Assim Como a Corsa

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Enquanto nosso relacionamento com Deus não se tornar perfeito, nossa alma vive em profunda sequidão. Nada substitui no homem a doce presença de seu Criador!

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Mrcio Rodrigues

AssimA Presena de Deus no somente importante para a sade da alma; Ela constitui-se a grande necessidade do homem interior.

Como~1~

A CorsaMrcio Rodrigues

Mrcio Rodrigues

Assim Como

A CorsaBiblioteca~2~

Copyright 2011 Por Mrcio Oliveira Rodrigues

Todos os direitos reservados ao autor. proibida a reproduo total ou parcial sem a expressa autorizao. Permitida a transcrio em parte desde que citada a fonte.

Titulo: Assim como a Corsa

Projeto Grfico: Kosher Biblioteca Contatos com o Autor: E-mail: [email protected] (71) 9605-4563 8229-5039 9170-7444 8779-6128 (12) 8807-6859 Ilustrao da capa e contracapa: Parque de Doana

~3~

ssim como a corsa bramindo pelas guas correntes, assim suspira a minha alma por ti, Deus! minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lgrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde est o teu Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multido; fui com eles casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multido que festejava. Por que ests abatida, minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvao da sua presena. meu Deus, dentro de mim a minha alma est abatida; portanto, lembro-me de ti desde a terra do Jordo, e desde o Hermom, desde o pequeno monte. Um abismo chama outro abismo, ao rudo das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas tm passado sobre mim. Contudo, o Senhor mandar de dia a sua misericrdia, e de noite a sua cano estar comigo: a orao ao Deus da minha vida. Direi a Deus, a minha Rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que ando angustiado por causa da opresso do inimigo? Como com ferida mortal em meus ossos, me afrontam os meus adversrios, quando todo o dia me dizem: Onde est o teu Deus? Por que ests abatida, minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei. Ele a salvao da minha face e o meu Deus.

A

(Masquil da estirpe de Corh)

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Ao Senhor; Do Senhor; Para o Senhor que tanto me amou!

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Sumrio

A Poesia Hebraica

A Corsa e a Alma

Deus no est escondido

Como ser cheio do Esprito Santo?

Voc se esqueceu de convidar Jesus

Onde est Deus?

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1A Poesia HebraicaMasquil da estirpe de Corh

Achei conveniente comear

este captulo dando ao leitor uma sinopse da razo de sua existncia: Procurei pautar este livro no campo da necessidade que a alma tem de manter um relacionamento perfeito com Deus. Essencialmente, devoto-me a instruir meus leitores sobre perguntas inusitadas intrinsecamente relacionadas comunho com o Criador. Essas perguntas, na maioria das vezes, me tiram o sono ou mesmo o apetite. Lembro de ouvir um intelectual afirmar que Deus est ausente de sua criao. Fiquei pensando se h possibilidade de ~7~

ausentarmos um Ser que est presente por natureza em todos os lugares a um s tempo?! Ele mesmo ps na alma do homem a prova mais concreta de sua existncia. Sendo a doce e cndida Presena do Criador a clula me deste livro, o leitor perceber que este captulo mantm certa distancia do assunto. Contudo, tambm se certificar da necessidade de conhecer, ainda que superficial, os segredos da poesia hebraica, j que o titulo do livro est fundamentado em um dos saltrios (Salmo 42:1a). Esse autor de pleno acordo que no se pode entender a profundidade dos textos sagrados distante da cultura dos judeus. Alm de nossa dependncia da orientao do Esprito Santo, precisamos tambm estar informado sobre os costumes e tradies do povo hebreu. Um insigne exemplo encontrado no Salmo 22. Davi ao iniciar seu poema diz: Deus meu, Deus meu; por que me desamparastes? Um psiclogo se convenceria que o crtex cerebelo do rei de Israel estava recebendo mensagens de abandono. Isto ; Davi se decepcionou com Deus. Deus abandonou o rei quando mais este precisou de seus socorros! Permita-me a sinceridade; um leitor mal informado tambm estaria pensando de igual forma. Se no, considerando que o poema uma profecia relacionada ao Messias, diria que Deus deu as costas quando seu Filho sofria no lenho romano! ~8~

