ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO · Ministério do Trabalho e Emprego, cartilhas de empresas...

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO Aluna. Valéria Andrade Faro Sales Ferreira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

Aluna. Valéria Andrade Faro Sales Ferreira

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

OBJETIVOS:

Conscientizar gestores, diretoria e funcionários

quanto à gravidade do assédio moral no ambiente de

trabalho junto à saúde física e mental dos seus

funcionários.

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AGRADECIMENTOS

A todos que de alguma forma me ajudam a

combater a Depressão oriunda do assédio moral que sofri

no ambiente de trabalho, em especial a Aline Moraes,

(funcionária da mesma empresa que eu) que mesmo no

início de sua gestação, me incentivava a dar a volta por

cima todos os dias, para que eu não caísse em uma

depressão ainda maior.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, que tanto

sofreu ao descobrir barbaridades que aconteciam

comigo enquanto eu trabalhava que ouviram

minhas queixas, secaram minhas muitas lágrimas e

dividiram comigo toda a angústia de um tratamento

de depressão.

Dedico a eles toda minha força, em especial ao

meu marido Marcelo Sales.

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RESUMO

Pouco se fala, mas acontecem muitos casos de assédio moral no ambiente

de trabalho. Essa prática vem crescendo ao longo dos tempos, ou melhor, vem se

mostrando de forma mais expressiva. As empresas prezam uma postura

profissional, discutindo sobre ética e moral, e por que permitem que aconteça

assédio em sua organização?Essa resposta não é tão difícil, má formação de

gestores e as empresas têm que fazer prevalecer a real ética e moral, e não aquela

ética que só acontece no papel.Ética profissional é o conjunto de princípios morais

que devem ser respeitados no exercício de uma profissão.É importante para as

organizações que eles preservem a saúde do trabalhador, assim fazendo com que

os mesmos produzam mais e de forma qualitativa.No entanto para isso, se faz

necessário oferecer aos funcionários um ambiente de prazer, um ambiente

harmônico, e que sejam garantidas a integridade física e moral de todos os que de

uma forma ou de outra colaboram para o crescimento da organização, não se

permitindo assim, práticas abusivas contra empregados, como arrogâncias,

pressões desnecessárias, intimidações, ameaças ou humilhações.Comportamento

este, que posto em prática ocasiona vários transtornos, tanto para a organização

quanto para o funcionário.Cabe à empresa fiscalizar e possuir um canal aberto para

que todos os funcionários possam relatar acontecimentos que não lhe são

favoráveis a função que desempenham, fazendo com isso, que não haja prejuízo

para o funcionário e nem mesmo para a organização.

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METODOLOGIA

A metodologia aplicada para a elaboração deste estudo foi principalmente a

minha própria vivência no sofrimento que é ser assediada moralmente no ambiente

do meu trabalho. Tentando compreender melhor o que estava acontecendo comigo,

resolvi escolher esse tema para o trabalho final deste curso de Gestão de Recursos

Humanos, para isso, foram necessárias pesquisas em revistas, artigos do próprio

Ministério do Trabalho e Emprego, cartilhas de empresas que prezam em ter um

ambiente de trabalho prazeroso e tentam alertar seus funcionários do quanto é

perigoso o não cumprimento da cartilha.

Foi utilizado também como referência bibliográfica material didático como,

livros escrito por especialistas no assunto, com relatos de pessoas que infelizmente

sofreram a mesma coisa que eu, artigos e matérias retiradas pela internet.

Procurei expor um pouco do que alguns outros colegas também sofreram com

essa tamanha agressão, tornando assunto uma pesquisa de interesse público.

Ao propormos conhecer um dado assunto ou uma dada situação, devemos

antes de tudo, dirigir nosso olhar em sua direção, tentando deixar de lado qualquer

idéia apriorística que possamos ter a seu respeito, neste caso em especial como já

foi dito, eu passei por tudo isso, portanto relatei experiências e procurei explicações

científicas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONCEITO: ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO 10

CAPÍTULO II

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL 25

CAPÍTULO III

DOENÇAS PSÍQUICAS X COMO AGIR DIANTE DO TEPT 37

CONCLUSÃO 46

ÍNDICE 48

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho será estudado o tema assédio moral, mais precisamente em

relação aos gerentes, supervisores e coordenadores das organizações, perante

seus subordinados.

Causas e Conseqüências do Assédio Moral nas Organizações: São inúmeras

as causas do assédio moral nas organizações, especialmente sob a liderança

autoritária, em que pessoas explodem quando acontece algum problema mais sério

ou quando trabalham sobre pressão, ou até mesmo por narcisismo, ficando muito

nervosas, podendo às vezes até conseguir os objetivos diante de seus

subordinados, mas com isso gera conseqüentemente a rotatividade excessiva, isto

porque em curto prazo o autoritarismo funciona. Essa situação deixa o funcionário

cada vez mais desmotivado e descontente em saber que no dia seguinte terá que

enfrentar todos novamente.

Quem é o Assediador: O assédio moral simbolizado pelos maus

administradores que insistem em amargurar os colaboradores da organização é

visualizado pelo pensamento que os colaboradores ficam na base da pirâmide como

de fato, mas esquecem que essa mesma base é a segurança da elevação da

organização.

Como age o Assediador: Uma das falhas e que muitas vezes o assediador

usa para humilhar o assediado é a má comunicação e acontece quando o chefe

imediato não passa para o colaborador de forma clara e eficiente forma mais

apropriada para realizar tal tarefa, deixando propositalmente a “vista” o cargo do

funcionário para que o mesmo erre e seja altamente criticado, esse é um dos

motivos, porém ainda iremos relatar muitos outros.

O assédio chega a um ponto que o homem se anula, não lida bem com sua

saúde, suas emoções e sua participação social, chegando a casos extremos que

será visto no decorrer deste trabalho.

Ter um salário como um fator higiênico e não motivacional, não é o

necessário para o funcionário, ele quer e deve ser respeitado como ser humano, e

ser valorizado como profissional.

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Uma vez implantado o assédio moral, com a dominação psicológica do

agressor e a submissão forçada da vítima, a dor e o sentimento de perseguição

passam para a esfera do individual para o coletivo, marcado pelo cansaço,

ansiedade, depressão, estresse e sensação de abandono.

Cada um sofre no seu canto sem compartilhar suas dificuldades com o grupo

solidário. Isso acontece por medo de repressão de humilhação perante seus colegas

de trabalho.

Neste trabalho será mostrado suas causas, conseqüências, e o que diz a

legislação a respeito do assunto tão recorrente e ao mesmo tempo pouco divulgado

e ainda o que podemos fazer para não permitir que essa ação se repita ou nem

aconteça com nossos amigos, colegas, familiares, e toda a sociedade, pois o intuito

deste trabalho é conscientizar as pessoas que isso acontece e de que devemos

combatê-lo.

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CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

CONCEITO

...saúde física e psíquica, uma questão de

qualidade

O assédio moral, também conhecido por violência moral ou terror psicológico

é um tema que existe há muito tempo, tão antigo como o trabalho e que hoje vem se

discutindo com mais intensidade, no que se refere à relação entre patrão e

empregado. É relevante que o tema seja discutido por toda a sociedade, uma vez

que já é reconhecido em outros países.

Para o empregado, patrão e a própria sociedade enquanto tal conduta de

perversidade, não acontece com eles, acabam por se manifestar indiferentes ao

assunto, já para aqueles que sofreram tamanha agressão, o primeiro sentimento é

de serem mal compreendidos e se calam, sofrendo em silêncio e com isso

transformando sua vida profissional, e sua saúde psíquica em um caus.

O que nos chama atenção é que todos os estudos de agressão no trabalho

são recorrentes, desta forma se caracterizando claramente que os funcionários são

assediados moralmente.

Com políticas neoliberais que põem o lucro acima de tudo subjugando os

trabalhadores a normas de conduta e metas de produção inaceitáveis, faz com que

as pressões no trabalho se desenvolvam com mais freqüência. A organização

Internacional do Trabalho divulgou um estudo em 2005 apontando que a violência

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moral no trabalho é um fenômeno que atinge os trabalhadores em nível

internacional.

Ø harcèlement moral (assédio moral), na França; Ø Ø bullying (tiranizar), na Inglaterra; Ø Ø mobbing (molestar), nos Estados Unidos e na Suécia; Ø Ø murahachibu, ijime (ostracismo social), no Japão; Ø Ø psicoterror laboral, acoso moral (psicoterror laboral, assédio moral), na

Espanha

Dentre as denominações citadas, a mais utilizada no Brasil é o Próprio

Assédio Moral e o Mobbing.

