Atanásio - Antologia

download Atanásio - Antologia

of 73

Transcript of Atanásio - Antologia

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    1/73

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    2/73

    2

    Santo Atansio

    Antologia

    (A Criao e a Queda; A Trindade; OsSacramentos; Cristo Redentor; Carta sobre a

    Interpretao dos Salmos; A Verdade e o Nmero;Epstola 39)

    Fontes:

    http://www.statveritas.com.ar/

    http://www.mercaba.org/Tesoro/cartel_san_atanasio.htm

    http://www.cristianismo.org.br

    http://agnusdei.50webs.com/patrist.htm

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    3/73

    3

    A Criao e a Queda

    Em nosso Livro anterior tratamos suficientemente sobre algunsdos principais pontos do culto pago dos dolos, e como estesfalsos deuses surgiram originalmente. Ns tambm, pela graade Deus, indicamos brevemente que o Verbo do Pai Elemesmo divino, que todas as coisas que existem devem seu

    prprio ser sua vontade e poder e que atravs dEle que oPai d ordem criao, por Ele que todas as coisas so movidase atravs dEle que recebem o seu ser. Agora, Macrio,verdadeiro amante de Cristo, devemos dar um passo a mais naf de nossa sagrada religio e considerar tambm como o Verbose fz homem e surgiu entre ns.

    Para tratar destes assuntos necessrio primeiro que noslembremos do que j foi dito. Deves entender por que o Verbodo Pai, to grande e to elevado, se manifestou em formacorporal. Ele no assumiu um corpo como algo condizente coma sua prpria natureza, mas, muito ao contrrio, na medida emque Ele Verbo, Ele sem corpo. Manifestou-se em um corpohumano por esta nica razo, por causa do amor e da bondadede seu Pai, pela salvao de ns homens. Comearemos,

    portanto, com a criao do mundo e com Deus seu Criador,pois o primeiro fato que deves entender este: a renovao daCriao foi levada a efeito pelo mesmo Verbo que a criou emseu incio.

    Em relao criao do Universo e criao de todas as coisastm havido uma diversidade de opinies, e cada pessoa tem

    proposto a teoria que bem lhe apraz. Por exemplo, algunsdizem que todas as coisas so auto originadas e, por assimdizer, totalmente ao acaso. Entre estes esto os Epicreos, os

    quais negam terminantemente que haja alguma Intelignciaanterior ao Universo.

    Outros fazem seu o ponto de vista expressado por Plato,aquele gigante entre os Gregos. Ele disse que Deus fz todas ascoisas da matria pre-existente e incriada, assim como ocarpinteiro faz as suas obras da madeira que j existe. Mas os

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    4/73

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    5/73

    5

    os homens poderiam continuar para sempre na bem aventuradae nica verdadeira vida dos santos no paraso. Como a vontadedo homem poderia, porm, voltar-se para vrios caminhos,Deus assegurou-lhes esta graa que lhes havia concedidocondicionando-a desde o incio a duas coisas. Se elesguardassem a graa e retivessem o amor de sua inocnciaoriginal, ento a vida do paraso seria sua, sem tristeza, dor oucuidados, e aps ela haveria a certeza da imortalidade no cu.Mas se eles se desviassem do caminho e se tornassem vis,desprezando seu direito natal beleza, ento viriam a cair sob alei natural da morte e viveriam no mais no paraso, mas,

    morrendo fora dele, continuariam na morte e na corrupo.Isto o que a Sagrada Escritura nos ensina, ao proclamar aordem de Deus: "De todas as rvores que esto no jardim vscertamente comereis, mas da rvore do conhecimento do bem edo mal no havereis de comer, pois certamente havereis demorrer".

    "Certamente havereis de morrer", isto , no apenas morrereis,mas permanecereis no estado de morte e corrupo.

    Estars talvez a divagar por que motivo estamos discutindo aorigem do homem se nos propusemos a falar sobre o Verbo que

    se fz homem. O primeiro assunto de importncia para oltimo por este motivo: foi justamente o nosso lamentvelestado que fz com que o Verbo se rebaixasse, foi nossatransgresso que tocou o seu amor por ns. Pois Deus haviafeito o homem daquela maneira e havia querido que ele

    permanecesse na incorrupo. Os homens, porm, tendovoltado da contemplao de Deus para o mal que eles prpriosinventaram, caram inevitavelmente sob a lei da morte. Em vezde permanecerem no estado em que Deus os havia criado,entraram em um processo de uma completa degenerao e amorte os tomou inteiramente sob o seu domnio. Pois atransgresso do mandamento os estava fazendo retornarem aoque eles eram segundo a sua natureza, e assim como no incioeles haviam sido trazidos ao ser a partir da no existncia,

    passaram a trilhar, pela degenerao, o caminho de volta para ano existncia. A presena e o amor do Verbo os haviachamado ao ser; inevitavelmente, ento, quando eles perderamo conhecimento de Deus, juntamente com este eles perderam

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    6/73

    6

    tambm a sua existncia. Pois somente Deus que existe, omal o no-ser, a negao e a anttese do bem. Pela natureza,de fato, o homem mortal, j que ele foi feito do nada; mas eletraz tambm consigo a Semelhana dAquele Que , e se ele

    preservar esta Semelhana atravs da contemplao constante,ento sua natureza seria despojada de seu poder e ele

    permaneceria indegenerescente. De fato, isto o que vemosescrito no Livro da Sabedoria:

    "A observncia de Suas Leis a garantia da imortalidade". (Sab.

    6, 18)E, incorrompido, o homem seria como Deus, conforme o diz a

    prpria Escritura, onde afirma: "Eu disse: `Sois deuses, e todosfilhos do Altssimo. Mas vs como homens morrereis, caireiscomo um prncipe qualquer'". (Salmo 81, 6)

    Esta, portanto, era a condio do homem. Deus no apenas ohavia feito do nada, mas tambm lhe tinha graciosamenteconcedido a Sua prpria vida pela graa do Verbo. Os homens,

    porm, voltando-se das coisas eternas para as coisascorruptveis, pelo conselho do demnio, se tornaram a causa desua prpria degenerao para a morte, porque, conformedissemos antes, embora eles fossem por natureza sujeitos corrupo, a graa de sua unio com o Verbo os tornavacapazes de escapar na lei natural, desde que eles retivessem abeleza da inocncia com a qual haviam sido criados. Isto omesmo que dizer que a presena do Verbo junto a eles lhesfazia de escudo, protegendo-os at mesmo da degeneraonatural, conforme tambm o diz o Livro da Sabedoria: "Deuscriou o homem para a imortalidade e como uma imagem de sua

    prpria eternidade; mas pela inveja do demnio entrou nomundo a morte". (Sab. 2, 23)

    Quando isto aconteceu os homens comearam a morrer e acorrupo correu solta entre eles, tomou poder sobre osmesmos at mais do que seria de se esperar pela natureza,sendo esta a penalidade sobre a qual Deus os havia avisado

    prevenindo-os acerca da transgresso do mandamento. Naverdade, em seus pecados os homens superaram todos oslimites. No incio inventaram a maldade; envolvendo-se desta

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    7/73

    7

    maneira na morte e na corrupo, passaram a caminhargradualmente de mal a pior, no se detendo em nenhum graude malcia, mas, como se estivessem dominados por umainsacivel apetite, continuamente inventando novo tipos de

    pecados. Os adultrios e os roubos se espalharam por todos oslugares, os assassinatos e as rapinas encheram a terra, a lei foidesrespeitada para dar lugar corrupo e injustia, todos ostipos de iniqidades foram praticados por todos, tantoindividualmente como em comum. Cidades fizeram guerracontra cidades, naes se levantaram contra naes, e toda aterra se viu repleta de divises e lutas, enquanto cada um

    porfiava em superar o outro em malcia. At os crimescontrrios natureza no foram desconhecidos, conforme no-lodiz o Apstolo mrtir de Cristo:

    "Suas prprias mulheres mudaram o uso natural em outro uso,que contra a natureza; e os homens tambm, deixando o usonatural da mulher, arderam nos seus desejos um para com ooutro, cometendo atos vergonhosos com o seu prprio sexo, erecebendo em suas prprias pessoas a recompensa devida pelasua perversidade". (Rom. 1, 26-7)

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    8/73

    8

    La Trinidad

    La Trinidad.

    Existe, pues, una Trinidad santa y completa, de la que seafirma que es Dios, en el Padre, el Hijo y el Espritu Santo. Enella no se encuentra ningn elemento extrao o externo; no secompone de uno que crea y de otro que es creado, sino que

    toda ella es creadora, consistente e indivisible por naturaleza,siendo su actividad nica. El Padre hace todas las cosas por elVerbo en el Espritu Santo: de esta manera se salva la unidadde la santa Trinidad. As en la Iglesia se predica un solo Diosque est sobre todos, por todos y en todos (cf. Ef 4, 6): sobretodos, en cuanto Padre, principio y fuente; por todos, por elVerbo; en todos, en el Espritu Santo. Es una verdaderaTrinidad no slo de nombre y por pura ficcin verbal, sino enverdad y realidad. As como el Padre es el que es, as tambinsu Verbo es el que es y Dios soberano. El Espritu Santo no est

    privado de existencia real, sino que existe con verdadera

    realidad(...)

    Unidad y distincin entre el Padre y el Hijo.

    Yo en el Padre, y el Padre en m (Jn 14, 10). El Hijo est en elPadre, en cuanto podemos comprenderlo, porque todo el serdel Hijo es cosa propia de la naturaleza del Padre, como elresplandor lo es de la luz, y el arroyo de la fuente. As el que ve

    al Hijo ve lo que es propio del Padre, y entiende que el ser delHijo, proviniendo del Padre, est en el Padre. Asimismo elPadre est en el Hijo, porque el Hijo es lo que es propio delPadre, a la manera como el sol est en su resplandor, la menteest en la palabra, y la fuente en el arroyo. De esta suerte, elque contempla al Hijo contempla lo que es propio de lanaturaleza del Padre, y piensa que el Padre est en el Hijo.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    9/73

    9

    Porque la forma y la divinidad del Padre es el ser del Hijo, y,por tanto, el Hijo est en el Padre, y el Padre en el Hijo. Poresto con razn habiendo dicho primero Yo y el Padre somosuno (Jn 10, 30), aadi: Yo en el Padre y el Padre en m (Jn14, 10): as manifest la identidad de la divinidad y la unidadde su naturaleza.

    Sin embargo, son uno pero no a la manera con que una cosa sedivide luego en dos, que no son en realidad ms que una; nitampoco como una cosa que tiene dos nombres, como si lamisma realidad en un momento fuera Padre y en otro momentoHijo. Esto es lo que pensaba Sabelio, y fue condenado comohereje. Se trata de dos realidades, de suerte que el Padre esPadre, y no es Hijo; y el Hijo es Hijo, y no es Padre. Pero sunaturaleza es una, pues el engendrado no es desemejante conrespecto al que engendra, ya que es su imagen, y todo lo que esdel Padre es del Hijo. Por esto el Hijo no es otro dios, pues noes pensado fuera (del Padre): de lo contrario, si la divinidad seconcibiera fuera del Padre, habra sin duda muchos dioses. ElHijo es otro en cuanto es engendrado, pero es del mismo encuanto es Dios. El Hijo y el Padre son una sola cosa en cuantoque tienen una misma naturaleza propia y peculiar, por laidentidad de la divinidad nica. Tambin el resplandor es luz, y

    no es algo posterior al sol, ni una luz distinta, ni una participacin de l, sino simplemente algo engendrado de l:ahora bien, una realidad as engendrada es necesariamente unanica luz con el sol, y nadie dir que se trata de dos luces,aunque el sol y su resplandor sean dos realidades: una es la luzdel sol, que brilla por todas partes en su propio resplandor. Astambin, la divinidad del Hijo es la del Padre, y por esto esindivisible de ella. Por esto Dios es uno, y no hay otro fuera del. Y siendo los dos uno, y nica su divinidad, se dice del Hijolo mismo que se dice del Padre, excepto el ser Padre.

