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Índice 2 ACÇÃO DE FORMAÇÃO 4 INTRODUÇÃO 6 METODOLOGIA DE FORMAÇÃO 7 OBJECTIVOS 10 Objectivos Gerais 10 Objectivos específicos 10 Destinatários 11 Bibliografia 11 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DOS GRUPOS ETÁRIOS 12 Psicologia do desenvolvimento. Etapas do crescimento 12 Características psicológicas do idoso 25 Relação cliente/utilizador e família/comunidade 32 ACOMPANHAMENTO DE CLIENTES/UTILIZADORES 37 Acompanhamento 37 Situações especiais 39 Pessoas com deficiências físicas 40 Pessoas com deficiências mentais 46 Toxicodependentes 52 Alcoólicos 55 SINAIS PARTICULARES DA VIDA 57 Nascimento 57 Morte 58 Agravamento da situação clínica 63 ACOMPANHAMENTO NO EXTERIOR 71 Notário 73 Advogado 74 Instituições bancárias 74 Serviços públicos 75 SITUAÇÕES IMPREVISÍVEIS 75 Fogo - 75 Inundação 77 Acidentes com idosos 78 79 RELAÇÕES INTERPESSOAIS 80 RELAÇÕES FAMILIARES 82 - Família nuclear 84 - família extensa 84 RELAÇÕES DE VIZINHANÇA E PROXIMIDADE 86 RELAÇÕES SOCIOPROFISSIONAIS 89 ACÇÃO DE FORMAÇÃO • CURSO Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade Módulo: UFCD 3532 – ATENDIMENTO PERSONALIZADO Formador: José dos Santos Baptista Cronograma: Início: A definir Fim: A definir Nº de horas presenciais: 50 horas Local de realização: A definir

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Ação de Formação

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Índice 2 ACÇÃO DE FORMAÇÃO 4 INTRODUÇÃO 6 METODOLOGIA DE FORMAÇÃO 7 OBJECTIVOS 10 Objectivos Gerais 10 Objectivos específicos 10 Destinatários 11 Bibliografia 11 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DOS GRUPOS ETÁRIOS 12 Psicologia do desenvolvimento. Etapas do crescimento 12 Características psicológicas do idoso 25 Relação cliente/utilizador e família/comunidade 32 ACOMPANHAMENTO DE CLIENTES/UTILIZADORES 37 Acompanhamento 37 Situações especiais 39 Pessoas com deficiências físicas 40 Pessoas com deficiências mentais 46 Toxicodependentes 52 Alcoólicos 55 SINAIS PARTICULARES DA VIDA 57 Nascimento 57 Morte 58 Agravamento da situação clínica 63 ACOMPANHAMENTO NO EXTERIOR 71 Notário 73 Advogado 74 Instituições bancárias 74 Serviços públicos 75 SITUAÇÕES IMPREVISÍVEIS 75 Fogo - 75 Inundação 77 Acidentes com idosos 78 79 RELAÇÕES INTERPESSOAIS 80 RELAÇÕES FAMILIARES 82 - Família nuclear 84 - família extensa 84 RELAÇÕES DE VIZINHANÇA E PROXIMIDADE 86 RELAÇÕES SOCIOPROFISSIONAIS 89 ACÇÃO DE FORMAÇÃO • CURSO Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade Módulo: UFCD 3532 – ATENDIMENTO PERSONALIZADO Formador: José dos Santos Baptista Cronograma: Início: A definir Fim: A definir Nº de horas presenciais: 50 horas Local de realização: A definir

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Calendarização: Datas a definir [pic] Destinatários/as Público alvo: [pic] Objectivos Módulo: Características psicológicas dos grupos etários Psicologia dodesenvolvimento. Etapas do crescimento. Conteúdos Características psicológicas do idoso. Teórico/Práticos: Relação cliente/utilizador e família/comunidade. Acompanhamento de clientes/utilizadores Situações especiais - Pessoas com deficiências físicas - Pessoas com deficiências mentais - Toxicodependentes - Alcoólicos Sinais particulares da vida - Nascimento - Morte - Agravamento da situação clínica Acompanhamento no exterior - Notário - Advogado - Instituições bancárias - Serviços públicos Situações imprevisíveis - Fogo - Inundação Relações interpessoais Relações familiares - Família nuclear - Família extensa Relações de vizinhança e proximidade Relações socioprofissionais INTRODUÇÃO Existe, actualmente, uma crescente preocupação com a qualidade de vida dos cidadãos e muitas das mutações nos actuais modos de vida fazem emergir novas necessidades e um aumento de procura dos serviços pessoais, colectivos e sociais de proximidade. Estes serviços

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surgem também muitosassociados à necessidade de criação de estruturas de apoio à família, que facilitem a conciliação entre trabalho e família, uma exigência acrescida face a uma taxa de actividade feminina tão elevada como a da população portuguesa. Este é um sector em forte expansão, quer em número de entidades, quer em número de trabalhadores. A abordagem a este sector tem passado por uma associação entre o emprego nos serviços de proximidade e a criação de emprego para desempregados ou outros grupos desfavorecidos. Esta associação não tem favorecido a requalificação e a imagem social destes empregos, sendo esta uma área de actividade que apresenta, ainda, intervenções pouco estruturadas e de natureza informal, em alguns casos com situações de elevada fragilidade técnica e precariedade laboral. Esta orientação é hoje muito debatida, num quadro de crescentes exigências de qualidade destes serviços. De facto, as actividades dos serviços de proximidade exigem competências que algumas das populações desfavorecidas não possuem à partida, competências técnicas específicas, mas também competências pessoais e sociais fundamentais neste tipo de serviços onde a proximidade e a componente relacional são elementos essenciais. Independentemente dos seus destinatários, a formação nesta área apresenta cada vez mais níveis crescentes de exigência. Neste contexto, revela-se fundamental uma oferta de formação profissional específica que permita aumentar as competências e criar condições para uma inserção profissional estável dos trabalhadores que exercem de forma qualificada a sua actividade profissional, reforçando a relação entre qualidade do emprego,profissionalização e qualidade dos serviços. Tal facto assume maior premência numa área de actividade na qual o grau de escolaridade e de qualificação dos seus trabalhadores é, ainda e em geral, bastante reduzido. (Fonte: IQF (2005) O Sector dos Serviços de Proximidade: serviços de acção social. Lisboa: Instituto para a Qualidade na Formação). METODOLOGIA DE FORMAÇÃO A organização da formação com base num modelo flexível visa facilitar o acesso dos indivíduos a diferentes percursos de aprendizagem, bem como a mobilidade entre níveis de qualificação. Esta organização favorece o reingresso, em diferentes momentos, no ciclo de aprendizagem e a assunção por parte de cada cidadão de um papel mais activo e de relevo na edificação do seu percurso formativo, tornando-o mais compatível com as necessidades que em cada momento são exigidas por um mercado de trabalho em permanente mutação e, por esta via, mais favorável à elevação dos níveis de eficiência e de equidade dos sistemas de educação e formação. A flexibilização beneficia, assim, a construção de percursos formativos de composição e duração variáveis conducentes à obtenção de qualificações completas ou de construção progressiva, reconhecidas e certificadas. A nova responsabilidade que se exige a cada indivíduo na construção e gestão do seu próprio percurso impõe, também, novas atitudes e competências para que este exercício se faça de forma mais sustentada e autónoma.

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As práticas formativas devem, neste contexto, conduzir ao desenvolvimento de competências profissionais, mas também pessoais e sociais, designadamente, através de métodosparticipativos que posicionem os formandos no centro do processo de ensino - aprendizagem e fomentem a motivação para continuar a aprender ao longo da vida. Devem, neste âmbito, ser privilegiados os métodos activos, que reforcem o envolvimento dos formandos, a auto-reflexão sobre o seu processo de aprendizagem, a partir da partilha de pontos de vista e de experiências no grupo, e a co-responsabilização na avaliação do processo de aprendizagem. A dinamização de actividades didácticas baseadas em demonstrações directas ou indirectas, tarefas de pesquisa, exploração e tratamento de informação, resolução de problemas concretos e dinâmica de grupos afiguram-se, neste quadro, especialmente, aconselháveis. A selecção dos métodos, técnicas e recursos técnico-pedagógicos deve ser efectuada tendo em vista os objectivos de formação e as características do grupo em formação e de cada formando em particular. Devem, por isso, diversificar-se os métodos e técnicas pedagógicos, assim como os contextos de formação, com vista a uma maior adaptação a diferentes ritmos e estilos de aprendizagem individuais, bem como a uma melhor preparação para a complexidade dos contextos reais de trabalho. Esta diversificação de meios constitui um importante factor de sucesso nas aprendizagens. Revela-se, ainda, de crucial importância o reforço da articulação entre as diferentes componentes de formação, designadamente, através do tratamento das diversas matérias de forma interdisciplinar e da realização de trabalhos de projecto com carácter integrador, em particular nas formações de maior duração, que contribuam para o desenvolvimento e a consolidação decompetências que habilitem o futuro profissional a agir consciente e eficazmente em situações concretas e com graus de complexidade diferenciados. Esta articulação exige que o trabalho da equipa formativa se faça de forma concertada, garantindo que as aprendizagens se processam de forma integrada. É também este contexto de trabalho em equipa que favorece a identificação de dificuldades de aprendizagem e das causas que as determinam e que permite que, em tempo, se adoptem estratégias de recuperação adequadas, que potenciem as condições para a obtenção de resultados positivos por parte dos formandos que apresentam estas dificuldades. A equipa formativa assume, assim, um papel fundamentalmente orientador e facilitador das aprendizagens, através de abordagens menos directivas, traduzido numa intervenção pedagógica diferenciada no apoio e no acompanhamento da progressão de cada formando e do grupo em que se integra. Benefícios e condições de utilização adequada ao público-alvo e à forma de organização da formação. Este manual foi concebido de uma forma simples, apelativa e flexível. De forma simples para boa compreensão dos formandos. De forma apelativa de modo a criar interesse na aprendizagem. Este manual é flexível bem como os conceitos inerentes, assim, todos os assuntos abordados podem e devem ser debatidos com o Formador JOSÉ BAPTISTA, com o intuito de enriquecer ainda mais esta formação - Habilitar o participante a estruturar e a desenvolver os subsistemas de benefícios e de gestão social em organizações de solidariedade e empresariais, a partir de uma visão estratégica. - Possibilitar uma revisão de valores daspolíticas de bem-estar social e de satisfação dos trabalhadores nas instituições de carácter sociais ou empresariais. - Aumentar em termos qualitativos a prestação de serviços. - Sensibilizar os formandos para as responsabilidades e dotá-los com conhecimentos teóricos e práticos necessários para o exercício das suas funções. Com este manual pretende-se dar instrumentos de apoio ao Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade para que este possa executar de molde independente, ou sob a orientação de um

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técnico especializado, cuidados necessários em contexto institucional ou nos domicílios, proporcionando o atendimento personalizado merecido por cada utente/utilizador. Não podemos esquecer que os níveis de habilitação académica e de qualificação dos portugueses são significativamente menores do que os que se verificam entre os trabalhadores da União Europeia. Estatisticamente a média europeia é de 15% ao passo que em Portugal essa média desce quase para metade, ficando-se apenas nos 8%. Pode parecer uma denúncia não fundamentada quando se afirma que a única razão que pode levar os trabalhadores à formação é a sua vontade de aprender, para melhor compreender o que o rodeia. Também as exigências da cidadania podem constituir um factor para a motivação dos trabalhadores para a educação e formação. Contudo, sem querermos alargar-nos neste assunto, ponderemos o facto real de que a formação nas empresas visa aumentar apenas o desenvolvimento do trabalho, mas só… na própria empresa. Mesmo assim, para haver benefícios para a empresa, torna-se necessário que o trabalhador esteja ao serviço, tempo suficiente, para rentabilizar essesconhecimentos adquiridos na formação. Mas os contratos a termo certos, quase sempre de curta duração, impedem a formação dos trabalhadores, porque depois não há rentabilização de benefícios. Daí que as empresas, apenas dentro dos limites do estritamente necessário, para a execução das tarefas para que foi contratado, considerem a formação dos trabalhadores. Por isso mesmo os empresários portugueses não sentem a necessidade de competências, para além das que dispõem os seus trabalhadores, porque as consideram adequadas à actividade que desenvolvem. Uma visão economicista errada para quem a rentabilidade tudo justifica. Também tem de ser dito que a legislação não é cumprida no que se refere a igualdade de oportunidades e à descriminação do género. Também se refere da quase inexistência das boas práticas de conciliação entre a Vida Profissional e a Vida Familiar. Para além de outros factores que poderíamos mencionar. Finalmente no que se refere à forma de organização deste módulo ele foi estruturado de modo a permitir a melhor rentabilidade de tempo e aproveitamento do conteúdo da formação. Da carga horária de 50 horas dedicam-se 44 horas à formação teórica, 4 horas à formação prática em ambiente real numa instituição pública e as restantes 2 horas à realização de avaliação de conhecimentos adquiridos. Desenvolvimento O desenvolvimento programático obedeceu à sequência constante no referencial de formação. Conclusão Afirmámos que os trabalhadores têm vontade de aprender, para melhor compreenderem o que o rodeia. A construção do seu próprio percurso impõe, também, novas atitudes e novas competência para queo desempenho das suas funções laborais se faça de forma mais sustentada e autónoma, como menciona o próprio Referencial de Formação. Na formação privilegiamos essencialmente os métodos activos envolvendo os formandos à auto-reflexão sobre o seu processo de aprendizagem. No manual propomos ideias e caminhos. Aos formandos cabe-lhes a tarefa de pesquisar, explorar e tratar as informações recebidas. Através da dinâmica de grupos eles vão procurar e encontrar várias soluções para resolução de problemas concretos.

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Como formador, englobado na equipa formativa, vamos ter a capacidade de orientar e facilitar a aprendizagem. Temos consciência de que poderão existir dificuldades de vária ordem, mas com o nosso empenho e a boa vontade dos formandos, estou, e todos estamos certos que conseguiremos as condições para a obtenção de resultados positivos. OBJECTIVOS Objectivos Gerais Sensibilizar os formandos para as responsabilidades e actividades inerentes aos objectivos do Atendimento Personalizado: • Distinguir as características psicológicas mais comuns de cada grupo etário. • Acompanhar clientes/utilizadores em situações que exigem cuidados especiais. • Distinguir as principais relações interpessoais. Objectivos específicos • Psicologia do desenvolvimento. Etapas do crescimento. • Características psicológicas do idoso. • Relação cliente/utilizador e família/comunidade. • Situações especiais - Pessoas com deficiências físicas - Pessoas com deficiências mentais - Toxicodependentes - Alcoólicos • Sinais particulares da vida - Nascimento - Morte - Agravamento da situação clínica • Acompanhamento no exterior - Notário - Advogado - Instituições bancárias - Serviços públicos • Situações imprevisíveis - Fogo - Inundação • Relações familiares - Família nuclear - Família extensa • Relações de vizinhança e proximidade • Relações socioprofissionais Destinatários Candidatos com um perfil de entrada em termos de escolaridade, com o 6º ano. Formandos do Curso de Educação e Formação de Adultos – Módulo 3532 Atendimento Personalizado, de nível Bibliografia

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ANA CARDOSO, ANA PAULA SILVA, ELSA FIGUEIREDO - Atendimento/Acompanhamento Social FORMA-TE Portal dos Formadores www.forma-te.com/mediateca/download-document/3407-psicologia-do-desenvolvimento.html - HELENA MARCHAND – Psicilogia do adulto e do idoso. INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICAS – http://www.ine.pt/ MARIA DO CARMO WHITAKER – Consultora e Professora de Ética Empresarial PORTAL DA SAÚDE – Enciclopédia da saúde http://www.portaldasaude.pt/ PROTECÇÃO CIVIL - http://www.proteccaocivil.pt/ WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre - http://www.wikipedia.com/ CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DOS GRUPOS ETÁRIOS Psicologia do desenvolvimento. Etapas do crescimento Três pilares do século XXI: • Sociedade de risco (incentivo do gosto pelo desconhecido) • Sociedade activa (apelos à intervenção de cada cidadão) • Sociedade educativa (valorização dacapacitação cultural e social do indivíduo) Psicologia do Desenvolvimento – Ao ramo da Psicologia que estuda os processos de desenvolvimento, denomina-se “Psicologia do Desenvolvimento” que se preocupa com a descrição e explicação das mudanças intra-individuais ao longo da vida. Desenvolvimento – É o conjunto de transformações qualitativas (como as alterações psicológicas e o modo como nos relacionamos com os outros e com os acontecimentos) e quantitativas (como o número de competências e habilidades dum indivíduo, sobretudo no plano físico) que marcam a vida do indivíduo desde a sua concepção até à sua morte. (Em termos psicológicos): Neste processo contínuo de organização ou desorganização das estruturas internas estão envolvidos múltiplos factores (cognitivos, afectivos, sociais, biológicos, motores, morais, linguísticos, …) tendo em vista uma progressiva diferenciação e complexificação. Modelo Organicista (que vem de órgão) • É o modelo mais estereotipado e que mais está na nossa cabeça;

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• Vem por paralelismo do modelo biológico. Modelo de Desenvolvimento Co-extensivo à duração da vida • Este modelo admite que ao longo da vida o desenvolvimento é um processo contínuo de organização, reorganização ou desorganização das estruturas internas (cognitivas, afectivas, axiológicas, etc.), tendo em vista uma progressiva diferenciação e complexificação. • Este modelo admite perdas ao longo da vida. Carência afectiva: é um desfasamento entre aquilo que eu sinto pelos outros e aquilo que os outros sentem por mim. Exemplo: “ Eu acho que gosto mais dos meus pais do que eles gostam de mim.” Acapacidade de afecto vai mudando ao longo da vida. Diferenciação e Complexificação A diferenciação é a capacidade de nos tornamos cada vez mais diferentes; assim, à medida que a idade avança as diferenças vão-se tornando cada vez mais abismais. Por outro lado, com a idade tornamo-nos mais capazes de desempenhar mais tarefas ao mesmo tempo – complexificação –, apesar de sabermos que estamos a perder neurónios. Para nos tornarmos realmente adultos, devemos considerar dois critérios: • Independência financeira; • Ter casa própria O desenvolvimento consiste no ultrapassar sucessivos obstáculos. Para além disso, o desenvolvimento alterna entre períodos de organização e de desorganização. Desenvolvimento: • Unidade bio-psico-sociologia; • Produto da intervenção de vários factores (ex. património genético, família, contacto social, histórico e geográfico, amigos, escola, etc.) • Sujeito activo • Realizado ao longo da vida. (A.C.) Auto conceito: é a forma como eu me vejo, a qual depende do afecto que nos é dado enquanto bebes. É uma das variáveis que mais importa no desenvolvimento, porque é quase o “quanto eu valho”. (L.C.) Locus de controlo: consiste no controlo que exercemos sobre a nossa vida, assim, apesar de não termos o controlo total sobre a nossa vida, controlámo-la medianamente. O auto-controle varia entre um pólo negativo e um pólo positivo, em princípio ninguém se encontra nos extremos. A conjugação do auto – controle negativo e do locus de controlo externo pode gerar, muitas vezes, o desamparo aprendido, o qual pode constituir uma característica dos públicosdisfuncionais. O desamparo aprendido acontece quando as crianças, desde tenra idade, são ensinadas a estar à espera que alguém lhes resolva os problemas. Exemplo: pessoas que estão sempre à espera dos subsídios do Estado ou que o Estado lhes dê uma casa.”Não vale a pena, não vou ser nada na vida.” Ninguém tem controlo total da vida. No entanto, um sujeito que possua a conjuntura A.C.+ tem mais recursos internos para resolver/solucionar os seus problemas. Por isso, alguém que ao longo da vida, construa um quadro A.C.+ e L.C.I. tem vantagens, visto possuir estruturas

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internas fortes. Já um sujeito que possua o quadro A.C.- e L.C.E., é provável que este sujeito se torne alcoólico ou toxicodependente, uma vez que ele não possui os recursos internos necessários para resolver os seus problemas e, por isso, está sempre à espera que alguém lhes resolva os problemas ou até mesmo à espera da sorte, do destino. Assim, uma pessoa com um auto-conceito q.b. tem maior capacidade para elogiar os outros, visto ter estruturas internas fortes e capazes. Psicologia do Desenvolvimento Co-extensivo à Duração da Vida: • Perspectiva contextual (contexto histórico, social e geográfico – é diferente crescermos na Europa ou na África) • Perspectiva abrangente (cobre todo o ciclo de vida) • Perspectiva multifacetada (admite-se que temos vários conceitos acerca do que é o desenvolvimento) Relógio Social • Acontecimentos normativos: acontecimentos que se dão de acordo com aquilo que é norma para o relógio social; • Acontecimentos idiossincráticos: algo que acontece fora do seu tempo Exemplo: ser mãe aos 45anos/ voltar a estudar aos 45 anos. Expectativas diferenciais em função: o Do sexo; o Da idade o Da classe social. Factores que contribuem para o desenvolvimento: - Contexto cultural • A nível macro: nascer antes da queda do “muro de Berlim” é diferente do que nascer depois da queda do “muro de Berlim” • A nível micro: nascer num contexto urbano é diferente de nascer num contexto rural. - Biológico • Se eu possuo qualquer deficiência, vou deparar-me com muitos obstáculos ao longo do desenvolvimento. - Psico-emocional • Forma como eu encaro as situações com as quais me deparo; • Por exemplo, nos gémeos monozigóticos (proveniente de um único óvulo fertilizado), apesar de terem nascido no mesmo contexto e terem o mesmo património genético, nesta dimensão são diferentes, pois interpretam os sinais que recebem de maneira diferente em alturas diferentes; • Cada um de nós interpreta os sinais de maneira diferente e nesse sentido, podemos interpretar esses mesmos sinais de maneiras diferentes em alturas diferentes. Bowlby (1959) Autor que expressou, pela primeira vez, a ideia do que era a vinculação. Vinculação: ligação que o bebé estabelece com o seu prestador de cuidados (pessoa que transmite ao bebé a segurança que ele necessita e que pode ou não ser a mãe) durante o primeiro ano de vida. As relações de vinculação afectam todo o curso de desenvolvimento, nomeadamente ao nível

