Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ BIANCA RHEINHEIMER SARAH SHIMA KHOE ATAQUE POR SULFATOS EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

BIANCA RHEINHEIMER

SARAH SHIMA KHOE

ATAQUE POR SULFATOS EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE

EFLUENTES

CURITIBA

2013

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BIANCA RHEINHEIMER

SARAH SHIMA KHOE

ATAQUE POR SULFATOS EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE

EFLUENTES

Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Engenheiro Civil no curso de graduação em Engenharia Civil, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Laila Valduga Artigas

CURITIBA

2013

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TERMO DE APROVAÇÃO

BIANCA RHEINHEIMER

SARAH SHIMA KHOE

ATAQUE POR SULFATOS EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE

EFLUENTES

Trabalho Final de Curso aprovado como requisito parcial à obtenção do grau

de Engenheiro Civil no curso de graduação em Engenharia Civil, Setor de

Tecnologia, pela seguinte banca examinadora:

Prof.ª Dr.ª Laila Valduga Artigas Orientadora – Setor de Tecnologia Universidade Federal do Paraná, UFPR.

Membro da banca: Prof. Dr. Marcelo Henrique Farias de Medeiros

Membro da banca: Eng. Ms. Anderson Finamore Sabbag

Curitiba, 09 de Dezembro de 2013

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DEDICATÓRIA

Gostaríamos de dedicar este Trabalho Final de Curso a todas as

pessoas que nos ajudaram ao longo de nossa trajetória, pois cada uma delas

contribuiu de alguma forma para que atingíssemos nossas metas e conquistas.

Aos nossos pais, orientadora, professores, amigos e familiares. Todos

foram muito importantes para nosso crescimento pessoal e profissional.

Também dedicamos àqueles que farão bom proveito dos conhecimentos

expostos neste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos possibilitado chegar até

aqui, passando por obstáculos que nos permitiram crescer com profissionais.

A Professora Doutora Laila Valduga Artigas pela orientação, paciência e

confiança, sempre dedicando atenção e incentivos.

Aos nossos pais, que por tantos anos nos deram suporte e força para

concluir o curso, com muito amor e paciência.

Aos nossos irmãos, que sempre puderam nos aconselhar ao caminho

mais correto, sempre nos apoiando.

Ao engenheiro Anderson Finamore Sabbag, da USPE - Unidade de

Serviços de Projetos Especiais da SANEPAR - Companhia de Saneamento do

Paraná, que disponibilizou seu tempo e atenção para nos acompanhar e nos

auxiliar em nossas pesquisas.

Ao Professor Doutor Marcelo Henrique Farias de Medeiros, por ter

aceitado nos ajudar em nossas pesquisas, dedicado seu tempo aos nossos

ensaios e dado suporte técnico.

Ao Senhor Avelino Petrykowski da empresa Engetintas Revestimentos

Anticorrosivos por ter se dedicado em nos expor seu produto e fornecê-lo às

nossas pesquisas.

A engenheira Jaqueline da SANEPAR por nos receber com paciência e

atenção nas ETE’s.

Aos nossos colegas e amigos que sempre estavam presentes para nos

auxiliar e nos ouvir.

Ao Vinicius Morandini Martins por ter dedicado seu tempo com a

execução de dispositivos para nossos ensaios.

Ao LAME – Laboratório de Materiais e Estruturas, unidade do LACTEC –

Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, em especial a Mariana d'Orey

Gaivão Portella, a Marcelle, a Rafaela e o Mateus por nos auxiliar nos

processos de utilização dos laboratórios.

A Itambé, por ter nos fornecido cimentos para nossos ensaios.

A todos que de alguma forma dedicaram seu tempo para nos auxiliar na

concretização de nosso sonho.

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“Não tentes ser bem sucedido, tenta

antes ser um homem de valor.”

Albert Einstein

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RESUMO

O concreto é um material que, em determinados ambientes, tais como estações de tratamento de esgoto, torna-se muito suscetível a vários tipos de ataque. Isso acontece por diversas razões, visto que o esgoto carrega materiais dos mais diversos, que podem reagir e levar à formação de compostos nocivos ao concreto. Um dos principais ataques que ocorrem ao concreto em uma estação é o ataque por sulfatos, que resulta em degradação acelerada do concreto, com grandes prejuízos à estrutura da estação. O presente trabalho tem como objetivo estudar a severidade desse ataque, avaliando a concentração de sulfatos presente em esgotos, realizando ensaio de microscopia eletrônica de varredura em amostras retiradas de uma estação de tratamento, colocar testemunhos em uma estação, analisar o comportamento de diferentes cimentos expostos ao sulfato de sódio no ensaio de variação dimensional e realizar ensaio de resistência à compressão em testemunho extraído da estrutura de uma estação. O resultado obtido na análise de concentração de sulfatos na amostra de esgoto se mostrou subjetivo, menor que 200 mg/L, que se mostra de acordo com a literatura, apesar de ser um valor relativamente baixo se considerado o grau de deterioração em que o concreto se encontrava. No ensaio de variação dimensional pôde-se concluir que o CP II Z e o CP IV não se mostraram resistentes a sulfatos. As imagens obtidas do ensaio de microscopia eletrônica de varredura revelaram considerável diferença na microestrutura do concreto exposto ao ataque por sufatos e o concreto não exposto. O testemunho ensaiado por resistência à compressão atingiu um valor de 42.2 Mpa, se mostrando com uma resistência acima do esperado.

Palavras-chave: Ataque. Concreto. Sulfato. Esgoto.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – DETERIORAÇÃO DA ESTRUTURA PELA CRISTALIZAÇÃO DE

SAIS. ................................................................................................................ 29

FIGURA 2 – EXPANSÃO DA PASTA E FORMAÇÃO DE RACHADURAS. .... 35

FIGURA 3 - MODOS DE ATAQUE, (a) TIPO ÁCIDO, (b) TIPO EXPANSIVO, (c)

TIPO CAMADAS DE CEBOLA. FONTE: AL-AMOUDI (2002, p.2) ................... 44

FIGURA 4 – PARTÍCULA DE AGREGADO DA ESTRUTURA DE UMA PONTE

EXPOSTA À ÁGUA DO MAR. .......................................................................... 45

FIGURA 5 - ESQUEMA ILUSTRATIVO DE UM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO

DE VARREDURA ............................................................................................. 47

Figura 6 – IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

DEMONSTRANDO RACHADURA NA PARTÍCULA DE AGREGADO

CAUSADA PELA FORMAÇÃO DE GEL ASR. ................................................. 49

FIGURA 7 – IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

INDICANDO (1) FORMAÇÃO DE ETRINGITA, (2) FORMAÇÃO DE

ETRINGITA E GIPSITA, (3) E (4) GIPSITA...................................................... 49

FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO FUNCIONAMENTO DE

UM REATOR UASB ......................................................................................... 56

FIGURA 9 – VISTA 3D ESQUEMÁTICA DE UM REATOR UASB ................... 56

FIGURA 10 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM REATOR UASB .. 57

FIGURA 11 – REATORES UASB NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE

ESGOTO ATUBA SUL ..................................................................................... 57

FIGURA 12 – CORROSÃO DE UM DUTO DE CONCRETO POR AÇÃO DOS

SULFATOS DO ESGOTO. FONTE: HELENE (1986). ..................................... 60

FIGURA 13 - MOLDES PREPARADOS PARA MOLDAGEM. ......................... 65

FIGURA 14 - FRAÇÕES DE AREIA USADAS PARA A DOSAGEM ................ 66

FIGURA 15 - MISTURADOR MECÂNICO E MISTURA PRONTA PARA SER

COLOCADA NOS MOLDES ............................................................................ 66

FIGURA 16 – MOLDES PREENCHIDOS E COBERTOS COM FILME

PLÁSTICO PARA PROTEÇÃO ........................................................................ 67

FIGURA 17 - PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE SULFATO DE SÓDIO ........ 68

FIGURA 18 - RECIPIENTES CONTENDO CORPOS DE PROVA NA ESTUFA

......................................................................................................................... 69

FIGURA 19 - MEDIÇÃO DE CORPO DE PROVA NO EXTENSÔMETRO ..... 70

FIGURA 20 – RETIRADA DO PRIMEIRO TESTEMUNHO, NO DIA 25/10/2013.

À DIREITA, O LOCAL ONDE FOI FEITA A COLETA ...................................... 71

FIGURA 21 - MÁQUINA EXTRATORA E TESTEMUNHO RETIRADO DA LAJE

......................................................................................................................... 72

FIGURA 22 - REPARO REALIZADO NA LAJE APÓS EXTRAÇÃO DO

TESTEMUNHO ................................................................................................ 72

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FIGURA 23 - MICROSCÓPIO ELETRÔNICO USADO PARA ANÁLISE DO

TESTEMUNHO ................................................................................................ 73

FIGURA 24 – ESQUEMA MOSTRANDO A LOCALIZAÇÃO DAS AMOSTRAS

NO TESTEMUNHO .......................................................................................... 74

FIGURA 25 - AMOSTRAS PREPARADAS PARA ANÁLISE POR MEV .......... 74

FIGURA 26 - MEDIÇÃO DO CORPO DE PROVA COM CAPEAMENTO ........ 76

FIGURA 27 - CORPO DE PROVA POSICIONADO NA MÁQUINA ................. 76

FIGURA 28 – TESTEMUNHOS NO DISPOSITIVO PARA SEREM

COLOCADOS NO REATOR ............................................................................ 79

FIGURA 29 – VISTA DOS REATORES UASB, COM O REATOR ONDE FOI

COLOCADO O PISPOSITIVO EM DESTAQUE .............................................. 79

FIGURA 30 – DISPOSITIVO COLOCADO NO REATOR ................................ 80

FIGURA 31 – DETALHE DA EXTREMIDADE DAS BARRAS. ......................... 83

FIGURA 32 – EXPANSÃO RESULTANTE DAS LEITURAS DAS BARRAS. ... 87

FIGURA 33 – IMAGEM DE MEV DA AMOSTRA 1 – PAREDE DO UASB.

AMPLIAÇÃO 50X. ............................................................................................ 88

FIGURA 34 – IMAGEM DE MEV DA AMOSTRA 2 – PARTE INTERNA DO

CONCRETO. AMPLIAÇÃO 50X. ...................................................................... 89

FIGURA 35 - IMAGEM DE MEV DA AMOSTRA 3 – TETO DO UASB.

AMPLIAÇÃO 50X. ............................................................................................ 89

FIGURA 36 - IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

DA AMOSTRA 1 – PAREDE DO UASB. AMPLIAÇÃO 1000X. ........................ 90

FIGURA 37 - IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

DA AMOSTRA 2 – PARTE INTERNA DO CONCRETO. AMPLIAÇÃO 1000X. 90

FIGURA 38 – IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

DA AMOSTRA 3 – TETO DO UASB. AMPLIAÇÃO 1000X. ............................. 91

FIGURA 39 – PONTOS DE REALIZAÇÃO DE EDS AMOSTRA 1 – PAREDE

DO UASB. ........................................................................................................ 92

FIGURA 40 – AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 1 DA

AMOSTRA 1. .................................................................................................... 92

FIGURA 41 – AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 2 DA

AMOSTRA 1. .................................................................................................... 92

FIGURA 42 – AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 3 DA

AMOSTRA 1. .................................................................................................... 93

FIGURA 43 - IMAGEM EDS AMOSTRA 2 – PARTE INTERNA DO

CONCRETO. .................................................................................................... 93

FIGURA 44 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 1 DA

AMOSTRA 2. .................................................................................................... 94

FIGURA 45 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 2 DA

AMOSTRA 2. .................................................................................................... 94

FIGURA 46 - IMAGEM EDS AMOSTRA 3 – TETO DO UASB. ........................ 95

FIGURA 47 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 1 DA

AMOSTRA 3. .................................................................................................... 95

Page 10: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

FIGURA 48 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 2 DA

AMOSTRA 3. .................................................................................................... 95

FIGURA 49 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 3 DA

AMOSTRA 3. .................................................................................................... 96

FIGURA 50 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 4 DA

AMOSTRA 3. .................................................................................................... 96

FIGURA 51 – RESULTADO DO ENSAIO DE QUANTIFICAÇÃO DA

CONCENTRAÇÃO DE SULFATO EM AMOSTRA DE ÁGUA RESIDUAL....... 97

FIGURA 52 – RUPTURA TIPO E – CISALHAMENTO. .................................... 98

FIGURA 53 – IMAGEM DO TESTEMUNHO APÓS ENSAIO DE RESISTÊNCIA

À COMPRESSÃO. ........................................................................................... 99

Page 11: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

LISTA DE TABELAS

TABELA 1– COMPOSTOS DO CIMENTO PORTLAND .................................. 18

TABELA 2 – PRODUTOS DE HIDRATAÇÃO .................................................. 20

TABELA 3 – REQUERIMENTOS DO ACI 318-89 PARA CONCRETO

EXPOSTO A ATAQUE POR SULFATOS. ....................................................... 23

TABELA 4 – REQUISITOS PARA CONCRETO EXPOSTO A SOLUÇÕES

CONTENDO SULFATO, CONFORME NBR 12655. ........................................ 33

TABELA 5 – NÍVEL DE EXPOSIÇÃO AOS SULFATOS EM FUNÇÃO DA

CONCENTRAÇÃO DE SO42- CONFORME ALGUMAS NORMAS TÉCNICAS

EXTRANGEIRAS ............................................................................................. 34

TABELA 6 - REAÇÕES OCORRENDO ENTRE O CIMENTO E O SULFATO

DE SÓDIO. ....................................................................................................... 39

TABELA 7 - REAÇÕES OCORRENDO ENTRE CIMENTO E SOLUÇÃO

SULFATO DE MAGNÉSIO. .............................................................................. 41

TABELA 8 – TABELA DE LEITURAS NO EXTENSÔMETRO ......................... 82

TABELA 9 – VALORES DE EXPANSÃO INDIVIDUAL .................................... 84

TABELA 10 – VALORES DISCREPANTES ..................................................... 85

TABELA 11 – EXPANSÃO MÉDIA RECALCULADA ....................................... 86

TABELA 12 – EXPANSÕES RESULTANTES.................................................. 87

TABELA 13 – LEITURAS DAS BARRAS COLOCADAS NA ETE. ................... 98

Page 12: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

LISTA DE SÍMBOLOS

a/c Água/cimento

CH Ca(OH)2 - Hidróxido de cálcio

C-S-H 3CaO.2SiO2.3H2O – Silicato de cálcio hidratado

C3A 3CaO.Al2O3 - Aluminato tricálcico

C2S 2CaO.SiO2 - Silicato dicálcico

C3S 3CaO.SiO2 - Silicato tricálcico

C4AF 4CaO.Al2O3.Fe2O3 – Ferro aluminato tetracálcico

A Al2O3 - Alumina

C CaO - Cal livre

F Fe2O3 - Óxido férrico

H H2O - Água

S SiO2 - Sílica

SO3 Trióxido de enxofre

M MgO – Magnésia

CaSO4 . 2H2O Gipsita

6CaO.Al2O3.3SO4.32H2O Etringita

4CaO.Al2O3.SO4.18H2O Monossulfoaluminato de cálcio hidratado

SO2 Dióxido de enxofre

SO42- Sulfato

S2- Sulfeto

(NH4)2SO4 Sulfato de amônio

CaSO4 Sulfato de cálcio

Na2SO4 Sulfato de sódio

MgSO4 Sulfato de magnésio

SO Enxofre absoluto

H2S Gás sulfídrico

HSO4- Bissulfato

H2SO4 Ácido sulfúrico

H2SO3 Ácido sulfuroso

FeSO4 Sulfato ferroso

TiO2 Dioxido de titanium

Page 13: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

MnO2 Dioxido de manganes

K2O Oxido de potássio

Na2O Oxido de sódio

MH Mg(OH)2 - Hidróxido de magnésio, brucite

Fe2(SO4)3 Sulfato férrico

K2SO4 Arcanite

(K,Na)3Na(SO4)2 Aftitelite

Page 14: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15

1.1 OBJETIVO ............................................................................................. 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 18

2.1 ESTRUTURA INTERNA DO CONCRETO ............................................. 18

2.1.1 Estrutura interna no cimento Portland .............................................. 18

2.1.2 Hidratação do Cimento .................................................................... 19

2.1.3 Durabilidade e deterioração do concreto ......................................... 22

2.3 ATAQUE POR SULFATOS .................................................................... 24

2.3.1 Origem do Sulfato ............................................................................ 24

2.3.2 Manifestação de ataque ................................................................... 26

2.3.3 Reações expansivas ........................................................................ 27

2.3.4 Limites para sulfatos ........................................................................ 33

2.3.5 Mecanismos de ataque .................................................................... 35

2.3.6 Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV ................................... 46

2.4 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES .................................. 50

2.4.1 Tratamento preliminar ...................................................................... 51

2.4.2 Tratamento primário ......................................................................... 51

2.4.3 Tratamento Secundário ................................................................... 52

2.4.4 Tratamento terciário ......................................................................... 57

2.4.2 Ocorrência do ataque ...................................................................... 58

2.5 FORMAS DE PREVENÇÃO DO ATAQUE POR SULFATOS ................ 60

3 METODOLOGIA ........................................................................................... 63

3.1 DETERMINAÇÃO DA VARIAÇÃO DIMENSIONAL DE BARRAS DE

ARGAMASSA DE CIMENTO PORTLAND EXPOSTAS À SOLUÇÃO DE

SULFATO DE SÓDIO ................................................................................... 63

3.1.1. Séries de corpos de prova ............................................................... 64

3.1.2 Aparelhagem e materiais utilizados ................................................. 65

3.1.3 Dosagem de argamassa .................................................................. 66

3.1.4 Período de cura ............................................................................... 67

3.1.5 Resultados ....................................................................................... 69

3.2 COLETA DE AMOSTRAS ...................................................................... 71

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3.3 ANÁLISE POR MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA E EDS

(ESPECTROSCOPIA DE DISPERSÃO DE ELÉTRONS) ............................ 73

3.4 ENSAIO DE COMPRESSÃO ................................................................. 75

3.4.1 Preparo do testemunho ................................................................... 75

3.4.2 Execução do ensaio ......................................................................... 75

3.5 QUANTIFICAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SULFATOS EM

AMOSTRA DE ESGOTO .............................................................................. 77

3.6 COLOCAÇÃO DE TESTEMUNHOS EM CAMPO ................................. 78

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 81

4.1 RESULTADOS OBTIDOS NO ENSAIO DE VARIAÇÃO DIMENSIONAL

...................................................................................................................... 81

4.1.1 Expansão Individual ......................................................................... 83

4.1.2 Expansão Média .............................................................................. 84

4.1.3 Expressão dos resultados ................................................................ 86

4.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ..................... 88

4.3 QUANTIFICAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SULFATOS EM

AMOSTRA DE ESGOTO .............................................................................. 96

4.4 COLOCAÇÃO DE TESTEMUNHOS NA ETE ........................................ 97

4.5 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ..................................... 98

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 100

6 CONCLUSÃO ............................................................................................. 104

7 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 105

8 ANEXO ....................................................................................................... 109

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1 INTRODUÇÃO

O concreto é o material construtivo mais utilizado pelo homem em

épocas atuais, mesmo não sendo tão resistente quanto o aço. A sua

resistência à água é muito elevada e o torna preferível em relação à madeira e

ao aço para determinadas estruturas civis. Isto pode ser observado em

barragens, canais e estações de tratamento de água e efluentes. A facilidade

para se executar elementos estruturais de concreto, o custo mais baixo e a

larga disponibilidade no canteiro são alguns fatores que tornam o concreto o

material construtivo preferido pelos engenheiros (MEHTA E MONTEIRO,

1994).