    El Verbo no fue hecho como medio para crear.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    10/73

    10

    El Verbo de Dios no fue hecho a causa de nosotros, sino msbien nosotros fuimos hechos a causa de l, y en l fueroncreadas todas las cosas (Col 1, 16). No fue hecho a causa denuestra debilidadsiendo l fuertepor el Padre, que existahasta entonces solo, a fin de servirse de l como de instrumento

    para crearnos. En manera alguna podra ser as. Porque aunqueDios se hubiese complacido en no hacer creatura alguna, sinembargo el Verbo no por ello hubiera dejado de estar en Dios,

    y el Padre de estar en l. Con todo no era posible que las cosascreadas se hicieran sin el Verbo, y as es obvio que se hicieran

    por l. Pues ya que el Hijo es el Verbo propio de la naturaleza

    sustancial de Dios, y procede de l y est en l(...) era imposibleque la creacin se hiciera sin l. Es como la luz que ilumina consu resplandor todas las cosas, de suerte que nada puedeiluminarse si no es por el resplandor. De la misma manera elPadre cre con su Verbo, como si fuera su mano, todas lascosas, y sin l nada hace. Como nos recuerda Moiss, dijo Dios:Hgase la luz, Congrguense las aguas (Gn 1, 3 y 9)(...), yhabl, no a la manera humana, como si hubiera all un obrero

    para oir, el cual enterndose de la voluntad del que hablabafuera a ejecutarla. Esto sera propio del orden creado, peroindigno de que se atribuya al Verbo. Porque el Verbo de Dios

    es activo y creador, siendo l mismo la voluntad del Padre. Poreso no dice la sagrada Escritura que hubiera quien oyera ycontestara cmo y con qu propiedades quera que se hiciera loque se tena que hacer, sino que Dios dijo nicamenteHgase, y al punto se aade Y as fue hecho. Lo que queracon su voluntad, al punto fue hecho y terminado por elVerbo(...) Basta el querer, y la cosa est hecha. As la palabradijo es para nosotros el indicador de la divina voluntad,mientras que la palabra y as fue hecho indica la obrarealizada por su Verbo y su sabidura, en la cual se hallatambin incluida la voluntad del Padre(...)

    Unidad de naturaleza en el Padre y el Hijo.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    11/73

    11

    Ya que l es el Verbo de Dios y su propia sabidura, y, siendosu resplandor, est siempre con el Padre, es imposible que si elPadre comunica gracia no se la comunique a su Hijo, puestoque el Hijo es en el Padre como el resplandor de la luz. Porqueno por necesidad, sino como un Padre, en virtud de su propiasabidura fund Dios la tierra e hizo todas las cosas por mediodel Verbo que de l procede, y establece por el Hijo el santolavatorio del bautismo. Porque donde est el Padre est el Hijo,de la misma manera que donde est la luz all est suresplandor. Y as como lo que obra el Padre lo realiza por elHijo. y el mismo Seor dice: Lo que veo obrar al Padre lo hago

    tambin yo, as tambin cuando se confiere el bautismo, aaquel a quien bautiza el Padre lo bautiza tambin el Hijo, y elque es bautizado por el Hijo es perfeccionado en el EspirituSanto. Adems, as como cuando alumbra el sol se puede decirtambin que es su resplandor el que ilumina, ya que la luz esnica y no puede dividirse ni partirse, as tambin, donde esto se nombra al Padre all est tambin indudablemente el Hijo;

    y puesto que en el bautismo se nombra al Padre, hay quenombrar igualmente con l al Hijo.

    La eterna generacin del Hijo.

    Es exacto decir que el Hijo es vstago eterno del Padre. Porquela naturaleza del Padre no fue en momento alguno imperfecta,de suerte que pudiera sobrevenirle luego lo que es propio deella. El Hijo no fue engendrado como se engendra un hombrede otro hombre, de forma que la existencia del padre esanterior a la del hijo. El hijo es vstago de Dios, y siendo Hijodel Dios que existe eternamente, l mismo es eterno. Es propio

    del hombre, a causa de la imperfeccin de su naturaleza,engendrar en el tiempo: pero Dios engendra eternamente,porque su naturaleza es perfecta desde siempre(...) Lo que esengendrado del Padre es su Verbo, su sabidura y suresplandor, y hay que decir que los que afirman que haba untiempo en que no exista el Hijo son como ladrones que roban aDios su propio Verbo, y se declaran contrarios a l diciendo

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    12/73

    12

    que durante un tiempo no tuvo ni Verbo ni sabidura, y que laluz hubo tiempo en que no tuvo resplandor, y la fuente hubotiempo en que era estril y seca. En realidad simulan evitar la

    palabra tiempo a causa de los que se lo reprochan, y dicenque el Verbo exista antes de los tiempos. Sin embargo,determinan un cierto periodo en el cual imaginan que elVerbo no exista, con lo cual introducen igualmente la nocinde tiempo: y as, al admitir un Dios sin Logos o Verbo,muestran su extraordinaria impiedad.

    La eternidad del Padre implica la filiacin eterna.

    Dios existe desde la eternidad: y si el Padre existe desde laeternidad, tambin existe desde la eternidad lo que es suresplandor, es decir, su Verbo. Adems, Dios, el que es, tienede si mismo el que es su Verbo: el Verbo no es algo que antesno exista y luego vino a la existencia, ni hubo un tiempo enque el Padre estuviera sin Logos (alogos). La audacia dirigidacontra el Hijo llega a tocar con su blasfemia al mismo Padre, ya

    que lo concibe sin Sabidura, sin Logos, sin Hijo(...) Es como siuno, viendo el sol, preguntara acerca de su resplandor: Lo queexiste primero hace lo que no existe o lo que ya existe? El que

    pensara as seria tenido por insensato, pues sera locura pensarque lo que procede totalmente de la luz es algo extrnseco aella, y pregunta cundo, dnde y cmo fue dicho. Lo mismoocurre con el que pregunta tales cosas acerca del Hijo y delPadre. Al hacer tales preguntas muestra una locura todavamayor, pues supone que el Logos del Padre es algo externo a l,e imagina como en sombras que lo que es generacin de lanaturaleza divina es una cosa creada, afirmando que no exista

    antes de ser engendrado. Oigan, pues, la respuesta a supregunta: El Padre, que existe (eternamente), hizo al Hijo con lamisma existencia(...) Mas, decidnos vosotros, los arrianos(...):El que es, tuvo necesidad del que no era para crear todas lascosas, o necesit de l cuando ya era? Porque est en vuestrosdichos que el Padre se hizo para si al Hijo de la nada, comoinstrumento para crear con l todas las cosas. Ahora bien,

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    13/73

    13

    quien es superior, el que tiene necesidad de algo o el queviene a colmar esta necesidad? O es que ambos satisfacenmutuamente sus respectivas necesidades? Si decs esto,mostris la debilidad de aquel que hubo de buscarse uninstrumento por no poder por si mismo hacer todas las cosas(...)Este es el colmo de la impiedad(...)

    Los errores de Arrio.

    Las lindezas aborrecibles y llenas de impiedad que resuenan enla Talia, de Arrio, son de este jaez: Dios no fue Padre desdesiempre, sino que hubo un tiempo en que Dios estaba solo ytodava no era Padre; ms adelante lleg a ser Padre. El Hijo noexista desde siempre, pues todas las cosas han sido hechas dela nada, y todo ha sido creado y hecho: el mismo Verbo de Diosha sido hecho de la nada y haba un tiempo en que no exista.No exista antes de que fuera hecho, y l mismo tuvo comienzoen su creacin. Porque, segn Arrio, slo exista Dios, y noexistan todava ni el Verbo ni la Sabidura. Luego, cuando

    quiso crearnos a nosotros, hizo entonces a alguien a quienllam Verbo, Sabidura e Hijo, a fin de crearnos a nosotros pormedio de l. Y dice que existen dos sabiduras: una la cualidad

    propia de Dios, y la otra el Hijo, que fue hecha por aquellasabidura, y que slo en cuanto que participa de ella se llamaSabidura y Verbo. Segn l, la Sabidura existe por lasabidura, por voluntad del Dios sabio. Asimismo dice que enDios se da otro Logos fuera del Hijo, y que por participar de lel Hijo se llama l mismo Verbo e Hijo por gracia. Es opcin

    particular de esta hereja, manifestada en otros de sus escritos,que existen muchas virtudes, de las cuales una es por

    naturaleza propia de Dios y eterna; pero Cristo no es laverdadera virtud de Dios, sino que l es tambin una de lasllamadas virtudesentre las que se cuentan la langosta y laoruga, aunque no es una simple virtud, sino que se la llamagrande. Pero hay otras muchas semejantes al Hijo, y David serefiri a ellas en el salmo llamndole Seor de las virtudes(Sal 23, 10). El mismo Verbo es por naturaleza, como todas las

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    14/73

    14

    cosas, mudable, y por su propia voluntad permanece buenomientras quiere: pero cuando quiere, puede mudar su eleccin.lo mismo que nosotros, pues es de naturaleza mudable.Precisamente por eso, segn Arrio, previendo Dios que iba a

    permanecer en el bien, le dio de antemano aquella gloria queluego haba de conseguir siendo hombre por su virtud. De estasuerte Dios hizo al Verbo en un momento dado tal comocorresponda a sus obras, que Dios haba previsto de antemano.Asimismo se atrevi a decir que el Verbo no es Dios verdadero,

    pues aunque se le llame Dios, no lo es en sentido propio, sinopor participacin, como todos los dems(...) Todas las cosas son

    extraas y desemejantes a Dios por naturaleza, y as tambin elVerbo es extrao y desemejante en todo con respecto a laesencia y a las propiedades del Padre, pues pertenece a lascosas engendradas, siendo una de ellas(...)

    En qu sentido es exaltado el Verbo, y nosotros con l.

    El Apstol escribe a los filipenses: Sentid entre vosotros lo

    mismo que Jesucristo, el cual siendo Dios por su propiacondicin(...) y toda lengua proclame que Jesucristo es Seor,para gloria de Dios Padre (Flp 2, 5-11). Qu podia decirse msclaro y ms explcito? Cristo no pas de ser menos a ser ms,sino al contrario, siendo Dios, tom la forma de esclavo, y altomarla no mejor su condicin, sino que se abaj. Dnde seencuentra aqu la supuesta recompensa de su virtud? Qu

    progreso o qu elevacin hay en este abajarse? Si siendo Diosse hizo hombre, y si al bajar de la altura se dice que esexaltado, adnde ser exaltado siendo ya Dios? Siendo Dios elAltsimo, es evidente que su Verbo es tambin necesariamente

    altsimo. Qu mayor exaltacin pudo recibir el que ya est enel Padre y es en todo semejante al Padre? No tiene necesidad deningn incremento, ni es tal como lo imaginan los arrianos.Est escrito que el Verbo tuvo antes que abajarse para poderser exaltado. Qu necesidad tena de abajarse para conseguiras lo que ya tena antes? Qu don tena que recibir el que esdador de todo don?(...) Esto no es enigma, sino misterio de

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    15/73

    15

    Dios: En el principio exista el Verbo, y el Verbo estaba enDios, y el Verbo era Dios (Jn 1, 1). Pero luego, este Verbo sehizo carne por nuestra causa. Y cuando all se dice fueexaltado, se indica no una exaltacin de la naturaleza delVerbo, puesto que sta era y es eternamente idntica con Dios,sino una exaltacin de la humanidad. Estas palabras se refierenal Verbo ya hecho carne, y con ello est claro que ambasexpresiones se humill y fue exaltado se refieren al Verbohumanado. En el aspecto bajo el que fue humillado, en elmismo podr ser exaltado, Y si est escrito que se humillcon referencia a la encarnacin, es evidente que fue exaltado

    tambin con referencia a la misma. Como hombre tenanecesidad de esta exaltacin, a causa de la bajeza de la carne yde la muerte. Siendo imagen del Padre y su Verbo inmortal,tom la forma de esclavo, y como hombre soport en su propiacarne la muerte, para ofrecerse as a s mismo como ofrenda alPadre en favor nuestro. Y as tambin, como hombre, estescrito que fue exaltado por nosotros en Cristo, as tambintodos nosotros en Cristo somos exaltados, y resucitados deentre los muertos y elevados a los cielos en los que penetr

    Jess como precursor nuestro (Heb 6, 20).

