ATÉ SÁBADO, DIA 22 - Feira das Cebolas dá vida à Praça Velha, em Coimbra

2
Tiragem: 8585 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Regional Pág: 3 Cores: Cor Área: 17,16 x 28,78 cm² Corte: 1 de 2 ID: 60594041 17-08-2015 Vendem cebolas mas a boa dis- posição que transmitem é de borla. Vêm do campo, na sua maioria de Vila Nova de Cer- nache, e todos os anos, já lá vão 30, dão uma animação espe- cial à Praça Velha de Coimbra, durante oito dias. «Venha cá se- nhor, olhe aqui tão lindas». Lur- des Góis, com alguns anos de venda na “praça” (Mercado D. Pedro V), deixou “cair” o pre- gão mal viu o bloco de notas e a esferográfica. «Ah, você quer é fazer perguntas, então diga lá…». Ao jornalista foi desfiando alguns pormenores que fazem a cebola de Vila Nova melhor do que as outras, mas também um pouco de uma vida dura, feita no amanho das terras, criação de gado e venda nas feiras. Lurdes tem 80 anos mas pa- rece muito mais nova. É da ce- bola? Não, parece que é mais da boa disposição. Ou da fa- mília, de que fala com alegria, sobretudo dos netos. «Gosto muito de trabalhar na terra», confessa, recordando o tempo em que tinha criação, chegou a ter vacas, e andava nas feiras com a mãe. Hoje poucos per- cebem, mas na altura era pre- ciso levantar cedo para apro- veitar a água, senão ficavam sem a sua parte. Vendia cebo- las, batatas, feijão, couves... Nas feiras e na “praça” de Coimbra. Foi lá, na “praça”, que aprendeu a conhecer e a lidar com os eu- ros. Desde a primeira hora que Lurdes Góis vem à Feira das Cebolas de Coimbra. «As mi- nhas são melhores do que as dela», atalhou Maria Benilde, vizinha de Lurdes, tanto em Vila Nova como na feira, que acompanhava a conversa. «É dor de cotovelo», segredou, em voz bem alta, Lurdes Góis. A verdade é que todas as tranças de cebolas (designadas por ca- bos) dos oito vendedores ali presentes apresentam um as- pecto convidativo. O preço, tendo em conta o trabalho e a qualidade, tam- bém não afasta ninguém. Os cabos das mais pequenas, com 25 cebolas, custam dois e meio, três euros. Os das cebolas mé- dias, com 12 unidades, anda en- tre os cinco e os quatro e meio, e os cabos das grandes, igual- mente com 12, chegam aos 10 euros, «mas por oito também vão». Se Lurdes Góis está desde o início na feira, há 30 anos, Te- resa Martins, funcionária mu- nicipal, veio pela primeira vez. A motivação «é ganhar di- nheiro», deixa perceber sem rodeios, que a vida não está fá- cil. Muito do trabalho de pre- paração foi do companheiro, Filipe Jacob, um electricista que já vai percebendo os se- gredos da cebola de Vila Nova. Todos juntos vão explicando o processo. Falam dos canteiros, de onde retiram o cebolo para a terra, que tem de estar tipo “farinha”, da munda (retirar as ervas), das sementeiras de Abril e das colheitas de Julho. Guar- dadas ao fresco, são entrelaça- das uma ou duas semanas an- tes da feira. A Feira das Cebolas, que co- meçou na noite de sábado e prossegue até ao dia 22, tam- bém sábado, sempre com ani- mação, resulta de uma orga- nização conjunta do Grupo “Os Camponeses de Vila Nova” e da Câmara Municipal de Coimbra. | Feira Garantem que as cebolas não fazem chorar. Pelo contrário, quem se deixar contagiar pela boa disposição das gentes de Vila Nova só tem motivos para sorrir Vêm de Vila Nova de Cernache. Teresa Martins (à esquerda) estreou-se numa feira que Lurdes Góis acompanha desde a primeira hora A Feira das Cebolas, que re- põe a antiga feira de S. Bar- tolomeu, não de faz só da venda de bolbos. Por ali também vão surgindo to- mates, alhos ou cabaças. A doçaria, gastronomia, fol- clore e jogos tradicionais também marcam presença, dando atractivos e anima- ção constante à feira. Quem se deslocar à Praça do Co- mércio pode apreciar chou- riço caseiro, pataniscas de bacalhau, sardinha de pasta ou caldo-verde, produtos confeccionados pelo grupo etnográfico “Os Campone- ses de Vila Nova”. Ou a do- çaria, com destaque para as escarpeadas ou o arroz- doce. A animação nocturna está assegurada todos os dias, com dois espectáculos, por grupos folclóricos re- presentativos de diferentes regiões do país. | Gastronomia e animação nocturna constante Feira das Cebolas dá vida à Praça Velha

Transcript of ATÉ SÁBADO, DIA 22 - Feira das Cebolas dá vida à Praça Velha, em Coimbra

