dados de Irwin & Barneby, 1978) e

Mimosa (dados de Barneby, 1991). Dois fatores podem explicar esta tendência. Um

deles é o fato de que a parte sul apresenta maior continuidade de áreas com altitude mais

elevada (acima de 1000m), enquanto na parte norte as serras são mais dissecadas e

isoladas. Um segundo fator pode ser um condicionante climático, pois a quantidade de

chuvas na Chapada Diamantina também decresce no sentido SE­NW (BAHIA 1976),

com tendência à semi­aridez, determinando maior influência da flora de caatinga nesta

região, como já ressaltado por Taylor (2000), e que pode ser atestado pela ocorrência de

espécies típicas deste bioma como, por exemplo, C. depauperata, C. leptopoda e C.

macrocalyx. No setor meridional, a maior pluviosidade propicia uma contiguidade da

flora das serras da Chapada com a flora dos cerrados, esta naturalmente “mais adaptada”

a altitudes mais elevadas e aos solos pobres que predominam nas serras da Chapada.

Page 168: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

153

Exemplos de espécies de cerrado que ocorrem neste setor da Chapada são C. sessilis e

C. parvifolia.

Endemismo

A região da Chapada Diamantina pode ser considerada como um importante

centro de endemismo de Calliandra. Das 132 espécies reconhecidas por Barneby

(1998), 40 ocorrem na Chapada Diamantina, sendo 30 (cerca de 72,5%) com

distribuição restrita a esta região, ficando à frente, em número total de espécies e em

número de espécies endêmicas ao centro norte­americano (sul dos Estados Unidos ao

sul do México) e a região do noroeste da América do Sul. Das 29 espécies de

Calliandra restritas à Chapada Diamantina, 1 pertence à seção Androcallis (de um total

de nove espécies) e 29 pertencem à seção Calliandra série Calliandra (de um total de

29 espécies).

A análise dos padrões de distribuição de espécies de Calliandra permitiu

reconhecer dois grandes centros de endemismo (Fig. 12). O primeiro está localizado nas

serras em torno da vila de Catolés (serras da Tromba, do Atalho, de Santana e do

Barbado; onde são encontradas quatro espécies endêmicas (C. fuscipila, C. ganevii, C.

germana e C. stelligera). O segundo localiza­se em torno da cidade de Mucugê,

estendendo­se na serra do Sincorá principalmente para o sul, onde se encontram três

espécies endêmicas (C. cumbucana, C. debilis e C. hygrophila). Além destas, outras

áreas que apresentam pelo menos uma espécie endêmica são Gentio do Ouro (C.

pilgeriana), Delfino (C. feioana), Barra da Estiva (C. crassipes) e Pai Inácio (C.

paterna).

Estas áreas com endemismo restrito correspondem às de maior altitude na

Chapada Diamantina. Dados similares foram obtidos por Simon & Proença (2000) que

Page 169: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

154

demonstraram que os principais centros de endemismo do gênero Mimosa no bioma

cerrado encontram­se nas regiões de altitude mais elevada.

Um aspecto que deve ser ressaltado em relação aos endemismos é o fato de que

ele não está distribuído uniformemente pelos grupos infragenéricos de Calliandra.

Enquanto apenas uma das espécies da seção Androcallis podem ser consideradas

endêmicas, 16 espécies da seção Calliandra tem sua distribuição restrita a uma ou, no

máximo, duas áreas. Este endemismo local elevado e taxonomicamente desbalanceado

pode indicar que muito da diversidade da flora dos campos rupestres pode ser devida a

especiação muito recente, como já ressaltado por Harley (1988). É possível desenvolver,

então, um modelo de diversificação através de intensa radiação adaptativa em períodos

relativamente recentes. Este modelo prediria que áreas relativamente isoladas deveriam

apresentar a flora composta por grupos semelhantes de gêneros mas com padrões de

diversidade local bem distintos. Isto pode ser verificado da distribuição da diversidade

de Calliandra que é fortemente concentrada na porção meridional da Chapada

Diamantina. Este mesmo padrão pode ser observado quando se analisa a distribuição da

diversidade nos dois grandes conjuntos da cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (serra

do Espinhaço) e na Bahia (Chapada Diamantina). Enquanto alguns grupos apresentam

uma diversificação explosiva na serra de Espinhaço com relativamente poucas espécies

na Chapada Diamantina (e.g. Leiothrix, Pseudotrimezia, Senna, Velloziaceae subfam.

