ASSET LIABILITY MODELING (ALM): APLICAÇÃO EM OTIMIZAÇÃO DA ... · Em 1998, a Empresa X de...

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ASSET LIABILITY MODELING (ALM): APLICAÇÃO EM OTIMIZAÇÃO DA ALOCAÇÃO DE ATIVOS Jorge Festa Universidade Federal do Paraná Centro Politécnico – Curitiba PR [email protected] Anselmo Chaves Neto PPGMNE-DEST/UFPR [email protected] Isabella Andreczevski Chaves EESC/USP-UNIFAE-UNICURITIBA [email protected] Inácio Andruski Guimarães UTFPR/FESP iná[email protected] RESUMO A tarefa mais difícil para os administradores de um Fundo de Pensão, além da gestão de seus planos de Benefícios, é atingir uma meta atuarial. No caso da Empresa X a meta que vigora atualmente é o INPC da FIBGE, acrescido de juros de 6% ao ano. As técnicas de ASSET LIABILITY MODELING (ALM) – casamento do Ativo e Passivo - destinam-se a otimizar a alocação dos ativos nos Fundos de Pensão. Para os gestores, as técnicas de ALM constituem-se em um conjunto de ferramentas essencial para a gestão dos recursos confiados pelos participantes juntamente com as empresas patrocinadoras. As empresas têm no ALM um importante aliado na redução do risco de futuros problemas financeiros nas entidades patrocinadoras. O objetivo deste trabalho é estudar as técnicas de ASSET LIABILITY MODELING (ALM) no seu aspecto numérico computacional e empregá-las, na sua melhor forma, em uma empresa real. Resultados são apresentados. PALAVRAS CHAVE. Asset Liability Modeling. Fundos de Pensão. Ciências Atuariais. Área de classificação principal: AF – Aplicações à Economia e Finanças. ABSTRACT The most difficult task for the administrators of a pension fund, in addition to the management of their benefit plans, the goal is actuarial. In the case of Company X a goal that exists today is the INPC FIBGE, plus interest of 6% per year. Techniques of ASSET LIABILITY MODELING (ALM) - adding of assets and liabilities - are designed to optimize the allocation of assets in pension funds. For managers, the techniques of ALM is one set of tools essential for managing the resources entrusted by the participants along with the sponsors. Companies have an important ally in the ALM in reducing the risk of future financial problems in the sponsoring bodies. The objective of this work is to study the techniques of ASSET LIABILITY MODELING (ALM) in your numeric computational aspect and employ them in their best form in a real company. Results are presented. KEYWORDS. Asset Liability Modeling. Pension Funds. Actuarial Science. Main area: AF - Applications to Economics and Finance. XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 415

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ASSET LIABILITY MODELING (ALM):APLICAÇÃO EM OTIMIZAÇÃO DA ALOCAÇÃO DE ATIVOS

Jorge FestaUniversidade Federal do ParanáCentro Politécnico – Curitiba PR

[email protected]

Anselmo Chaves NetoPPGMNE-DEST/UFPR

[email protected]

Isabella Andreczevski ChavesEESC/USP-UNIFAE-UNICURITIBA

[email protected]

Inácio Andruski GuimarãesUTFPR/FESP

iná[email protected]

RESUMOA tarefa mais difícil para os administradores de um Fundo de Pensão, além da gestão de seus planos de Benefícios, é atingir uma meta atuarial. No caso da Empresa X a meta que vigora atualmente é o INPC da FIBGE, acrescido de juros de 6% ao ano. As técnicas de ASSET LIABILITY MODELING (ALM) – casamento do Ativo e Passivo - destinam-se a otimizar a alocação dos ativos nos Fundos de Pensão. Para os gestores, as técnicas de ALM constituem-se em um conjunto de ferramentas essencial para a gestão dos recursos confiados pelos participantes juntamente com as empresas patrocinadoras. As empresas têm no ALM um importante aliado na redução do risco de futuros problemas financeiros nas entidades patrocinadoras. O objetivo deste trabalho é estudar as técnicas de ASSET LIABILITY MODELING (ALM) no seu aspecto numérico computacional e empregá-las, na sua melhor forma, em uma empresa real. Resultados são apresentados.PALAVRAS CHAVE. Asset Liability Modeling. Fundos de Pensão. Ciências Atuariais. Área de classificação principal: AF – Aplicações à Economia e Finanças.

ABSTRACTThe most difficult task for the administrators of a pension fund, in addition to the management of their benefit plans, the goal is actuarial. In the case of Company X a goal that exists today is the INPC FIBGE, plus interest of 6% per year. Techniques of ASSET LIABILITY MODELING (ALM) - adding of assets and liabilities - are designed to optimize the allocation of assets in pension funds. For managers, the techniques of ALM is one set of tools essential for managing the resources entrusted by the participants along with the sponsors. Companies have an important ally in the ALM in reducing the risk of future financial problems in the sponsoring bodies. The objective of this work is to study the techniques of ASSET LIABILITY MODELING (ALM) in your numeric computational aspect and employ them in their best form in a real company. Results are presented.KEYWORDS. Asset Liability Modeling. Pension Funds. Actuarial Science.Main area: AF - Applications to Economics and Finance.