Segundo González de Rivera, o mobbing divede-se em três etapas:

Ø Mobbing plano. Nem o agressor nem a vítima modificam suas estratégias;

Ø Mobbing move a vítima. O agressor repete seus comportamentos, enquanto

que a vítima modifica sua conduta, que cada vez mais resulta ineficaz;

Ø Mobbing move o agressor. É o agressor quem modifica sua conduta;

Ø Mobbing move ambos. O agressor modifica suas ações, enquanto a vítima se

vê incapaz de controlar suas próprias emoções ou de se defender dos

ataques do agressor.

Hoje de acordo com estatísticas governamentais o índice de desemprego é muito

grande, fazendo com que as pessoas se agarrem em seus empregos, mesmo sendo

vítimas de humilhações, difamações, injurias, maus tratos, mantendo-se assim uma

relação de dependência do emprego, e assim as organizações, sabendo desta

fragilidade acabam por permitir tais condutas de gestores narcisistas, despreparados

e com tendências psicopatas.

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O individuo narcisista impõe seu domínio para controlar o outro de uma forma

muito perversa, deixando o funcionário em situações humilhantes, constrangedoras

e vexatória diante do próprio grupo de trabalho, pessoas essas que assistem todos

os dias ou até mesmo participam das agressões.

Quanto aos gestores despreparados, muitos deles não são administradores,

quando eu falo em administração, não que seja necessariamente a graduação em

tal e sim, qualificação para lhe dar com pessoas, gerenciar e colocam seu ego acima

de qualquer postura profissional, normalmente são pessoas que obtiveram

promoção por terem desenvolvido um bom trabalho, porém não adquiriram

competência e liderança democrática para desempenhar sua nova função.

Os gestores com tendências psicopatas agem de forma intencional, espalham

falsas informações de suas atitudes profissionais e às vezes até mesmo da vida

particular se seus subordinados, semeam desconfianças jogando uns contra os

outros. Fazem reuniões a sós com funcionário para que o grupo não perceba

deixando assim sua reputação e conduta camuflada.

“ Por algumas vezes fui chamada à escada de incêndio do prédio onde trabalho, sofrendo com isso agressões psicológicas, onde a gestora me induzia a não me relacionar com o grupo de trabalho, tentando me impor com quem eu deveria falar ou deixar de falar, me induzia a fazer fofocas de algumas pessoas para que ela pudesse relatar isso em avaliações, o que me deixada muito constrangida, fora humilhações diante do grupo por eu não compartilhar com ela terríveis formas de comportamento.” ( Relato de Valéria Faro)

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1.1 -Assédio Moral Ações Reincidentes

Entendemos por assédio moral no ambiente de trabalho toda e qualquer

conduta abusiva, manifestando, sobretudo por comportamentos, palavras, atos,

gestos, escritos que possam trazer danos à personalidade, à dignidade ou à

integridade física e psíquica, ocasionando desordens emocionais e ainda degradar o

ambiente de trabalho ou por em risco seu emprego, interferindo negativamente na

qualidade de vida.

Quando assediado, o trabalhador tem o sentimento de ser ofendido,

menosprezado, rebaixado, inferiorizado, vexado, constrangido, humilhado,

ridicularizado, hostilizado, culpabilizado, senti-se um ninguém, sem valor, inútil,

magoado, revoltado, perturbado, e com raiva e com todo esse tipo de sentimento

acaba acarretando ao funcionário dor, tristeza e sofrimento.

Infelizmente esses atos começam com uma simples falta de respeito, ou uma

manipulação. Não achamos isso insuportável, a menos que sejamos diretamente

atingidos. Na maior parte das vezes os trabalhadores, de início sem ter

conhecimento ao certo do que está acontecendo, acabam achando que o agressor

tem uma personalidade forte, ou acreditam ser comportamento de chefes, líderes e

gestores, porém não sabem que essa conduta hostil e perversa pode desencadear

vários problemas de saúde psicológica à vítima.

Segundo o escritor Schuster ( 1999;2001) o assédio moral é um sentimento

negativo mútuo, em que a vítima, praticamente, esquece a causa original do conflito,

quando há, passando a sentir-se muito ansiosa na presença do agressor, confusa e

culpada pela situação.

“... o assédio moral como comportamento

negativo entre companheiros ou entre superiores e

inferiores hierárquicos, do qual é objeto de acoso

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(assédio) de ataques sistemáticos durante muito tempo,

de modo direto e indireto, por parte de uma ou mais

pessoas, com o objetivo de lhe provocar um vazio.”

(Comissão Européia, em 2001, publicado em El País,

15-5-2001)

Desta forma o assédio moral também é conhecido por violência moral ou

terror psicológico tão antigo que o próprio trabalho. O assédio moral sempre

aconteceu e passou a ser estudado já há algum tempo, mas só agora começa a ser

entendido pelo trabalhador como uma violência moral no trabalho. A expressão é

usada para denominar a exposição de trabalhadores a situações vexatórias,

constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função.

A exposição dessas humilhações e constrangimentos repetidas e

prolongadas, com intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego ou até

mesmo por implicância), direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como

“bode expiatório”), temporalidade (durante uma jornada, por dias, meses e até anos)

ultrapassando a carga horária de trabalho, no exercício de suas funções, sendo mais

comum em relações hierárquicas, autoritárias e assimétricas que predominam em

condutas negativas, relações desumanas e aética de longa duração, de um ou mais

subordinados, desestabilizando as relações da vítima com o ambiente de trabalho e

a organização, forçando-o a desistir do emprego.

Cabe lembrar que a configuração do assédio moral depende da conduta

abusiva do assediador e que este ato seja reiteradamente cometido e esse acumulo

é que cria um processo destrutivo ao trabalhador. O fenômeno destruidor do

ambiente em que se trabalha acarreta a diminuição da produtividade e ainda

favorecendo o obsenteísmo, devido ao desgaste psicológico que provoca.

O trabalhador deve ter muito cuidado em não confundir uma discussão

esporádica no ambiente de trabalho em assédio moral, as situações

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constrangedoras e as ofensas que ocorrem uma única vez – ato esporádico e que

não tenham a finalidade de excluir a vítima do trabalho, não são capazes de

evidenciar a ocorrência de assédio moral, embora deixem o trabalhador exposto aos

colegas e às vezes até aos clientes.

1.2– Quem São os Assediados e Como o Agressor Escolhe suas Vítimas?

Contrariando o que seus agressores tentam fazer crer, as vítimas de início

não são pessoas portadoras de qualquer patologia, ou particularmente frágeis. Pelo

contrário, freqüentemente o assédio se inicia quando uma vítima reage ao

autoritarismo de seu chefe, ou se recusa deixar-se subjugar.

Os gestores falam em autonomia e espírito de iniciativa a seus empregados,

mas só exigem deles submissão e obediência.

Essas vítimas na prática são pessoas escrupulosas, que apresentam um

presenteísmo patológico, são empregados perfeccionistas, muito dedicado ao seu

trabalho, que almejam ser impecáveis em sua função, de um modo geral são

trabalhadores extremamente competentes, trabalham mesmo quando estão doentes,

ultrapassam um pouco o seu horário de trabalho, não hesitam em trabalhar nos

finais de semana, são extremamente pontuais, tem a simpatia e a confiança do

grupo, são prestativos, generosos com os funcionários recém chegados à empresa,

são criativos. Porém através deste fenômeno suas idéias inovadoras que poderiam

partir deste funcionário acabam se anulando ou sendo “roubadas” por seus chefes,

gestores.

“Uma palavra contundente é algo que

pode matar ou humilhar, sem que se

sujem as mãos. Uma das grandes

alegrias da vida é humilhar seus

semelhantes.”Pierre Desproges

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A vítima em potencial é aquela que leva o agressor a sentir-se ameaçado,

seja no cargo ou na posição perante o grupo. A vítima é, normalmente, dotada de

responsabilidade acima da média, com um nível de conhecimento superior aos

demais, com uma auto-estima grande e, mais importante, acredita piamente nas

pessoas que a cercam.

Como reza a legislação há uma proteção das empresas – uma mulher grávida

não pode ser demitida, a não ser que (se pague uma indenização, mas esse não

será nosso assunto) assim o processo de assédio moral muitas vezes passa a ter

lugar quando uma empregada, até então totalmente dedicada a seu trabalho,

anuncia sua gravidez, isso porque ao entendimento de alguns empregadores isso

significa licença maternidade, saída mais cedo, em algumas vezes para ir ao médico

ou por se sentir mal.

Em suma, ele tem medo de que essa empregada modelo não fique mais

inteiramente à sua disposição, o assédio muitas vezes começa ainda com a gestante

em exercício de suas funções e quando retorna da licença o empregador sem ao

menos analisar sua conduta “pós parto”, com o receio, e sem nenhuma

comprovação de que será uma funcionária descompromissada a demite.

O funcionário enquanto vítima é inocente no crime que irá pagar, suscitam

inveja porque se expõe demais. Eles não sabem não deixar de demonstrar o prazer

que sentem em possuir tal ou qual coisa, não sabem não exibir sua felicidade, sendo

assim um alvo fácil para os assediadores.