Mas, um investigador sorvido de cautela no seguiria a mesma senda. Consideraria, ao menos, esses fatos: no existe ensino bblico para afirmar que Deus abandona as pessoas que confiam nele quando estas recorrem aos seus auxlios. O mesmo Davi ponderou em seus derradeiros dias que nunca havia visto um justo desamparado. Os filhos de Corah, tambm argumentaram que Deus socorro bem presente na hora da angustia (Sl. 46:1). Convicto que essas interpretaes so insinuaes sem fundamentos, continuaria investigando at chegar elucidao do caso. Na verdade, parece at incongruente, mas a frase no tem qualquer relao com abandono. Pelo contrrio, era a mais singela afirmao de que Deus estava presente! Entre os judeus, esse tipo de lamentao potica era usado para afirmar que tudo o que estava ocorrendo tinha o propsito de Deus. Subentende-se que, no ato da crucificao, ou os judeus no a entendeu pelo fato de Jesus t-la pronunciado em aramaico ou no quiseram aceitar que a crucificao era um propsito de Deus. O leitor deve de estar pensando: quantas vezes ouvir, e por boca de mestres, que Deus deu as costas para seu Filho quando ele estava na cruz! Nosso erro acreditar no que nos dizem sem, contudo examinar o que ouvimos. Mas, sem querer narcotizar o leitor, antes com pretenses lcidas da necessidade de conhecermos os costumes hebreus, permita-me dar outro exemplo que tambm considero insigne. ~9~

Este, contudo no tem relao com a poesia, mas vai dar mais luz ao entendimento dos textos que falam sobre lamentaes e prantos entre os judeus. No evangelho histrico de So Lucas lemos que, quando Jesus carregava a haste horizontal da cruz a caminho do calvrio, algumas mulheres lamentavam a cena golpeando os seios (Lc. 23:27). Chorar a morte de um indivduo entre os judeus era trabalho tanto das carpideiras 1quanto dos entes queridos, no entanto o choro s ocorria no ato do sepultamento (Jo. 20:11), o que no o caso de Lucas 23:27. Jesus ainda haveria de ser crucificado para depois ser posto no tumulo por Jos de Arimatia e Nicodemos (Jo. 19:38-42). O que ocorre no quadro pintado por Lucas uma linguagem corporal: golpear os mamilos era a forma que as mes hebrias usavam para demonstrar suas condolncias para com a me do indivduo que estava sendo torturado. Uma espcie de empatia! mesmo muito mistrio por trs de cada gesto entre os personagens bblicos. Na verdade, a cultura hebria tem seus segredos que s podem ser desvendado quando a cortina de seus costumes aberta. Mas, avante aos segredos da poesia hebraica.

A Poesia Hebraica

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- Mulheres que eram contratadas para prantear o luto de algum.

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A alegria est lingisticamente ligada msica. Seu termo deriva do espanhol alegre. Os italianos usam tambm o termo para denominar movimento musical. Destarte uma pessoa alegre se assemelhar a uma boa msica. Na poesia hebraica, os poetas hebreus sabiam muito bem fundir seus versos a consonncia de seus instrumentos. Davi, o mais fabuloso na arte de salmodiar, h indcios histricos de que a maioria de suas composies poticas foi entoada ao som do kinnor. Este instrumento era freqentemente usado pelos cantores hebreus. Segundo o depoimento do autor do Gnesis, Jubal, homem da estirpe de Caim, foi o engenhoso inventor deste instrumento de cordas (Gn. 4:21). Embora textualmente no reze qualquer duvida de que Davi no foi o inventor do saltrio, contudo Ams sugere ter sido o rei de Israel um lutier quando diz: ... cantais ao som do alade e inventais para vs instrumentos msicos, como Davi... 2 De fato, Davi enobreceu muito a poesia hebria, e o labor que teve na construo de seu saltrio verossmil do amor que nutria pela poesia. O salmo 23, um de seus belos poemas, um entre os dez maiores poemas de todos os tempos segundo o historiador Will Durant. Davi, segundo o j citado autor, um2

