ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA MARIANA FAVERO BOAVENTURA Cuiabá-MT, Fevereiro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E

DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA

POPULAÇÃO BRASILEIRA

MARIANA FAVERO BOAVENTURA

Cuiabá-MT, Fevereiro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E

DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA

POPULAÇÃO BRASILEIRA

MARIANA FAVERO BOAVENTURA

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Nutrição da Universidade Federal de Mato

Grosso como parte dos requisitos exigidos para

obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob a

orientação do Professor Dr. Paulo Rogério Melo

Rodrigues.

Cuiabá-MT, Fevereiro de 2019

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F273a Boaventura, Mariana Favero.

Associação entre comportamento sedentário e doenças crônicas não transmissíveis na população brasileira / Mariana Favero Boaventura. -- 2019

41 f.; 30 cm.

Orientador: Paulo Rogério Melo Rodrigues.

TCC (graduação em Nutrição) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Nutrição, Cuiabá, 2019.

Inclui bibliografia.

1. Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. 2. Comportamentos Sedentários. 3. Pesquisa Nacional de Saúde. I. Título.

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 07

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

2.2. Objetivos Específicos

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Comportamento sedentário: definições e formas de avaliação

3.2. Comportamento sedentário no Brasil e no mundo

3.3. Doenças crônicas não transmissíveis e comportamento sedentário

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. População do estudo

4.2. Coleta de dados

4.3. Variáveis analisadas

4.3.1. Variáveis dependentes

4.3.2. Variável independente

4.3.3. Covariáveis

4.4. Análise dos dados

4.5. Aspectos éticos

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5. RESULTADOS

5.1. Manuscrito

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

8. ANEXO

Anexo 1

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RESUMO

Objetivo: Estimar a prevalência de comportamento sedentário e sua associação com doenças crônicas não

transmissíveis na população brasileira. Métodos: Estudo transversal, utilizando dados obtidos na Pesquisa

Nacional de Saúde, inquérito populacional de base domiciliar, realizado em 2013 no Brasil. O comportamento

sedentário foi avaliado considerando o tempo despendido assistindo à televisão, obtido pela pergunta “Em

média, quantas horas por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?”. As doenças crônicas consideradas

foram hipertensão arterial e excesso de peso corporal, estimado por meio do índice de massa corporal. Foram

consideradas também variáveis sociodemográficas como sexo, faixa etária e nível de escolaridade. Nas análises

foram utilizados o teste do qui-quadrado e modelos de regressão logística ajustados, estimando a Odds Ratio

(ORaj). Resultados: Foram avaliados 60.202 indivíduos, sendo 52,9% mulheres, 34,2% entre 25 e 39 anos de

idade, 38,9% das pessoas não possuíam instrução ou possuíam o ensino fundamental incompleto, 32,3%

apresentavam hipertensão arterial e 53,8% tinham excesso de peso corporal. Para o comportamento sedentário

foi observado que 25,8% assistiam à televisão entre 1 hora e < 2 horas diariamente e a menor frequência desse

comportamento (15,2%) ocorreu entre os indivíduos que assistiam à televisão por 5 horas ou mais diariamente.

Houve associação significativa entre o tempo de tela e a prevalência de hipertensão arterial e excesso de peso

corporal. Conclusão: A prevalência de comportamento sedentário na população brasileira foi elevada e quanto

mais tempo assistindo à televisão diariamente, maiores as chances de apresentar hipertensão arterial e excesso de

peso corporal na população brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Doenças Crônicas Não-Transmissíveis; Comportamentos Sedentários; Pesquisa

Nacional de Saúde.

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ABSTRACT

Objective: Estimate the prevalence of sedentary lifestyle and analyze it’s association with chronic non-

communicable diseases in Brazilian population. Methods: Cross-sectional study, using data obtained in the

National Health Survey, a population-based household survey conducted in Brazil, in 2013. The sedentary

behavior was evaluated considering the time spent watching television, obtained with the question "On average,

how many hours a day do you usually watch television?". The chronic diseases considered were arterial

hypertension and excess body weight, estimated by means of body mass index. Sociodemographic variables such

as gender, age group and schooling level were also considered. The chi-square test and adjusted logistic

regression models were used in the statistical analysis, estimating the Odds Ratio (ORaj). Results: A total of

60,202 individuals were evaluated, 52.9% female, 34.2% between 25 and 39 years of age, 38.9% of the people

were not educated or had incomplete elementary education, 32.3% had arterial hypertension and 53.8% were

overweight. For sedentary behavior, it was observed that 25.8% watched television between 1 hour and <2

hours daily and the lowest frequency of this behavior (15.2%) occurred among subjects who watched television

for 5 hours or more daily. There was a significant association between screen time and the prevalence of

hypertension and excess body weight. Conclusion: The prevalence of sedentary lifestyle in the Brazilian

population was high and the greater the time spent watching television daily, the greater are the chances of

showing arterial hypertension and excess body weight in the Brazilian population.

KEY WORDS: Chronic Non-communicable Diseases; Sedentary Lifestyle; National Health Survey.

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, desde a década de 50 vem ocorrendo acelerada mudança nos perfis

demográfico, epidemiológico e nutricional, influenciando um novo padrão de

morbimortalidade da população. A transição demográfica tem sido caracterizada pela

migração dos indivíduos de uma sociedade predominantemente rural e tradicional para uma

sociedade urbana e moderna. Esse processo de urbanização foi acompanhado de importantes

mudanças sociais, como nas formas de inserção da mulher na sociedade, rearranjos familiares

e incrementos tecnológicos. Além disso, o envelhecimento, a urbanização, as mudanças

sociais e econômicas e a globalização impactaram o modo de viver, trabalhar e se alimentar

dos brasileiros e consequentemente, houve o crescimento da prevalência de fatores como a

obesidade e o sedentarismo (OMRAN, 2009; DUARTE; BARRETO, 2012).

Nesse contexto, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um

problema de saúde global e ameaçam o desenvolvimento humano, especialmente, nos países

de baixa e média renda (ABEGUNDE et al., 2007; MALTA et al., 2014). Entre as DCNT

mais frequentes encontram-se as doenças cardiovasculares e as do aparelho respiratório, os

cânceres e o diabetes (BRASIL, 2011, WHO 2013).

No Brasil, as DCNT foram responsáveis, no ano de 2011, por 72,7% do total de

mortes, com destaque para as doenças do aparelho circulatório (30,4% do total de óbitos), as

neoplasias (16,4% do total de óbitos) e o diabetes (5,3% do total de óbitos) (MALTA et al.,

2014) e a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes entre os anos de

1930 e 2006 (MALTA et al., 2006). Esses dados reafirmam a relevância das DCNT neste

momento de transição epidemiológica no Brasil, sendo que conceitualmente, a teoria da

transição epidemiológica foca na complexa mudança nos padrões de saúde e doença, nas

interações entre esses padrões e seus determinantes demográfico, econômico e sociológico e

suas consequências (OMRAN, 2009; DUARTE; BARRETO, 2012).

No ano de 2016, mais de 1,9 bilhões de adultos (18 anos de idade ou mais), no mundo,

estavam acima do peso. Desses indivíduos, 650 milhões eram obesos (13%) e 741 milhões

estavam com sobrepeso (39%) (OMS, 2018).