Na sociedade brasileira propaga-se a igualdade e com isso tem a tendência

de pensar que a inveja é provocada consciente ou inconscientemente, e o assédio

moral não deixa de ser uma inveja sem controle. As vítimas ideais dos perversos

agressores são aquelas que, embora tenham muito potencial profissional,

extremamente competente e dedicado, não têm confiança em si mesmo e sentem-se

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obrigados a fazer sempre mais, a esforçar-se demais para dar a qualquer preço a

melhor imagem de si mesmo e muitas vezes ao se sentir perseguido se dedicam de

forma demasiada para deixar comprovado que seu lado profissional é impecável,

mas esse excesso de comprometimento e “doação” ao trabalho poderá lhe trazer

várias conseqüências graves.

1.3- Quem São os Agressores.

A maioria dos gestores possui um caráter sem princípios e estão

despreparados para desempenhar a função que lhe foi delegada, diante disto eles

pensam que sua forma rude, agressiva e humilhante trará benefícios para a empresa

e ainda acham que estão fazendo a coisa certa, para desenvolver o pleno potencial

do funcionário.

Fora do ambiente de trabalho, alguns deles são extremamente sociáveis, por

estarem fora do seu habitat, que é a empresa. Temos aqueles que apresentam

comprovadamente, desvios psicológicos e, por isso, precisam de tratamento.

O perfil do assediador moral é o de uma pessoa “perversa”, que se utiliza dos

mecanismos perversos para se defender. É um indivíduo com uma personalidade

narcisista que ataca a auto-estima do outro, transferindo-lhe a dor e as contradições

que não admite em si mesmo: o seu ego é tão grandioso quanto a sua necessidade

de ser admirado e a sua falta de empatia. Como não está apto a superar a solidão

que o separa do mundo, dirigindo o amor para fora de si, é insaciável em sua busca

de gratificação, sentindo intensa inveja das pessoas que são felizes e têm prazer

com a própria vida.

A crise existencial cerca o destino do narcisista, impulsionando-o a procurar

uma vítima da qual possa absorver a vida, ele é incapaz de reconhecer sua culpa e

responsabilidade pelo mal que causa a si mesmo, o narcisista transfere esse

sentimento para a vítima que passa a destruir moralmente: primeiro a contamina

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com sua visão pessimista do mundo, até induzi-la à depressão, depois passa a

criticá-la pelas suas fraquezas. O perverso só consegue existir e ter uma boa auto-

estima humilhando os outros.

O assediador possui o sentimento de suficiência e singularidade; o exagero

na avaliação de suas próprias realizações e talentos; a fixação em fantasias de

sucesso, poder, inteligência superior e beleza; a tendência ao exibicionismo; e a

suscetibilidade ou intolerância à crítica. Muitas vezes o objetivo do assediador é

massacrar alguém mais fraco, cujo medo gera conduta de obediência, não só da

vítima, mas de outros empregados, que se encontram ao seu lado. Ele é temido e,

por isso, a possibilidade de a vítima receber ajuda dos que a cercam é remota. A

meta do perverso, em geral, é chegar ao poder ou nele manter-se por qualquer

meio, ou então mascarar a própria incompetência. O importante para o assediador é

o domínio na organização, é controlar os outros.

O comportamento de um grupo não é a soma dos comportamentos dos

indivíduos que a compõem. O grupo é uma identidade nova, que têm

comportamentos próprios. Segundo Freud a dissolução das individualidades na

multidão e nela vê uma dupla identificação: horizontal, em relação à horda (o grupo,

os próprios colegas de trabalho) e vertical, em relação ao chefe, aos superiores do

assediado.

O assédio cometido de forma vertical é acometida por encarregados, chefes,

supervisores, coordenadores (são os da linha intermediária) e diretores (são os que

fazem parte da cúpula estratégica da empresa).

Segundo o Site da internet “http://www.assediomoral.org” enumera,

“personificados”, alguns perfis de assediador vertical:

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Profeta – Considera que sua missão é demitir indiscriminadamente os

trabalhadores para tornar a máquina a mais enxuta possível. Para ele demitir é uma

“grande realização”. Gosta de humilhar com cautela, reserva e elegância.

Pit-bull – Humilha os subordinados por prazer, é agressivo, violento e até

perverso no que fala e em suas ações.

Troglodita – É aquele que sempre tem razão. As normas são implantadas

sem que ninguém seja consultado, pois acha que os subordinados devem obedecer

sem reclamar. É uma pessoa brusca.

Tigrão – Quer ser temido para esconder sua incapacidade. Tem atitudes

grosseiras e necessita de público para recebê-las, sentindo-se assim respeitado

(através do temor que tenta incutir nos outros).

Mala – babão – È um “capataz moderno”. Bajula o patrão e controla cada um

dos subordinados com “mão de ferro”. Também gosta de perseguir os que comanda.

Grande Irmão – Finge que é sensível e amigo dos trabalhadores não só no

trabalho, mas fora dele. Quer saber dos problemas particulares de cada um para

depois manipular o trabalhador na “primeira oportunidade” que surgir, usando o que

sabe para recebê-lo.

Garganta – Vive contando vantagens (apesar de não conhecer bem o seu

trabalho) e não admite que seus subordinados saibam mais que ele.

Tasea (“tá se achando”) – É aquele que não sabe como agir em relação às

demandas de seus superiores; é confuso e inseguro. Não tem clareza de seus

objetivos, dá ordens contraditórias. Se algum projeto ganha os elogios dos

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superiores ele apresenta-se para recebê-los, mas em situação inversa

responsabiliza os subordinados pela “incompetência”.

O grupo tende a nivelar os indivíduos e têm dificuldades em conviver com as

diferenças, como homossexual, diferença racial, religiosa, social, ou de gênero.

Em algumas empresas para os homens não é fácil uma mulher fazer-se

respeitar quando chega, ou principalmente quando essa mulher era sua colega de

trabalho e recebeu uma promoção passando a exercer uma função de chefe,

exercendo certa liderança, ou até mesmo um cargo pouco melhor que o seu,

ocasionando inveja, receios, inimizades pessoais. Esse tipo de agressão ocorre

também quando uma pessoa de recente incorporação na empresa, cujos métodos

não são admitidos, e se o mesmo possui dificuldades em impor-se frente ao grupo.

Infelizmente há agressões por parte de colegas da empresa, como reflexo de

assédio da chefia.

Eles lhe colocam em situações que faz o trabalhador se sentir totalmente

inferiorizado, como se não bastasse às agressões do nível hierárquico mais alto,

ainda tem o colega que muitas vezes repreende o assediado com frases como: se

ele fizesse comigo eu não deixaria barato, eu já teria revidado você gosta mesmo de

ser humilhado, você não tem amor próprio, tá com medo de perder o emprego,

depois arruma outro. Muitas vezes eles colocam o colega em uma situação de

incapacidade de gerir sua própria vida profissional.

No momento em que o funcionário esta sofrendo essa agressão moral do seu

chefe, ele espera ao menos que tenha uma ajuda dos colegas que o cercam, até

porque em alguns casos outros também já sofreram algo parecido, o assediado

moralmente se sente impotente, sem reação de se defender, tem diversos medos.

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1.4- Causas que Levam o Assediador a Cometê-las.

A forma de organização da produção e das mudanças que vêm ocorrendo no

mundo do trabalho nos últimos anos são as principais causas do assédio moral. A

reestruturação de novas políticas de gestão, mudanças do perfil do “novo”

trabalhador, flexibilidade e multi- funcionalidade são exigências que colocam o

trabalhador em dúvida quanto a sua própria capacidade.

A concorrência no mercado globalizado e a busca incessante da

produtividade e lucros também têm conseqüências sociais, na medida em que

homens e mulheres não são tratados como seres humanos, não têm cidadania e

vivem a margem da sociedade.

O agressor procura descobrir, da forma mais rápida possível quem são as

pessoas mais influentes e que possuam voz ativa na empresa para assim construir

relações pessoais íntimas, manipulando e influenciando essa pessoa a entender que

não há nada que desabone sua conduta profissional, ficando assim fora de qualquer

suspeita.

A ambição pelo lucro excessivo e o abuso de poder são os principais

causadores dessa forma de violência. Inovações tecnológicas se associam a velhas

fórmulas de gestão: os chefes exigem e os empregados são obrigados a ultrapassar

metas. Neste ambiente a chefia, pode ser cruel e autoritária, como também, insegura

e confusa, ou por vezes egoísta e perversa. E é essa insegurança uma das maiores

causas de assédio moral, agregada ao abuso de poder pelos gestores, que

motivados pelo medo de perder seu cargo para seu subalterno, o que normalmente

são funcionários muito bem qualificados, competentes e comprometidos, acabam

por torturá-los psicologicamente.