- Ams 6:5

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dos dez maiores poetas de todas as eras. H mesmo os que dizem que Homero, poeta grego, levou a poesia dos homens aos deuses gregos, de Davi devo dizer que este trouxe poesia de Deus as almas dos homens. Mas, a galinha veio antes do ovo: a arte da poesia entre os hebreus tem sua gnese sculos antes da existncia do rei de Israel. No xodo, supostamente ocorrido em 1445 a.C, Moiss infla o peito e canta ao Senhor diante dos hebreus: O Senhor a minha fora e o meu cntico... O legislador hebreu parece ser mesmo a origem da valorizao da poesia pela descendncia de Abrao. Sua habilidade visivelmente exposta no salmo mais antigo da Bblia.3 O livro dos Salmos a mais perfeita exposio da poesia hebraica. nele que temos exemplo da mistura da msica com a poesia entre os hebreus. Os hebreus viam na msica a maneira mais perfeita de expressar suas emoes e devoo a Deus. Por conta dessa associao da msica com a poesia, Davi estabeleceu duzentos e oitenta e oito msicos para entoarem os salmos no Templo. O desenvolvimento da msica entre eles se tornou notrio at para seus opressores (Sl. 137). Algumas antfonas dos salmos eram usadas para caracterizar o estado lrico do poeta. Outras denotavam cnticos de peregrinaes. Ainda somam algumas que serviam para estabelecer a espcie de instrumento que deveria ser usado3

- Salmo 90, supostamente composto em 1405 a.C..

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quando o cntico estivesse sendo entoado. No salmo 24 ocorre o termo mizmr; este servia para identificar um poema que deveria ser acompanhado por instrumentos de cordas. O salmo 145 vem acompanhado do termo shir, isto ; cntico. Essa espcie de poema no exigia um acompanhamento musical. Outros quinzes salmos dos vinte e sete que levam esse termo, shir acompanhado de hammaaloth ou cnticos de subidas. Esses poemas eram entoados pelas tribos no seu trajeto a Jerusalm ou na escadaria do Santo Templo. Os hebreus foram muito prendados na arte de aperfeioar e criar instrumentos musicais. Comumente usavam o saltrio4, a harpa, o alade, a trombeta, o tamboril, o shofar e os cimbalos. Seus instrumentos, ainda que primitivos em sua confeco, contudo emitiam um som agradvel e harmnico. O salmo 56 tomado do termo miktm. O vocbulo era usado para identificar um poema expiatrio. No salmo 42, o termo para caracterizar o poema da estirpe de Corah maskil. O vocbulo denotava um poema contemplativo ou didtico. Esse tipo de salmo era tido como poema doutrinrio, sendo obrigatrio se observ-lo em todo o tempo. Dois outros termos tm sido s vezes tidos como incognoscveis. Quando no, as opinies se dividem em torno deles. O primeiro sel. A interpretao mais coerente a que4

- O titulo de Salmos em hebraico Tehillim (Cnticos de Louvor); a verso grega traduz por Psalmoi (Cnticos a serem acompanhados por instrumentos de msica). O Codex Alexandrino traz saltrio.