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1. Introdução Apesar de ser um assunto moderno e muito difundido atualmente na mídia, a previdência

complementar tem uma característica pouco discutida: a natureza dos riscos dos investimentos e o seu gerenciamento. Como não se pode ignorar a sua existência, criou-se a necessidade de desenvolver métodos e instrumentos teóricos dotados de grande potencial estatístico para serem empregados nos fundos de pensão visando mensurar os riscos inerentes à gestão de investimentos nos fundos. Algumas ferramentas, como o modelo de Markowitz (Fronteira Eficiente), os modelos de preço e cálculo das letras gregas para opções, o Valor no Risco (VAR), o “Stress Test”, o “Duration”, o “Down Side Risk” e o “Asset Liability Modeling” (ALM) já estão sendo empregadas com a finalidade de prever e minimizar o risco.

Um grave problema enfrentado pelos gestores dos fundos de pensão que operam planos do tipo BD (Benefício Definido) é a impossibilidade de se prever o comportamento do mercado financeiro e das hipóteses biométricas a médio e longo prazo. É comum o aparecimento dos indesejáveis déficits que acarretam, via de regra, a necessidade de obtenção de recursos extemporâneos, vindos das patrocinadoras e participantes, para que se possam honrar os benefícios ajustados no momento da contratação do plano.

Em 1998, a Empresa X de Previdência e Assistência Social implantou o que se chama de Plano de Contribuição Definida – CD, um tipo de plano que estabelece, não mais o benefício na época de sua contratação, mas sim a contribuição. Com essa medida, a Empresa X minimizou a questão do risco futuro, pois o benefício só será conhecido ao final da vida laborativa do participante e, no decorrer desse tempo, ao indivíduo é possibilitado acompanhar e fiscalizar os níveis de capitalização alcançados. Para os benefícios não programados, no entanto, pensão por morte e invalidez, o Fundo conservou a concepção de benefício definido. Ao buscar o conhecimento em relação ao futuro do passivo da instituição, por meio das técnicas oferecidas na metodologia ALM, pretende-se também estabelecer um cenário favorável para a implantação de outras ferramentas avançadas que determinem com segurança os riscos relacionados à gestão de investimentos do Fundo. A coesão entre as análises de riscos de ativo e passivo levará a uma performance administrativa mais segura e adequada por parte dos atuais e futuros gestores.

2. OBJETIVOS− Verificar a eficácia da implantação de novas ferramentas estatísticas para obtenção de uma

visão atuarial dentro da realidade possível.− Estudar as técnicas de Asset Liability Modeling – ALM. − Projetar o fluxo do passivo da Empresa X visando compor o quadro de risco atuarial pelo

período de cinqüenta anos. − Preparar o caminho, por meio da avaliação atuarial obtida, para que novas metodologias de

análise de riscos financeiros possam ser otimizadas pela gestão de investimentos da instituição.

3. JUSTIFICATIVA Nos últimos dez anos, diversos eventos afetaram o mercado financeiro ocasionando perdas nos ativos gerenciados pelas gestões de fundos de pensão. No sentido de resguardar as instituições de previdência dos riscos sistêmicos, torna-se indispensável à aplicação de ferramentas que abranjam aspectos econômicos, estatísticos e atuariais visando à projeção de um cenário do passivo atuarial num horizonte de planejamento para os próximos cinqüenta anos, em função de uma necessidade natural do envelhecimento da população coberta pelo Fundo Previdenciário, garantindo o pagamento dos benefícios enquanto devido, o que se fará num horizonte longínquo de tempo (50 anos).

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4. EVOLUÇÃO DO MODELO PREVIDENCIÁRIO NA EMPRESA X A Fundação X é uma entidade fechada de previdência privada que foi criada com o objetivo de oferecer aos empregados da empresa instituidora e única patrocinadora na origem, um plano de benefícios que garantisse assistência médica e complementação a aposentadoria oficial. Tal plano consistia em garantir ao aposentado uma remuneração melhor, somando-se o valor pago pelo INSS o valor complementar da Fundação. O cálculo levava em conta variáveis tais como: tempo de serviço, idade e tempo de filiação, além de haver limitação por teto de benefício estabelecido em regulamento.