O agressor para mascarar sua incapacidade diante deste funcionário dá início

a perseguições tentando intimidá-lo e rodeia-se de pessoas mais dóceis para criar

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um vínculo grupal denominado de favoritismo do endogrupo. Sendo assim aquele

funcionário que não pertencer ao grupo e não se submeter ao superior dominante, é

rechaçado e isolado dos demais, explica (Turner, 1981;Pérez e Mugny, 1985; Clark

e Maass, 1988. Texto retirado o site WWW.psicologia.org.br).

A luta pelo poder é legítima entre indivíduos rivais quando se trata de

competição onde cada um tem sua oportunidade. Certas lutas, no entanto são de

saídas desiguais. É o que acontece no caso de um superior hierárquico, ou quando

o indivíduo reduz sua vítima a uma posição de impotência para depois agredi-la com

total impunidade, sem que ela possa revidar.

1.5- Práticas Adotadas pelo Assediador

O principal foco do chefe assediador é buscar um erro, ou que ele ache que

seja um erro, técnico ou comportamental, e é a partir deste, “achísmos”, que inicia

sua oportunidade de chamar o funcionário e iniciar sua sessão de tortura

psicológica. Ele valoriza qualquer erro, falha, desvios, e usando aquilo como

referência para sua escalada rumo ao inferno dantesco, desvaloriza e humilha a

pessoa com palavras muito bem escolhidas e duras demais de serem ouvidas pelo

funcionário, deixando claro o quanto ele é ineficiente, incompetentes, até deixá-lo

arrasado e destruído psicologicamente.

Gestores assediadores trabalham quase sempre com prazos impossíveis de

serem cumpridos, desenhando um cenário para seus funcionários quase sempre de

pânico e terror.

De forma maquiavélica espalha falsas informações para que seja visto de

forma positiva e os outros de maneira negativa perante as chefias. Semeia

desconfiança entre os funcionários, jogando uns contra os outros. Disfarça- se de

amigo, contando aos colegas sobre outros que o difamaram. Estabele contato

individual com as pessoas, mas evita reuniões ou situações nas quais precise se

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posicionar perante todo o grupo. Mantêm-se “camuflado” para levar a diante a

estratégia de ascensão ao poder.

Muitas vezes o agressor adota estratégias como isolar a vítima do grupo,

impedir que ela se expresse, e não explicar o porquê, fragilizar, ridicularizar,

menosprezar diante do grupo, culpabilizar publicamente até o que não foi cometido

pelo funcionário, fazer comentários de sua vida particular em público de maneira

pejorativa, não repassar nenhum trabalho ao funcionário, ou transferir tarefas

inferiores àquelas que ele estava acostumado a desempenhar e que estão aquém

de suas habilidades como, por exemplo: fazer e servir café mesmo que haja copeira

na empresa, limpar o ambiente de trabalho, insinuar que seus funcionários não têm

higiene, fazendo com isso, que suas avaliações sejam prejudicadas, estabelecer

regras diferentes dos outros que desempenham o mesmo trabalho, recusar-se a

falar com o funcionário se comunicando somente através de bilhetes ou mensagens

eletrônicas, vigiar o funcionário no momento em que vai ao banheiro, fazer ameaças

ou intimidações, tratar funcionários com desprezo quando estão doentes,

advertências em razão de atestados médicos, mesmo sabendo que o funcionário

está em tratamento, ou de reclamações de seus direitos, colocar um trabalhador

controlando o outro, fora do contexto da estrutura hierárquica da empresa, falar

baixinho a cerca da pessoa, olhar e não ver – ignorar completamente o funcionário

mesmo quando se trata de informações relevantes ao trabalho, rir ou mostrar a

outros aquele que apresenta dificuldade, não cumprimentar, espalhar entre colegas

que tem um trabalhador com “problemas de nervosos”, ser tratado como criança,

estimular competitividade e individualismo, oferecer cursos de aperfeiçoamento

sempre para os mesmo funcionários, sem que haja um multiplicador, impedir que as

grávidas sentem ou façam consultas no horário de expediente, fazer reuniões com

mulheres exigindo que não engravidem, alegando que essa gravidez pode prejudicar

a empresa, impedir de usar o telefone em casos de urgência, mesmo que o telefone

seja seu próprio celular,demitir o funcionário após sua estabilidade legal nos casos

de auxilio doença, impedir que se comunique com colegas de outros departamentos

e de circular pela empresa mesmo sendo extremamente necessário. Diante de todos

que foram apresentados anteriormente o mais degradante é quando sugere ao

funcionário que se identifica muito com suas tarefas, que tem total comprometimento

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e competência que ele peça demissão, difamar e ridicularizar sem ao menos explicar

a causa de tamanha perseguição, impedir que a vítima realize suas tarefas

deixando–a ociosa perante seus colegas de trabalho.

Muito mais que as palavras diretas, o agressor utiliza de preferência uma

junção de subentendidos e de não ditos, destinado a criar um mal entendido, para

em seguida explorá-lo em proveito próprio. As mensagens incompletas, paradoxais,

representam medo da reação do outro.

Falar sem dizer é uma maneira habilidosa de enfrentar toda e qualquer

situação, e é assim que o agressor aje e por vezes essas mensagens são

codificadas pelo funcionário, tornando assim uma comunicação sem destino certo,

dificultando o entendimento, deixando margem ás possíveis humilhações.

Essas mensagens indiretas são sem importância para alguns e para outras

completamente agressivas e invasivas, do tipo: ” As mulheres deste escritório não

fazem grande coisa em sua própria casa ou ainda, sua casa deve ser um lixo olha

como está sua mesa!

Na prática da agressão, em certos casos, é destilado em pequenas doses

quando há testemunhas.

Trata-se de uma agressão fria, verbal, feita de depreciação, de subentendidos

hostis de falta de tolerância e injúrias. O efeito destruidor vem dessa repetição de

agressões aparentemente inofensivas, mas contínuas, e que sabe que não cessarão

nunca. É uma agressão que não tem fim, e que trazem conseqüências gravíssimas

às vítimas.

Cada ofensa vem fazer eco em ofensas anteriores e impede de esquecê-las,

como seria o desejo das vítimas, mas que o agressor lhes recusa.

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CAPÍTULO II

2-Conseqüências Causadas pelo Assédio Moral

O Assédio Moral traz diversos tipos de conseqüências, causa a perda de

interesse pelo trabalho, desestabilizando emocionalmente e provocando não apenas

o agravamento de moléstias já existentes, distúrbios em sua saúde física e mental,

como também o surgimento de novas doenças. Além disso, as perdas refletem-se

no ambiente de trabalho, como em sua vida pessoal, atingindo, muitas vezes, os

colegas e familiares.

Os trabalhadores são, com freqüência, responsabilizados pela queda da

produtividade e da qualidade, pela ocorrência de doenças profissionais e acidentais

de trabalho. As atitudes do assediador reforçam o medo individual e aumentam a

submissão coletiva, causa ainda a rotatividade de trabalhadores e o aumento de

ações judiciais reivindicando direitos trabalhistas e indenizações em razão do

assédio sofrido.

Embora as emoções se manifestem independentes do sexo do funcionário, os

sentimentos e reações nas situações de humilhação e constrangimentos têm efeitos

diferenciados, enquanto as mulheres são mais humilhadas e expressam sua

indignação em choros tristeza, ressentimentos e magoas, estranhando o ambiente

que antes identificava como seu, os homens sentem-se revoltados, indignados,

desonrados, com raiva, traídos e têm vontade de vingar-se. São nessas condições

que sente-se envergonhados diante da esposa e dos filhos, sobressaindo o

sentimento de inutilidade, fracasso e baixa auto-estima. Isolam-se da família, evitam

contar o acontecido aos amigos, passando a vivenciar sentimentos de irritabilidade,

vazio, revolta e fracasso.

A pressão psicológica, a humilhação, a desestabilidade emocional, levo o

empregado assediado a uma reação limite que culmina no simples pedido de

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demissão ou mesmo um ato de insubordinação ao superior ou má conduta aos

colegas de trabalho, os quais iram ensejar a sua dispensa por justa causa,

coroando, assim, o objetivo premeditado do assediador.

2.1- Conseqüência para a organização empresarial.

Um ambiente laboral sadio é fruto das pessoas que nele estão inseridas, do

relacionamento interpessoal, do entrosamento, da motivação e da união de forças

em prol de um objetivo comum: a realização do trabalho, a produtividade e

principalmente o crescimento da organização. Com isso, podemos afirmar que a

qualidade do ambiente de trabalho, sob o aspecto pessoal, muito mais do que

relacionamentos meramente produtivos, exige integração entre todos os envolvidos.

Esta integração, todavia, está irremediavelmente comprometida quando os

empregados se sentem “coisificados”, despersonificados, perseguidos,

desmotivados, assediados moralmente.