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afirma se tratar de um interldio, isso ; pausa musical. Quando isto ocorria, os cantores silenciavam deixando somente os instrumentos falarem. O segundo Amm. Ns cristos aprendemos que o tremo significa assim seja, no entanto uma linha do judasmo diz que o termo est associado a uma prece feita ao Senhor. O judasmo no considera em sua exegese apenas a palavra em si, mas os nomes das letras usadas na formao da mesma. No caso do termo Amm, as letras hebraicas so Aleph, Mem e Num. Depois de tomado os nomes das letras, elas so associadas a expresses honorveis: Aleph assume o significado de Adonay; Mem passa a ser Melek e Num responde por Neemam. Os judeus acreditam que o alfabeto hebreu sagrado e suas letras esto ligadas a expresses de louvores a Deus. Nessa interpretao do judasmo Amm significa: Senhor (Aleph, Adonay); Rei (Mem, Melek); Confivel (Num, Ne emam). 5 At aqui suficiente para o leitor entender os ditames da poesia hebraica. Seus diletos poetas sabiam que Deus ama manifestar sua doce Presena num ambiente intrinsecamente possuda por clamores que vem da alma. Seus estilos lricos falavam do que s Deus sonda: A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!

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- Senhor, Rei Confivel.

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2A Corsa e a AlmaAssim como a corsa bramindo pelas guas correntes, assim suspira a minha alma por ti, Deus!

Os animais possuem caractersticas que ainda soexticas aos pesquisadores. Na Bblia, tanto Deus como alguns de seus escritores, fizeram usos da figura animal para advertir as futilidades no comportamento do povo. Em Provrbios 6:6 o Filho do rei Davi observa a formiga trabalhando para chamar a ateno dos ociosos. Deus confessa ao profeta Isaias que o boi e o jumento esto se comportando melhor que seu povo. Na ~ 15 ~

verdade, o Senhor estava irado com a ignorncia de Israel. Veja o que Ele sussurra ao profeta: O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, a manjedoura do seu dono, mas Israel no tem conhecimento, o meu povo no entende (Is. 1:3) O mundo animal tem mesmo muito que nos instruir. Os morcegos so cegos, mas tem uma audio capaz de captar o eco de um mosquito no meio de rudos duas mil vezes mais fortes. Sua audio cem mil vezes mais eficiente que qualquer radar construdo pelo homem. A apicultura caracteriza a abelha como o ser que mais vive em unio. Elas sempre trabalham unidas. A colmia sempre um lugar de plena unio. O pombocorreio capaz de cruzar oceanos sem perder seu destino. O instinto pelo qual guiado ainda um grande mistrio. Enquanto a formiga ensina o homem a no ser preguioso, o boi e o jumento a conhecer seu Criador, o morcego a ter uma audio capaz de ouvir Deus mesmo no meio de uma grande tempestade, as abelhas a viver em unio, o pombo-correio a nunca perder o alvo, a corsa usada para ilustrar os gemidos da alma. Sem querer ofuscar aos outros animais, a corsa serviu para inspirao e caracterizao de canes para poetas hebreus. Comedidamente, estudiosos acreditam que o comportamento desse animal servia como paradigma para manifestao de ~ 16 ~

emoes e vicissitudes humanas entre os hebreus. Na antfona do salmo 22 a figura da corsa usada para ilustrar sofrimento. A corsa um animal da famlia dos cervdeos. Sua gestao leva em torno de trezentos dias. Naturalmente, concebe um filhote apenas; s vezes chega a proeza de parir dois, mas isso raramente. Enquanto que a antfona do salmo 22 apresenta a corsa que perde um filhote o salmo 42 demonstra uma corsa prestes a conceber. O bramido dela diferencia seu estado; quando estiver para conceber ou quando perde um de seus filhotes. s vezes fico to empolgado com o mundo animal que chego mesmo a ter pensamentos muito estranhos aos instintos de suas espcies. Lembro de um dia ter deixado meus pensamentos pegarem ondas na praia de haver alguma possibilidade de se domesticar um leo h ponto de torn-lo um gato mimado! Um leo sendo transformado em um gatinho? Humm... Que metamorfose extica! Meus amigos achariam isso o mximo: virem a minha casa e dar com um leo que se comporta como um gatinho de estimao. Mas, isso s pensamento estranho. Alguns domadores de co da raa Pitt Bull dizem haver total possibilidade de meus pensamentos estranhos serem uma realidade. Mas, o leo gosta mesmo da selva. Seu instinto se adqua a seu habitat natural. Com a alma acontece algo parecido. Muitas pessoas tentam viver sem a doce Presena de Deus. Elas acabam sendo enganadas por si mesmas. Acabam vivendo noites sem estrelas; sorrisos sem ~ 17 ~