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da organização da experiência emocional, da identidade psicossocial e, sobretudo, o desenvolvimento de uma organização da personalidade, mais ou menosfuncional. Vinculação – Suporte social Suporte social: é a percepção que eu tenho de que existe um grupo de pessoas com as quais eu posso contar. Este grupo pode ser mais ou menos vasto. Este suporte social deve prolongar-se ao longo de toda a vida, no entanto, este suporte não necessita estar junto de nós, por vezes, basta o envio de uma simples mensagem, para que sintamos esse suporte social. O desenvolvimento psicossocial poderá resultar da ausência de competências sociais por parte do indivíduo ou por nãos as saber usar. Estas dificuldades reflectem-se em situações de estabelecimento de novas amizades, aceitar críticas, pedir ajuda, lidar com provocações e resistir à pressão dos pares Segundo alguns autores, indivíduos com défices de competências sociais, terão mais dificuldades em encontrar e aproveitar oportunidades a vários níveis, o que pode deixar num vazio q conduza a um desajustamento familiar, ao insucesso e ao abandono escolar; à ausência de projectos e a possíveis consumos e dependências. Factores de Protecção Bry (1996) • Relação entre os membros da família, caracterizada como boa, próxima, duradoura e sem conflitos, métodos de disciplina adequados à idade, boa ocupação do tempo, expectativas de tempo, projectar-se no futuro, ter responsabilidades. Pollard e col. (1997) • Domínio da comunidade: reforços pela sua implicação na comunidade e oportunidades de implicação na comunidade; • Domínio escolar: oportunidades de envolvimento na escola; • Domínio familiar: proximidade e afecto familiares, oportunidades de envolvimento familiar e reforços para esse envolvimento; •Domínio individual: competências sociais, crença na ordem moral, religiosidade. Um desses estudos é o de Canavarro (1999) de onde surgem conclusões importantes acerca das relações afectivas e da saúde mental. Entre ele destacamos: • O suporte social proporcionado pelos pais durante a infância e a adolescência pode ser um factor de protecção de perturbações emocionais na idade adulta; • Ter recebido menor suporte emocional durante a infância e adolescência parece ser factor de risco para o desenvolvimento de protecções depressivas na idade adulta. • Ter recebido menor suporte social e ser rejeitado durante a infância (principalmente pela mãe) pode ser um factor de risco para perturbações de ansiedade na idade adulta; • Na idade adulta, os indivíduos perturbados (com perturbações depressivas ou ansiosas), quando comparados com outros indivíduos sem perturbações emocionais, apresentam um maior índice padrões de vinculação inseguro; • Na idade adulta, pode ser factor de protecção para as perturbações emocionais, apresentar índices de vinculação elevados. Famílias Autoritárias: • Os pais são rígidos e controladores; • São a favor de medidas punitivas e violentas para impor o respeito e autoridade; • Tentam ensinar aos filhos padrões perfeitos/ideais de comportamento; • A ênfase é colocada na prevenção do comportamento inaceitável das crianças, tal como os pais definem este conceito; • O ambiente emocional da família é, muitas vezes, frio e distante. Implicações:

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• As crianças revelam-se, normalmente, mais submissas, dependentes, pouco responsáveis e sem objectivosdefinidos; • Quando adolescentes, as suas opiniões, sentimentos e atitudes são controladas, forçadas e menosprezadas pelos pais. Famílias Permissivas: • Os pais fazem poucas exigências aos filhos; • Têm tendência para ser a favor da razão e da persuasão nas suas interacções com as crianças; • Raramente utilizam a força ou o poder para alcançarem os seus objectivos a nível educacional; • O ambiente emocional da família é, aparentemente, caloroso, embora marcado por uma certa indiferença e desinteresse entre os seus membros. Implicações: • As crianças revelam-se menos responsáveis em termos sociais e menos orientados para a realização e concretização de objectos e regras; • Quando adolescentes, os pais mostram uma certa indiferença ou desinteresse pelas decisões, valores e padrões de comportamento dos filhos: Famílias Autorizadas/Democráticas: • Os pais possuem limites e expectativas firmes no que diz respeito ao comportamento dos filhos; • Esforçam-se por oferecer-lhes orientação através do uso da razão e das regras; • Utilizam de um modo sensato recompensas e punições claramente relacionadas com o comportamento das crianças; • Os pais tem consciência da sua responsabilidade enquanto figuras de autoridade, mas são sensíveis às necessidades e interesses dos filhos; • O ambiente emocional da família é, geralmente, caloroso e de aceitação. Implicações: • As crianças apresentam maior auto-confiança, auto-controlo, curiosidade e satisfação; • Quando adolescentes os pais encorajam a comunicação e o debate dos diferentes valores e atitudes, embora a decisãofinal seja sempre tomada ou aprovada pelo/a pai/mãe. Ou seja, os pais ensinam e explicam, ao mesmo tempo que respeitam o adolescente. Entrada na Primeira idade adulta: Neugarten: Tendência centrífuga; aumento de papeis e de responsabilidades sociais, sobretudo de mais papeis com a entrada no mercado de trabalho, ou ser mãe/pai. Lowenthal: Compromissos: sequenciais, simultâneos. Compromissos Sequenciais: quando, por exemplo, se entra na idade adulta e pretende-se progredir na carreira e só depois se pensa em casar e ter filhos. O planeamento dos acontecimentos dá-se numa sequência. Compromissos Simultâneos: acontece quando a entrada na idade adulta se dá com acontecimentos simultâneos, como por exemplo, uma gravidez ao mesmo tempo que se prolonga os estudos. Consensual entre os diferentes autores: • Importância atribuída à entrada numa profissão; • Compromissos numa relação íntima.

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A entrada na Vida adulta pode ocorrer em momentos diferentes, sendo que para uns pode ocorrer aos 18 anos e para outros aos 30 anos ou para outros pode nunca ocorrer. A entrada na Vida adulta pressupõe: independência financeira (ter um emprego); independência habitacional (ter casa própria). Vida Adulta: alternância entre períodos de estabilidade com períodos de transição (para outros crise) Crise quer dizer ruptura, disfuncionamento, que pode até gerar problemas psíquicos. [pic] Desenvolvimento psicossocial de Erikson Erik Homburger Erikson (Frankfurt, 15 de Junho de 1902 — Harwich, 12 de Maio de 1994) foi um psiquiatra responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial naPsicologia e um dos teóricos da Psicologia do desenvolvimento. Começou a sua vida como artista plástico. Em 1927, depois de estudar arte e viajar pela Europa, passou a leccionar em Viena a convite de Anna Freud, filha de Sigmund Freud. Sob orientação dela, submeteu-se à psicanálise e tornou-se, ele próprio, psicanalista, embora tenha tecido criticas à psicanálise por esta não ter em conta as interacções entre o indivíduo e o meio, assim como por privilegiar os aspectos patológicos e defensivos da personalidade. No início da carreira, o interesse de Erikson esteve voltado para o tratamento de crianças e as suas concepções de desenvolvimento e de identidade influenciaram as pesquisas posteriores, nomeadamente sobre a adolescência. A Erikson se deve a expressão "crise da adolescência". AS 8 IDADES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL Idade I – Bebé (do nascimento aos 18 meses) Idade II – Criança de tenra idade (18 meses aos 3 anos) Idade III – Criança em idade pré-escolar (3 aos 6 anos) Idade IV – Criança em idade escolar (6 aos 12 anos) Idade V – Adolescente (12 aos 20 anos) Idade VI – Jovem adulto (20 aos 35 anos) Idade VII – Adulto (35 aos 65 anos) Idade VIII – Idoso (a partir dos 65 anos). IDADE I – BEBÉ • Corresponde ao estádio oral de Freud; • Apresenta como conflito típico a desconfiança versus confiança; • Existe uma grande importância do relacionamento do bebé com a mãe; • A virtude desenvolvida é a Esperança. IDADE II – Criança de tenra idade (18 meses aos 3 anos) • Aproxima-se do estádio anal de Freud; • Apresenta como conflito típico a autonomia versus vergonhae dúvida; • Tem uma grande importância o desenvolvimento das capacidades motoras (Ex.: correr, saltar, jogar, etc.); • Desenvolve a virtude da Força de Vontade, do Querer. IDADE III – Criança em idade pré-escolar (3 aos 6 anos)

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• Aproxima-se do estádio fálico de Freud; • Tem como conflito típico a iniciativa versus a culpa; • Dá importância ao estímulo e reforço da iniciativa; • Surge a virtude da Tenacidade, da Determinação. IDADE IV – Criança em idade escolar (6 aos 12 anos) • Aproxima-se ao estádio de Latência de Freud; • Surge como conflito típico a diligência versus sentimento de inferioridade; • Revela-se a importância do sucesso em relação aos outros; • Tem como virtude a Competência ou a Perícia; IDADE V – Adolescente (12 aos 20 anos) • Aproxima-se ao estádio genital de Freud; • Apresenta como conflito típico a identidade versus confusão; • Dá importância ao sucesso das fases anteriores; • Revela a virtude da Auto-confiança. IDADE VI – Jovem adulto (20 aos 35 anos) • Surge como conflito típico a intimidade, versus isolamento; • Foca a importância nos relacionamentos; • Surge como virtude o Amor e a Afiliação1 IDADE VII – Adulto (35 aos 65 anos) • O conflito típico é o de gerar versus estagnar; • Dá grande importância à procriação e à produtividade; • Tem como virtude a Produção e Ajudar as outras pessoas. IDADE VIII – Idoso (a partir dos 65 anos) • Apresenta o conflito típico da integridade, versus o desespero; • Foca a importância de ter um balanço positivo na vida; • A suavirtude é a Sabedoria. Conceito de adolescência A adolescência é o processo dinâmico entre a Infância e a Idade Adulta que se inicia com a puberdade e termina com a aquisição da identidade, Autonomia, da elaboração de projectos de vida e da integração na sociedade. Os limites temporais variam segundo critérios psicológicos, sociais e culturais, entre outros. No entanto, no geral abrange o período dos 12/13 anos aos 18 anos, existindo uma diferença entre os sexos, isto é, as raparigas atingem a adolescência e termina mais rapidamente que os rapazes. É um período de inquietação devido a sentimentos contrários, como a autonomia e a dependência. Para Piaget (Desenvolvimento Cognitivo/intelectual) a adolescência situa-se no estádio das operações formais (dos 11/12 anos aos 15/16 anos): • O pensamento não tem necessidades de referência a objectos concretos, como por exemplo uma bicicleta, como anteriormente, sendo abstracto; • Atinge-se a maturidade intelectual; • È uma fase não social, no sentido em que a interiorização de valores e conceitos leva ao desprezo pela sociedade, e a vontade de a mudar, predominando a existência de grupos. Para Erikson (Desenvolvimento Psicossocial), a adolescência situa-se entre os 12 até aos 18/20 anos e corresponde à Idade V – Adolescente:

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• Surge a Crise da Adolescência, ou seja a crise da identidade; • O conflito do adolescente é a identidade versus a confusão de papéis; • Observa-se também a experimentação de papéis versus a fixação de papéis. Para Freud (Desenvolvimento Psicossexual), a adolescência situa-se entre os 11/12 anos até à puberdade ecorresponde ao estádio genital: • É o acordar dos desejos sexuais; • É a atracção por pessoas de fora do seio familiar. Mudanças na adolescência Na adolescência observam-se várias mudanças a nível fisiológico, afectivo, intelectual, e sócio moral. Relativamente às mudanças fisiológicas, observa-se que o corpo da criança começa a alterar-se, gradualmente, aproximando-se do corpo do adulto. Nas raparigas desenvolvem-se as mamas, as curvas, surgem os pêlos pelo corpo e a menstruação. Nos rapazes os pêlos crescem em todo o corpo, a zona genital aumenta, a voz modifica-se, inicia-se a capacidade de ejacular esperma, e os músculos desenvolvem-se. Nesta fase dá-se início à sexualidade com as raparigas e os rapazes já a poderem ter relações sexuais e engravidá-las. No plano afectivo observa-se que o adolescente isola-se, procurando descobrir e formar a sua própria identidade. Nesta fase, é muito comum, as mudanças súbitas de humor, a que não são alheias as mudanças hormonais e a confusa no assumir papéis. É ao melhor amigo que o adolescente confidencia, substituindo assim a família, e também, é ao melhor amigo que se associa como companheiro. Os modelos com que passa a identificar-se relacionam-se com o grupo de pares onde está inserido. Em termos intelectuais, o jovem vai criticar e interrogar o futuro e a sociedade, revelando, muitas vezes, sentimentos de desprezo e rejeição da sociedade onde se encontra inserido. Nesta fase o adolescente começa a projectar a sua vida para o futuro, sentindo-se o centro da vida e reconhecendo apenas as suas teorias sobre o Mundo, como as únicas correctas e válidas. Finalmente podereconhecer-se no adolescente algumas mudanças sócio morais. Este defende os seus valores com uma grande radicalidade, uma vez que tem dificuldade em reconhecer validade aos valores dos outros. Mostra um desejo de atingir uma perfeição moral, dentro dos seus valores. Embora seja egocêntrico, demonstra altruísmo e defesa de valores de justiça social. Assim ganha consciência que alcançou um novo estatuto e pode ocupar um novo papel na sociedade. Competências A competência é a medida em que o comportamento de uma pessoa é considerado adequado no exercício das tarefas que fazem parte da nossa vida quotidiana. Uma pessoa competente é a pessoa que consegue equilibrar as tarefas do dia-a-dia com as aptidões que possui para as executar. Vários factores influenciam a competência, seja de uma forma positiva, seja de uma forma negativa. Factores positivos que influenciam a competência: • Boa disposição; • Auto-estima elevada e confiança em si próprio; • Casa limpa; • Boas relações com familiares e amigos – factores de protecção. Factores negativos que influenciam a competência: • Acontecimentos desagradáveis, como o falecimento de um familiar, um divórcio) • Doenças do foro mental.

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DESENVOLVIMENTO ADULTO SEGUNDO LEVINSON [pic] A teoria das estações da vida adulta de Levinson Primeira transição do adulto – 17/22 É uma ponte entre a infância e a adolescência e a vida adulta. Como todas as transições constitui uma viragem crucial no ciclo de vida. O sentido do eu, que se foi desenvolvendo durante os períodos que precedem a vida adulta, é, agora, reavaliado e modificado. Surge umnovo degrau na individualização quando o jovem adulto modifica as suas relações com a família e com os outros componentes do mundo pré-adulto e começa a assumir um lugar enquanto adulto num mundo adulto. A palavra-chave desta fase de transição é separação, encarada enquanto afastamento do mundo que antecede a vida adulta, em particular da família de origem. A separação manifesta-se, exteriormente, na crescente independência financeira e na assunção de papéis com alguma responsabilidade. Internamente, envolve uma crescente diferenciação do eu em relação às primeiras figuras familiares e uma diminuição da dependência quanto ao apoio e à autoridade parental. Durante esta fase estabelecem-se as primeiras ligações com o mundo adulto, através da exploração das suas potencialidades, da participação que nele poderá vir a ter, na consolidação da identidade adulta, e na realização e avaliação de algumas escolhas preliminares de natureza familiar e profissional. INÍCIO DA VIDA ADULTA – 22/45 Nas palavras de Levinson “biologicamente, os 20 e 30 anos de idade são o ponto máximo do ciclo de vida. Em termos sociais e psicológicos, a idade de jovem adulto é a estação em que se formam e prosseguem jovens aspirações, de estabelecimento de um nicho na sociedade, de desenvolvimento de uma família, e, quando a era acaba, de aquisição de uma posição mais sénior no mundo adulto. Pode ser uma época de grande satisfação em termos de amor, de sexualidade, de vida familiar, de carreira profissional, de criatividade, e de realização dos mais importantes objectivos de vida. Mas também pode ser uma época de grandes tensões. A maior parte das pessoasadquire, simultaneamente, o fardo da paternidade e a assunção de uma ocupação. Incorre-se em pesados encargos financeiros quando a capacidade financeira é ainda relativamente pequena. Fazem-se escolhas cruciais quanto ao casamento, família, trabalho, e estilo de vida antes de ter maturidade ou experiência de vida para escolher com sabedoria”. A entrada no mundo adulto – 22/28 • Exploração das possibilidades da vida adulta: o que pressupõe abertura em relação a diferentes opções, a não assunção de compromissos definitivos e a maximização de alternativas; • Desenvolvimento de uma estrutura de vida estável: o que pressupõe tornar-se mais responsável e “fazer qualquer coisa com a minha vida”. Transição dos 30 anos – 28/33 • Oportunidade de revisão e de modificação da primeira estrutura de vida, nomeadamente quando o individuo sente que a vida que leva não corresponde ao que tinha “sonhado” • Sensação da urgência do tempo para reestruturação. Período de Estabelecimento – 33/40 • Consolidação de uma posição na sociedade, o que pressupõe o desenvolvimento de raízes, uma ligação sólida com a família, com a profissão e com a comunidade; • Desenvolvimento da estrutura resultante do trabalho efectuado na prossecução da primeira tarefa. Transição para meia-idade – 40/45 • É o culminar da vida de jovem adulto e o início da meia-idade;

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• Questionamento de muitos aspectos da estrutura de vida experienciada; • Desenvolvimento de uma nova etapa no processo de individualização (no entanto, tem que se ter em conta aquilo que o relógio social ainda me permite fazer) Entrada para a meia-idade– 45/50 • Desenvolve-se uma nova estrutura de vida. Embora se comece a verificar uma gradual diminuição das capacidades biológicas, estas são suficientes para permitir uma vida enérgica, socialmente produtiva, podendo proporcionar uma elevada satisfação pessoal. Transição dos 50 anos – 50/55 • Esta nova transição os sujeitos avaliam a estrutura de vida da meia-idade. Se não ocorreu crise na transição para a meia-idade, esta pode ocorrer agora. Culminar da meia-idade – 55/60 • Construção de uma nova estrutura da meia-idade, pode ser uma época que proporciona grande satisfação se os sujeitos se adaptarem as estruturas de vida às mudanças de papéis e do eu. Transição para a terceira idade – 60/65 • Preparação para a reforma e para o declínio físico; • Na perspectiva de Levinson, trata-se da maior mudança do ciclo de vida; • Uns preparam-se para as mudanças e vivem bem com envelhecimento, outras não conseguem aceitar o envelhecimento. Vida adulta tardia – depois dos 65 anos • Adaptação ao declínio físico; • Adaptação aos problemas psicológicos decorrentes da perda de juventude. Um dos resultados do estudo de Levinson (1978) que maior impacto teve na comunidade científica é que a partir da meia-idade a maioria dos homens (cerca de 80%) vive uma crise, mais ou menos intensa, decorrente do confronto entre os sonhos, as fantasias e ilusões e a situação real familiar e profissional. De acordo com Levinson, essa crise pode expressar-se de três modos: 1 – Abandono da última estrutura e início de uma nova vida (familiar, profissional, social); 2 – Sentimento pessoal de fractura interna, semexpressão externa; 3 – Sintomas físicos (alterações do sono, enfartes, consumo excessivo de bebidas). É de salientar, porém, que nem todos os autores que têm estudado esta crise encontram resultados concordantes com os de Levinson. www.forma-te.com/mediteca/download-document/3407-psicologia-do-desenvolvimento.html- Características psicológicas do idoso CONCEITO DE IDOSO – De acordo com a OMS o Idoso é uma pessoas com mais de 65, independentemente do sexo ou do estado de saúde. EXPERIÊNCIA DO IDOSO – A concepção que a sociedade criou sobre os idosos variou ao longo do tempo. Nas sociedades antigas, as pessoas mais velhas eram vistas com respeito e detinham uma influência decisiva nos assuntos da comunidade. A sociedade olhava para o idoso como o Ancião depositário de muitas experiências, de muito saber, de muito conhecimento. Já nas sociedades industrializadas e mais modernas os idosos perdem quase toda a autoridade, tanto à volta da família que o rodeia, como na sociedade em geral. Especula-se um fenómeno de marginalização e afastamento dos idosos, mas parece haver (nota-se) um retrocesso nestes procedimentos, felizmente.