    Nuestras relaciones con Dios, el Hijo y el Espiritu.

    Cmo podemos nosotros estar en Dios, y Dios en nosotros?Cmo nosotros formamos una cosa con l? Cmo se distingueel Hijo en cuanto a su naturaleza de nosotros?(...) Escribe, pues,

    Juan lo siguiente: En esto conocemos que permanecemos enl, y l en nosotros, en que nos ha dado de su Espiritu (1 Jn 4,13). Asi pues, por el don del Espritu que se nos ha dado

    estamos nosotros en l y l en nosotros. Puesto que el Espiritues de Dios, cuando l viene a nosotros con razn pensamos queal poseer el Espiritu estamos en Dios. As est Dios en nosotros:no a la manera como el Hijo est en el Padre estamos tambinnosotros en el Padre, porque el Hijo no participa del Espiritu niest en el Padre, por medio del Espiritu; ni recibe tampoco elEspiritu: al contrario, ms bien lo distribuye a todos. Ni

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    16/73

    16

    tampoco el Espiritu junta al Verbo con el Padre, sino que alcontrario, el Espritu es receptivo con respecto al Verbo. El Hijoest en el Padre como su propio Verbo y como su propioresplandor: nosotros, en cambio, si no fuera por el Espiritu,somos extraos y estamos alejados de Dios, mientras que por la

    participacin del Espiritu nos religamos a la divinidad. Asipues, el que nosotros estemos en el Padre no es cosa nuestra,sino del Espiritu que est en nosotros y permanece en nosotrostodo el tiempo en que por la confesin (de fe) lo guardamos ennosotros, como dice tambin Juan: Si uno confiesa que Jess esel Hijo de Dios, Dios permanece en l, y l en Dios (I Jn 4, 15).

    ,En qu, pues, nos asemejamos o nos igualamos al Hijo?(...)Una es la manera como el Hijo est en el Padre, y otra lamanera como nosotros estamos en el Padre. Nosotros noseremos jams como el Hijo, ni el Verbo ser como nosotros, ano ser que se atrevan a decir(...) que el Hijo est en el Padre

    por participacin del Espiritu y por merecimiento de sus obras,cosa cuyo solo pensamiento muestra impiedad extrema. Comohemos dicho, es el Verbo el que se comunica al Espiritu, y todolo que el Espiritu tiene, lo tiene del Verbo(...).

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    17/73

    17

    Los sacramentos

    El Bautismo.

    Los arrianos corren el peligro de perder la plenitud delsacramento del bautismo. En efecto, la iniciacin se confiere ennombre del Padre y del Hijo; pero ellos no expresan alverdadero Padre, ya que niegan al que procede de l y es

    semejante a l en sustancia; y niegan tambin al verdaderoHijo, pues mencionan a otro creado de la nada, que ellos se haninventado. El rito que ellos administran ha de ser totalmentevacio y estril, y aunque mantenga la apariencia es en realidadintil desde el punto de vista religioso. Porque ellos no bautizanrealmente en el Padre y en el Hijo, sino en el Creador y en lacriatura, en el Hacedor y en su obra. Pero, siendo la criaturaotra cosa distinta del Hijo, el bautismo que ellos pretendenadministrar es distinto del bautismo verdadero, por ms que

    profesen nombrar al Padre y al Hijo de acuerdo con laEscritura. No basta para conferir el bautismo decir: Oh

    Seor!, sino que hay que tener al mismo tiempo la recta fe. Ysta fue la razn por la que nuestro Salvador no mandsimplemente bautizar, sino que dijo primero: Ensead. y sloluego: Bautizad en el nombre del Padre y del Hijo y delEspiritu Santo. Porque de la instruccin nace la recta fe, y unavez se da la fe puede realizarse la iniciacin del bautismo...(22).

    La celebracin pascual de la eucarista.

    Hermanos, despus que el enemigo que tena tiranizado aluniverso ha sido destruido, ya no celebramos una fiestatemporal, sino eterna y celestial; ya no anunciamos aquelhecho con figuras, sino que en realidad lo vivimos. Antescelebraban los judos esta fiesta comiendo la carne de un

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    18/73

    18

    cordero sin mancha y untando con su sangre sus jambas paraahuyentar al exterminador. Pero ahora comemos la Palabra delPadre y sealamos los labios de nuestro corazn con la sangredel Nuevo Testamento, reconociendo la gracia que nos hahecho el Salvador diciendo: Os he dado poder de andar sobrelas serpientes y las vboras y sobre todo poder de enemigo (Lc10, 19)... Por lo dems, amadisimos mios, es sabido que los quecelebramos esta fiesta no hemos de llevar vestidos sucios sobrenuestras conciencias, sino que nos hemos de adornar convestidos abolutamente limpios para este da de nuestro Seor

    Jess, a fin de poder realmente estar en la fiesta con l. Nos

    vestimos as cuando amamos la virtud y aborrecemos el vicio;cuando guardamos la castidad y evitamos la lujuria; cuandopreferimos la justicia a la iniquidad; cuando nos contentamoscon las cosas necesarias y nos entregamos ms bien a fortalecernuestra alma; cuando no nos olvidamos de los pobres, sino queestamos determinados a que nuestras puertas estn abiertas

    para cualquiera; cuando nos esforzamos por humillar nuestronimo y detestar la soberbia...(23).

    La eucarista, alimento espiritual.

    En el Evangelio de Juan he observado lo que sigue. Cuandohabla de que su cuerpo ser comido, y ve que a causa de estomuchos se escandalizan, dice el Seor: Esto os escandaliza?Qu sera si vieseis al Hijo del hombre bajando de all dondeestaba al principio? El Espiritu es lo que vivifica: la carne noaprovecha para nada. Las palabras que yo os he hablado sonespritu y vida (Jn 6, 62-64). En esta ocasin dice acerca de smismo ambas cosas: que es espritu y que es carne; y distingue

    al espritu de lo que es segn la carne, para que creyendo noslo lo visible, sino lo invisible que haba en l, aprendan quelo que l dice no es carnal, sino espiritual. Para alimentar acuntos hombres seria su cuerpo suficiente? Pero tena que seralimento para todo este mundo. Por esto les menciona laascensin al cielo del Hijo del hombre, a fin de sacarlos de sumentalidad corporal y hacerles aprender en adelante que la

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    19/73

    19

    carne que l llama comida viene de arriba, del cielo, y que elalimento que les va a dar es espiritual. Les dice: Lo que os hehablado es espiritu y vida (Jn 6, 64), que es lo mismo quedecir: lo que aparece y lo que es entregado para salvacin delmundo es la carne que yo tengo, pero esta misma carne con susangre, yo os la dar a vosotros como alimento de una maneraespiritual. O sea que es de una manera espiritual como estacarne se da a cada uno, y se hace as para cada uno prenda dela resurreccin de la vida eterna... (24).

    El misterio de la eucarista.

    Vers a los ministros que llevan pan y una copa de vino, y lo ponen sobre la mesa; y mientras no se han hecho lasinvocaciones y splicas, no hay ms que puro pan y bebida.Pero cuando se han acabado aquellas extraordinarias ymaravillosas oraciones, entonces el pan se convierte en elcuerpo y el cliz en la sangre de nuestro Seor Jesucristo...Consideremos el momento culminante de estos misterios: este

    pan y este cliz, mientras no se han hecho las oraciones ysplicas, son puro pan y bebida; pero as que se han proferidoaquellas extraordinarias plegarias y aquellas santas splicas, elmismo Verbo baja hasta el pan y el cliz, que se convierten ensu cuerpo(25).

    La prctica de la penitencia.

    De la misma manera que un hombre al ser bautizado por unsacerdote es iluminado con la gracia del Espritu Santo, astambin el que hace confesin arrepentido recibe mediante elsacerdote el perdn por gracia de Cristo(26).

    Los que han blasfemado contra el Espiritu Santo o contra ladivinidad de Cristo diciendo: Por Beelzebub, prncipe de los

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    20/73

    20

    demonios, expulsa los demonios (Lc 11, 15) no alcanzanperdn ni en este mundo ni en el futuro. Pero hay que hacernotar que no dijo Cristo que el que hubiera blasfemado y sehubiese arrepentido no habra de alcanzar perdn, sino el queestuviera en blasfemia, es decir, permaneciera en la blasfemia.Porque la condigna penitencia borra todos los pecados... Lablasfemia contra el Espiritu es la falta de fe (apista), y no hayotra manera para perdonarla si no es la vuelta a la fe: el pecadode atesmo y de falta de fe no alcanzar perdn ni en estemundo ni en el futuro(27).

    Notas

    (22) Contra Ar. II, 42-43.(23) ATANASIO, Epistula festalis, IV, 3.(24) Ad Serap. IV, 19.(25) Fragm. de un sermn a los bautizados.(26) Fragm. contra Novat,(27) Fragm. in Mt.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    21/73

    21

    Cristo Redentor

    El Verbo se hizo hombre, no vino a un hombre

    (El Verbo) se hizo hombre, no vino a un hombre. Esto es preciso saberlo, no sea que los herejes se agarren a esto yengaen a algunos, llegando a creer que as como en lostiempos antiguos el Verbo venia a los diversos santos, as

    tambin ahora ha puesto su morada en un hombre y lo hasantificado, aparecindose como en el caso de aquellos. Si asfuera, es decir si slo se manifestara en un puro hombre, nohabra nada paradjico para que los que le vean se extraaran

    y dijeran: De dnde es ste? (Mc 4, 41) y: Porque, siendohombre, te haces Dios (Jn 10, 33). Porque ya estabanacostumbrados a oir: El Verbo de Dios vino a tal o cual profeta.Pero ahora, el Verbo de Dios, por el que hizo todas las cosas,consinti en hacerse Hijo del hombre, y se humill, tomandoforma de esclavo. Por esto la cruz de Cristo es escndalo paralos judos, mientras que para nosotros Cristo es la fuerza deDios y la sabidura de Dios. Porque, como dijo Juan: El Verbose hizo carne... (Jn 1, 14), y la Escritura acostumbra a llamarcarne al hombre ...Antiguamente el Verbo vena a losdiversos santos, y santificaba a los que le reciban comoconvena. Sin embargo, no se deca al nacer aquellos que elVerbo se hiciera hombre, ni que padeciera cuando ellos

    padecieron. Pero cuando al fin de los tiempos vino de manerasingular, nacido de Maria, para la destruccin del pecado...entonces se dice que tomando carne se hizo hombre, y que ensu carne padeci por nosotros (cf. I Pe 4, 1). Asi se manifestaba,de suerte que todos lo creysemos, que el que era Dios desdetoda la eternidad y santificaba a aquellos a quienes visitaba,

    ordenando segn la voluntad del Padre todas las cosas, msadelante se hizo hombre por nosotros; y, como dice el Apstol,hizo que la divinidad habitase en la carne de manera corporal(cf. Col 2, 9); lo cual equivale a decir que, siendo Dios, tuvo uncuerpo propio que utilizaba como instrumento suyo,hacindose as hombre por nosotros. Por esto se dice de l lo

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    22/73

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    23/73

    23

    natural de Dios hecho hambre, el cual no por ello es menosSeor, Dios y Salvador(10).