alegria. Apresentam-se como o bolbo da coorte; alegrando as pessoas em sua volta, contudo ele mesmo estar possudo de profunda tristeza! Querer deixar Deus distante da alma tentar transforma leo em gato de estimao. Naturalmente, a sade da alma depende muito da presena de Deus. Quando isso no uma realidade, seu lamento inevitvel: Tenho sede de Deus, do Deus vivo! Psicologicamente todo homem sofre com a solido. O instinto social sente-se agressivamente afetado quando o indivduo no convive socialmente. Necessariamente, todo homem precisa dividir suas idias e emoes com algum. No salmo 42 h uma notvel manifestao do clamor da alma pela Presena de Deus: A minha alma tem sede de Deus! Na verdade, o estado emocional da estirpe de Corah estava gravemente afetado pela constante pergunta: Onde est o teu Deus? Para ser mais singelo, trata-se de algum que estar deprimido. Como o grau da depresso diagnosticado pela manifestao emocional do paciente, podemos deduzir que seu estado moderado, mas se no for tratado logo atingir o estado agudo. A depresso, mundialmente considerada a doena do sculo. Os nortes americanos j chegaram a gastar quarenta e cinco bilhes de dlares com tratamentos a pessoas deprimidas. O Japo, um pas de primeiro mundo, tem um ndice de trs mil homicdios por ano provocado pela depresso so os chamados kamikazes. Em geral, a depresso um transtorno do ~ 18 ~

humor, caracterizada por uma profunda alterao no humor. Um indivduo deprimido possuidor de uma grande tristeza. Nem mesmo a alegria daqueles que iam ao Templo conseguiu alegrar a alma dos filhos de Corah (Sl. 42:4). Onde est o teu Deus? Era a pergunta que deprimia a estirpe de Corah. Necessariamente devemos ser muito cauteloso no que falamos e no que ouvimos. Nossa sade emocional depende muito desse contedo que nos vem atravs da audio. Mas, onde estava a Presena de Deus que os filhos de Corah no conseguiam encontr-la? Ousaria afirmar a voc amigo que Deus no se retira de nossa vida enquanto lhe damos o controle dela. Ele no vai embora de nossa casa se abrimos a porta e lhe convidarmos a entrar. Deus no se esconde quando procuram por Ele. As agruras que passamos que nos leva a imaginar que estamos sozinhos e que Deus foi embora de nossa vida. O nico motivo pelo qual Deus no manifesta a sua presena em ns o pecado. Ele causa um grande abismo entre o Criador e a criatura. Posso mesmo lhe garantir que o pecado destri a comunho do homem com Deus. Posso tambm lhe assegurar que o arrependimento constri a comunho que o pecado destri. Deixe-me lhe conta o que se passa com meu filho Nicols. Meu filho Nicols tem ambigidade comportamental. Na minha ausncia manifesta uma tristeza perceptvel. Na minha presena, sua alegria radiante. Seu contentamento contagia qualquer pessoa quando estou por perto. Aposto que voc, ~ 19 ~