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TEORIAS Vamos referir-nos a algumas teorias existentes sobre os idosos das quais se faz referência às seguintes: TEORIA SOCIAL As teorias sociológicas assentam tanto no interaccionismo simbólico como na Teoria da estrutura social. Rocio Fernandez-Ballesteros fala na Teoria da Subcultura, na qual se constata que a velhice acaba por conduzir a pessoa idosa ao isolamento. Este isolamento foi abordado por Rox (anos 70) postulando que os mais velhos possuem todas as característicasde qualquer grupo isolado. O envelhecimento social da população suscita mudanças no status assim como no seu relacionamento com os outros, em função da crise da identidade. A falta de papel social conduz à perda de auto-estima, (a maior mudança que se verifica é devido ao abandono da sua actividade produtiva). Uma maior disponibilidade de tempo acarreta a necessidade de se adaptar a novos papéis impostos pela sociedade transformada. No que diz respeito aos contactos sociais, a partir de certo momento, muitos idosos manifestam uma diminuição nos seus relacionamentos. Ou seja, apelam à indisponibilidade de tempo, à vida agitada e as suas relações com os seus filhos, netos, colegas e amigos tornam-se desajeitadas. Para tal não acontecer, é necessário empenho para criarem novos relacionamentos e aprenderem um novo estilo de vida que minimizem essas perdas. - TEORIA DA INTEGRAÇÃO SOCIAL (Durkheim) - Segundo a perspectiva de Durkheim, a integração social promove um sentido de significado e de propósito para a vida (Durkheim, 1991). Isto é, a integração social leva ao suporte social, protegendo a pessoa contra problemas que podem levar a comportamentos desviantes. Neste sentido, a integração social acontece através de um comprometimento que as pessoas têm com a ordem social, que vem exercer controlo sobre o comportamento dos indivíduos. Além disso, a integração social pode ainda ser medida através da frequência e da intensidade dos contactos sociais. Estes contactos, por sua vez, também reforçam o sentimento de pertença dos indivíduos face à sociedade, o que afecta positivamente a sua saúde. No entanto, esta integração socialcom base na frequência dos contactos pode trazer efeitos negativos na saúde dos indivíduos, mas isso tem que ser medido pela qualidade dos contactos e não só pela quantidade. No geral, a frequência dos contactos promove bem-estar aos indivíduos. - TEORIA DAS TROCAS (Peter Blau) - A interacção entre os indivíduos pode ser caracterizada como uma tentativa de maximizar recompensas e reduzir custos, materiais ou imateriais. A família é tida como elemento fundamental enquanto espaço de trocas e interacções (Giddens, 2004). No que concerne ao envelhecimento, a teoria das trocas aplica-se principalmente através de pesquisas sobre a família, avaliando o decréscimo nas interacções sociais entre jovens e idosos, o que acontece quando os idosos têm menos recursos com que contribuir em situações de trocas entre gerações. Assim, tem por base a relação que o envelhecimento estabelece com a diminuição dos recursos, por terem pouco para trocar, podendo estar afectados pela modernização social ou problemas de saúde (Giddens, 2004). Portanto, quanto maior for o capital cultural ou económico que um idoso possa transmitir à sua família, maiores são as hipóteses de solidificar a solidariedade no seio familiar e a sua dependência ser positiva, sem terem a sensação de constituírem uma "carga". TEORIA PSICOLÓGICA Para além das teorias biológicas que nos dão uma ajuda a perceber o processo de

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envelhecimento, muitas outras teorias tentam também encontrar explicações para o mesmo. Neste sentido, a psicologia tem-se preocupado com a descrição das diferentes maneiras de envelhecer relacionando com a inteligência, memória, personalidade,motivação, habilidades, pois segundo Constança Paúl (1991), tudo isto, quando exercitado, contribui para a preservação da capacidade funcional e bem – estar dos idosos. Porém esta mesma autora refere que no caso dos idosos considerados mais pobres, com baixa escolaridade e baixas expectativas, dado que a sua experiência de vida lhes ensinou que elas não seriam preenchidas ou acessíveis, as aspirações dos idosos são baixas e desadaptadas com o meio. (Paúl, 1991: 265). Os papéis profissionais e as interacções sociais neste período da vida são também factores psicológicos que afectam os idosos. Ou seja, no que se refere aos papéis profissionais, é a reforma a principal mudança dado que se vêem retirados da actividade profissional e consequentemente colocados em situação de reforma. Porém, a reforma leva a uma alteração brusca nos papéis profissionais, determinando o fim para a maioria dos idosos. Com a mudança de papéis, gera-se um processo de adaptação, em que para alguns, não é inteiramente bem sucedida, resultando muitas vezes em insatisfação ou até mesmo desespero. Por outro lado, as pessoas idosas vão-se deparando com perdas ou sucessivas privações, nomeadamente, na saúde, na actividade profissional, perda do cônjuge, dos amigos, entre outros. Tais situações criam no idoso fragilidades psico-afectivas e sentimentos de intensa vulnerabilidade. A sua adaptação a um processo de mudança com perdas e limitações caracteriza o envelhecimento como “ o luto que a pessoa de idade vai ter de fazer de uma certa imagem de si própria, como pessoa, como ser social, como membro de uma comunidade”. (Cordeiro, 1987: 236). TeoriaBiológica O envelhecimento como fenómeno biológico tem sido interpretado em ligação com teorias que explicam as causas do envelhecimento celular e do aparecimento de perturbações de saúde. Neste sentido, tais teorias defendem que todo o organismo multicelular dispõe de um tempo limite de vida, em que as probablidades de sobreviver vão sendo cada vez menores à medida que se avança na idade (Lellouch 1992). A causa do envelhecimento advém das alterações moleculares e celulares que acaba por resultar em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo. Por outro lado, segundo Gyll, este também defende que quanto mais se utilizar uma aptidão intelectual mais ela será protegida do envelhecimento (1980). A prática do exercício físico levou a melhores resultados a nível do raciocínio, memória e do tempo de reacção, tal como foi testado por Clarkson – Smith e Hartley (1989). Verifica-se ainda no idoso, uma perda da auto-estima o que pode levar ao isolamento. Neste sentido, e porque o envelhecimento é a contrapartida do desenvolvimento (Birren e Cunningham, 1985), a forma como se vive com o envelhecimento, resulta da forma como o indivíduo antes se desenvolveu, ou seja, resulta do comportamento dos indivíduos e dos factores ambientais. Aposentação A Aposentação traduz-se, essencialmente, numa pressão para a desistência de escolhas, num

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decréscimo de exigências sociais específicas, numa desvalorização e perda de utilidade para alguns indivíduos. A forma como se vive a aposentação está muito relacionada com as vivências que cada um tem ao longo da vida. Para uns, sentido como algo positivo (mais tempolivre para fazer o que não se pôde até então), para outros como obrigação, frustração. Aspectos psicológicos da Aposentação • Desenvolvimento de sentimentos de inutilidade e de auto-desqualificação; • Desenvolvimento de sentimentos de vazio, associados a problemas de distribuição satisfatória do tempo; • Perda de significado social (porque deixou de estar no mundo do trabalho enumerado; • Possível reestruturação da relação de casal; • Possível reestruturação dos paradigmas de vida, como consequência de um decréscimo dos rendimentos; • Vida mais simples e rotineira; • Possível mudança de residência, por vezes com perda de privacidade. Esta perda de privacidade dá-se quando, por exemplo, os aposentados vão para casa dos filhos ou para um lar, e pode não ser muito bem gerida. A nossa aposentação é já preparada na juventude ou, pelo menos, deveria sê-lo: se eu sou um jovem empreendedor, mexido, sempre à procura de coisas novas, terei uma aposentação mais saudável; se sou um jovem que leva uma “vidinha” muito igual, que não procuro nada de novo e tento manter sempre tudo muito certinho, terei uma aposentação mais rezingona, podendo viver constantemente de mal com a vida. Desenvolvimento intelectual na Idade Adulta Os estudos revelam que: • As aptidões desenvolvem-se diferenciadamente; • Verificam-se declínios, mas só tardiamente, na vida dos indivíduos; • A inteligência cristalizada apresenta uma trajectória ascendente, isto é, um acréscimo praticamente ao longo da vida; • A inteligência fluida apresenta uma trajectória descendente, isto é, um decréscimo a partirde um certo período da vida; • Certas aptidões (fluidas) declinam mais cedo que outras (cristalizadas); • Há diferenças importantes no desenvolvimento da inteligência. Capacidades intelectuais mais afectadas pela idade: • Capacidades psicomotoras e actividades perceptivas; • Agilidade mental; • Resolução de problemas espaciais; • Compreensão de novas estratégias de pensamento e de trabalho; • Adaptação a novas situações; • Resolução de tarefas não familiares e não sujeita a treino; • Capacidade de organizar informações, de se concentrar, de manter e dividir a atenção – capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo vai diminuindo. No entanto, esta diminuição será tanto menor, quanto mais eu usar esta capacidade, logo, se eu exercito esta capacidade, a diminuição será menor. Capacidades intelectuais menos afectadas pela idade: • Dimensão pragmática da inteligência; • Informação verbal; • Situações especializadas; • Tarefas familiares;

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• Conhecimento acumulado: é mais fácil guardar na memória factos acontecidos há muito tempo atrás, do que a informação mais recente (memória de longo prazo vs memória a curto prazo). Factores susceptíveis de reduzir o risco de declínio: • Ausência de doenças cardiovasculares e outras doenças crónicas; • Ambiente favorável (nível socioeconómico elevado) • Participação em actividades intelectualmente estimulantes; • Programas de treino de competências; • Satisfação com o que se conseguiu realizar ao longo da vida, por altura da meia-idade ou inicio da velhice: se concretizei os meus planosvou ter uma velhice muito mais feliz. ASPECTOS IMPORTANTES Envelhece-se mal quando se sacrifica o presente ao passado; - Resistência: “No meu tempo…” - Atitude de protecção, de Superioridade – os CONFLITOS recalcados de outrora reaparecem com a idade. - Reaparecimento de RELAÇÕES de DEPENDÊNCIA (≈ infância) – é desautorizado pelos filhos, com Perda da Autoridade. Desconfiança. EMOÇÕES Na Velhice as emoções são mais moderadas; muitas pessoas, mesmo os mais queridos desaparecem, sem que o indivíduo se mostre muito afectado, à excepção dos mais próximos: filhos e cônjuge; Tudo isto é acompanhado por fortes Sentimentos de Vulnerabilidade e Fragilidade Psico-afectiva. Paralelamente: - A diminuição da faculdade de amor, de simpatia, de compaixão, produz muitas vezes uma permeabilidade afectiva que pode conduzir à susceptível e chorosa ou à alegria exuberante, caracterizadas quer por choro como por um rio espasmódico, devido ao enfraquecimento das funções de controlo / inibição. CONSCIÊNCIA As consciências de si próprio, a ordenação do pensamento tornam-se cada vez mais reduzidas; daqui decorre a tendência de iludir sistematicamente, tanto perante si como dos outros, tudo o que é : penoso, desagradável, negativo, reprimido na confabulação. “O pensamento passa a ser regido pelo Princípio de Prazer e Desprazer” Tenta negar: - A sua invalidez - A sua dependência - A sua fraqueza. CARÁCTER E TRAÇOS DE PERSONALIDADE Modificações mais evidentes (ATITUDES e TRAÇOS): • Reacções excessivas face às dificuldades • Autoritarismo • Impaciência perante a menor contrariedade • Acessosde cólera, por vezes extremamente violentos • Egoísmo – centrados sobre si próprios • Recusa em expor as razões do silêncio • “Enclausuramento”

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Vão germinando internamente: o Sentimentos de revolta o Manias de perseguição o Ideias vingativas Tónica geral: - Aparecimento de pensamentos tristes, depressivos e angustiados. - Regressão egocêntrica das tendências. - A alegria de viver existe apenas nas conquistas bem sucedidas e das satisfações conseguidas. O Idoso e a Solidão Solidão: “é uma experiência muito difícil que se liga a uma necessidade de intimidade não satisfeita, relativa a relações sociais sentidas como insuficientes ou não satisfatórias.” • O sentimento de Solidão surge quando as expectativas individuais em relação aos contactos com as outras pessoas são reduzidas e pouco satisfatórias. • Interfere com a saúde e segurança das pessoas com idade avançada. • A falta de actividade e de planos diários é também responsável pela solidão. • Tudo o que possa diminuir a auto-estima (perda de papéis, problemas de saúde, reforma, isolamento social, etc.) pode aumentar a solidão. • Este problema é ameaçador nas pessoas idosas, podendo ser particularmente grave para os que vivem sós ou com graves problemas de saúde. • A solidão é vivida de uma forma muito especial pelos idosos porque nesta idade não existem alternativas para lidar com a situação. Assaltam-no sentimentos de inferioridade porque se vê como “chato”, “um estorvo” ou um impedimento para a realização dos projectos dos outros. A Depressão no Idoso o ADepressão pode designar uma doença, ou um simples estado afectivo – a Tristeza. o Sintomas da DEPRESSÃO: - Ansiedade - Agitação - Preocupação - Dor mental e sentimentos de culpa, vivência forte e contínua de infelicidade, onde o passado se imobiliza sob a forma de vivências de culpabilidade, o presente rejeitado por ideias de ruína e o futuro se encontram totalmente bloqueados devido a ideias de catástrofe eminente e de morte. Existem diferentes modos de estar triste: - A tendência habitual para estar triste, entendido como “ser triste” - A tristeza natural e compreensível com o sentido de expressão de uma perda - O estar deprimido na base de uma doença orgânica, em que a tristeza é motivada pelo mal-estar corporal - A tristeza vital, vivenciada como o desespero da depressão. Muitas situações de depressão encontram-se relacionadas com o rompimento, ou com a ameaça de rompimento de vínculos ou de diversos tipos de relações afectivas com familiares próximos. Deste modo, a depressão no idoso virá forçosamente exercer a sua influência nos indivíduos que com ele se relacionam intimamente. Relação cliente/utilizador e família/comunidade Há necessidade de existência de intervenções integradas que mobilizem diversos organismos e que possibilitem uma maior eficácia ao nível da inserção social e profissional dos públicos mais

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vulneráveis aos processos de exclusão. Deve-se, pois, fomentar as condições para a qualidade dos/nos serviços e para o surgimento de respostas integradas, indispensáveis ao desenvolvimento de um trabalho no domínio da inserção social e profissional de públicos desfavorecidos. Numabreve síntese esperamos poder contribuir para uma reflexão contínua em torno destas questões e para uma orientação prática do acto de atendimento e acompanhamento social. ÉTICA A Intervenção Social é sempre um pau de dois bicos que podem ser conflituais: - Respeitar as diferenças individuais. - Promover o bem público. Contudo, não podemos esquecer os aspectos essenciais de uma relação profissional: Relativas aos utentes - Diferença de posicionamento e de poder entre os elementos intervenientes. - Respeito mútuo entre esses elementos e as suas diferenças. - Fiabilidade da relação e do contrato a estabelecer. - Clareza das situações e dos limites. - Confidencialidade até aos limites dos direitos dos outros. Relativas às Instituições - Cooperar com aquelas que respeitam a profissão e os princípios éticos. - Executar com responsabilidade e criticamente os objectivos e funções fixadas pela Instituição - Contribuir para o desenvolvimento institucional. - Manter a responsabilidade para com o cliente e comunidade, avaliando os processos em curso. Relativas aos Colegas - Respeitar o saber, a experiência e a prática dos colegas. - Reconhecer a diferença de posição. - Comunicar superiormente violações da ética. - Assegurar-se que os clientes estão protegidos. - Defender os colegas contra acções injustas. Cada utente tem o sentimento, tanto no receber e dar informação como na forma de se expressar. Cada pessoa precisa de um tempo para se expressar, para ganhar confiança, para compreender o que lhe dizem, vamos respeitá-lo. Temos um código a cumprir! [pic] COMUNICAÇÃO A comunicação é o espaçoprivilegiado da intervenção e a forma como se comunica é decisiva para a resolução dos problemas. Comunicar é pôr em comum; compartilhar experiências, ideias e atitudes com as pessoas e a comunidade, em geral. Comunicar pressupõe uma participação através de um intercâmbio de informação. Para bem comunicar é preciso: - Fazer uma Escuta Activa – Processo que exige participação e envolvimento. Não é falar por si e pelas outras pessoas (tagarela). Não é falar do que a outra pessoa lhe disse, interpretando-o à sua maneira (deturpação). Não é entrar em pormenor relativamente a uma emoção menos importante, descurando da emoção inicial.

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Regras para saber ouvir: • Não falar • Saber ouvir/escutar • Compreender a sensibilidade do receptor • Evitar motivos de distracção • Tornar as ideias claras antes de as comunicar • Reformular a mensagem em caso de dúvida • Solicitar feedback • Concentrar-se no que a pessoa diz • Saber deixar falar • Não interromper o outro • Certificar-se do que foi dito • Controlar as emoções pessoais • Eliminar juízos imediatos • Mostrar ao outro que está atento. • Utilizar de forma adequada a comunicação verbal e não verbal. Ser Assertivo – Concretiza-se com recurso a micro técnicas de comunicação: • Reforços verbais: “Compreendo… Estou a perceber…” • Reforços não verbais: postura, olhar, sorriso, aparência. • Acompanhamento do discurso: controlo das distorções. • Colocar as perguntas de uma forma apreciativa, afirmativa. Estabelecer Empatia • Colocarmo-nos no lugar do outro. • Adaptar amensagem ao outro, às suas especificidades culturais (se existirem); à sua formação base. • Tornar a mensagem clara de modo que o receptor compreenda. Dar Feed-back • Lembrar de aferir se a mensagem está, de facto, a ser clara e perceptível. • O feed-back permite verificar se a mensagem foi compreendida para ser concretizada. Mantenha a sua mensagem clara e simples! DIAGNÓSTICO Planear é uma forma de se saber o que se pretende fazer e de mobilizar os recursos existentes. O Diagnóstico é uma das etapas fundamentais em qualquer processo de planeamento, é o diagnóstico que deve orientar a definição dos objectivos de um programa/percurso de inserção. Neste entendimento, o diagnóstico é uma peça fundamental para os processos de mudança. CONSTRUÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO INDIVIDUAL Principais Características: Ser completo – Incluir informação verdadeiramente relevante e significativa para a compreensão da situação e do contexto em que esta se insere, identificando as fragilidades e descobrindo as potencialidades favoráveis à mudança.

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Ser preciso/claro – Utilizar linguagem clara e objectiva e excluir excessos de informação que não acrescentam significado à compreensão dos problemas (contrariar visão enciclopédica). Ser pertinente – Interpretar cada uma das dimensões e factores do problema e a sua dinâmica, de modo participado. Constituir-se enquanto processo e instrumento capaz de orientar a acção. Ser oportuno – Realizar-se ou actualizar-se de cada vez que é preciso tomar decisões que alteram a actuação no presente e no futuro. Ser um instrumento de mudança e de evolução – Mobilizar nosindivíduos/famílias a capacidade de expressão, de análise e a tomada de consciência das situações/problema (o sucesso de um projecto de intervenção, de âmbito mais individual ou colectivo depende, também, da forma como os actores se apropriam do diagnóstico). As 6 Questões Chave para orientar um bom diagnóstico: • Informa sobre os problemas, necessidades, interesses, forças e fraquezas. • Responde ao porquê desses problemas. Coloque constantemente as perguntas que permitem “desconstruir” o problema: “qual é o problema?”, “quais as causas e os efeitos do problema?” • Identifica recursos. • Determina prioridades para a intervenção que devem estar de acordo com a lógica de “desconstrução” do problema. • Estabelece estratégias de acção. • Identifica os factores de exequibilidade da intervenção. PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA RELAÇÃO DE AJUDA As necessidades do Ser Humano constituem a principal finalidade dos cuidados. A relação de ajuda é um processo que se desenvolve à medida que as intenções se estabelecem numa atmosfera de confiança, sendo para isso fundamental que o Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade, e os idosos se apliquem verdadeiramente. Na relação de ajuda em gerontologia os principais objectivos no modo de lidar com os idosos são: - Aumentar a sua auto-estima e o sentimento de segurança e levá-lo a desenvolver atitudes positivas face às suas necessidades; - Diminuir a sua ansiedade até ao máximo; - Fazê-lo viver uma experiência positiva e gratificante; - Ajudá-lo a melhorar as suas capacidades de comunicação e a entrar em relação com os outros; - Proporcionar-lhe ocasiãopara crescer no plano pessoal; - Ajudá-lo a encontrar um sentido para a sua vida; - Manter um ambiente estimulante no que se refere aos planos biológico, mental, emocional e social; - Compilar os dados necessários à realização de um processo exaustivo que permita prestar cuidados personalizados; EASYcare – Padrão europeu de avaliação das necessidades da pessoa idosa. (Sistema de Avaliação de Idosos). Para iniciar uma relação de ajuda deve estar-se: - Aberto e receptivo aos outros; - Desperto para as suas próprias reacções e sentimentos pessoais. Para ajudar as pessoas a compreender o seu comportamento a relação de ajuda baseia-se: - Na demonstração de cortesia; - Compreensão;

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- Interesse; - Empatia; - Bondade; - Aceitação; - Calor humano; - Firmeza; - Apoio; - Estabelecimento de limites. Deve criar-se: - Um clima de serenidade; - Uma disponibilidade afectiva e efectiva; - Um bom acolhimento com a respectiva capacidade de escuta, ouvir e entender a situação do utente em estado de crise, de ansiedade e de confusão. As atitudes fundamentais da relação de ajuda são: - Capacidade de escuta; - Empatia; - Respeito; - Congruência; (É a correspondência entre aquilo que sentimos e aquilo que se exprime durante a relação de ajuda). - Clareza. ACOMPANHAMENTO DE CLIENTES/UTILIZADORES ACOMPANHAMENTO O envelhecimento normal corresponde à aceitação do mesmo e representa uma reorganização eficaz das defesas da personalidade, ao passo que a Depressão corresponde ao fracasso dessas defesas, pela impossibilidade de exteriorizar a vivência depressiva desencadeada pelo envelhecimento e por umaincapacidade de manifestar os seus medos e as suas angústias. INTERVENÇÕES • Visão Holística¹ e Humanista² do Homem • Estabelecer Relação de Ajuda • Actuar segundo o grau de Dependência: FAZER \ AJUDAR \ ORIENTAR \ SUPERVISIONAR \ ENCAMINHAR • Prevenir complicações e sequelas • Manter capacidades integrais • Não desprezar capacidades diminuídas • Recuperar capacidades desaparecidas • Promover aceitação, compreensão das limitações • Incentivar e orientar o processo de integração ¹ Que procura um entendimento integral dos fenómenos ² Que valoriza o saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem. RELAÇÃO DE AJUDA o Para ajudar a pessoa idosa, tem que se conquistar a sua confiança, saber e acreditar que possui os recursos básicos e a capacidade de mudança, para dar solução aos seus problemas ou adaptar-se a eles. o Estabelecer uma relação deste tipo com alguém não representa necessariamente arranjar

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soluções para os seus problemas mas sim ajudá-lo a desenvolver capacidades para enfrentá-los. o Devemos ajudá-los a descobrir as suas potencialidades, os seus recursos, dando-lhes a oportunidade de eles os utilizarem como escolherem. o Para os idosos a necessidade de contacto é primordial, pois não podem sobreviver física ou emotivamente a um abandono ou à ausência do mesmo. o Quando os idosos estão integrados numa rede de suporte psicológico adequado, a mortalidade e a incidência de doenças diminuem. o A RELAÇÃO DE AJUDA é um processo que se desenvolve à medida que as interacções se estabelecem numaatmosfera de CONFIANÇA. Conseguir uma relação de ajuda significa que a pessoa que ajuda possa ter interacções “abertas” com o outro, mantenha uma atitude positiva face aos seus pares e vise atingir objectivos de LIBERDADE em vez de controlo. PALAVRA-CHAVE: AFECTO (atitude natural) MOTIVAÇÃO “Desde que tenhamos um motivo importante e nobre por que viver, a Vida, em nós mobiliza-se e descobre como viver.” Viktor Frankl “O que posso esperar da Vida?” “O que espera a Vida de mim?” Na MOTIVAÇÃO dá-se maior importância ao conhecimento das necessidades individuais. NECESSIDADE: pode ser uma condição fisiológica (fome, sede, sexo), pode ser o desejo de alguma coisa (passear, ver televisão, trabalhar), pode ser a intenção de fazer alguma coisa (cumprir uma tarefa). As únicas necessidades que produzem efeito no nosso comportamento são as necessidades actuais. Há tantas necessidades quantos os desejos específicos e distintos, de indivíduo para indivíduo. Necessidade Insatisfeita - Acção - Necessidade Satisfeita Tensão – Actividade - Necessidade Satisfeita Quando a necessidade é satisfeita dá-se a redução da tensão = Prazer. Se a necessidade não é satisfeita, dá-se a FRUSTRAÇÃO. Interessa pois conhecer as motivações das pessoas, para explicar as suas atitudes; nós ao julgarmos os outros, fazemo-lo através da referência do nosso sistema de valores, julgamos que o que nos interessa deve necessariamente interessar os outros. ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA MOTIVAR (numa actividade) • Co-responsabilização na concepção e na execução • Clareza de objectivos e percepção do objectivo comum• Percepção da possibilidade de êxito (objectivos específicos, nem muito fáceis nem inatingíveis) • Proporcionar Desafio, Reconhecimento, Realização • Recompensar / Reforçar positivamente o desempenho (verbal ou materialmente, com algo significativo para a pessoa) Manifestações da Motivação (numa actividade) - Interesse / envolvimento de cada um - Atenção

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- Perseverança - Resistência ao desencorajamento - Interesse pelo progresso SITUAÇÕES ESPECIAIS “Aprendi que um homem só tem o direito de olhar outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se” Gabriel Garcia Marques Vamos procurar expressar-nos sobre o acompanhamento em situações especiais. As formas que escolhemos de apresentação seguem um pensamento sobre a qualidade do acompanhamento e como funciona na intenção de fazê-lo, levando em consideração a dedicação, o compromisso e atenção voltada para o “outro”. O respeito aos utentes que devido a situações especiais precisam de acompanhamento, e de um modo particular aos idosos, deve ser concebido e praticado desde cedo, por todos, cidadãos e organismos públicos, com exemplos, dentro de cada lar. Diz um provérbio popular que “para um tolo, a velhice é um Inverno amargo; para um sábio é uma época dourada”. Mas será que, de facto, contribuímos com acções, atitudes e bons exemplos para que a 3ª idade seja realmente uma época dourada? Para o acompanhamento personalizado são precisos atributos humanos, educativos e éticos, sem hora marcada, sem filas, sem pressa, com total participação e atendimento individual. É ser regido por princípios humanos de qualidade e afectividade dos quaisprecisamos dar, para que também possamos merecê-los e recebê-los. A maneira de fazer o que gostamos reintegra a realização profissional, que de certa forma educa e encanta pelo que se descobre. Entender esta forma, também faz pensar como ela poderia estender-se a tantas áreas públicas da qual fazemos parte. A intenção é a de debruçar-nos sobre este texto e por se tratar de uma verdade é uma possibilidade de identificar a compreensão de uma análise corporal diante da resolução de um atendimento personalizado. Quando encontramos pessoas com deficiências físicas ou mentais, toxicodependentes ou alcoólicos encontramos a dor, encontramos um local, uma história, um gemido, um ser humano que pede sensibilidade, humanidade, bem-estar e o direito a ser feliz. E estamos ali com a intenção de tocar, ouvir, acarinhar e contribuir de algum modo na trajectória de cada ser humano. Somos um corpo de sensações desde a tenra idade, de experiências e com tempo nos achamos cobertos de razões, ideias e mentalidades, e esquecemos o vivido, o sentido e contribuímos para a reclusão, o abandono e a solidão. É o outro lado de sentir o que pensamos durante o acompanhamento nas diversas situações. Ter um compromisso com a intenção destas resoluções é ter um encontro com uma história que traduz o sofrimento e o desejo de uma solução à qual nos interrogamos: “Está nas nossas mãos, nos nossos recursos e na nossa capacidade?” Ver um corpo doentio e preocupado ou desocupado de si mesmo não é algo difícil de encontrarmos e que nos faz pensar; mas é bom destacar também que o carinho e o envolvimento também são fundamentais. O idoso, de uma forma geral,é muito carente; portanto uma conversa, um carinho, um gesto simples de atenção ou um sorriso também são formas de ajudar. PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS DEFICIÊNCIA é o termo usado pela OMS para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatómica. Em âmbitos legais, esta expressão é utilizada de uma forma mais limitada referindo-se apenas a pessoas que estão sob a assistência de uma determinada legislação.