Há registros, na história mundial, de estruturas de materiais cimentícios,

que se apresentam em boas condições de utilização e serviços até os dias de

hoje, com mais de 2.000 anos de existência (MEHTA E MONTEIRO, 1994). A

dúvida que surge é porque as estruturas de concreto atuais, em alguns casos,

se mostram mais vulneráveis que as estruturas antigas, visto o avanço

tecnológico que se teve até os dias de hoje.

O fato é que, com esses avanços tecnológicos, ocorreram modificações

na fabricação dos cimentos que são comercializados atualmente, havendo um

aumento no uso de aditivos minerais e mudanças na composição química dos

cimentos. Devido a esses fatos, surgiram preocupações referentes a essas

alterações e consequentes estudos para analisar as consequências geradas na

durabilidade do concreto exposto a ambientes agressivos (AL-AMOUDI, 2002).

Segundo Biczók (1960), a corrosão do concreto é conhecida pela sua

complexidade, e a deterioração é devida à ação simultanea de vários fatores.

Este processo envolve as características do meio onde a estrutura está e as

propriedades do concreto. Concretos expostos às águas correntes ou que

possuam alta porosidade são mais suscetíveis à deterioração em comparação

com aqueles com baixa porosidade. A vida útil da estrutura pode variar muito,

dependendo do tipo do concreto e dos fatores agressivos.

Segundo Skalny et al. (2002), alguns fatores são decisivos para o mau

desempenho de uma estrutura de concreto, tais como o uso equivocado de

quantidades de cimento ou a mistura inadequada, a escolha errada dos

Page 17: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

16

materiais que irão compor o concreto exposto a ambientes agressivos, cura

inadequada e a falta de manutenção.

Entre as situações agressivas, a estrutura de concreto pode estar

submetida ao ataque por sulfatos, que constitui um conjunto complexo de

processos químicos e físicos causados por reações dos vários componentes do

cimento com o sulfato, que pode ter origem interna ou externa.

Sobre esse ataque por sulfatos, Skalny (2002) comenta que testes

simples não são capazes de fornecer resultados corretos, pois ainda há

grandes divergências na literatura no que tange à formação de etringita, e a

recristalização de sais. Também, devido ao fato de as reações relacionadas a

sulfatos ocorrerem, na maioria das vezes, em conjunto com processos

destrutivos como abrasão, reação álcali-agregado, carbonatação, entre outros.

Segundo Biczók (1960), a corrosão do concreto é uma exceção,

ocorrendo, na maioria das vezes, em estruturas maritimas, estruturas em

ambiente industrial e estruturas em contato com águas muito agressivas.

McCarty et al. (1994) comentam que a presença de sulfatos deve ser

avaliada, pois estes são indiretamente responsáveis por dois problemas

relacionados à manipulação e ao tratamento de águas residuais, a questão do

odor e a corrosão dos materiais cimentícios resultante do ataque por sulfato de

hidrogênio (gás sulfídrico) sob condições anaeróbias.

Segundo Biczók (1960), composição apropriada e práticas adequadas

na fabricação do concreto, em associação com a escolha correta do cimento

para o local, tem resultado em estruturas duráveis, dispensando manutenções

ou reparos por muitos anos.

Para escolher o tipo correto de proteção, deve-se ter disponível

resultados experimentais e observações de campo. Testes de laboratório não

são por sí só suficientes, é necessário observar o concreto exposto a

ambientes agressivos sob diferentes condições.

Page 18: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

17

1.1 OBJETIVO

Tem-se como objetivo deste trabalho a análise do comportamento de

estruturas de concreto expostas a sulfatos em estações de tratamento de

esgoto. A análise se sustentará em: ensaios de microscopia eletrônica de

varredura (MEV) em amostras de concreto aparentemente atacado, ensaios

com amostras de esgoto para determinação de concentração de sulfatos,

ensaio de variação dimensional com barras de argamassa de diferentes

cimentos, sendo um deles com tratamento de superfície, para análise do

comportamento de cada cimento em solução de sulfato de sódio.

Page 19: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ESTRUTURA INTERNA DO CONCRETO

Os cimentos utilizados para o preparo de concreto são aqueles que têm

a propriedade de endurecer mesmo dentro d’água devido às suas reações

químicas internas. Estes são denominados cimentos hidráulicos e são

constituídos basicamente por silicatos e aluminatos de cálcio e são

amplamente classificados como cimentos naturais, cimentos Portland e

cimentos aluminosos (NEVILLE, 1997).

2.1.1 Estrutura interna no cimento Portland

As matérias primas utilizadas para a fabricação do cimento Portland são,

principalmente, calcário, sílica, alumina e óxido de ferro. Estes componentes

reagirão entre si no forno para formar compostos mais complexos que se

mantêm em certo estado de equilíbrio químico após o resfriamento (fase

vítrea).

Alguns compostos formados da hidratação podem ser considerados

como os principais compostos da estrutura interna do cimento devido à sua

porcentagem. Eles estão apresentados na TABELA 1.

TABELA 1– COMPOSTOS DO CIMENTO PORTLAND

Nome do composto Composição em óxidos Abreviação

Silicato tricálcico

Silicato dicálcico

Aluminato tricálcico

Ferroaluminato tetracálcico

3CaO.SiO2

2CaO.SiO2

3CaO.Al2O3

4CaO.Al2O3.Fe2O3

C3S

C2S

C3A

C4AF

FONTE: NEVILLE (1997).

Page 20: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

19

Os silicatos de cálcio contêm compostos secundários, em pequenas

porcentagens, que possuem efeitos significativos para a estrutura. Alguns

desses compostos são MgO, TiO2, MnO2, K2O e Na2O e são denominados

secundários devido à sua baixa porcentagem no cimento, e não por ser menos

importante que os compostos principais. Dois desses compostos devem ser

observados com mais atenção, os óxidos de potássio e de sódio (Na2O e K2O,

conhecidos por álcalis), pois estes podem agir com alguns agregados, e os

produtos desta reação provocam a desintegração da estrutura de concreto.

O composto C3S aparece como pequenos grãos incolores

equidimensionais. O C2S é conhecido como tendo quatro formas, o α-C2S que

à 1450ºC se transforma em β-C2S (NEVILLE, 1997).

O composto C3A possui a forma de cristais retangulares, mas na fase

vítrea, por exemplo, se apresenta de maneira intersticial amorfa. O C4AF é

constituído por uma solução sólida de C2F e C6A2F, porém a expressão C4AF é

uma simplificação para o composto.

As reações que ocorrem após a mistura do cimento com água produzem

uma massa firme e resistente, que constitui a fase endurecida (NEVILLE,

1997).

2.1.2 Hidratação do Cimento

A hidratação das partículas do cimento pode ocorrer de duas maneiras,

pela incorporação direta de partículas de água. Os produtos desta hidratação

são pouco solúveis na água, vista a estabilidade da pasta de cimento

hidratada. A velocidade desta hidratação decresce continuamente de forma a

permanecer quantidades significantes de cimento não hidratado (NEVILLE,

1997).

Exames microscópicos revelam que a água não penetra nos grãos de

cimento para hidratar os compostos mais reativos, ao invés disso, a hidratação

se mostra na forma de redução do tamanho das partículas. Desta forma, é

provável que as partículas menores de C2S se hidratem antes que termine a

hidratação das partículas graúdas de C3S.

Page 21: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

20

Podem-se classificar os principais produtos da hidratação em silicatos de

cálcio hidratados e aluminato tricálcico. O composto C4AF se hidrata formando

aluminato tricálcico e CaO.Fe2O. Também é possível que haja Fe2O3 presente

na solução sólida de aliminato tricálcico hidratado (NEVILLE, 1997).

A TABELA 2 expõe os produtos de hidratação do cimento com seus

respectivos nomes, fórmulas químicas e abreviações (SKALNY et al., 2002).

TABELA 2 – PRODUTOS DE HIDRATAÇÃO Composto Fórmula Abreviação

Hidróxido de cálcio, portlandita

Silicato de cálcio hidratado

Sulfato de cálcio dihidratado, gipsita

Singenite

Monossulfato

Etringita

Taumasita

Hidróxido de magnésio, brucite

Silicato de magnésio hidratado

Ca(OH)2

xCaO.SiO2.yH2O

CaSO4.2H2O

K2Ca(SO4)2.H2O

Ca4Al2(OH)12.SO4.6H2O

Ca6Al2(OH)12.(SO4)3.26H2O

Ca3[Si(OH)6]CO3.SO4.12H2O

Mg(OH)2

xMgO.SiO2.yH2O

CH

C-S-H

MH

M-S-H

FONTE: SKALNY et al. (2002).

2.1.2.1 Silicatos de Cálcio hidratados (C-S-H)

Segundo Neville (1997), acredita-se que o C3S sofra hidrólise em casos

de pouca água misturada com a pasta de cimento, produzindo silicato de cálcio

pouco básico e, em seguida C3S2H3, liberando cal na forma de Ca(OH)2. Não

se pode provar que os compostos C3S e C2S resultem em um mesmo produto

ao final da hidratação, visto que em estudos observou-se a possibilidade da

existência de vários silicatos de cálcio diferentes. Isto se deve ao fato de a

hidratação do C2S ser controlada pela baixa velocidade intrínseca da reação,

enquanto que, no caso do C3S, a hidratação é controlada pela velocidade da

difusão dos íons do produto hidratado.

As reações de hidratação supostas por Neville (1997) que resultam no

C3S2H3 como produto da hidratação do C2S e do C3S são ilustradas nas 2C3S

+ 6 H --> C3S2H3 + 3Ca(OH)2 EQUAÇÃO 1 e 2 C2S + 4 H -->

C3S2H3 + Ca(OH)2 EQUAÇÃO 2:

Page 22: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

21

C3S:

2C3S + 6 H --> C3S2H3 + 3Ca(OH)2 EQUAÇÃO 1

C2S:

2 C2S + 4 H --> C3S2H3 + Ca(OH)2 EQUAÇÃO 2

Observando as reações destes silicatos nota-se que na formação de

C3S2H3 o C3S produz mais do que o dobro de hidróxido de cálcio em

comparação com o C2S. As características dos dois compostos devem ser

consideradas nas questões de pega e endurecimento do cimento.

A hidratação do C3S é muito significativa, pois esta caracteriza o

comportamento do cimento. Passa por um período lento devido à liberação

inicial de hidróxido de cálcio que deixa livre uma camada externa de silicato de

cálcio hidratado (NEVILLE, 1997).

2.1.2.2 Aluminato Tricálcico

O aluminato de cálcio gera um composto prismático intersticial que

apesar de se apresentar em pequenas quantidades, tem comportamento muito

significante dentro da estrutura. Os aluminatos tricálcicos são formados a partir

da reação entre C3A e C4AF ou a partir de algum componente do cimento que

possua sulfato e alumina. Durante a hidratação do cimento o sulfato é suprido

pelo sulfato de cálcio (CaSO4). Os quatro compostos do sulfato de cálcio

hidratado de primeiro interesse na ocorrência do ataque por sulfatos são gipsita

(formada durante o ataque por sulfatos), etringita, monossulfato e taumasita

(SKALNY et al., 2002).

Para evitar a pega instantânea gerada pelo C3A, adiciona-se gesso

(CaSO4.2H2O) ao clínquer do cimento. A ação destes componentes resulta em

sulfoaluminato insolúvel (3CaO.Al2O3.3CaSO4.31H2O). A presença do C3A na

composição do cimento é indesejável, pois quando ocorre ataque por sulfatos à

estrutura, ocorre a formação de sulfoaluminatos a partir do C3A. Esta situação

gera a expansão da estrutura e possível desagregação.

Page 23: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

22

Durante a hidratação do cimento Portland, a partir dos aluminatos

tricálcicos, formam-se etringita ([Ca3Al(OH)6.12H2O]2.(SO4)3.2H2O) e

monossulfato ([Ca2Al(OH)6].SO3), como ilustra a C3A + CaSO4 . 2H2O + 26H

→6CaO.Al2O3.3SO4.32H2O EQUAÇÃO 3 (SKALNY et al., 2002):

C3A + CaSO4 . 2H2O + 26H →6CaO.Al2O3.3SO4.32H2O EQUAÇÃO 3

Etringita

2.1.3 Durabilidade e deterioração do concreto

Algumas formas básicas de prevenir qualquer ataque é o uso de práticas

corretas na execução da estrutura de concreto. Fatores como cura e mistura

adequadas, relação água/cimento condizente com o ambiente ao qual a

estrutura estará exposta, baixa permeabilidade da estrutura, qualidade dos

componentes da mistura, manutenção da estrutura madura, são exemplos

desta afirmação (SKALNY et al., 2002).

Segundo Skalny et al. (2002), para a produção de concreto de alta

qualidade, com vida útil e desempenho em serviço melhores do que o

esperado, é necessário considerar, além das inadequações que podem ser

cometidas pelo homem, os desafios da natureza e do ambiente onde a

estrutura será inserida. Isso pode ser feito a partir de:

Melhor utilização dos princípios químicos e físicos que regem a

formação e destruição dos materiais à base de cimento;

Desenvolvimento adequado de misturas e estruturas para o meio

ambiente onde o concreto será inserido;

Produção, localização e manutenção apropriadas.

Como apresenta Neville (1997), para exposição severa a situações

agressivas o ACI 201.2R (Guide to Durable Concrete, reported by American

Concrete Intitute committe, 2008) estabelece a utilização de cimento resistente

a sulfatos. Para exposição muito severa se torna necessário o uso de um

cimento resistente a sulfatos com a adição de pozolana com baixo teor de

óxido de cálcio (25-40% do total, em massa) ou escória (acima de 70% do

Page 24: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

23

total). A TABELA 3 esclarece as concentrações classificadas como moderada,

severa e muito severa do ACI 318-89 exposta por Neville (1987).

TABELA 3 – REQUERIMENTOS DO ACI 318-89 PARA CONCRETO EXPOSTO A ATAQUE POR SULFATOS.

Exposição à

sulfato

SO4 em água

(ppm)

Tipo de cimento Máxima relação

água/cimento

Mínima

resistência

Desprezível

Moderado

Severo

Muito severo

0-150

150-1500

1500-10000

Acima de

10000

-

CP II Z

CP V RS

CP V RS com adição

de pozolana ou cinza

volante

-

0,50

0,45

0,45

-

26 MPa

29 MPa

29 MPa

FONTE: ADAPTADO DE NEVILLE, 1987.

São muitas as causas da deterioração do concreto. Pode ser por

processos físicos ou químicos, lixiviação dos componentes da pasta,

carbonatação, exposição a produtos químicos, corrosão do aço, reações álcali-

agregado, ciclos de gelo-degelo, abrasão, entre outros. O ataque por sulfatos é

uma forma de ataque químico.

Sem a presença de água, com exceção da abrasão, nenhum mecanismo

de deterioração ocorre. O ingresso de fontes externas de sulfato, em meio

aquoso, depende totalmente da porosidade e da permeabilidade da estrutura,

que, se forem valores baixos minimizam a probabilidade de deterioração. Na

ocorrência do ataque por sulfatos, compostos agressivos em meio aquoso

migram para dentro da pasta endurecida, através dos poros, e passam a reagir

com os produtos de hidratação do cimento, formando produtos como a etringita

e a gipsita caracterizando reações expansivas. A principal manifestação dessas

reações é o lascamento da superfície (SOUZA, 2006).

A resistência do cimento comum ao ataque por sulfatos é limitada.

Durante a hidratação do cimento há a formação de etringita primária, a qual,

após todo o sulfato de cálcio for consumido, se converte em monossulfato. Na

ocorrência de exposição do concreto endurecido à sulfatos de fontes externas,

este monossulfato se transforma de volta em etringita e este processo está

associado à expansão da estrutura.

Page 25: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

24

Segundo Biczók (1960), a resistência do cimento Portland à acidos e

sulfatos é baixa, e é menos suscetível a bases pelo fato de ocorrer o

desenvolvimento de hidróxido de cálcio na sua estrutura, o que o torna

altamente alcalino. A resistencia do cimento Portland a sulfatos depende, além

do composto Ca(OH)2, da quantidade calculada de aluminato tricalcico (C3A).

Quanto maior a quantidade de C3A mais suscetível é o concreto a sulfatos.

Em testes realizados com diferentes cimentos Portland, Biczók (1960)

observou que todos os cimentos são resistentes a sulfatos quando possuem

baixa quantidade calculada de C3A.

Entre as consequências do ataque por sulfatos ao concreto estão a

fissuração da estrutura, lascamento de camadas, perda de resistência,

aumento da porosidade e perda de massa (SKALNY et al., 2002).

2.3 ATAQUE POR SULFATOS

O ataque por sulfatos é uma reação extremamente danosa às estruturas

de concreto e deve ser analisado desde sua origem.

2.3.1 Origem do Sulfato

Na natureza, além da água do mar, os sulfatos estão presentes em

lençóis freáticos, em rios, chuvas ácidas e decomposição da matéria orgânica.

A dissolução de solos e rochas e a oxidação de sulfeto se tornam as principais

fontes de sulfato, sendo este íon o mais abundante nas águas naturais

(CETESB, 2002). Nos cimentos as maiores contribuições são provenientes de

depósitos de sulfato como anidrita (CaSO4) e gipsita (CaSO4.2H2O) que

associados às chuvas ácidas se tornam muito agressivos às estruturas de base

cimentícias pois contêm elevados teores de sulfato de magnésio (MgSO4) e

sulfato de sódio (Na2SO4).

Page 26: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

25

Além disso, o sulfato tem origem antrópica nas águas superficiais. As

principais fontes são descargas de esgotos domésticos e efluentes das

indústrias despejados diretamente nos rios sem haver um prévio tratamento.

Conjuntamente, pode ser originado, nas águas tratadas, da utilização de

coagulantes (MCCARTY; SAWYER, 2003)

Segundo McCarty e Sawyer (2003), é essencial o controle do sulfato nas

águas disponibilizadas para uso humano, pois o sulfato em concentrações a

partir de 250mg/L não é recomendado para consumo e a ingestão de sulfato de

magnésio em concentrações maiores que 150mg/L provoca efeito laxativo. Nas

tubulações de esgoto que possuem trechos com pouca declividade, haverá

depósito de matéria orgânica permitindo que as bactérias existentes na

tubulação, com a presença de oxigênio, transformem o sulfato em sulfeto,

ocorrendo liberação de gás sulfídrico, que, além de ser tóxico e gerar

problemas relacionados ao se odor, tem efeito corrosivo nas tubulações de

concreto.

O sulfato pode ter origem interna. A fonte de sulfato pode ser as várias

formas de sulfato de cálcio adicionadas ao clínquer durante a moagem, e

também na forma natural de gipsita ou anidrida. As fases mais comuns de

sulfatos presentes no clínquer são K2SO4 e (K,Na)3Na(SO4)2. Adições como

cinza volante, escória de alto forno podem ser fontes de sulfato.