As DCNT são consideradas doenças de caráter multifatorial, com fatores não

modificáveis e modificáveis, sendo evitáveis por meio da adoção de políticas públicas de

saúde que estimulem modificações nos fatores de risco modificáveis. Nesse contexto, os

fatores de riscos em comum são: tabagismo, nível de atividade física insuficiente,

comportamentos sedentários, alimentação não saudável e consumo nocivo de bebida alcoólica

(CASADO et al., 2009; MUNIZ et al., 2012; WHO, 2013; ASHTON et al., 2015).

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Segundo os dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), o tempo gasto em comportamentos

sedentários está fortemente relacionado ao aumento do risco de DCNT (BRASIL, 2014).

Ainda segundo dados do VIGITEL, no acompanhamento do ano de 2010, foi incluída uma

avaliação a respeito do tempo assistindo televisão. Os resultados apontam que 28,2% dos

adultos entrevistados relataram assistir a televisão por três horas ou mais por dia e as capitais

com o maior número de adultos que assistem à televisão por três horas ou mais por dia foram

Curitiba, Boa Vista e Fortaleza, todas com 23% dos adultos, e as capitais com menores

proporções foram Belém (32%), Aracaju (33%) e Macapá (33%) (BRASIL, 2014).

A população brasileira está exposta aos comportamentos sedentários, o que pode

acarretar em danos à saúde da população, tais como as DCNT, isto devido às mudanças no

estilo de vida dos indivíduos, além disso, a quantidade de horas que um indivíduo utiliza

assistindo à televisão aumenta a predisposição ao desenvolvimento de obesidade e, como

consequência, outras doenças e a esta associação positiva ocorre, possivelmente, pois essa

relação entre as duas variáveis ocorre devido ao aumento do consumo de energia e/ou

diminuição do gasto energético (WILLIAMS; RAYNOR, 2008; INSTITUTO BRASILEIRO

DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).

Em um estudo prospectivo de coorte, realizado nos Estados Unidos, com 221.426

indivíduos, foi possível identificar que o risco mortalidade por todas as causas aumenta em

14%, quando há aumento do tempo assistindo televisão por 2 horas diárias (KEADDLE et al.,

2016).

São poucos os inquéritos de base populacional existentes que realizam o uso de

medidas diretas para mensuração do comportamento sedentário. Em um estudo, foi avaliado o

comportamento sedentário através de medidas diretas, com uso de acelerômetros, em

aproximadamente 6.000 indivíduos americanos. Foi encontrado que os adultos despendem

56% do seu tempo acordado em comportamentos sedentários (MATTHEWS et al., 2012).

No VIGITEL (BRASIL, 2017) a pergunta realizada para os participantes do inquérito

para se avaliar o comportamento sedentário foi “Em média, quantas horas por dia o (a) sr.(a)

costuma fica assistindo à televisão?”, na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) a pergunta

foi “Em média, quantas horas por dia o (a) sr(a) costuma fica assistindo televisão?” (IBGE,

2013), já na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, a questão foi “Em um

dia de semana comum, quanto tempo você fica sentado(a), assistindo televisão, usando

computador, jogando videogame, conversando com amigos(as) ou fazendo outras atividades

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sentado(a)? (não contar sábado, domingo, feriados e o tempo sentado na escola)” (IBGE,

2015).

Dessa forma, a utilização de questionários em função da viabilidade em estudos

populacionais é uma estratégia bem pronunciada na avaliação do comportamento sedentário.

Estudos têm utilizado questionários para a avaliação do tempo gasto sentado (BAUMAN et

al., 2011) e de indicadores do comportamento sedentário, como por exemplo o tempo de

Televisão (LEGNANI et al., 2012).

Diante desse contexto, este trabalho tem por objetivo avaliar a frequência de

comportamentos sedentários e sua associação com excesso de peso corporal e hipertensão

arterial na população brasileira.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar a associação entre tempo assistindo à televisão e doenças crônicas não

transmissíveis na população brasileira.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estimar a prevalência de comportamento sedentário;

Avaliar a associação entre tempo assistindo à televisão e excesso de peso;

Avaliar a associação entre tempo assistindo à televisão e hipertensão arterial.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Comportamento sedentário: definições e formas de avaliação

O comportamento sedentário é definido por atividades que não elevam de maneira

significativa o gasto energético do indivíduo, sendo exemplos dessas atividades assistir

televisão, utilizar computador, tempo sentado no trabalho ou no deslocamento. O

comportamento sedentário pode ainda ser estipulado como atividades que tenham um gasto

energético entre 1,0 e 1,5 equivalentes metabólicos (METs) (MIELKE, 2012).

Em relação à avaliação do tempo exposto a comportamentos sedentários é necessário

distinguir as atividades realizadas no fim de semana das atividades dos dias úteis de semana,

assim como deve ser considerado o tempo despendido em comportamento sedentário em

diferentes domínios (como, por exemplo: trabalho, lazer, doméstico ou transporte) e ainda as

interrupções ocorridas durante esse comportamento (MARSHALL et al., 2010; CLARK et al.,

2011).

Como estratégia de avaliação, o tempo sentado tem sido utilizado como um dos

marcadores específicos de comportamento sedentário. O Questionário Internacional de

Atividade Física (IPAQ) apresenta boa confiabilidade para o tempo sentado total (tempo

sentado dia semana mais o tempo sentado final de semana) e validade aceitável

(ROSENBERG et al., 2008).

O poder da validade externa dos estudos pode diminuir devido às confusões dos

termos operacionais acerca do comportamento sedentário. É comum encontrar estudos que

consideram os participantes como sedentários devido ao fato de os mesmos não serem

fisicamente ativos, enquanto outros classificam os participantes como sedentários por estarem

envolvidos em atividades de baixo dispêndio energético. A falta de padronização de

instrumentos para avaliação do comportamento sedentário dificulta a comparação de dados

tanto em regiões próximas como entre países (BAUMAN et al., 2011).

Dentre os equipamentos utilizados para a avaliação do comportamento sedentário, os

dispositivos de acelerometria triaxiais tem demonstrado bons índices psicrométricos, podendo

os mesmos serem um recurso para futuras pesquisas epidemiológicas (GRANT et al., 2006).

Contudo, os dispositivos via acelerometria não diferenciam a posição corporal sentada da

posição ortostática (TREMBLAY et al., 2010).

O instrumento desenvolvido pela Microsoft chamado de SenseCam, pode ser

considerado um exemplo de instrumento com potencial para ser utilizado juntamente com

outras estratégias para a avaliação do comportamento sedentário, como por exemplo a

acelerometria. O dispositivo de informação contextual, por meio de registro de imagens, o

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SenseCam passa a ser ativado por meio de um sensor de acordo com a alteração de

movimento, luz, temperatura ou presença de pessoas (KERR et al., 2013).

Outro instrumento desenvolvido para a avaliação do tempo sentado é o Sitting pad

(RYDE et al., 2012). Este instrumento é uma almofada que é instalada no assento de uma

cadeira e contem um dispositivo para o registro do tempo em que a pessoa fica sentada. Esse

dispositivo pode ser também programado para soar um alarme, alertando o individuo para o

mesmo interromper o seu tempo sentado.

São poucos os inquéritos de base populacional existentes que realizam o uso de

medidas diretas para mensuração do comportamento sedentário. Em um estudo, foi avaliado o

comportamento sedentário através de medidas diretas, com uso de acelerômetros, em

aproximadamente 6.000 indivíduos americanos. Foi encontrado que os adultos despendem

56% do seu tempo acordado em comportamentos sedentários (MATTHEWS et al., 2012).