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A palavra deficiente tem sido considerada inadequada, por parte de algumas ONG’s e cientistas sociais, para denominar pessoas com imperfeição. O termo tem consigo uma carga negativa, depreciativa das pessoas, pelo que tem sido rejeitado pelos especialistas da área e pelos próprios portadores. Contudo, muitas pessoas consideram que esta tendência tende a levar os portadores a uma negação da sua própria situação, podendo conduzir, nalgumas situações, a que a sociedade não sinta respeito pela diferença. A deficiência física é o nome dado aos problemas que ocorrem a nível cerebral ou do sistema locomotor, e levam a um mau funcionamento ou paralisia dos membros superiores ou inferiores. As causas principais têm origem em factores genéticos, virais ou bacterianos, traumáticos ou neo-natais. Os portadores de necessidades especiais de ordem física ou motora necessitam normalmente de atendimento de fisioterapia ou apoio psicológico a fim de de lidar com os limites e dificuldades decorrentes da deficiência e ao mesmo tempo desenvolver todas as possibilidades e potencialidades. O envelhecimento faz parte natural do ciclo da vida. É, pois, desejável que constitua uma oportunidadepara viver de forma saudável, autónoma e independente, o maior tempo possível. O envelhecimento deve ser pensado ao longo da vida. O ideal é, desde cedo, ter uma atitude preventiva e promotora da saúde e da autonomia na velhice. A prática de actividade física moderada e regular, uma alimentação saudável, não fumar, o consumo moderado de álcool e a participação na sociedade são factores que contribuem para a qualidade de vida em todas as idades e, em particular, no processo de envelhecimento. O sistema de saúde dispõe, numa perspectiva individual, de uma rede de prestação de cuidados de saúde (com serviços integrados, centrados em equipas multidisciplinares e com recursos humanos devidamente formados), com uma componente de recuperação global e de acompanhamento das pessoas idosas, designadamente através da rede de cuidados continuados, que, por sua vez, integram cuidados de longa duração. Uma boa saúde é essencial para que as pessoas mais idosas possam manter uma qualidade de vida aceitável e possam continuar a assegurar os seus contributos na sociedade. Pessoas idosas activas e saudáveis, para além de se manterem autónomas, constituem um importante recurso para as suas famílias, comunidades e até para a economia do país. Porém, nem sempre é possível viver o envelhecimento em plena saúde. A maioria das pessoas chega a idosa com doenças crónicas e não transmissíveis. As patologias incapacitantes mais frequentes nas pessoas idosas são as fracturas, incontinência, perturbações do sono, perturbações ligadas à sexualidade, perturbações de memória, demência (nomeadamente doença de Alzheimer, doença de Parkinson), problemasauditivos, visuais, de comunicação e da fala. Mas isso não significa, necessariamente, que se tornem incapazes de lidar com a sua evolução ou que não possam prevenir o aparecimento de complicações. Apesar de todos os cuidados, podem surgir alguns problemas de saúde. É importante aprender a lidar com eles. Ao lidar com pessoas portadoras de deficiência física deve ter-se em conta que: - Quando conversar, deve sentar-se ao mesmo nível; - Nunca deve movimentar a cadeira de rodas sem pedir permissão à pessoa; - Ter especial cuidado a empurrar a cadeira; - Ao subir degraus deve inclinar a cadeira para trás para levantar as rodas da frente e apoiá-las sobre a elevação. (Barreiras arquitectónicas). - Ao descer degraus deve fazê-lo em marcha à ré, pedindo ajuda, se necessário. - Ter as bengalas ou muletas próximas das pessoas;

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- Em caso de queda, pedir auxílio; 1) Visão À medida que se envelhece, diferentes alterações físicas podem provocar uma redução da visão. Para manter os olhos saudáveis: • Faça exames médicos de rotina para detectar doenças que possam vir a afectar também a sua visão como, por exemplo, a hipertensão e a diabetes; • Faça um exame completo aos olhos de dois em dois anos. Há alguns problemas de visão que são mais frequentes na idade avançada, a saber: • Presbitia: redução gradual da capacidade de focar objectos ou letras de imprensa pequenas. É comum em pessoas com idade superior a 40 anos. Nota-se quando a pessoa afasta o que está a ler para a distância de um braço estendido. Algumas pessoas ficam com dores de cabeça ou sentem a vista cansada quando estão aler. • Moscas volantes: são pequenas manchas que surgem no campo de visão, geralmente detectadas à luz do dia ou em quartos bem iluminados. Podem ser inofensivas, mas também podem ser sinais de alerta de doenças dos olhos, especialmente se forem acompanhadas de clarões súbitos. • Secura dos olhos: resulta da produção insuficiente de lágrimas e provoca comichão ou ardor nos olhos ou diminuição da visão. Use gotas especiais para os olhos, as chamadas lágrimas artificiais. • Excesso de lágrimas: pode ser sintoma de sensibilidade à luz, ao vento ou às alterações climatéricas. Use óculos de sol, pois servem de protecção e ajudam a diminuir o problema. Mas também pode ser sinal de problemas mais graves, como a inflamação ou obstrução do canal lacrimal. E isso pode ser tratado. • Catarata: quando a lente transparente que existe dentro dos olhos começa a ficar opaca ou embaciada e impede a passagem da luz. Uma pequena intervenção cirúrgica consegue, em geral, bons resultados. Depois da intervenção vai, com certeza, conseguir voltar a ver com a ajuda de óculos ou de lentes de contacto. Glaucoma: provocado por um aumento da pressão dos líquidos existentes dentro dos olhos. Provoca lesões e pode levar à cegueira. O diagnóstico precoce e um tratamento apropriado conseguem, em geral, impedir o seu agravamento e evitar a cegueira. Cuide da sua visão Quando a visão já não é boa, use-a nas melhores condições possíveis. Leia apenas com luz muito boa (de preferência, luz natural), não utilize lâmpadas de fraca voltagem e coloque-as de forma a não encandearem. A luz fluorescente também é muito boa. Leia livros comletras grandes. Compre cartas de jogar de tamanho grande ou utilize uma lupa. Aproxime-se o mais possível dos objectos (por exemplo, da televisão). Quando andar de um lado para o outro, coloque um braço à sua frente, com o cotovelo dobrado, para se proteger de possíveis ferimentos caso vá contra uma parede, uma porta ou qualquer outro obstáculo. Aprenda a reconhecer os objectos existentes em sua casa – portas, tapetes, cadeiras, mesas, sofás – e, se viver com outras pessoas, peça-lhes que não os mudem de lugar. Assim será mais fácil movimentar-se. 2) Audição As dificuldades de audição devem-se a variadíssimas causas. Na velhice, surgem, geralmente, de forma gradual e estão associadas a uma deficiência do nervo que transmite os estímulos do ouvido interno para o cérebro. Quando começar a ouvir mal:

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• Reconheça que não ouve bem. Não se isole. Não há por que se sentir embaraçado ou zangado por não ser capaz de ouvir o que lhe dizem; • Não tenha vergonha de dizer às pessoas que não ouve bem, nem de lhes pedir para repetirem o que acabaram de dizer; • Reduza os ruídos de ambiente (rádio, televisão), pois podem interferir com a sua audição. Aumente a intensidade do som da campainha da porta e do telefone; • O cerúmen (rolhão de cera) nos seus ouvidos pode reduzir mais a audição. Tente retirá-lo, mas não utilize fósforos ou algodão, pois se o fizer pode empurrar a cera ainda mais para dentro. 3) Olfacto e paladar Estes dois sentidos também podem diminuir com a idade. É natural que passe a apreciar menos o sabor dos alimentos. A consequência mais importante é o de deixar de reconhecer ocheiro do gás ou o cheiro e o sabor da comida estragada. Assim, utilize electricidade em vez de gás, de preferência, e não guarde a comida durante muito tempo. 4) Tacto O sentido do tacto, nas mãos e nos pés, também pode diminuir (em especial se sofrer da diabetes), podendo, por isso, ferir-se com mais facilidade. Se sentir a diminuição do tacto: • Aprenda a proteger as mãos, olhando para elas quando está a fazer alguma coisa. Os olhos podem transmitir-lhe mensagens que as mãos não conseguem. Por exemplo, quando vê uma panela ao lume, sabe que está quente e não deve pegar-lhe sem luvas ou pega. • Utilize sapatos em todas as ocasiões. Tome cuidado ao andar por superfícies acidentadas; escolha os locais onde vai colocar os pés, para não os torcer e para não os magoar nas pedras ou superfícies aguçadas. Examine as mãos e os pés todos os dias para ver se estão feridos e, se tiverem alguma ferida, trate-a. 5) Falta de ar • Quando nos sentimos bem ou estamos a descansar, não temos consciência do acto de respirar. Quando fazemos exercício suave ou moderado, tomamos consciência da respiração, mas não sentimos desconforto. • No entanto, quando fazemos um esforço maior, ficamos conscientes da respiração de um modo mais desagradável. Uma pessoa idosa que não faça exercício com regularidade, pode sentir dificuldade em respirar a seguir a um pequeno esforço. • A essa sensação desagradável de dificuldade em respirar dá-se o nome de falta de ar (não ter ar suficiente ou sensação de asfixia, dificuldade em respirar fundo ou, ainda, um aperto no peito). • A falta de ar tambémpode ser sintoma de doença cardíaca ou pulmonar, particularmente se for sentida quando se está em repouso, ao sentar ou levantar, ou quando acorda a meio da noite. • A falta de ar pode ter uma causa bem definida. Consulte um médico, pois ele pode ajudá-lo com medicamentos e outros tratamentos. • Se sentir falta de ar ao subir escadas ou a andar, pare várias vezes para descansar até sentir que a respiração normalizou. 6) Vertigem

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• A vertigem é a sensação de que o nosso corpo, ou aquilo que nos rodeia, está a andar à volta. Pode ser acompanhada de náuseas, vómitos e, por vezes, originar quedas. • As vertigens podem ter várias causas, mas estão associadas, na maior parte das vezes, a doenças do ouvido interno, principalmente em pessoas com problemas de audição. • Quando ocorrerem, pode ter dificuldade em manter-se de pé. Nesse caso, procure deitar-se em posição confortável. Consulte o médico se o sintoma for muito intenso e persistente, ou peça ao médico que vá a sua casa. 7) Osteoporose • A osteoporose é uma doença caracterizada pela redução acentuada da densidade óssea. Os ossos tornam-se mais frágeis e fracturam-se na sequência de quedas e traumatismos de pouca importância. Desenvolve-se lentamente. Durante vários anos progride sem provocar queixas nem apresentar sintomas. • As fracturas mais frequentes na pessoa com osteoporose são as do fémur e as dos ossos do punho. • Uma radiografia pode revelar a existência de compressões vertebrais. • A osteoporose é mais acentuada nas mulheres, por causa da menopausa. • É, também, acelerada pela falta de exercíciofísico, excessiva permanência na cama, imobilização, tabagismo e consumo excessivo de álcool. • A osteoporose pode ser prevenida – ou pelo menos retardada – com uma dieta rica em cálcio, especialmente à base de leite e produtos lácteos, legumes de folha verde (espinafres e brócolos) e peixe com espinhas (sardinhas). • As pessoas idosas precisam de uma dose diária de cálcio de 800 miligramas. • Se tiver falta de vitamina D, a exposição ao sol só lhe trará benefícios. • O seu médico pode aconselhar medicação. 8) Artrose É uma degenerescência da cartilagem das articulações que produz dor. Consulte o médico. 9) Doença de Parkinson Doença degenerativa e progressiva do cérebro que causa tremor, rigidez muscular, dificuldade nos movimentos e desequilíbrio. 10) Incontinência A incontinência é a incapacidade de reter a urina. Não é uma doença, mas pode ser sintoma de uma enfermidade que deve ser identificada e tratada. Não deixe que o pudor o impeça de pedir ajuda. A incontinência não é provocada pela velhice, mas sim por uma doença subjacente ou por um medicamento que está a tomar. Informe-se também sobre o cancro da próstata ou cancro na glândula prostática (nos homens). Há dois tipos de incontinência: • Incontinência aguda: transitória, pode ser secundária a uma doença (especialmente se a doença se acompanha de confusão mental e febre alta) e dever-se ao facto da pessoa estar acamada ou resultar de uma infecção urinária. Este tipo de incontinência desaparece quando a causa subjacente é tratada. • Incontinência crónica: persistente e que pode assumirquatro formas: 1. Incontinência de esforço - perda de pequenas quantidades de urina com a tosse, o riso, o espirro ou durante o exercício. É mais frequente nas mulheres e deve-se à pressão exercida sobre a bexiga);

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2. Incontinência de urgência - consiste na perda de grandes quantidades de urina e resulta da incapacidade de evitar a contracção da bexiga; 3. Incontinência por excesso - resulta da pressão exercida sobre uma bexiga demasiado cheia (por exemplo, devido a uma próstata aumentada); 4. Incontinência funcional - resulta de um atraso na chegada a tempo à casa de banho, devido a problemas de mobilidade, inconveniente localização ou má adequação das instalações sanitárias. O tratamento da incontinência persistente depende da situação que a provocou. Pode consistir em medicação, exercícios para o fortalecimento dos músculos, utilização de sondas que recolhem a urina para um saco colector ou intervenção cirúrgica. Pode adquirir roupas interiores especiais e pensos que absorvam a urina (não são mais grossos que os pensos normais). Mas, antes, siga os seguintes conselhos: • Nunca deixe a bexiga encher-se completamente e esvazie bem a bexiga cada vez que vai à casa de banho. • Mantenha horários fixos para ir à casa de banho (a incontinência funcional pode ser melhorada desta forma). Procure a ajuda de um médico, qualquer que seja o caso. 11) Outras doenças tipicamente geriátricas • Úlceras por pressão - úlceras da pele devido a uma pressão prolongada; • Hiperplasia prostática benigna - consiste no aumento do volume da próstata que obstrui o fluxo de urina;• Leucemia linfática crónica; • Gamapatias monoclonais - trata-se de um grupo de doenças caracterizado pela proliferação de um tipo específico de células que produzem grandes quantidades de imunoglobulina; • Herpes zoster - é uma recidiva do vírus latente da varicela. Causa uma erupção na pele e pode provocar dor durante muito tempo; Icto - é a obstrução ou ruptura de um vaso sanguíneo do cérebro. Provoca falta de forças, perda da sensibilidade, dificuldade em falar e outros problemas neurológicos. PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS MENTAIS A promoção do envelhecimento saudável tem como uma das suas principais vertentes a prevenção do isolamento social e da solidão das pessoas idosas. A qualidade de vida, o bem-estar, a manutenção das qualidades mentais estão directamente relacionadas com a actividade social, o convívio, o sentir-se útil a familiares e/ou à comunidade. - As pessoas idosas devem participar em actividades de grupo, de preferência intergeracionais, actividades de aprendizagem e de conhecimento de novos lugares. - É também indispensável participar em grupos de suporte para pessoas isoladas, viúvas/os, pessoas idosas com deficiência, motora, cognitiva ou outra e, em certos casos, procurar o aconselhamento por profissionais de saúde mental, serviço social ou terapeutas ocupacionais. A deficiência mental corresponde a expressões como insuficiência, falta, falha, carência, imperfeição, associadas ao significado de deficiência, que por si só não definem nem caracterizam um conjunto de problemas que ocorrem no cérebro humano, e leva os seus portadores a um baixo rendimento cognitivo, mas que não afectaoutras regiões ou funções cerebrais. A principal característica da deficiência mental é a redução da capacidade intelectual, situadas abaixo dos níveis considerados normais para a idade, se em criança, ou inferiores à média da população, quando adultas. O portador de deficiência mental na maioria das vezes apresenta dificuldades ou nítido atraso no seu desenvolvimento neuropsicomotor, aquisição da fala e outras habilidades

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(comportamento adaptativo). Devemos tratar o portador da deficiência mental com consideração e respeito, não as podemos ignorar, devemos sempre cumprimentá-las e despedir-nos delas, dar-lhes atenção e conversar; Não devemos super-protegê-las, mas sim treinar a sua autonomia. MEDICAÇÃO As pessoas idosas têm com alguma frequência vários medicamentos para tomar. - Como é importante não trocar o horário em que se devem tomar os diferentes medicamentos, tenha consigo uma folha de papel com a informação detalhada das horas a que deve tomar os diferentes medicamentos para que não existam enganos. - Caso por qualquer razão não tenha esta informação solicite-a ao seu médico. Porque tomar os medicamentos de forma diferente do que o médico aconselhou pode trazer problemas. DEPRESSÃO A depressão é uma das afecções mais comuns das pessoas idosas com grande influência no seu bem-estar. A tristeza e o isolamento, em geral acompanham este problema. Se sente que possa estar com depressão procure apoio psicoterapêutico falando com o seu médico ou psicólogo. - Numa perspectiva de promoção da saúde mental, a depressão pode ser evitada ou pode melhorar com as actividades de ar livre e de grupo que podem seruma das formas principais de terapia para a depressão das pessoas idosas. FUNÇÕES MENTAIS E COGNITIVAS As funções mentais e cognitivas têm uma enorme importância na autonomia da pessoa idosa. Estas capacidades têm tendência a diminuir com a idade, mas pode ser feita a prevenção desse enfraquecimento com actividades de vários tipos, que devem ser fomentadas. - Em especial, são promotoras das capacidades cognitivas, a leitura, os treinos da memória, a aprendizagem de novos conhecimentos, as actividades com as mãos, o convívio com outras pessoas, de preferência de várias gerações. SOCIABILIDADE Conviver, é fundamental para a prevenção de diversos problemas das pessoas idosas e para a promoção do envelhecimento saudável. Todas as estratégias que sejam possíveis de desenvolver e que promovam o convívio e a sociabilidade são de grande valia para as pessoas idosas, tendo um efeito na sua saúde, qualidade de vida e bem-estar. - O trabalho voluntário pode ser um instrumento essencial para a promoção da sociabilidade, porque desenvolve o sentido de pertença a uma comunidade, o sentimento de ajuda e de se sentir útil, com efeitos positivos na auto-estima e na saúde, em suma é uma excelente forma de promover o envelhecimento saudável. Carta dos Direitos do Cidadão Deficiente Mental A pessoa com deficiência mental deve ser educada e viver na comunidade, mas com programas e apoios especiais. Constituição da República Portuguesa CAPÍTULO I Artigo 71º 1. Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados naConstituição, com ressalva do exercício ou do