amigo leitor, ficaria feliz de conhec-lo. Sua me vive dizendo que ele comigo como o peixe com a gua! Quando sofre os acidentes naturais a uma criana de dois anos, chora at que rouba toda minha ateno. Na verdade, corre de onde estiver e vem chorar junto a mim. Basta pega-lo nos braos e fazer um carinho que logo seu choro substitudo por uma doce alegria. O leitor j percebeu que ao falar de Nicols demonstro grande felicidade. Isso natural do pai para o filho. Mas, no minha pretenso demonstrar meu afeto de pai nas linhas que voc esta lendo. Pedir-lhe para contar uma historinha, agora quero que me permita ilustr-la: Nicols como a nossa alma. A tristeza dela, s vezes, decorrente da ausncia do Pai assim como seu grande contentamento resulta em sua doce Presena. Temos que fazer como ele: quando acontecer de cairmos nas armadilhas do caminho e chorarmos por conseqncia da ferida provocada pelo escorrego, no devemos perder tempo, antes precisamos correr rapidamente para junto de Deus e chorarmos at roubar sua preciosa ateno. Quando isso acontece, Ele nos ampara em seus braos, faz um carinho, pe remdio em nosso machucado e nos faz sorrir outra vez!

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3Deus no est escondidoA minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? As minhas lgrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde est o teu Deus?

A essencialidade da Presena

de Deus o impossibilita de chegar a algum lugar e passar despercebido. Quando isto ocorre porque Ele mesmo pelo seu grandioso poder no quis que sua Presena afetasse as leis da natureza. Isso Fritz no sabia ou, ao menos fingia que no sabia. Meu amigo Fritz estava mesmo vidrado com o judasmo rabnico. Seu envolvimento foi to extremo que um dia me ~ 21 ~

disse que havia aderido filosofia da Cabala. Na verdade, essa forma de pensar tem crescido muito no Brasil, principalmente no meio artstico. Faz alguns anos que ouvir uma atriz num conceituado programa de televiso dizer que Buda, Maom, Confcio, Allan Kardec e Jesus tinham o mesmo poder. Eram mentes iluminada que haviam aprendido a interpretao das Sephirotes. 6Ademais disto, disse tambm que o Zohar, o Bahir e o Tzimtzum7 eram to inspirados quanto a Bblia crist. Os adeptos da Cabala no acreditam na encarnao do Verbo. Para eles no h qualquer possibilidade de Deus tomar forma humana. Eles acreditam que Deus est escondido e que s podemos conhecer suas emanaes. Fritz estava pensando desse jeito. Deixe-me lhe apresent-lo melhor. Fritz filho de pastor protestante. Cresceu ouvindo seu pai falar de um relacionamento pessoal com Deus. Ele chegou mesmo a ser batizado com o Esprito Santo. Sua me uma crist que seu aspecto facial demonstra pureza e devoo. A absoro ao judasmo rabnico comeou depois de ter ido algumas vezes a Israel. Na sua primeira viagem me assegurou que sua vida havia mudado radicalmente. Fiquei preocupado com isso. Acredito que voc tambm ficaria assim como fiquei. Imagine algum que cresceu nos bancos da igreja, depois de 26 anos servindo ao Senhor, ser transformado depois de conhecer Jerusalm!6 7

- Emanaes de Deus. - Os trs livros mais conceituados da cabala.

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Nessa primeira viagem lembro-me dele ter trazido um menorah, um pergaminho contendo os dez mandamentos e uma carta contendo frases gnsticas que havia comprado numa feira livre em Jerusalm. Abra KDabra 8era uma das frases que continha no pergaminho; essa tambm foi a frase que o ouvir repetir centenas de vezes. O rapaz ficou muito enamorado dos mistrios rabnicos. Depois de sua segunda viagem comeou a se trajar tipicamente como um judeu devoto. Passou a usar o kipar, o zizit e as filactrias. Tambm ps um mesusah a entrada de seu quarto. No substimando meu amigo leitor, mas acredito ser conveniente esclarecer essas peas de uso hebria mencionadas acima. O kipar uma especie de bonel que os hebreus usam. Para os judeus essa pea significa que Jeov esta acima deles. O zizit um manto de preces. As filactrias so duas caixinhas de metal ou de couro (as de Fritz eram de couro) ligadas por uma tira tambm de couro. Uma caixinha ligada na parte interna do punho esquerdo, proximo ao corao, outra sobre a fronte. Nessas peas contm textos da Torah. O mesusah pregado aos umbras da porta da entrada do quarto de Fritz, trata-se de um estojo contendo textos do livro de Deuteronmio (6:4-9; 11:13-21). Os judeus sempre que visitam uma casa que tem o mesusah pregado nas umbreiras, ao entrar beijam o estojo e recitam uma breve orao: Que o Senhor

