as.txt

download as.txt

If you can't read please download the document

Transcript of as.txt

tradioinflunciadesenvolvimentoevoluolivro - origemobra - autores"Todo sistema de educao uma maneira poltica de manter ou de modificar a apropriao dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo."O discurso no simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominao, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar.""No me pergunte quem sou e no me diga para permanecer o mesmo."As luzes que descobriram as liberdades inventaram tambm as disciplinas "So aquelas instituies que retiram compulsoriamente os indivduos do espao familiar ou social mais amplo e os internam, durante um perodo longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam etc."Enunciado, Acontecimento, Discurso.sistemas de dispersoformao discursiva1 regras de formaoa superficie de emerncia. "meio"b Instncias de delimitao. "vozes" que nomeiam e instauramc Grades de especificao. O discurso algo inteiramente diferente do lugarem que vm se depositar e se superpor, como em uma simplessuperfcie de inscrio, objetos que teriam sido instauradosanteriormenteele no preexiste a si mesmo, retido por algum obstculo aosprimeiros contornos da luz, mas existe sob as condies positivasde um feixe complexo de relaes.noso os objetos que permanecem constantes, nem o domnio queformam; nem mesmo seu ponto de emergncia ou seu modo decaracterizao; mas o estabelecimento de relao entre assuperfcies em que podem aparecer, em que podem ser delimitados, analisados eespecificados.dscsso - Mas como prticas que formamsistematicamente os objetos de que falam.No caso em que se puder descrever, entre um certo nmero deenunciados, semelhante sistema de disperso, e no caso em queentre os objetos, os tipos de enunciao, os conceitos, as escolhastemticas, se puder definir uma regularidade (uma ordem,correlaes, posies e funcionamentos, transformaes), diremos,por conveno, que se trata de uma formao discursiva -evitando, assim, palavras demasiado carregadas de condies econsequncias, inadequadas, alis, para designar semelhantedisperso, tais como "cincia", ou "ideologia", ou "teoria", ou"domnio de objetividade". Chamaremos de regras deformao ascondies a que esto submetidos os elementos dessa repartio(objetos, modalidade de enunciao, conceitos, escolhastemticas). As regras de formao so condies de existncia(mas tambm de coexistncia, de manuteno, de modificao e dedesaparecimento) em uma dada repartio discursiva.pontos de difraopontos de incompatibilidade:pontos deequivalncia:pontos de ligao de uma sistematizaoeconomia daconstelao discursivafuno que deve exercer o discurso estudado em um campo deprticas no discursivas.regime e os processos deapropriaoposies possveis do desejo em relao do discurso:pode serdescrita, em sua singularidade, se formos capazes de determinar asregras especficas segundo as quais foram formados objetos,enunciaes, conceitos, opes tericas: se h unidade, ela no estna coerncia visvel e horizontal dos elementos formados; reside,muito antes, no sistema que torna possvel e rege sua formao.Mostramos que as escolhasestratgicas no surgem diretamente de uma viso de mundo ou deuma predominncia de interesses que pertenceriam a este ou quelesujeito falante; mas que sua prpria possibilidade determinadapor pontos de divergncia no jogo dos conceitos; mostramostambm que os conceitos no eram formados diretamente sobre ofundo aproximativo, confuso e vivo das idias, mas a partir dasformas de coexistncia entre os enunciados; quanto s modalidadesde enunciao, vimos que eram descritas a partir da posio que osujeito ocupa em relao ao domnio de objetos de que falada diferenciaoprimria dos objetos formao das estratgias discursivas existetoda uma hierarquia de relaes.No setrata de uma forma intemporal, mas de um esquema decorrespondncia entre diversas sries temporais.No procuramos, pois, passar do texto aopensamento, da conversa ao silncio, do exterior ao interior, dadisperso espacial ao puro recolhimento do instante, damultiplicidade superficial unidade profunda. Permanecemos nadimenso do discurso.Permanece uma ltima possibilidade: primeira vista, a maisverossmil de todas. Seria possvel dizer que existe enunciadosempre que se possa reconhecer e isolar um ato de formulao -algo como o speech act, esse ato "ilocutrio" de que falam os"analistas" ingleses? claro