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cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados. 2. O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores. 3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência. CAPITULO II Declaração de Princípios PRINCÍPIO I O cidadão Deficiente Mental deve usufruir de todos os direitos enunciados na presente Declaração. Estes direitos devem ser reconhecidos a todos os deficientes mentais sem excepção e sem distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, língua, origem nacional ou social, posição económica, de nascimento ou qualquer outra situação, quer do próprio cidadão deficiente mental quer da sua família. PRINCÍPIO II O Deficiente Mental, porque mentalmente diminuído, deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que o seu estado ou a sua situação exigem. O Deficiente Mental deve beneficiar de uma protecção especial e dispor de possibilidades e de facilidades, por efeito da lei e por outros meios, para poder desenvolver a sua autonomia, desenvolver-se no plano físico, potenciar ao máximo sua intelectualidade, desenvolver ao máximo a sua independência. PRINCÍPIO III O Deficiente Mental tem direito, desde o nascimento, a um nome, a ter uma família, a serprotegido de modo muito particular. Tem direito à inserção e inclusão sociais. PRINCÍPIO IV O Deficiente Mental deve beneficiar da segurança social. Deve poder crescer e desenvolver-se de maneira saudável. Para garantir este fim, deve ser assegurada, tanto ao Deficiente Mental como à sua família, ajuda e protecção especiais durante toda a sua vida. O Deficiente Mental tem direito a alimentação, habitação, distracções e cuidados médicos adequados. PRINCÍPIO V O Deficiente Mental, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade e da sua máxima autonomia, necessita de amor e compreensão. Sempre que possível, deverá crescer sob o amparo e a responsabilidade dos pais e em família e, em qualquer caso, num ambiente de afecto e de segurança moral e material. Salvo em circunstâncias excepcionais, o Deficiente Mental não deve ser separada da família. A sociedade e os poderes públicos têm a obrigação de cuidarem muito especialmente dos deficientes mentais sem família e daqueles que careçam de meios de subsistência. É desejável que, às famílias numerosas, às carenciadas e de maior risco, o Estado ou outros organismos concedam meios de subsistência aos membros portadores de deficiência mental. PRINCÍPIO VI O Deficiente Mental tem direito à educação. Tem direito a frequentar escolas adequadas à sua situação, com professores e técnicos preparados para as suas necessidades de aprendizagem e

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de desenvolvimento. Tem direito a uma educação e escolaridade gratuitas e permanentes enquanto se justifique e o Deficiente Mental mostre capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento. Deve beneficiar de uma educação quecontribua para a sua mais alargada autonomia e inserção social e que lhe permita desenvolver as suas aptidões, o juízo pessoal, potenciar o sentido das responsabilidades morais e sociais, e tornar-se um membro útil à sociedade. Desenvolver as capacidades do Deficiente Mental é um dever dos que têm a responsabilidade da educação e da orientação escolar. Estas responsabilidades cabem em primeiro lugar à família, mas a família tem o direito de receber os apoios específicos do Estado e o Estado tem a obrigação de subsidiar e de apoiar as iniciativas da sociedade civil, como instituições e associações que visem apoiar o Deficiente Mental e a sua família. PRINCIPIO VII O Deficiente Mental deve ter todas as possibilidades de brincar e jogar e de se dar a actividades recreativas, as quais há-de ser orientadas para os fins visados para o desenvolvimento e para a educação. A sociedade e os poderes públicos há-de esforçar-se por favorecer o exercício e o gozo deste direito, assim como o de promover o desporto para deficientes. PRINCIPIO VIII O Deficiente Mental não pode ser detido nem condenado nem submetido a qualquer tipo de opressão ou prisão, dada a sua autenticidade garantir não ser responsável de acto delituoso nem ser responsável por crime. É um cidadão inimputável. Todo o castigo que se ache ser aplicado a um deficiente mental só pode ter como objectivo fins educativos e nunca punitivos e sempre proporcionais à sua compreensão e responsabilidade. PRINCIPIO IX O Deficiente Mental tem direito ao convívio familiar e social. Deve sentar-se à mesa em família e não ser retirado, nem escondido. Tem direito acircular e a viajar, pelo que as cidades e os transportes devem ter adaptações às suas reais condições. PRINCIPIO X O Deficiente Mental tem direito a usufruir das vantagens associativas, pelo que as associações e outras instituições, que tenham como objecto apoiar e servir o Deficiente Mental sem fins lucrativos, devem ser reconhecidas e apoiadas pelo Estado. O Deficiente Mental tem direito a ter amigos, pelo que se reconhecem organismos que se instituam como amigos do deficiente mental. PRINCÍPIO XI O Deficiente Mental tem direito a ter comportamentos vulgarmente considerados socialmente incorrectos ou indesejados. Tem direito à sua compreensão. PRINCÍPIO XII O Deficiente Mental tem direito a uma personalidade jurídica. Também tem direito a um tutor que o represente e que seja garantia dos seus direitos.

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O Deficiente Mental tem direito à herança em igualdade com outros herdeiros. PRINCÍPIO XIII O Deficiente Mental deve, em todas as circunstâncias, ser dos primeiros a receber protecção e socorro nas situações de cataclismos ou de acidentes. PRINCÍPIO XIV O Deficiente Mental deve ser protegido contra toda a forma de negligência, de crueldade e de exploração. Não deve ser submetido a tráfico, seja de que tipo for. Não deve permitir-se que o Deficiente Mental trabalhe com o fim único de produzir, dado não estar capacitado para reivindicar dos seus direitos, mas que o trabalho assuma fins ocupacionais, como processo de terapia e de diversão e de utilidade para o Deficiente e para a sociedade que o deve proteger. Não deve, em nenhum caso, ser obrigado ou autorizado a ter uma ocupação ouum emprego que lhe prejudique a saúde ou a autonomia, ou que impeça o seu desenvolvimento físico, mental ou moral. PRINCÍPIO XV O Deficiente Mental tem de ser protegido contra as práticas que podem levar à discriminação racial, à discriminação social ou a qualquer outra forma de discriminação. Deve ser educado em espírito de compreensão e de tolerância. Não pode ser rejeitado, marginalizado, desprezado ou retirado do convívio da família ou da sociedade pelo facto de ser Deficiente Mental e de provocar situações menos comuns aos padrões sociais vigentes. PRINCÍPIO XVI O Deficiente Mental não pode ser usado ou explorado sexualmente. Nas situações de abuso sexual de um Deficiente Mental devem ser aplicadas as normas consideradas para os menores, nas situações de pedofilia. PRINCÍPIO XVII O deficiente mental tem direito à sua intimidade e a fruir de uma vida sexual e satisfazer as suas pulsões de modo individual ou com parceiro que voluntariamente aceite. PRINCÍPIO XVIII O Deficiente Mental tem direito a um nível de vida suficiente e como está incapacitado para procurar e garantir a sua subsistência, ao Estado compete assegurar a sua saúde e bem-estar quanto à alimentação, vestuário, alojamento, assistência médica e a outros serviços sociais necessários. Para dar cumprimento a este direito do Deficiente Mental, o Estado tem o dever de atribuir uma pensão ou abono adequado a uma vida digna, para que o Deficiente Mental não seja um encargo pesado ou insuportável à família. PRINCÍPIO XIX Ao Estado compete também apoiar, subsidiar e suster lares, residências ou aldeamentos que sejam úteis aoDeficiente Mental ou à sua família, como centros de repouso, de férias, meios necessários em situações de impossibilidade da família por motivos de doença, de idade

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avançada ou de invalidez. PRINCÍPIO XX O Deficiente Mental tem o direito a que o Estado se obrigue a dar cumprimento ao determinado nesta Declaração de Princípios. Ao Estado cumpre o dever de reconhecer, apoiar e financiar as Instituições da sociedade civil vocacionadas e sem fins lucrativos para apoiar o Cidadão Deficiente Mental. TOXICODEPENDENTES A toxicodependência é o estado da dependência física e psicológica de qualquer tipo de substância. A dependência é uma apetência anormal e prolongada que certos indivíduos manifestam pelas drogas, das quais, acidentalmente ou voluntariamente procuram um efeito analgésico, de euforia ou estimulante, apetência esta que, rapidamente, se transforma num hábito, que pejorativamente se designa por vício. A droga é toda a substância natural ou sintética que introduzida num organismo vivo, pode alterar uma ou mais das suas funções. Em 1982, a OMS acrescentou que drogas são entidades que podem ser definidas como substâncias psico-activas de uso não médico e susceptíveis de serem auto-administradas. Foram observadas três Fases do Toxicodependente: 1ª Etapa – É caracterizada pela percepção de efeitos positivos das drogas e pela ausência quase total de efeitos negativos; 2ª Etapa – Pode estar associada a dependência psicológica; 3ª Etapa – Pode estar associada à dependência física. As drogas produzem vários efeitos, entre os quais: - Ampliação do estado emocional; - Menor eficácia no desempenho dasactividades do dia-a-dia; - Perturbação no controlo motor; - Possível risco de overdose; - Problemas de integração na sociedade; - Problemas familiares; - Redução da capacidade de atenção; - Redução do tempo de reacção; «Perturbações Relacionadas com Substâncias – Cannabis» Vamos abordar, ainda que de forma sucinta, alguns aspectos relacionados com as «Perturbações Relacionadas com Cannabis». Para tentarmos perceber as consequências que podem advir da dependência, do abuso ou da intoxicação por cannabis, temos primeiramente que conhecer um pouco acerca da substância objecto de análise. Por conseguinte, tudo se relaciona com a planta cannabis, de onde provém as substâncias designadas de «canabinóides». Quando as folhas e/ou os ramos da planta são cortados, secos e fumados o produto é habitualmente designado de marijuana ou erva. Por sua vez, do exsudado resinoso e seco que escorre da parte interior das folhas da planta resulta o conhecido haxixe. Por fim, existem ainda outras formas de cannabis, consideradas de elevada potência, como a sensimilla (mais comum na Ásia) e as que derivam da introdução de compostos químicos semelhantes aos canabinóides. As substâncias canabinóides podem ser fumadas e/ou tomadas oralmente, por exemplo, com chás ou alimentos.

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As «Perturbações Relacionadas com Cannabis» são mais frequentes no sexo masculino e, apesar de apresentarem habitualmente um início precoce na adolescência, apresentam uma prevalência comum entre pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos. Por outro lado, alguns estudos correlacionam o número de acidentes de viação fatais com testes positivos decanabinóides, o que revela um pouco da perigosidade social do abuso desta substância. A cannabis é considerada a substância ilícita mais utilizada mundialmente e é muitas vezes considerada como a «porta de entrada» para o mundo das drogas, muito porque se encontra entre as drogas de primeira experiência, ou seja, com início precoce na adolescência. No entanto, apesar de esta substância ilícita ser procurada pelos seus efeitos psicóticos e de ser frequentemente utilizada com outras substâncias (cocaína, álcool, etc.), não existe prova científica (neuroquímica, social ou psicológica) que o seu consumo instigue os sujeitos a consumirem outros tipos de substâncias. Ultimamente esta é uma substância controversa que tem, inclusive, estado em debate no meio científico, tendo em conta a sua utilização como remédio para um vasto leque de situações médicas. Considero ser de interesse abordar as perturbações que derivam da sua utilização, a «dependência de Cannabis» e o «abuso de Cannabis», assim como, uma das perturbações que surge relacionada com a sua indução, a «intoxicação por cannabis». O canabinóide responsável pelos efeitos psicóticos da cannabis é designado de THC ou delta-9-tetra-hidrocanabinol. O conteúdo ilícito do THC disponível nesta substância é variável e tem aumentado significativamente nas últimas décadas. Esta substância pode ter diversos efeitos no cérebro, actuando proeminentemente no sistema nervoso central. A «dependência» e o «abuso» do cannabis desenvolvem-se habitualmente ao longo de períodos prolongados no tempo e a maioria dos sujeitos que se tornam dependentes estabelece normalmente um padrão crónico doseu uso, com um aumento gradual da frequência e da quantidade da substância. Com o passar do tempo é habitual observar-se uma diminuição ou a perda dos efeitos considerados agradáveis da substância. O abuso ou a dependência de cannabis podem estar na base do desenvolvimento de Perturbações do Comportamento na infância e adolescência, assim como, de Perturbações Anti-Sociais de Personalidade. Por outro lado, como principais critérios de diagnóstico de «intoxicação por cannabis» podemos referir aqueles que surgem relacionados com alterações comportamentais e psicológicas, como, por exemplo, sentimentos de euforia, ansiedade, défice de discernimento ou retracção social. Os sujeitos que fazem uso regular da cannabis apresenta frequentemente letargia¹ física e mental, abolia² e anedonia³. Podem observar-se igualmente formas de depressão e irritabilidade/agressividade. Para além destes sintomas, existem, ainda, sinais visíveis de consumo como, por exemplo, o aumento de apetite, redução de actividade física, boca seca ou taquicardia. Por fim, os canabinóides, quando são tomados em doses exageradas, podem apresentar efeitos psicóticos muito semelhantes aos dos alucinogénios, podendo, dessa forma, ser experimentados efeitos mentais adversos semelhantes aos induzidos por alucinogénios. Não é pois de estranhar que possam ser observados níveis e reacções graves de ansiedade (semelhantes a Ataques de Pânico), ideação paranóica (sentimentos de desconfiança, convicções quase delirantes e até alucinações), episódios de despersonalização e desrealização. Letargia¹ - Estado de profunda e prolongada inconsciência, semelhante ao sonoprofundo, do qual a pessoa pode ser despertada, mas ao qual retorna logo a seguir. Abolia² - Abatimento, destruição, aniquilamento, arruinamento. Fraqueza ou desalento moral e/ou físico. Anedonia³- Incapacidade de ter prazer ou divertir-se. Rigidez afectiva em consequência de

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experiências traumáticas de vida. ALCOÓLICOS O alcoolismo é geralmente definido como o consumo consistente e excessivo e/ou a preocupação com bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfira com a vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa. O alcoolismo pode potencialmente resultar em doenças psicológicas e fisiológicas, assim como levar à morte. O alcoolismo é um dos problemas mundiais quem mais custo traz. Apesar do abuso do álcool ser um pré-requisito para o que é definido como alcoolismo, o mecanismo biológico do alcoolismo ainda é incerto. Para a maioria das pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de se tornar um vício. Outros factores geralmente contribuem para que o uso de álcool se torne em alcoolismo. Esses factores podem incluir o ambiente sócia em que a pessoa vive, a saúde emocional e a predisposição genética. O álcool tem efeitos no ser humano, sendo possível indicá-los consoante o nível de álcool no sangue, aproximadamente, como se mostra em seguida, tendo em conta que os valores variam ligeiramente consoante o sexo e o peso da pessoa: - 0,1 a 0,5 SOBRIEDADE Nenhuma influência aparente; - 0,3 a 1,2 EUFORIA Perda de eficiência, diminuição da atenção, julgamento e controlo; - 0,9 a 2,5 EXCITAÇÃO Instabilidade das emoções, descoordenação muscular. Menor inibição. Perda de julgamentocrítico; - 1,8 a 3,0 CONFUSÃO Vertigens, desequilíbrio, dificuldade na fala e distúrbios da sensação; - 2,7 a 4,0 APATIA e inércia geral. Vómitos, incontinência urinária e fezes; - 3,5 a 5,0 COMA Inconsciência, anestesia. Morte; - Acima de 4,5 MORTE Paragem respiratória; PERTURBAÇÕES RELACIONADAS COM O ÁLCOOL Vamos abordar, embora que de forma sucinta tendo em conta a extensão problemática do tema, alguns aspectos relacionados com as «Perturbações Relacionadas com o Álcool». O álcool é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade no mundo inteiro e é considerado o depressor cerebral utilizado com mais frequência pelas pessoas. As «Perturbações Relacionadas com o Álcool» estão habitualmente associadas com o aumento dos acidentes de viação, da violência e das taxas de suicídio. Estima-se que 1 em cada 5 internamentos em unidades de cuidados intensivos hospitalares estejam relacionados com o álcool. O álcool está associado a questões específicas como a cultura, a idade e o género. Desse modo, o álcool surge relacionado com as tradições culturais que nos rodeiam, assim como, com os contextos familiares, sociais e até religiosos. O facto é que, frequentemente, começamos logo desde muito cedo, na infância, a ter contacto com estes padrões de utilização do álcool o que pode vir a ser, naturalmente, um factor predisponente de algum desvio que possamos vir a ter no futuro como adultos. Ficamos, desse modo, muitas vezes, presos aos hábitos sociais e culturais! O nível socioeconómico e educacional, assim como as situações de desemprego, demonstram ter igualmente, na maioria dos estudos efectuados acerca dotema, uma forte relação com as «Perturbações Relacionadas com o Álcool». As mulheres tendem a apresentar alcoolemias mais elevadas que os homens para dada dose de álcool por quilograma, porque têm normalmente uma menor percentagem de água corporal, maior percentagem de gordura corporal e pelo facto de metabolizarem o álcool mais lentamente.

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Os primeiros episódios por intoxicação do álcool surgem maioritariamente na adolescência e, entre adolescentes, o abuso do álcool surge associado com o abuso de outras substancias, desembocando frequentemente em perturbações de comportamento anti-social, podendo mais tarde incorrer na delinquência e/ou na criminalidade. Na população mais idosa os problemas relacionados com o abuso de álcool surgem normalmente associados a outras complicações médicas, como a diminuição das taxas de metabolismo hepático de várias substâncias e na diminuição da percentagem da água corporal, o que, por consequência, podem levar a que estes desenvolvam intoxicações mais graves, mesmo com níveis mais baixos de consumo. Convém relembrar que o álcool é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade no mundo inteiro e que parece estar intimamente relacionado com características específicas da cultura, idade e género. Ora, dando continuidade ao tema, nas «perturbações relacionadas com o álcool» considero ser de interesse abordar aquelas que derivam da sua utilização, a «dependência do álcool» e o «abuso do álcool», embora haja outras perturbações que surgem relacionadas com a indução do álcool. A característica mais evidente de qualquer dependência de substâncias está sempre relacionada com umconjunto de comportamentos, pensamentos e reacções fisiológicas de um sujeito que indiciam que este continua a utilizar a substância apesar dos problemas significativos que advém da sua utilização. No caso especifico do álcool, a dependência física será sempre indicada pela evidência de tolerância ou pelos sintomas de abstinência, ou seja, ou pela necessidade dos sujeitos terem que aumentar o consumo de álcool para conseguir atingir o efeito desejado (intoxicação) ou pelas alterações no comportamento, pensamento e reacções fisiológicas dos sujeitos aquando da diminuição do consumo da substância após utilização prolongada. A abstinência no álcool caracteriza-se por este conjunto de alterações comportamentais, cognitivas e fisiológicas num período aproximado de 4-12 horas após a redução do consumo exagerado e prolongado do álcool. É frequente nas pessoas com «dependência do álcool» continuarem a consumir para aliviarem os sintomas de abstinência, apesar de tal poder ter consequências adversas. As pessoas com este tipo de perturbação despendem habitualmente um tempo muito significativo das suas vidas na obtenção e no consumo do álcool, mesmo com a evidência de doenças incapacitantes como a depressão, doença hepática ou outras sequelas. A perturbação de «abuso do álcool» é uma versão menos grave que a da «dependência do álcool», pois exige menos sintomas para poder ser diagnosticada. No entanto, importa aqui aclarar que é uma perturbação que se manifesta, por exemplo, quando o desempenho escolar ou laboral é afectado pós-consumo (por exemplo através do absentismo, insucesso escolar), quando os cuidados com crianças e tarefasdomésticas começam a ser negligenciados, quando a pessoa consome álcool em situações perigosas como, por exemplo, conduzir sob influência do álcool, etc. SINAIS PARTICULARES DA VIDA NASCIMENTO O nascimento, a velhice e a morte são fenómenos universais, inelutáveis, mas que são também pessoais e únicos. VIDA – Período de tempo que decorre desde o nascimento até à morte. MORTE – É o términos da vida biológica, física, mas não necessariamente o fim. A morte é um fenómeno físico, psicológico, social e religioso que afecta a pessoa na sua totalidade: corpo, espírito, emoções, experiência de vida.

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INTRODUÇÃO O tema vida e morte comporta algumas questões: De onde viemos? Para aonde vamos? O que estamos fazendo aqui? Qual a essência da vida? Por que temos de morrer? Qual a causa dos sofrimentos? Tudo acaba com a morte? Ser ou não ser? CONCEITO DE VIDA Para Legrand, no seu Dicionário de Filosofia, não existe actualmente uma definição suficiente para totalizar os fenómenos (assimilação, crescimento e possibilidade de reprodução) que a experiência corrente classifique com o nome de vida. O problema da origem da vida ainda hoje continua a ser um tema ingrato assim como o da própria vida. À teoria religiosa da criação, o materialismo contradiz no século XX a ideia (não verificável) de uma "célula primordial", e outras diversas hipóteses (por exemplo, a panspermia♦), segundo a qual "germens de vida" flutuariam permanentemente no Universo e chegariam à terra vindo de outros astros. (Legrand, 1982). ♦ [Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o termo PANSPERMIA também é considerado uma teoria segundo a qualmicrorganismos ou precursores químicos da vida se encontram presentes no espaço, sendo capazes de dar surgimento à vida quando atingem um planeta adequado]. Para Lalande, em seu Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia, a vida é um conjunto de fenómenos de toda a espécie (particularmente de nutrição e reprodução) que, para os seres que têm um grau elevado de organização, se estende do nascimento (ou da produção do germe) até a morte. CARÁCTER DA VIDA Segundo Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia, o primeiro carácter que encontramos na vida é o da ocupação. Viver é ocupar-se; viver é fazer; viver é praticar. É um pôr e tirar das coisa, é um mover-se daqui para ali. Porém, se olharmos com mais atenção, a ocupação com as coisas não é propriamente ocupação, mas preocupação. Preocupamo-nos, primeiramente, com o futuro, que não existe, para depois acabar sendo uma ocupação no presente que existe. Pelo facto de escolhermos, de termos um propósito, tanto vil como altruísta, a nossa vida não é a indiferença. O animal, a pedra e o vegetal estão no mundo, mas são indiferentes. O ser humano não, ele tem que vivenciar a sua vida. A vida se interessa: primeiro, com ser, e segundo, com ser isto ou aquilo; interessa com existir e consistir. MORTE Um século atrás, quase todas as pessoas que sofriam lesões traumáticas ou contraíam infecções graves morriam logo em seguida. Aquelas que apresentavam uma cardiopatia ou câncer apresentavam uma pequena expectativa de uma vida longa após a doença ter sido diagnosticada. A morte era uma experiência familiar e quase todas as pessoas esperavam pouco mais do que um tratamento deapoio por parte de seus médicos. Hoje é comum, em muitas partes do mundo, a morte ser considerada um evento que pode ser retardado indefinidamente e não uma parte intrínseca da vida. As principais causas de morte entre as pessoas com mais de 65 anos são as doenças cardíacas, o câncer, o acidente vascular cerebral, a doença pulmonar obstrutiva crónica, as pneumonias e a demência. Os procedimentos médicos geralmente prolongam a vida dos portadores dessas doenças, possibilitando-lhes muitos anos mais, nos quais a qualidade de vida e as funções vitais são bem satisfatórias. Outras vezes, os procedimentos prolongam a vida, mas com declínio das funções e da qualidade de vida. Muitas vezes, a morte parece inesperada, mesmo quando a família tem consciência que a pessoa falecida apresentava uma doença grave. Dizer que uma pessoa está morrendo significa que existe uma expectativa de que ela venha a falecer em horas ou dias. Além disso, frequentemente diz-se que pessoas muito idosas e frágeis ou portadoras de uma doença fatal,