    La unin de la humanidad y la divinidad en Cristo.

    Nosotros no adoramos a una criatura. Lejos de nosotros talpensamiento, que es un error ms bien propio de paganos y dearrianos. Lo que nosotros adoramos es el Seor de la creacin

    hecho hombre, el Verbo de Dios. Porque aunque en si misma lacarne sea una parte de la creacin, se ha convertido en elcuerpo de Dios. Nosotros no separamos el cuerpo como tal delVerbo, adorndolo por separado, ni tampoco al adorar al Verbolo separamos de la carne, sino que sabiendo que el Verbo sehizo carne, le reconocemos como Dios aun cuando est en lacarne(11).

    El Verbo, al tomar nuestra carne, se constituye en pontifice de

    nuestra fe.

    Hermanos santos, partcipes de una vocacin celestial,considerad el apstol y pontifice de vuestra religin, Jess, quefue fiel al que le haba hecho (Heb 3, 1-2). Cundo fueenviado como apstol, sino es cuando se visti de nuestracarne? Cundo fue constituido pontific de nuestra religin, sino es cuando habindose ofrecido por nosotros resucit deentre los muertos en su cuerpo, y ahora a los que se le acercancon la fe los lleva y los presenta al Padre, redimindolos a todos

    y haciendo propiciacin por todos delante de Dios? No serefera el Apstol a la naturaleza del Verbo ni a su nacimientodel Padre por naturaleza cuando decia que fue fiel al que lehaba hecho. De ninguna manera. El Verbo es el que hace, noel que es hecho. Se refera a su venida entre los hombres y al

    pontificado que fue entonces creado. Esto se puede verclaramente a partir de la historia de Aarn en la ley. Aarn no

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    24/73

    24

    haba nacido pontfice, sino simple hombre. Con el tiempo,cuando quiso Dios, se hizo pontfice... ponindose sobre susvestidos comunes el ephod, el pectoral y la tnica, que lasmujeres haban elaborado por mandato de Dios. Con estosornamentos entraba en el lugar sagrado y ofreca el sacrificio enfavor del pueblo... De la misma manera, el Seor en el

    principio era el Verbo, y el Verbo estaba en Dios y el Verbo eraDios (Jn 1, 1). Pero cuando quiso el Padre que se ofrecierarescate por todos y que se hiciera gracia a todos, entonces, de lamisma manera que Aarn tom la tnica, tom el Verbo lacarne de la tierra, y tuvo a Maria como madre a la manera de

    tierra virgen, a fin de que como pontfice se ofreciera a smismo al Padre, purificndonos a todos con su sangre denuestros pecados y resucitndonos de entre los muertos. Loantiguo era una sombra de esto. De lo que hizo el Salvador ensu venida, Aarn haba ya trazado una sombra en la ley. Y ascomo Aarn permaneci el mismo y no cambi cuando se pusolos vestidos sacerdotales... as tambin el Seor... no cambi altomar carne, sino que sigui siendo el mismo, aunque ocultobajo la carne. Cuando se dice, pues. que fue hecho, no hayque entenderlo del Verbo en cuanto tal... El Verbo es.creador,

    pero luego es hecho pontfice al revestirse de un cuerpo hecho

    y creado, que pudiera ofrecer por nosotros: en este sentido sedice que fue hecho... (12)

    El designio de Dios creador sobre el hombre.

    Dice el utilsimo libro del Pastor (de Hermas): Ante todo hasde creer que uno es Dios, el que cre y dispuso todas las cosas,

    y las hizo del no ser para que fueran (Mand. 1). Dios es bueno:

    mejor dicho, es la misma fuente de la bondad. Ahora bien,siendo bueno, no puede escatimar nada a nadie. Por esto noescatim la existencia de nada, sino que a todas las cosas lashizo de la nada por medio de su propia Palabra, nuestro Seor

    Jesucristo. Y entre todas ellas tuvo en primer lugar particularbenevolencia para con el linaje humano, y viendo que segn su

    propia condicin natural los hombres no podan permanecer

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    25/73

    25

    indefinidamente, les dio adems un don particular: no los cresimplemente como a los dems animales irracionales de latierra, sino que los hizo segn su propia imagen, hacindoles

    participar de la fuerza de su propia Palabra (Logos); y as, unavez hechos participes de la Palabra (logikoi), podan tener unaexistencia duradera y feliz, viviendo la vida verdadera y real delos santos en el paraso.

    Pero Dios sabia tambin que el hombre tena una voluntad deeleccin en un sentido o en otro, y tuvo providencia de que seasegurara el don que les haba dado ponindoles bajodeterminadas condiciones en determinado lugar.Efectivamente, los introdujo en su propio paraso, y les puso lacondicin de que si guardaban el don que tenan y

    permanecan buenos tendran aquella vida propia del paraso,sin penas, dolores ni cuidados, y adems la promesa de lainmortalidad en el cielo. Por el contrario, si transgreda lacondicin y se pervertan hacindose malvados, conocerian que

    por naturaleza estaban sujetos a la corrupcin de la muerte, y ya no podran vivir en el paraso, sino que expulsados de lacabaran muriendo y permaneceran en la muerte y en lacorrupcin... (13).

    He aqu que he sido concebido en la iniquidad, y mi madre meconcibi entre pecados (Sal 50, 7). El primer plan de Dios noera que nosotros viniramos a la existencia a travs delmatrimonio y de la corrupcin. Fue la transgresin del preceptolo que introdujo el matrimonio, a causa de la iniquidad deAdn, es decir, de su repudio de la ley que Dios le haba dado.Asi pues, los que nacen de Adn son concebidos en la iniquidade incurren en la condena del primer padre. La expresin: Mimadre me concibi entre pecados significa que Eva, madre detodos nosotros, fue la primera que concibi al pecado estandocomo llena de placer. Por eso nosotros, cayendo en la mismacondena de nuestra madre, decimos que somos concebidosentre pecados. Asi se muestra cmo la naturaleza humanadesde un principio, a causa de la transgresin de Eva, cay bajoel pecado, y el nacimiento tiene lugar bajo una maldicin. Laexplicacin se remonta hasta los comienzos, a fin de que quede

    patente la grandeza del don de Dios... (14).

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    26/73

    26

    El Verbo, hacindose hombre, diviniza a la humanidad.

    Le dio un nombre que est sobre todo nombre (Flp 2, 9). Estono est escrito con referencia al Verbo en cuanto tal, pues aunantes de que se hiciera hombre, el Verbo era adorado de losngeles y de toda la creacin a causa de lo que tena cornoherencia del Padre. En cambio s est escrito por nosotros y enfavor nuestro: Cristo, de la misma manera que en cuantohombre muri por nosotros, as tambin fue exaltado. De esta

    suerte est escrito que recibe en cuanto hombre lo que tienedesde la eternidad en cuanto Dios, a fin de que nos alcance anosotros este don que le es otorgado. Porque el Verbo no sufridisminucin alguna al tomar carne, de suerte que tuviera quebuscar cmo adquirir algn don sino que al contrario, divinizla naturaleza en la cual se sumerga, haciendo con ello unmayor regalo al gnero humano. Y de la misma manera que encuanto Verbo y en cuanto que exista en la forma de Dios eraadorado desde siempre, as tambin, al hacerse hombre

    permaneciendo el mismo y llamndose Jess, no tiene enmenor medida a toda la creacin debajo de sus pies. A este

    nombre se doblan para l todas las rodillas y confiesan que elhecho de que el Verbo se haya hecho carne y est sometido a lamuerte de la carne no implica nada indigno de su divinidad,sino que todo es para gloria del Padre. Porque gloria del Padrees que pueda ser recobrado el hombre que l haba hecho yhaba perdido, y que el que estaba muerto resucite y seconvierta en templo de Dios. Las mismas potestades de loscielos, los ngeles y los arcngeles, que le rendan adoracindesde siempre, le adoran ahora en el nombre de Jess, el Seor:

    y esto es para nosotros una gracia y una exaltacin, porque elHijo de Dios es ahora adorado en cuanto que se ha hecho

    hombre, y las potestades de los cielos no se extraan de quetodos nosotros penetremos en lo que es su regin propia,viendo que tenemos un cuerpo semejante al de aqul. Esto nohubiera sucedido si aquel que exista en forma de Dios nohubiera tomado la forma de esclavo y se hubiera humilladohasta permitir que la muerte se apoderara de su cuerpo. Heaqu como lo que humanamente era tenido como una locura de

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    27/73

    27

    Dios en la cruz, se convirti en realidad en una cosa msgloriosa para todos: porque en esto est nuestra resurreccin...(15).

    La redencin del hombre.

    Nuestra culpa fue la causa de que bajara el Verbo y nuestratransgresin daba voces llamando a su bondad, hasta que logr

    hacerlo venir a nosotros y que el Seor se manifestara entre loshombres.

    Nosotros fuimos la ocasin de su encarnacin y por nuestrasalvacin am a los hombres hasta tal punto que naci y semanifest en un cuerpo humano.

    As pues, de esta forma hizo Dios al hombre y quiso queperseverara en la inmortalidad. Pero los hombres, despreciando y apartndose de la contemplacin de Dios, discurrieron yplanearon para s mismo el mal... y recibieron la condenacinde muerte con que haban sido amenazados de antemano. En

    adelante ya no tenan una existencia duradera tal como habansido hechos, sino que, de acuerdo con lo que haban planeado,quedaron sujetos a corrupcin, y la muerte reinaba y tena

    poder sobre ellos. Porque la transgresin del precepto los volvia colocar en su situacin natural, de suerte que as como fueronhechos del no ser, de la misma manera quedaran sujetos a lacorrupcin y al no ser con el decurso del tiempo.

    Porque, si su naturaleza originaria era el no ser y fueronllamados al ser por la presencia y la benignidad del Verbo, sesigue que as que los hombres perdieron el conocimiento deDios y se volvieron hacia el no serporque el mal es el no ser,

    y el bien es el ser que procede del ser de Dios, perdieron lacapacidad de ser para siempre, es decir, que se disuelven en lamuerte y la corrupcin permaneciendo en ellas. Porque, pornaturaleza, el hombre es mortal, ya que ha sido hecho del noser. Mas a causa de su semejanza con el que es, que elhombre poda conservar mediante la contemplacin de l,

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    28/73

    28

    quedaba desvirtuada su tendencia natural a la corrupcin y permaneca incorruptible, como dice la Sabidura: Laobservancia de la ley es vigor de incorrupcin (Sab 6, 18). Y

    puesto que era incorruptible, poda vivir en adelante a lamanera de Dios, como lo insina en cierto lugar la Escritura:Yo dije: sois dioses, y todos sois hijos del Altsimo. Perovosotros, todos mors como hombres, y cais como un jefecualquiera (Sal 81, 6-7).