Tiragem: 8585

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Regional

Pág: 3

Cores: Cor

Área: 17,16 x 28,78 cm²

Corte: 1 de 2ID: 60594041 17-08-2015

Vendem cebolas mas a boa dis-posição que transmitem é deborla. Vêm do campo, na suamaioria de Vila Nova de Cer-nache, e todos os anos, já lá vão30, dão uma animação espe-cial à Praça Velha de Coimbra,durante oito dias. «Venha cá se-nhor, olhe aqui tão lindas». Lur-des Góis, com alguns anos devenda na “praça” (Mercado D.Pedro V), deixou “cair” o pre-gão mal viu o bloco de notas ea esferográfica. «Ah, você queré fazer perguntas, então digalá…». Ao jornalista foi desfiandoalguns pormenores que fazema cebola de Vila Nova melhordo que as outras, mas tambémum pouco de uma vida dura,feita no amanho das terras,criação de gado e venda nasfeiras.

Lurdes tem 80 anos mas pa-rece muito mais nova. É da ce-bola? Não, parece que é maisda boa disposição. Ou da fa-mília, de que fala com alegria,sobretudo dos netos. «Gostomuito de trabalhar na terra»,confessa, recordando o tempoem que tinha criação, chegoua ter vacas, e andava nas feiras

com a mãe. Hoje poucos per-cebem, mas na altura era pre-ciso levantar cedo para apro-veitar a água, senão ficavamsem a sua parte. Vendia cebo-las, batatas, feijão, couves... Nasfeiras e na “praça” de Coimbra.Foi lá, na “praça”, que aprendeua conhecer e a lidar com os eu-ros.

Desde a primeira hora queLurdes Góis vem à Feira dasCebolas de Coimbra. «As mi-nhas são melhores do que asdela», atalhou Maria Benilde,vizinha de Lurdes, tanto emVila Nova como na feira, queacompanhava a conversa. «Édor de cotovelo», segredou, em

voz bem alta, Lurdes Góis. Averdade é que todas as trançasde cebolas (designadas por ca-bos) dos oito vendedores alipresentes apresentam um as-pecto convidativo.

O preço, tendo em conta otrabalho e a qualidade, tam-bém não afasta ninguém. Oscabos das mais pequenas, com25 cebolas, custam dois e meio,três euros. Os das cebolas mé-dias, com 12 unidades, anda en-tre os cinco e os quatro e meio,e os cabos das grandes, igual-mente com 12, chegam aos 10euros, «mas por oito tambémvão».

Se Lurdes Góis está desde o

início na feira, há 30 anos, Te-resa Martins, funcionária mu-nicipal, veio pela primeira vez.A motivação «é ganhar di-nheiro», deixa perceber semrodeios, que a vida não está fá-cil. Muito do trabalho de pre-paração foi do companheiro,Filipe Jacob, um electricistaque já vai percebendo os se-gredos da cebola de Vila Nova.Todos juntos vão explicando oprocesso. Falam dos canteiros,de onde retiram o cebolo paraa terra, que tem de estar tipo“farinha”, da munda (retirar aservas), das sementeiras de Abrile das colheitas de Julho. Guar-dadas ao fresco, são entrelaça-das uma ou duas semanas an-tes da feira.

A Feira das Cebolas, que co-meçou na noite de sábado eprossegue até ao dia 22, tam-bém sábado, sempre com ani-mação, resulta de uma orga-nização conjunta do Grupo“Os Camponeses de Vila Nova”e da Câmara Municipal deCoimbra.|

Feira Garantem que as cebolas não fazem chorar. Pelo contrário, quem se deixar contagiar pela boa disposição das gentes de Vila Nova só tem motivos para sorrir

Vêm de Vila Nova de Cernache. Teresa Martins (à esquerda) estreou-se numa feira que Lurdes Góis acompanha desde a primeira hora

A Feira das Cebolas, que re-põe a antiga feira de S. Bar-tolomeu, não de faz só davenda de bolbos. Por alitambém vão surgindo to-mates, alhos ou cabaças. Adoçaria, gastronomia, fol-clore e jogos tradicionaistambém marcam presença,

dando atractivos e anima-ção constante à feira. Quemse deslocar à Praça do Co-mércio pode apreciar chou-riço caseiro, pataniscas debacalhau, sardinha de pastaou caldo-verde, produtosconfeccionados pelo grupoetnográfico “Os Campone-

ses de Vila Nova”. Ou a do-çaria, com destaque para asescarpeadas ou o arroz-doce. A animação nocturnaestá assegurada todos osdias, com dois espectáculos,por grupos folclóricos re-presentativos de diferentesregiões do país.|

Gastronomia e animação nocturna constante

Feira das Cebolas dávida à Praça Velha

Tiragem: 8585

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Regional

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 17,91 x 7,04 cm²

Corte: 2 de 2ID: 60594041 17-08-2015

Feira das Cebolas anima Baixa deCoimbra durante uma semana Praça Velha | P3 Lurdes

Góis