que no se visa com isso ao atomaterial que consiste em falar (em voz alta ou baixa) e em escrever( mo ou mquina); no se visa tampouco inteno doindivduo que est falando (o fato de que quer convencer, quedeseja ser obedecido, que procura descobrir a soluo de umproblema ou que deseja dar notcias); no se designa tampouco oresultado eventual do que ele disse (se convenceu ou suscitoudesconfiana; se foi ouvido e se suas ordens foram cumpridas; sesua prece foi compreendida); descreve-se a operao que foiefetuada pela prpria frmula, em sua emergncia: promessa,ordem, decreto, contrato, compromisso, constatao. O ato ilocutrio no o que ocorreuantes do momento do enunciado (no pensamento do autor ou nojogo de suas intenes); no o que se pde produzir, depois doprprio enunciado, no sulco que deixou atrs de si e nasconsequncias que provocou; mas sim o que se produziu peloprprio fato de ter sido enunciado - e precisamente esse enunciado(e nenhum outro) em circunstncias bem determinadas. Pode-se,ento, supor que a individualizao dos enunciados depende dosmesmos critrios que a demarcao dos atos de formulao: cadaato tomaria corpo em um enunciado e cada enunciado seria,internamente, habitado por um desses atos. Existiriam um pelooutro e em uma exata reciprocidade.No poderamos,entretanto, nos satisfazer com esta resposta: inicialmente porque oato de formulao no serviria mais para definir o enunciado, masdeveria ser, ao contrrio, definido por este - que justamenteconstitui problema e requer critrios de individualizao.Ainda no hora de responder questo geral do enunciado,mas podemos, de agora em diante, delimitar o problema: oenunciado no uma unidade do mesmo gnero da frase,proposio ou ato de linguagem; no se apia nos mesmoscritrios; mas no tampouco uma unidade como um objetomaterial poderia ser, tendo seus limites e sua independncia. Emseu modo de ser singular (nem inteiramente lingustico, nemexclusivamente material), ele indispensvel para que se possadizer se h ou no frase, proposio, ato de linguagem; e para quese possa dizer se a frase est correta (ou aceitvel, ouinterpretvel), se a proposio legtima e bem constituda, seUma srie de signos se tornarenunciado com a condio de que tenha com "outra coisa" (que lhepode ser estranhamente semelhante, e quase idntica como noexemplo escolhido) uma relao especfica que se refira a elamesma - e no sua causa, nem a seus elementos.O enunciado, mesmo se est reduzido a um sintagma nominal("O barco!"), ou se est reduzido a um nome prprio ("Pedro!"),no tem com o que enuncia a mesma relao que o nome mantmcom o que designa ou significa. O nome um elemento lingusticoque pode ocupar diferentes lugares em conjuntos gramaticais: seusentido definido por suas regras de utilizao (quer se trate dosindivduos que podem ser validamente designados por ele, ou dasestruturas sintticas nas quais pode corretamente entrar); um nomese define por sua possibilidade de recorrncia. Um enunciadoexiste fora de qualquer possibilidade de reaparecimento; e arelao que mantm com o que enuncia no idntica a umconjunto de regras de utilizao. Trata-se de uma relao singular: se, nessascondies, uma formulao idntica reaparece - as mesmaspalavras so utilizadas, basicamente os mesmos nomes, em suma,a mesma frase, mas no forosamente o mesmo enunciado. preciso saber a quese refere o enunciado, qual seu espao de correlaes, para poderdizer se uma proposio tem ou no um referente.A relao da proposio com o referente no po servir demodelo e de lei relao do enunciado com o que enuncia. Estaltima no s de nvel diferente, como tambm a precede.Por maisque uma frase no seja significante, ela se relaciona a algumacoisa, na medida em que um enunciado.Em compensao, o que sepode definir como correlato do enunciado um conjunto dedomnios em que tais objetos podem aparecer e em que taisrelaes podem ser assinaladas: por exemplo, um domnio deobjetos materiais que possuem um certo nmero de propriedadesfsicas constatveis, relaes de grandeza perceptvel - ou, aocontrrio, um domnio de objetos fictcios, dotados de propriedades arbitrrias(mesmo que elas tenham uma certa constncia e uma certacoerncia), sem instncia de verificaes experimentais ouperceptivas; um domnio de localizaes espaciais e geogrficas,com coordenadas, distncias, relaes de vizinhana e de incluso -ou, ao contrrio, um domnio de dependncias simblicas e deparentescos