Em 1990, a Fundação X instituiu o Plano Complementar de Benefícios Previdenciários, que, diferente do plano anterior (atualmente denominado Básico), não possuía limitação ou teto de benefício, ou seja, embora as variantes estivessem preservadas, o benefício complementar de aposentadoria poderia chegar a ser igual a simples diferença entre aposentadoria do INSS e salário de contribuição. Mas, em 1997 aos 25 anos de atividade, a instituição tornou-se multipatrocinada e, em 1998, implantou o Plano de Benefícios Previdenciários III, aqui chamado de Plano III. O Plano III tem a peculiar característica de ser uma combinação de plano de contribuição definida (CD) e plano de benefício definido (BD). Para os benefícios programados, a maioria é de contribuição definida, enquanto que para os benefícios de risco, o conceito correto é de que se trata de benefício definido. A base de cálculo de benefícios, portanto, é definida pelo tipo de plano ao que o beneficiário estava inscrito. O modelo previdenciário atual do Fundo é moderno e justo, mesmo assim, o risco atuarial especialmente vinculado à gestão de investimentos tem sido a preocupação da entidade, que hoje congrega em seu quadro de participantes ativos e inativos um total de 12.500 pessoas. O estudo de Risco Atuarial pode se tornar em um importante instrumento para garantir a solvência de seus compromissos futuros.

5. Análise AtuarialO objetivo fundamental da Ciência Atuarial é determinar a situação econômico-

financeira de um fundo de pensão face um horizonte de planejamento de 50 anos, avaliando a capacidade financeira do regime em cumprir com suas obrigações previdenciárias. Essas obrigações não são valores conhecidos e não tem data certa para pagamento, ou seja, possuem incertezas ligadas ao momento de ocorrência e ao valor do benefício. Incerteza, aqui, tem um significado igualmente dado à palavra risco, já que são conhecidas algumas informações sobre os eventos futuros que possibilitam calcular suas esperanças matemáticas e valores presentes atuariais. No estudo atuarial da Fundação X, foram analisados os fluxos prospectivos na forma da necessidade de financiamentos previdenciários, ou seja, a diferença entre as despesas e receitas previdenciárias em cada momento do tempo e, em um horizonte temporal de cinqüenta anos. A incerteza dos parâmetros faz com que seja necessário o uso de hipóteses, suposições sobre o comportamento futuro das variáveis que interferem no equilíbrio financeiro e atuarial do plano previdenciário. Nessa análise considerou-se:

AS BASES TÉCNICAS UTILIZADAS Bases econômico-financeiras

a) Taxa real de juros. b) Taxa real de crescimento salarial. c) Média do salário real de benefício atualizados pelo INPC da FIBGE. d) Fator de capacidade salarial e de benefícios.

Bases Biométricas

a) Mortalidade geral: AT-83. b) Mortalidade de inválidos: AT-49. c) Entrada em invalidez: LIGHT-Média. d) Mortalidade de ativos: obtida pelo método de Hamza a partir das 3 tábuas anteriores. e) Rotatividade: valor médio em torno de 2% ao ano, com base na experiência dos

últimos anos.

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f) Composição Familiar.

• Funções ou Símbolos de Comutação elementaresAs Funções ou Símbolos de Comutação são obtidos pela combinação de funções de tábuas de vida com funções de juros. Elas são usadas para calcular anuidades vitalícias e funções de seguro e são discutidas na metodologia que é empregada na instituição estudada.

• Anuidades vitalícias e segurosA tábua de múltiplos decrementosTábuas Atuariais

As tábuas atuariais são utilizadas para o cálculo das probabilidades de sobrevivência, de mortalidade e de entrada em invalidez por parte dos participantes do plano de previdência. Adiante é apresentado o gráfico da função densidade de probabilidade, para uma comparação entre as principais tábuas empregadas nos fundos de pensão. Pode-se observar que a CSO-58, com sobrevida média (expectativa completa de vida), de 68,30 anos, é uma tábua que não se aplica aos fundos de pensão, pois apresenta uma sobrevida muito baixa, enquanto a AT-49, a AT-83 e a AT-2000, apresentam uma sobrevida média de 73,17 anos, 78,69 anos e 82,21 anos, respectivamente. Podemos notar que as mesmas são mais conservadoras. Para uma maior duração dos benefícios que serão pagos durante a longevidade atingida pelos participantes, elas trazem uma maior segurança, nas hipóteses consideradas, porém acarretam um maior montante de recursos acumulados (saldo de conta), durante a atividade laborativa do participante.

Figura nº 1 Gráfico da Função Densidade de Probabilidade das Principais Tábuas de

Mortalidade

Função Densidade de Probabilidade

-

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113

Faixa Etária

probabilidade f(x)

AT 2000 - [ ë(x) = 82,21 ] AT 83 - [ ë(x) = 78,69 ] AT 49 - [ ë(x) = 73,17 ] CSO 58 - [ ë(x) = 68,3 ]

Na seqüência são apresentadas duas simulações. Referem-se a distintos períodos de acumulação e resgate de renda temporária. Principais variáveis envolvidas na simulação de pagamentos (resgates mensais), de um plano de benefício temporário, até a idade de 77 anos

Início Pagamento Início Recebimento Término Recebimento Pagamento Mensal Taxa de J uros Acumulado Resgate Mensal15 55 77 100,00R$ 6,00% 190.767,78R$ 1.285,23R$