Barbacenioideae; Giulietti & Pirani 1988), outros grupos mostram a condição inversa,

com a maior parte da sua diversidade na Chapada Diamantina (e.g. Calliandra,

Marcetia; Giulietti et al. 1996).

Similaridade entre áreas e províncias florísticas

A análise de agrupamento revelou a existência de quatro grupos a 25% de

similaridade (Fig. 13): Grupo 1 ­ Brotas de Macaúbas e Gentio do Ouro; Grupo 2 ­

Page 170: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

155

Mucugê, Lençóis e Pai Inácio; Grupo 3 ­ Barra da Estiva, Catolés e Rio de Contas;

Grupo 4 ­ Delfino, Morro do Chapéu, Jacobina, Seabra e Boninal. Porém, nenhuma área

foi similar a outra em mais de 50%. Esta similaridade muito baixa pode expressar o

número elevado de espécies endêmicas de uma área (11 espécies) ou com distribuição

restrita a duas áreas contíguas (7 espécies) que, no conjunto, correspondem a 47,4% das

espécies da Chapada Diamantina. Baixos índices similaridade entre áreas de cerrado

foram obtidos por Simon & Proença (2000) em uma análise biogeográfica baseada na

distribuição de espécies do gênero Mimosa. Por outro lado, não se pode excluir a

possibilidade de que essa baixa similaridade possa refletir uma subamostragem das

áreas, mesmo considerando aquelas coletadas mais sistematicamente a partir da década

de 1970.

Os mesmos quatro grupos de áreas são também formados quando se utilizam

outros algoritmos (e.g. ligação simples; dados não mostrados) sendo, porém, formados,

outros agrupamentos de ordem superior (i.e., entre os quatro grupos). Isto indica que o

agrupamento de ordem superior entre os grupos 3 e 4 obtido através de UPGMA (18%

de similaridade) não é estável e deve ser encarado com cautela.

Na análise de componentes principais (PCA), os mesmos quatro grupos podem

ser delimitados nos três primeiros eixos (Fig. 14). Porém, na PCA, pode ser observada

uma maior similaridade entre os grupos 1 e 4 da análise de agrupamento. Estes dois

grupos representam os dois ramos do norte da Chapada Diamantina incluindo áreas na

mesma faixa latitudinal e com maior influência da caatinga (ver discussão abaixo sobre

as províncias florísticas). No entanto, as únicas espécies comuns a estas áreas são C.

depauperata e C. macrocalyx, ambas espécies de caatinga e não exclusivas da Chapada

Diamantina. Assim, a aproximação dos grupos 1 e 4 na PCA pode ser resultado da

ausência de espécies restritas à parte meridional da Chapada.

Page 171: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

156

Os quatro grandes grupos de áreas com nível de similaridade maior do que 25%

estão sendo propostos, neste trabalho, como províncias florísticas da Chapada

Diamantina baseadas em Calliandra. Dados de distribuição de alguns outros grupos

podem reforçar o reconhecimento destas províncias que são apresentadas a seguir.

Província do Açuruá (Grupo 1) – corresponde à parte noroeste da Chapada Diamantina,

que se estende de Santo Inácio (Gentio do Ouro) até Brotas de Macaúbas. Nesta

província ocorrem três espécies de Calliandra sendo C. pilgeriana restrita a ela. Esta é

uma área com grande influência da caatinga, o que pode ser atestado pela presença de

C. depauperata e C. macrocalyx.

No extremo norte desta província, ao norte da vila de Santo Inácio, a flora

contém alguns elementos típicos de cerrado (e.g. Salvertia convallariodora St.Hil.,

Vochysiaceae; Byrsonima vaccinifolia Adr.Juss., Malpighiaceae), caatinga (e.g.

Melocactus zehntneri (Britt. & Rose) Luetzelburg; Galactia remansoana Harms,

Leguminosae; Harpochilus neesianus Mart.ex Nees, Acanthaceae), juntamente com

elementos de campo rupestre.