Ocasionalmente, as fontes de sulfato no concreto podem ser o sulfato em

forma de gipsita ou os sulfetos presentes nos agregados (SKALNY et al.,

2002).

Para as estruturas de concreto, o sulfato é um elemento muito nocivo.

Por este fato, há enormes preocupações e estudos, nos últimos anos, quanto à

proteção de estruturas expostas à ação destrutiva de sulfatos em meio aquoso

como ambientes marítimos ou em contato com os efluentes de esgotos

domésticos, que submete a estrutura ao gás sulfídrico que gera uma

agressividade muito maior em comparação à submersão. O ataque por sulfatos

pode se dar de varias formas, pode ser tanto externo quanto interno, pode vir

de dentro da estrutura no caso de agregados contendo pirita, contaminados

com sulfato, caracterizando o ataque de dentro para fora ou o ataque externo

em que a estrutura está exposta à ambientes como a água do mar que possui

concentração de sulfato próxima a 2650mg/l (SOUZA, 2006).

Page 27: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

26

Dentre os danos que sofre a estrutura de concreto devido à esse ataque

por sulfatos, estão incluídos lascamento das camadas superficiais da estrutura,

expansão do volume, perda de resistência e desintegração (SOUZA, 2006).

2.3.2 Manifestação de ataque

Os mecanismos apresentados a seguir podem estar envolvidos no

ataque por sulfatos, e geralmente ocorrem simultaneamente (SKALNY et al.,

2002):

Desagregação ou remoção de hidróxido de cálcio da pasta de cimento,

com consequente lixiviação de cálcio e íons hidróxido, ocorrendo um

decaimento da alcalinidade da pasta ou sulfonação dos íons Ca2+

formando compostos potencialmente expansivos como etringita e

gipsita;

Mudanças complexas e contínuas na composição iônica da fase líquida

dos poros, que também ocorrem durante o processo de hidratação.

Porém, durante o ataque químico, essas mudanças podem provocar a

formação de condições favoráveis à ocorrência de deterioração da pasta

matriz;

Absorção dos componentes iônicos presentes na fase líquida dos poros

na superfície dos sólidos presentes no material cimentício. Os íons

sulfatos e aluminatos tendem a ser absorvidos pelo C-S-H sob certas

condições, e liberados na mudança dessas condições. Este processo é

o principal responsável pela formação de etringita tardia (aquela que não

é formada como produto da hidratação dos componentes do cimento);

Decomposição dos componentes não hidratados do clínquer. Há

evidências de que a entrada de sulfato na estrutura com pouca idade

pode provocar a descalcificação dos silicatos de cálcio presentes no

clínquer. Como consequência há um aumento na porosidade da

estrutura e formação de sílica hidratada e/ou silicatos de magnésio

hidratados que não possuem propriedades cimentícias;

Page 28: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

27

Decomposição dos produtos de hidratação previamente formados. As

consequências são a descalcificação do hidróxido de cálcio e a

decomposição da estrutura C-S-H, o principal ligante do cimento;

Formação de gipsita, que se mostra associada a um aumento no volume

da estrutura, que se torna preocupante na ocorrência de altas

concentrações de sulfato. Também está associada a outros fenômenos

relacionados a sulfatos;

Formação de etringita, facilmente ocorrendo a baixas concentrações de

sulfato devido a sua baixa solubilidade. Por este fato, a expansão pela

formação de etringita prevalece à expansão pela formação de gipsita;

Formação de taumasita, causando deteriorações mais severas em

relação à etringita pelo fato de ser formada a partir da estrutura C-S-H;

Formação de brucita e silicato de magnésio hidratado, que caracterizam

um ataque severo pela presença de íons Mg2+, ocorrendo a formação de

compostos que não possuem propriedades cimentícias.

Penetração de sulfato no concreto, havendo a formação de sais de

sulfato e repetidas cristalizações destes. Portanto, a presença de sais de

sulfato (CaCO3, Na3H(CO3)2.2H2O, NaHCO3, NaCl, etc.), sob certas

condições, pode estar relacionado ao ataque por sulfatos;

Segundo Skalny et al. (2002), alta permeabilidade do concreto ou danos

gerados por outros mecanismos aumenta significativamente a carbonatação e

a facilidade de penetração de agentes químicos externos na estrutura. Nessas

condições, alguns dos mecanismos apresentados acima podem ser

acelerados, aumentando a complexidade do ataque. Desta forma, se torna

possível a ocorrência de deterioração severa do concreto devido ao ataque por

sulfatos sem a existência de variações volumétricas significativas.

2.3.3 Reações expansivas

A interação do sulfato com os componentes do cimento é muito

complexa e depende de uma série de fatores. Várias reações químicas podem

Page 29: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

28

estar ocorrendo simultaneamente ou subsequentemente. Os fatores que

podem afetar o processo são a composição do cimento, o tipo de interação

(ataque interno ou externo), a temperatura no momento das reações e a forma

de sulfato participando do processo.

As reações que ocorrem podem resultar na expansão da pasta, na

degradação química da fase hidratada associada a danos na resistência da

pasta endurecida, formação de fissuras no interior da estrutura e lascamento e

fragmentação do material endurecido (SKALNY et al. 2002).

Segundo Skalny et al., (2002) a expansão da pasta de cimento ocorre,

sem dúvidas, quando a reação química que está em processo no interior da

pasta está associada a um aumento global de volume. Porém, praticamente

todas as reações onde há íons sulfato envolvidos estão associadas a um

encolhimento químico em vez de uma expansão.

Muitas teorias têm sido encaminhadas para explicar o motivo de uma

reação que está associada a encolhimento químico causar expansão da pasta

de cimento. Uma delas é o aumento do volume sólido, que assume que a

expansão da pasta de cimento ocorre se há um aumento no volume dos

sólidos presentes, mesmo se o volume global teve uma redução.

Outra teoria exposta por Skalny et al., (2002) é a da reação topoquímica

que é definida pela transição entre fases sólidas, onde uma fase sólida é

formada no mesmo espaço anteriormente ocupado por produto da hidratação

do cimento. Em situações onde o produto formado ocupa um volume maior em

relação ao que lhe deu origem, este excederá os limites de espaço provocando

uma expansão local. Esta expansão causa um aumento do volume externo da

estrutura, e também formação de fissuras. Uma reação procederá

topoquimicamente dependendo da reatividade do composto inicial e é

favorecida se a capacidade de cristalização do produto da reação for maior que

a taxa de dissolução do material inicial não hidratado.

2.3.3.1 Pressão por cristalização

A cristalização de sais no interior da estrutura gera aumento de pressão

interna dos poros, e pode ser provocado por CaCO3, Na3H(CO3)2.2H2O,

Page 30: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

29

NaHCO3 e/ou NaCl. Estes sais de sulfato penetram na estrutura por meio de

capilaridade, por difusão ou por permeabilidade, porém, com a evaporação da

água onde se encontram dissolvidos, as concentrações destes sais podem

chegar a altos patamares. Nesta situação ocorre o fenômeno da cristalização,

onde os sais passam a ocupar um volume maior em comparação com a

situação em que estavam dissolvidos na água, causando expansão da

estrutura. Este ataque é considerado por Neville (1997) um ataque físico, pois o

sulfato não reage com os componentes internos da pasta, como ilustra a 2Na+

+ SO42- → Na2SO4.10H2O EQUAÇÃO 4. Porém,

Skalny et al. (2002) cita essa consideração como equivocada pois ataque

envolvendo sulfato é também um ataque por sulfatos e deve ser classificado

desta forma, sendo então um ataque físico-químico.

2Na+ + SO42- → Na2SO4.10H2O EQUAÇÃO 4

(solução) (evaporação) (sólido)

A FIGURA 1 exemplifica danos causados por cristalização de sais no

interior dos poros da estrutura.

FIGURA 1 – DETERIORAÇÃO DA ESTRUTURA PELA CRISTALIZAÇÃO DE SAIS.

FONTE: SKALNY et al. (2002, p.111)

Page 31: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

30

Segundo Souza (2006, apud. Beaudoin, 1992) a pressão de

cristalização, que resulta da interação dos produtos do ataque, como a

etringita, com os componentes do cimento hidratado, é responsável pela

expansão. Para que ocorra esta expansão é necessário haver um crescimento

dos cristais em regiões confinadas e grande concentração dos reagentes.

Estudos recentes mostram que maiores concentrações de sulfato conduzem a

uma deterioração mais rápida.

2.3.3.2 Formação de etringita

A etringita em suspensão somente é estável sob pH variando entre 10 e

11. Quando há presença de KOH, o material apresenta alta alcalinidade

evitando a precipitação da etringita. Também pode aparecer em suspensão de

água ou pastas formadas de compostos variados de alumínio, combinados com

sulfato de cálcio na presença de hidróxido de cálcio. Essas reações estão

associadas com encolhimento químico de diferentes magnitudes (SKALNY et

al., 2002).

No caso de agregado contendo íons sulfato, haverá formação de

etringita tardia pela reação dos componentes da pasta hidratada com o sulfato

de origem interna. Este processo danifica a estrutura endurecida (SOUZA,

2006).

A reação expansiva mais importante do ataque externo por sulfato é a

formação de etringita a partir do monossulfato, onde ocorre um encolhimento

químico.

Nos processos expansivos de hidratação, as reações químicas

relevantes estão associadas ao encolhimento químico, causado pelo fato de a

diminuição do volume da fase líquida ser maior do que o aumento de volume

da fase sólida. Por este motivo, a expansão não pode ser explicada pelo

aumento de volume global que não ocorre. Também, a expansão não pode ser

interpretada apenas pelo aumento de volume que acompanha o processo

(SKALNY et al., 2002).

Page 32: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

31

Segundo Skalny et al. (2002), alguns estudos consideram a formação

topoquímica de etringita como a fase antecessora e o crescimento orientado do

produto desta reação como sendo a principal, ou ainda a única razão para uma

expansão relacionada à sulfatos em materiais cimentícios. Para que esta

reação topoquímica de etringita e a expansão ocorram é necessário que haja

concentração suficientemente elevada de Ca(OH)2 na fase líquida. À elevadas

concentrações de hidróxido de cálcio os íons aluminatos não podem migrar

para longe, servindo de fonte de alumínio. Desta forma, a etringita se formará

na superfície dos compostos aluminatos numa reação topoquímica. Caso não

haja elevada concentração de Ca(OH)2 na fase líquida, os íons Al(OH)4- podem

migrar livremente e a etringita precipitará aleatoriamente sem gerar tensões

expansivas.

Há teses que sustentam a ideia de que pode ocorrer expansão

relacionada a sulfatos devido ao inchaço de micro cristais de etringita já

existente na pasta de cimento. A expansão por inchaço da etringita envolve

captação de água por este composto e esta expansão pode seguir aumentando

quando a estrutura é submetida à elevada umidade do ar e na presença de

água (SKALNY et al., 2002).

Segundo Skalny et al. (2000) a expansão pela formação de etringita é a

manifestação mais divulgada de ataque por sulfatos, porém, pode ser

frequentemente ofuscada por outras reações envolvendo sulfatos que ocorrem

simultaneamente. Um exemplo é a descalcificação da estrutura C-S-H na

presença de sulfato de magnésio.

A formação de etringita em pastas de cimento pode ou não estar

associada a uma expansão externa da estrutura. Segundo Skalny et al. (2002),

algumas condições devem ser cumpridas para que ocorra a expansão, tais

como:

A quantidade de etringita formada deve exceder um limite para que

apareçam tensões internas;

A etringita deve ser formada por um processo topoquímico, resultando

em um crescimento orientado dos cristais em direção aos sólidos

próximos;

Somente a etringita formada após o endurecimento da pasta de cimento

tem a capacidade de gerar expansão.

Page 33: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

32

2.3.3.3 Outras formas de expansão

A formação de gipsita, a partir de fontes externas de sulfato solúvel em

água que ingressam na estrutura e reagem com o hidróxido de cálcio da pasta

de cimento, não é um processo comprovadamente expansivo. Segundo Skalny

et al. (2002), experimentos realizados com pasta de silicato tricálcico revelam

que a formação de gipsita gera uma expansão significante mesmo quando a

formação de etringita pode ser desprezada. A partir destes experimentos,

sugere-se que em condições onde há alto grau de supersaturação de gipsita na

fase líquida, a pressão da cristalização generalizada pode ser alta a ponto de

causar expansão da pasta. Também é considerado que a expansão é causada

pela reação topoquímica entre íons sulfato nos poros e hidróxido de cálcio

cristalino da pasta.

O sulfato pode reagir com o hidróxido de cálcio livre e o aluminato de

cálcio hidratado presentes no cimento, aumentando o volume dos sólidos,

causando expansão (ARAUJO; RODRIGUES; FREITAS, 2000). Essa reação

depende do tipo de cátion presente na solução de sulfato (Na+, Mg+2), tanto o

hidróxido de cálcio como o silicato de cálcio hidratado da pasta de cimento

podem ser convertidos em gipsita pelo ataque do sulfato.

Em algumas estruturas de concreto expostas a sulfatos, foi encontrado

taumasita como principal produto formado a partir do ataque. A ocorrência de

taumasita não tem sido considerada na literatura, segundo Skalny et al. (2002),

porém, houve um aumento de sua incidência recentemente no Reino Unido, e

se tornou motivo de pesquisa de instituições do governo. Em casos severos

desta ocorrência, a pasta de cimento endurecida é completamente substituída

por taumasita e a fase ligante do concreto é transformada em uma massa

branca e sem coesão.

A formação de taumasita ocorre quando há presença simultânea de

sulfatos, carbonatos e baixas temperaturas. Os cimentos Portland que são

resistentes a sulfatos não impedem a formação de taumasita. Estes possuem

menores teores de aluminatos que reagem com os sulfatos para a formação de

elementos como a etringita, porém, a formação de taumasita está ligada à

reação com o silicato de cálcio (C-S-H) presente no concreto (SOUZA, 2006).

Page 34: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

33

2.3.4 Limites para sulfatos

O potencial destrutivo do ataque por sulfatos varia conforme sua

concentração no ambiente agressivo. Segundo Souza (2006, appud. Biczók

1972), em concentrações inferiores a 1000 ppm de SO42- o primeiro produto a

se formar é a etringita, enquanto acima de 8000 ppm de SO42- o principal

produto formado é a gipsita. Numa situação intermediária entre esses valores

há o aparecimento de ambos os compostos.

No Brasil, a norma que trata de limites de sulfatos para concretos é a

NBR 12655 (Concreto - preparo, controle e recebimento, 2006) exposta na

TABELA 4.

TABELA 4 – REQUISITOS PARA CONCRETO EXPOSTO A SOLUÇÕES CONTENDO SULFATO, CONFORME NBR 12655.

Condição de

exposição em

função da

agressividade

Sulfato solúvel

(SO42-) presente na

água, ppm

Máxima relação a/c em

massa, para concreto

com agregado normal

Resistência mínima à

compressão (para

concreto com agregado

normal ou leve), MPa

Fraca

Moderada

Severa

0-150

150-1500

Acima de 1500

-

0,50

0,45

-

35

40

FONTE: SOUZA, 2006.

Existem também normas internacionais que especificam o grau de

agressividade por exposição aos sulfatos, como exposto na TABELA 5.

Page 35: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

34

TABELA 5 – NÍVEL DE EXPOSIÇÃO AOS SULFATOS EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SO4

2- CONFORME ALGUMAS NORMAS TÉCNICAS EXTRANGEIRAS

Norma técnica Nível de exposição aos sulfatos Sulfato (SO42-

) na água, ppm

ACI 318M-02 Building code

Desprezível 0 - 150

Moderado 150 - 1500

Forte 1500 - 10000

Muito forte > 10000

Manual do Concreto do

U.S. Bureau of Reclamation Concrete

Manual, 1966

Desprezível 0 - 150

Fraco 150 - 1500

Regular 1500 - 10000

Forte > 10000

Norma canadense

A23.1.94

S-3 moderado 150 - 1500

S-2 forte 1500 - 10000

S-1 muito forte > 10000

Norma européia EN206-1:2000

Ligeiramente agressivo 200 - 600

Moderadamente agressivo 600 - 3000

Altamente agressivo 3000 - 6000

Código Britânico de Prática CP 110:1972

1 <300

2 300 – 1200

3 1200 – 2500

4 2500 – 5000

5 >5000

FONTE: NEVILLE 2004.

Segundo Neville (2004), a taxa do ataque por sulfatos é afetada pela

força da solução de sulfato, e esta taxa se torna pequena quando a

concentração de sulfato de sódio aparece abaixo de 1% e sulfato de magnésio

abaixo de 0,5%.

Page 36: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

35

2.3.5 Mecanismos de ataque

Em artigo publicado em abril de 2004, Neville define o ataque por sulfato

como ‘totalmente confuso’. Afirma que há muitos resultados obtidos através de

estudos sobre o assunto, que separadamente não são necessariamente

errados, porém, em conjunto resultam em uma situação completamente

confusa, pois apesar de o ataque por sulfatos ser um campo extensivamente

pesquisado, ainda não foi completamente entendido.

De acordo com Skalny et al. (2002), no guia de durabilidade do concreto

do Instituto Americano de Concreto (ACI 201, 1992) são apresentados apenas

dois mecanismos que podem ser considerados ataque por sulfatos: a formação

de gipsita e a formação de etringita, e ambos resultam em um aumento do

volume inicial (expansão). Segundo Mehta et al. (1994), são duas as

manifestações do ataque por sulfato, a expansão pela formação da etringita e

progressiva perda de resistência e massa. Um exemplo de expansão interna da

estrutura está exemplificado na FIGURA 2.

FIGURA 2 – EXPANSÃO DA PASTA E FORMAÇÃO DE RACHADURAS. FONTE: SKALNY et al. (2002, p. 85)

Page 37: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

36

A química do ataque por sulfato independe da fonte do sulfato, os

processos são conduzidos pelos mesmos fatores físico-químicos. A diferença

entre os ataques se dá de acordo com as condições ambientais e físicas sob

as quais as reações procedem.

O ataque por sulfatos, em várias literaturas, é dividido em físico e

químico, interno e externo. O ataque químico é aquele resultante de reações

envolvendo o ânion sulfato (SO42-). Um exemplo é a reação que forma a

etringita a partir de monossulfato e gipsita ilustrada na C4ASH12 +

2CSH2 + 16H → C6AS3H32 EQUAÇÃO 5 (SKALNY et al., 2002):

C4ASH12 + 2CSH2 + 16H → C6AS3H32 EQUAÇÃO 5

Monossulfato Gipsita Água Etringita

Segundo Souza (2006), dentre todas as formas de ataque por sulfatos, a

mais comum é a que resulta de ataques por fontes externas onde há a

infiltração de íons sulfato, pelas aberturas dos poros da pasta de cimento, para

o interior da estrutura. A agressão ocorre pelo fato de o sulfato agir com o

cálcio e o alumínio, componentes da pasta de cimento, para formar estruturas

como a gipsita e a etringita que possuem ação destrutiva à estrutura cimentícia.