secretos; um domnio de objetos que existem nomesmo instante e na mesma escala de tempo em que se formula oenunciado, ou um domnio de objetos que pertence a um presenteinteiramente diferente - aquele que indicado e constitudo peloprprio enunciado, e no aquele a que o enunciado tambmpertence.Est antesligado a um "referencial" que no constitudo de "coisas", de"fatos", de "realidades", ou de "seres", mas de leis de possibilidade,de regras de existncia para os objetos que a se encontramnomeados, designados ou descritos, para as relaes que a seencontram afirmadas ou negadas.V-se, de qualquer forma, que a descrio do nvel enunciativono pode ser feita nem por uma anlise formal, nem por umainvestigao semntica, nem por uma verificao, mas pela anlisedas relaes entre o enunciado e os espaos de diferenciao, emque ele mesmo faz aparecer as diferenas.Demaneira geral, parece, pelo menos primeira vista, que o sujeito doenunciado precisamente aquele que produziu seus diferenteselementos com uma inteno de significao.Descrever umaformulao enquanto enunciado no consiste em analisar asrelaes entre o autor e o que ele disse (ou quis dizer, ou disse semquerer), mas em determinar qual a posio que pode e deveocupar todo indivduo para ser seu sujeito.Pode-se dizer, de modogeral, que uma sequncia de elementos lingusticos s enunciadose estiver imersa em um campo enunciativo em que aparea comoelemento singularNo h enunciado que no suponha outros; noh nenhum que no tenha, em torno de si, um campo decoexistncias, efeitos de srie e de sucesso, uma distribuio defunes e de papis.Se se pode falar de um enunciado, namedida em que uma frase (uma proposio) figura em um pontodefinido, com uma posio determinada, em um jogo enunciativoque a extrapola.Aenunciao um acontecimento que no se repete; tem umasingularidade situada e datada que no se pode reduzir.Melhorainda: uma informao dada pode ser retransmitida com outraspalavras, com uma sintaxe simplificada, ou em um cdigoconvencionado; se o contedo informativo e as possibilidades deutilizao so as mesmas, poderemos dizer que ambos os casosconstituem o mesmo enunciado.campo de estabilizaocampo de utilizaoo termo discurso poder ser fixado:conjunto de enunciados que se apia em um mesmo sistema deformao; assim que poderei falar do discurso clnico, dodiscurso econmico, do discurso da histria natural, do discursopsiquitrico.Nem oculto, nem visvel, o nvel enunciativo est no limite dalinguagemEnunciado, no aceitabilidade gramatical, no correo logica, 1 referencial, princiio de diferenciao, 2 Sujeito; posio que pode ser ocupada3 campo associado; nao contexto, mas dominio de coexistncia para outros enunciados4 uma materialidade; Status, regras de transio, possibilidades de uso e reutilizao;Formao discursiva,- grupos de enunciados, conjuntos de performances verbais que noesto ligadas entre si, no nvel das frases, por laos gramaticais(sintticos ou semnticos); que no esto ligados entre si, no nveldas proposies, por laos lgicos (de coerncia formal ouencadeamentos conceituais); que tampouco esto ligados, no nveldas formulaes, por laos psicolgicos (seja a identidade dasformas de conscincia, a constncia das mentalidades, ou arepetio de um projeto); mas que esto ligados no nvel dosenunciados.As quatro direes em que aanalisamos (formao dos objetos, formao das posiessubjetivas, formao dos conceitos, formao das escolhasestratgicas) correspondem aos quatro domnios em que se exercea funo enunciativa.3. Pode-se ento, agora, dar um sentido pleno definio do"discurso" que havia sido sugerida anteriormente. Chamaremos dediscurso um conjunto de enunciados, na medida em que se apiemna mesma formao discursiva; ele no forma uma unidaderetrica ou formal, indefinidamente repetvel e cujo aparecimentoou utilizao poderamos assinalar (e explicar, se for o caso) nahistria; constitudo de um nmero limitado de enunciados para os quais podemos definir um conjuntode condies de existncia. O discurso, assim entendido, no uma forma ideal e intemporal que teria, alm do mais, umahistria; o problema no consiste em saber como e por que elepde emergir e tomar corpo num determinado ponto do tempo; ,de parte a parte, histrico - fragmento de histria, unidade edescontinuidade na prpria histria, que coloca o problema de seusprprios limites, de seus cortes, de suas transformaes, dos modosespecficos de sua temporalidade, e