Há casos em que as organizações são complacentes em relação aos abusos

de certos indivíduos (muitas vezes gestores), desde que isso lhe traga lucro e não

dar motivo a um excesso de revolta. Em vez de permitir que as pessoas progridam,

essas organizações muitas vezes não fazem mais que quebrá-las.

Uma organização mal estruturada junto a sua gestão de pessoas acaba por

ser responsável por esse tipo de assédio, sendo assim conivente com tal ato

Há sempre um momento do processo em que a organização pode e deve

intervir e buscar solução. E isso se faz através do Departamento de Recursos

Humanos gerenciado por um Diretor, onde que infelizmente não são todas as

organizações que implementam. Até aquelas que possuem esse recurso muitas

vezes não levam em consideração o fator humano, e menos ainda a dimensão

psicológica das relações de trabalho.

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O assédio moral cria uma deteriorização do clima laboral produzindo uma

diminuição no rendimento grupal, e não só no indivíduo que é assediado, pois todos

de certa forma sentem-se incomodados e perdem sua concentração em relação ao

trabalho que estava sendo desenvolvido. O agravante é que determinadas tarefas

requerem o máximo desta concentração, como por exemplo, um Departamento

Financeiro, Contábil, Médico e Jurídico.

O ato de assediar o outro é tão doentio que não traz benefício nenhum ao

assediador, embora ele ache que está tendo vantagem em algumas situações. O

prejuízo que pode desenvolver em uma empresa é que extermina a motivação, a

criatividade, a inovação, e a produtividade dos funcionários. Na linha do tempo vai

causando o absentismo, doenças e danos contínuos à imagem da empresa, além de

possíveis prejuízos financeiros, por causa de ações judiciais trabalhistas por danos

morais.

Para as organizações, cabe aos que têm poder de decisão (os dirigentes,

executivos, coordenadores e gerentes), fazerem juntos, a escolha de não a liderança

de laissez-faire (cada um faz o que é mais conveniente), de recusar, tais formas de

assédio, de velar para que, em todos os escalões a pessoa humana seja respeitada,

ao invés deles próprios cometerem o assédio moral.

2.2- Conseqüências do Assédio Moral ao Funcionário.

Em tempos de desemprego e exclusão social, as pessoas têm medo e a

última coisa que o assediado pensa é pedir demissão, ou demonstrar a alguém o

que ele está sentindo. Isso só acontece quando o ambiente que ele idealizava como

o seu local de trabalho, aonde ali ele iria se realizar profissionalmente passa a se

tornar agressivo à sua moral, assim não mais suportando fazer parte daquele grupo,

daquele ambiente, onde ali foi reprimida a sua incapacidade profissional, causada

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pelo assédio moral e conseqüentemente sendo dominada pelo sentimento de

sofrimento e angústia

Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Químicos do Estado de São Paulo

revela que apenas 10% das pessoas decidiram pedir demissão. O restante fica

cabisbaixo, desestruturado, desmoronava-se emocionalmente, tomava

tranqüilizantes ou antidepressivos sem a devida orientação médica, arrastavam seus

tremores e palpitações, agüentando o desprezo do chefe e até de colegas. Como já

foi dito acima muitas vezes a organização não possui uma política estruturada de

Recursos Humanos e fica indiferente, induzindo ou aconselhando o funcionário a

mudar de emprego, desconhecendo a gravidade do problema.

2.3- O Medo, Desamparo e Isolamento

Conseguindo ou não atingir os fins, os perversos narcisistas buscam

despertar no outro, certa violência que eles gostariam de poder ignorar.

Neste estágio todas as vítimas descrevem um sentimento de medo. Elas se

sentem cada vez mais em alerta, à espreita do olhar do outro, de uma maior rudeza

nos gestos, de um tom glacial, tudo podendo mascarar uma agressividade não

expressa.

O sofrimento do funcionário possui uma dimensão, que ele teme a reação do

outro, sua tensão e sua frieza, os comentários ferinos, o sarcasmo, o desprezo, a

zombaria, a indiferença, se não se mostrar de acordo com o que o agressor espera.

Para tentar enfrentar o medo e a vergonha de se deixar a bater por um

assédio, o funcionário procura desabafar com alguém do grupo, porém nem sempre

tem essa pessoa que ele possa confiar daí o funcionário procura o isolamento.

Como ele iria descrever ao outro um olhar carregado de ódio, uma violência que só

aparece em subentendidos ou sem silêncio, Mesmo que o grupo veja as agressões

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ele apenas se mostra perturbado e horrorizado. Em geral o grupo mantém a

distância não querendo se envolver em “problemas que não lhe pertence”, e como já

dissemos o assédio moral só é entendido quando o outro também passa pela

mesma situação

O desamparo surge quando não se consegue a ajuda dos colegas, quando há

uma ausência ou escassez de respaldo para o desempenho da atividade, na

desautorização de suas atividades. No período em que existe respeito no grupo,

mesmo que o serviço seja cansativo, tenha a carga horária exaustiva, se o

funcionário o faz com prazer, passa a não sofrer dano grave à sua saúde, agora

quando o ambiente se torna insuportável, há o isolamento e tudo se torna mais

doloroso.

Na tentativa de reverter a situação de violência e desamparo, o assediado

tende a mostrar-se sempre mais gentil, tem a ilusão que esse ódio poderia ser

dissolvido com amor e benevolências. E não obtém sucesso, pois quanto mais

generoso se é para com um perverso, mais se evidencia o quanto se é superior a ele

o que obviamente reativa a violência.

2.4-Humilhação: Danos à Saúde do Funcionário

A humilhação constitui um risco invisível, porém concreto nas relações de

trabalho e saúde, revelando uma das formas mais poderosa de violência sutil nas

relações organizacionais, sendo mais freqüentes com as mulheres e adoecidos,

como veremos abaixo. Essa prática se consolida invisivelmente perversas e

arrogantes dentro das relações autoritárias na organização

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Com tamanha agressão sofrida, na maior parte das vezes por gestores

autocráticos, o funcionário acaba por acarretar distúrbio na saúde, seja física ou

mental.

Devido a repetidas “doses” de humilhações, constrangimentos,

ridicularização, menosprezo, ofensas, difamações, deboches, fragilidade da

identidade, ociosidade imposta pelo assediador, inferiorioridade, culpabilidade,

indiferença, dentre outros já citados, essa degradação deliberada de condições de

trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação

aos subordinados, constituem uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos

práticos e emocionais para o trabalhador.

Sobre o período de humilhações, ao mesmo tempo em que é possível

perceber tentativas de buscar recursos para enfrentar as situações de desgaste,

embora se sentisse incapaz e/ou impossibilitado de reagir às agressões que lhes

eram destinadas nas situações de trabalho, o que implica sofrimento psíquico. Como

bem relatou a psicanálise, um afeto não traduzido em palavras pode persistir de

modo nocivo no psiquismo Caberia então pensar, com base nas premissas da

psicanálise que quando a reação é reprimida o afeto permanece vinculado à

lembrança. Uma ofensa revidada, mesmo que apenas com palavras, é recordada de

modo bem diferente de outra que teve de ser aceita. A linguagem também conhece

esta distinção, suas conseqüências mentais e físicas, de maneira bem característica,

ela descreve uma ofensa sofrida em silêncio como uma mortificação, um fazer

adoecer

Tudo começa como um simples mal-estar , o funcionário não sabe ao certo se

o que ele esta sentindo é apenas uma dor de cabeça, se as palpitações são

problemas de coração, ou algo parecido. Infelizmente os sintomas de assédio moral

já estão afetando sua saúde, física e mental e ele não se dá conta.

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O funcionário cerca-se da sensação de não mais pertencer ao grupo, gerado

pela insatisfação laboral que é causada pela tensão sofrida no trabalho,afetando

negativamente sua saúde através do surgimento de transtornos psicossomáticos

como, úlcera, crises cardíacas emagrecimento, dentre outras e o consumo de álcool

ou pssicofármacos.

Dentre os sintomas prejudiciais à saúde do funcionário os mais comuns são:

Ø Angústia, estresse, crises de competência, crises de choro, mal estar físico e

mental;

Ø Cansaço exagerado, falta de interesse pelo trabalho, irritação constante;

Ø Insônia, alterações do sono, pesadelos;

Ø Diminuição da capacidade de concentração e memorização;

Ø Isolamento, tristeza, redução da capacidade de ser relacionar com outras

pessoas e fazer amizades;

Ø Sensação negativa em relação ao futuro;

Ø Mudanças de comportamento, reprodução as condutas de violência moral;

Ø Aumento de peso ou emagrecimento exagerado, aumentoda pressão arterial,

problemas digestivos, tremores e palpitações;

Ø Redução da libido;

Ø Depressão;

Ø Sentimento de culpa e pensamentos suicidas;

Ø Aumento do consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas;

Ø Até chegar à tentativa de suicídio.