Dessa forma, tem sido usual a utilização de medidas indiretas, tais como aplicação de

questionários ou perguntas específicas, para avaliação do comportamento sedentário em

estudos populacionais. No VIGITEL (BRASIL, 2017) a pergunta realizada para os

participantes do inquérito para se avaliar o comportamento sedentário foi “Em média, quantas

horas por dia o (a) sr.(a) costuma fica assistindo à televisão?”, na PNS (IBGE, 2013) a

pergunta foi “Em média, quantas horas por dia o (a) sr(a) costuma fica assistindo televisão?”,

já na PeNSE (IBGE, 2015), a questão foi “Em um dia de semana comum, quanto tempo você

fica sentado(a), assistindo televisão, usando computador, jogando videogame, conversando

com amigos(as) ou fazendo outras atividades sentado(a)? (não contar sábado, domingo,

feriados e o tempo sentado na escola)”.

A utilização de questionários em função da viabilidade em estudos populacionais é

uma estratégia bem pronunciada na avaliação do comportamento sedentário. Estudos têm

utilizado questionários para a avaliação do tempo gasto sentado (BAUMAN et al., 2011) e de

indicadores do comportamento sedentário, como por exemplo o tempo de Televisão

(LEGNANI et al., 2012).

3.2. Comportamentos sedentários no Brasil e no mundo

Em estudo de revisão sistemática realizado por Mielke (2012), com amostras representativas

de 20 países, incluindo adultos com idades entre 18 e 65 anos, o tempo sentado diariamente foi em

média de 300 minutos. Dentre os 20 países que fizeram parte do estudo, o Brasil esteve entre

aqueles com menores medianas de tempo sentado (aproximadamente 180 minutos por dia).

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No VIGITEL, de acordo com dados de 2018, o hábito de ver televisão por três ou mais

horas diárias, por indivíduos adultos (18 anos de idade ou mais) foi de 24,6% e as capitais

com as maiores proporções são São Luis (29,8%), Salvador (28,1%) e Belém (26,9%), e as

capitais com menores proporções foram Rio Branco (19,8%), Distrito Federal (19,7%) e

Palmas (15,5%) (BRASIL, 2018).

Outro estudo realizado no Brasil avaliou a média de tempo assistindo televisão em

4.331 indivíduos de 12 anos ou mais residentes no Rio de Janeiro e encontrou que as médias

de horas assistindo televisão entre homens e mulheres foram de 3,8 e 3,5 horas por dia,

respectivamente (GOMES et al., 2001). Na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, a

média diária de tempo sentado por meio da questão referente ao tempo sentado presente no

Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) (CRAIG et al., 2003) e foi encontrado

que o tempo sentado médio foi de 280,9 minutos (SUZUKI; MORAES; FREITAS, 2010).

Em um estudo transversal, realizado na cidade de Manaus, com estudantes do ensino

público municipal, com idades entre 15 e 19 anos de idade, no qual o tempo > 2 horas

assistindo à televisão e jogando videogames por dia foi considerado como excessivo, 60,8%

dos meninos e 63,3% das meninas declararam que gastam mais do que 2 horas por dia com

essa atividade durante dias de escola e durante os finais de semana esses valores foram de

59,7% e 63,9%, respectivamente (BEZERRA et al., 2016).

Em outro estudo, ao comparar os níveis de atividade física e comportamento

sedentário entre adolescentes da zona urbana e rural, com amostra composta por estudantes

com idades entre 14 e 19 anos, matriculadas na rede pública estadual de ensino médio do

estado de Pernambuco, os autores verificaram que os adolescentes da zona rural assistiam

menos televisão, usavam menos computador e/ou videogame, passavam menos tempo

sentados, optaram menos pelo lazer passivo e tinham menos chances de serem classificados

como insuficientes ativos, quando comparados àqueles da zona urbana, independente do sexo

e idade (REGIS et al., 2016).

O número de horas que um indivíduo gasta assistindo à televisão aumenta a

predisposição ao desenvolvimento de obesidade e, como consequência, outras doenças. Na

PNS, cerca de 42,3 milhões de pessoas (28,9%) da população adulta, declararam ter assistido

televisão por 3 ou mais horas diárias. Do mesmo modo, o menor número de adultos que

assistiam televisão por 3 ou mais horas diárias possuía o nível superior completo (21,1%) e

tanto os mais idosos (60 anos ou mais) como os mais jovens (18 a 24 anos) foram os grupos

de indivíduos com maior parcela de indivíduos que assistia à televisão por ≥ 3 horas diárias

(32%) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).

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Em um estudo de coorte prospectivo nos Estados Unidos com 221.426 indivíduos,

com idade entre 50–71 anos, os participantes autorreferiram o tempo que assistiam à

televisão. Com base nas respostas desses indivíduos, foi possível verificar que aqueles que

assistiam à televisão por um maior período de tempo, tinham menos chance de ter atendido à

universidade, dormido pelo menos 7 horas/por noite, ou ter hiperlipidemia. Da mesma forma,

possuíam a tendência de consumir mais calorias e álcool, e eram mais propensos à serem

obesos (IMC >30 kg/m2), fumantes e serem diabéticos ou hipertensos (KEADLE, et al.,

2016).

Um agravante no que diz respeito ao comportamento sedentário é o seu aparecimento

como um hábito, que pode ser decorrente de práticas de vida não saudáveis, muitas vezes

durante um longo período de tempo, até mesmo desde a infância. Dessa maneira, em um

estudo que analisou dados de duas pesquisas de coorte, com dados de 2474 crianças em idade

pré-escolar, foi identificada a associação direta entre o tempo assistindo à televisão dos pais e

de seus filhos (14.4% e 8.1% nas amostras australianas e bélgicas, respectivamente) (DE

DECKER, et al., 2015).

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Quadro 1. Estudos que avaliaram o tempo assistindo televisão no Brasil e no mundo.

Autor/ano Local do

estudo Grupo estudado

Comportamentos

avaliados Principais resultados

GOMES et al.,

2001

Rio de Janeiro

(Brasil)

4.331 indivíduos de

12 anos de idade ou

mais.

Tempo assistindo

televisão.

As médias de horas assistindo televisão entre homens e mulheres

foram de 3,8 e 3,5 horas por dia, respectivamente.

SUZUKI et al.,

2010

Ribeirão Preto

(São Paulo).

930 indivíduos com

30 anos de idade ou

mais.

Tempo sentado. Para os homens, a média diária do tempo sentado foi de 306,2 minutos

e, para as mulheres, 270,3 minutos.

BARNETT et

al., 2014

Norfolk

(Inglaterra)

25.639 indivíduos,

com idades entre

45 e 79 anos.

Tempo assistindo

televisão.

Aposentadoria é associada com um aumento médio semanal no tempo

assistindo à televisão: o maior aumento foi entre as classes sociais

mais baixas (homens: +3,9 h/semana; mulheres: +2,8 h/semana).

DECKER et

al., 2015

Austrália e

Bélgica.

3294 crianças com

idades entre 3 e 6

anos.

Tempo assistindo

televisão.

Os pais australianos relataram menores níveis de tempo assistindo à

televisão comparados aos pais belgas (8,7 ± 6,7 horas/semana vs. 9,8 ±

7,6 horas/semana), porém houveram níveis mais elevados de crianças

belgas assistindo à televisão (11,0 ± 6,7 horas/semana vs. 6,5 ± 4,9

horas/semana).

CHEN et al.,

2018

Shanghai

(China)

50.090 indivíduos,

com idades entre

10 e 18 anos.

Tempo assistindo

televisão, jogando no

computador ou

utilizando aparelhos

eletrônicos.