Província do Sincorá (Grupo 2) – Esta província corresponde ao setor norte da serra do

Sincorá, incluindo as áreas de Mucugê, Lençóis e Pai Inácio. Surpreendentemente esta

província exclui a área de Barra da Estiva, que é considerada como o extremo sul da

serra do Sincorá (ver discussão sobre a província meridional). O agrupamento da área

do Pai Inácio com as áreas de Mucugê e Lençóis reforça a visão de que os morros

isolados que ocorrem no extremo norte desta província são floristicamente relacionados

à serra do Sincorá.

Page 172: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

157

Do ponto de vista estrutural predominam, nesta província, dobramentos suaves e

abertos com grandes raios de curvatura (Jesus et al. 1983) com formação de platôs

elevados que são mais contínuos ao sul de Mucugê e mais isolados ao norte de Lençóis

e Palmeiras.

Esta província contém 19 espécies de Calliandra sendo seis restritas a ela: C.

cumbucana, C. debilis, C. hygrophila, C. lintea, C. paterna e C. renvoizeana. Com

exceção da área de Lençóis, as demais áreas apresentam espécies endêmicas: Mucugê

(3) e Pai Inácio (1). Estes dados estão de acordo com informações de biogeografia de

diferentes grupos que indicam que a área de Mucugê apresenta um nível elevado de

endemismo em diferentes grupos como, por exemplo, Eriocaulaceae (Giulietti, 1997),

Labiatae (Harley 1988), Manihot (Roger & Appan 1997) e Chamaecrista (Irwin &

Barneby, 1978).

Província Meridional (Grupo 3) – esta província reúne as três áreas localizadas na

porção sul da Chapada Diamantina: Rio de Contas, Catolés e Barra da Estiva. As áreas

mais ocidentais (Rio de Contas e Catolés) apresentam estrutura mais complexa e variada

do que nas áreas das demais províncias com dobramentos mais apertados, falhamentos e

inúmeras manifestações magmáticas (Jesus et al. 1983). Nesta região encontram­se as

pontos de maior altitude na Chapada Diamantina, o Pico do Barbado (2050m) e o Pico

das Almas (1850m).

Nesta província ocorrem 25 espécies de Calliandra sendo nove restritas a ela: C.

coccinea, C. crassipes, C. elegans, C. fuscipila, C. ganevii, C. germana, C. lanata, C.

semisepulta e C. stelligera. Quatro espécies são endêmicas na área de Catolés e uma em

Barra da Estiva. Apesar de não possuir espécie endêmica de Calliandra, a área de Rio

Page 173: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

158

de Contas apresenta muitas espécies endêmicas em muitos outros grupos, especialmente

na região do Pico das Almas (Stannard, 1995).

A inclusão da área de Barra da Estiva nesta província merece uma análise mais

detalhada. Harley (1988: 93), analisando a distribuição de espécies de Eriope também

encontrou resultado semelhantes, com três espécies de Barra da Estiva em comum com

Rio de Contas e nenhuma em comum com a região de Lençóis­Mucugê. Os dados de

distribuição de espécies de Calliandra mostram que seu agrupamento com as áreas de

Rio de Contas e Catolés deveu­se à distribuição de cinco espécies sendo duas delas

restritas à província meridional. Por outro lado, a área de Barra da Estiva compartilha

com a área de Mucugê também cinco espécies, sendo que duas espécies (C. longipinna

e C. sincorana) só são conhecidas, até o presente, para estas duas áreas. Assim, é

possível que a área de Barra da Estiva seja uma área de flora composta onde se

encontram a flora que se estende mais para oeste, em direção a Catolés e Rio de Contas,

com a que se estende mais para o norte, em direção a Mucugê. A existência de um platô

com altitude de cerca de 1000m conectando a área de Barra da Estiva com as demais

áreas citadas pode propiciar as condições para a dispersão das espécies entre elas. De

qualquer modo, esta é uma área para a qual trabalhos de campo poderão permitir refinar

a presente análise e delimitar com mais precisão as províncias meridional e do Sincorá.

Província do Tombador­Seabra­Delfino (Grupo 4) – Esta província inclui as áreas da

serra do Tombador (Morro do Chapéu), serra de Jacobina e serras ao norte de Seabra.