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como a AIDS, estão morrendo. A maioria das pessoas com doenças crónicas – como as cardiopatias, certos tipos de câncer, o enfisema, a insuficiência hepática ou renal, a doença de Alzheimer e outras demências – vive durante anos, embora apresentem limitações no que diz respeito à actividade física. Previsão da Morte Algumas vezes, é necessário se prever a morte de um indivíduo que apresenta uma doença crónica. Geralmente, os seguros de saúde não cobrem o tratamento de apoio de doenças crónicas, exceptuando-se os tratamentos hospitalares, e, geralmente, exigem um prognóstico para um período inferior a seismeses – um período de tempo arbitrário, cuja previsão acurada pode ser difícil. Os médicos podem fazer um prognóstico de curto prazo razoavelmente preciso para um paciente com determinadas patologias baseando-se em análises estatísticas de grandes grupos de pacientes com condições similares. Por exemplo, eles podem estimar com exactidão que 5 em cada 100 pacientes com condições críticas similares irão sobreviver e terão alta hospitalar. No entanto, a previsão de quanto tempo determinada pessoa sobreviverá é muito mais difícil. A melhor previsão que o médico pode fazer baseia-se em probabilidades e no grau de confiabilidade dessas probabilidades. Se a probabilidade de sobrevivência for de 10%, as pessoas envolvidas devem reconhecer a probabilidade de 90% de morte do paciente, elaborando os planos de acordo com essa realidade. Na ausência de informações estatísticas disponíveis, o médico pode ser incapaz de estabelecer um prognóstico ou pode defini-lo baseando-se em sua experiência pessoal, o qual pode ser menos acurado. Alguns médicos preferem dar esperança, descrevendo recuperações notáveis, sem mencionar a grande probabilidade da maioria das pessoas portadoras de tal doença acabar morrendo. Entretanto, deve ser fornecido às pessoas gravemente enfermas e às suas famílias as informações mais completas disponíveis e o prognóstico mais realista possível. Frequentemente, as escolhas possíveis ficam entre morrer mais cedo, mas com conforto, e morrer um pouco mais tarde através da instituição de uma terapia agressiva, a qual pode prolongar o processo agónico, aumentar o desconforto e a dependência e diminuir a qualidade de vidado paciente. Contudo, muitos pacientes e seus familiares podem sentir que eles devem tentar essas terapias caso exista alguma probabilidade de sobrevivência, mesmo quando a esperança de cura não é realista. Questões filosóficas, valores e crenças religiosas interferem quando tais decisões são tomadas pelo paciente ou por amigos e parentes do paciente que está morrendo. Cronologia da Morte Com o envelhecimento, ocorre uma alteração de vários aspectos perceptíveis do organismo O primeiro sinal de envelhecimento talvez seja quando o olho não consegue focalizar com facilidade objectos próximos, com distúrbios da visão (presbiopia). Frequentemente, em torno dos 40 anos de idade, muitas pessoas acham difícil ler sem usar óculos. A audição também altera com a idade. As pessoas tendem a perder parte da capacidade de ouvir as tonalidades mais agudas (presbiacusia). Por isso, algumas pessoas idosas acham que a música de um violino já não soa de modo tão emocionante quanto na juventude. Do mesmo modo, como a maioria das consoantes fechadas são emitidas com tonalidades agudas (sons como k, t, s, p e ch), as pessoas mais idosas podem pensar que seus interlocutores estão murmurando. Na maioria das pessoas, a proporção de gordura corpórea aumenta em mais de 30% com o envelhecimento. A distribuição da gordura também muda: há uma menor quantidade de gordura sob a pele e uma maior quantidade na área abdominal. Consequentemente, a pele torna-se mais delgada, enrugada e frágil e a forma do tronco muda. Não é surpreendente que a maioria das funções internas também altere ao longo do tempo. Em geral, essas funções atingem seu ápice

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umpouco antes dos 30 anos e, em seguida, sofrem um declínio gradual, porém contínuo. Entretanto, mesmo frente a esse declínio, a maioria das funções permanece adequada durante toda a vida, pois quase todos os órgãos possuem uma capacidade funcional consideravelmente superior às necessidades do organismo (reserva funcional). Por exemplo, mesmo que metade do fígado seja destruída, permanecerá uma quantidade de tecido hepático mais que suficiente para manter o funcionamento normal. Geralmente as doenças são responsáveis pela perda da função nas pessoas idosas, mais do que o envelhecimento normal. Mesmo assim, o declínio na função significa que as pessoas com mais idade estão mais sujeitas a efeitos adversos com o uso de medicamentos, mudanças de ambiente, toxinas e doenças. Embora o declínio da função de muitos órgãos tenha pouco efeito sobre o modo de vida dos indivíduos, o declínio de certos órgãos pode afectar significativamente a saúde e o bem-estar. Por essa razão, apesar da quantidade de sangue que o coração bombeia em repouso não sofrer grande redução na pessoa idosa, o coração não consegue bombear o suficiente quando forçado ao máximo. Isto significa que atletas idosos não são capazes de apresentar desempenhos tão bons como os atletas mais jovens. As alterações da função renal podem afectar drasticamente o modo com que as pessoas idosas são capazes de eliminar certas drogas do organismo. É difícil se determinar com exactidão quais alterações estão exclusivamente relacionadas ao envelhecimento e quais são decorrentes do estilo de vida do indivíduo. Um estilo de vida sedentário, uma alimentação inadequada, o fumo e oabuso do álcool e de drogas podem causar danos a muitos órgãos ao longo do tempo, frequentemente de forma mais intensa que o processo de envelhecimento. Os indivíduos que se expuseram a toxinas podem apresentar uma redução mais importante ou mais rápida da função de alguns órgãos, especialmente os rins, os pulmões e o fígado. O processo de morte pode caracterizar-se pela deterioração durante um longo período de tempo, a qual é caracterizada por episódios de complicações e efeitos colaterais, como ocorre em algumas pessoas com câncer. Habitualmente, um mês antes da morte, a energia, as funções e o conforto diminuem substancialmente. Percebe-se nitidamente que a pessoa está entrando em falência e o fato de a morte estar próxima torna-se evidente para todos. O processo de morte pode seguir um outro curso. Às vezes, uma pessoa que está sendo submetida a um tratamento hospitalar intensivo decorrente de doença grave, piora subitamente e, somente algumas horas ou dias antes de seu falecimento, é percebida a iminência da morte. Contudo, é cada vez mais comum que a morte ocorra com um lento declínio das faculdades do paciente durante um longo período, às vezes com episódios de sintomas graves. As doenças neurológicas, como a doença de Alzheimer, seguem esse padrão, assim como o enfisema, as insuficiências hepáticas e renal e outras patologias crónicas. A cardiopatia grave incapacita os indivíduos no decorrer do tempo e produz sintomas graves de modo intermitente e, nesses casos, a morte geralmente é súbita, sendo provocada por um distúrbio do ritmo cardíaco (arritmia). O conhecimento da possível evolução de uma doença permite que opaciente e sua família façam planos. Quando existe a possibilidade de morte em decorrência de uma arritmia, o paciente e sua família devem estar preparados para a sua ocorrência a qualquer momento. No caso de indivíduos com câncer, a piora do quadro que precede a morte serve como advertência de que o paciente encontra-se em seus últimos dias de vida. Quando a Morte é Iminente A perspectiva da morte levanta dúvidas acerca da natureza e do significado da vida e das razões para o sofrimento e a morte. Não existem respostas fáceis para essas dúvidas fundamentais. Na busca por respostas, os pacientes gravemente enfermos e suas famílias podem fazer uso de seus próprios recursos, religião, conselheiros e amigos. Eles podem falar e participar de rituais religiosos ou familiares ou de actividades significativas.

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Com a proximidade da morte, o antídoto mais importante para o desespero é, na maioria dos casos, se sentir amado. Não se deve permitir que a enorme quantidade de diagnósticos e tratamentos clínicos acabe ocultando as questões maiores e a importância das relações humanas. Normalmente, é difícil prever o momento exacto da morte. As famílias são orientadas a não insistir no estabelecimento de previsões exactas e a não confiar totalmente nas previsões fornecidas. Às vezes, pacientes muito frágeis sobrevivem além do que seria de se esperar. Outros pacientes morrem rapidamente. Se o paciente exprimir o desejo de que uma determinada pessoa permaneça ao seu lado no momento da morte, devem ser tomadas providências para acomodar essa pessoa por um tempo indefinido. Frequentemente, existem sinais característicos que indicam aiminência da morte. A consciência pode diminuir, os membros tornam-se frios e podem apresentar uma coloração azulada e a respiração pode tornar-se irregular. As secreções na garganta ou o relaxamento dos músculos dessa região levam à produção de uma respiração ruidosa, às vezes denominada “estertor agónico”. A mudança de posição do paciente ou o uso de medicamentos para eliminar as secreções pode minimizar o ruído. Esse tratamento tem como objectivo o conforto da família ou das pessoas que estão tratando do paciente terminal, pois a respiração ruidosa ocorre em uma fase em que o paciente não tem consciência do que está ocorrendo. Esse tipo de respiração pode persistir por horas. No momento da morte, podem ocorrer algumas contracções musculares e o tórax pode movimentar-se como se o paciente estivesse respirando. O coração pode bater durante alguns minutos após a cessação da respiração e o paciente pode apresentar uma crise convulsiva de curta duração. A menos que o paciente terminal seja portador de uma doença infecciosa rara, deve ser assegurado aos membros da família que tocar, acariciar ou abraçar o organismo de uma pessoa moribunda, mesmo um pouco após o óbito, são atitudes aceitáveis. Em geral, ver o corpo após o óbito conforta as pessoas mais íntimas do morto. Essa atitude parece afastar o medo irracional de que o indivíduo não tenha morrido realmente. Após o Falecimento A morte deve ser declarada por uma pessoa investida da autoridade para fazê-lo – normalmente um médico – e a causa e as circunstâncias da morte devem ser atestadas oficialmente. O atendimento dessas exigências varia substancialmente de paíspara país ou mesmo de uma região a outra. Se o paciente planejar morrer em casa, a família deve saber previamente o que esperar e quais providências tomar. Quando um indivíduo se encontra hospitalizado, o enfermeiro responsável geralmente explica todos esses detalhes. Se houver necessidade de chamar a polícia ou outras autoridades, elas devem ser notificadas com antecedência que a pessoa está morrendo em casa e que sua morte está sendo aguardada. Frequentemente, as instituições para pacientes terminais e os programas de home care têm rotinas para notificar as autoridades, poupando assim a família dessas situações desconfortáveis. Caso o paciente não esteja sendo tratado por alguma instituição, a família deve entrar em contacto com um médico legista ou um agente funerário para tomar conhecimento das medidas necessárias. A obrigatoriedade de um atestado de óbito costuma ser subestimada. Esse documento legal é necessário para as reivindicações junto às seguradoras, para o acesso a contas bancárias, para a transferência dos bens materiais que pertenciam ao falecido e para o estabelecimento da herança. A família deve providenciar uma quantidade de cópias suficientes. A família pode demonstrar relutância em solicitar ou aprovar a realização de uma autópsia. Apesar de ela não ser útil ao falecido, ela pode ser de valia para a família e outros portadores da mesma doença, pois revela maiores detalhes a respeito do processo patológico. Após a autópsia, o corpo pode ser

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preparado pela agência funerária ou pela família para o enterro ou cremação. Comummente as incisões efectuadas durante a autópsia são ocultas pelas roupas. EfeitosSobre a Família A família e os amigos íntimos são companheiros de viagem do paciente terminal e também sofrem. Durante o processo de agonia do paciente, a família deve ser informada sobre o que está ocorrendo e sobre o que provavelmente irá ocorrer. A família também deve procurar se inteirar sobre os custos da morte de um membro da família. Parentes próximos, em geral mulheres de meia-idade ou mais idosas, cuidam voluntariamente do enfermo em seus dias finais. Eles devem investigar como os profissionais da saúde podem auxiliá-los para tornar essa carga suportável. Existem os custos do afastamento do emprego, assim como as despesas com medicamentos, o tratamento domiciliar e os deslocamentos. Um estudo demonstrou que um terço das famílias despende a maior parte de suas economias ao tratar de um parente moribundo. A família deve discutir francamente sobre os custos com o médico, insistindo para que seja dada uma razoável atenção a esse aspecto e planejando antecipadamente para limitar ou se preparar para tais gastos. Mesmo antes da morte, a família e as pessoas mais íntimas iniciam o processo de perda. A reconstrução da vida após o período de luto depende da tipo de relação existente com o falecido, de sua idade, do modo como a morte ocorreu e dos recursos emocionais e financeiros disponíveis. Do mesmo modo, a família necessita sentir que ela fez tudo que foi possível. Uma conversa com o médico algumas semanas após o óbito pode ajudar a dissipar dúvidas remanescentes. A solidão, a desorientação e a sensação de irrealidade experimentadas durante o período próximo da morte diminuem ao longo do tempo, mas a sensação deperda persiste. As pessoas não “superam” uma morte, mas conseguem aceitá-la e dão prosseguimento à vida. Após a morte, a família deve estabelecer a herança. Embora trate-se de uma tarefa difícil, a discussão sobre os bens e as questões financeiras no período que antecede a morte é uma boa medida. Com frequência, esse tipo de procedimento revela documentos que podem ser assinados ou questões que podem ser decididas pelo paciente, reduzindo a carga sobre a família. AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO CLÍNICA Tomada de Decisões Para a melhor qualidade de vida possível durante uma doença fatal, é fundamental a comunicação aberta e honesta entre o paciente e seu médico sobre as preferências relativas ao tratamento no final da vida. O médico deve apresentar ao paciente um quadro realista no que diz respeito às possibilidades de recuperação e de incapacitação durante e após várias opções de tratamento e o paciente informará ao médico e a sua família o que ele deseja ou não enfrentar. O paciente deve definir suas preferências de tratamento e também seus desejos em relação ao local onde ele quer morrer e o que ele espera que seja feito quando a morte chegar. Ao escolher um médico, o paciente deve questionar sobre os cuidados que receberá ao final da vida: O médico tem experiência suficiente para tratar de pacientes terminais? O médico irá prover atendimento ao paciente em todos os locais – hospital, clínica para pacientes terminais ou domicílio? O médico tratará de todos os sintomas (tratamento paliativo) no final da vida? O médico está familiarizado com os serviços de tratamento domiciliar, fisioterapia e terapia ocupacional dacomunidade? – Quem está qualificado para esses serviços, como esses serviços são pagos e como ajudar o paciente e sua família na obtenção de serviços intensivos quando houver necessidade?

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Um sistema de assistência médica inclui um sistema de financiamento, como as apólices de seguro e o managed care, e um sistema de prestação de serviços como, por exemplo, um hospital, uma clínica para pacientes terminais e serviços de home care. Formular questões aos médicos, enfermeiros, outros pacientes e famílias, assistentes sociais e demais profissionais envolvidos ajuda o indivíduo a encontrar um bom sistema de assistência médica. • Quais tratamentos são cobertos pelo sistema? • Quais são as informações disponíveis sobre os méritos dos tratamentos possíveis? Como o paciente pode entrar em contacto com outros pacientes (e famílias) que foram tratados na instituição? • Quais são os tratamentos experimentais disponíveis? Quais foram as reacções de outros pacientes a esses tratamentos? Como esses tratamentos são pagos? Tendo formulado essas questões, o paciente e sua família devem avaliar: • Eles sentiram que as respostas às suas questões foram honestas? • Nesse sistema, eles receberão apoio médico, emocional e financeiro? • Esse sistema atenderá as suas preferências e os planos específicos? Procuração Permanente para Assuntos de Saúde O paciente deve nomear uma pessoa de confiança como procurador ou representante por meio de um documento legal denominado Procuração Permanente para Assuntos de Saúde. O procurador fica autorizado a tomar decisões concernentes à saúde do paciente no caso de ele tornar-se incapaz de fazê-lo. Se opaciente não nomear um procurador, o parente mais próximo habitualmente tomará essas decisões. No entanto, em algumas jurisdições e para algumas decisões, o parente mais próximo deve ser autorizado juridicamente. A existência de um procurador nomeado evita os gastos e a demora judiciais, sendo especialmente importante quando o parente mais próximo não é a melhor escolha como procurador ou quando a relação com o procurador não é legalmente reconhecida. Orientações Antecipadas e Testamento em Vida O paciente pode estabelecer orientações em relação aos tipos de tratamentos que deseja antes de necessitá-los. Essas orientações médicas antecipadas são importantes para o caso do paciente tornar-se incapaz de tomar decisões. As orientações podem ser declarações gerais de objectivos e filosóficas, as quais devem tornar-se mais específicas à medida que a doença avança. As orientações antecipadas podem ser documentadas como testamentos em vida. No entanto, é suficiente uma carta escrita pelo paciente ou a documentação das orientações do paciente no prontuário médico. Ao tomar decisões sobre orientações antecipadas, o paciente deve entender completamente suas circunstâncias e escolhas. É essencial ter uma conversa com o médico para que tais orientações sejam específicas e úteis. Além disso, as orientações devem ser passadas aos profissionais envolvidos em todas as fases do tratamento. Decisões ponderadas para uma instituição de pacientes terminais são irrelevantes se médicos e enfermeiros locais nada souberem acerca delas. A pessoa que deseja morrer na própria casa e não quer ser submetida a procedimentos de ressuscitação devepedir ao médico para emitir uma ordem aos outros profissionais envolvidos para não executarem a sua transferência para o hospital e para não tentarem a sua ressuscitação. Planeamento Terapêutico O paciente e sua família podem sentir-se impotentes frente à doença e aos tratamentos, como se não pudessem fazer nada em relação ao que está ocorrendo. Às vezes, é preferível essa sensação de não controlo do que a responsabilidade de pensar sobre o que mais poderia ser feito. Os pacientes e os familiares diferem em seu interesse por informações e em sua

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participação nas tomadas de decisão. O importante é que eles se sintam satisfeitos por ter feito o possível para manter o bem-estar e a dignidade do paciente até a sua morte. O paciente, a família e os profissionais da saúde devem ser realistas no que diz respeito à possibilidade da morte, devendo discutir as prováveis complicações e elaborar um plano de como enfrentá-las. No entanto, analisar essas possibilidades de modo objectivo pode ser difícil quando ocorrem eventos inesperados. Além disso, as respostas emocionais influenciam as decisões. Algumas resoluções como, por exemplo, a autorização de ressuscitação – o único tratamento realizado automaticamente no hospital – são menos significativas do que parecem. Uma ordem contra a tentativa de ressuscitação faz sentido para a maioria dos pacientes que certamente morrerão e a família não sente tanto o fardo dessa decisão. É improvável que o paciente venha a beneficiar com a tentativa de ressuscitação. A ressuscitação pode ser proibida nas orientações antecipadas do paciente. A alimentação e a água administradas através de tubos(nutrição e hidratação artificiais) frequentemente são inúteis para um paciente terminal e também podem ser proibidas nas orientações antecipadas. No entanto, outras decisões afectam o paciente e a família de forma mais significativa e, por essa razão, merecem uma maior atenção. Por exemplo, pode ser desejo da família manter o paciente em casa – um ambiente familiar e confortante – e não em um hospital. Os membros da família devem insistir para que os médicos e demais profissionais da saúde ajudem na elaboração de planos específicos relativos a essas preferências e as respeitem. A hospitalização pode ser recusada de forma explícita. Às vezes, o paciente terminal é persuadido a tentar um último tratamento, o qual, em geral, sacrifica seus últimos dias em decorrência de efeitos colaterais, sem oferecer ganhos efectivos na qualidade de vida. O paciente e a família devem ser cépticos em relação a esses tratamentos. À medida que a morte se aproxima, o centro dos cuidados deve ser direccionado totalmente ao conforto do paciente, assegurando o não sofrimento. Serviços que Devemos Conhecer Home care é o tratamento supervisionado por um médico e ministrado na casa do paciente por profissionais da saúde, os quais podem ajudar administrando medicamentos, avaliando o estado do indivíduo e prestando serviços pessoais, como dar banho. Cuidados para o paciente terminal são os cuidados ministrados no fim da vida do paciente, enfatizando o alívio dos sintomas, e que proporcionam apoio psicológico e social para o doente terminal e sua família. O local pode ser a casa do paciente, uma instituição para doentes terminais ou um hospital.Em geral, para ter acesso a esses cuidados, o paciente deve ter um prognóstico de menos de seis meses de vida. Cuidados domiciliares de enfermagem é o tratamento realizado por uma instituição autorizada, com enfermeiras e pessoal de apoio. Cuidados temporários que consistem em cuidados prestados em casa ou numa instituição de pacientes crónicos ou de pacientes terminais, permitindo que os membros da família do paciente ou profissionais da saúde viajem, repousem ou dêem atenção a outros assuntos. Esses cuidados podem se prolongar por dias ou semanas, dependendo das normas do sistema de tratamento e do plano de saúde. Organizações voluntárias fornecem uma série de serviços de suporte financeiro e de auxílio a pessoas enfermas e às suas famílias. Comummente, essas organizações ocupam-se de indivíduos portadores de uma determinada doença. Suicídio Muitos pacientes terminais e suas famílias chegam a considerar a possibilidade do suicídio, sobretudo actualmente, em razão do aumento do debate público sobre essa questão. As pessoas que defendem o suicídio são em grande parte motivadas pela solidão, pela sensação de inutilidade ou por sintomas incontroláveis. Uma discussão sobre o assunto com o médico