    Porque Dios no slo nos hizo de la nada, sino que con el don desu Palabra nos dio el poder vivir como Dios. Pero los hombresse apartaron de las cosas eternas, y por insinuacin del diablose volvieron hacia las cosas corruptibles: y as, por su culpa levino la corrupcin de la muerte, pues, como dijimos, pornaturaleza eran corruptibles, y slo por la participacin delVerbo podan escapar a su condicin natural, si permanecanen el bien. Porque, en efecto, la corrupcin no poda acercarsea los hombres a causa de que tenan con ellos al Verbo, comodice la Sabidura: Dios cre al hombre para la incorrupcin y

    para ser imagen de su propia eternidad: pero por la envidia deldiablo entr la muerte en el mundo (Sab 2, 23-24). Entoncesfue cuando los hombres empezaron a morir, y desde entoncesla corrupcin los domin y tuvo un poder contra todo el linaje

    humano superior al que le corresponda por naturaleza, puestoque por la transgresin del precepto tena en favor suyo laamenaza de Dios al hombre. Ms an, en sus pecados loshombres no se mantuvieron dentro de lmites determinados,sino que avanzando poco a poco llegaron a rebasar todamedida. Primero descubrieron el mal y se atrajeron sobre s lamuerte y la corrupcin. Luego se entregaron a la injusticia ysobrepasaron toda iniquidad, y no pararon en una especie demal, sino que discurrieron nuevas maneras de perpetrar todasuerte de nuevos males, de suerte que se hicieron insaciablesen sus pecados. Por todas partes haba adulterios, y robos, y

    toda la tierra estaba llena de homicidios y de rapacidades. Nohaba ley capaz de cohibir la corrupcin y la iniquidad. Todoscometan toda suerte de maldades en privado y en comn: lasciudades hacan la guerra a las ciudades, y los pueblos selevantaban contra los pueblos; todo el mundo estaba divididoen luchas y disensiones y todos se emulaban en el mal...

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    29/73

    29

    Todo esto no hacia sino aumentar el poder de la muerte, y lacorrupcin segua amenazando al hombre, y el gnero humanoiba pereciendo. El hombre hecho segn el Verbo y a imagen (deDios) estaba para desaparecer, y la obra de Dios iba a quedardestruida. La muerte... tenia poder contra nosotros en virtud deuna ley, y no era posible escapar a esta ley, habiendo sido

    puesta por Dios a causa de la transgresin. La situacin eraabsurda y verdaderamente inaceptable. Era absurdo que Dios,una vez que haba hablado, nos hubiera engaado, y quehabiendo establecido la ley de que si el hombre traspasaba su

    precepto moriria, en realidad no muriese despus de la

    transgresin, desvirtundose as su palabra... Por otra parte erainaceptable que lo que una vez haba sido hecho segn el Verboy lo que participaba del Verbo quedara destruido y volviera a lanada a travs de la corrupcin. Porque era indigno de labondad de Dios que lo que era obra suya pereciera a causa delengao del diablo en que el hombre haba cado. Sobre todo,era particularmente inaceptable que la obra de Dios en elhombre desapareciera, ya por negligencia de ellos ya por elengao del diablo... Qu necesidad haba de crear ya desde el

    principio tales seres? Mejor era no crearlos, que abandonarlos ydejarlos perecer una vez creados... Si no los hubiese creado,

    nadie habra pensado en atribuirlo a impotencia. Pero una vezque los hizo y los cre para que existieran, era de lo msabsurdo que tales obras perecieran a la vista misma del que lashaba hecho... (16).

    Por el Verbo se restaura en el hombre la imagen de Dios.

    Si ha llegado a desaparecer la figura de un retrato sobre tabla a

    causa de la suciedad que se le ha acumulado, ser necesarioque se presente de nuevo la persona de quien es el retrato, a finde que se pueda restaurar su misma imagen en la mismamadera. La madera no se arroja, pues tena pintada en ellaaquella imagen: lo que se hace es restaurarla. De manerasemejante, el Hijo santsimo del Padre, que es imagen delPadre, vino a nuestra tierra a fin de restaurar al hombre que

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    30/73

    30

    haba sido hecho a su imagen. Por esto dijo a los judos: Si unono renaciere... (Jn 3, 5): no se refera al nacimiento de mujer,como imaginaban aquellos, sino al alma que haba de renacer yser restaurada en su imagen. Una vez que la locura idoltrica yla impiedad haban ocupado toda la tierra, y una vez que habadesaparecido el conocimiento de Dios, quin poda ensear almundo el conocimiento del Padre?... Para ello se necesitaba elmismo Verbo de Dios, que ve la mente y el corazn delhombre, que mueve todas las cosas de la creacin y que pormedio de ellas da a conocer al Padre. Y cmo poda hacerseesto? Dir tal vez alguno que ello poda hacerse por medio de

    las mismas cosas creadas, mostrando de nuevo a partir de lasobras de la creacin la realidad del Padre. Pero esto no eraseguro, pues los hombres ya lo haban descuidado una vez, y yano tenan los ojos levantados hacia arriba, sino dirigidos haciaabajo. Consiguientemente, cuando quiso ayudar a los hombres,se present como hombre y tom para s un cuerpo semejanteal de ellos. As les ensea a partir de las cosas de abajo, esdecir, de las obras del cuerpo, de suerte que los que no queranconocerle a partir de su providencia del universo y de susoberana, por las obras de su cuerpo conocern al Verbo deDios encarnado, y por medio de l al Padre. As, como un buen

    maestro que se cuida de sus discpulos, a los que no podanaprovecharse de las cosas mayores, les ensea con cosas mssencillas ponindose a su nivel... (17).

    Cristo ofrece su cuerpo en sacrificio vicario por todos.

    Vio el Verbo que no poda ser destruida la corrupcin delhombre sino pasando absolutamente por la muerte; por otra

    parte, era imposible que el Verbo muriera, siendo inmortal eHijo del Padre. Por esto tom un cuerpo que fuera capaz demorir, a fin de que ste, hecho partcipe del Verbo que estsobre todas las cosas, fuera capaz de morir en lugar de todos yal mismo tiempo permaneciera inmortal a causa del Verbo queen l moraba. Asi se imponia fin para adelante a la corrupcin

    por la gracia de la resurreccin. As, l mismo tom para si un

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    31/73

    31

    cuerpo y lo ofreci a la muerte como hostia y victima libre detoda mancha, y al punto, con esta ofrenda ofrecida por losotros, hizo desaparecer la muerte de todos aquellos que eransemejantes a l. Porque el Verbo de Dios estaba sobre todos, yera natural que al ofrecer su propio templo y el instrumento desu cuerpo por la vida de todos, pag plenamente la deuda de lamuerte. Y as, el Hijo incorruptible de Dios, al compartir lasuerte comn mediante un cuerpo semejante al de todos, lesimpuso a todos la inmortalidad con la promesa de laresurreccin. La corrupcin de la muerte ya no tiene lugar enlos hombres, pues el Verbo habita en ellos a travs del cuerpo

    de uno. Es como si el emperador fuera a una gran ciudad y sehospedara en una de sus casas: absolutamente toda la ciudad sesintira grandemente honrada, y no habra enemigo o ladrnque la asaltara para vejarla, sino que se tendra toda ella comodigna de particular proteccin por el hecho de que elemperador habitaba en una de sus casas. Algo as sucede conrespecto al que es emperador de todo el universo. Al venir anuestra tierra y morar en un cuerpo semejante al nuestro, hizoque en adelante cesaran todos los ataques de los enemigoscontra los hombres, y que desapareciera la corrupcin de lamuerte que antes tena gran fuerza contra ellos... (18).

    Estando todos nosotros bajo el castigo de la corrupcin y de lamuerte, l tom un cuerpo de igual naturaleza que los nuestros,

    y lo entreg a la muerte en lugar de todos, ofrecindolo ensacrificio al Padre. Esto lo hizo por pura benignidad, en primerlugar a fin de que muriendo todos en l quedara abrogada la leyque condenaba a los hombres a la corrupcin, ya que su fuerzaquedaba totalmente agotada en el cuerpo del Seor y no lequedaba ya asidero en los hombres; y en segundo lugar paraque, al haberse los hombres entregado a la corrupcin, pudieral restablecerlos en la incorrupcin y resucitarlos de la muerte

    por la apropiacin de su cuerpo y por la gracia de la

    resurreccin, desterrando de ellos la muerte, como del fuego lapaja(19).

    La encarnacin, principio de divinizacin del hambre.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    32/73

    32

    Si las obras del Verbo divino no se hubieran hecho por mediodel cuerpo, el hombre no hubiera sido divinizado; y, por elcontrario, si las obras propias del cuerpo no se atribuyesen alVerbo, no se hubiera librado perfectamente de ellas el hombre.Pero una vez que el Verbo se hizo hombre y se apropi todo lode la carne, las cosas de la carne ya no se adhieren al cuerpo

    pues ste ha recibido al Verbo y ste ha consumido lo carnal.En adelante, ya no permanecen en los hombres sus propiasafecciones de muertos y de pecadores, sino que resucitan por lafuerza del Verbo y permanecen inmortales e incorruptibles. Poresto aunque lo que naci de Mara, la Madre de Dios, es lacarne, se dice que es l quien naci de ella, pues l es quien daa los dems el nacimiento para que sigan en la existencia. Asinuestro nacimiento queda transformado en el suyo, y ya nosomos solamente tierra que ha de volver a la tierra, sino quehabindonos adherido al Verbo que viene del cielo podremosser elevados a los cielos con l. Asi pues, no sin razn seimpuso sobre si las afecciones todas propias del cuerpo, puesas nosotros podamos participar de la vida divina, no siendo yahombres, sino cosa propia del mismo Verbo. Porque ya nomorimos por la ley de nuestro primer nacimiento en Adn, sino

    que en adelante transferimos al Verbo nuestro nacimiento ytoda nuestra debilidad corporal, y somos levantados de latierra, quedando destruida la maldicin del pecado que habaen nosotros, pues l se ha hecho maldicin por nosotros. Estoest muy en su punto: porque as como en nuestra condicinterrena morimos todos en Adn, as cuando nacemos de nuevoa partir del agua y del Espritu, todos somos vivificados enCristo, y ya no tenemos una carne terrena, sino una carne quese ha hecho Verbo, por el hecho de que el Verbo de Dios sehizo carne por nosotros(20).

    El Verbo encarnado, vivificador de todo el universo.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    33/73

    33

    El Verbo no estaba encerrado en su propio cuerpo. No estabapresente en su cuerpo y ausente de todo lo dems. No mova sucuerpo de suerte que hubiera dejado privado de su energa y desu providencia al resto del universo. Lo ms admirable es que,siendo Verbo, no poda ser contenido por nada, sino que msbien l contiene todas las cosas. Y estando presente en toda lacreacin, l est por su naturaleza fuera de todas las cosas,ordenndolas todas y extendiendo a todas y sobre todas su

    providencia, y vivificando a la vez todas y cada una de lascosas, contenindolas a todas sin ser contenido de ellas. Slo ensu propio Padre est l enteramente y bajo todos respectos. De

    esta suerte, aunque estaba en un cuerpo humano y le dabavida, igualmente daba vida al universo. Estaba en todas lascosas, y sin embargo estaba fuera de todas las cosas. Y aunqueera conocido por las obras que hacia en su cuerpo, no eradesconocido por la energa que comunicaba al universo... estoera lo admirable que en l haba: que como hombre viva unavida ordinaria; como Verbo daba la vida al universo; como Hijoestaba en la compaa del Padre... (21).

    Notas

    (10) Ibid. III, 30-32(11) ATANASIO, Epistula ad Adelphium, 3.(12) Contra Ar. Il, 7-8.(13) ATANASIO, De lncarnatione, 3.(14) ATANASIO, In Ps. 50.(15) Contra `Ar. I, 42.(16) De Incarn. 4-6.(17) Ibid. 14-15.(18) Ibid. 9(19) Ibid. 8.(20) Contra Ar. III, 33.(21) De Incarn. 17.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    34/73

    34

    Carta sobre a Interpretao dos Salmos

    Introduo

    Querido Marcelino, admiro teu fervor cristo: sobrelevas perfeitamente tua atual situao, e, ainda que muito te faasofrer, no descuidas em absoluto as asceses. Perguntei ao

    portador de tua carta pelo gnero de vida que levas agora que

    ests doente e ele me informou que bem dedicas teu tempo Escritura Santa, tendo, todavia, com maior freqncia o livrodos Salmos entre as mos, tratando de compreender o sentidoque cada um esconde. Te felicito, pois tenho idntica paixo

    pelos Salmos, como a tenho pela Escritura inteira.