Conforme pesquisa realizada pelo BARRETO, M. no seu livro “Uma jornada de

humilhações”. São Paulo: Fapesp; Puc, 2000 foram entrevistados 870 homens e

mulheres vitimas de opressão no ambiente de trabalho, onde revela como cada

sexo reage a essa situação, em porcentagem.

Sintomas Mulheres Homens

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Crises de choro 100 -

Dores Generalizadas 80 80

Palpitações e Tremores 80 40

Sentimentos de inutilidade 72 40

Insônia ou sonolência excessiva 69,6 63,6

Depressão 60 70

Diminuição da Libido 60 15

Sede de Vingança 50 100

Aumento de pressão arterial 40 51,6

Dor de Cabeça 40 33,2

Distúrbios Digestivos 40 15

Tonturas 22,30 3,2

Pensamentos de Suicídio 16,2 100

Falta de Apetite 13,6 2,1

Falta de Ar 10 30

Começar a beber 5 63

Tentativa de Suicídio - 18,3

Diante de todas essas doenças, muitos funcionários continuam trabalhando,

mesmo sem condições psicológicas Freqüentemente os funcionários adoecidos são

responsabilizados pela queda da produção, acidentes de trabalho e doenças,

desqualificação profissional, e o desemprego. São atitudes como estas que reforçam

o medo individual ao mesmo tempo em que aumenta a submissão coletiva

construída e alicerçada do medo. Por medo passam a produzir acima de suas

forças, ocultando suas queixas e evitando, simultaneamente serem demitidos.

Essa mortificação relatada acima ou esse fazer adoecer, se assemelha a uma

forma de aniquilação do ego do funcionário, uma morte “em andamento”. Portando

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ao perceber esses sintomas na saúde, o funcionário deve de imediato procurar

ajuda, que pode ser com especialistas médicos ou mesmo na empresa quanto se

tem uma boa estrutura organizacional.

2.5- Como Buscar Ajuda Dentro da Empresa

Enquanto o funcionário está nas primeiras etapas do assédio moral, ele ainda

tenta por si só, reverter o quadro por meio de conversas, se ainda assim não

resolver, o que infelizmente acontece com mais freqüência, ele deve buscar ajuda

dentro da empresa, enquanto ainda está em condições de lutar. Freqüentemente o

assediado não pede ajuda aos departamentos competentes por medo. Medo de não

ser compreendido, medo de ser motivo de chacota entre várias pessoas, e o próprio

medo da demissão, essa muitas vezes mais atenuante ao funcionário, e em alguns

casos a agressão é tão forte e o profissional querendo mostrar sua competência, sua

qualificação, vai tentando suportar tudo isso e acaba chegando ao ponto de não

conseguir pedir ajuda, por já estar em um estágio avançado de depressão.

A busca pela ajuda nem sempre é fácil, neste trabalho acadêmico o que

enfatizamos é o assédio moral por parte dos gestores, muitas vezes o superior

imediato (gerente, coordenadores e supervisores), desta forma buscar ajuda no

mesmo departamento é quase impossível.

Em cada etapa da busca de ajuda dentro da empresa, o empregado pode sair

do processo de assédio se tiver a possibilidade de encontrar um interlocutor que

saiba ouvir. Mas se o processo se instalou é porque essa possibilidade não deu

certo.

È muito difícil o assediado encontrar um interlocutor, pois para muitos o

assédio moral não passa de uma falta de habilidade de trabalhar sobre pressão, ou

é dito que o funcionário não possui um bom relacionamento interpessoal. Se a fase

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de depressão ainda não chegou é justamente aí o momento de procurar

primeiramente o Diretor de Recursos Humanos, diz a psicanalista Marie France

Hirigoyen.

Acredito que esse tipo de transtorno poderia ser sanado com uma conversa

entre o Serviço Social da Empresa e os envolvidos, porém não são todas as

empresas que agem desta forma deixando a responsabilidade para o Diretor de

Recursos Humanos.

Se o diretor de Recursos Humanos não pôde ou não quis fazer nada, é o

momento de ir ao médico do trabalho. Este, em primeiro momento pode ajudar a

vitima a verbalizar melhor seu problema; depois com suas constatações no local de

trabalho e por ocasião da consulta médica pode conseguir que os funcionários e os

responsáveis tomem conhecimento das graves conseqüências das situações de

violência psicológica. Esse trabalho de mediação só pode acontecer de forma

positiva, se este profissional ocupar na empresa um cargo de confiança e conhecer

bem os protagonistas, o que muitas vezes não acontece.

Na maioria das vezes o médico do trabalho é contatado demasiado tarde por

um empregado psicologicamente desestabilizado, e pode apenas protegê-lo,

aconselhá-lo a buscar um médico e uma licença para tratamento de saúde.A posição

do médico do trabalho não é fácil, pois ele emite também certificados de aptidão que

podem gerar conseqüências para o funcionário, e por isso eles preferem se abster-

se da responsabilidade.

2.5.1 Qual a participação do assediado junto ao Departamento de

Recursos Humanos

No domínio profissional é preciso ser extremamente a fim de contrapor-se à

comunicação perversa. Será necessário antecipar às agressões, assegurando-se de

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que não haja qualquer ambigüidade nas instruções ou nas ordens recebidas,

fazendo com que sejam elucidadas as impressões e esclarecimentos dos pontos

duvidosos. Se as perguntas persistirem, o empregado deverá solicitar uma entrevista

para obter esclarecimentos. Se esta lhe for recusada, não deverá hesitar em exigir

esta entrevista através de carta registrada. Esta correspondência poderá servir de

prova da falta de diálogo em caso de conflito. É preferível passar por anormal

desconfiado, e até arriscar-se a ser qualificado de paranóico, que se deixar apanhar

em falta. E não é mau que, intervendo as coisas, a vítima inquiete seu agressor

fazendo-lhe ver que ora em diante, ele não mais deixará que a façam “de gato e

sapato”

Em casos de assédio moral, quando for a entrevista com o Diretor de

Recursos Humanos é necessário que se vá acompanhada de alguém que se tenha

total confiança e que saiba a priori que não vai deixar-se manipular.Para que esta

entrevista seja clara se faz necessário que o assediado leve anotações com

detalhes de todas as humilhações sofridas, se possível com dia, mês, ano, hora local

ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o

que mais se achar relevante.

Dar visibilidade, procurando colegas, principalmente daqueles que

testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor.Evitar conversar

com o agressor sem testemunhas, ir sempre com um colega de trabalho ou

representante sindical.Exigir por escrito, explicações do ato do agressor e

permanecer com cópia da carta enviada ao Departamento de Pessoal ou ao

Recursos Humanos e da eventual resposta do agressor. Se possível enviar uma

carta por correio, guardando o recibo.

O assediado deve ainda procurar seu sindicato e relatar o acontecido para

diretores e outras instâncias como, médicos, advogados, assim como Ministério

Publico, Justiça do Trabalho (Núcleos de Promoção de Igualdade e Oportunidade e

de Combate a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão que existem nas

Delegacias Regionais do Trabalho, Comissão dos Direitos Humanos e Comissão

Regional de Medicina, recorrer ao Centro de Referência em Saúde dos

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Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico, assistente social ou

psicólogo.

O assediado quando não consegue mais suportar tamanho constrangimento o

primeiro pensamento é assinar a carta de demissão, só que diante deste ato

impensável a vítima dar ao agressor uma vitória muita rápida, pois é isso que ele na

maioria das vezes quer. Se nesta altura isso é a salvação para o assediado, ele tem

que lutar para que sua saída se processe em condições corretas.

Enquanto as providências estam sendo tomadas é muito importante que o

assediado busque apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a

solidariedade são fundamentais para a recuperação da auto-estima, dignidade,

identidade e cidadania.

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CAPÍTULO III

3-Traumas e Doenças Psíquicas Ocasionada pelo Assédio Moral.

O trabalho requer um grande investimento afetivo, além de ter lugar de

destaque na vida das pessoas, pois é fonte de subsistência e de posição social. Por

isso as ameaças, o assédio sofrido faz com que o funcionário passe a conviver com

depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios

digestivos, e dores generalizadas, alteração da libido, angústia, insegurança,

desânimo, desespero, ansiedade e pensamentos ou tentativas de suicídio que

configuram um cotidiano sofrido, abalando os valores da pessoa.

É este sofrimento imposto e perverso nas relações de trabalho, que revelam o

adoecer, pois o que adoece as pessoas é viver uma vida que não desejam, não

escolhem e não suportam.

Diante do que se mostra abertamente como uma agressão que é o assédio

moral, uma ajuda psicológica muitas vezes e necessária, pois os assediados já

contrariam a depressão, a síndrome do pânico, os tremores e problemas

cardiovasculares, pelo excesso de pressão, humilhações e outras ações que já

foram mencionadas.