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- A frase muito usada por praticantes de artes mgicas. Provavelmente, significa: Eu criarei enquanto eu falo.

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guarde a minha entrada e a minha a saida, desde agora e para sempre. Sua transformao externa chamava mesmo a ateno. Mas, Fritiz no mudou seus trajes apenas, mudou tambm sua forma de ver a Bblia, Deus, Jesus e o Esprito Santo. A parte da Bblia que tinha esmero valor para ele agora era a Lei; isto , Gnesis, Exdo, Levitco, Nmeros e Deuteronmio. Jesus no era mais o mediador entre Deus e o homem. O Espirto Santo passou a ser uma fora ativa e Deus j estava escondido nas entrelinhas do Torah! Fritz realmente cresceu ouvindo que Jesus a maior manifestao da Presena de Deus. Agora, depois de sua adeso ao judasmo rabinco, Jesus no passava de um homem que quis se passar pelo Messias prometido. Enquanto a igreja havia lhe ensinado que Deus est presente o judasmo escondeu Deus nas entrilinhas da Torah. Deus nunca se escondeu do homem. Ele jamais faria como Ado e Eva, ocultando-se por trs das rvores do jardim enquanto algum o procura. Deus no est escondido, ns que, s vezes, o procuramos no lugar errado. Voc lembra onde o procurou pela primeira vez? Na verdade, no h quaisquer possibilidades de encontrar Deus distante de Jesus e do Esprito Santo. Charles Spurgeon encontrou Deus no dia em que o ~ 24 ~

Esprito Santo lhe apresentou Jesus. Alis, melhor voc mesmo apreciar a histria de sua converso. John Egglen no tinha qualquer vocao para pregador. Ele mesmo jamais se imaginou pregando um sermo. Mas, numa manh Deus precisa de um homem e s John Egglen estava disponivl. Era um Domingo, Janeiro de 1850, a cidade de Colchester, na Inglaterra, estava coberta de neve. Tudo estava sob uma temperatura bastante baixa, exceto o corao de Engglen, que se aquescia com a preocupao de quem abriria a igreja naquele dia. Como seu oficio era o de assistente do templo, rompeu dez kilometros de gelo a dentro e chegou a igreja. Abriu-a e pensou: - No deve vir ningum hoje ao culto! Antes mesmo que tivesse outro pensamento, comearam a chegar as primeiras pessoas. John Engglen se preocupou agora com quem haveria de pregar se o pastor no havia chegado j uma hora daquela. Como conveceu-se de que ele seria o pregador daquela manh, ficou a conjeturar qual seria seu primeiro sermo. Ao total, havia treze pessoas na igreja: doze membro e um garoto visitante. O Esprito Santo ps no corao de Enggle que bastava apresentar Jesus que todo o cu seria conhecido. John inflou o peito e comeou com o dedo apontado na direo do garoto: ~ 25 ~