As reações originadas do ataque externo ocorrem, na maioria das vezes,

devido à infiltração de água na estrutura, contento compostos agressivos que

irão reagir com os produtos do concreto endurecido. O ataque se inicia nas

partes mais próximas da superfície, podendo migrar para as partes mais

internas. A evolução desses ataques para o interior da estrutura, depende de

sua porosidade e permeabilidade, podendo haver o aumento dessa porosidade

e surgimento de fissuras no decorrer do ataque, acelerando os processos. Na

maioria das vezes, o cimento endurecido é a única estrutura atacada, porém,

algumas vezes o ataque pode se direcionar aos agregados (SKALNY et al.,

2002).

Segundo Biczók (1960), concreto exposto a ambientes agressivos úmido

ou molhado sofre danos, pode-se observar na superfície o aparecimento de

maior porosidade e fragmentação. Dependendo da intensidade e da duração

da ação agressiva, o concreto pode ser completamente deteriorado. A estrutura

somente sofrerá danos se o composto agressivo presente se encontra em uma

Page 38: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

37

situação ativa, em estado de ionização ou solução, como em águas

subterrâneas, águas maritimas, ou quando esta tem acesso à estrutura por

meio de gás molhado.

Sob certas circunstâncias, segundo Biczók (1960), águas agressivas não

atacam o concreto, em vez disso causam efeito contrário, tornam a estrutura

ainda mais resistente. Na ocorrência de ácido carbônico agindo na superfície

da estrutura tende a carbonizar as camadas externas do concreto e criar uma

capa protetora. Porém, na presença de dióxido de carbono em elevada

concentração haverá a deterioração.

Os sais consideravelmente ativos, segundo Neville (1997), são o sulfato

de magnésio e o sulfato de sódio. Porém, o sulfato pode aparecer combinado

de diversas formas como sulfato de cálcio, sulfato de potássio, sulfato de

amônio, ácido sulfídrico, gás sulfúrico, etc.

2.3.5.1 Sulfato de sódio

Ataque por sulfato de sódio ao Ca(OH)2, formando sulfato de cálcio que

reage com o aluminato. Esse ataque é do tipo ácido, mostrado nas Ca(OH)2 +

Na.SO4.12H2O → CaSO4.12H2O + 2NaOH + 8H2O EQUAÇÃO 6 e

2SO42-+Ca4Al2(OH)12.SO2.6H2O+2Ca2+ →Ca6Al2(OH)12(SO4)3.26H2O

EQUAÇÃO 7:

Ca(OH)2 + Na.SO4.12H2O → CaSO4.12H2O + 2NaOH + 8H2O EQUAÇÃO 6

Outra forma de reação seria:

2SO42-

+Ca4Al2(OH)12.SO2.6H2O+2Ca2+

→Ca6Al2(OH)12(SO4)3.26H2O EQUAÇÃO 7

Monossulfato Etringita

Esta última ocorre quando águas contaminadas com sulfato de sódio ou

potássio infiltram na estrutura de co*ncreto endurecido e reagem com o

monossulfato que foi formado na hidratação da pasta (SKALNY et al., 2002).

Page 39: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

38

Os íons Ca2+, se não forem originados na dissolução do Ca(OH)2, então

serão da decomposição da estrutura C-S-H. Nesse processo, a proporção

CaO/SiO2 passa a decair resultando na perda progressiva das propriedades

ligantes.

Na situação em que os íons Al3+ forem consumidos por completo, ainda

haverá SO42- livre, então ocorrerá a formação de gipsita e não mais de etringita,

como mostra a SO42- + Ca2+ + 2H2O → CaSO2.2H2O

EQUAÇÃO 8:

SO42- + Ca2+ + 2H2O → CaSO2.2H2O EQUAÇÃO 8

Gipsita

O produto desta reação é encontrado mais próximo da superfície em

comparação com a etringita. Esta reação pode não proceder em caso de

ocorrência de descalcificação, pois haverá indisponibilidade de íons Ca2+

(SKALNY et al., 2002).

Após as reações ocorridas, Skalny et al. (2002) divide o concreto em

quatro zonas:

A pasta original que não sofreu ataque;

A região onde ocorreu a formação de etringita a partir da reação com

monossulfato;

A região onde ocorreu a formação de gipsita;

A região da estrutura C-S-H onde houve redução da porcentagem

CaO/SiO2.

Os processos que ocorrem no ataque do concreto pelo sulfato de sódio

estão apresentados na TABELA 6:

Page 40: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

39

TABELA 6 - REAÇÕES OCORRENDO ENTRE O CIMENTO E O SULFATO DE SÓDIO. Líquido Zona de reação Solução nos poros Pasta de cimento

Na+

OH-

SO42-

CaSO4.2H2O

6CaO.Al2O3.3SO3.32H2O

(Etringita)

Na+

OH-

Ca2+

SO42-

Al(OH)4-

Ca(OH)2

4CaO.Al2O3.SO3.12H2O

(monossulfato)

FONTE: SKALNY et al., 2002.

2.3.5.2 Sulfato de Magnésio

A primeira ocorrência quando uma solução de sulfato de magnésio entra

em contato com o cimento endurecido é a reação do sulfato com o hidróxido de

cálcio da pasta, dando origem ao hidróxido de magnésio (brucita, praticamente

insolúvel) e sulfato de cálcio em forma de gipsita, como ilustra a MgSO4 +

Ca(OH)2 + 2H2O → CaSO4.H2O + Mg(OH)2 EQUAÇÃO 9 (SKALNY et al,

2002):

MgSO4 + Ca(OH)2 + 2H2O → CaSO4.H2O + Mg(OH)2 EQUAÇÃO 9

Gipsita Brucita

Segundo Neville (1997), o sulfato de magnésio ataca os silicatos de

cálcio hidratados e o produto é sulfoaluminato de cálcio, gerando uma gradual

decomposição da fase C-S-H. Esta decomposição dá origem à sílica hidratada

ou ao silicato de magnésio e pode ocorrer em paralelo com a reação anterior,

produzindo gipsita, brucita e silicato de magnésio ao mesmo tempo, conforme

3Ca.SO4.2SiO2.aq+MgSO4.7H2O → CaSO4.2H2O+Mg(OH)2+SiO2.aq

EQUAÇÃO 10:

3Ca.SO4.2SiO2.aq+MgSO4.7H2O → CaSO4.2H2O+Mg(OH)2+SiO2.aq EQUAÇÃO 10

Gipsita Brucite Sílica hidratada

O ataque por sulfato de magnésio é considerado mais severo do que por

outros sulfatos (em mesma concentração de SO42-) pois, devido à baixa

Page 41: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

40

solubilidade do Mg(OH)2, essa reação terá sequência até se completar

totalmente. O ataque por sulfato de magnésio tem como consequência a

destruição da fase C-S-H. A fração CaO/SiO2 da fase C-S-H se torna muito

variável, apresentando valores mais altos no centro da estrutura, mais baixos

mais próximo da superfície e tendendo a zero nas partes onde a corrosão se

completou.

O pH de uma solução saturada de hidróxido de magnésio fica em torno

de 10,4, o que torna a fase C-S-H instável. Depois de todo o hidróxido de cálcio

ter sido consumido e da mudança de pH da fase C-S-H, esta última libera

hidróxido de cálcio para voltar ao seu pH de equilíbrio. Enquanto houver sulfato

de magnésio este hidróxido de cálcio será convertido em hidróxido de

magnésio e sulfato de cálcio, acarretando a completa degradação da fase C-S-

H (SKALNY et al., 2002).

Nas regiões de ataque por sulfato de magnésio, devido à brusca

mudança de pH, o hidróxido de cálcio é decomposto e os íons Ca2+ e SO42-

precipitam em forma de gipsita. Somente nas regiões mais distantes desse

ataque, onde não houve mudança de pH é que ocorre a formação de etringita a

partir dos íons SO42- que migraram para o interior da estrutura e reagiram com

o monossulfato. Esta quantidade de etringita formada é pequena, pois antes

que haja maior produção, a pasta de cimento tende a desintegrar, causando a

degradação da fase C-S-H.

Desta forma, os processos que ocorrem na presença de sulfato de

magnésio são a migração de íons hidróxido para a superfície para produzir

brucita com baixa solubilidade, a migração de íons sulfato para o interior da

pasta para formar gipsita e, mais para o interior da pasta e em menor

quantidade, a formação de etringita. Os íons Ca2+ necessários neste caso são

supridos primeiramente pela decomposição do hidróxido de cálcio, e mais ao

longo da reação, pela descalcificação da fase C-S-H.

O ataque por sulfato de magnésio é caracterizado principalmente pela

perda de resistência e desintegração do concreto devido ao ataque, e não pela

expansão. A TABELA 7 exemplifica as reações que ocorrem neste caso.

Page 42: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

41

TABELA 7 - REAÇÕES OCORRENDO ENTRE CIMENTO E SOLUÇÃO SULFATO DE MAGNÉSIO.

Líquido Zona de reações Solução no poro Pasta original

Mg2+

SO42-

Mg(OH)2

CaSO4.2H2O

3MgO.2SiO2.2H2O

SiO2.aq

OH-

Mg2+

Ca2+

SO42-

Ca(OH)2

C-S-H

AFm

AFt

FONTE: SKALNY et al., 2002.

2.3.5.3 Sulfato de cálcio

O sulfato de cálcio reage apenas com o aluminato de cálcio hidratado

para formar sulfoaluminato de cálcio, conhecido como etringita, como é

mostrado na 4CaO.Al2O3.SO3.12H2O+2Ca2++SO42-+24H2O →

6CaO.Al2O3.SO3.32H2O EQUAÇÃO 11 (SKALNY et al., 2002):

4CaO.Al2O3.SO3.12H2O+2Ca2+

+SO42-

+24H2O → 6CaO.Al2O3.SO3.32H2O EQUAÇÃO 11

Monossulfato Etringita

Neste caso de reação do sulfato de cálcio com o Ca(OH)2 não há

aumento do volume ao fim da reação, porém, o produto formado é a etringita

que possui orientação acicular na superfície do C3A, surgindo um aumento do

volume interno no local da reação e consequentemente um aumento de

porosidade em algum outro ponto (NEVILLE, 1997). Entretanto, Mehta (1994)

não atribui o aumento de volume à formação de etringita propriamente dito,

mas comenta que com a formação de etringita, esta adsorve a água precipitada

na solução devido à presença de cal. Há também a possibilidade de formação

de uma etringita da reação entre sulfatos e o C4AF, que é praticamente amorfa

e não tem associação com expansão.

Todo o Ca2+ que necessita para a reação com o monossulfato para

formação de etringita é provido pelo sulfato de cálcio, visto isso, não se faz

necessário o Ca2+ vindo do hidróxido de cálcio da estrutura ou da fase C-S-H.

Page 43: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

42

Desta forma, não ocorre descalcificação da estrutura C-S-H na ocorrência de

ataque por sulfato de cálcio, sendo mantida a integridade da fase.

A primeira manifestação dessa reação é um aumento na resistência da

estrutura. Isso se deve ao fato de os poros passarem a ser preenchidos pela

etringita formada na reação, sem haver nenhum dano inicial. Em caso de

continuidade na formação da etringita, os poros passam a não ter capacidade

para acomodar todo o volume do produto formado, então inicia-se o aumento

das tensões internas que irão resultar em expansão e possível trincamento do

material. Em paralelo com esta situação, pode ocorrer a evaporação da água

presente na superfície da pasta, causando a cristalização da gipsita que está

nos poros, que por sua vez gera instabilidade no volume e na coesão do

material pela pressão da cristalização (SKALNY et al., 2002).

2.3.5.4 Ataque por ácido sulfúrico

Há várias fontes possíveis de ácido sulfúrico que podem atacar as

estruturas de concreto. Uma delas é a oxidação de sulfetos, efluentes de

indústrias, que pode ser formado no esgoto pela reação das bactérias e chuva

ácida (SKALNY et al., 2002).

Diferente de outros ataques, o ataque por ácido sulfúrico não é um

simples ataque por sulfatos, mas sim uma combinação de ataque ácido-sulfato,

onde os compostos ácidos são muito degradantes (SKALNY et al., 2002).

Uma primeira reação (Ca(OH)2 + H2SO4 → CaSO4.2H2O

EQUAÇÃO 12) que ocorre na presença de ácido sulfúrico é o ataque do ácido

ao hidróxido de cálcio para formar sulfato de cálcio (gipsita) e posteriormente

(CaO.SiO2.aq + H2SO4 + H2O→CaSO4.2H2O + SiO2.aq EQUAÇÃO 13),

à fase C-S-H para formar sílica hidratada amorfa (SKALNY et al., 2002):

Em primeira instância:

Ca(OH)2 + H2SO4 → CaSO4.2H2O EQUAÇÃO 12 Ácido sulfúrico Gipsita

Posteriormente:

Page 44: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

43

CaO.SiO2.aq + H2SO4 + H2O→CaSO4.2H2O + SiO2.aq EQUAÇÃO 13 Sílica hidratada

Devido ao baixo pH provocado pelo ácido, o sulfoaluminato de cálcio

hidratado presente na estrutura perde sua estabilidade e se transforma em

gipsita e sulfato de alumínio. Ao mesmo tempo, em caso de o sulfato de cálcio

ter migrado para o interior da estrutura onde o pH está alto o suficiente, há a

formação limitada de etringita. Estes processos estão associados à degradação

do cimento hidratado e à perda de resistência (SKALNY et al., 2002).

2.3.5.5 Resultados do Ataque

Segundo Biczók (1960), pode-se investigar a situação da estrutura

atacada por sulfatos por:

Inspeção visual da superfície da estrutura de concreto, eflorescências ou

depósitos de substâncias, suas espessuras e aparência, cor, odor

ocasional também devem constar na investigação.

A resistência do concreto e suas características físicas, que podem ser

determinados por instrumento de teste de ultrasom.

Durante a investigação da superficie do concreto, deve-se tomar registro

da fragmentação, da frouxidão, do desgaste, deterioração das bordas,

pontos de ferrugem sobre as barras de aço, manchas de umidade,

fraturas e outros defeitos, assim como da condição do selante

impermeabilizante se houver.

São consideradas manifestações do ataque, segundo Skalny et al.

(2002), a desagregação do sulfato de cálcio da pasta de cimento,

desagregação de produtos da hidratação previamente formados, formação de

gipsita, formação de etringita, formação de taumasita, formação de silicato de

magnésio hidratado, formação de gel de sílica, entre outros.

Todos os mecanismos de ataque são considerados por Skalny et al.

(2002) como físico-químicos, que são responsáveis por mudanças na

permeabilidade e porosidade do concreto, instabilidade volumétrica, mudanças

Page 45: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

44

no módulo de elasticidade, resistência e dureza, consequências que encurtam

o tempo de serviço da estrutura.

Segundo Neville (1997), os resultados do ataque por sulfatos são, além

de desagregação do concreto por expansão e por fissuração, perda de

resistência devido à perda de aderência entre a pasta de cimento e as

partículas dos agregados e a perda de coesão na pasta de cimento. Após o

ataque, o concreto apresenta uma aparência esbranquiçada e característica. A

deterioração se inicia nos cantos e arestas da estrutura, com posterior

fissuração e lascamentos progressivos culminando em uma estrutura friável e

até mesmo mole. Estes danos visíveis são causados por processos invisíveis à

olho nú. A FIGURA 3 e a FIGURA 4 exemplificam a situação do ataque.

FIGURA 3 - MODOS DE ATAQUE, (a) TIPO ÁCIDO, (b) TIPO EXPANSIVO, (c) TIPO CAMADAS DE CEBOLA. FONTE: AL-AMOUDI (2002, p.2)

Page 46: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

45

FIGURA 4 – PARTÍCULA DE AGREGADO DA ESTRUTURA DE UMA PONTE EXPOSTA À

ÁGUA DO MAR. FONTE: SKALNY et al. (2002, p.34)

Em artigo publicado em 2004, Neville expressa que formas de ataque

por sulfatos, sendo interna ou externa, não são causas principais da

degradação de estruturas de concreto. Comenta também que a deterioração

relacionada a sulfatos é globalmente pequena em comparação com danos de

corrosão de aço ou por congelamento e descongelamento.

Segundo Neville (2004 apud. Mehta et al. 1993), o ataque por sulfatos

raramente é o único fenômeno responsável pela deterioração do concreto.

Também expõe que a ameaça de falhas estruturais devido ao ataque por

sulfatos se mostra inferior àquela causada por reações álcali-sílica. Porém,

enfatiza que estruturas de concreto atacadas por sulfato requerem

preocupação.

Neville (2004) conclui que o ataque por sulfatos em estruturas de

concreto não é generalizado, exceto em algumas áreas. Comenta que a

quantidade de pesquisas em laboratório sobre o assunto parece ser

desproporcionalmente grande em comparação com o entendimento dos

pesquisadores sobre ataque por sulfatos, que continua inadequado.

Page 47: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

46

2.3.6 Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV

O concreto, por ser um material com ampla utilização em diversas áreas,

deve ser muito bem estudado, para que seja possível obter suas propriedades

físicas e químicas, e estabelecer um padrão de comportamento. Dentro desse

estudo, um fator que possui grande influência é a microestrutura do concreto,

visto que é o que vai assegurar o comportamento adequado do concreto em

cada situação.

O Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) é o equipamento ideal

para o estudo dessa microestrutura, devido a sua alta resolução (2 a 5 nm),

grande poder de aumento (em torno de 10.000 vezes para análise de

materiais), e a possibilidade de combinar a análise microestrutural com a

análise química (MALISKA).

O MEV utiliza um feixe de elétrons para a análise, esse feixe é irradiado

sobre a amostra e então ocorre uma interação entre o material e os elétrons;

como resultado são emitidas várias radiações que, quando captadas

corretamente, fornecem informações características sobre a amostra, como

topografia da superfície, cristalografia, composição, entre outras. (MALISKA)

De acordo com Dedavid et al; (2007), o equipamento é composto

essencialmente por uma coluna óptico-eletrônica adaptada a uma câmara com

porta-amostra aterrado, sistema eletrônico, detectores e sistema de vácuo. Na

FIGURA 5, um esquema ilustrativo do equipamento:

Page 48: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

47

FIGURA 5 - ESQUEMA ILUSTRATIVO DE UM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE

VARREDURA FONTE: DEDAVID ET AL., (2007, P. 14)

Segundo Maliska, é na coluna óptico-eletrônica que se localizam o

canhão de elétrons, as lentes condensadoras e as bobinas. Nessa coluna

ocorre a produção do feixe de elétrons pelo canhão, esse feixe tem seu

percurso ajustado pelas lentes condensadoras e seu foco corrigido pelas lentes

objetivas. Durante a emissão do feixe, toda a coluna deve estar sob vácuo.

A câmara de amostras é o local onde as amostras são inseridas para

análise, a pressão nessa câmara é de 10-6 Torr, e ela pode possuir botões para

ajustes manuais de posionamento nas três direções (x, y e z) e da rotação da

amostra na parte externa, os quais também podem ser feitos pelo software.

(DEDAVID et al., 2007)

Os detectores coletam o sinal emitido pelos diferentes tipos de

interações entre o feixe e a amostra. Ficam ligados a uma tela de visualização

e um sistema de gravação de imagens. São eles que fazem com que a energia

emitida pela interação entre os elétrons e a amostra se codifiquem em

imagens. (DEDAVID et al., 2007)

De acordo com Goodhew et al. (2001), para que as imagens geradas no

MEV sejam claras, é necessário que a amostra seja eletricamente condutora,

por causa da produção de elétrons. Para se atingir esse estado, as amostras

Page 49: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

48

são revestidas de uma fina camada condutora de ouro ou carbono, processo

denominado pulverização catódica.