Idade do Participante Valor

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Figura nº 2 Fluxo do Período de Acumulação e Resgate da Simulação 1Comparação entre as principais tábuas de mortalidade empregadas nos Fundos de PensãoTábua de Mortalidade CSO-58 AT-49 AT-83 AT-2000 BRASIL-2002Esperança de Vida 75 77 82 84 75Renda Vitalícia 1.247,51R$ 1.152,29R$ 1.067,31R$ 1.019,41R$ 1.204,50R$ Renda Temporária 1.349,29R$ 1.285,23R$ 1.171,50R$ 1.138,73R$ 1.349,29R$

Comparação entre as principais tábuas de mortalidade empregadas nos Fundos de Pensão

1.247

,51

1.152

,29

1.067,3

1

1.019,4

1 1.2

04,50

1.349

,29

1.285

,23

1.171

,50

1.138

,73

1.349,2

9

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

1.400,00

1.600,00

CSO-58 AT-49 AT-83 AT-2000 BRASIL-2002Tábuas de Mortalidade

Valo

r da

Rend

a em

R$

Renda Vitalícia Renda Temporária

Principais variáveis envolvidas na simulação de pagamentos (resgates mensais), de um plano de benefício temporário, até a idade de 77 anos

Início Pagamento Início Recebimento Término Recebimento Pagamento Mensal Taxa de J uros Acumulado Resgate Mensal30 55 77 100,00R$ 6,00% 67.628,90R$ 455,63R$

Idade do Participante Valor

Figura nº 3 Fluxo do Período de Acumulação e Resgate da Simulação 2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 100

Acumulação R$ 100,00

Resgate R$ 455,63

-

10.000,00

20.000,00

30.000,00

40.000,00

50.000,00

60.000,00

70.000,00

Rese

rvas

Mate

máti

cas

Idade do participante

Demonstrativo do Fluxo da fase de Acumulação e Resgate das Reservas Matemáticas

5

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 100

Acumulação R$ 100,00

Resgate R$ 1.285,23

-

20.000,00

40.000,00

60.000,00

80.000,00

100.000,00

120.000,00

140.000,00

160.000,00

180.000,00

200.000,00

Rese

rvas

Mate

máti

cas

Idade do participante

Demonstrativo do Fluxo da fase de Acumulação e Resgate das Reservas Matemáticas

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Comparação entre as principais tábuas de mortalidade empregadas nos Fundos de PensãoTábua de Mortalidade CSO-58 AT-49 AT-83 AT-2000 BRASIL-2002Esperança de Vida 75 77 82 84 75Renda Vitalícia 442,25R$ 408,50R$ 378,37R$ 361,39R$ 427,01R$ Renda Temporária 478,33R$ 455,63R$ 415,31R$ 403,69R$ 478,33R$

Comparação entre as principais tábuas de mortalidade empregadas nos Fundos de Pensão

442,2

5

408,5

0

378,3

7

361,3

9 42

7,01 47

8,33

455,63

415,31

403,6

9

478,3

3

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

CSO-58 AT-49 AT-83 AT-2000 BRASIL-2002Tábuas de Mortalidade

Valo

r da

Rend

a em

R$

Renda Vitalícia Renda Temporária

6. METODOLOGIA ADOTADAOs gestores da instituição tem necessidade de técnicas de apoio às decisões, com base em

métodos estatísticos, financeiros e atuariais empregados no gerenciamento de seus ativos e passivos. Entre várias experiências internacionais, a utilização de técnicas na projeção do fluxo do passivo em entidades financeiras, combinadas com ferramentas de ALM e análise criteriosa do passivo atuarial apresenta soluções com precisão e vem sendo implantadas no Brasil.

Figura nº 4 Arquitetura do Plano de Benefícios

Participante Ativo

Benefício Proporcional Diferido, Autopatrocínio, Portabilidade e Resgate

Entrada em Invalidez

Aposentadoria por Invalidez

Morte em Atividade Aposentadoria Programada

Pensão (Invalidez, Morte em Atividade,

Aposentadorias Normais)

Figura 5 - Principais Desdobramentos Previdenciários do Plano de Benefícios da Empresa X

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y αx ma i o

ωmap

ωmi

ω j

ω j

ω j

Nota:y - idade de entrada no sistemax - idade no momento da avaliaçãoα - idade da aposentadoria programadama - morte de ativomap - morte de aposentadoi - entrada em invalidezω - idade limite da tábua de mortalidade do participanteω j - idade limite da tábua de mortalidade para o pensionistao - opção pelos institutos (autopatrocínio, benefício proporcional diferido, portabilidade ou resgate)

Apo

sent

ador

ia

Pro

gram

ada

Pensão do aposentadoMor

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ntad

o

Mor

te d

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fase laborativa do participante

Pensão do aposentadoMor

te d

o A

pose

ntad

o

Aposentadoria por Invalidez

Pensão do ativo

Ent

rada

em

Inv

alid

ez

Inst

itut

os

Durante a fase laborativa do participante existe a possibilidade de ocorrência de quatro eventos estocásticos, como foi mostrado na figura 6, ou seja:

a) a morte do participante ativo (ma);b) a sua entrada em invalidez (i);c) a sua opção por um dos quatro institutos (o), o autopatrocínio, o benefício

proporcional diferido, a portabilidade, o resgate, ou;d) a sua entrada em aposentadoria programada.