    Encontrando-me numa ocasio (invadido) por semelhantessentimentos, tive um encontro com um ancio estudioso equero transcrever-te a conversao que sobre os Salmos, -Saltrio em mo! - sustento comigo. O que aquele velho mestre

    me transmitiu agradvel e, ao mesmo tempo, instrutivo. Eisaqui o que me disse:

    Toda a nossa Escritura, filho meu, tanto do Antigo como doNovo (Testamento), , tal como est escrito, inspirada por Deuse til para ensinar (2Tim 3,16). Porm, o livro dos Salmos, sefeita uma reflexo atenta, possui algo que merece uma especialateno.

    Cada um dos livros, com efeito, nos oferece e nos entrega seu prprio ensinamento: O Pentateuco, por exemplo, relata o

    comeo do mundo e a vida dos Patriarcas, a sada de Israel doEgito, como tambm a entrega da Lei. O Triteuco relata adistribuio da terra, as faanhas dos Juzes, como tambm agenealogia de Davi. Os livros dos Reis e das Crnicas relatamos feitos dos reis. Esdras descreve a libertao do cativeiro, oretorno do povo, a reconstruo do templo e da cidade. Os(livros dos) Profetas predizem a vinda do Salvador, recordam os

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    35/73

    35

    Mandamentos, advertem e exortam aos pecadores, comotambm profetizam acerca das naes. O livro dos Salmos como um jardim em cujo solo crescem todas estas plantas e,ademais, melodiosamente cantadas, seno que nos mostra oque lhe privativo, j que ao cantar (salmos) agrega o seu

    prprio.

    Canta os acontecimentos do Gnesis no salmo 18: "Os cusapregoam a glria de Deus e o firmamento proclama a obra desuas mos" (Sal 18,1) e, no salmo 23: "A terra e tudo que elacontem do Senhor; o mundo e tudo que o habita, Ele ofundou sobre os mares" (Sal 23,1-2). Os temas do xodo,Nmeros e Deuteronmio os canta formosamente nos salmos77 e 113: "Quando Israel saiu do Egito, a casa de Jac, de um

    povo brbaro, Jud foi seu santurio e Israel seu domnio" (Sal113,1-2). Similares temas canta no salmo 104: "Enviou a Moissseu servo, e a Aaro, seu eleito. Confiou-lhes suas palavras esuas maravilhas na terra de Cam. Enviou a obscuridade eescureceu; mas se rebelaram contra suas palavras. Transformousuas guas em sangue, e deu morte a seus peixes. Sua terra

    produziu rs, at nas habitaes do rei. Falou e se encheu demoscas e de mosquitos todo seu territrio" (Sal 104,26-31). fcil descobrir que todo este salmo, como tambm o 105, foram

    escritos em referncia a todos estes acontecimentos. As coisasque se referem ao sacerdcio e ao tabernculo as proclamanaquele do salmo 28: "Ao sair do tabernculo, dizendo:'Ofeream ao Senhor, filhos de Deus, ofeream-lhe glria ehonra'" (Sal 28,1).

    Os fatos concernentes a Josu e aos Juzes os refere brevementeo salmo 106 com as palavras: "Fundaram cidades para habitarnelas, semearam campos e plantaram vinhas" (Sal 106, 36-37).Pois foi sob Josu que se lhes entregou a terra prometida. Ao

    repetir reiteradamente no mesmo salmo: "Ento gritaram aoSenhor em sua atribulao, e Ele os livrou de todas suasangstias" (Sal 106,6), est indicando o livro dos Juizes. J quequando eles gritavam os suscitavam juzes a seu devido tempo

    para livrar a seu povo daqueles que o afligiam. O referente aosreis se canta no salmo 19 ao dizer: "Alguns se vangloriam emcarros, outros em cavalos, porm, ns, no nome do Senhor

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    36/73

    36

    nosso Deus. Eles foram detidos e caram; porem ns noslevantamos e mantivemo-nos em p. Senhor, salva ao Rei eescuta-nos quando te invocamos!" (Sal 19,8-10). E o que serefere a Esdras, o canta no salmo 125 (um dos salmos graduais):"Quando o Senhor trocou o cativeiro de Sio, ficamosconsolados" (Sal 125,1); e novamente no 121: "Me alegreiquando me disseram: 'Vamos casa do Senhor'. Nossos ps

    percorreram teus palcios, Jerusalm; Jerusalm est edificadaqual cidade completamente povoada. Pois ali sobem as tribos,as tribos do Senhor, como testemunho para Israel" (Sal 121,1-4).

    Praticamente cada salmo remete aos profetas. Sobre a vinda doSalvador e Daquele que devia vir ser Deus, assim se expressa osalmo 49: "O Senhor nosso Deus vir manifestamente, e no secalar" (Sal 49,2-3); e o salmo 117: "Bendito o que vem emnome do Senhor! Ns os temos abenoados desde a casa doSenhor; o Senhor () Deus e ele se nos manifestou" (Sal 117,26-27). Ele o Verbo do Pai, como o canta o 106: "Ele enviou seuVerbo e os curou, os salvou de suas corrupes" (Sal 106,20). ODeus que vem ele mesmo o Verbo enviado. Sabendo que esteVerbo o Filho de Deus, faz dizer ao Pai no salmo 44: "Meu

    corao proferiu um Verbo bom" (Sal 44,1), e tambm no salmo109: "De meu seio antes da aurora eu te engendrei" (Sal 109,3).Quem pode dizer-se engendrado pelo Pai seno seu Verbo e suaSabedoria? Sabendo que a ele ao que o Pai dizia: "Que seja aluz e o firmamento e todas as coisas", o livro dos Salmostambm contm palavras similares: "O Verbo do Senhorafianou os cus e pelo Esprito de sua boca toda sua potncia"(Sal 32,6).

    (O salmista) no ignorava que Aquele que devia vir fossetambm o Ungido, j que propriamente dele fala (como sujeito

    principal) o salmo 44: "Teu trono, Deus, permanece pelossculos dos sculos; cetro de retitude o cetro de teu Reino.Hs amado a justia e odiado a iniquidade; por isso Deus, tuDeus, te ungiu com o leo da alegria em preferncia a teuscompanheiros" (Sal 44,7-8). Para que nada se imagine que elevem s em aparncia, aclara que este mesmo o que se far

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    37/73

    37

    homem e que por ele por quem tudo foi criado, por ele afirmano salmo 86: "A me Sio dir: um homem, um homem foiengendrado nela, o Altssimo em pessoa a fundou" (Sal 86,5). Oque eqivale a afirmar: o Verbo era Deus, tudo foi feito por ele,e, o Verbo se fez carne. Conhecendo, igualmente, o nascimentovirginal, o Salmista no se calou, seno que o expressouclaramente no salmo 44, ao dizer: "Escuta, filha minha, e veja;inclina teu ouvido, esquea teu povo e a casa de teu pai, porqueo rei est cativado de tua beleza" (Sal 44, 11-12). Novamente,isto eqivale ao dito por Gabriel: "Alegra-te, cheia de graa, oSenhor est contigo!" (Lc 1,28). Depois de haver afirmado que

    ele o Ungido, mostra parte seu nascimento humano daVirgem, ao dizer: "Escuta, filha minha". Gabriel a chama porseu nome, Maria, porque um estranho - enquanto ao

    parentesco se refere - porm, Davi, o salmista, j que ela desua famlia, a chama, com toda razo, 'sua filha'.

    Havendo afirmado que se faria homem, os Salmos mostramlogicamente que ele passvel segundo a carne. O salmo 2

    prev a conspirao dos judeus: "Por que se rebelaram ospagos? Por que conceberam projetos vos? Os reis da terra se

    prepararam, os chefes conspiraram contra o Senhor e contraseu Ungido" (Sal 2, 1-2). No salmo 21, o Salvador mesmo d aconhecer seu gnero de morte: "...me aprisionas no p damorte, me rodeia um bando de mastins; a assemblia dos

    perversos me circunda. Furaram minhas mos e meus ps.Contaram todos os meus ossos. Eles me vigiaram, dividiramminha roupa e jogaram a sorte sobre a minha tnica" (Sal21,17-19). Furar suas mos e seus ps, que outra coisa senoindicar sua crucifixo? Depois de ensinar tudo isto, acrescenteque o Senhor padeceu por nossa causa, e no pela sua. E, comseus prprios lbios, afirma novamente no salmo 87:"Pesadamente repousa sobre mim a tua ira" (Sal 87,17), e nosalmo 68: "Eis de volta o que no havia arrebatado" (Sal 68,5).Pois se bem no devia pagar as contas de crime algum, elemorreu - porm sofrendo por nossa causa, tomando sobre si aclera que nos estava destinada, por nossos pecados, como odisse em Isaas, Ele carregou nossas fraquezas; o que se fazevidente quando afirmamos no salmo 137: "O Senhor os

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    38/73

    38

    recompensa por minha causa", e o Esprito disse no salmo 71que: "ele salva aos filhos do pobre e quebra aos que acusam emfalso... pois ele resgata o pobre do opressor e redime oindigente que no tem protetor" (Sal 71, 4.12).

    Por isso predisse tambm sua ascenso aos cus, dizendo nosalmo 23: "Prncipes, levantem seus portes e abram suas

    portas eternas para entrar o rei da glria" (Sal 23,7.9). E no 46:"Deus ascende entre aclamaes, o Senhor ao som detrombeta(s)" (Sal 46,6). Tambm seu sentar-se ( direita de

    Deus) o anuncia no salmo 109: "Disse o Senhor a meu Senhor,senta-te a minha direita at que ponha teus inimigos comoestrado para teus ps" (Sal 109,1). At a destruio do diabo seanuncia a vocs no salmo 9: "Te sentas em teu trono qual juizque julga justamente. Repreendeste aos povos e pereceu ompio" (Sal 9,5-6). Tampouco calou que receberia pleno poder

    para julgar, de parte do Pai, e que viria com autoridade sobretudo, ao afirmar no 71: " Deus, concede teu juzo ao rei, e tua

    justia ao filho do rei, para que julgue a teu povo com justia, ea teus pobres com retido" (Sal 71,1-2). E no salmo 49 disse:"Convoca ao cu, no alto, e a terra, para julgar a seu povo...E os

    cus proclamaram sua justia, pois Deus juiz" (Sal 49,4.6). Eno 81 lemos: "Deus est em p na assemblia dos deuses, erodeado de deuses, (os) julga" (Sal 81,1). Sobre a vocao dos

    pagos muito se fala em nosso livro, porm, sobretudo nosalmo 46: "Povos todos, aplaudam, aclamem a Deus com vozes

    jubilosas" (Sal 46,2). De maneira similar no 71: "Diante de si seprostram os etopes e seus inimigos lamberam p; os reis deTarsis, e as ilhas, oferecem seus dons. Os reis da Arbia e deSab lhe ofereceram regalos. E o adoraram todos os reis daterra; todos os povos lhe serviram" (Sal 71,9-11). Tudo isto ocantam os Salmos e se anuncia em cada um dos outros Livros.