Além disso, inclui também a serra do Curral Feio (Delfino) que, do ponto de vista

geográfico, encontra­se disjunta do maciço principal da Chapada Diamantina por áreas

de altitude mais baixa. Doze espécies de Calliandra são encontradas nesta província

sendo duas restrita a ela: C. feioana e C.pubens (Delfino). Algumas outras espécies

Page 174: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

159

desta área são plantas de campo rupestre com distribuição ampla na Chapada como C.

asplenioides, C. bahiana, C. hirtiflora e C. viscidula.

É importante ressaltar que as áreas incluídas nesta província são heterogêneas do

ponto de vista geológico pois incluem formações do supergrupo Espinhaço e do

complexo metamórfico de Jacobina. O relevo é bastante dissecado e é constituído por

serras disjuntas ou de altitude menos elevada do que nas demais partes da Chapada. A

obtenção desse grupo na análise realizada para Calliandra pode representar um artefato

produzido pela ocorrência comum de espécies com distribuição mais ampla. Além

disso, quando outros grupos taxonômicos são considerados, observa­se que cada uma

das áreas que constituem esta província possui um conjunto próprio de espécies

endêmicas (Giulietti, Queiroz & Borba in prep.), enquanto nas regiões de Seabra e

Boninal são encontradas espécies de distribuição mais ampla. Alguns exemplos de

endemismos para estas áreas incluem Moldenhawera brasiliensis Yakovl. (Queiroz et

al. 1999) e Chamaecrista jacobinae (Benth.) Irwin & Barneby (Irwin & Barneby 1978)

para a região de Jacobina, Eriope glandulosa Harley (Harley 1988), Euphorbia

appariciana Rizz. (Torres, 2001), Mimosa nothopteris Barneby (Barneby 1991) para

Morro do Chapéu e Chamaesyce tamanduana (Boiss.) Simmons & Hayden (Torres,

2001) e Eriope tumidicaulis Harley (Harley, 1988) para Delfino.

De modo semelhante ao observado na província anterior, é grande a influência

da caatinga que penetra pelos vales entre as serras. Esta influência faz­se notar pela

presença de espécies como C. macrocalyx e C. spinosa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 177: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

162

Tabela 1 ­ Distribuição das espécies de Calliandra em áreas e habitats principais da Chapada Diamantina. Espécies endêmicas estão assinaladas com asterisco.

Área

Seção /

Espécie

Habitat

Barra da

Estiva

Boninal

Brotas de

Macaúba

Catolés

Delfin

o

Gentio do

Ouro

Jacobina

Lençóis

Morro do

Chapéu

Mucugê

Pai

Inácio

Rio

de

Contas

Seabra

C. sec. Androcallis C. bella Caatinga X X C. blanchetii Campo

rupestre X X

C.depauperata

Caatinga X X

C. harissii ? X C.macrocalyx

Caatinga X X X X X

C. parvifolia Cerrado X X X C. pilgeriana *

Campo rupestre

X

C. sessilis Cerrado X X X X X X X X X C. spinosa Caatinga X C. sec. Leptopodae C. leptopoda Caatinga X X X X C. sec. Calliandra C.asplenioides

Campo rupestre

X X X X X X X

C. bahiana * Campo rupestre

X X X X

C. calycina * Campo rupestre

X X X X X

C. coccinea * Campo rupestre

X X X

C. crassipes *

Campo rupestre

X

C.cumbucana *

Campo rupestre

X

C. debilis * Campo rupestre

X

C. elegans * Campo rupestre

X X X

C. erubescens *

Campo rupestre

X X X X

C. feioana * Campo rupestre

X

C. fuscipila * X C. ganevii * Campo

rupestre X

Page 178: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

163

C. germana * Campo rupestre

X

C.hirsuticaulis*

Campo rupestre

X X X X X X X

C. hirtiflora * Mata ciliar X X X X X C. hygrophila *

Beira de rio em campo rupestre

X

C. involuta * Campo rupestre e borda de mata

X X X

C. lanata * Campo rupestre

X X

C. lintea * X X C. longipinna *

Campo rupestre

X X

C.luetzelburgii*

Beira de rio em campo rupestre

X X

C.mucugeana *

Campo rupestre

X X X

C. nebulosa * Campo rupestre

X X X

C. paterna* Campo rupestre

X

C. pubens* Campo rupestre

X

C.renvoizeana*

Campo rupestre

X X

C.semisepulta *

Campo rupestre

X X

C. sincorana *

Campo rupestre

X X

C. stelligera *

Campo rupestre

X

C. viscidula * Campo rupestre

X X X X X

Page 179: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

164

LEGENDA PARA AS FIGURAS

Figura 1. Distribuição geográfica do gênero Calliandra evidenciando os três principais centros de diversidade.