7. ESTRUTURA DO BANCO DE DADOSO banco de dados utilizado para a elaboração das projeções do passivo atuarial é

composta por duas tabelas: Tabela de Ativos e Tabela de Inativos. E, o quadro I apresenta a posição mensal das bases técnicas relativa ao mês de maio de 2005, devidamente codificadas através das contas, de acordo com a Portaria MPS/SPC Nº. 78.

Quadro I - Posição das Bases Técnicas

Código Título Planos I e II Plano III2.2.0.0.00 Reservas Técnicas 3.253.506.799,49 657.181.069,83 2.2.1.0.00 Reservas Matemáticas 2.687.844.520,65 657.181.069,83 2.2.1.1.00 Benefícios Concedidos 1.954.686.225,07 63.138.415,10 2.2.1.1.01 Benefícios do Plano 1.954.686.225,07 63.138.415,10 2.2.1.1.02 Contribuições da Patrocinadora sobre os Benefícios - - 2.2.1.1.03 Outras Contribuições da Geração Atual - - 2.2.1.1.04 Outras Contribuições das Gerações Futuras - - 2.2.1.2.00 Benefícios a Conceder 733.158.295,58 594.042.654,73 2.2.1.2.01 Benefícios do Plano com a Geração Atual 737.165.478,16 691.392.348,18 2.2.1.2.02 Contribuição da Patrocinadora sobre os Benefícios da Geração Atual - - 2.2.1.2.03 Outras Contribuições da Geração Atual (4.007.182,58) (97.349.693,45) 2.2.1.2.04 Benefícios do Plano com as Gerações Futuras - - 2.2.1.2.05 Contr. da Patr. sobre os Benef. das Gerações Futuras - - 2.2.1.2.06 Outras Contribuições das Gerações Futuras - - 2.2.1.3.00 Reserva a Amortizar - - 2.2.1.3.01 Pelas Contribuições Especiais Vigentes - - 2.2.2.0.00 Superávit Técnico 565.662.278,84 - 2.2.2.1.00 Reserva de Contingência - - 2.2.2.2.00 Reserva para Ajustes do Plano 565.662.278,84 - 2.2.3.0.00 Déficit Técnico - -

jul / 2006Posição das Reservas Técnicas (consignadas de acordo com a portaria nº 78 de 30/11/94)

As tabelas 1, 2 e 3, a seguir, apresentam as projeções do passivo atuarial referentes aos Planos I e II, Plano III e Planos I, II e III, respectivamente, para os próximos cinqüenta anos, com base na situação atual dos participantes da Entidade. Utilizando-se das ferramentas de ALM, a equipe de Gestão Financeira da entidade poderá acompanhar o desempenho financeiro da instituição, permitindo corrigir possíveis distorções, visando o atendimento às necessidades projetadas.

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Tabela 1- Demonstrativo do Fluxo do Passivo projetado para os próximos 50 anos, através das hipóteses atuariais consideradas para os Planos I e II.

2.2.0.0.00 2.2.1.0.00 2.2.1.1.00 2.2.1.2.00 2.2.1.2.01 2.2.1.2.03 2.2.2.0.00

Mês/Ano Reservas Técnicas

Reservas Matemáticas

Benefícios Concedidos

Benefícios a Conceder

Benefícios do Plano com a

Geração Atual

Outras Contribuições da Geração Atual

Superávit Técnico

07 / 2006 3.253.506.799,49 2.687.844.520,65 1.954.686.225,07 733.158.295,58 737.165.478,16 (4.007.182,58) 565.662.278,84 07 / 2007 3.253.506.799,49 2.687.246.052,63 1.923.088.867,12 764.157.185,51 767.785.053,15 (3.627.867,64) 566.260.746,86 . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .

07 / 2054 3.253.506.799,49 137.858.974,49 5.374.322,30 132.484.652,19 132.538.101,94 (53.449,75) 3.115.647.825,00 07 / 2055 3.253.506.799,49 110.715.637,29 2.393.672,87 108.321.964,42 108.369.071,57 (47.107,15) 3.142.791.162,20

Fonte: Empresa X

Código da Contas Contábeis de acordo com a portaria nº 78 de 30/11/1994

Tabela 2-Demonstrativo do Fluxo do Passivo projetado para os próximos 50 anos, através das hipóteses atuariais consideradas para o Plano III

2.2.0.0.00 2.2.1.0.00 2.2.1.1.00 2.2.1.2.00 2.2.1.2.01 2.2.1.2.03 2.2.2.0.00

Mês/Ano Reservas Técnicas

Reservas Matemáticas

Benefícios Concedidos

Benefícios a Conceder

Benefícios do Plano com a

Geração Atual

Outras Contribuições da Geração Atual

Superávit Técnico

07 / 2006 657.181.069,83 657.181.069,83 63.138.415,10 594.042.654,73 691.392.348,18 (97.349.693,45) - 07 / 2007 657.181.069,83 657.181.069,83 62.313.243,97 594.867.825,86 687.041.116,70 (92.173.290,84) - . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .

07 / 2054 657.181.069,83 657.181.069,83 3.101.206,75 654.079.863,08 661.870.864,57 (7.791.001,49) - 07 / 2055 657.181.069,83 657.181.069,83 2.418.927,00 654.762.142,83 662.060.064,13 (7.297.921,30) -

Fonte: Empresa X

Código da Contas Contábeis de acordo com a portaria nº 78 de 30/11/1994

Tabela 3: Demonstrativo do Fluxo do Passivo projetado para os próximos 50 anos, através das hipóteses atuariais consideradas para os Planos I, II e III

2.2.0.0.00 2.2.1.0.00 2.2.1.1.00 2.2.1.2.00 2.2.1.2.01 2.2.1.2.03 2.2.2.0.00

Mês/Ano Reservas Técnicas

Reservas Matemáticas

Benefícios Concedidos

Benefícios a Conceder

Benefícios do Plano com a

Geração Atual

Outras Contribuições da Geração Atual

Superávit Técnico

07 / 2006 3.910.687.869,32 3.345.025.590,48 2.017.824.640,17 1.327.200.950,31 1.428.557.826,35 (101.356.876,04) 565.662.278,84 07 / 2007 3.910.687.869,32 3.344.427.122,46 1.985.402.111,09 1.359.025.011,37 1.454.826.169,85 (95.801.158,48) 566.260.746,86 . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . .

07 / 2054 3.910.687.869,32 795.040.044,32 8.475.529,05 786.564.515,27 794.408.966,51 (7.844.451,24) 3.115.647.825,00 07 / 2055 3.910.687.869,32 767.896.707,12 4.812.599,87 763.084.107,25 770.429.135,70 (7.345.028,45) 3.142.791.162,20

Fonte: Empresa X

Código da Contas Contábeis de acordo com a portaria nº 78 de 30/11/1994

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Figura nº 5 Gráfico do Fluxo do Passivo Atuarial dos Planos I e II Projetado para 50

anos

Fluxo do Passivo Atuarial Projetado para 50 anosPlanos I e II da Fundação Copel - AT83

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

2028

2029

2030

2031

2032

2033

2034

2035

2036

2037

2038

2039

2040

2041

2042

2043

2044

2045

2046

2047

2048

2049

2050

2051

2052

2053

2054

2055

Bilh

ões

ano

Valo

res e

m R

$

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

Bilh

ões

Valo

res e

m R

$

Reservas Matemáticas Benefícios Concedidos Benefícios a Conceder Superávit Técnico

Figura nº 6 Gráfico do Fluxo do Passivo Atuarial do Plano III Projetado para 50 anos

Fluxo do Passivo Atuarial Projetado para 50 anosPlano III da Fundação Copel - AT83

-

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

2028

2029

2030

2031

2032

2033

2034

2035

2036

2037

2038

2039

2040

2041

2042

2043

2044

2045

2046

2047

2048

2049

2050

2051

2052

2053

2054

2055

Bilh

ões

ano

Valo

res e

m R

$

-

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

Bilh

ões

Valo

res

em R

$

Reservas Matemáticas Benefícios Concedidos Benefícios a Conceder Superávit Técnico

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Figura nº 7 Gráfico do Fluxo do Passivo Atuarial dos Planos I, II e III Projetado para

50 anos

Fluxo do Passivo Atuarial Projetado para 50 anosPlanos I, II e III da Fundação Copel - AT83

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

2028

2029

2030

2031

2032

2033

2034

2035

2036

2037

2038

2039

2040

2041

2042

2043

2044

2045

2046

2047

2048

2049

2050

2051

2052

2053

2054

2055

Bilh

ões

ano

Valo

res

em R

$

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

Bilh

ões

Valo

res e

m R

$

Reservas Matemáticas Benefícios Concedidos Benefícios a Conceder Superávit Técnico

Os gráficos ilustrativos constantes nas figuras 6, 7 e 8, demonstram as tendências do passivo atuarial para os próximos cinqüenta anos. O gráfico da figura 8, que contempla a totalização dos Planos Previdenciários I, II e III, demonstra que, para os participantes assistidos, com a média atual de cinqüenta e cinco anos de idade, os valores das reservas de benefícios concedidos apresentam um decaimento de forma exponencial, enquanto que para os benefícios a conceder, onde os participantes ativos estão com vida média de 40 anos, ainda haverá um crescimento das reservas para os próximos 15 anos e, após esse tempo, apresentará um decaimento como no caso anterior.