18,4% do público estudado atingiu as recomendações para atividade

física, 25,5% atingiu as recomendações para comportamento

sedentário e 5,7% atingiu as recomendações para ambos.

IMRAN et al.,

2018

Jackson,

Mississipi

(EUA)

2000 indivíduos,

com idade entre 21

e 94 anos.

Tempo assistindo

televisão.

28,3% dos participantes assistem televisão por menos de 2 horas

diariamente, 33,8% assistem televisão por 2 à 4 horas diariamente e

37,9% assistem televisão por 4 horas ou mais diariamente.

MATTHEWS,

et al., 2018

Pittsburgh

(EUA)

1.020 indivíduos,

com idades entre

50 e 74 anos.

Tempo assistindo

televisão.

81% assistem à televisão por um tempo prolongado.

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3.3. Doenças crônicas não transmissíveis e comportamentos sedentários

Estudos epidemiológicos têm demonstrado que demasiado tempo despendido em

comportamento sedentário, além de estar associado a doenças cardiovasculares, obesidade,

síndrome metabólica e diabetes mellitus (HAMILTON et al., 2007), pode ser considerado um

fator de risco para todas as causas de mortalidade, independentemente do nível de atividade

física (KATZMARZYK et al., 2009; VAN DER PLOEG et al., 2012). Segundo FARIAS

JÚNIOR (2011), comportamentos sedentários estão associados à biomarcadores de doenças

cardiovasculares e metabólicas, sendo fator de risco importante para essas patologias.

De acordo com THORP et al. (2011) desde das primeiras revisões sistemáticas sobre

esse tema, já haviam associações positivas entre o tempo gasto assistindo TV e excesso de

peso, hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, câncer de

ovário e endométrio. Ainda segundo os autores, o tempo visualizando TV e o ganho ponderal

e aumento da ingestão de lanches hipercalóricos, consumidos nessas ocasiões (THORP et al.,

2011).

Nos EUA, foram identificados no estudo de risco de aterosclerose com mais de 15 mil

indivíduos, avaliados em dois momentos (1986 e 1989), em que pessoas com alta exposição à

TV foram mais propensas à inatividade física, hábitos alimentares não saudáveis e elevação

do índice de massa corporal (MEYER et al., 2008; HEINONEN et al., 2013).

Em adultos que gastam mais tempo assistindo à televisão maior é a chance de se ter

maior peso corporal. Esta associação positiva ocorre, provavelmente, pois a relação entre

essas duas variáveis ocorre devido ao aumento do consumo de energia e/ou diminuição do

gasto energético (WILLIAMS; RAYNOR, 2008). DUNSTAN et al. (2010) em estudo com a

população australiana verificaram que o tempo de visualização da TV está associado à

mortalidade por doenças cardiovasculares e por todas as causas. SUGIYAMA et al. (2008),

com a mesma população, identificaram que o tempo de visualização de TV foi um marcador

robusto de estilo de vida sedentário para mulheres, mas não para os homens.

Em estudo de revisão foi observado que aumento de assistir televisão em mais de 5

(cinco) anos previu significativas mudanças na circunferência da cintura para homens e

mulheres, na pressão sanguínea diastólica e no grupo de pontos de risco cardiometabólico

para mulheres. Essas associações foram independentes do patamar de tempo assistindo à

televisão, de atividade física e mudança de atividade física e outros potenciais fatores de

confusão. Além disso, altos níveis de tempo de televisão provavelmente aumenta a ingestão

energética devido à indução de frequentes comerciais sobre comidas e bebidas e diferente de

Page 18: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

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várias outras atividades, as mãos estão livres para comer durante o tempo de televisão

(OWEN, 2010).

Já em um estudo transversal, conduzido em Aragão (Espanha), que avaliou 929

indivíduos, com idades entre 40 e 55 anos de idade, para a avaliação dos comportamentos

sedentários foi utilizada a variável “tempo sentado”, sendo esses comportamentos: horas

gastas assistindo à televisão ou vídeos e horas gastas no computador, horas de sono e tempo

sentado, que foram separados em dias de trabalho e finais de semana. Os indivíduos mais

sedentários, ou seja, com maior tempo gasto com telas no geral, possuíam maior índice de

massa corporal, maior circunferência de cintura, maior pressão sanguínea sistólica, um pior

perfil lipídico, com um maior nível de proteína C-reativa (LEÓN-LATRE et al., 2014).

Em um estudo longitudinal, nos Estados Unidos realizado com 5.301 adultos, com

idades entre 21 e 94 anos, ocorreram 615 óbitos, sendo que as razões de risco para

mortalidade em relação ao tempo assistindo à televisão foi de 1,08 e de 1,48 para tempo

assistindo televisão por 4 horas ou mais diariamente, quando comparado à quem assistia à

televisão por menos de 2 horas diariamente. No entanto, quando as análises foram restrita

aqueles que praticavam atividades no período de lazer, as razões de risco para mortalidade

foram de 1,10 para o tempo assistindo à televisão de 2 à 4 horas diariamente e 1,45 para

tempo assistindo à televisão por mais de 4 horas diariamente, quando comparado à quem

assistia à televisão por menos de 2 horas diariamente (IMRAN, 2018).

BIDDLE et al. (2017), em uma revisão sistemática recente, detectaram associações

consistentes entre o tempo gasto em frente às telas, principalmente TV, e obesidade em

adultos, além de maior risco de excesso de peso, na vida adulta, entre adolescentes com

comportamento sedentário.

Em um estudo realizado em Aracajú, Sergipe, com 5.114 rapazes, em idade de

alistamento militar (18 anos de idade) foi observado que os indivíduos mais expostos a

comportamentos sedentários foram aqueles com maior escolaridade (82,6%), com menor

classe econômica (92%), vivendo sem parceiros (90,6%) e não trabalhador (91%). Neste

estudo, a exposição ao comportamento sedentário não apresentou associação com os

indicadores da condição socioeconômica na análise bruta e o excesso de peso corporal foi

mais evidente entre os sujeitos das classes econômicas “C” e “D/E” (SMITH-MENEZES;

DUARTE; SILVA, 2012).

Em um estudo transversal, realizado na Áustria com 2.930 adolescentes, com idades

de 10, 14 e 17 anos, o tempo total despendido com tela no final de semana foi

significativamente associado com um maior Índice de Massa Corporal (IMC) em jovens de 10

Page 19: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

18

anos de idade de ambos os sexos, assim como houve associações significativas entre um

maior IMC, tempo de televisão e maior uso de videogame aos finais de semana entre os

jovens de 10 e 14 anos. Níveis educacionais mais elevados foram associados com menor uso

diário de videogame e uso mais prolongado de computador. Homens e adolescentes de

famílias imigrantes relataram tempo de tela mais longo em todas as idades, menor nível de

escolaridade dos pais e seu maior IMC, foram correlacionados de maneira significativa com

maior tempo de tela e IMC entre o grupo mais jovem (FURTHNER et al., 2017).

Em uma análise realizada com 567 crianças, no Canadá, foi observado que, de todas as

crianças avaliadas 22,6% das crianças tinham sobrepeso, as mesmas passavam em média, 2,8

horas/dia em frente à tela, das quais 1,5 horas era em frente à televisão e 1,3 horas era jogando

vídeo game ou no computador (LE BLANC et al., 2015).

Page 20: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

19

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. População de estudo

O presente estudo trata-se de uma análise seccional a partir dos dados obtidos na

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que é um inquérito de base domiciliar realizado em 2013

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da

Saúde (MS).