Figura 2. Mapa da Chapada Diamantina.

Figura 3. Espécies de distribuição ampla associada, principalmente, ao bioma cerrado.

Figura 4. Espécies com distribuição associada ao bioma caatinga.

Figura 5. Distribuição de Calliandra bella, ilustrando a disjunção entre a região da Chapada Diamantina e as restingas litorâneas.

Figura 6. Distribuição de espécies disjuntas ou pares vicariantes entre a Chapada

Diamantina (Bahia) e a serra do Espinhaço (Minas Gerais).

Figura 7. Espécies restritas mas bem distribuídas na Chapada Diamantina.

Figura 8. Espécies restritas ao setor meridional da Chapada Diamantina.

Figura 9. Espécies distribuídas na serra do Sincorá.

Figura 10. Espécies endêmicas.

Figura 11. Espécies do gênero Calliandra na Chapada Diamantina: número total de espécies e número de espécies restritas à faixa latitudinal.

Figura 12. Número de espécies do gênero Calliandra na Chapada Diamantina por

quadrícula.

Page 180: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

165

Figura 13. Dendrograma mostrando a similaridade entre 13 áreas da Chapada

Diamantina baseada na ocorrência de 39 espécies de Calliandra, construído utilizando coeficiente de Jaccard com UPGMA. Correlação cofenética = 0.8784.

Figura 14. Representação dos três primeiros eixos da análise de componentes principais

de 13 áreas da Chapada Diamantina baseada na ocorrência de 40 espécies de Calliandra. Percentual de variância acumulada nos três primeiros eixos = 58.8% (primeiro eixo = 26.2%; segundo eixo = 19.2%; terceiro eixo = 13.4%). Legenda para as

áreas: BM = Brotas de Macaúbas, GO = Gentio do Ouro, MG = Mucugê, PI = Pai

Inácio, LE = Lençóis, BE = Barra da Estiva, CT = Católes, RC = Rio de Contas, SE =

Seabra, MC = Morro do Chapéu, BO = Boninal, DE = Delfino e JC = Jacobina Número

dentro das áreas delimitadas correspondem ao número do grupo na análise de

agrupamento.

Page 181: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

166

Figura 1.

1 3

6

8

12

7 44

29

33 6

Page 182: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

167

Figura 2.

Page 183: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

168

Figura 3.

Calliandra sessilis

Calliandra parvifolia – baseado no material examinado

Calliandra parvifolia – baseado em Barneby (1998)

Calliandra sessilis

Page 184: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

169

Figura 4.

Calliandra leptopoda Calliandra depauperata

Calliandra macrocalyx

Page 185: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

170

Figura 5.

Page 186: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

171

Figura 6.

Calliandra asplenioides

Calliandra hirtiflora

Calliandra fasciculata

Page 187: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

172

Figura 7.

Calliandra bahiana

Calliandra calycina Calliandra hirsuticaulis Calliandra viscidula

Page 188: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

173

Figura 8.

Calliandra lanata

Calliandra elegans

Calliandra semisepulta

Page 189: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

174

Figura 9.

Calliandra renvoizeana

Calliandra longipinna

Calliandra mucugeana

Page 190: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

175

Figura 10.

Calliandra debilis Calliandra feioana

Calliandra fuscipila Calliandra ganevii Calliandra germana Calliandra hygrophila Calliandra lintea

Calliandra crassipes

Calliandra paterna Calliandra pilgeriana Calliandra pubens Calliandra stelligera

Calliandra cumbucana

Page 191: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

176

Figura 11.

5

12 16

27

1 2 2

13

0 5 10 15

20 25

30

09º­11º 11º­12º 12º­13º 13º­14º Latitude S

5

12 16

27

1 2 2

13

0 5 10 15

20 25

30

09º­11º 11º­12º 12º­13º 13º­14º Latitude S

Número total de

Espécies restritas

Page 192: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

177

Figura 12.

4 3

1

3 2

1

2 2 1

1 1

2

2

1 5

1

9

8

8

1

1

16

16 1

9

2

3

5 2

4

3

Page 193: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

178

Figura 13.