    No sendo um ignorante, (o ancio) agregava: em cada livro daEscritura se significam realidades idnticas, sobretudo emrelao com o Salvador, pois todos esto intimamenterelacionados, sinfonicamente concordes no Esprito. Por isso,do mesmo modo que possvel descobrir no Saltrio o

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    39/73

    39

    contedo dos outros Livros, tambm se encontra comfreqncia o contedo do primeiro nos restantes. Assim, porexemplo, Moiss comps um hino, e Isaas canta e Habacucsuplica com um cntico. Mais ainda, em todos os livros

    possvel encontrar profecias, leis e relatos. O mesmo Esprito oabarca todo, e de acordo ao dom destinado a cada qual,

    proclama a graa peculiar, repartindo-a em plenitude, sejacomo capacidade de profetizar, ou de legislar, ou de relatar osucedido, ou o dom dos Salmos. Se bem que o Esprito uno eindivisvel, dele provm todos os dons particulares e em cadadom est totalmente presente, ainda que cada um o percebe

    segundo as revelaes e dons recebidos e na medida e formadas necessidades, de modo que na medida em que cada um sedeixa guiar pelo Esprito se faz servidor do Verbo. por isso,como o disse anteriormente, que quando Moiss estlegislando, algumas vezes tambm profetiza e outras vezescanta; e os Profetas ao profetizar, algumas vezes proclamammandatos, como aquele: "Purifiquem-se. Limpa teu corao detoda imundcie, Jerusalm" (Is 1,16; Jr 4,14); e outras vezesrelatam historias como o faz Daniel com os acontecimentosconcernentes a Susana, ou Isaas quando relata o de Rabsaces eSenaquerib. O risco caracterstico do livro dos Salmos, como j

    dissemos, o do canto, e por ele modula melodiosamente o queem outros livros se narra com detalhe. Porm, algumas vezesat legisla: "Abandona a ira e deixa a clera" (Sal 36,8); e"Afasta-te do mal, opera o bem; deseja a paz e corre atrs dela"(Sal 33,15). E outras vezes relata o caminho de Israel e profetizaacerca do Salvador, como o dissemos anteriormente.

    A graa do Esprito comum (a todos os livros), estando amesma de acordo tarefa encomendada e segundo o Esprito aconcede. Os mais e os menos no provocam distino algumasempre que cada qual efetue e leve a cabo sua prpria misso.Porm, em sendo assim, o livro dos Salmos tem, neste mesmoterreno, um dom e graa peculiares, uma propriedade de

    particular relevo. Pois junto s qualidades, que lhe so comunse similares com os Livros restantes, tem ademais umamaravilhosa peculiaridade: contm exatamente descritos erepresentados todos os movimentos da alma, suas trocas e

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    40/73

    40

    mudanas, de modo que uma pessoa sem experincia, aoestud-los e ponderando-os, pode ir-se modelando suaimagem. Pois os outros livros somente expem a lei e estipula oque se deva, ou no, cumprir. Escutando as profecias, somentese sabe da vinda do Salvador. Prestando ateno s descrieshistricas, somente se chega a averiguar os fatos dos reis e dossantos. O livro dos Salmos, ademais de ditos ensinamentos,

    permite reconhecer ao leitor as emoes de sua prpria alma ese as ensina, pelo modo como algo o afeta ou o perturba; deacordo com este livro pode ter uma idia aproximada do quedeve dizer. Por isso, no se contenta com escutar

    simplesmente, seno que sabe como falar e como atuar paracurar seu mal. certo que tambm os outros livros tem palavras que probem o mal, porm, este tambm descrevecomo afastar-se dele. Por exemplo: fazer penitncia um

    preceito; fazer penitncia significa deixar de pecar; aqui seindica no s como fazer penitncia e o que necessrio dizer

    para arrepender-se. Assim mesmo Paulo disse: "A atribulaoproduz na alma a constncia; a constncia, a virtude provada; avirtude provada, a esperana; e a esperana no fica despojada"(Rom. 5,3-5). Os Salmos descrevem e mostram, ademais, comosuportar as atribulaes, o que deve fazer o afligido, o que deve

    dizer uma vez passada a atribulao, como cada um posto prova, quais so os pensamentos do que espera no Senhor... Ode dar graas em toda circunstncia tambm um preceito. OsSalmos indicam o que deve dizer aquele que d graas.Sabendo, por outro lado, que os que pretendem viver

    piedosamente sero perseguidos, aprendemos dos Salmos comoclamar quando fugimos em meio a perseguio, e que palavrasdirigir a Deus uma vez escapando dela. Somos convidados abendizer ao Senhor, encontramos as expresses adequadas paramanifestar-lhe nossa confisso. Os Salmos expressam comodevemos elogiar ao Senhor, que palavras lhe rendemhomenagem de modo adequado. Para toda ocasio e sobre todoargumento, encontraremos ento poemas divinos adequados snossas emoes e sensibilidade.

    Captulo I

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    41/73

    41

    Todavia, isto de assombroso e maravilhoso tem os Salmos: aoler os demais livros, aqueles que dizem os santos e o objeto deseus discursos, os leitores o relacionam com o argumento dolivro, os ouvintes se sentem estranhos ao relato, de modo queas aes recordadas suscitam mera admirao ou o simplesdesejo de rivaliz-las. Aqueles que, por outro lado, abrem olivro dos Salmos recorrem, com a admirao e o assombrocostumeiros, s profecias sobre o Salvador contidas j nosrestantes livros, porm lem os salmos como se fossem

    pessoais. O ouvinte, igual ao autor, entra em clima decompulso, apropriando-se as palavras dos cnticos como sefossem suas. Para ser mais claro, no vacilaria, igual que obenaventurado Apstolo, em retomar o dito: "Os discursos

    pronunciados em nome dos patriarcas, so numerosos; Moissfalava e Deus respondia; Elias e Eliseu, estabelecidos sobre amontanha do Carmelo, invocavam sem cessar ao Senhor,dizendo: 'Vive o Senhor, em cuja presena estou hoje!'" (1Rs17,1; 2Rs 3,4). As palavras dos demais santos profetas tm porobjeto o Salvador, e um certo nmero se referem aos pagos e aIsrael. Contudo, nenhuma pessoa pronunciaria as palavras dos

    patriarcas como se fossem suas, nem ousaria imitar e

    pronunciar as mesmas palavras que Moiss, nem as de Abraoacerca de sua escrava e Ismael ou as referentes ao grande Isaac;

    por necessrio ou til que fosse, nada se animaria a diz-lascomo prprias. Ainda que um se compadecesse dos que sofreme desejasse o melhor, jamais diria como Moiss: "Mostra-te amim!" (Ex 33,13), ou tampouco: "Se perdoas seu pecado,

    perdoado sers; se no o perdoas, apaga-me do livro que tuescreveste" (Ex 33,12). Ainda no caso dos profetas, nadaempregaria pessoalmente seus orculos para elogiar ourepreender aqueles que se assemelham por suas aes aos queeles repreendiam ou elogiavam; ningum diria: "Vive o Senhor,

    em cuja presena estou hoje!" Quem toma em suas mos esseslivros, v claramente que as ditas palavras devem ler-se nocomo pessoais, mas sim como pertencentes aos santos e aosobjetos dos quais falam. Os Salmos - coisa estranha! - salvo oque concerne ao Salvador e s profecias sobre os pagos, so

    para o leitor palavras pessoais: cada um as canta como escritaspara ele e no as toma nem as recorre como escritas por outro,

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    42/73

    42

    nem tampouco referentes a outro. Suas disposies (de nimo)so as de algum que fala de si mesmo. O que diz, o orador oeleva at Deus como se fora ele quem falara e atuara. Noexperimenta temor algum diante destas palavras, como diantes dos patriarcas, de Moiss ou dos outros profetas, seno porbem, considerando-as como pessoais e escritas referidas a ele,encontra a coragem para proferi-las e cant-las. Seja que umcumpra ou quebre os mandamentos, os Salmos se aplicam aambos. necessrio, em qualquer caso, seja como transgressor,seja como cumpridor, ver-se como obrigado a pronunciar as

    palavras escritas sobre cada qual.

    Captulo II

    [As palavras dos Salmos] me parecem que so para quem ascanta, como um espelho no qual se refletem as emoes da suaalma para que assim, sob seu efeito, possa recit-las. At quemsomente os escuta, percebe o canto como referido a ele: ouconvencido por sua conscincia e, afligido, se arrepende; ou

    ouvindo falar da esperana em Deus e do auxilio concedido aoscrentes, se alegra de que lhe haja sido outorgado e prorrompeem aes de graas a Deus. Assim, por exemplo, canta algumo salmo terceiro? Refletindo sobre suas prprias atribulaes, seapropriaria das palavras do salmo. Assim mesmo, ler ao 11 ess. e ao 16 e ss. de acordo com a sua confiana e orao; orecitado do 50 e ss. ser expresso de sua prpria penitncia; o53 e ss., 55 e ss., 100 e ss. e o 41ss. expressam seus sentimentossobre a perseguio de que ele objeto; so suas palavras asque canta ao Senhor. Assim pois, cada salmo, sem entrar emmaiores detalhes, pode-se dizer que est composto e proferido

    pelo Esprito, de modo que nessas mesmas palavras, como j odisse antes, podemos captar os movimentos da nossa alma enos faz dizer como provenientes de ns mesmos, como palavrasnossas, para que, trazendo memria nossas emoes

    passadas, reformemos a nossa vida espiritual. O que os salmosdizem pode servir-nos de exemplo e de padro de medida.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    43/73

    43

    Captulo III

    Isto tambm dom do Salvador: feito homem por ns, ofereceupor ns seu corpo morte, para livrar-nos a todos da morte.Querendo mostrar-nos sua maneira celestial e perfeita de viver,a criou em si mesmo para que no sejamos j facilmenteenganados pelo inimigo, j que temos uma prenda segura na

    vitoria que em favor nosso obteve sobre o diabo. por estarazo que no s ensinou, mas tambm praticou seuensinamento, de modo que cada um o escute quando fala e,olhando-o, como se observa a um modelo, aceite dele oexemplo, como quando diz: "Aprendam comigo, que sou mansoe humilde de corao" (Mt 11,29). No poder existirensinamento mais perfeito da virtude que a realizada peloSalvador em sua prpria pessoa: pacincia, amor humanidade, bondade, fortaleza, misericrdia, justia, tudo oencontramos nele e nada temos que esperar, quanto a virtudes,ao observar detidamente sua vida. Paulo o dizia claramente:"Sejam imitadores meus, como eu o sou de Cristo" (1Cor 11,1).Os legisladores, entre os gregos, tem graa unicamente paralegislar; o Senhor, qual verdadeiro Senhor do universo,

    preocupado por sua obra, no somente legisla, mas tambm sed como modelo para que aqueles que o desejam, saibam comoatuar. Ainda antes de sua vinda entre ns, o colocou manifestonos Salmos, de maneira que igual que nos proveu da imagemacabada do homem terreno e celestial em sua prpria pessoa;tambm nos Salmos, aquele que o deseja, pode aprender econhecer as disposies da alma, encontrando como cur-las eretific-las.

    Captulo IV

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    44/73

    44

    Falando com maior preciso, pontualizemos ento que se toda aEscritura divina mestra de virtude e de f autntica, o livrodos Salmos oferece, ademais, um perfeito modelo de vidaespiritual. Igual a quem se apresenta diante de um rei e assumeas corretas atitudes corporais e verbais, no seja que apenasabra a boca, seja arrojado fora por sua falta de compostura,tambm a aquele que corre at a meta das virtudes e desejaconhecer a conduta do Salvador durante sua vida mortal; osagrado Livro o conduz primeiro, atravs da leitura, considerao dos movimentos da alma e, a partir da, vairepresentando sucessivamente o resto, ensinando aos leitores

    graas a ditas expresses. Neste livro, chama a ateno quealguns salmos contenham narraes histricas, outrosadmoestaes morais, outros profecias, outros splicas e outros,todavia, confisso.

    Na forma de narrao, temos os seguintes salmos: 18; 43; 48;49; 72; 76; 88; 89; 106; 113; 126; e 136.