A PNS é integrante do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE e utiliza

a amostra mestra desse sistema, de maior cobertura geográfica e ganho de precisão nas

estimativas. O plano amostral empregado foi de amostragem probabilística em três estágios.

No primeiro estágio, houve estratificação das unidades primárias de amostragem (UPA),

constituídas pelos setores ou conjunto de setores censitários. O segundo estágio foi formado

pelos domicílios, e o terceiro estágio pelos moradores com 18 e mais anos de idade. A seleção

da subamostra de UPA foi feita por amostragem aleatória simples.

A amostra foi estimada em 81.167 domicílios e foram coletadas informações em

64.348 deles, onde foram entrevistados 60.202 adultos. Foram definidos pesos amostrais para

as UPA, os domicílios e todos seus moradores; e um peso para o morador selecionado. Este

último foi calculado considerando-se (i) o peso do domicílio correspondente, (ii) a

probabilidade de seleção do morador, (iii) ajustes de não resposta por sexo e (iv) calibração

pelos totais populacionais por sexo e faixas etárias, estimados com o peso de todos os

moradores (SZWARCWALD et al., 2014; BRASIL, 2014).

4.2. Coleta de dados

Para a coleta de dados os entrevistados responderam ao questionário com registro por

computadores de mão e após o contato com a pessoa responsável ou com algum dos

moradores do domicílio selecionado, o agente de coleta descreveu para o morador os

objetivos e procedimentos do estudo, e a importância de sua participação na pesquisa, sendo

elaborada uma lista de todos os moradores adultos do domicílio.

Foram identificados o informante, que respondeu ao questionário domiciliar, e todos

os moradores do domicílio, além do morador adulto encarregado de responder à entrevista

individual, selecionado por programa de seleção aleatória no PDA. As entrevistas foram

agendadas nas datas e horários mais convenientes para os informantes, prevendo-se duas ou

mais visitas a cada domicílio (BRASIL, 2014).

Page 21: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

20

4.3. Variáveis analisadas

4.3.1. Variáveis dependentes

As DCNTs consideradas foram: Excesso de peso corporal e hipertensão arterial. As

medidas de peso e estatura foram utilizadas para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC=

peso/estatura²), sendo a condição de peso classificada de acordo com a faixa etária:

adolescentes (indivíduos de 18 e 19 anos de idade) (WHO, 2007), adultos (de 20 a 59 anos de

idade) (WHO, 1995) e idosos (The Nutrition Screening Initiative, 1994). Para análise os

resultados foram agrupados em: sem excesso de peso (baixo peso e peso adequado) e com

excesso de peso (sobrepeso e obesidade).

Para avaliação da hipertensão arterial sistêmica aferida foram consideradas as três

medidas de pressão arterial, com intervalos de dois minutos entre elas. A média entre a

segunda e terceira medição foi utilizada para o presente estudo. A hipertensão arterial

sistêmica foi diagnostica considerando a medida da pressão arterial sistólica maior ou igual a

140 mmHg ou medida diastólica maior ou igual a 90 mmHg, assim como o relato de uso de

medicamentos para controlar a pressão arterial nos últimos 15 dias.

4.3.2. Variável independente

O indicador de comportamento sedentário foi avaliado considerando o tempo

despendido assistindo à televisão, o qual foi obtido com a pergunta “Em média, quantas horas

por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?” e categorizado em: Menos de 1 hora ou

não assisti; ≥ 1hora e < 2horas; ≥ 2horas e < 3horas; ≥ 3horas e < 4horas; e ≥ 4 horas.

4.3.3. Covariáveis

As informações sociodemográficas analisadas foram: sexo, faixa etária (18 a 24 anos,

25 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 anos ou mais) e nível de escolaridade (sem instrução e

fundamental incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e

superior incompleto, superior completo).

4.4. Análises dos dados

Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Statistical

Package for the Social Science (SPSS for Windows – versão 19.0).

Na análise bivariada foi utilizado o teste do qui-quadrado para avaliar a relação entre a

frequência de comportamento sedentário e as variáveis de interesse. Em seguida, a associação

entre o comportamento sedentário e as DCNT foi estimada por meio de modelos de regressão

Page 22: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

21

logística, brutos e ajustados por sexo, idade e nível de escolaridade, expressos com Odds

Ratio (OR) e seus respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC95%).

4.5. Aspectos éticos

O inquérito foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres

Humanos, do Ministério da Saúde, sob o Parecer no 328.159, de 26 de junho de 2013

(ANEXO 1). O Termo de consentimento Livre e Esclarecido foi firmado no próprio PDA.

Todos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido estão disponíveis no sítio eletrônico

da PNS.

Page 23: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

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5. RESULTADOS

5.1. MANUSCRITO

Associação entre tempo de tela e doenças crônicas não transmissíveis na população

brasileira

RESUMO

Objetivo: Estimar a prevalência de tempo de tela e sua associação com doenças crônicas não

transmissíveis na população brasileira.

Métodos: Estudo transversal, utilizando dados obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde,

inquérito populacional de base domiciliar, realizado em 2013 no Brasil. O comportamento

sedentário foi avaliado considerando o tempo despendido assistindo à televisão, obtido com a

pergunta “Em média, quantas horas por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?”. As

doenças crônicas consideradas foram a hipertensão arterial e o excesso de peso corporal,

estimado por meio do índice de massa corporal. Foram consideradas também variáveis

sociodemográficas como sexo, faixa etária e nível de escolaridade. Nas análises estatísticas

foram utilizados o teste do qui-quadrado e modelos de regressão logística ajustados,

estimando a Odds Ratio (ORaj).

Resultados: Foram avaliados 60.202 indivíduos, sendo 52,9% do sexo feminino, 34,2% entre

25 e 39 anos de idade, 38,9% das pessoas não possuíam instrução ou possuíam o ensino

fundamental incompleto, 32,3% apresentavam hipertensão arterial e 53,8% tinham excesso de

peso corporal. Para o comportamento sedentário foi observado que 25,8% assistiam a

televisão entre 1 hora e < 2 horas diariamente e a menor frequência desse comportamento

(15,2%) ocorreu entre os indivíduos que assistiam à televisão por 5 horas ou mais

diariamente. Houve associação significativa entre o tempo de tela e a prevalência de

hipertensão arterial (≥1hora e <2horas: ORaj= 1,09; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,15; ≥3horas

e <4horas: ORaj= 1,21; ≥4horas: ORaj= 1,29) e excesso de peso corporal (≥1hora e <2horas:

ORaj= 1,15; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,14; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,19; ≥4horas:

ORaj= 1,19).

Conclusão: Foi elevada a prevalência de comportamento sedentário na população brasileira,

avaliado por meio do tempo despendido assistindo televisão. Adicionalmente, quanto maior o

tempo despendido diariamente assistindo à televisão, maiores são as chances de apresentar

hipertensão arterial e excesso de peso corporal na população brasileira.

Palavras-Chave: Doenças Crônicas Não-Transmissíveis; comportamentos sedentários;

Pesquisa Nacional de Saúde.

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23

ABSTRACT

Objective: Estimate the prevalence of sedentary lifestyle and analyze it’s association with

chronic non-communicable diseases in Brazilian population.