no de seu surgimento abruptoem meio s cumplicidades do tempo.4. Finalmente, o que se chama "prtica discursiva" pode seragora precisado. No podemos confundi-la com a operaoexpressiva pela qual um indivduo formula uma idia, um desejo,uma imagem; nem com a atividade racional que pode ser acionadaem um sistema de inferncia; nem com a "competncia" de umsujeito falante, quando constri frases gramaticais; um conjuntode regras annimas, histricas, sempre determinadas no tempo e noespao, que definiram, em uma dada poca e para umadeterminada rea social, econmica, geogrfica ou lingustica, ascondies de exerccio da funo enunciativa.A formao discursiva aparece,ao mesmo tempo, como princpio de escanso no emaranhado dosdiscursos e princpio de vacuidade no campo da linguagem.- Estudam-se os enunciados no limite que os separa do que no estdito, na instncia que os faz surgirem excluso de todos os outros. Nose trata de fazer falar o mutismo que os cerca, nem de reencontrar tudoaquilo que, neles e ao lado deles, se havia calado ou sido reduzido aosilncio. No se trata, tampouco, de estudar os obstculos que impediramtal descoberta, retiveram tal formulao, recalcaram tal forma deenunciao, tal significao inconsciente, ou tal racionalidade em devir;mas de definir um sistema limitado de presenas. A formao discursivano , pois, uma totalidade em desenvolvimento, tendo seu dinamismoprprio ou sua inrcia particular, carregando consigo, em um discurso noformulado, o que ela no mais diz, ainda no diz, ou o que a contradiz nomomento; no uma rica e difcil germinao, mas uma distribuio delacunas, de vazios, de ausncias, de limites, de recortes.pelo contrrio, que posio singular ocupa, que ramificaes nosistema das formaes permitem demarcar sua localizao, como ele seisola na disperso geral dos enunciados.- Essa raridade dos enunciados, a forma lacunar e retalhada do campoenunciativo, o fato de que poucas coisas, em suma, podem ser ditas,explicam que os enunciados no sejam, como o ar que respiramos, umatransparncia infinita; mas sim coisas que se transmitem e se conservam,que tm um valor, e das quais procuramos nos apropriar; que repetimos,reproduzimos e transformamos; para as quais preparamos circuitospreestabelecidos e s quais damos uma posio dentro da instituio;coisas que so desdobradas no apenas pela cpia ou pela traduo, maspela exegese, pelo comentrio e pela proliferao interna do sentido. Porserem raros os enunciados, recolhemo-los em totalidades que os unificame multiplicamos os sentidos que habitam cada um deles.A anlise dos enunciados se efetua, pois, sem referncia a um cogito.No coloca a questo de quem fala, se manifesta ou se oculta no que diz,quem exerce tomando a palavra sua liberdade soberana, ou se submetesem sab-lo a coaes que percebe mal. Ela situa-se, de fato, no nvel do"diz-se" - e isso no eleve ser entendido como uma espcie de opinio comum, derepresentao coletiva que se imporia a todo indivduo, nem comouma grande voz annima que falaria necessariamente atravs dosdiscursos de cada um; mas como o conjunto das coisas ditas, asrelaes, as regularidades e as transformaes que podem a serobservadas, o domnio do qual certas figuras e certosentrecruzamentos indicam o lugar singular de um sujeito falante epodem receber o nome de um autor. "No importa quem fala", maso que ele diz no dito de qualquer lugar. considerado,necessariamente, no jogo de uma exterioridade.Estes quatro termos, leitura - trao -decifrao - memria (qualquer que seja o privilgio que se d aum ou outro, e qualquer que seja a extenso metafrica que se lheatribua e que lhe permita reconsiderar os trs outros), definem osistema que permite, usualmente, arrancar o discurso passado desua inrcia e reencontrar, num momento, algo de sua vivacidadeperdida.Essa anlise supe que os enunciados sejam considerados naremanncia que lhes prpria e que no a do retorno sempre possvelao acontecimento passado da formulao.remanesncia - Essa anlise supe igualmente que os enunciados sejam abordadosna forma de aditividade que lhes especfica. Na verdade, os tipos degrupamento entre enunciados sucessivos no so sempre os mesmos e noprocedem jamais por simples amontoamento ou justaposio deelementos sucessivos. Os enunciados matemticos no se adicionam entresi como os textos religiosos ou os atos de jurisprudncia (cada um tem ummodo especfico de se compor, de se anular, de