8. CONSIDERAÇÕES Os gestores dos Fundos de Pensão devem estar atentos para todos os riscos que possam comprometer a realização dos objetivos da entidade, portanto, os riscos devem ser continuamente identificados, avaliados, controlados e monitorados. O estudo ALM deve ser utilizado como mais uma ferramenta para definir a estratégia de investimentos além de possibilitar a mensuração ou quantificação da tolerância a risco do plano previdenciário. Os riscos deverão ser identificados por tipo de exposição e avaliados quanto à probabilidade de incidência e ao impacto nos objetivos e metas traçados. Os riscos identificados devem ser avaliados observando-se os princípios de conservadorismo e prudência, sendo recomendável que as prováveis perdas sejam provisionadas, antes de efetivamente configuradas. O sistema de controles internos deve ser continuamente reavaliado e aprimorado pela entidade, com a adoção de procedimentos adequados para identificar os riscos mais relevantes que possam ter influência nos processos de seus diferentes departamentos ou áreas. Também é importante que a entidade adote regras e procedimentos voltados e prevenir a sua utilização intencional ou não, para fins ilícitos, por parceiros de negócios, dirigentes, empregados, participantes e assistidos.As deficiências de controles internos sejam elas identificadas pelas próprias áreas, pela auditoria ou por qualquer outra instancia de controle, devem ser reportadas em tempo hábil ao nível gerencial adequado, e tratadas prontamente.

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9. CONCLUSÃO Um dos desafios para as gestões dos Fundos de Pensão é o controle de risco. De modo que os gestores deverão utilizar-se de mecanismos que eliminem ou minimizem a probabilidade de que ameaças se concretizem em perdas efetivas. Essas ameaças podem se manifestar das seguintes formas: Risco de Liquidação – possibilidade de não poder garantir os benefícios futuros; Risco de Crédito – é a probabilidade de não cumprir com suas obrigações; Risco de Mercado ou de liquidez e finalmente o Risco operacional ou a falta de consistência nas informações, que deverão estar preconizados na política de investimentos das instituições. A falta de controle do risco atuarial conduz à incerteza na definição de cenários, bem como pode permitir a utilização de hipóteses, premissas e métodos, que não estejam adequados e aderentes à realidade do plano de benefícios e à massa de participantes, como: regimes financeiros, capitalização, tábuas de mortalidade, tábuas de entrada em invalidez e de inválidos, taxa de juros, crescimento salarial, rotatividade, inflação, plano de custeio, etc. Diante deste quadro, o estudo das ferramentas de ALM, que apresentam resultados muito eficientes do ponto de vista de se prever as situações em que, nos próximos cinqüenta anos, a Entidade deverá, em sua trajetória, estar preocupada com a aplicação de seus recursos para oferecer aos seus participantes a tranqüilidade de receber os benefícios que foram oferecidos à época da contratação. Isto só foi possível devido ao desenvolvimento de técnicas computacionais intensivas, que puderam prever a trajetória pretendida.A projeção do fluxo do passivo da Empresa X permite à entidade utilizar-se de informações realistas, norteando a política de investimentos de maneira mais sólida e segura, dentro dos princípios de conservadorismo e prudência. Sugere-se que, com os resultados obtidos, muitos conhecimentos e experiências puderam ser obtidas, no sentido de que, para que novas metodologias de análise de riscos financeiros possam ser otimizadas pela gestão de investimentos da instituição. Pela análise dos resultados apresentados, torna-se evidente que, nos Planos I e II – planos de Benefício Definido – o saldamento ocorrido em 1998, com reflexo no deferimento dos benefícios a conceder, ainda será sentido nos próximos 15 anos, quando então, ocorrerá um decaimento exponencial das reservas. Já no Plano III – plano de Contribuição Definida – um plano para o qual os empregados e as patrocinadoras contribuem mensalmente com uma determinada quantia, que é contabilizada em uma conta individual, juntamente com os rendimentos das aplicações financeiras, não terão influencia, pois o saldo acumulado até a data de aposentadoria é transformado em benefício de renda mensal vitalícia. A totalização dos Planos Previdenciários I, II e III, demonstra que para os participantes assistidos, com a média atual de cinqüenta e cinco anos de idade, os valores das reservas de benefícios concedidos apresentam um decaimento de forma exponencial, enquanto que para os benefícios a conceder, onde os participantes ativos estão com vida média de 40 anos, ainda haverá um crescimento das reservas para os próximos 15 anos e após esse tempo, apresentará um decaimento como no caso anterior. É primordial a avaliação sistemática do passivo dos planos e manter as premissas atuariais ajustadas. A elevação da expectativa de vida dos participantes, a questão da rentabilidade dos investimentos e o crescimento da massa salarial são variáveis fundamentais que poderão ocasionar alguma diferença entre os recursos do fundo e a projeção de pagamentos futuros, que deverão ser analisadas freqüentemente através das ferramentas aqui desenvolvidas através das ferramentas computacionais, que poderão ser modeladas conforme as premissas que podem ser introduzidas “inputs” no sistema, que já está preparado para atender a estes recursos adicionais. Segundo dados da FIBGE, em 2003, a esperança de vida estimada ao nascer no Brasil, para ambos os sexos, subiu para 71,3 anos. Foi um aumento de 0,8 anos em relação a 2000 (70,5 anos). Mas o patamar desse indicador poderia ser superior em 2 e 3 anos, não fosse o efeito das mortes prematuras de jovens por violência. O Brasil, por algum tempo experimentou declínios nas taxas de mortalidade em todas as idades. Mas, a partir de meados dos anos 1980, as mortes