Methods: Cross-sectional study, using data obtained in the National Health Survey, a

population-based household survey conducted in Brazil, in 2013. The sedentary behavior was

evaluated considering the time spent watching television, obtained with the question "On

average, how many hours a day do you usually watch television?". The chronic diseases

considered were arterial hypertension and excess body weight, estimated by means of body

mass index. Sociodemographic variables such as gender, age group and schooling level were

also considered. The chi-square test and adjusted logistic regression models were used in the

statistical analysis, estimating the Odds Ratio (ORaj).

Results: A total of 60,202 individuals were evaluated, 52.9% female, 34.2% between 25 and

39 years of age, 38.9% of the people were not educated or had incomplete elementary

education, 32.3% had arterial hypertension and 53.8% were overweight. For sedentary

behavior, it was observed that 25.8% watched television between 1 hour and <2 hours daily

and the lowest frequency of this behavior (15.2%) occurred among subjects who watched

television for 5 hours or more daily. There was a significant association between screen time

and the prevalence of hypertension (≥1hora e <2horas: ORaj= 1,09; ≥2horas e <3horas:

ORaj= 1,15; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,21; ≥4horas: ORaj= 1,29) and excess body weight

(≥1hora e <2horas: ORaj= 1,15; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,14; ≥3horas e <4horas: ORaj=

1,19; ≥4horas: ORaj= 1,19).

Conclusion: The greater the time spent watching television daily, the greater are the chances

of showing arterial hypertension and excess body weight in the Brazilian population.

KEY WORDS: Chronic Non-communicable Diseases; Sedentary Lifestyle; National Health

Survey.

Page 25: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

24

INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um problema de saúde

global, ameaçando o desenvolvimento humano, especialmente, nos países de baixa e média

renda (MALTA e SILVA JÚNIOR, 2013; WHO, 2014), como o Brasil. No Brasil, as DCNT

foram responsáveis, no ano de 2011, por 72,7% do total de mortes, com destaque para as

doenças do aparelho circulatório (30,4% do total de óbitos), as neoplasias (16,4% do total de

óbitos) e o diabetes (5,3% do total de óbitos) (MALTA et al., 2014) e a proporção de mortes

por DCNT aumentou em mais de três vezes entre os anos de 1930 e 2006 (MALTA et al.,

2006). Esses dados reafirmam a relevância das DCNT neste momento de transição

epidemiológica e nutricional no Brasil (OMRAN, 2009; DUARTE; BARRETO, 2012).

Entre os fatores de risco predisponentes às DCNT existem aqueles que são

classificados como não modificáveis, tais como sexo, idade, genética, e os modificáveis,

comumente chamados de comportamentos de risco à saúde, principalmente aqueles

relacionados ao estilo de vida dos indivíduos (MALTA et al., 2015).

Nesse contexto, o tempo gasto em comportamentos sedentários, tais como tempo

despendido com televisão, computadores e telas em geral, além de estar associado a doenças

cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica e diabetes mellitus (FARIAS JÚNIOR,

2011; THORP et al., 2011; BIDDLE et al., 2017), pode ser considerado um fator de risco para

todas as causas de mortalidade, independentemente do nível de atividade física

(KATZMARZYK et al., 2009; GRONTVED e HU, 2011; VAN DER PLOEG et al., 2012).

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência do tempo de tela

e analisar sua associação com doenças crônicas não transmissíveis na população brasileira.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma análise seccional a partir dos dados obtidos na

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que é um inquérito de base domiciliar realizado em 2013

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da

Saúde (MS). A PNS é integrante do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE e

utiliza a amostra mestra desse sistema, de maior cobertura geográfica e ganho de precisão nas

estimativas. O plano amostral empregado foi de amostragem probabilística em três estágios.

No primeiro estágio, houve estratificação das unidades primárias de amostragem (UPA),

constituídas pelos setores ou conjunto de setores censitários. O segundo estágio foi formado

pelos domicílios, e o terceiro estágio pelos moradores com 18 e mais anos de idade. A seleção

Page 26: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

25

da subamostra de UPA foi feita por amostragem aleatória simples2. A amostra foi estimada

em 81.167 domicílios e foram coletadas informações em 64.348 deles, onde foram

entrevistados 60.202 adultos. Foram definidos pesos amostrais para as UPA, os domicílios e

todos seus moradores; e um peso para o morador selecionado. Este último foi calculado

considerando-se (i) o peso do domicílio correspondente, (ii) a probabilidade de seleção do

morador, (iii) ajustes de não resposta por sexo e (iv) calibração pelos totais populacionais por

sexo e faixas etárias, estimados com o peso de todos os moradores (SZWARCWALD et al.,

2014; BRASIL, 2014).

Para a coleta de dados os entrevistados responderam ao questionário com registro por

computadores de mão e após o contato com a pessoa responsável ou com algum dos

moradores do domicílio selecionado, o agente de coleta descreveu para o morador os

objetivos e procedimentos do estudo, e a importância de sua participação na pesquisa, sendo

elaborada uma lista de todos os moradores adultos do domicílio. Foram identificados o

informante, que respondeu ao questionário domiciliar, e todos os moradores do domicílio,

além do morador adulto encarregado de responder à entrevista individual, selecionado por

programa de seleção aleatória no PDA. As entrevistas foram agendadas nas datas e horários

mais convenientes para os informantes, prevendo-se duas ou mais visitas a cada domicílio

(BRASIL, 2014).

O indicador de comportamento sedentário foi avaliado considerando o tempo

despendido assistindo à televisão, o qual foi obtido com a pergunta “Em média, quantas horas

por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?” e categorizado em: Menos de 1 hora ou

não assisti; ≥ 1hora e < 2horas; ≥ 2horas e < 3horas; ≥ 3horas e < 4horas; e ≥ 4 horas.

As DCNTs consideradas foram: Excesso de peso corporal e hipertensão arterial. As

medidas de peso e estatura foram utilizadas para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC=

peso/estatura²), sendo a condição de peso classificada de acordo com a faixa etária:

adolescentes (indivíduos de 18 e 19 anos de idade) (WHO, 2007), adultos (de 20 a 59 anos de

idade) (WHO, 1995) e idosos (The Nutrition Screening Initiative, 1994). Para análise os

resultados foram agrupados em: sem excesso de peso (baixo peso e peso adequado) e com

excesso de peso (sobrepeso e obesidade).

Para avaliação da hipertensão arterial sistêmica aferida foram consideradas as três

medidas de pressão arterial, com intervalos de dois minutos entre elas. A média entre a

segunda e terceira medição foi utilizada para o presente estudo. A hipertensão arterial

sistêmica foi diagnostica considerando a medida da pressão arterial sistólica maior ou igual a

Page 27: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

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140 mmHg ou medida diastólica maior ou igual a 90 mmHg, assim como o relato de uso de

medicamentos para controlar a pressão arterial nos últimos 15 dias.

As informações sociodemográficas analisadas foram: sexo, faixa etária (18 a 24 anos,

25 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 anos ou mais) e nível de escolaridade (sem instrução e

fundamental incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e

superior incompleto, superior completo).

Análises dos dados

Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Statistical

Package for the Social Science (SPSS for Windows – versão 19.0). Na análise bivariada foi

utilizado o teste do qui-quadrado para avaliar a relação entre a frequência de comportamento

sedentário e as variáveis de interesse. Em seguida, a associação entre o comportamento

sedentário e as DCNT foi estimada por meio de modelos de regressão logística, brutos e

ajustados, expressos com Odds Ratio (OR) e seus respectivos Intervalos de Confiança de 95%

(IC95%).