Segundo Neville (2004), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) não

deve ser o principal método de se determinar se ocorreu ataque por sulfato em

determinada estrutura.

Em alguns casos, a MEV tem sido usada para determinar a ocorrência

do ataque por sulfatos por detectar a presença de etringita. Este mecanismo

não mostra a presença de compostos, mas sim de elementos químicos, e a

partir da análise da quantidade de elementos define-se os compostos

presentes, sendo assim, pode-se estar comprovando equivocadamente a

presença de etringita.

A presença de etringita não necessariamente causa danos à estrutura,

pois depende se a etringita se formou nos trincos e vazios já existentes da

estrutura ou se os trincos foram causados pela expansão na formação da

etringita. Além disso, a existência de etringita não é um sinal de ataque por

sulfato, a menos que sua concentração seja maior do que a experada da

hidratação do cimento. Não é simples a determinação da quantidade de

etringita formada na hidratação do cimento, pois a composição do cimento nem

sempre é conhecida no momento da análise.

Segundo Skalny et al. (2002), análises a partir de microscopia eletrônica

de varredura de materiais cimentícios expansivos geralmente mostram a

presença de cristais de etringita acicular crescendo perpendicularmente à

superfície dos compostos de alumínio anidro, do qual a etringita foi formada.

Neville (2004) comenta que pelo fato de, em alguns casos, a formação

de etringita ocorrer abaixo da superfície da estrutura, se torna difícil a análise

por MEV pois este mecanismo foca em um ponto extremamente pequeno da

superfície. Com uma aproximação de 1000 vezes, chega-se a uma área de 10-6

x 10-6 m. Então, para a investigação do ataque por sulfatos, devido ao tamanho

muito pequeno das imagens de MEV, recomenda-se utilização de processos

desde grandes escalas (dezenas de metros) à escalas microscópicas (dezenas

de nanômetros), para escolher amostras que adequadamente representam o

concreto deteriorado e para correta interpretação dos resultados.

Outra situação relacionada à MEV seria a influência da humidade

relativa à qual a amostra fica exposta no ensaio (dado exceção aos

Page 50: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

49

instrumentos mais novos). Devido à isto, resultados de analises em MEV tem

mostrado informações enganosas e limitadas sobre reações de expansão em

concreto, sendo assim, são recomendados outros métodos para estas análises.

São exemplos de imagens obtidas através da microscopia eletrônica de

varredura em amostras de concreto a FIGURA 6 e a FIGURA 7:

FIGURA 6 – IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

DEMONSTRANDO RACHADURA NA PARTÍCULA DE AGREGADO CAUSADA PELA FORMAÇÃO DE GEL ASR.

FONTE: SKALNY et al. (2002, p.90)

FIGURA 7 – IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA INDICANDO (1)

FORMAÇÃO DE ETRINGITA, (2) FORMAÇÃO DE ETRINGITA E GIPSITA, (3) E (4) GIPSITA. FONTE: HACHEM; ROZIÈRE; GRODIN E LOUKILI (2012, P.6)

Segundo Baba-kishi et al. (1995), a microscopia eletrônica de varredura

tem sido desenvolvida ao longo dos últimos anos para envolver grande número

de técnicas para caracterização de materiais. Além de sua ótima capacidade

Matriz da pasta

de cimentos

C-S-H na

trinca do

agregado

C-S-H na trinca

da pasta de

cimento

Etringita na

trinca da pasta

de cimento

Partícula de

agregado fissurada

1

2

3

2

4

2

Page 51: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

50

de formação de imagens, outros modos incluem análises fluorescentes de raio

x, catodoluminescencia, contraste magnético de imagem, feixe de elétrons

induzido e difração de elétron. Todas essas técnicas podem ser empregadas a

amostras com pouca ou nenhuma preparação requerida.

O MEV também permite a detecção de etringita no concreto, porém,

como é possível identificar apenas elementos químicos, e não compostos, essa

detecção pode estar errada (Neville, 2004).

2.4 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

Esgoto é o termo usado para caracterizar os despejos provenientes das

diversas modalidades do uso e da origem das águas, tais como as de uso

doméstico, industrial, comercial, as de utilidades públicas, de áreas agrícolas,

de superfície, de infiltração, pluviais, e outros efluentes sanitários. (JORDÃO;

PESSÔA, 2005).

Segundo Aisse (2000), o esgoto pode ser classificado em:

Sanitário, comum ou doméstico, proveniente da atividade doméstica

(aparelhos sanitários, cozinhas, lavagem de roupas, etc.);

Industrial, provenientes de processos industriais;

Pluvial, decorrente da coleta da precipitação atmosférica e da lavagem

das ruas;

Esses despejos não podem ser lançados nos corpos d’água sem

tratamento, pois podem provocar muitos problemas, entre eles: poluição,

contaminação bacteriana e o aparecimento de doenças. Para evitar isso, os

despejos são direcionados à estação de tratamento de efluentes (ETE), onde

passam por processos de tratamento, que podem ser físicos, químicos,

biológicos, ou uma combinação destes.

Page 52: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

51

2.4.1 Tratamento preliminar

De acordo com Crespo (2005), o tratamento preliminar tem a função de

remover os sólidos maiores e as areias que são transportadas pelos esgotos.

O método mais comumente usado para a remoção dos sólidos

grosseiros é o gradeamento, que funciona impedindo a passagem de materiais

com dimensão maior do que o espaço entre as grades. Mas há alternativas:

peneiras rotativas ou estáticas, e trituradores. A remoção dos sólidos

grosseiros tem como principais objetivos: proteção dos dispositivos de

transporte dos esgotos (bombas e tubulações), proteção das unidades de

tratamento subsequentes, e proteção dos corpos receptores (VON SPERLING,

2005).

A remoção da areia é feita através dos desarenadores, que usam o

mecanismo de sedimentação para que os grãos de areia, que são mais densos

e possuem maiores dimensões, vão para o fundo do tanque, enquanto a

matéria orgânica continua em suspensão e segue para as outras unidades de

tratamento. A remoção de areia protege os equipamentos contra a abrasão,

entupimento e obstrução de canalização e depósito de material inerte nos

decantadores, digestores, etc (AISSE, 2000)

2.4.2 Tratamento primário

O tratamento primário destina-se a remoção de sólidos sedimentáveis e

flutuantes.

Depois de passar pelo tratamento primário, o esgoto ainda possui uma

considerável quantidade de sólidos em suspensão não grosseiros, que é

composto em grande parte de matéria orgânica (VON SPERLING, 2005).

Os decantadores removem esses sólidos em suspensão, através do

simples processo de sedimentação; essa remoção permite que o esgoto seja

lançado nos corpos receptores ou prosseguir para o tratamento secundário. Há

uma remoção da ordem de 40 a 60% desses sólidos e em torno de 25 a 35%

Page 53: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

52

da DBO; quando essa eficiência não é atingida, é uma indicação de que há

problemas, que podem ser: má operação, sobrecarga da instalação ou

septicidade do esgoto afluente (JORDÃO E PESSÔA, 2005).

Os sólidos flutuantes, também chamados de “gorduras”, são os óleos,

graxas, ceras e outros materiais com densidade inferior à da água que estão

presentes no esgoto. Esses sólidos precisam ser removidos para evitar:

obstruções dos coletores, aderência nas peças especiais da rede de esgotos,

acúmulo nas unidades de tratamento provocando odores desagradáveis e

perturbações no funcionamento dos dispositivos de tratamento, e aspectos

desagradáveis nos corpos receptores (JORDÃO E PESSÔA, 2005). Esses

sólidos são removidos nos decantadores também, pois com a circulação do

esgoto, têm a tendência de subir para a superfície, pois têm uma densidade

menor, e assim são coletados e removidos do tanque para posterior tratamento

(VON SPERLING, 2005)

2.4.3 Tratamento Secundário

O tratamento secundário tem como principal finalidade a remoção da

matéria orgânica, por meio de reações bioquímicas.

Os métodos para tratamento secundário são: lagoas de estabilização,

processos de lodos ativados, reatores anaeróbios, reatores aeróbios com

filmes, processos de disposição sobre o solo (VON SPERLING, 2005).

No presente trabalho, trataremos apenas dos reatores anaeróbios, pois

os outros métodos não fazem parte do escopo.

2.4.3.1 Reatores anaeróbios

Os reatores anaeróbios mais utilizados são: lagoas anaeróbias, decanto-

digestores, filtros anaeróbios, reatores anaeróbios de manta de lodo e, mais

recentemente, os reatores anaeróbios de leito expandido ou fluidificado. Dentre

esses, os reatores anaeróbios de manta de lodo tem se destacado como os de

Page 54: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

53

maior sucesso até hoje, e são esses reatores que serão estudados mais a

fundo para o presente trabalho.

Os reatores UASB se caracterizam pelo fato da biomassa crescer

dispersa no meio, sem nenhum tipo de material de enchimento para suporte. A

imobilização dos microrganismos ocorre por auto-adesão, com a formação de

flocos ou grânulos densos suspensos, que se dispõem em camadas de lodo no

fundo do reator (CAMPOS, 1999).

Os reatores anaeróbios de manta de lodo também podem ser chamados

de Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente e de Manta de Lodo (RAFA),

mas a nomenclatura mais usada é a inglesa: reatores UASB (Upflow Anaerobic

Sludge Blanket) (VON SPERLING, 2005).

De acordo com Jordão e Pessôa (2005), a alimentação do reator é feita

da seguinte forma: o esgoto desarenado aflui a uma estrutura de distribuição,

geralmente constituída por uma ou mais caixas distribuidoras de fluxo, que fica

na laje superior do reator; dessa estrutura descem tubos verticais de

distribuição, conduzindo o esgoto até o fundo do tanque, ao final dessas

tubulações, o esgoto é liberado para iniciar seu trajeto ascensional.

Quando esse esgoto entra em contato com a manta, ocorre a adsorção

de grande parte da matéria orgânica pela biomassa, que é o começo da

digestão anaeróbia (VON SPERLING, 2005).

Nessa entrada, é necessário tomar cuidado para evitar que ocorra o

chamado “channeling”, que é a formação de canais preferenciais no leito de

lodo. Esse cuidado deve ser maior no tratamento de esgotos de baixa

concentração e/ou a baixas temperaturas. Pode-se evitar esse tipo de situação

com uma distribuição uniforme do esgoto afluente (AISSE, 2000).

Uma boa distribuição também evitará outros problemas, como: mau

contato entre a biomassa e o esgoto (devido ao surgimento de zonas mortas),

e curtos-circuitos hidráulicos. Quanto aos curtos-circuitos hidráulicos, há outros

riscos que devem ser considerados para a sua ocorrência: pequena altura do

leito de lodo, pequeno número de distribuidores do afluente e ocorrência de

lodos com velocidades de sedimentação muito elevadas e/ou muito

concentradas (CAMPOS, 1999).

Devido às atividades anaeróbias, são formados gases, as bolhas dos

quais também tendem a ascender. Esses gases serão coletados na parte

Page 55: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

54

superior, no compartimento de gases, para posteriormente serem

reaproveitados ou queimados.

Segundo Von Sperling (2005), para evitar que a biomassa saia com o

efluente, o reator possui uma estrutura capaz de fazer a separação e

acumulação dos gases, e também a retenção e retorno dos sólidos (biomassa)

para o sistema. Essa estrutura é chamada de separador trifásico, pois separa

sólidos, líquidos e gases.

O principal objetivo desse dispositivo é a manutenção do lodo anaeróbio

dentro do reator, possibilitando que o sistema seja operado com elevados

tempos de retenção de sólidos (idade do lodo elevada) (CAMPOS, 1999).

O projeto do separador trifásico depende de alguns fatores:

características da água residuária, tipo de lodo presente no reator, carga

orgânica aplicada, produção esperada de biogás e dimensões do reator. De

forma a evitar a flotação do lodo e a decorrente perda de biomassa do reator,

as dimensões do reator devem permitir a formação de uma interface líquido-

gás no coletor de gases, suficiente para permitir a fácil liberação do gás “retido”

no lodo (CAMPOS, 1999).

Depois da separação dos gases, as outras fases partem da manta de

lodo e ingressam no compartimento de decantação. Nesse compartimento, há

condições ideais de sedimentação das partículas sólidas, em consequência

das baixas velocidades ascensionais e da ausência de bolhas de gás. O

retorno do lodo ao compartimento de digestão não necessita de nenhuma

medida especial, contanto que os seguintes critérios sejam atendidos:

Instalação de defletores, localizados imediatamente abaixo das

aberturas para o decantador, de forma a permitir a separação do

biogás e propiciar que apenas o líquido e os sólidos adentrem ao

compartimento de sedimentação;

Execução das paredes do compartimento de decantação com

inclinações sempre superiores a 45 graus. Idealmente, devem ser

adotadas inclinações iguais ou superiores a 50 graus;

Adoção de profundidades do compartimento de decantação na

faixa de 1,5 a 2,0 metros;

As aberturas que permitem a passagem dos esgotos para o

compartimento de decantação devem ser planejadas de forma a possibilitar: a

Page 56: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

55

separação dos gases antes que os esgotos tenham acesso à zona de

decantação, o que colabora para a sedimentação dos sólidos no decantador, e

o retorno dos sólidos, sedimentados no decantador, para o compartimento de

digestão (CAMPOS, 1999).

A coleta do efluente é realizada na parte superior, junto ao

compartimento de decantação. Os dispositivos que geralmente são utilizados

para essa etapa são as placas com vertedores triangulares e os tubos

perfurados submersos (CAMPOS, 1999).

Quando se opta por usar uma canaleta com vertedores triangulares,

alguns cuidados são necessários: nivelamento adequado da canaleta, pois

pequenos desníveis na calha vertedora podem levar à uma variação

significativa da vazão coletada nos diferentes pontos, instalação, como

dispositivo complementar, de um retentor de escuma ao longo da calha, preferir

saídas afogadas, em que não há turbulência do efluente, pois isso pode causar

a libaração de gases junto aos vertedores (CAMPOS, 1999).

A FIGURA 8, FIGURA 9 e FIGURA 10 mostram a representação

esquemática do funcionamento de um reator UASB, e a FIGURA 11 mostra o

reator da ETE Atuba Sul, na cidade de Curitiba.

Page 57: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

56

FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO FUNCIONAMENTO DE UM REATOR

UASB FONTE: VON SPERLING, MARCOS, 2005

FIGURA 9 – VISTA 3D ESQUEMÁTICA DE UM REATOR UASB

FONTE: VON SPERLING, MARCOS, 2005

LEITO DE

LODO

Page 58: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

57

FIGURA 10 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM REATOR UASB

FONTE: VON SPERLING, MARCOS, 2005

FIGURA 11 – REATORES UASB NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO ATUBA SUL

FONTE: SANEPAR (2010)

2.4.4 Tratamento terciário

Esse tratamento avançado objetiva a remoção de nitrogênio e fósforo,

que são responsáveis pela eutrofização dos corpos de água receptores

(CRESPO, 2005). Segundo Von Sperling (2005), o tratamento terciário também

pode ser usado para a remoção de poluentes específicos (geralmente tóxicos

ou compostos não biodegradáveis), ou seja, organismos patogênicos, que

podem ser danosos à saúde humana.

Page 59: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

58

A remoção do nitrogênio e do fósforo pode ser realizada através dos

seguintes processos: remoção em lagoas, sistemas de disposição controlado

no solo, remoção biológica em sistemas de lodos ativados e reatores aeróbios

com biofilmes, e remoção físico-química (VON SPERLING, 2005).

O processo de desinfecção não objetiva eliminar totalmente os

microrganismo, é uma etapa apenas para inativar seletivamente espécies de

organismos presentes no esgoto, especialmente aqueles que são uma ameaça

à saúde do ser humano (GONÇALVES, 2003).

2.4.2 Ocorrência do ataque

A estrutura interna de dutos de esgoto está frequentemente submetida à

rápida deterioração, que em casos extremos pode conduzir à completa

deterioração do concreto. Esta situação ocorre quando a atmosfera do esgoto

contém quantidade razoável de sulfeto de hidrogênio (gás). Esta deterioração é

observada apenas na parte da estrutura que está acima do nível da

água/esgoto. O processo consiste em uma gradual desagregação da pasta de

cimento devido à ação da bactéria thiobacillus concretivorus presente no

sistema de esgoto. Esta ação química é realçada pela água corrente que se

torna mecanismo de escoamento dos compostos desagregados. O resultado

desses processos é a redução do material da seção transversal dos tubos de

concreto e de outras estruturas danificadas (SKALNY et al., 2002).

A corrosão da superfície do concreto é decorrência da exposição ao

ácido sulfúrico, composto que é produto final de uma cadeia de reações que

ocorrem devido à atuação da bactéria thiobacillus concretivorus presente no

esgoto. Este processo é classificado por Skalny et al. (2002) como ataque

ácido-sulfato e em redes de esgoto se torna mais severo, pois está associado

ao fluxo de líquidos que se movem ao longo dos processos de tratamento que

transportam os produtos desagregados em decorrência do ataque pelo ácido.

O progresso da corrosão depende da taxa de produção de ácido pelas

bactérias do sistema, das características ligantes do cimento empregado, da

Page 60: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

59

vulnerabilidade dos agregados ao ácido e da quantidade e fluxo do esgoto nos

tubos de concreto.

A estabilidade do aglutinante perante ambientes com baixo pH é um

indicador de sua capacidade resistente à corrosão bacteriológica e de sua

capacidade de neutralização. Têm-se informações de que cimento à base de

aluminato de cálcio é mais adequado que o cimento Portland, visto que sua

estabilidade química se estende a baixos valores de pH e sua neutralização é

maior. Esta neutralização pode ainda aumentar executando-se um composto

deste cimento com agregado à base de aluminato de cálcio (SKALNY et al.,

2002).

Para que seja possível a redução da matéria orgânica do esgoto pelas

bactérias redutoras de sulfato, é necessária a presença de oxigênio. Não

havendo oxigênio disponível nos dutos de esgoto por não existir ventilação, as

bactérias utilizam o oxigênio que está combinado com os íons sulfato SO42-,

liberando os íons sulfeto S2-. Este último, por sua vez, reage com a água da

tubulação formando o gás sulfídrico (H2S), esse gás suspenso no duto fica

diretamente em contato com o concreto, desta forma, sofrerá oxidação por ser

absorvido pela estrutura e resultará em ácido sulfúrico (H2SO4). Este ácido

sulfúrico permanece anexado na parte superior da tubulação e então reage

com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) presente na estrutura do concreto. O

produto resultante desta reação é o gesso (CaSO4.2H2O), como exemplificado

na FIGURA 12 a seguir (SOUZA, 2006).

Page 61: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

60

FIGURA 12 – CORROSÃO DE UM DUTO DE CONCRETO POR AÇÃO DOS SULFATOS DO

ESGOTO. FONTE: HELENE (1986).

É possível construir um mecanismo de ventilação forçada nestes dutos

de esgoto para que não haja confinamento do gás sulfídrico formado, porém há

enormes preocupações quanto à inalação humana deste gás. Além de possuir

um odor desagradável, ele se torna tóxico e irritante ao organismo.