Pode-se dizer que há uma agressão psíquica quando um indivíduo é atingido

em sua dignidade pelo comportamento do outro.

O primeiro nível de intervenção dá-se em relação ao estresse, por meio de

técnicas de relaxamento, o paciente apreende a reduzir sua tensão psíquica, suas

perturbações de sono e sua ansiedade. Essa técnica é muito útil quando o

funcionário ainda está na empresa, ainda em condições de se defender.

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Neste processo de solicitar uma ajuda médica, quando já está afastado da

empresa, normalmente em auxílio doença, deve-se procurar por um médico de

confiança e especialista no assunto. Primeiro passo é procurar um psiquiatra, o que

muitos assediados não o fazem por medo de serem tachados de loucos, pois existe

um preconceito em relação a esse tipo de profissional, uma vez rompido essa

barreira o psiquiatra verá a melhor forma de tratá-lo, que pode ser por meios de

medicação e terapias na qual o assediado deverá ser submetido.

Existem vários tipos de novas terapias que podem seduzir por prometerem

uma cura mais rápida, mas cujo funcionamento se assemelha muito as de seitas De

qualquer forma nenhum método terapêutico sério pode evitar remeter o paciente

(assediado) de volta a si mesmo. O mais importante é pedir uma indicação, pode ser

ao psiquiatra de um a um psicoterapeuta de confiança e é por isso que o paciente

não deve hesitar em procurar por vários profissionais e tirar sua conclusão entre qual

será o melhor para ele, o qual ele se sentirá seguro e acolhido.

Os psicoterapeutas agem de forma a levar o assediado a desabafar, tentando

se desprender do tormento que viveu no ambiente de trabalho. Eles devem dar

provas de flexibilidade e inventar uma nova forma de trabalhar, mais benévola e

estimulante. As terapias comportamentais levam o paciente a aprender a bloquear

os pensamentos ou as imagens repetidas ligadas ao trauma, ou técnicas de

aquisição da capacidade de administrar as dificuldades do momento, o que seria no

caso da vítima de manipulações perversas, aprender a contra manipular.

O terapeuta pode ajudar o paciente a ultrapassar a vivência traumática

diminuindo seu sendo de responsabilidade em relação ao trauma, e a reconhecer e

suportar o mal-estar que acompanha as lembranças da violência e a admitir sua

própria impotência.

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Enquanto a pessoa não tiver saído do enredamento e controle, não será mais

cura psicanalítica típica, com tudo essa implica em frustração, que poderá ajudá-la.

Isso não faz mais que fazê-la cair em outra forma de controle.

3.1- Como Agir Diante do TEPT – Transtorno de Estresse Pós

Traumático

Essa agressão perversa de que tanto falamos causa seqüelas psicológicas e

desencadeia transtornos psiquiátricos em longo prazo

Quando se pensa em TEPT, eventos catastróficos e fora da experiência

cotidiana são lembrados. Mas existe um estresse pós-traumático pelo acúmulo de

humilhações e perseguições no local de trabalho. Esse TEPT crônico produz a

esquiva fóbica do trabalho, o desenvolvimento de transtorno depressivo e ansioso,

com prejuízos no desempenho pessoal e profissional.

O tratamento consiste em afastar o indivíduo do ambiente desencadeante do

trauma crônico, sugerindo mudança de setor ou até mesmo troca de emprego,

quando os sintomas ficam intoleráveis. O que precisamos pensar é o que leva um

chefe a destilar todo o seu sadismo, humilhando um colega de trabalho, para

satisfazer a seu prazer doentio? A natureza humana no que ela tem de mais

primitivo toma a forma de selvageria social, com a impossibilidade de resolver as

diferenças pessoais com civilidade e bom senso. Muitas pessoas em condição de

poder se transformam em tiranos e causam malefícios ao bom andamento do

trabalho, produzindo desavenças ao invés de sinergia, retrocesso ao invés de

crescimento. Esses chefes precisam de tratamento e não merecem o cargo que

ocupam.

A psicanalista Soraya HIssa conta que quando o individuo passa por uma

experiência traumática, há um acúmulo das reações comportamentais e emocionais

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da pessoa com os estímulos presentes (lugar, contexto, um tipo físico). Assim,

situações similares passarão a desencadear as mesmas reações que as pessoas

viveram naquele momento. Essas situações que relembram o trauma são marcadas

por intenso medo, impotência frente à situação, sentimento de desamparo ou

desespero.

Ainda sob o olhar da psicanalista Soraya observa-se nos quatros Transtorno

de Estresse Pós-Traumático a re-vivência, re-experiência do evento traumático

(sonhos, flashbacks, imagens, pensamentos), mantendo-se sempre em estado de

alerta, com dificuldade de concentração, sentimento de culpa, e evitação de

lugares, situações e até pessoas que se assemelhem ou simbolizem o evento.

“...Há um custo elevado para a interação social, o que

afeta diretamente o funcionamento da vida da pessoa.

As pessoas que desenvolveram o transtorno,

normalmente se isolam, evitam contatos sociais,

apresentam dificuldade no trabalho, muitas vezes

devido a sua dificuldade de concentração, problemas

comportamentais como depressão, transtorno de

pânico, transtorno obsessivo compulsivo, ansiedade

generalizada, dentre outros. A médica/psicanalista Drª

Soraya Hissa ressalta um prejuízo significativo na vida

das pessoas com TEPT.

Soraya Hissa afirma que a demora pela busca de um tratamento

especializado pode agravar o quatro do Transtorno de Estresse Pós-traumático e

aumentar a incidência de transtornos relacionados. “A terapia é muito indicada para

tratar o transtorno. Já o uso de medicamentos pode controlar a evolução do quatro,

mas, se a pessoa não se expuser a novas situações e quebrar o ‘trauma’ das

situações estressantes, ela pode continuar respondendo da mesma forma e

apresentando os mesmos comportamentos”, finaliza a médica e psicanalista.

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3.2- Recuperar e Voltar ao Trabalho

O retorno ao trabalho requer boas condições psicológicas do assediado. Será

neste momento que a decisão final será concedida pelo psiquiatra, seu

psicoterapeuta e o próprio funcionário. Normalmente o funcionário entra em licença

médica para se tratar, a fim de recuperar a energia que lhe permitirá defender-se.

O funcionário deve estar completamente preparado para seu retorno, pois

qualquer recaída isso pesará muito contra ele, pois o assediador poderá continuar

com as mesmas humilhações, justamente por ser uma pessoa perversa na qual fica

feliz em ver o sofrimento do outro, lhe ofendendo com expressões do tipo: ficou em

casa esse tempo todo e não resolveu nada, continua chorando por qualquer coisa,

não se concentra no que faz, e outras coisas mais....

Com a alta médica o funcionário que desejar voltar ao trabalho, deverá

aprender a lhe dar com as mesmas provocações, pois o agressor tentará de

qualquer forma ressaltar o erro do outro, por isso resistir é o melhor caminho,

evitando uma reincidência de conflito.

No momento do retorno é relevante que o funcionário seja indiferente,

tentando manter-se sempre uma boa relação com os colegas e o próprio assediador,

porém sem matizá-lo com ironias.

Outra opção se a empresa permitir seria trocar de Departamento, fazer uma

análise junto ao Recursos Humanos para um retorno sadio, inclusive fará o

funcionário esquecer com mais eficácia aqueles momentos nebulosos em que viveu

.Agora se a empresa não permitir, não reaja, entendemos que não é fácil,

principalmente para alguém que tenha sido escolhido para ser assediado. A vítima

deve sair de seus esquemas habituais, aprender a manter-se calma, a esperar o

momento propício. E ter a certeza que está com a razão e que mais cedo ou mais

tarde, conseguirá fazer-se ouvir, mesmo que seja em um Tribunal.

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3.3 – Justiça, Indenização é a Solução?

Muitos médicos relatam que o assédio moral no ambiente de trabalho é muito

comum, e quando já “recuperados” os funcionários na tentativa de obter o

sentimento de justiça cumprida, de esclarecer que isso acontece e fortalecer o

cumprimento de alguns códigos de ética, o assediado abre uma ação na justiça do

trabalho.

No Brasil, no entanto ainda não possui uma legislação específica para casos

de assédio moral, segundo pesquisas, atualmente há mais de 80 projetos de lei em

diferentes regiões Diversos projetos que visam combater a prática do assédio moral

no trabalho já foram aprovados e outros ainda encontram-se em tramitação.

No âmbito Federal existe a proposta de alteração do código penal, a fim de

incluir punições efetivas aos assediadores. Nas regiões que já existem

condenações, as penalidades previstas são: advertência, suspensão e até demissão

do assediador.