Aspectos éticos

O inquérito foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres

Humanos, do Ministério da Saúde, sob o Parecer no 328.159, de 26 de junho de 2013. O

Termo de consentimento Livre e Esclarecido foi firmado no próprio PDA. Todos os Termos

de Consentimento Livre e Esclarecido estão disponíveis no sítio eletrônico da PNS.

RESULTADOS

No presente estudo foram analisados dados de 60.202 indivíduos, sendo 52,9% do

sexo feminino, 34,2% com idade entre 25 e 39 anos e 38,9% eram pessoas sem instrução e

com ensino fundamental incompleto. Em relação ao tempo de TV, 22,7% referiram assistir

menos de 1 hora ou não assisti à TV, 25,8% assistiam à TV por um período entre 1 hora e

menos de 2 horas, 22,6% assistiam à TV por um período entre 2 horas e menos de 3 horas,

13,7% assistiam à TV por um período entre 3 horas e menos de 4 horas e 15,2% assistiam à

TV por um período 4 horas ou mais. Quanto às DCNT analisadas, 32,3% dos indivíduos

apresentaram hipertensão arterial e 53,8% tinham excesso de peso corporal (Tabela 1).

Por meio dos modelos de regressão logística ajustados foi possível observar

associação significativa positiva entre o aumento do número de horas assistindo TV e as

Page 28: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

27

prevalências tanto de excesso de peso corporal (≥1hora e <2horas: ORaj= 1,15, IC95%= 1,05;

1,25; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,14, IC95%= 1,05; 1,25; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,19,

IC95%= 1,08; 1,31; ≥4horas: ORaj= 1,19, IC95%= 1,08; 1,30) quanto de hipertensão arterial

(≥1hora e <2horas: ORaj= 1,09, IC95%= 0,99; 1,02; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,15, IC95%=

1,04; 1,28; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,21, IC95%= 1,07; 1,37; ≥4horas: ORaj= 1,29,

IC95%= 1,15; 1,45) (Tabela 2).

DISCUSSÃO

No presente estudo foi observada elevada prevalência de comportamento sedentário na

população brasileira. Além disso, verificou-se que quanto maior é a exposição ao tempo

assistindo à televisão maiores são as chances de o indivíduo apresentar excesso de peso

corporal e hipertensão arterial.

A prevalência observada no presente estudo é semelhante à verificada nos dados do

Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito

Telefônico (VIGITEL) (2018), no qual a frequência do hábito de ver televisão por três ou

mais horas diárias, por indivíduos adultos (18 anos de idade ou mais) foi de 24,6% e as

capitais com as maiores proporções são São Luis (29,8%), Salvador (28,1%) e Belém

(26,9%), e as capitais com menores proporções foram Rio Branco (19,8%), Distrito Federal

(19,7%) e Palmas (15,5%) (BRASIL, 2018).

Gomes, Siqueira e Sichieri (2001), avaliando 4.331 indivíduos, com mais de 12 anos

de idade, encontraram que a média de tempo assistindo televisão entre homens e mulheres

foram de 3,8 e 3,5 horas por dia, respectivamente. Entre adultos de Campinas, Santini (2017)

encontrou que o tempo médio assistindo à TV foi de 2,9 horas. Já Schaan et al. (2018),

encontraram prevalência de tempo assistindo à televisão por ≥2 h/dia de 58.8% de entre

adolescentes brasileiros, sendo essa prevalência menor em meninos (59.2%) do que em

meninas (66.3%).

Em um estudo transversal, realizado na cidade de Manaus, com 864 estudantes do

ensino público municipal com idades entre 15 e 19 anos de idade, no qual o tempo de mais do

que 2 horas assistindo à televisão e jogando videogames por dia foi considerado como

excessivo, sendo que não houve diferença entre meninos e meninas em relação ao tempo

gasto assistindo TV nos dias de escola e em finais de semana, no entanto 60,8% dos meninos

e 63,3% das meninas declararam que eles gastam mais do que 2 horas por dia com essa

atividade durante dias de escola e durante os finais de semana 59,7% dos garotos e 63,9% das

Page 29: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

28

garotas continuaram a gastar o mesmo número de horas assistindo à TV (BEZERRA et al.,

2016).

Em outro estudo transversal, com uma amostra composta por 6.234 estudantes, com

idades entre 14 e 19 anos, matriculadas na rede pública estadual de ensino médio do estado de

Pernambuco, tanto da zona urbana, quanto da zona rural, sendo os comportamentos

sedentários caracterizados em menos de 4 horas e mais do que 4 horas. Dos alunos da área

urbana, 86% utilizam a televisão por um período menor a 4 horas diárias, enquanto dos alunos

da zona rural 88,7% utilizam a televisão por um período menor a 4 horas diárias (REGIS et

al., 2016).

Já em um estudo de revisão, no qual foram analisados 39 artigos, publicados entre os

anos de 2003 e 2013, sendo a maior concentração das publicações com essa temática entre os

anos de 2012 e 2013. Desses artigos, 51,3% foram compostos exclusivamente por pessoas

idosas (≥ 60 anos) e os demais apresentaram ampla faixa etária incluindo em alguns casos os

adultos jovens, entretanto nestes estudos os resultados de comportamento sedentário foram

estratificados de acordo com as faixas etárias (DOS SANTOS et al., 2015).

A associação positiva entre tempo despendido assistindo televisão e excesso de peso

corporal pode ocorrer devido ao aumento do consumo de energia e/ou diminuição do gasto

energético (WILLIAMS; RAYNOR, 2008).

Em estudo de revisão, com indivíduos entre 30 e 87 anos, foi observado que o

aumento no tempo despendido assistindo televisão em mais de cinco anos previu

significativas mudanças na circunferência da cintura, para homens e mulheres, e em um

conjunto de fatores de risco cardiometabólico para mulheres. Uma possível explicação é o

aumento na ingestão energética devido à indução de frequentes comerciais sobre comidas e

bebidas e diferente de várias outras atividades, as mãos estão livres para comer durante o

tempo de televisão (OWEN, 2010). Nesse sentido, THORP et al. (2011) verificaram em

revisões sistemáticas, muitos autores associaram o tempo despendido assistindo televisão e o

ganho ponderal e aumento da ingestão de lanches hipercalóricos, consumidos nessas ocasiões.

Algumas revisões sistemáticas demonstraram uma relação positiva entre tempo

prolongado de comportamento sedentário e todas as causas de morte e por doenças

cardiovasculares e metabólicas, independentemente da prática de atividades físicas de

intensidade moderada a vigorosa. Nesses estudos foi demonstrado que os comportamentos

sedentários estão associados à biomarcadores de doenças cardiovasculares e metabólicas,

assim como a fatores de risco para essas doenças (circunferência abdominal, índice de massa

Page 30: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

29

corporal, pressão arterial, glicose), independentemente do nível de atividade física (FARIAS

JÚNIOR., 2011).

Em uma meta-análise, realizada com estudos publicados de 1970 a março de 2011,

foram incluídos 8 estudos, dos quais 4 relataram resultados de diabetes tipo 2 (175938

indivíduos; 6428 casos incidentes por 1,1 milhões de pessoas em anos de acompanhamento),

4 relataram em doenças cardiovasculares fatais ou não fatais (34253 indivíduos; 1052 casos

incidentes), and 3 relataram mortalidade por todas as causas (26509 indivíduos; 1879 mortes

durante 202353 pessoas em anos de acompanhamento). Os riscos relativos agrupados por 2

horas assistindo TV diariamente foi 1,20 para diabete tipo 2, 1,15, para doença cardiovascular

fatal ou não fatal e 1,13 para mortalidade de todas as causas. Enquanto as associações entre

tempo gasto assistindo TV e risco de diabetes tipo 2 e doença cardiovascular foram lineares, o

risco de mortalidade de todas as causas apareceu aumentar durante assistir TV por mais do

que 3 horas por dia (GRONTVED; HU, 2011).