4 4

1

2

3

Pai Inácio

Page 194: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

179

Figura 14.

GO

BM SE

RC

CT

LE

BO

MC

PI

MG

BE

JC

DE

Axis 1

Axis 2

3

4

2

1

GO BM SE

RC

CT

LE

BO

MC

PI

MG

BE

JC

DE

Axis 1

Axis 3

3 4

1

2

2

Page 195: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

180

CONCLUSÕES

Ø Foram encontradas, na região, 42 espécies agrupadas em 3 seções: (1) Calliandra

sec. Androcallis: C. bella, C. blanchetii, C. depauperata, C. harrisii, C. macrocalyx,

C. parvifolia, C. pilgeriana, C. sessilis e C. spinosa; (2) Calliandra sec. Microcallis:

C. leptododa, e (3) Calliandra sec. Calliandra: C. asplenioides, C. bahiana, C.

calycina, C. coccinea, C. crassipes, C. cumbucana, C. debilis, C. elegans, C.

erubescens, C. feioana, C. fuscipila, C. ganevii, C. geraisensis, C. germana, C.

hirsuticaulis, C. hirtiflora, C. hygrophila, C. imbricata, C. lanata, C. lintea, C.

longipinna, C. luetzelburgii, C. mucugeana, C. paterna, C. pubens, C. renvoizeana,

C. nebulosa, C. semisepulta, C. sincorana, C. spinosa, C. stelligera e C. viscidula.

Ø Duas novas espécies são propostas neste trabalho: Calliandra imbricata e

Calliandra geraisensis.

Ø Não foram reconhecidas variedades para Calliandra bahiana pois as mesmas não

foram discriminadas em análise fénetica de espécimes deste táxon.

Ø Das 42 espécies encontradas na Chapada Diamantina, 32 são endêmicas da região e

apresentam os padrões de distribuição citados abaixo:

1. Espécies restritas mas bem distribuídas na Chapada Diamantina: C. bahiana, C.

calycina, C. erubescens, C. hirsuticaulis, C. hirtiflora, C. viscidula e C.

hirtiflora

2. Espécies restritas ao setor meridional da Chapada Diamantina, áreas de Rio de

Contas, Catolés e Barra da Estiva: C. elegans, C. coccinea, C. lanata, C.

luetzelburgiii e C. semisepulta

Page 196: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

181

3. Espécies da serra do Sincorá (áreas de Mucugê e Lençóis), estendendo­se para

Norte até área do Pai Inácio e para o sul até o limite com a área de Barra da

Estiva: C. lintea, C. longipinna, C. renvoizeana, C. sincorana e C.

mucugeana.

4. Espécies endêmicas: Quatorze espécies, correspondendo a aproximadamente

35% das espécies da Chapada Diamantina, apresentam este padrão de

endemismo restrito

Ø A análise dos padrões de distribuição de espécies de Calliandra permitiu reconhecer

dois grandes centros de endemismo:

1. Nas serras em torno da vila de Catolés (serras da Tromba, do Atalho, de

Santana e do Barbado; onde são encontradas quatro espécies endêmicas (C.

fuscipila, C. ganevii, C. germana e C. stelligera).

2. O segundo localiza­se em torno da cidade de Mucugê, estendendo­se na serra

do Sincorá principalmente para o sul, onde se encontram três espécies

endêmicas (C. cumbucana, C. debilis e C. hygrophila).

Além destas, outras áreas apresentam pelo menos uma espécie endêmica:

Gentio do Ouro (C. pilgeriana),

Delfino (C. feioana),

Barra da Estiva (C. crassipes)

Pai Inácio (C. paterna).