Dependendo da concentração do gás no ar, da frequência de exposição, da

duração e da vulnerabilidade individual a intoxicação pode chegar a ser

crônica. Pode também provocar o bloqueio da respiração celular. Algumas das

reações à exposição do gás em quantidades excessivas seriam náuseas,

tonturas, irritação ocular, dor de cabeça, tosse, perda do olfato, hipotensão e

podendo, inclusive, levar à morte quando a concentração ultrapassar 900 ppm

(SOUZA, 2006).

2.5 FORMAS DE PREVENÇÃO DO ATAQUE POR SULFATOS

Para a solução do problema de proteção contra a corrosão, segundo

Biczók (1960), não é necessário apenas determinar que a estrutura está

diretamente em contato com águas agressivas, também precisa-se determinar

o grau de agressividade.

Page 62: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

61

Tendo o conhecimento dos vários processos de corrosão, o efeito do

meio agressivo no concreto pode ser determinado. Algumas caracteristicas

permitem uma avaliação preliminar do processo de corosão que ocorrerá no

concreto exposto a certa qualidade de água. Desta forma, as medidas de

proteção necessárias podem ser tomadas para cada caso particular.

Segundo Biczók (1960), estudos confirmam que uma mudança gradual

na composição do cimento seria a medida correta para melhorar sua

resistencia à sulfatos. O cimento Portland com baixo teor de aluminatos e alta

concentração de Fe2O3 revela um alto grau de resistência.

Segundo Mehta e Monteiro (1994), a qualidade do concreto,

especificamente uma baixa permeabilidade, é a melhor defesa contra o ataque

por sulfatos. Os fatores que contribuem para que haja uma baixa

permeabilidade são: cobrimento adequado, alto consumo de cimento, baixa

relação água/cimento, e adensamento e cura apropriados do concreto fresco.

Quanto à relação água/cimento, dependendo da concentração de

sulfato, um máximo de 0,5; se possível, 0,4 é recomendado (SKALNY et al.,

2002)

Uma forma muito utilizada para prevenir o ataque é o uso de cimentos

diferenciados: cimentos resistentes a sulfatos, que possuem baixo teor de C3A,

ou cimentos com escória de alto forno ou pozolanas.

As pozolanas têm um efeito duplo: reagem com o Ca(OH)2, assim esse

composto não pode mais reagir com os sulfatos, e em relação ao cimento

Portland comum, um mesmo teor de cimento composto resulta menor

quantidade de Ca(OH)2. Mas deve-se notar que nem todas as pozolanas são

benéficas, é desejável um baixo teor de óxido de cálcio; especificamente, as

cinzas volantes da classe C diminuem a resistência do concreto ao ataque por

sulfatos (NEVILLE, 1997).

Em ambientes com concentração de sulfatos menores do que 1500 ppm

na água, ou seja, com uma exposição ao sulfato moderada, o teor limite de C3A

recomendado para o cimento é de 5%. Nessas situações, é recomendado o

uso de cimento Portland tipo II, cimento composto com escória de alto forno, ou

cimento pozolânico (NEVILLE, 1997).

Para exposição severa, com uma concentração entre 1500 e 10000

ppm, é recomendado o uso de cimento resistente a sulfato, como o cimento

Page 63: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

62

Portland tipo V ASTM, com uma relação água/cimento menor que 0,45

(MEHTA e MONTEIRO, 1994).

Quando há uma concentração maior que 1500 mg/l, o cimento Portland

tipo V não é eficaz, pois nesses casos, geralmente há a presença de cátions de

magnésio e álcalis, o que gera reações por troca de cátions envolvendo a

formação de gipsita, principalmente se o conteúdo de C3S do cimento for alto.

Sob essas condições, recomenda-se o uso de cimentos com alto conteúdo de

alumina, cimentos Portland de alto forno contendo mais de 70% de escória e

cimentos Portland pozolânicos com no mínimo 25% de pozolana (MEHTA e

MONTEIRO, 1994).

Um baixo teor de álcalis é desejável em um cimento resistente a

sulfatos, pois reduz a disponibilidade imediata dos íons sulfato para reação

com o C3A, mas não se sabe se esse efeito é duradouro (NEVILLE, 1997).

A cura com vapor a alta pressão melhora a resistência do concreto aos

sulfatos, tanto para concretos produzidos com cimento resistente a sulfatos

quanto com cimento Portland comum, porque essa melhora é causada pela

transformação do C3AH6 em uma fase menos reativa, e também pela remoção

do Ca(OH)2, devido a sua reação com a sílica (NEVILLE, 1997).

Deve-se ressaltar aqui que apenas o uso de cimentos resistentes a

sulfatos não é suficiente para proteger o concreto em condições severas, isso

porque existem vários tipos de sulfatos nesses casos, não apenas o sulfato de

cálcio. Assim, apesar do cimento resistente a sulfato não conter C3A suficiente

para a formação de etringita expansiva, o Ca(OH)2 e possivelmente também o

C-S-H sejam vulneráveis ao ataque do tipo ácido pelos sulfatos (NEVILLE,

1997).

Segundo Biczók (1960), sob circunstâncias severas a aplicação de um

método de proteção da superfície é necessária para previnir o contato entre o

concreto e o fluido agressivo. Para este fim, várias tintas betuminosas e

camadas selantes são usadas.

Page 64: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

63

3 METODOLOGIA

Foram realizados ensaios, que estão descritos nos tópicos que seguem,

para atingir os objetivos do presente trabalho.

Para análise do comportamento do concreto sob diferentes

concentrações de sulfato foi realizado o ensaio de determinação da variação

dimensional (NBR 13583:1996); o ensaio foi realizado no LAME – Laboratório

de Materiais e Estruturas, unidade do LACTEC – Instituto de Tecnologia para o

Desenvolvimento.

Foi coletada uma amostra de esgoto na ETE Santa Quitéria Curitiba

para análise da quantidade de sulfatos, que foi realizada no Laboratório

Limnobras, de acordo com o Standard Methods for the Examination of Water

and Wastewater (2012).

Também foram coletados testemunhos da estrutura da mesma ETE para

análise por microscopia eletrônica de varredura e ensaio de compressão. O

ensaio de compressão foi realizado no LACTEC e a análise por microscopia

eletrônica de varredura foi feita no laboratório de Microscopia Eletrônica da

Universidade Federal do Paraná.

Alguns corpos de prova foram moldados para serem colocados em uma

Estação de Tratamento de Efluentes, para análise de seus comportamentos ao

longo dos anos.

3.1 DETERMINAÇÃO DA VARIAÇÃO DIMENSIONAL DE BARRAS DE

ARGAMASSA DE CIMENTO PORTLAND EXPOSTAS À SOLUÇÃO DE

SULFATO DE SÓDIO

Esse ensaio é normatizado pela NBR 13583:1996, e tem como objetivo

determinar a resistência do cimento quando exposto à soluções agressivas.

Page 65: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

64

3.1.1. Séries de corpos de prova

Para este ensaio foram elaborados corpos de prova com diferentes tipos

.de cimento:

Série 1: Corpos de prova com cimento CP IV;

Série 2: Corpos de prova com cimento CP III;

Série 3: Corpos de prova com cimento CP V ARI RS;

Série 4: Corpos de prova com cimento CP II Z;

Série 5: Corpos de prova com cimento CP II Z com tratamento de

superfície;

Estas diferentes séries foram escolhidas para ensaiar e analisar o

comportamento de cada cimento perante a presença do sulfato.

A Série 5, em especial, foi executada para representar o comportamento

de uma estação de tratamento de esgoto com aplicação do poliuretano

elastomérico Zebron, que é um material que é utilizado e recomendado por

empresas de saneamento do Paraná e de Minas Gerais, com 100% de sólidos

(sem solvente), aplicado com equipamento airless spray de alta pressão. Este

poliuretano é recomendado para diferentes ramos de atividades, estações de

tratamento de esgoto, estações de tratamento de água, reservatórios, pontes,

oleodutos, silos para grãos, impermeabilizações, usinas nucleares, entre

outros. Utiliza-se tanto em instalações novas quanto em manutenção e

recuperação de instalações em uso.

O poliuretano foi aplicado pela empresa especializada e certificada pela

Zebron Corporation, Engetintas Revestimentos Anticorrosivos Ltda; uma tabela

com as características do produto encontra-se no anexo deste trabalho.

Page 66: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

65

3.1.2 Aparelhagem e materiais utilizados

A aparelhagem utilizada para a realização do ensaio foi a mesma

descrita na norma NBR 13583:1996, a FIGURA 13 mostra as fôrmas utilizadas

para moldagem.

FIGURA 13 - MOLDES PREPARADOS PARA MOLDAGEM.

Os materiais empregados para a realização do ensaio são:

Cimento;

Sulfato de sódio;

Areia, 4 frações, que deve seguir as prescrições da NBR 7214;

Óleo mineral, para lubrificação das formas;

Poliuretano;

A FIGURA 14 mostra as quatro frações de areia usadas.

Page 67: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

66

FIGURA 14 - FRAÇÕES DE AREIA USADAS PARA A DOSAGEM

3.1.3 Dosagem de argamassa

A norma NBR 13583 também estabelece a dosagem da argamassa e o

preparo e enchimento dos moldes. O traço para materiais secos deve ser de

1:3,2 (cimento:areia), as quantidades em massa para misturar são: 500g de

cimento, e 1600g de areia, sendo 400g de cada fração; e sendo a relação

água/cimento de 0,60 a quantidade de água de mistura, em massa, é de 300g.

A FIGURA 15 e a FIGURA 16 ilustram o misturador mecânico e a

argamassa depois de misturada, e os moldes preenchidos, respectivamente.

FIGURA 15 - MISTURADOR MECÂNICO E MISTURA PRONTA PARA SER COLOCADA NOS

MOLDES

#0,15 mm

#0,30 mm #0,60 mm

#1,20 mm

Page 68: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

67

FIGURA 16 – MOLDES PREENCHIDOS E COBERTOS COM FILME PLÁSTICO PARA

PROTEÇÃO

Para alguns corpos de prova houve a aplicação do poliuretano, para

colocação na Estação de Tratamento.

A aplicação do produto na superfície do concreto exige um controle de

qualidade. A superfície deve estar limpa, seca, íntegra e oferecer perfil de

rugosidade suficiente para aderência adequada. Deve ser removido todo

material solto, agentes de cura, sais, nata e outros materiais estranhos por

meio de jateamento abrasivo ou escarificação mecânica. A espessura

recomendada para o concreto é 1,8 a 3,5 mm para um melhor rendimento do

produto.

3.1.4 Período de cura

A cura dos corpos de prova passa por três períodos: cura inicial ao ar,

com duração de dois dias, cura intermediária em água saturada com cal, com

duração de doze dias, e cura final em água saturada com cal (4 corpos) e em

solução agressiva de sulfato de sódio (4 corpos), com duração de quarenta e

dois dias. Após o término do período intermediário, são feitas as leituras iniciais

Page 69: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

68

do comprimento de cada barra, no extensômetro. Para o período final, as duas

séries são separadas, destinando-se uma delas ao recipiente contendo a água

saturada com cal e a outra ao recipiente hermético contendo a solução

agressiva. As medições são feitas a cada catorze dias.

A solução de sulfato de sódio, exemplificada na FIGURA 16, foi

preparada adicionando 200 g de sulfato de sódio anidro à 1600 ml de água

destilada, aquecidos em fogão elétrico até a completa dissolução do composto.

Então, a mistura foi transferida para um balão volumétrico para a adição de

água destilada até a mistura atingir 2 litros, como mostra a FIGURA 17:

FIGURA 17 - PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE SULFATO DE SÓDIO

As idades para medição são contadas a partir do momento em que os

corpos de prova são expostos às condições de cura final; são realizadas

medições aos 14, 28 e 42 dias. Durante os períodos entre as medições, os

corpos de prova são armazenados em uma estufa sob regime de temperatura

constante de (40 ± 2)°C, como mostrado na FIGURA 18 abaixo. Deve-se

registrar toda e qualquer anomalia, como: fissuração das barras, tamanho e

intensidade das fissuras, desagregação parcial, total ou empenamento das

barras, entre outras.

Page 70: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

69

FIGURA 18 - RECIPIENTES CONTENDO CORPOS DE PROVA NA ESTUFA

3.1.5 Resultados

O método de medida dos corpos de prova utilizado é descrito na NBR

13583 (Determinação da variação dimensional de barras de argamassa de

cimento Portland expostas à solução de sulfato de sódio - ABNT, 1996), que

segue:

I. Para uma primeira medida das séries colocou-se cada corpo de prova

com uma das extremidades para cima, girou-se 360° e tomou-se medida, em

seguida colocou-se a outra extremidade para cima, girou-se 360° e tomou-se

medida. Tomou-se como base a posição que resultou a menor medida. A

primeira medida foi tirada aos 14 dias, quando chegou ao fim a cura

intermediária. Tiraram-se duas medidas de cada, nesta posição.

II. Para as medições seguintes dos corpos de prova, durante a cura final,

14, 28 e 42 dias, estes foram colocados na mesma posição definida na primeira

medida, girados 360º e tomadas duas medidas de cada.

Os cálculos que devem ser feitos são de expansão individual e

expansão média, e estão descritos no item 5.1 da norma NBR 13583:1996.

Page 71: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

70

O cálculo da expansão média é realizado pela média aritmética das

expansões individuais dos quatro corpos de prova ensaiados em uma série,

com resultado expresso em porcentagem.

Entretanto, a norma apresenta parâmetros para a utilização das

expansões obtidas para o cálculo das expansões médias, sendo:

I. Para expansões de até 0,020%, considerar como a difereça máxima

entre as leituras tomadas individualmente e a média da série o valor absoluto

de 0,003%.

II. Para expansões superiores a 0,020%, calcular o desvio relativo máximo

(DRM)

( Equação 14)

da série de quatro resultados, que deve ser inferior a 15%. Se DRM for superior

a 15%, desconsidera-se o valor discrepante e calcula-se uma nova média.

Equação 14

O resultado é expresso pelo aumento ou diminuição da expansão da

argamassa. As leituras são realizadas no extensômetro, como ilustra a

FIGURA 19.

FIGURA 19 - MEDIÇÃO DE CORPO DE PROVA NO EXTENSÔMETRO

Page 72: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

71

3.2 COLETA DE AMOSTRAS

Em visita à Estação de Tratamento de Esgoto Santa Quitéria, foram

coletados testemunhos de partes deterioradas da estrutura para serem

analisados pelo Microscópio Eletrônico de Varredura.

A primeira amostra foi retirada pela orientadora manualmente, sem a

necessidade de equipamento, como mostra a FIGURA 20, de um reator UASB

que estava desativado na data da visita (25/10/2013). Os elementos estruturais

que compõe o reator estavam visivelmente danificados, e pelo fato de estar

descamando foi possível a retirada da amostra.

FIGURA 20 – RETIRADA DO PRIMEIRO TESTEMUNHO, NO DIA 25/10/2013. À DIREITA, O

LOCAL ONDE FOI FEITA A COLETA

A retirada do segundo testemunho ocorreu com equipamento extrator,

com o auxilio do professor doutor Marcelo Medeiros, na visita do dia

08/11/2013. Este foi retirado da laje do reator sobre o mesmo reator, que

estava desligado. Foi retirado um testemunho mais profundo para a análise nas

diversas camadas da estrutura, com diâmetro de 73,5 mm e comprimento de

104,3 mm. Após a extração, a estrutura foi reparada com graute. A FIGURA 21

e a FIGURA 22 mostram o equipamento usado, o testemunho retirado e o

reparo feito na laje do reator.

Page 73: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

72

FIGURA 21 - MÁQUINA EXTRATORA E TESTEMUNHO RETIRADO DA LAJE

FIGURA 22 - REPARO REALIZADO NA LAJE APÓS EXTRAÇÃO DO TESTEMUNHO

As amostras foram levadas ao laboratório de Microscopia Eletrônica da

Universidade Federal do Paraná para serem preparadas para a relização dos

ensaios.

Page 74: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

73

3.3 ANÁLISE POR MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA E EDS

(ESPECTROSCOPIA DE DISPERSÃO DE ELÉTRONS)

O ensaio para o presente trabalho, como citado anteriormente, foi

realizado no laboratório de Microscopia Eletrônica da Universidade Federal do

Paraná, no dia 18/11/2013. O microscópio usado foi um microscópio eletrônico

da JEOL modelo JSM-6370 LV, mostrado na FIGURA 23.

FIGURA 23 - MICROSCÓPIO ELETRÔNICO USADO PARA ANÁLISE DO TESTEMUNHO

As amostras foram levadas no período da manhã para preparação, para

que o ensaio pudesse ser realizado no período da tarde. Foram levadas 3

amostras: uma da coleta do dia 25/10/2013, retirada da parede do reator, e

duas do testemunho coletado com máquina extratora no dia 08/11/2013, uma

retirada da parte externa do testemunho (inferior) e outra do lado interno. A

FIGURA 24 mostra um esquema com a localização das amostras no

testemunho.

Page 75: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

74

FIGURA 24 – ESQUEMA MOSTRANDO A LOCALIZAÇÃO DAS AMOSTRAS NO TESTEMUNHO

A preparação consistiu em colar as amostras em uma base de metal e

numerá-las, como mostra a FIGURA 25.

FIGURA 25 - AMOSTRAS PREPARADAS PARA ANÁLISE POR MEV

Não foi necessário metalizar a amostra, pois as imagens geradas

estavam com uma resolução suficientemente boa, e, segundo o técnico, o pico

do ouro poderia atrapalhar a leitura do enxofre.

Amostra da

parte externa

do testemunho

Amostra da

parte interna

do testemunho

Page 76: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

75

3.4 ENSAIO DE COMPRESSÃO

O testemunho, retirado com equipamento extrator, foi submetido ao

ensaio de compressão estabelcido pela norma NBR 5739/2007. O ensaio foi

realizado no LACTEC, no dia 20/11/2013.

A máquina utilizada foi uma máquina universal de ensaios DL-30000, de

classe 1; o paquímetro utilizado foi um paquímetro digital Coolant Proof.

3.4.1 Preparo do testemunho

Para a execução do ensaio, é necessário preparar o testemunho, de

modo que suas bases estejam planas e perpendiculares ao eixo longitudinal do

testemunho. Essa preparação é estabelecida pela norma ABNT NBR

5738/2003, que determina que os corpos de prova que serão submetidos a

ensaios a compressão axial devem ser rematados, retificados ou capeados.

Os procedimentos realizados foram: retificação e capeamento. A

retificação consiste na remoção mecânica de uma fina camada da base do

corpo de prova, com a finalidade de proporcionar uma superfície lisa. O

capeamento consiste no revestimento das bases do corpo de prova com uma

camada de pasta de enxofre.

3.4.2 Execução do ensaio

Inicialmente são feitas as medidas, com o paquímetro digital, do

diâmetro, da altura sem capeamento e com capeamento, como mostra a

FIGURA 26.

Page 77: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

76

FIGURA 26 - MEDIÇÃO DO CORPO DE PROVA COM CAPEAMENTO

Em seguida, as faces dos pratos e do corpo de prova são limpas e secas

e o mesmo é posicionado na máquina. O carregamento de ensaio deve ser

aplicado continuamente e sem choques, com uma velocidade de (0,45 ± 0,15)

MPa/s, a qual tem que permanecer constante durante todo o ensaio. O

carregamento só deve cessar quando houver uma queda de força que indique

sua ruptura.