Com base em análises realizadas com dados de 222.497 participantes que

completaram um questionário base de fevereiro de 2006 à 30 de novembro de 2008, foi feito

um estudo de coorte prospectivo em larga escala de homens e mulheres de 45 anos ou mais da

população em geral, do estado de New South Wales, Austrália. Dos participantes, 52,4%

eram mulheres, 62,0% tinham sobrepeso ou obesidade, 86,7% relataram sua saúde como

sendo de boa à excelente, 25,2% sentavam pelo menos 8 horas/dia, e 75,0% atingiam os 150

minutos/semana das diretrizes de atividade física (VAN DER PLOEG et al., 2012).

Segundo Schofield, Quigley e Brown (2009) há evidência considerável sobre a

associação entre comportamento sedentário com o risco de obesidade e ganho de peso em

pessoas eutróficas. No entanto, existem limitações na quantidade de evidências

epidemiológicas em relação à associação entre comportamento sedentário e várias medidas de

síndrome metabólica. Além disso, para os autores há uma significativa associação positiva

entre comportamento sedentário e diabetes, doença cardiovascular e dislipidemia. Para alguns

tipos de câncer, existe uma ligação plausível com algumas evidências em perspectiva e para

dor nas costas, saúde óssea, cálculos biliares e saúde mental as investigações são limitadas

(SCHOFIELD; QUIGLEY; BROWN, 2009).

Em relação às limitações o presente estudo, avalia apenas o tempo despendido

assistindo à televisão, que apesar de ser considerando como uma das diversas formas de

tempo despendido com o uso de telas e esse tipo de comportamento ser um entre diversos

comportamentos sedentários, o trabalho avalia dados de indivíduos adultos, que possuem

Page 31: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

30

poucos estudos à seu respeito quando se trata de comportamento sedentários e avalia dados da

PNS, que é um estudo de abrangência nacional.

Owen (2010) destaca que existe um potencial erro de medida do tempo utilizado

assistindo à televisão associado ao uso de medidas auto-declaradas que são comuns na

maioria dos estudos de tempo assistindo à televisão, apesar de as medidas utilizadas serem

razoavelmente confiáveis e válidas.

CONCLUSÃO

Foi elevada a prevalência de comportamento sedentário na população brasileira,

avaliado por meio do tempo despendido assistindo televisão. Adicionalmente, foi possível

verificar que quanto maior é a exposição ao tempo assistindo à televisão, maiores são as

chances de o indivíduo apresentar excesso de peso corporal e hipertensão arterial.

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33

Tabela 1. Distribuição da população segundo variáveis de interesse (N= 60.202). Pesquisa

Nacional de Saúde, Brasil, 2013.

Característica da população Total % (IC 95%)

Sexo 60202

Masculino 25920 47,1 (46,4; 47,8)

Feminino 34282 52,9 (52,2; 53,6)

Idade (em anos)

18 – 24 7823 15,9 (15,4; 16,5)

25 – 39 20767 34,2 (33,6; 34,9)

40 – 59 20435 31,8 (31,1; 32,4)

60 ou mais 11177 18,0 (17,5; 18,6)

Escolaridade

Sem instrução e fundamental incompleto 24083 38,9 (38,3; 39,6)

Fundamental completo e ensino médio incompleto 9215 15,5 (15,0; 16,0)

Ensino médio completo e superior incompleto 19149 32,8 (32,1; 33,5)

Superior completo 7755 12,7 (12,3; 13,2)

Tempo de TV por dia

Menos de 1 hora ou não assiste 13276 22,7 (22,1; 23,3)

Entre 1 hora e menos de 2 horas 15481 25,8 (25,2; 26,4)

Entre 2 horas e menos de 3 horas 13676 22,6 (22,0; 23,2)

Entre 3 horas e menos de 4 horas 8342 13,7 (13,2; 14,2)

4 horas ou mais 9427 15,2 (14,7; 15,7)

Hipertensão arterial

Não 41175 67,7 (67,0; 68,4)

Sim 18227 32,3 (31,6; 33,0)

Excesso de peso corporal

Não 27405 46,2 (45,5; 46,9)

Sim 31997 53,8 (53,1; 54,5)

IC95% = Intervalo de Confiança de 95%.

Todas as proporções levam em consideração os pesos amostrais.

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34

Tabela 2. Associação entre tempo de TV com excesso de peso e hipertensão na população

brasileira (N= 60.202). Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2013.

Tempo de TV Odds Ratio (IC95%)

Bruta Ajustada

Excesso de peso corporal*

< 1 hora ou não assiste 1 1

Entre 1 hora e < 2 horas 1,17 (1,07; 1,27) 1,15 (1,05; 1,25)

Entre 2 horas e < 3 horas 1,16 (1,06; 1,26) 1,14 (1,05; 1,25)

Entre 3 horas e < 4 horas 1,21 (1,10; 1,33) 1,19 (1,08; 1,31)

4 horas ou mais 1,19 (1,08; 1,31) 1,19 (1,08; 1,30)

Hipertensão arterial**

< 1 hora ou não assisti 1 1

Entre 1 hora e < 2 horas 1,10 (1,0; 1,21) 1,09 (0,99; 1,02)

Entre 2 horas e < 3 horas 1,14 (1,04; 1,25) 1,15 (1,04; 1,28)

Entre 3 horas e < 4 horas 1,23 (1,12; 1,37) 1,21 (1,07; 1,37)

4 horas ou mais 1,30 (1,17; 1,43) 1,29 (1,15; 1,45) *Análise de regressão logística ajustada por sexo, idade e nível de escolaridade. **Análise de regressão logística ajustada por sexo, idade, nível de escolaridade e índice de

massa corporal.

IC95%= Intervalo de Confiança de 95%.

Page 36: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

35

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise a cerca do

comportamento sedentário na população brasileira, avaliado por meio do tempo despendido

assistindo televisão diariamente, por meio de dados coletados na Pesquisa Nacional de Saúde

(PNS), de 2013. Além disso, foi possível averiguar que quanto maior é a exposição do

indivíduo ao tempo assistindo à televisão, maiores são as suas chances de apresentar excesso

de peso corporal e hipertensão arterial.

Dessa forma, considerando o papel que comportamentos saudáveis relacionados ao

estilo de vida tem no contexto de saúde, qualidade de vida e relacionamento social entende-se

a necessidade da conscientização e o reconhecimento da importância de promover a redução

do tempo de exposição a televisão, valorizando a prática de atividades ativas durante o tempo

de lazer.

A discussão a respeito de comportamentos de risco relacionados ao estilo de vida, tal

como o comportamento sedentário tem avançado, cabendo destacar a importância da

realização de estudos que aprofundem na relação entre esses comportamentos e as condições

de saúde da população, em especial o desenvolvimento e prevenção das doenças crônicas não

transmissíveis.

Nesse contexto, este trabalho contribui para auxiliar na compreensão e estudo a

respeito do uso de tela, em especial, tempo assistindo à televisão e sua associação com o

aparecimento de DCNT em adultos. Além disso, o estudo auxilia na promoção da PNS,

estudo esse, que possui de representatividade nacional.

Page 37: ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ... - UFMT

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8. ANEXO

ANEXO 1