se excluir, de secompletar, de formar grupos mais ou menos indissociveis e dotados depropriedades singulares). Alm do mais, as formas de atividade no seapresentam de forma definitiva para uma categoria determinada deenunciados: as observaes mdicas de hoje formam um corpus que noobedece s mesmas leis de composio que a coleo dos casos do sculoXVIII; a matemtica moderna no acumula seus enunciados pelo mesmo modelo que a geometria deEuclidesA anlise enunciativa supe, finalmente, que se levem emconsiderao os fenmenos de recorrncia.Todo enunciado compreendeum campo de elementos antecedentes em relao aos quais se situa, masque tem o poder de reorganizar e de redistribuir segundo relaes novas.Ele constitui seu passado, define, naquilo que o precede, sua prpriafiliao, redesenha o que o torna possvel ou necessrio, exclui o que nopode ser compatvel com ele.Alm disso, coloca o passado enunciativocomo verdade adquirida, como um acontecimento que se produzia, comouma forma que se pode modificar, como matria a transformar, ou, ainda,como objeto de que se pode falar. Em relao a todas essas possibilidadesde recorrncia, a memria e o esquecimento, a redescoberta do sentido ousua represso, longe de serem leis fundamentais, no passam de figurassingulares.Descrever um conjunto de enunciados, no como a totalidade fechadae pletrica de uma significao, mas como figura lacunar e retalhada;descrever um conjunto de enunciados, no em referncia interioridadede uma inteno, de um pensamento ou de um sujeito, mas segundo adisperso de uma exterioridade; descrever um conjunto de enunciadospara a reencontrar no o momento ou a marca de origem, mas sim asformas especficas de um acmulo, no certamente revelar umainterpretao, descobrir um fundamento, liberar atos constituintes; no ,tampouco, decidir sobre uma racionalidade ou percorrer uma teleologia. estabelecer o que eu chamaria, de bom grado, uma positividade. Analisaruma formao discursiva , pois, tratar um conjunto de performances verbais, no nvel dos enunciados e da forma depositividade que as caracteriza; ou, mais sucintamente, definir otipo de positividade de um discurso. Se substituir a busca dastotalidades pela anlise da raridade, o tema do fundamentotranscendental pela descrio das relaes de exterioridade, a buscada origem pela anlise dos acmulos, ser positivista, pois bem, eusou um positivista feliz, concordo facilmente. E no estoudesgostoso por ter, vrias vezes (se bem que de maneira ainda umpouco cega), empregado o termo positividade para designar, delonge, a meada que tentava desenrolarAssim, aformulao da relao quantitativa entre os preos e a moeda emcirculao pode ser efetivada com as mesmas palavras - oupalavras sinnimas - e ser obtida pelo mesmo raciocnio; ela no enunciativamenie idntica em Gresham ou Locke e nosmarginalistas do sculo XIX;no pertence, em nenhum caso, aomesmo sistema de formao dos objetos e dos conceitos. preciso,pois, distinguir entre analogia lingustica (ou tradutibilidade),identidade lgica (ou equivalncia) e homogeneidade enunciativa.omenor enunciado - o mais discreto ou banal - coloca em prticatodo o jogo das regras segundo as quais so formados seu objeto,sua modalidade, os conceitos que utiliza e a estratgia de que faz parte.Ao contrrio, a arqueologiadescreve um nvel de homogeneidade enunciativa que tem seuprprio recorte temporal, e que no traz com ela todas as outrasformas de identidade e de diferenas que podem ser demarcadas nalinguagem; e neste nvel, ela estabelece um ordenamento,hierarquias e todo um florescimento que excluem uma sincroniamacia, amorfa, apresentada global e definitivamenteTal contradio, longe de ser aparnciaou acidente do discurso, longe de ser aquilo de que precisolibert-lo para que ele libere, enfim, sua verdade aberta, constitui aprpria lei de sua existncia: a partir dela que ele emerge; aomesmo tempo para traduzi-la e super-la que ele se pe a falar; para fugir dela, enquanto ela renasce sem cessar atravs dele, queele continua e recomea indefinidamente, por ela estar sempreaqum dele e por ele jamais poder contorn-la inteiramente que elemuda, se metamorfoseia, escapa de si mesmo em sua prpriacontinuidade. A contradio funciona, ento, ao longo do discurso,como o princpio de sua historicidade.espaos de dissenso.terminus a quo,terminus ad quemEssas oposiesintrnsecas que so pertinentes para a anlise arqueolgica