FIGURA 27 - CORPO DE PROVA POSICIONADO NA MÁQUINA

Page 78: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

77

A NBR 5739 (Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos,

2007) diz que se o corpo de prova apresentar relação h/d menor do que 1,94,

deve-se multiplicar a força F por um fator de correção correspondente ao h/d

encontrado. O diâmetro do testemunho era 73,5 mm e a sua altura 108,7 mm,

desta forma, o h/d é 1,48 que corresponde a um fator de correção igual a 0,96.

Então, a resistência à compressão foi caculada de acordo com a

EQUAÇÃO 15.

EQUAÇÃO 15

Onde:

Fc = resistência à compressão, em MPa.

F = força máxima alcançada, em Newtons.

r = raio do corpo de prova, em milimetros.

3.5 QUANTIFICAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SULFATOS EM AMOSTRA

DE ESGOTO

De acordo com o Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater (2005), existem cinco métodos de análise de água e de esgoto

para determinação da concentração de sulfatos: método gravimétrico com

combustão de resíduo, método gravimétrico com secagem de resíduo, método

turbidimétrico, método automatizado de azul de metil timol, e método com

injeção de fluxo de azul de metil timol.

O Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater

(2005) estabelece que os métodos gravimétricos (com combustão de resíduo e

com secagem de resíduo), são adequados para concentrações acima de 10

mg/L. O método turbidimétrico é recomendável para faixas entre 1 e 40 mg/L.

O método automatizado de azul de metil timol é indicado para analisar um

maior número de amostras, podendo chegar a mais de 30 amostras por hora.

Page 79: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

78

O método escolhido foi o turbidimétrico, devido a rapidez de execução,

disponibilidade dos equipamentos e ampla aceitação.

Foi coletada uma amostra de esgoto in natura para ensaio de

concentração de sulfatos no mesmo dia da retirada do testemunho para o

ensaio de compressão (08/11/2013), na entrada do reator UASB.

A leitura da concentração foi feita em um turbidímetro, conforme

procedimento descrito no Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater do ano de 2012 (literatura usada para os procedimentos realizados

no laboratório da Limnobras).

O laudo do ensaio de concentração de sulfato na amostra de esgoto

teve algumas restrições. O laboratório contratado para realização do ensaio

declarou que para amostras de água tratada o parâmetro de quantificação de

sulfato parte de 10,0mg/l, porém este limite sobe para 100mg/l quando se trata

de água residual. Tentou-se uma filtração com membrana com porosidade de

0,45um para clarificação da amostra porém não houve sucesso. Foi preciso

diluir a amostra para realização do ensaio. A FIGURA 51 mostra o resultado do

ensaio que encontrou concentração de sulfato menor que 200mg/l na amostra

de esgoto ensaiada. Foi preciso diluir a amostra em 20 vezes para realização

do ensaio, para diminuição da tturbidez da mesma.

3.6 COLOCAÇÃO DE TESTEMUNHOS EM CAMPO

Além dos corpos de prova do ensaio dimensional, foram moldados 2

corpos de prova adicionais de cada série, totalizando 10 testemunhos, com o

propósito de serem colocados em campo, expostos ao ambiente agressivo da

ETE. A ETE escolhida foi a ETE Santa Quitéria, visto que os testemunhos e

amostras de água foram coletados nessa estação.

Os testemunhos foram armazenados em um dispositivo cúbico, para ser

fixado à estrutura da ETE para análise do seu comportamento. O dispositivo foi

colocado no mesmo reator de onde foram retirados os testemunhos, como

mostram as FIGURA 28, 29 e 30.

Page 80: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

79

FIGURA 28 – TESTEMUNHOS NO DISPOSITIVO PARA SEREM COLOCADOS NO REATOR

FIGURA 29 – VISTA DOS REATORES UASB, COM O REATOR ONDE FOI COLOCADO O

PISPOSITIVO EM DESTAQUE

Page 81: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

80

FIGURA 30 – DISPOSITIVO COLOCADO NO REATOR

Texto do aviso: “Esta Estação de Tratamento de Efluentes está servindo

de campo para pesquisas para orientandas da Profa Dra Laila Valduga Artigas

da UFPR. Para tanto, foram implantados testemunhos que estão fixados neste

local. Pede-se cuidado no manuseio. OBS: em caso de dúvidas, contacte:

Prof.a Laila ([email protected] ou 041 3361-3364) ou Eng. Anderson Sabbag

([email protected] ou 041 3330-7956). Gratos.”

Devido ao curto período de exposição ao ambiente agressivo, desde a

colocação dos testemunhos na Estação de Tratamento de Esgoto Santa

Quitéria até a análise dos resultados, não foi possível observar mudanças

significativas na superfície das barras.

Estes testemunhos serão deixados na ETE para análise da sua

deterioração ao longo dos anos para simulação da deterioração da estrutura

exposta aos compostos constituidos do íon sulfato.

Page 82: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

81

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 RESULTADOS OBTIDOS NO ENSAIO DE VARIAÇÃO DIMENSIONAL

Somente foi possível fazer a leitura das séries 1, 2, 3 e 4, pois as barras

da série 5 foram levadas até a Engetintas no dia 29/10/2013 e ficaram aos

cuidados do Senhor Avelino para aplicação do poliuretano. Respeitada a rotina

da empresa, pois pretendeu-se aplicação do poduto nas barras condizente com

a das estruturas de concreto, com aplicação sob pressão e aderencia à

superficie, foi possível pegá-las de volta no dia 19/11/2013. Por este motivo, as

barras da série 5 não passaram pelo processo de imersão em solução

agressiva de sulfato de sódio e neste período não foi possível fazer as leituras

durante a cura final, somente obteve-se a leitura do final da cura intermediária,

como exemplificado na TABELA 8.

Tentou-se submeter as barras revestidas por poliuretano ao ensaio de

variação dimensional, mesmo não obtendo os resultados dentro do prazo deste

trabalho, porém encontrou-se problemas na adequação destes corpos de prova

com a norma do ensaio. O ensaio é baseado na leitura dos comprimentos

tendo como base o parafuso fixado na extremidade da barra, que encaixa no

relogio medidor. Nas barras com poliuretano, estes parafusos foram revestidos

por completo, havendo alteração de comprimento total da barra e, em alguns

casos perda do contorno do parafuso. Desta forma, não seria possível a leitura

destas barras respeitando a NBR 13583 (1996). A FIGURA 31 mostra esse

problema com os parafusos das barras com poliuretano.

Por problemas de ensaio, algumas leituras não foram realizadas nas

datas especificadas (leitura dos 14 dias das séries 1 e 4, e leitura dos 28 dias

da série 2). As leituras dos corpos de prova E, F, G e H dessas séries não

foram feitas nesses dias. Estes valores indicados na TABELA 8 (grifados) são

uma média calculada com os valores das leituras anteriores e posteriores de

cada série, para fins de delineamento gráfico.

Page 83: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

82

TABELA 8 – TABELA DE LEITURAS NO EXTENSÔMETRO

CORPO DE

PROVA

CIMENTO CURA 12 DIAS

(mm) CURA FINAL- 14

DIAS (mm) CURA FINAL - 28

DIAS (mm) CURA FINAL - 42

DIAS (mm) CURA FINAL

1.A CP IV 2,18 2,181 2,247 2,197 2,285 2,263 2,209 2,297 cal

1.B CP IV 2,234 2,229 2,254 2,254 2,283 2,27 2,281 2,285 cal

1.C CP IV 0,699 0,729 0,812 0,755 0,817 0,782 0,802 0,771 cal

1.D CP IV 2,546 2,543 2,54 2,545 2,543 2,542 2,544 2,545 cal

1.E CP IV -0,993 -0,997 -0,9135 -0,9235 -0,834 -0,85 -0,886 -0,89 sulfato

1.F CP IV -1,755 -1,762 -1,6485 -1,654 -1,542 -1,546 -1,575 -1,578 sulfato

1.G CP IV -0,56 -0,564 -0,448 -0,4505 -0,336 -0,337 -0,364 -0,365 sulfato

1.H CP IV -0,38 -0,379 -0,2665 -0,267 -0,153 -0,155 -0,19 -0,193 sulfato

2.A CP III -1,346 -1,374 -1,302 -1,338 -1,29 -1,302 -1,907 -1,913 sulfato

2.B CP III -1,913 -1,955 -1,925 -1,878 -1,881 -1,924 -3,319 -3,32 sulfato

2.C CP III -1,746 -1,751 -1,746 -1,739 -1,728 -1,727 -1,739 -1,742 sulfato

2.D CP III -1,666 -1,679 -1,633 -1,676 -1,625 -1,651 -2,25 -2,257 sulfato

2.E CP III -1,72 -1,677 -1,688 -1,807 -1,991 -2,0535 -2,294 -2,3 cal

2.F CP III -1,955 -1,985 -1,929 -1,967 -2,0515 -2,074 -2,174 -2,181 cal

2.G CP III 1,534 1,466 1,882 1,796 1,5265 1,481 1,171 1,166 cal

2.H CP III 1,342 1,338 1,344 1,34 1,333 1,3305 1,322 1,321 cal

3.A CP V ARI RS -2,677 -2,708 -2,664 -2,667 -2,684 -2,689 -2,836 -2,838 sulfato

3.B CP V ARI RS -1,631 -1,664 -1,692 -1,645 -1,698 -1,611 -3,035 -3,03 sulfato

3.C CP V ARI RS -1,799 -1,764 -1,739 -1,777 -1,766 -1,787 -2,465 -2,47 sulfato

3.D CP V ARI RS -2,36 -2,344 -2,277 -2,315 -2,368 -2,347 -2,421 -2,417 sulfato

3.E CP V ARI RS -1,638 -1,602 -1,267 -1,216 -1,526 -1,513 -2,841 -2,828 cal

3.F CP V ARI RS -1,268 1,261 1,32 1,317 1,329 1,328 1,258 1,262 cal

3.G CP V ARI RS 3,028 3,025 3,168 3,107 3,157 3,135 3,143 3,129 cal

3.H CP V ARI RS 1,223 1,207 1,319 1,3 1,283 1,278 1,22 1,225 cal

4.A CP II Z -0,932 -0,936 -0,847 -0,854 -0,871 -0,87 -0,884 -0,883 sulfato

4.B CP II Z -2,056 -2,016 -1,909 -1,934 -1,927 -1,961 -3,246 -3,322 sulfato

4.C CP II Z -2,037 -2,026 -1,953 -1,97 -1,948 -1,973 -2,888 -2,892 sulfato

4.D CP II Z -2,274 -2,266 -2,119 -2,122 -2,172 -2,166 -2,363 -2,371 sulfato

4.E CP II Z -2,377 -2,397 -2,355 -2,3995 -2,333 -2,402 -3,7 -3,72 cal

4.F CP II Z -1,797 -1,732 -1,753 -1,7325 -1,709 -1,733 -2,215 -2,209 cal

4.G CP II Z 2,015 2,039 2,0225 2,015 2,03 1,991 1,447 1,432 cal

4.H CP II Z 2,379 2,344 2,364 2,3495 2,349 2,355 1,554 1,546 cal

5.A CP II Z -1,158 -1,171

5.B CP II Z -0,179 -0,178

5.C CP II Z -0,421 -0,42

5.D CP II Z 1,87 1,7738

5.E CP II Z -2,042 -1,949

5.F CP II Z 1,763 1,693

5.G CP II Z -1,719 -1,615

5.H CP II Z -2,35 -2,391

Page 84: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

83

FIGURA 31 – DETALHE DA EXTREMIDADE DAS BARRAS.

4.1.1 Expansão Individual

O resultado da expansão individual de cada corpo de prova é dado em

porcentagem, como ilustra a TABELA 9. É obtido pela diferença entre o valor

medido na idade correspondente, em milímetros, e a leitura inicial do mesmo

corpo de prova, em milímetros, dividida pelo seu comprimento efetivo (295 mm)

e multiplicado por 100. Deve ser considerado o sinal pois, quando negativo,

indica uma retração.

Barra com

poliuretano

Page 85: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

84

TABELA 9 – VALORES DE EXPANSÃO INDIVIDUAL

EXPANSÃO INDIVIDUAL (%)

SÉRIE CIMENTO 14 DIAS 28 DIAS 42 DIAS

1.A CP IV 0,014 0,032 0,025

1.B CP IV 0,008 0,015 0,017

1.C CP IV 0,024 0,029 0,025

1.D CP IV -0,001 -0,001 0,000

1.E CP IV 0,026 0,052 0,036

1.F CP IV 0,036 0,073 0,062

1.G CP IV 0,038 0,076 0,067

1.H CP IV 0,038 0,076 0064

2.A CP III 0,014 0,022 -0,186

2.B CP III 0,011 0,011 -0,470

2.C CP III 0,002 0,007 0,003

2.D CP III 0,006 0,012 -0,197

2.E CP III -0,017 -0,110 -0,203

2.F CP III 0,007 -0,031 -0,070

2.G CP III 0,115 0,001 -0,112

2.H CP III 0,001 -0,003 -0,006

3.A CP V ARI RS 0,009 0,002 -0,049

3.B CP V ARI RS -0,007 -0,002 -0,469

3.C CP V ARI RS 0,008 0,002 -0,233

3.D CP V ARI RS 0,019 -0,002 -0,023

3.E CP V ARI RS 0,128 0,034 -0,412

3.F CP V ARI RS 0,448 0,452 0,428

3.G CP V ARI RS 0,038 0,041 0,037

3.H CP V ARI RS 0,032 0,022 0,003

4.A CP II Z 0,028 0,022 0,017

4.B CP II Z 0,039 0,031 -0,423

4.C CP II Z 0,024 0,024 -0,291

4.D CP II Z 0,051 0,034 -0,033

4.E CP II Z 0,003 0,007 -0,448

4.F CP II Z 0,007 0,015 -0,152

4.G CP II Z -0,003 -0,006 -0,199

4.H CP II Z -0,002 -0,003 -0,275

4.1.2 Expansão Média

Na TABELA 10 foram assinalados em vermelho os valores discrepantes

e calculada uma nova expansão média (TABELA 11) para cada grupo de 4

barras que teve seu DRM > 15%.

Page 86: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

85

TABELA 10 – VALORES DISCREPANTES

EXPANSÃO INDIVIDUAL (%)

SÉRIE CIMENTO 14 DIAS 28 DIAS 42 DIAS

1.A CP IV 0,014 0,032 0,025 1.B CP IV 0,008 0,015 0,017 1.C CP IV 0,024 0,029 0,025 1.D CP IV -0,001 -0,001 0,000 1.E CP IV 0,026 0,052 0,036 1.F CP IV 0,036 0,073 0,062 1.G CP IV 0,038 0,076 0,067 1.H CP IV 0,038 0,076 0,064

2.A CP III 0,014 0,022 -0,186 2.B CP III 0,011 0,011 -0,470

2.C CP III 0,002 0,007 0,003

2.D CP III 0,006 0,012 -0,197

2.E CP III -0,017 -0,110 -0,203

2.F CP III 0,007 -0,031 -0,070

2.G CP III 0,115 0,001 -0,112

2.H CP III 0,001 -0,003 -0,006

3.A CP V ARI RS 0,009 0,002 -0,049

3.B CP V ARI RS -0,007 -0,002 -0,469

3.C CP V ARI RS 0,008 0,002 -0,233 3.D CP V ARI RS 0,019 -0,002 -0,023 3.E CP V ARI RS 0,128 0,034 -0,412 3.F CP V ARI RS 0,448 0,452 0,428 3.G CP V ARI RS 0,038 0,041 0,037 3.H CP V ARI RS 0,032 0,022 0,003

4.A CP II Z 0,028 0,022 0,017

4.B CP II Z 0,039 0,031 -0,423

4.C CP II Z 0,024 0,024 -0,291

4.D CP II Z 0,051 0,034 -0,033 4.E CP II Z 0,003 0,007 -0,448 4.F CP II Z 0,007 0,015 -0,152 4.G CP II Z -0,003 -0,006 -0,199 4.H CP II Z -0,002 -0,003 -0,275

Page 87: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

86

TABELA 11 – EXPANSÃO MÉDIA RECALCULADA

EXPANSÃO MÉDIA (%)

SÉRIE CIMENTO 14 DIAS 28 DIAS 42 DIAS

1.A CP IV

0,011 0,015 0,025 1.B CP IV

1.C CP IV

1.D CP IV

1.E CP IV

0,038 0,076 0,063 1.F CP IV

1.G CP IV

1.H CP IV

2.A CP III

0,009 0,011 -0,186 2.B CP III

2.C CP III

2.D CP III

2.E CP III

0,004 -0,017 -0,070 2.F CP III

2.G CP III

2.H CP III

3.A CP V ARI RS

0,009 0,000 -0,049 3.B CP V ARI RS

3.C CP V ARI RS

3.D CP V ARI RS

3.E CP V ARI RS

0,034 0,034 0,020 3.F CP V ARI RS

3.G CP V ARI RS

3.H CP V ARI RS

4.A CP II Z

0,028 0,031 -0,033 4.B CP II Z

4.C CP II Z

4.D CP II Z

4.E CP II Z

0,001 0,002 -0,199 4.F CP II Z

4.G CP II Z

4.H CP II Z

4.1.3 Expressão dos resultados

O resultado das leituras é expresso pela retração ou expansão da

argamassa exposta ao ataque da solução de sulfato de sódio em relação à

retração ou expansão da argamassa que passou pela cura em água saturada

com cal (TABELA 12), devendo ser calculado conforme

EQUAÇÃO 16.

Page 88: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

87

EQUAÇÃO 16

Onde:

Es = expansão média das barras curadas em solução agressiva de

sulfato de sódio, em %.

Ea = expansão média das barras curadas em água saturada com cal,

em %.

Ae = expansão resultante, em %.

TABELA 12 – EXPANSÕES RESULTANTES

SÉRIE CIMENTO IDADE Ae

1 CP IV 14 DIAS 0,0271 CP IV 28 DIAS 0,0611 CP IV 42 DIAS 0,0382 CP III 14 DIAS 0,0042 CP III 28 DIAS 0,0282 CP III 42 DIAS -0,1163 CP V ARI RS 14 DIAS -0,0263 CP V ARI RS 28 DIAS -0,0343 CP V ARI RS 42 DIAS -0,0694 CP II Z 14 DIAS 0,0274 CP II Z 28 DIAS 0,0294 CP II Z 42 DIAS 0,166

A FIGURA 32 ilustra o comportamento das barras ao longo de todo o

processo de cura e o limite de expansão para cimento resistente a sulfatos,

estabelecido pela NBR 13583, que é 0,03%.

FIGURA 32 – EXPANSÃO RESULTANTE DAS LEITURAS DAS BARRAS.

Page 89: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

88

4.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

As imagens obtidas através da microscopia eletrônica de varredura

mostram grande diferença na microestrutura do concreto que está

superficialmente exposto e do concreto do interior da peça.

As FIGURA 33, 34 e 35 a seguir exemplificam esta afirmação.