Ø A análise de agrupamento revelou a existência de quatro grupos a 25% de

similaridade Grupo 1 ­ Brotas de Macaúbas e Gentio do Ouro; Grupo 2 ­ Mucugê,

Lençóis e Pai Inácio; Grupo 3 ­ Barra da Estiva, Catolés e Rio de Contas; Grupo 4 ­

Delfino, Morro do Chapéu, Jacobina, Seabra e Boninal. Porém, nenhuma área foi

similar a outra em mais de 50%. A partir destes grupos foram propostas quatro

Page 197: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

182

províncias florísticas da Chapada Diamantina baseadas na ocorrência de endemismo

das seguintes espécies de Calliandra: 1. Província do Açuruá (Grupo 1): C. pilgeriana

2. Província do Sincorá (Grupo 2): C. cumbucana, C. debilis, C. hygrophila, C.

lintea, C. paterna, C. renvoizeana

3. Província Meridional (Grupo 3): C. coccinea, C. crassipes, C. elegans, C.

fuscipila, C. ganevii, C. germana, C. lanata, C. semisepulta e C. stelligera

4. Província do Tombador­Seabra­Delfino (Grupo 4): C. feioana e C.pubens

Ø O gênero Calliandra devido a sua elevada diversificação e grande número de

espécies endêmicas é um bom grupo modelo para avaliar hipóteses de biogeografia

das plantas de campos rupestres da Chapada Diamantina.

Page 198: Aspectos Taxonômicos e Biogeográficos do Gênero Calliandra Benth.

183

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RESUMO

O gênero Calliandra foi descrito por Bentham, incluindo espécies da subfamília

Mimosoideae com androceu polistêmone e monadelfo que possuem fruto com

deiscência longitudinal a partir do ápice e valvas com margens espessadas. O gênero, é

exclusivamente neotropical com 132 espécies. A Chapada Diamantina é um maciço

montanhoso que ocorre na região central do estado da Bahia apresentando, no alto das

serras, diversos tipos vegetacionais destacando­se os campos rupestres. Os dados foram

baseados em revisão bibliográfica e na análise morfológica dos espécimes dos herbários

ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS, R, RB, SP e SPF, além de doze excursões botânicas.

Foram encontradas 42 espécies do gênero com 32 endêmicas da região e duas espécies

novas. Todas ocorrendo em altidude acima de 800m. Para análise da distribuição das

espécies, a Chapada Diamantina foi dividida em quadrículas de 15’ x 15’, sendo

incluídas em cada quadrícula as espécies que ocorrem em altitude mínima de 800m.

Estas quadrículas foram agrupadas em 13 áreas homogêneas, cuja similaridade foi

avaliada utilizando o coeficiente de Jaccard e agrupamento através de UPGMA, além de

uma análise de componentes principais (PCA). De modo geral, a diversidade decresce

no sentido Sul­Norte. A análise dos padrões de distribuição de espécies de Calliandra

permitiu reconhecer dois grandes centros de endemismo: serras em torno da vila de

Catolés e aquelas, em torno da cidade de Mucugê. A análise de agrupamento revelou a

existência de quatro grupos a 25% de similaridade que estão sendo propostos como

províncias florísticas. A preferência das espécies de Calliandra por áreas montanhosas,

a distribuição restrita de muitas de suas espécies aliado à sua diversificação na Chapada

Diamantina torna o gênero um bom táxon indicador para estudos biogeográficos nos

campos rupestres desta região.

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ABSTRACT

The genus Calliandra was described by Bentham including species of the

subfamily Mimosoideae with polystemonous and monadelphous androecium with fruit

dehiscing longitudinally from the apex and with thick margins. The genus is entirely

Neotropical with 132 species. The Chapada Diamantina is a mountainous massif of the

central region of the State of Bahia presenting many vegetation types, specially the

campos rupestres. Dataset for this work was based in bibliography and specimens form

the herbaria ALCB, CEPEC, HRB, HUEFS, R, RB, SP e SPF, besides material form 12

field trips. It was found 42 species of the genus, 32 of which are endemic of the area, all

occurring above 800m. To proceed the biogeographic analysis, the area of the Chapada

Diamantina was divided in a grid of 15’ x 15’, being included in each square all species

occurring above 800m. These squares were grouped in 13 homogeneous areas, whose

similarity was evaluated using Jaccard and UPGMA algorithms, besides principal

component analysis (PCA). The species diversity decreasing in the direction South­

North. The analysis of the distribution patterns allow to recognize two larger diversity

centers: the mountains around the village of Catolés and those around the town of

Mucugê. The cluster analysis shown four groups of areas at 25% of similarity which are

here proposed as floristic provinces. The preference of the species of Calliandra by

elevated areas, the narrow range of most species, and the large diversification in the

Chapada Diamantina makes the genus a good model taxon for biogeographic studies in

the campos rupestres of this region.

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Anexos