    Em forma de orao, temos os salmos: 16; 67; 89; 101; 131; e141.

    Os proferidos como splica, petio instante, so os salmos: 5;6; 7; 11; 12; 15; 24; 27; 30; 34; 37; 42; 53; 54; 55; 56; 58; 59; 60;63; 82; 85; 87; 137; 139; e 142.

    Em forma de splica junto com ao de graas, temos o salmo138.

    Entre os que s suplicam, temos os salmos: 3; 25; 68; 69; 70;73; 78; 79; 108; 122; 129; e 130.

    Em forma de confisso, temos os salmos: 9; 74; 91; 104; 105;106; 107; 110; 117; 135; e 137.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    45/73

    45

    Aqueles que entrelaam narrao com confisso, so os salmos:9; 74; 105; 106; 117; 135; e 137.

    Um salmo que combina confisso com narrao e ao degraas o 110.

    Tem forma de admoestao o salmo 36.

    Os salmos que contm profecia so: 20; 21; 44; 46; e 75.

    No 109 temos anunciao junto com profecia.

    Os salmos que exortam e prescrevem, e como que ordenam,so: 28; 32; 80; 94; 95; 96; 97; 102; 103; e 113.

    O salmo 149 combina exortao com louvor.

    Descrevem a vida ornada pela virtude os salmos: 104; 111; 118;124; e 132.

    Aqueles que expressam louvor so: 90; 112; 116; 134; 144; 145;146; 148; e 150.

    So salmos de ao de graas: 8; 9; 17; 33; 45; 62; 76; 84; 114;

    115; 120; 121; 123; 125; 128; e 143.

    Aqueles que anunciam uma promessa de bem-aventurana so:1; 31; 40; 118; e 127.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    46/73

    46

    Demonstrativo de alegre prontido com (acrscimo) de cntico:o 107.

    Outro h que exorta fortaleza: o 80.

    Temos os que reprovam aos mpios e inquos, como os: 12; 13;35; 51; e 52.

    O salmo 4 uma invocao.

    Aqueles salmos que falam [do cumprimento] de votos, so: o 19e o 63.

    Tem palavras de glorificao ao Senhor: 22; 26; 38; 39; 41; 61;75; 83; 96; 98 e 151.

    Acusaes escritas para provocar vergonha so: o 57 e o 81.

    Se encontram acentos hmnicos nos: 47 e 64.

    O salmo 65 um canto de jbilo e se refere ressurreio.

    Outro, o 99, unicamente canto de jbilo.

    Captulo V

    Estando, ento, os salmos dispostos acima ordenados destamaneira, possvel aos leitores - como j o disse antes -descobrir em cada um deles os movimentos e a constituio de

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    47/73

    47

    sua alma, do mesmo modo que descobrem o gnero e oensinamento que cada um lhes transmitem.

    Igualmente se pode aprender deles as palavras a dizer paraagradar o Senhor, ou com quais palavras expressar o desejo decorrigir-se e arrepender-se ou de dar-lhe graas. Tudo istoimpede, ao que recita literalmente estas expresses, cair naimpiedade. J que no somente tenhamos de dar a razo dasnossas obras ao Juiz (Supremo), como tambm de toda palavraintil (Mt 12,36):

    Se queres bendizer a algum, aprendes como faz-lo e em nomede quem, nos salmos 1; 31; 40; 11; 118 e 127.

    Se desejas censurar as conjuraes dos judeus contra oSalvador, a tens o segundo (salmo 2) de nossos poemas.

    Se os teus te perseguem e muitos se levantam contra ti, recita oterceiro (salmo 3).

    Se estando aflito, invocaste ao Senhor e porque te escutouqueres dar-lhe graas, entoa o 4, ou o 74, ou o 114.

    Se a ti basta que os malfeitores te preparam armadilhas equeres que bem de manh tua orao chegue a seus ouvidos,recita o 5.

    Se a ameaa de castigo do Senhor te intranquiliza, podes recitaro 6 ou o 37.

    Se alguns se renem para tramar algo contra ti, como o fezAjitfel contra Davi, e chega a teus ouvidos, canta o salmo 7 econfia no Senhor em te defender.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    48/73

    48

    Captulo VI

    Se, observando a extenso universal da graa do Salvador e asalvao do gnero humano, queres conversar com Deus, cantao salmo 8.

    Queres entoar o cntico da vindima, para dar graas ao Senhor?Tens novamente a tua disposio o 8 e tambm o 83.

    Em honra vitoria sobre os inimigos e a liberao da criatura,sem vangloriar-se, e sim reconhecendo que estes feitosmagnficos so obra do Filho de Deus, recita o j mencionadosalmo 9.

    Se algum quer confundir-te ou assustar-te, tem confiana noSenhor e repete o salmo 10.

    Ao observar a soberba de tantos e como o mal cresce, ao pontoque j no h aes santas entre os homens, busca refgio noSenhor e diga o salmo 11.

    Prolongam os inimigos seus ataques? No desesperes como seDeus te esquecera, e sim invoca-o cantando o salmo 12.

    No te associes de modo algum com os que blasfemamimpiamente contra a Providncia, mas bem suplica ao Senhor

    recitando os salmos 13 e 52.

    Aquele que queira aprender quem o cidado do reino doscus deve dizer o salmo 14.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    49/73

    49

    Captulo VII

    Necessitas orar porque teus adversrios assediam tua alma?Canta os salmos 16; 85; 87 e 140.

    Se quiseres saber como rezava Moiss, a tens o salmo 89.

    Foste libertado de teus inimigos e perseguidores? Canta o salmo17.

    Te maravilham a ordem da criao e a providente graa quenela resplandece, como tambm os preceitos santos da Lei?Canta ento o 18 e o 23.

    Vendo sofrer os atribulados, consola-os orando e recitando-lhesas palavras do salmo 19.

    Vs que o Senhor te conduz e pastoreia, guiando-te pelocaminho reto, alegra-te dele e salmodia o 22!

    Te submergem os inimigos? Eleva tua alma at Deussalmodiando o 24 e vejas que os inquos caem malogrados.

    Te cercam os inimigos, tendo suas mos totalmente manchadasde sangue, e no buscam mais que perder-te e confundir-te?

    Ento, no confies tua justia a um homem - toda justiahumana suspeita! - mas pea ao Senhor que te faa justia, jque ele o nico Juiz, recitando o 25; 34 ou 42.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    50/73

    50

    Quando te assaltam violentamente os inimigos e se congregamcomo um exrcito e te depreciam como se ainda no estivessesungido, e por isso te faam a guerra, no temas, canta muito osalmo 26.

    A natureza humana dbil, e se [apesar dela] os perseguidoresse fazem to desavergonhados e insistem, no lhes faas caso,suplica em troca ao Senhor com o salmo 27.

    Se queres aprender como oferecer sacrifcios ao Senhor comao de graas, recita ento com inteligncia espiritual o salmo28.

    Se dedicas e consagras tua casa, isto , tua alma que hospeda aoSenhor, como tambm a casa corprea na que morasfisicamente, recita com ao de graas o 29 e, entre os salmosgraduais, o 126.

    Captulo VIII

    Se vs que s depreciado e perseguido por amigos e conhecidos causa da verdade, no perdas o nimo por isso, nem temasaos que se te opem, e sim, aparta-te deles e, contemplando ofuturo, salmodia o 30.

    Se ao ver aos batizados e resgatados de sua vida corruptvel,ponderas e admiras a misericrdia de Deus, canta em te favortuas louvaes com o salmo 31.

    Se desejas salmodiar em companhia de muitos, rene oshomens justos e probos, e recita o 32.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    51/73

    51

    Se caste vtima de teus inimigos e sagazmente pudeste evitarseus assdios, rene os homens mansos e recita em sua

    presena o salmo 33.

    Se vs o cu para cometer o mal que impera entre ostransgressores da Lei, no penses que a maldade algo naturalneles, como o afirmam os hereges, e sim recita o 35 e teconvenas de que a eles lhes correspondem a responsabilidade

    pelo pecado.

    Se vs os malvados cometerem muitas iniquidades eavalentarem-se contra os humildes, e queres exortar a algumque nem se junte com os inquos, nem lhes tenha inveja, poisseu porvir ser a queda, ento d para ti mesmo e para osoutros o 36.

    Captulo IX

    Se, por outro lado, querendo prestar ateno tua prpriapessoa, e vendo que o inimigo se dispe a atacar-te - pois lheagrada provocar a este tipo de pessoas - querendo fortalecer-tecontra ele, canta o salmo 38.

    Se tendo que suportar ataques dos perseguidores, queresaprender as vantagens da pacincia, recita ento o 39.

    Quando vendo multido de pobres e mendigos, queres mostrar-te misericordioso com eles, sers capaz de s-lo graas recitao do salmo 40, j que com ele elogias aos que jatuaram compassivamente, e exortas aos demais a que ajam deigual maneira.

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    52/73

    52

    Se ansiando buscar a Deus, escutas as burlas dos adversrios,no te perturbes, mas considerando a recompensa eterna de talnostalgia, consola tua alma com a esperana em Deus, e,superados os pesares que te afligem nesta vida, entoa o salmo41.

    Se no queres deixar de recordar os inumerveis benefcios queo Senhor outorgou a teus pais, como o xodo do Egito e aestadia no deserto, e que bom Deus e quo ingratos oshomens, tens os salmos 43; 77; 88; 104; 105; 106 e 113.

    Se havendo-te refugiado em Deus, poderoso defensor no perigo,queres dar-lhe graas e narrar suas misericrdias para contigo,tens o 45.

    Captulo X

    Pecaste, sentes vergonha, buscas fazer penitncia e alcanarmisericrdia? Encontrars palavras de arrependimento econfisso no salmo 50.

    Ainda assim deves suportar calunias por parte de um reiinquo, e vs como se encoraja o caluniador, alija-te dali e usaas expresses que encontras no 51.

    Se te atacam, te acossam e querem trair-te, entregando-te justia, como o fizeram zifeos e filisteus com Davi, no perdas ovalor: tem nimo, confia no Senhor e louvai-o com as palavrasdos salmos 53 e 55.

    A perseguio te sobrevem, cai sobre ti e, sem sab-lo, penetrainesperadamente na cova que te escondias, nem assim temas,

  • 8/14/2019 Atansio - Antologia

    53/73

    53

    pois ainda nesse aperto encontraras palavras de consolo e dememorial indelvel nos salmos 56 e 141.

    Se quem te persegue d a ordem de vigiar tua casa, e tu, apesarde tudo, logras escapar, d graas a Deus, e inscreve oagradecimento em teu corao, como sobre uma estrelaindelvel, em memria de que no pereceste e entoa o salmo58.

    Se os inimigos que te afligem proferem insultos, e os queaparentavam ser amigos lanam acusaes contra ti, e isto perturba tua orao por um breve tempo, reconforta-telouvando a Deus e recitando as palavras do 54.

    Contra os hipcritas e os que se vangloriam descaradamente,recita - para vergonha sua - o salmo 57.

    Contra os que arremetem selvagemente contra ti e queremarrebatar-te a alma, contraponha tua confiana e adeso aoSenhor; quanto mais se encorajem eles, tanto mais descansanele, recitando o 61.

    Se perseguido, retira-te para o deserto e nada temas por estarali s, pois tens a Deus junto de ti, a quem, muito demadrugada, podes cantar-lhe o 62.

    Se te aterrorizam os inimigos e no cessam em conjuraremcontra ti, buscando-te sem descanso, ainda que sejam muitos,

    no te aflijas, j que seus ataques sero como feridas causadas por flechas atiradas por crianas; entoa, ento (confiante), ossalmos 63; 64; 69 e 70.

  • 8/