Na FIGURA 33 tem-se uma ampliação de 50x da Amostra 1 (parede do

UASB). Pode-se notar grande formação de etringita secundária em toda a sua

superfície, em forma acicular, composto resultante do ataque sofrido pelo

concreto exposto ao ambiente agressivo. A FIGURA 34 mosta uma imagem,

também com ampliação de 50x da Amostra 2 (parte interna do concreto). A

imagem da Amostra 1 se assemelha com a imagem da Amostra 3 (teto do

UASB), ilustrada na FIGURA 35. A Amostra 3, bem como a Amostra 1, foram

retiradas da superfície do concreto exposto ao gás desprendido do esgoto, o

gás sulfídrico (H2S), causador da deterioração superficial da estrutura.

FIGURA 33 – IMAGEM DE MEV DA AMOSTRA 1 – PAREDE DO UASB. AMPLIAÇÃO 50X.

Page 90: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

89

FIGURA 34 – IMAGEM DE MEV DA AMOSTRA 2 – PARTE INTERNA DO CONCRETO.

AMPLIAÇÃO 50X.

FIGURA 35 - IMAGEM DE MEV DA AMOSTRA 3 – TETO DO UASB. AMPLIAÇÃO 50X.

Nesta ampliação (50x) pode se observar nitidamente a matriz bastante

compacta do concreto na Amostra 2 (parte interna do concreto), enquanto que,

nas Amostras 1 (parede do UASB) e Amostra 3 (teto do UASB) o concreto se

apresenta deteriorado, com uma superfície onde, aparentemente, se veem

agulhas.

Na FIGURA 36, FIGURA 37 e FIGURA 38 usou-se de maior ampliação

(1000x) para avaliação da microestrutura interna que estas apresentavam no

momento da coleta.

Page 91: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

90

FIGURA 36 - IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DA AMOSTRA 1

– PAREDE DO UASB. AMPLIAÇÃO 1000X.

FIGURA 37 - IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DA AMOSTRA 2

– PARTE INTERNA DO CONCRETO. AMPLIAÇÃO 1000X.

Ponto 1

Ponto 2

Page 92: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

91

FIGURA 38 – IMAGEM DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA DA AMOSTRA 3

– TETO DO UASB. AMPLIAÇÃO 1000X.

Novamente, se observa a microestrutura distinta da Amostra 2 (parte

interna do concreto) e das Amostras 1 (parede do UASB) e 3 (teto do UASB).

Enquanto na Amostra 2 tem-se uma estrutura mais fechada, com poros mais

refinados (ponto 2 - FIGURA 37), nas Amostras 1 e 3 tem-se vazios de maior

dimensão e quantidade significativa de cristais na forma acicular (ponto 1 -

FIGURA 36 e ponto 3 - FIGURA 38).

Para análise mais detalhada de cada elemento da microestrutura das

amostras, foram realizados ensaios através de EDS, que revelam os elementos

químicos presentes em algumas das estruturas que aparecem nas imagens

anteriores.

A FIGURA 39 mostra os pontos escolhidos para análise química. Já as

FIGURA 40, FIGURA 41 e FIGURA 42 revelam os picos exibidos pela análise

dos pontos 1, 2 e 3, indicados na FIGURA 39, respectivamente.

Ponto 3

Page 93: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

92

FIGURA 39 – PONTOS DE REALIZAÇÃO DE EDS AMOSTRA 1 – PAREDE DO UASB.

FIGURA 40 – AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 1 DA AMOSTRA 1.

FIGURA 41 – AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 2 DA AMOSTRA 1.

Page 94: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

93

FIGURA 42 – AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 3 DA AMOSTRA 1.

Os pontos 1 e 2 da Amostra 1 (parede do UASB) mostram grandes

concentrações de Cálcio e Enxofre, esperados para estes sólidos na forma

acicular. O terceiro ponto foi escolhido por possuir uma forma diferenciada, e

apresentou também composição diferenciada, predominando a Sílica e o

Aluminio.

A FIGURA 43 mostra a ampliação da Amostra 2 (parte interna do

concreto) exemplificando os pontos escolhidos para o EDS e em sequência os

respectivos picos de compostos químicos presentes nas estruturas internas

(FIGURA 44 e FIGURA 45). Estes pontos foram escolhidos por terem

aparências microscópicas diferentes e com o objetivo de se identificar a

estrutura C-S-H no ponto 1.

FIGURA 43 - IMAGEM EDS AMOSTRA 2 – PARTE INTERNA DO CONCRETO.

Page 95: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

94

FIGURA 44 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 1 DA AMOSTRA 2.

FIGURA 45 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 2 DA AMOSTRA 2.

Estes resultados mostram a predominância de Sílica, Cálcio e Alumínio

na superfície da Amostra 2, elementos formadores de compostos presentes na

matriz da pasta endurecida. Nota-se que não há pico predominante de enxofre.

A FIGURA 46 expõe, na ampliação da Amostra 3 (parte externa do

concreto), os pontos escolhidos para o EDS e em sequência (FIGURA 47,

FIGURA 48, FIGURA 49 e FIGURA 50) os resultados da composição química

em cada ponto. Estes quatro pontos foram escolhidos para identificação da

composição química das diferentes estruturas que estão presentes nessa

amostra.

Page 96: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

95

FIGURA 46 - IMAGEM EDS AMOSTRA 3 – TETO DO UASB.

Aqui os pontos 1 e 3, por serem estruturas diferentes, esperava-se

composição química também diferente. Porém, o EDS possui um problema que

pode confundir o resultado, pois o feixe emitido no ensaio pode penetrar além

da estrutura do ponto e resultar uma mistura de elementos químicos desta

estrutura e da vizinhança.

FIGURA 47 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 1 DA AMOSTRA 3.

FIGURA 48 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 2 DA AMOSTRA 3.

Page 97: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

96

FIGURA 49 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 3 DA AMOSTRA 3.

FIGURA 50 - AVALIAÇÃO QUÍMICA DO ENSAIO EDS DO PONTO 4 DA AMOSTRA 3.

Os resultados da Amostra 3 são muito semelhantes aos da Amostra 1,

os dois revelam ataque pela presença abundante de agulhas de etringita, e em

grandes volumes. Revelam a predominancia de Enxofre e Cálcio, elementos

formadores da etringita e da gipsita, produtos do ataque por sulfatos.

4.3 QUANTIFICAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SULFATOS EM AMOSTRA

DE ESGOTO

A FIGURA 51 mostra o laudo disponibilizado pelo laboratório contratado

como resultado do ensaio realizado.

Page 98: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

97

FIGURA 51 – RESULTADO DO ENSAIO DE QUANTIFICAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SULFATO EM AMOSTRA DE ÁGUA RESIDUAL.

4.4 COLOCAÇÃO DE TESTEMUNHOS NA ETE

Foram tiradas leituras iniciais das barras colocadas na ETE para a

análise ao longo do tempo do comportamento destas. Essas leituras estão

ilustradas na TABELA 13. Uma das barras revestidas com poliuretano, por se

apresentar extensa demais, não pôde ser lida.

Page 99: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

98

IDENTIFICAÇÃO

CP II Z - 1 -0,345 -0,343

CP II Z - 2 -1,287 -1,291

CP III - 1 -0,153 -0,154

CP III - 2 -0,237 -0,244

CP IV - 1 -2,22 -2,218

CP IV - 2 -1,844 -1,854

CP V ARI RS - 1 1,633 1,631

CP V ARI RS - 2 -2,34 -2,339

CP II Z - Poliuretano - 1 6,86 6,862

CP II Z - Poliuretano - 2 - -

LEITURAS

TESTEMUNHOS LEVADOR A ETE

TABELA 13 – LEITURAS DAS BARRAS COLOCADAS NA ETE.

4.5 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Quando submetido à carga máxima de 186.623 N o testemunho rompeu

apresentando ruptura do tipo cisalhamento, ou seja, ruptura do tipo E

apresentada na FIGURA 52.

FIGURA 52 – RUPTURA TIPO E – CISALHAMENTO. FONTE: NBR 5739 (ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS,

2007)

O valor da resistência a compressão do corpo de prova resultou em

42,22 MPa. O testemunho retirado possuia armadura no seu interior, o que

pode ter influenciado no resultado.

Page 100: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

99

FIGURA 53 – IMAGEM DO TESTEMUNHO APÓS ENSAIO DE RESISTÊNCIA À

COMPRESSÃO.

Page 101: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

100

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Estruturas de concreto expostas a agressividades fora do padrão, como

indústrias, áreas litorâneas, ETE’s, entre outros, necessitam de atenção

especial e correta avaliação do ambiente agressivo para especificação de

projeto para assegurar a durabilidade da estrutura. Construir uma estrutura

pouco durável envolve questões econômicas e, ainda, questões de

saneamento urbano, pois interrupções nos reatores para manutenções da

estrutura geram perda de rendimento no tratamento do afluente.

Embora o resultado do ensaio de quantificação da concentração de

sulfato na amostra de esgoto tenha se mostrado subjetivo, menor que 200mg/l

de SO42-, com diluição ajustada (valor total de sulfatos), esta concentração

indica uma exposição fraca ou moderada. Isto se fundamenta pela análise da

NBR 12655 (Concreto - preparo, controle e recebimento, 2006) que estabelece,

como requisito para concretos expostos a soluções contendo sulfatos, um

máximo de 150 mg/l de SO42- para exposição fraca, e a partir deste valor até

1500 mg/l exposição moderada. Como visto na TABELA 5, a norma canadense

A23.1.94 estabelece como desprezível a agressividade da exposição à

concentrações inferiores a 150 mg/l de SO42-, e a norma européia EN206-

1:2000 e o Código Britânico de Prática CP 110:1972 consideram desprezível

valores abaixo de 200 mg/l de SO42- e 300 mg/l de SO4

2-, respectivamente.

Kulisch (2011) ensaiou duas amostras de água utilizando o método

turbidimétrico, o mesmo utilizado pelo laboratório contratado para realização do

ensaio com a amostra deste trabalho. O valor encontrado pela autora, fazendo

a média aritmética entre os valores de sulfatos das duas amostras, foi de

45,35mg de SO42- por litro de esgoto. Surgem dificuldades na realização do

ensaio com amostra de esgoto, pois esta se apresenta turva, dificultando a

leitura de sulfato pelo método turbidimétrico. Para superar esta dificuldade,

Kulisch (2011) elaborou uma solução branco 2, sem a adição de reagentes,

para subtrair da concrentração encontrada na solução branco 1, com a adição

de reagentes, para encontrar a concentração final de sulfatos, pois a turbidez

da amostra falseia o resultado. No caso do laboratório contratado para o ensaio

deste trabalho, a medida adotada para contornar este problema foi a diluição

Page 102: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

101

da amostra, o que deixou a amostra menos turva, e posterior reajuste da

concentração, permitindo desta forma a leitura da amostra. Devido esta

dificuldade, nota-se uma deficiência nos métodos de análise de concentração

de sulfatos em amostras de esgotos, pois estas sempre se apresentarão

turvas. Ainda assim, o resultado obtido está em uma faixa muito ampla, com

uma concentração de sulfatos menor que 200 mg/l, sem uma maior

especificação.

Com o ensaio de microscopia eletrônica de varredura, foram obtidos

fortes indícios do ataque por sulfatos. A Amostra 2 (parte interna do

testemunho) foi retirada de uma camada logo abaixo da camada superficial

atacada, e se mostrou íntegra e saudável, apresentando ainda grandes

quantidades da pasta em boas condições. Isto envidencia o caráter superficial

deste ataque.

As amostras 1 e 3 submetidas ao MEV, que estiveram em contato com o

ambiente agressivo, possuem aparência esbranquiçada e esfarelam com

facilidade, caracteristicas apresentadas por Skalny et al. (2002) para concretos

atacados por sulfatos. Nas imagens do MEV foi possível observar a presença

em grande quantidade das agulhas de etringita e a presença de gipsita,

produtos do ataque.

Esta Estação de Tratamento de Esgoto, de onde foram retirados estes

testemunhos, foi contruída a partir de projeto elaborado no ano de 1995,

quando a norma NBR 6118 ainda não havia passado por revisões. O fck do

concreto utilizado na execução é 22 MPa e o cobrimento das armaduras 2,5

cm, valores acima do recomendado na época pela norma, que seria de 15 MPa

para o concreto e 1,5cm de cobrimento das armaduras. Atualmente as ETE’s

da SANEPAR estão sendo executadas a partir de projetos que especificam fck

de 40 MPa e cobrimento de 4,5cm das armaduras.

Contudo, o resultado do ensaio de resistência à compressão realizado

do testemunho retirado da ETE Santa Quitéria novamente evidencia a

superficialidade do ataque, pois esse apresentou uma resistência à

compressão de 42,22 MPa, apesar de ter tido sua estrutura dimensionada para

um fck de 22 MPa. Este fato revela uma preocupação quanto à resistência

necessária dos concretos que ficarão expostos à ambientes agressivos. Esta

estrutura, que possui resistência à compressão de 42,22 MPa, teve sua

Page 103: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

102

superfície bastante deteriorada pelo gás sulfídrico (H2S) desprendido do esgoto

bruto, a ponto de esfarelar-se quando tocada. Também mostra a importância

do uso de cobrimento adequado.

O ACI 318-89 referente a concretos expostos a ataque por sulfatos

estabelece que a mínima resistência para exposição moderada seria de 26

MPa utilizando CP II Z, e para exposição severa e muito severa estabelece a

utilização de CP V ARI RS com resistência mínima de 29MPa. Porém, Kulisch

(2011) provou, por ensaio de variação dimensional acelerado, que o cimento

CP II Z exposto à sulfatos apresenta expansão ao fim de 36 dias (expansão de

0,043%), assim como os ensaios realizados neste trabalho (expansão de

0,166% ao fim de 48 dias). A NBR 12655 (Concreto - preparo, controle e

recebimento, 2006) não estabelece resistência mínima para exposição fraca

(até 150mg/l de SO42-), já para exposição moderada (valores entre 150mg/l e

1500mg/l de SO42-) uma resistência mínima de 35 MPa.

O ensaio de variação dimensional forneceu uma base para avaliação da

resistência de diferentes cimentos à solução de sulfato de sódio, porém foram

encontradas algumas dificuldades nas leituras das barras em relação à

precisão do equipamento de leitura. Com leves toques na barra ou no

extensômetro já se notava alteração na medida mostrada no extensômetro. Por

este fato, obtiveram-se algumas expansões médias com valores que a norma

estabelece como inaceitáveis com a necessidade de se realizar novamente o

ensaio. Estas mesmas dificuldades foram encontradas por Kulisch (2011) na

realização deste ensaio. Uma possível causa deste fato pode ser o recipiente

de estocagem das amostras em cura, que deixa os corpos de prova na posição

vertical. Isto pode causar movimentações dos pinos de referencia para

medição. Estocar os corpos de prova na horizontal poderá minimizar estas

dificuldades de medição.

O comportamento das barras do ensaio de variação dimensional se

mostra tanto coerêntes como divergentes dos dados encontrados nas

bibliografias consultadas. Segundo Neville (1997), cimentos com baixo teor de

C3A são resistente a sulfatos, e também aqueles com adição de escória de alto

forno ou pozolana.

Tem-se a série 2 – CP III que possui baixo teor de C3A, o que o torna

resistente a sulfatos, porém, as barras imersas em solução agressiva

Page 104: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

103

apresentaram pequena expansão aos 28 dias de cura final, porém a leitura aos

42 dias de cura final revelou uma considerável retração nestas barras,

enquanto as barras em cal se mantiveram em retração ao longo da cura.

A série 3, com CP V ARI RS, possui alta resistência inicial e é resistente

a sulfatos. A análise do gráfico (FIGURA 32) mostra que houve pequenos picos

de expansão nas primeiras datas, mas logo na sequência as barras seguiram

em retração até a última leitura. Evidenciou-se, desta forma, sua resistência à

solução agressiva de sulfato de sódio.

A série 4, CP II Z, que possui adição de pozolana, mostrou pequenas

expansões iniciais, tanto nas barras em cal como nas barras em sulfato de

sódio, que podem ter origem de equivocos nas medições, e ao final dos 42 dias

de cura apresentou significativa espansão.

Os mesmos cimentos utilizados para moldar os corpos de prova para o

ensaio de variação dimensional foram também utilizados para a execução de

barras para serem anexadas à estrutura da ETE Santa Quitéria para análises

futuras, a partir dos dados apresentados neste trabalho, e poderão resultar em

dados confiáveis. Estes testemunhos terão seus comportamentos

acompanhados e avaliados por leituras no extensômetro, possivelmente a cada

seis meses, para constatação da existência ou não de ataque, nos diferentes

tipos de cimento, devido a agressividade do ambiente. Desta forma, poderá se

avaliar o desempenho do poliuretano exposto ao ataque, para possível

comprovação de sua eficiência contra ataque por sulfatos.

Outro fator importante para esse ensaio que precisa ser analisado é o

fato de ser realizado apenas com sulfato de sódio, pois o sulfato contido no

efluente não necessariamente será esse, então seria necessário fazer ensaios

com outros tipos de sulfato para estudo do comportamento do concreto exposto

aos diversos tipos, visto que diferentes tipos de sulfatos têm fortes influências

na agressividade.

Com estas análises, pode-se notar que é de extrema importância o

desenvolvimento de pesquisas para melhor avaliação de dados das normas

vigentes, para adequá-las a real situação em campo.

Page 105: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

104

6 CONCLUSÃO

Entende-se que esta área do conhecimento exige estudos precisos e

mais aprofundados, possivelmente um tema para se desenvolver em algum

programa de pós graduação, em que se empreguem recursos mais técnicos e

específicos para o desenvolvimento de uma pesquisa mais detalhada.

Sugere-se estudos mais aprofundados na questão de análise da

coexistência de ataques de diversas naturezas na mesma estrutura, alcali

agregado, carbonatação, corrosão da armadura por cloretos, lixiviação, entre

outros.

Pôde-se observar, em análise aos resultados, que os cimentos CP III e

CP IV ARI RS se apresentaram resistentes ao sulfato de sódio na

concentração de 100 mg de SO42-/L, já as barras de cimento CP II Z e CP IV

sofreram ataque.

Em relação ao ensaio de microscopia eletrônica de varredura, notou-se

que as estruturas expostas ao gás sulfídrico, além de aparentemente estarem

deterioradas, revelaram microestrutura com quantidade considerável de

etringita secundária, que reduz a resistência da estrutura. Também foi possível

constatar que o ataque ocorrido na estrutura estudada foi superficial, pois a 5

mm da superficie já foi possível obter amostra saudável. O que corrobora isto é

a alta resistência atingida pelo corpo de prova rompido, que revela que a parte

interna da estrutura ainda apresenta boas condições de serviço.

O cobrimento adequado das armaduras visto no testemunho, sendo 2,5

cm, protegeu as armaduras da corrosão, porém não foi suficiente para evitar o

ataque do concreto. Nem mesmo a elevada resistência à compressão atingida

pelo testemunho evitou que a estrutura fosse atacada pelos diversos fatores

agressivos presentes na ETE. Mostra-se necessária a utilização de outros

métodos de proteção, como o emprego de cimentos resistentes a sulfatos ou o

tratamento de superfície com o poliuretano.

Conclui-se, com os resultados obtidos neste trabalho, que ainda há

muito que se desenvolver nesta área do conhecimento. É uma área muito vasta

para novas pesquisas e descobertas. É necessário o desenvolvimento de

métodos e normas adequados às reais situações.

Page 106: Ataque por sulfatos em estações de tratamento de efluentes

105

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8 ANEXO