Já é possível pleitear a tutela dos direitos do trabalhador com base no dano

moral trabalhista e no direito de se ter um ambiente de trabalho saudável, garantidos

pela Constituição Federal

Em Resolução da Assembléia das Nações Unidas, em anexo aos princípios

fundamentais de justiça relativos à vítima de criminalidade e à vítima de abuso de

poder, onde eles entendem que vítimas são aquele indivíduo tenha sofrido algum

prejuízo, principalmente uma ofensa a sua integridade física e matéria, ou uma

injúria grave à seus direitos fundamentais, em virtude de atos ou omissões que não

constituem ainda uma violação da legislação penal nacional, mas representam

violações de normas internacionalmente reconhecidas em matéria de direitos

humanos.

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Os agressores temem os processos na justiça, porque poderiam revelar

publicamente a malignidade de sua conduta. Eles tentam calar a vítima por

intimidação, porém o assediado já está numa fase de deixar suas humilhações e

constrangimentos sofridos por conta da justiça. E para entrar com essa ação é

necessário que o assediado comprove o assédio sofrido, seja com bilhetes com

ofensas escritas pelo assediador, e-mail’s discriminando, testemunhas quando as

humilhações forem verbais, ou gravações, controle de ponto, só devem ser

envidadas quando a vítima efetivamente possui alguma substancialidade em termos

de provas a demonstrar os pontos relevantes do evento lesivo, como prejuízos em

termos financeiros (baixa no salário ao entrar em licença médica pelo INSS), os

medicamentos que foram necessários para sua recuperação. Cabe, portanto, ao

advogado analisar a hipótese e bem orientar seu cliente a respeito, contribuindo

desta forma para o desenvolvimento, consolidação e credibilidade do assédio moral,

como processo carreador de relevante potencial lesivo, não só ao trabalhador como

também em relação a toda sociedade.

Os danos sofridos pela vítima de assédio moral podem gerar perdas de

caráter material e moral, surgindo o direito a indenização. Em muitos casos a vítima

acaba por pedir demissão ou abandonando seu emprego, dificultando, assim a

estatística de casos de assédio moral no ambiente de trabalho.

As indenizações quando concedido o processo trabalhista, podem abranger

os danos emergenciais, como doença em função da agressão, tendo gastos com

medicação que possuem valores altos se comparando realidade da renda brasileira,

a queda de seu pagamento, uma vez que o cálculo do INSS não oferece

necessariamente o valor do salário do assediado. Além dessas descritas pode haver

a indenização por danos morais, relativos ao sofrimento psicológico que a vítima

suportou em virtude do assédio moral.

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CONCLUSÃO

O assédio moral é sempre o resultado de um conflito e que constitui uma

conduta grave, com reflexo no indivíduo e profundos transtornos nas relações de

trabalho, sendo causado muitas vezes por efeitos de reestruturação produtiva aos

modos da gestão, nada que justifique a conduta hostil e devastadora de quem está

assediando. E infelizmente o que vejo de mais grave nisso tudo é que,

diferentemente do que acontece com os riscos físicos e químicos de determinados

ambientes de trabalho, a pressão psicológica não é materializável. Portanto é

impossível medi-la, a não ser a partir de suas conseqüências sobre a mente e o

corpo de quem trabalha e está sendo assediado, onde muitas vezes o “estrago” já

foi instalado.

Pelo que pude perceber com esse estudo e pela minha vivência o assédio

moral é uma das mais perversas formas de violência, pois desencadeia sérias e

profundas conseqüências para o funcionário, que antes de qualquer coisa, é um ser

humano e para a sociedade. Como vimos uma das conseqüências de maior

relevância é o adoecimento. Além de traumas a vítima ainda terá que arcar com

altos custos de médicos, remédios e a um processo de readaptação ao trabalho,

trazendo-lhe uma diminuição de renda, além de prejuízos sociais. Esse que falamos

serem prejuízos sociais nos atinge de forma sutil, porém também devastadora,

muitas vezes as pessoas não sabem lidar bem com quem sofre e sofreu o assédio,

taxando-a de acomodado quando o individuo não tem ainda condições de voltar ao

trabalho.

Através de pesquisas pude perceber que esta agressão pode ser prevenida, e

até mesmo eliminada, a partir de mudanças no estilo de liderança exercida pela

direção da organização que permite um profissional, ou melhor, que um indivíduo aja

com tamanha crueldade sob o psicológico de um funcionário.

O assédio moral é, portanto, um atentado aos direitos humanos fundamentais

de qualquer trabalhador, pois abala fortemente sua saúde e sua dignidade,

ensejando transtornos que comprometem gravemente sua qualidade de vida.

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Esperamos agora que o assédio moral seja levado aos Tribunais de Justiça

como um delito, maltrato e ser recompensada a vítima, pelos danos que lhe foram

causados.

O que tentei propor neste estudo é que devemos nos conscientizar e divulgar

informações sobre a prática do assédio moral, levando informação às pessoas que

assim poderão dar os primeiros passos para lutar contra essa tortura invisível aos

olhos de muitos, porém dolorosa ao olhar de quem sofre ou sofreu tamanha

violência.

Após as pesquisas para elaboração deste trabalho pude constatar que o que

um assediado precisa fazer é resistir, não se deixar abater, conversar com amigos

na empresa e, sobretudo com a família quanto aos acontecimentos e tipos de

relacionamentos das chefias, fortalecer laços, o companheirismo, a boa amizade, a

sinceridade entre amigos, as relações afetivas que permitam haver confiança para

falar o que sente,ser solidário é fundamental. Ter a capacidade de sentir que uma

injustiça ou um ato arbitrário cometido contra um colega o afeta de alguma forma.

Isto é solidariedade que, no conjunto dos funcionários, propicia maior capacidade

para enfrentar situações adversas, visibilidade social, o isolamento e o silêncio são

ruins para você e para o conjunto dos colegas na organização. Se perceber que está

diante de uma situação de Assédio Moral, denuncie reclame. Coloque a “boca no

mundo” para evitar que a saúde física e mental e sua própria vida sejam

prejudicadas, anote situações vivenciadas do conjunto de situações e fatores que

levam ao assédio moral como já foram informadas neste estudo, ao perceber que há

algo semelhante ocorrendo procure anotar as diversas ocasiões em que acontece.

Compare um dia com o outro, anote as conversas ao chegar a casa. Reaja, proteja-

se contra essa forma de tortura no trabalho.

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BIBLIOGRAFIA

Barreto, Margarida Maria Silveira , Horta, Roberto Odilon e Tozini,

Abílio Valério. Assédio Moral – Acidente Invisível que Põe em risco a

Saúde e a Vida do Trabalhador. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Cartilha

SINDIPETRO RJ.

Hirigoyen, Marie France. Assédio Moral - A Violência Perversa do

Cotidiano. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010; tradução de

Maria Helena Kühner .

Silva, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas – O Psicopata Mora

ao Lado. Rio de Janeiro: Fontanar, 2008.

Vieira, Carlos Eduardo Carrusca. Assédio – Do Moral ao

Psicossocial – Desvendando os Enigmas da Organização do Trabalho.

Curitiba:Juruá, 2008.

HTTP://www.assediomoral.org

HTTP://www.fenajufe.org.br – Cartilha sobre Assédio Moral

HTTP://psicologia.org.br – Assédio Moral: Uma revisão desde a Perspectiva

Organizacional e Psicológica.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10 ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO 10

1.2- ASSÉDIO MORAL AÇÕES REINCIDENTES 12

1.3- QUEM SÃO OS ASSEDIADOS E COMO O AGRESSOR

ESCOLHE SUAS VÍTIMAS 14

1.4- QUEM SÃO OS AGRESSORES 16

1.5- CAUSAS QUE LEVAM O ASSEDIADOR A COMETÊ-LAS 21

1.6- PRÁTICAS ADOTADAS PELO ASSEDIADOR 22

CAPÍTULO II 25

2- CONSEQÜÊNCIAS CAUSADAS PELO ASSÉDIO MORAL 25

2.1- CONSEQÜÊNCIAS PARA A ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL 26

2.2- CONSEQÜÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL AO FUNCIONÁRIO 27

2.3- O MEDO, DESAMPARO E ISOLAMENTO 28

2.4-HUMILHAÇÃO: DANOS À SAÚDE DO FUNCIONÁRIO 29

2.5- COMO BUSCAR AJUDA DENTRO DA EMPRESA 33

2.5.1 QUAL A PARTICIPAÇÃO DO ASSEDIADO JUNTO AO

DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS 34

CAPÍTULO III

3.1 - TRAUMAS E DOENÇAS PSÍQUICAS OCASIONADA PELO ASSÉDIO MORAL 37

3.2- COMO AGIR DIANTE DO TEPT – TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS

TRAUMÁTICO 39

3.3- RECUPERAR E VOLTAR AO TRABALHO 41

3.4 – JUSTIÇA, INDENIZAÇÃO É A SOLUÇÃO? 42

CONCLUSÃO 44