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associadas às causas externas (violência) passaram ter um papel de destaque, desfavorável, sobre a estrutura por idade das taxas de mortalidade, particularmente dos adultos jovens do sexo masculino. Entre 1980 e 2003 a esperança de vida ao nascer, no Brasil, elevou-se em 8,8 anos: mais 7,9 anos para os homens e mais 9,5 anos para as mulheres. Diante deste cenário há de se destacar a importância deste trabalho realizado em fundo de pensão da região sul do Brasil, que poderá empregar futuramente outras premissas com relação a aspectos demográficos no que se refere à estrutura por idade das taxas de mortalidade através de técnicas de ALM.

Encomendar e executar um estudo de ALM é assunto muito delicado. Primeiramente, quem encomenda um estudo desse deve estar ciente do que o estudo pode e o que ele não pode fazer. O estudo deve ser usado como mais uma ferramenta para a estratégia de investimentos e mensuração, ou quantificação, da tolerância a risco do Plano.

O ALM é uma poderosa ferramenta de auxílio na decisão estratégica de como investir recursos nas entidades. Mas se algum detalhe importante for omitido ou se as limitações do modelo escolhido não forem amplamente avaliadas e aceitas, o seu resultado pode ser danoso.

10. REFERÊNCIAS Bakuzis, K. F., Modelo de Projeção de Longo Prazo do Regime Geral de Previdência Social. 2002. Monografia (Especialização em Métodos Quantitativos Aplicados à Gestão e Suporte Empresarial) – Universidade de Brasília, Brasília.Bicudo, P., Simulações da Previdência Social Brasileira: o estudo de caso do RJU. 2000. Dissertação (Mestrado em Economia do Setor Público) – Universidade de Brasília, Brasília.Fabozzi Jr., F.J Konishi, A Handbook of Asset/Liability Management, McGraw-Hill 1995.Glasserman, P. Monte Carlo Methods In Fiancial Engineering, Spriger Verlag, NY, 2003.Holton, G. A., Value At Risk, Theory And Practice, Academic Press, 2003.Hull, J., Introdução Aos Mercados Futuros E Opções, Bolsa De Mercadorias & Futuros, Cultura Editores Associados, 1996.Iyer, S., Matemática Atuarial De Sistemas De Previdência Social. Brasília: Mpas, 2002. 182 P.Jackson, M. Staunton, M. Advanced Modelling In Finance Usig Excel And Vba, John Wiley & Sons, Ltd, 2003.Jarrow, R. Deventer. D. R., Asset Liability Management. A Synthesis Of New Methodologies, Risk Books, The Kamakura Corporation, 2004.Jorion, Philippe, Value At Risk A Nova Fonte De Referencia Para O Controle Do Risco De Mercado Bolsa De Mercadorias & Futuros, 1998. Josa-Fombellida, R. Et Al. Optimal Risk Management In Defined Benefit Stochastic Pension Funds. Insurance: Mathematics And Economics, 34 (2004) 489-503.Klaassen, P. Discretized Reality And Spurious Profits In Sthocastic Programming Models For Asset/Liability Management. European Journal Of Operational Research, 101 (1977) 374-392.Marco, Z. D. Tratamento Previdenciário Diferenciado Entre Gêneros. Projeto De Monografia (Mba Em Previdência E Fundos De Pensão) – Fundação Getúlio Vargas, Núcleo Brasília – Df. Mascarenhas, R. A. C. Oliveira, A. M. R. Caetano, M. A. R. Análise Atuarial Da Reforma Da Previdência Do Funcionalismo Público Da União – Brasília: Mps, 2004. 83p.Montello, J.R.S., Notas Técnicas Atuariais Da Empresa X De Prev. e Assist. Social – Rj, 2005.Moynihan, G. P. Et Al. Dssalm: A Decision Support System For Asset And Liability Management. Decision Support Systems, 33 (2002) 23-38.Mulvey J. Et Al. Generating Scenarios For Global Financial Planning Systems. International Journal Of Forecasting, 14 (1998) 291-298.Oguzsoy, C B & Güven S Bank Asset And Liability Management Under Uncetainty. European

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