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poderá ser útil; o profissional pode aumentar os esforços para controlar a dor, assegurar ao paciente e à família o afecto necessário e ajudá-los na busca de um significado. Apesar disso, alguns pacientes e suas famílias optam pelo suicídio, seja em busca de alívio para uma situação intolerável, seja como um exercício de autonomia determinando precisamente quando e como eles desejam morrer. Em geral, os pacientes recusamtratamentos que podem prolongar a vida, como a alimentação via parental e a respiração artificial. Esse tipo de decisão não é considerado suicídio. Aceitação da Morte É comuns os indivíduos apresentarem uma reacção de negação ao serem informados que eles provavelmente morrerão em decorrência de sua doença. Eles podem tornar-se confusos, perturbados, irritados ou tristes e podem se isolar. Quando essas reacções amenizam, os indivíduos iniciam o processo de aceitação da morte – o que, com frequência, significa terminar o trabalho de toda uma vida, colocar em ordem os assuntos com os familiares e os amigos e aceitar o inevitável. Os aspectos espirituais e religiosos são importantes para alguns pacientes e suas famílias. Em algumas instituições para pacientes terminais e hospitais, membros do clero participam da equipe terapêutica e os profissionais da saúde podem auxiliar as pessoas envolvidas a encontrar o apoio espiritual apropriado, caso não tenham contacto com um padre ou outro líder espiritual. A preparação para a morte é uma tarefa difícil, repleta de altos e baixos emocionais. Contudo, para a maioria das pessoas esse é um momento de uma nova compreensão e de crescimento. Através da solução de mágoas do passado e de relações abaladas, um indivíduo em fase terminal e sua família podem sentir uma profunda sensação de paz. Sintomas Durante uma Doença Fatal Muitas doenças fatais produzem sintomas semelhantes como, por exemplo, dor, dificuldade respiratória, problemas gastrointestinais, úlceras de decúbito e fadiga. Também é comum a ocorrência de depressão, ansiedade, confusão mental, delírio, inconsciência einvalidez. Dor A maioria das pessoas teme a dor ao se defrontarem com a morte. No entanto, ela pode ser controlada, permitindo que o indivíduo permaneça consciente, sinta-se integrado no mundo e confortável. A radiação pode controlar certos tipos de dor produzidos pelo câncer. A fisioterapia ou analgésicos, como o acetaminofen e a aspirina, são utilizados para controlar a dor leve. Para algumas pessoas, a hipnose ou o biofeedback – métodos que não produzem efeitos adversos importantes – aliviam a dor de modo eficaz. No entanto, a necessidade do uso de narcóticos, como a codeína e a morfina, é frequente. Os narcóticos administrados por via oral podem aliviar eficazmente a dor por muitas horas e os narcóticos mais fortes podem ser administrados sob a forma injectável. A dependência medicamentosa não deve ser levada em consideração e medicamentos adequados devem ser administrados desde o início e não se deve aguardar que a dor se torne insuportável. Não há uma dose padrão: alguns necessitam de pequenas doses enquanto outros precisam de doses muito maiores. Dificuldade Respiratória A dificuldade respiratória é uma das piores formas de se viver ou de morrer e também pode ser evitada. Vários métodos podem facilitar a respiração como, por exemplo, a diminuição da produção de secreção, a mudança da posição do paciente, a administração de oxigénio suplementar ou a diminuição do volume de um tumor que esteja obstruindo as vias

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respiratórias decorrentes da radiação ou de corticosteróides. Os narcóticos ajudam os pacientes com dificuldade respiratória leve e persistente a respirar com maior facilidade, mesmo que eles não estejamsentindo dor. O uso de narcóticos na hora de dormir permite um sono confortável, evitando que o paciente desperte frequentemente em consequência do esforço respiratório. Quando esses tratamentos são ineficazes, é consenso quase geral entre os médicos que trabalham em instituições para pacientes terminais a administração de um narcótico em dose suficientemente alta para aliviar a falta de ar, mesmo que isso provoque a inconsciência do paciente. O paciente que deseja evitar a dificuldade respiratória ao final da vida deve certificar-se de que o médico tomará todas as providências necessárias, mesmo que o tratamento provoque inconsciência ou acelere de alguma forma a morte. Problemas Gastrointestinais Esses problemas, incluindo a boca seca, a náusea, a constipação, a obstrução intestinal e a perda de apetite, são comuns em doentes graves. Alguns dos problemas são causados pela própria doença. Outros, como a constipação, são efeitos colaterais de medicamentos. A boca seca pode ser aliviada por algodão ou gazes humedecidos que são aplicados sobre os lábios ou por bolas. Além disso, existem produtos adequados para as fissuras labiais. Para evitar problemas dentais, os dentes devem ser escovados ou devem ser utilizadas esponjas bucais para a limpeza de dentes, da boca e da língua. É indicada a utilização de uma solução para a higiene bucal que contenha pouco ou nenhum álcool, uma vez que produtos que contêm álcool e que são derivados do petróleo podem produzir uma grande secura. A náusea e o vómito podem ser causados por medicamentos, obstrução intestinal ou doença avançada. O médico pode ter que alterar a medicação oureceitar um medicamento anti-emético (anti-náusea). A náusea causada por uma obstrução intestinal também pode ser tratada com anti-eméticos, e podem ser tomadas outras medidas para o conforto do paciente. A constipação traz muito desconforto. A ingestão limitada de alimentos, a falta de actividade física e certos medicamentos produzem diminuição dos movimentos intestinais. Podem ocorrer cólicas abdominais. Muitas vezes, é necessário um regime com emolientes de fezes, laxantes e clisteres para o alívio da constipação, especialmente quando o problema é causado por narcóticos. Em quase todos os casos, o alívio da constipação é benéfico, mesmo nos estágios finais da doença. A obstrução intestinal pode exigir cirurgia. Contudo, dependendo do estado geral do paciente, do provável tempo de vida que lhe resta e da causa da obstrução, pode ser preferível o uso de medicamentos que paralisem o intestino, em alguns casos com aspiração nasogástrica concomitante para manter o estômago vazio. Para o alívio da dor, os narcóticos podem ajudar. A perda do apetite é comum na maioria dos pacientes terminais. É natural que ocorra uma diminuição do apetite e isso não acarreta problemas físicos adicionais, embora possa angustiar o paciente e sua família. Os pacientes não manterão sua força obrigando-se a comer, mas podem sentir algum conforto comendo pequenas porções de seus pratos caseiros favoritos. Se não houver expectativa da morte em horas ou dias, a nutrição ou a hidratação – administradas por via intravenosa ou por uma sonda passada através de uma narina até o estômago –, pode ser administrada durante um tempo limitado para se observar se umamelhor nutrição traz o conforto, a lucidez ou a energia do paciente. O paciente e sua família devem entrar em um acordo explícito com o médico em relação aos objectivos dessas medidas e ao momento ideal de sua interrupção, caso elas não estejam ajudando. A redução da ingestão de alimentos ou de líquidos não causa sofrimento. Na verdade, à medida que o coração e os rins começam a falhar, a ingestão normal de líquidos frequentemente provoca dificuldade respiratória à medida que ocorre um acúmulo de líquido nos pulmões. A redução da ingestão de alimentos e líquidos pode diminuir a necessidade de aspiração por

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causa da menor quantidade de líquido acumulado na garganta e pode reduzir a dor causada pela menor pressão sobre os tumores. Essa medida muitas vezes ajuda o organismo a liberar maiores quantidades das substâncias químicas naturais que aliviam a dor (endorfinas). Por essa razão, os pacientes não devem ser forçados a comer ou a beber, especialmente nos casos em que há necessidade de meios de contenção, tubos intravenosos ou hospitalização. Solução de Continuidade da Pele Os pacientes terminais podem apresentar soluções de continuidade (lesões) da pele que acarretam desconforto. Os pacientes com mobilidade limitada, permanecendo sobretudo confinados ao leito ou sentados, apresentam maior risco. A pressão sobre a pele decorrente da permanência na posição sentada ou do movimento sobre lençóis pode produzir lacerações ou lesões cutâneas. Devem ser feitos todos os esforços possíveis para proteger a pele e o médico deve ser imediatamente comunicado caso ocorra hiperemia (rubor) ou lesão. Fadiga A maioria dasdoenças fatais causa fadiga. Um indivíduo em fase terminal pode tentar poupar energia para a realização de actividades realmente importantes. Frequentemente, não é essencial a ida a uma consulta médica ou a continuação da prática de exercícios que não produzem mais efeitos benéficos, principalmente se isso consumir a energia necessária para actividades que causam mais satisfação. Depressão e Ansiedade A sensação de tristeza ao contemplar o fim da vida é uma resposta natural, mas esse sentimento não deve ser confundido com a depressão. O indivíduo deprimido perde o interesse pelo que ocorre à sua volta, enxerga apenas o lado triste da vida ou não sente emoções. O paciente e sua família devem conversar com o médico sobre esses sentimentos para que a depressão seja diagnosticada e tratada. Com frequência, o tratamento – o qual combina medicamentos e aconselhamento – é eficaz, mesmo nas últimas semanas de vida, e melhora a qualidade de vida durante o tempo que resta ao paciente. A ansiedade é caracterizada por uma preocupação excessiva e ela ocorre quando a preocupação e o temor são tão grandes que passam a interferir nas actividades quotidianas. A sensação de não estar sendo devidamente informado ou de estar sendo sobrepujado pode causar ansiedade. Essa situação pode ser aliviada quando o paciente solicita informações mais precisas ou ajuda às pessoas responsáveis pelo seu tratamento. Os indivíduos que costumam ficar ansiosos durante períodos de stress são mais propensos à ansiedade frente à proximidade da morte. Estratégias que foram úteis no passado como, por exemplo, o estímulo à confiança, o uso de medicamentos e acanalização da preocupação para actividades produtivas, podem ser úteis para o paciente, inclusive nos últimos dias de vida. Um indivíduo terminal que apresenta ansiedade deve receber o apoio de conselheiros e pode necessitar de medicamentos ansiolíticos. Confusão Mental, Delírio e Inconsciência Os pacientes gravemente doentes frequentemente apresentam confusão mental. Esse estado pode ser desencadeado por um medicamento, uma infecção pouco importante ou mesmo pela alteração do ritmo de vida. Algumas vezes, a tranquilização e a reorientação podem aliviar a confusão mental, mas o médico sempre deve ser informado sobre o sintoma para que sejam aventadas as possíveis causas tratáveis. O paciente muito confuso pode exigir atenção

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constante ou apenas uma sedação leve. O indivíduo no estado terminal que apresenta delírio ou incapacidade mental não percebe a eminência da morte. No entanto, nos momentos finais da vida, ele pode apresentar períodos de lucidez surpreendente. Esses episódios podem ser muito significativos para os membros da família, mas também podem ser equivocadamente interpretados como uma melhora do quadro. A família deve estar preparada para esses episódios, mas não deve esperar que eles ocorram. Nos últimos dias de vida, aproximadamente metade das pessoas que estão morrendo permanece inconsciente. Se os membros da família acreditarem que a pessoa nesse estado ainda é capaz de ouvir, eles poderão se despedir como se a pessoa efectivamente as estivesse ouvindo. A morte ocorrida durante um período de inconsciência é uma forma muito tranquila de morrer, especialmente quando o indivíduo e sua famíliaestiverem em paz e tiverem elaborado todos os planos. Invalidez Frequentemente, a incapacidade progressiva acompanha as doenças fatais. As pessoas afectadas tornam-se gradualmente incapazes de administrar o lar, preparar a comida, tratar dos assuntos financeiros, andar ou realizar os cuidados pessoais. Quase todas as pessoas que estão morrendo precisam de ajuda nas últimas semanas. Essa invalidez deve ser prevista e devem ser implementadas medidas como, por exemplo, a escolha de uma moradia com acesso a cadeira de rodas e próxima da moradia dos familiares que cuidam do paciente. Serviços como o de terapia ocupacional, de fisioterapia e de atendimento domiciliar de enfermagem ajudam a pessoa a permanecer em seu domicílio, mesmo se a invalidez progredir. Algumas pessoas preferem permanecer em casa mesmo sabendo que a segurança é menor, preferindo uma morte mais precoce do que ao internamento. ACOMPANHAMENTO NO EXTERIOR Desenvolvimento do clima ético em organização que se dedica aos idosos. Os líderes empresariais, entre outras coisas, descobriram que a ética passou a ser um factor que agrega valor à imagem da empresa, no caso, dos hospitais, casas de saúde, asilos, locais de atendimento a idosos. Eis a razão da crescente preocupação, entre os empresários, com a adopção de padrões éticos para suas organizações. Sem dúvida, os empregados dessas entidades serão analisados através do comportamento e das acções por eles praticadas, tendo como base um conjunto de princípios e valores. Da mesma forma que o indivíduo é analisado pelos seus actos, as empresas (que são formadas por indivíduos) passaram a ter sua condutamais controlada e analisada, sobretudo após a edição de leis que visam a defesa de interesses colectivos. A credibilidade de uma instituição é o reflexo da prática efectiva de valores como a integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, entre outros. No caso de uma empresa voltada para o trabalho com idosos, impõe-se um respeito muito grande aos princípios e valores que ajudem a pessoa de mais idade, a atingir a sua plenitude como ser humano, dentro das limitações inerentes ao outono da vida. A boa imagem de uma organização voltada para pessoas idosas, sem dúvida deve estar totalmente comprometida com a ética. Nessa dimensão distinguem-se dois grandes planos de acção que são propostos como desafio às organizações:

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- De um lado, em termos de projecção de seus valores para o exterior, fala-se em empresa modelo; no sentido de respeito ao meio ambiente, no incentivo ao trabalho voluntário, na realização de algum benefício para a comunidade e na responsabilidade social, etc. - De outro lado, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos, clientes, colaboradores, profissionais especializados, fornecedores, accionistas, fazem-se esforços para a criação de um sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da organização e do direito. Os familiares das pessoas idosas a quem se dirigem os serviços prestados, aguardam, muitas vezes com ansiedade, um acompanhamento mais próximo e um atendimento mais personalizado, indicativo de que se trata cada pessoa como se fosse a única. São muito pesados oscompromissos impostos às empresas que, despreocupadas com a ética, enfrentam situações que muitas vezes, em apenas um dia, destroem uma imagem que demorou anos para ser conquistada. Multas elevadas, quebra da rotina normal, empregados desmotivados, fraude interna, perda da confiança na reputação da empresa, são exemplos desses encargos. Daí o motivo de muitas empresas terem adoptado elevados padrões pessoais de conduta para selecção de seus empregados e profissionais das áreas de geriatria, saúde, na alimentação, higiene e segurança, etc., cientes de que, actualmente, a integridade nos negócios exige profissionais altamente capazes de tornar compatíveis princípios pessoais e valores empresariais. Evidentemente, que no caso de empresas dedicadas às pessoas idosas, há que se levar em conta o talento dos profissionais para lidarem com esse público. Há que gostar muito de idosos, porque se isto não existir, só o talento é insuficiente. É perfeitamente plausível e absolutamente necessário aliar os valores típicos de empresa, tais como os lucros, resultados, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de ser necessário a mais-valia na conduta dos valores pessoais, tais como a honestidade, justiça, cooperação, tenacidade, compreensão, exigência, prudência, entre outros. Além, evidentemente, de habilitação técnica para o desempenho da função. Conclusão Naturalmente que é necessário um bom acompanhamento dos idosos quando estes necessitam de se deslocar a qualquer repartição pública. Evidentemente que acompanhar um idoso ao notário, levá-lo até junto de um advogado, deslocar-se com ele a uma instituiçãobancária ou compartilhar a sua companhia a qualquer serviço público, tem de ser uma pessoa eticamente bem formada, que inspire confiança ao idoso. Que saiba guardar sigilo de tudo o que foi feito, ser honrado, sério e respeitador. Por essa razão muitas empresas de respeito, na área de saúde e bem-estar, especializada em idosos empreendem um esforço organizado, a fim de encorajar a conduta ética entre seus empregados. Para tanto, elegem princípios e valores que são erigidos como baluartes da organização. Sob a égide desses postulados, implantam códigos de ética, idealizam programas de treinamento para seus executivos e empregados, criam comissões de ética, capacitam lideres que percorrem os estabelecimentos da organização incentivando o desenvolvimento de um clima ético, além de outras acções. Nessa perspectiva, as empresas que se utilizam de todos estes instrumentos, conquistam um clima muito favorável à assimilação, por parte de todos os seus colaboradores e clientes, daqueles princípios e valores, que pouco à pouco vão-se disseminando por toda a organização. Adquirem a consciência de que a ética nasce de um imperativo, que emerge de uma convicção interior, reclamando coerência entre os princípios defendidos e as atitudes tomadas.

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Com efeito, a empresa que desenvolve programas de ética, preocupando-se com a criação e desenvolvimento de clima ético no ambiente de trabalho, terá agregado à sua imagem excelente factor de competitividade. É muitas vezes por esse aspecto que cativa os clientes idosos e seus familiares, que dão preferência para aquelas empresas que denotam preocupação efectiva com o ser humano e não ficamsó na teoria. Notário Os serviços de notariado podem ser dos seguintes tipos: Registo civil • Nascimento • Casamento • Óbito • Divórcio • Certidões Identificação civil • Pedido de bilhete de identidade ou Cartão de Cidadão para cidadão nacional; • Em caso de retenção do bilhete de identidade; Registo de veículos • Registo de propriedade do veículo Registo predial Registos Centrais – Nacionalidade Outros • Compra, venda e permuta de bens imóveis; • Testamentos; • Protocolos Advogado Consulta e apoio jurídico em casos de • Divórcio • Violência familiar e doméstica • Regulação do Poder Paternal; • Legalização, no caso de cidadãos estrangeiros; • Contratos de trabalho; • Problemas laborais; • Organização de pagamento de dívidas • Etc. etc. Instituições bancárias Serviços prestados por instituições bancárias: • Levantamentos e depósitos; • Créditos (habitação, consumo, automóvel, férias, etc.) • Seguros de saúde; • Planos de Poupança e reforma; • Certificados de Aforro;

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• Livros de cheques; • Actualização de cadernetas. Serviços públicos Serviços públicos são todos os serviços que um cidadão pode recorrer, em caso de necessidade, contando-se entre os mais importantes: • Centro de Saúde; • Hospitais; • Segurança Social (abonos, subsídios, etc) • Finanças (entrega de declarações de impostos) • Polícia de Segurança Pública • Guarda Nacional Republicana; • Câmara Municipal; • Junta de Freguesia SITUAÇÕES IMPREVISÍVEISFOGO - PREVENÇÃO DE ACIDENTES GERAIS [pic]Nunca deixe crianças trancadas ao sair de casa. Em caso de incêndio, ou outra emergência, elas não terão como fugir. Não soltar fogos de artifícios, podem explodir acidentalmente na mão do usuário, mutilando-o ou queimando-o. Grande quantidade de papéis, papelões e outros materiais de fácil combustão não devem ser guardadas em locais abertos, próximo a áreas de circulação de pessoas, mas sim guardados em recintos fechados. Após utilizar uma fogueira na mata, camping, etc., lançar água na mesma e cobrir com areia. Ter cuidado com balões de gás para crianças, muitas vezes enchidos com hidrogénio. Não fumar perto deles, o que pode causar explosões e várias queimaduras. Não fumar na cama, pois o fumador pode adormecer e o cigarro provocar um incêndio. Não lançar produtos inflamáveis, gasolina, álcool, etc., nos ralos, pois, podem causar acumulação de gases provocando explosões. Não avivar chamas de churrasqueiras e braseiros lançando álcool ou outros produtos inflamáveis em cima deles - Poder-se-á queimar seriamente. COMO AGIR? • Se notar indícios de incêndio (fumo, cheiro a queimado, estalidos, etc.), aproxime-se a uma distância segura para ver o que está queimando e a extensão do fogo. • Dê o alarme pelo meio disponível aos responsáveis pela administração do prédio e/ou telefone aos Bombeiros - Telefone 112. • Se não souber combater o fogo, ou não puder dominá-lo, saia do local, fechando todas as portas e janelas atrás de si, mas sem trancá-las, desligando a electricidade e alertando os demais ocupantes do andar. • Não perca tempo tentando salvarobjectos, salve a sua vida. • Mantenha-se vestido, pois a roupa protege o corpo contra o calor e a desidratação. • Procure alcançar o andar térreo usando a escada sem correr, jamais use o elevador, pois a energia é normalmente cortada, e poderá ficar parado, sem contar que existe o risco dele abrir justamente no andar em chamas. • Procure ter sempre a mão o telefone dos Bombeiros. • [pic]Evite abrir qualquer porta em que esteja saindo fumo pelas frestas e/ou a maçaneta se encontre quente; • Ao ser surpreendido pelo fumo procure uma saída mantendo-se baixo sob o fumo e com um lenço sobre as vias respiratórias;

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• Se presenciar alguém com as roupas em chamas, derrube-a e role-a, se possível abafando-a com um cobertor; IMPORTANTE: • Se localizar alguém no meio do fumo arraste para um local ventilado e procure reanimá-lo por meio de ventilação ou respiração boca-a-boca. • Num incêndio em edifício evite subir, procure sempre descer; • Num incêndio em edifício não vá pelos elevadores, desça pela escada - sempre pelo lado direito; • Caso não consiga sair do local tente ir para a janela chamar a atenção para o resgate; • Lembre-se que nos cantos extremos inferiores das salas há ainda quantidades residuais de ar no caso de um incêndio; • Se tiver que atravessar pequenas extensões de fogo, molhe totalmente as suas roupas ou proteja-se com um cobertor molhado; • Se tiver um saco plástico transparente de tamanho de 50 cm a 1 metro, obtenha ar fresco não contaminado pelo fumo e tente escapar agachado, pois terá uma reserva de ar satisfatória durantealguns minutos; • Procure evitar a propagação do incêndio, evitando abrir janelas desnecessariamente; • No trânsito dê passagem ao socorro do Corpo de Bombeiros; • Informe aos bombeiros a existência de outras vítimas e a sua localização, especialmente se forem portadoras de deficiências físicas. SE FICAR ENCURRALADO... • Se não puder sair, mantenha-se próximo de uma janela de preferência com vista para a rua e sinalize a sua posição. • Feche, mas não tranque a porta do quarto ou onde estiver. Vede as frestas com um cobertor ou tapete para não deixar entrar fumo. • Em caso de fumo, mantenha-se junto ao chão e utilize um lenço ou toalha molhada sobre o nariz e boca (filtro), deixe-a escapar abrindo uma janela (ou quebrando o vidro, se ela for fixa). • Atire pela janela o que puder queimar facilmente (papéis, tapetes, cortinas, etc.), mas com cuidado para não magoar quem estiver na rua. INUNDAÇÃO Prevenção de inundações Para prevenir este tipo de acidentes é importante ter em atenção as regras de segurança dos edifícios em caso de incêndio, mas também certificar-se, através de uma inspecção regular, que as canalizações estão em bom estado. Também é importante garantir que o isolamento não impede que o escoamento da casa possa ser feito. Assim, certifique-se que os ralos das varandas ou marquises estão vedados permanentemente. O QUE FAZER DURANTE A INUNDAÇÃO: -Avise os seus vizinhos pois poderão prevenir as infiltrações ou mesmo auxiliá-lo a escoar a água; -Desligue a torneira principal da água e procure parar a inundação, determinando a sua origem, mas utilizando amaior cautela – se não conseguir parar a corrente de água, telefone para os bombeiros imediatamente;