- Jovem, olhe para Jesus! Olhe! Olhe! Olhe! As palavras desafiadora de John Engglen fez vibrar a alma do garoto. Oua o que ele mesmo testemunhou desse momento: - Olhei, e ento a nuvem do meu corao se dissipou, as trevasforam embora e naquele momento pude ver o Sol. Essa a histria da converso de Charles Haddon Spurgeon, principe dos pregadores ingleses. Jesus e o Esprito Santo estam agora mesmo, enquanto voc aprecia essas linhas, apresentando Deus para alguma alma sedenta. Deus se revela em Jesus: No me conheceis a mim, nem a meu Pai, se vs me conhecsseis a mim, tambm conhecereis o Pai (Jo. 8:19). No existe complicaes no caminho para encontrar Deus. Ele mesmo semplificou a estrada de seu endereo quando Jesus disse: Eu sou o caminho... foroso dizer que a agua pela qual clamava os descendentes de Corah, Jesus a ofereceu a mulher samaritana no poo de Jac. Sua alegria to grande em saciar a sede da alma sedenta que ainda hoje manda convites a toda humanidade: Se algum tem sede, que venha a mim e beba. ~ 26 ~

4Como ser cheio do Esprito Santo?Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multido; fui com eles casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multido que festejava.

Algumas frases tm beleza,

mas no tem verdade, outras, no so belas, no entanto so verdadeiras. Ouvir um pregador dizer que Deus se fez como ns para que ns pudssemos ser como Ele. Confesso ao leitor que tambm fico perplexo com o mistrio da encarnao, contudo no acredito que Deus se fez homem para que o homem se fizesse Deus. Se ~ 27 ~

o amigo leitor me permite lembr-lo, essa foi frase que a serpente usou para enganar Eva: ...sereis como Deus... (Gn. 3:5d) A encarnao de Jesus numa no ventre de uma virgem na Galilia no tinha qualquer inteno de tornar o homem um deus. Seu principal objetivo est intrinsecamente relacionado nossa redeno. Como ser cheio do Esprito Santo? Eis uma pergunta que me deixa inculcado. No se trata de uma frase bela sem verdade, mas de uma pergunta, que toca num assunto essencialmente necessrio a vida crist. Sem pretender ofuscar a beleza e profundidade com que outros homens trataram do assunto, desejo tambm dar minha singela contribuio nessa pauta. Certa vez fui convidado a falar numa grande conferencia de avivamento. Foi aqui mesmo no Brasil. Quando cheguei ao local, fiquei muito contente ao ver o numero considervel de cristos que desejam uma nao avivada pelo poder de Deus. Minha alegria logo foi substituda por uma angustia indizvel. Enquanto pedia licena turba para alcanar a plataforma, o Esprito Santo ministrou ao meu corao: O espao est cheio de pessoas vazias!

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Depois de ouvi-lo, meu desejo era correr a um lugar deserto e gritar at que a presena de Deus enchesse as pessoas que estavam naquela conferencia. Mas, como ser cheio do Esprito Santo? O ensino de Cristo sobre esta pauta jamais foi posto no campo da importncia. Jesus no falou do enchimento do Esprito Santo como algo importante aos cristos. Sua pneumatologia eficiente; seu doutrinamento perspicaz. Se Jesus tivesse falado do enchimento do Esprito Santo como algo importante acredito que muitos santos do passado no teria dedicado tantas linhas ao tema. Jesus sempre colocou o enchimento do Esprito Santo como necessrio a vida crist. Vejam como suas palavras ainda hoje cortam: Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Esprito da verdade, que procede do Pai, testificar de mim (Jo. 15:26) Todavia, digo-vos a verdade: que vos convm que eu v, porque, se eu no for, o Consolador no vir a vs; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier, convencer o mundo do pecado, e da justia, e do juzo... (Jo. 16:7,8)

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E eis que sobre vs envio a promessa de meu Pai; ficai, porm, na cidade de Jerusalm, at que do alto sejais revestidos de poder (Lc. 24:49)...

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Obs. Essas linhas somam uma pequena parte do livro. Se voc gostou da obra adquira-o em sua forma completa entrando em contato com o seu autor pelo e-mail [email protected]

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