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-Verifique a extensão da inundação, identificando quais as partes da casa afectadas e a quantidade de água de modo a determinar como a retirar; -Quando examinar a casa para determinar os estragos utilize uma lâmpada a pilhas e não acenda as luzes devido aos riscos de curto-circuito; -Verifique a solidez da casa procurando os sulcos (fendas ou rachadelas), pedaços de estuque caídos ou outros estragos que possam indicar uma queda iminente; -Procure sinais de risco de fogo como canos de gás partidos, circuitos eléctricos e electrodomésticos molhados ou quaisquer materiais inflamáveis ou explosivos; -Contacte a empresa seguradora para que um agente venha verificar os estragos atempadamente para que possa começar as reparações quanto antes. APÓS A INUNDAÇÃO: Se os estragos não forem muito grandes pode fazer as tarefas seguintes: -Certifique-se que toda a água foi escoada, em especial de caves e despensas; -Antes que secar totalmente, limpe as paredes e chão pois podem ter terra ou sujidade que saem mais facilmente quando não estão totalmente secas; -Para tornar a secagem da casa mais rápida, ligue o aquecimento da casa mas antes limpe-o bem, pois pode ter ficado danificado com a água; -Verifique se todas as paredes e soalhos estão devidamente secos mesmo nas fundações ou nas entre paredes, pois se deixar alguma humidade, pode arriscar-se a que os materiais apodreçam; -Repare as pequenas rachas que possam existir nas paredes; -Deite fora toda a comida que entrou em contacto com a água, mesmo as latas, pois podemter ficado danificadas; -Lave e seque todos os móveis, tapetes, roupas, utensílios de cozinha e roupas de casa, mesmo aquelas que não ficaram totalmente molhadas; -Verifique se houve a formação de bolor nos móveis; -Se a cor das paredes ou dos móveis sofreu alguma modificação com o contacto com a água, deixe estes acabamentos na decoração da casa para o final, pois podem ser feitos mais tarde quando a casa já estiver habitável. Acidentes com idosos Os acidentes com idosos sucedem-se também em alojamentos colectivos (casas de repouso, lares e outras instituições de acolhimento), no ambiente circundante ou por escorregamento na rua. Eis alguns conselhos para prevenir acidentes: • Pratique exercício físico com regularidade, de modo a melhorar a sua forma física. Faça uma alimentação equilibrada. • Seja cuidadoso, de modo a não cometer erros na dosagem dos medicamentos que está a tomar. • Não beba álcool em excesso. • Use sapatos bem ajustados, com solas antiderrapantes (de preferência com ranhuras). Evite usar solas de cabedal e protectores de metal. Os sapatos devem ter saltos largos, calcanhares reforçados e presilhas ou atacadores, de modo a evitar que os pés se movimentem dentro dos sapatos. Evite usar chinelos. • Não use camisas de noite ou roupões compridos. • Disponha os móveis da casa de maneira sensata. Deixe espaço para poder andar de um lado para o outro sem encontrar obstáculos. Não ande sobre pavimentos escorregadios (molhados

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ou encerados); os tapetes devem cobrir todo o chão de uma parede à outra ou possuírem forro antiderrapante. A mobília não deve ter rodas e a camae as cadeiras não devem ser demasiado baixas ou altas. Coloque barras de apoio na banheira, no chuveiro e ao lado da sanita. Utilize tapetes de borracha antiderrapantes no chuveiro e na banheira. • Ilumine convenientemente toda a casa - quarto, corredor, sala, cozinha e casa de banho. • As escadas devem ter boa iluminação, corrimãos seguros e degraus antiderrapantes. • Utilize a visão que tem, nas melhores condições. Se precisar de óculos, use-os. • Não coloque no chão pequenos tapetes. Não deixe gavetas abertas. • Não deixe fios eléctricos ou do telefone no chão. Fixe-os às paredes. • Mantenha todos os utensílios eléctricos em boas condições de funcionamento e a salvo de salpicos de água. Nunca os utilize quando estiver a mexer em água. • O aquecimento deve ter boa ventilação e devem ser usadas redes de protecção nas lareiras. • O relvado, o jardim, o pátio, locais de passagem para carros e passeios devem estar desimpedidos, sem buracos, fendas ou outras irregularidades. • Procure não estar sozinho. Não se isole, pois isso pode atrasar a chegada de ajuda do exterior no caso de acidente. • Esteja atento a movimentos inesperados de animais, crianças e bicicletas. • Traga consigo uma lanterna e utilize-a para que possa ver e ser visto na escuridão. • Não tenha vergonha de pedir ajuda para atravessar a rua. • Use bengala, se o seu médico concordar. • Tenha uma campainha perto de si, sempre que possível. Se acontecer um acidente: • Se cair, procure levantar-se de forma correcta - dobre-se sobre o estômago, ponha-se de gatas e gatinhe até à peça demobília que se encontra mais próxima de si. Coloque as mãos sobre ela e ponha um dos pés à frente, bem assente no chão. Levante-se e, em seguida, sente-se, até se encontrar recuperado. • Se não conseguir levantar-se, tente pedir ajuda - a colocação de uma campainha no chão do quarto, debaixo de uma cadeira, ou de um telefone, juntamente com os números de emergência num banco baixo, constitui precaução sensata a tomar. O Serviço Tele-Alarme pode ser muito útil. • Tente manter-se quente até chegar alguém para o ajudar. Puxe os tapetes próximos para cima de si, por exemplo, casacos ou os lençóis, o que estiver à mão. • Se sofrer um corte ou queimadura, procure a ajuda de um médico ou enfermeiro. • Se sofrer um acidente, não o considere um acontecimento de mau presságio e não limite as suas actividades. Pelo contrário, não se esqueça de que a actividade física o ajuda a manter-se mais saudável. RELAÇÕES INTERPESSOAIS Entende-se por relações interpessoais o conjunto de procedimentos que, facilitando a comunicação e a linguagem, estabelece laços sólidos nas relações humanas. É uma linha de acção que visa, sobre bases emocionais e psico-pedagógicas, criar um clima favorável à empresa (escola) e garantir, por uma visão sistémica e integração de todo pessoal, uma colaboração confiante e pertinente. Cada pessoa é, e sempre será, um verdadeiro universo de individualidade; as suas acções, os seus motivos, os seus sentimentos constituem paradigma único. Se não bastasse essa extrema singularidade ser modelada por uma fantástica constelação de neurónios que jamais se duplica de forma inteiramente igual em pessoasdiferentes, cada um é portador de um código biológico, uma história particular de vida e um volume imenso de circunstâncias que evoluíram e evoluem de forma dinâmica, tornando-o absolutamente incomparável. Mesmo que um determinado vocábulo possa, por exemplo, possuir o mesmo sentido para duas pessoas diferentes, a intensidade com que cada

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um o acolhe jamais será absolutamente igual. Ninguém pode jamais sentir a saudade que sentimos, experimentar a felicidade que vivemos, sofrer a angústia da perda que sofremos e porque assim somos, constituímos uma figura ímpar, um ser singular no imenso espaço que emoldura a nossa passagem pelo tempo. Esta originalidade de cada um dificulta a comunicação interpessoal e com ela todo o esquema de relações humanas que envolve o segredo do “conviver”. Essa manifesta singularidade humana está presente em qualquer família, num escritório, na risonha mesa de um bar, na escolha de companheiros ou nos partidos políticos. O estudo das relações interpessoais busca examinar os factores condicionantes das relações humanas e face aos mesmos sugerir procedimentos que amenizam a angústia da singularidade de cada um e dinamiza a solidariedade entre todos que buscam conviver com harmonia. Essa formação abre espaço também para que descubra meios de transformar contactos em convívios, colegas em companheiros, que segundo o sentido etimológico dessa palavra, ao viverem juntos necessitam sempre aprender maneiras de “dividirem o pão”. Para isso é importante o domínio de alguns procedimentos que podem facilitar as relações humanas. Mas, mesmo considerando a importância das mesmas para uso eventual emcircunstâncias imprevisíveis e inimagináveis, é essencial que o profissional encarregado de fazê-lo se mostre extremamente preparado e com aguda sensibilidade para perceber o oportunismo do momento e para domínio das estratégias de execução. As relações interpessoais são relações que envolvem interacções, percepções partilhadas, laços afectivos e interdependência de papéis. Estas relações variam de acordo com o conteúdo da relação. São as relações interpessoais que permitem um desenvolvimento pessoal e social. Há vários factores que influenciam as relações interpessoais, nomeadamente: PAPÉIS - Ao relacionarmo-nos com os outros, adquirimos novos comportamentos, dividindo-os em tarefas e adoptando diferentes papéis; - Os papéis vão evoluindo em função da interacção. CONTEÚDO DA RELAÇÃO - Implica o que os participantes fazem juntos, incluindo comportamentos cooperativos (como ajudar alguém) e comportamentos como lutar, competir, etc. INTERVENIENTES DA RELAÇÃO - Cada pessoa que interage connosco tem um significado e nós agimos conforme esse significado; - As pessoas unem-se para alcançar objectivos e satisfazerem necessidades que sozinhas não são capazes; CONTEXTO DA RELAÇÃO - O contexto social marca as relações interpessoais, influenciando os nossos comportamentos; - As pessoas são influenciadas pelas experiências vivenciadas pelos grupos em que cresceram, influenciando o modo como se relacionam com os outros. Podem-se observar nas relações interpessoais, várias formas de sociabilização. Assim, existem relações:

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- Formais (Ex: um cidadão numa repartição das finanças); - Informais (Ex: umgrupo de amigos); - Íntimas (Ex: relações familiares); - Públicas (Ex: Ida a um concerto); - Ocasionais (Ex: pedido de informação a uma pessoa desconhecida); - Sistemáticas (Ex: relações de trabalho); Quanto aos tipos de relações interpessoais, podem-se considerar as: - Relações afectivas; - Relações amizade; - Relações familiares; - Relações socioprofissionais; - Relações vizinhança; e comunidade; RELAÇÕES FAMILIARES Conceito de família A família define-se como o conjunto de indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco (de direito ou de facto) entre si, podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento. A Família é um dos apoios de base dos indivíduos em todas as sociedades. Isto significa que todos nós pertencemos a uma família, independentemente do tipo de sociedade em que vivemos, pois esta é a célula base de qualquer sociedade, donde todas as sociedades se desenvolvem. São observadas diversas diferenças culturais na forma como se define e se considera o conceito de Família. A representação social de Família, na sociedade em que vivemos, resulta do nosso passado da organização da nossa sociedade, do processo de socialização, das nossas convicções e valores (por exemplo: uma família portuguesa e uma família muçulmana). Associada ao conceito de Família surge a noção de Parentesco. Esta pode-se definir como as relações estabelecidas entre indivíduos através do casamento, ou por linhas de descendência, que ligam a familiares consanguíneos. Casamento O casamento é, assim, a união sexual entre dois indivíduos adultos, reconhecida e aprovada socialmente. Relacionada coma noção de casamento surgem várias formas matrimoniais, tais como: Monogamia – O casamento com uma só pessoa; Poligamia – Um homem ou uma mulher, com mais de um cônjuge; Poliginia – Um homem casado com mais de uma mulher ao mesmo tempo; Poliandria – Uma mulher casada com mais de um homem ao mesmo tempo. Tipos de família Actualmente, surgiram vários tipos de família, que gradualmente têm vindo a ganhar importância, face à Família Tradicional. Esta pode ser considerada como: FAMÍLIA NUCLEAR – Dois adultos vivendo juntos no mesmo agregado, com os seus filhos, próprios ou adoptados. FAMÍLIA EXTENSA – Um grupo de três ou mais gerações, que vivem na mesma habitação, ou próxima, podendo incluir avós, irmãos e suas mulheres, tias, etc. Como foi referido atrás, actualmente existem novos tipos de família, onde se destacam as

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seguintes: FAMÍLIA MONOPARENTAL – Um pai, ou uma mãe, com filhos, que pode resultar de uma maternidade assumida em solteiro, da separação, do divórcio ou viuvez. FAMÍLIA RECONSTRUÍDA – União de duas famílias em segundo casamento; FAMÍLIA UNIPESSOAL – Constituída por uma pessoa solteira, divorciada ou viúva. Traços gerais da família em Portugal e no Mundo No final do século XX foram observadas várias tendências na área das Famílias: - Há cada vez mais pessoas a viverem sós, principalmente entre as pessoas idosas; - O aumento das famílias monoparentais; - A diminuição da natalidade (aumento de filhos únicos); - O envelhecimento demográfico, principalmente nos países desenvolvidos; - Aceitação das famílias homossexuais; - O aumento das famílias nucleares; - O aumento donúmero de divórcios; - O aumento das uniões de facto. A Família Portuguesa sofreu, como as famílias nas outras sociedades desenvolvidas, diversas mudanças. O número médio de pessoas da família tem vindo a diminuir progressivamente (em 1991 era 3,1 e em 2001 passou a ser de 2,8), facto que está relacionado com a queda da natalidade e da fertilidade. As famílias monoparentais aumentaram, e são, na sua maioria, constituídas pela mãe e pelos filhos e resultam normalmente de separações e divórcios – a Grande Lisboa apresenta a maior percentagem destes casos. As famílias unipessoais também têm vindo a aumentar, facto que se deve ao envelhecimento da população, 39,5% das famílias unipessoais em 2001 eram mulheres idosas, viúvas, que viviam sozinhas. O número de famílias reconstruídas parece também estar em aumento, tendo-se registado, em 2003, uma percentagem de 14,1 de casamentos com filhos não comuns ao casal. Apesar do número de uniões de facto ainda ser muito baixo, relativamente à EU, nos censos de 2001 verificou-se um aumento para mais do dobro (passou de 2,9% em 1991, para 6,9% em 2001). A idade em que se realiza o casamento tem vindo a aumentar – num período de 20 anos, entre 1981 e 2001, a idade do primeiro casamento passou para as mulheres de 23,3 para 25,3 anos e nos homens passou de 25,4 para os 27,1. Estudos que se debruçaram sobre a Família, concluíram que esta apresenta transformações na sua organização e à sequência dessas reorganizações chama-se o Ciclo Vital da Família. Ou seja, é o caminho que a família percorre, desde que nasce até que morre. Definiram-se oito etapas que se indicam a seguir. CicloVital da Família Etapa 1 – Formação do casal (casal sem filhos) Etapa 2 – Família com recém-nascidos; Etapa 3 – Família com filhos pequenos; Etapa 4 – Família com filhos na escola; Etapa 5 – Família com filhos adolescentes; Etapa 6 – Família com filhos adultos; Etapa 7 – Casal de meia-idade; Etapa 8 – Envelhecimento e morte.

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- FAMÍLIA NUCLEAR As nossas relações familiares são ligações com origem no início da vida. A ligação à nossa Mãe, antes e depois do nosso nascimento. Todos sabemos da existência de uma forte ligação da Mãe ao feto durante a gravidez. Ligação essa que se fortalece mais depois do parto. A ligação aos outros membros da família, como o Pai que nos gerou e acompanha o desenvolvimento do feto durante a gravidez da Mãe. Há depois uma forte ligação do Pai após o nascimento. - FAMÍLIA EXTENSA O relacionamento faz a pessoa humana. O Homem é um ser em relação, pois é com os outros seres humanos que nós próprios aprendemos a ser humanos. Evoluímos nas relações com o Meio que nos rodeia, a família, a escola e a sociedade. Em casa com os nossos Pais, Irmãos, Avós, Tios, etc., criamos os sentimentos de pertença, de acolhimento e de relacionamento. Na escola com os nossos professores, funcionários, colegas de turma e outros amigos da escola percebemos que estamos integrados num mundo de relações. Mundo este que se alarga com a sociedade em geral, nomeadamente nos grupos de actividades desportivas, recreativas, na catequese, no grupo de amigos e através dos vários meios de comunicação. Para o estudo da Família, utiliza-se uma ferramenta denominada genograma. O genograma é uminstrumento de avaliação familiar, que consta de um diagrama visual da árvore genealógica da família. Através da sua construção, torna-se evidente o sistema relacional familiar, e os acontecimentos biográficos mais destacáveis (como os casamentos, nascimentos, divórcios, mortes, etc.) [pic] RELAÇÕES DE VIZINHANÇA E PROXIMIDADE Em determinada altura das nossas vidas verificamos, como atrás dissemos, que cada pessoa é, e sempre será, um verdadeiro universo de individualidade; as suas acções, os seus motivos, os seus sentimentos constituem paradigma único. Cada um de nós é portador de um código biológico, de uma história particular de vida e um volume imenso de circunstâncias que evoluíram e evoluem de forma dinâmica, tornando-nos absolutamente incomparáveis seja com quem for. Daí advirem diversos tipos de comportamento pessoal, dos quais abordamos apenas alguns. Isto acontece porque somos todos diferentes, ou seja, temos traços de personalidade diferentes. Poder-se-á definir personalidade como “conjunto de padrões comportamentais (incluindo pensamentos e emoções) que caracterizam a maneira de cada indivíduo se adaptar às situações da sua vida”. Por sua vez, chama-se traço de personalidade a todo o aspecto particular de um indivíduo que o distingue dos outros. O PASSIVO Caracteriza-se pela incapacidade de exprimir os seus pensamentos e emoções. Estas pessoas têm tendência a não manifestar claramente os seus desejos nem comunicar as suas

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necessidades, optando por ficar à espera que os outros façam as coisas por eles. Por exemplo, um funcionário em vez de pedir um aumento ao patrão fica à espera que o patrãolhe ofereça um aumento. Em vez de se afirmar tranquilamente, o passivo afasta-se ou submete-se e não age. Tem medo das decepções; é tímido, silencioso e nada faz para alterar o seu comportamento. Quando ocorre um conflito, tendem a ignorar ou a fingir que nada aconteceu. Assim sendo manter-se na expectativa e a falta de iniciativa são características da personalidade passiva. Comunica uma mensagem de inferioridade: ao sermos passivos permitimos que os desejos, necessidades e direitos dos outros sejam mais importantes que os nossos. Torna-se numa pessoa ansiosa que apresenta, com frequência, dores de cabeça e sofre de insónias. Alguém que se comporte de forma passiva perde, ao mesmo tempo que permite aos outros ganhar. Embora gere simpatias ao seguir este caminho leva a ser-se uma vítima e não um vencedor. Em suma, Evita o confronto, mesmo às custas de si próprio. Espera que as pessoas compreendam o que ele deseja. Preocupa-se muito com a opinião que os outros têm a seu respeito. Culpa-se de tudo. Cede facilmente Evita a abordagem directa Justifica-se excessivamente. O MANIPULADOR Este tipo de personalidade organiza-se para satisfazer as suas necessidades de forma muito indirecta e mal dirigida. É um acumulador. Um “caçador”. Utilizam uma comunicação pouco clara e com segundas intenções. Pseudo psicanalista. Não se implica nas relações interpessoais. É traiçoeiro. Esquiva-se aos encontros e não se envolve directamente com as pessoas, nem nos acontecimentos. É um pequeno comediante. Um desertor. Caracteriza-se por manobras de distracção ou manipulação dos sentimentos dos outros. É um actor. A arte demanipular o outro pode ser exercida de múltiplas maneiras. Outras formas de comportamento manipulativo: Acusador; Punidor; Emotivo. Em suma Tem um comportamento misto de passividade e de agressividade. Anseia por acerto de contas sem correr riscos de confronto. Pretende afirmar-se sem ter poder para tanto. É lacónico e suspira de impaciência. Tem uma postura fechada. Dá respostas indirectas e faz alusões sarcásticas. O AGRESSIVO É oposta à personalidade passiva. As suas reacções são extremas e a sua maneira de chegar aos seus fins é o afrontamento, a agressão directa, a cólera e a humilhação. São pessoas de uma intransigência excessiva e de uma rigidez desarmante. O agressivo prefere submeter os outros a fazê-los curvar. O agressivo fala alto, interrompe e faz barulho com os seus afazeres enquanto os outros se exprimem. O agressivo torna-se num cego no seu meio, porque evitam falar-lhe francamente e de forma verdadeira. Comunica sempre uma impressão de superioridade e de falta de respeito, desgastando psicologicamente as pessoas que o rodeiam.

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Ao sermos agressivos colocámos sempre os nossos desejos e direito acima dos outros, violando os direitos dos outros. As pessoas agressivas podem ganhar, ao assegurar-se que os outros perdem. Mas não entendem que se fossem ganhadores, não necessitariam de ser agressivos. Em suma, Anseia vencer, mesmo à custa dos outros. Usa o sarcasmo, escárnio e crítica destrutiva para ganhar. Preocupa-se muito com os seus desejos e vontades. Critica as pessoas, mas nunca critica o seu comportamento. É autoritário. O ASSERTIVO Exprime claramente e sem equívocos as suasnecessidades, os seus pensamentos e as suas emoções. Sem fazer um juízo de valor e sem atentar contra a integridade do outro, ela exprime aquilo que se pretende e a sua visão das coisas. Como diz o que pensa e não faz jogos onde muitos se divertem a enganar os outros, têm geralmente muito boa auto-estima. Dizer o que pensa sem que o outro reaja mal à sua atitude, Trata-se de um tipo de personalidade que permite um desenvolvimento social eficaz, que se irá repercutir em grande escala ao nível das aquisições individuais. As pessoas afirmativas ou Assertivas são capazes de defender os seus direitos, os seus interesses e de exprimir os seus sentimentos, os seus pensamentos e as suas necessidades de forma aberta, directa e honesta. As pessoas assertivas tem respeito por si próprias e pelos outros e estão abertos ao compromisso e à negociação. Em suma, Comunica uma impressão de respeito próprio e respeito pelos outros Ao sermos assertivos encaramos os nossos desejos, necessidades e direitos como iguais aos dos outros. Ao sermos assertivos, para afirmarmos os nossos direitos, não pisamos os direitos dos outros. As pessoas assertivas aceitam que os outros pensem de forma diferente de si, respeita as diferenças e não as rejeita. Uma pessoa assertiva ganha influenciando, ouvindo e negociando de tal forma que os outros escolhem cooperar de livre vontade. Este comportamento leva ao sucesso e encoraja relacionamentos honestos e abertos. O importante é que sejamos assertivos na maior parte das vezes. O comportamento assertivo é muito valorizado. Sabe o que quer e valoriza os outros. Desenvolve a auto-estima para a necessáriaauto-confiança. É muito importante no trabalho de equipa/grupo. Sabe ouvir e lidar com a critica. Defende as suas ideias/posições e respeita os outros. Além de saber o que quer a cada momento é uma pessoa confiante e frontal. COMO LIDAR COM AS PESSOAS Devemos cumprimentar as pessoas, num cumprimento franco e respeitoso. Devemos olhá-las de frente, isto é, olhar para a cara delas, sem ser necessário aquele olhar “olhos nos olhos”, que por vezes, inibe a outra pessoa. Devemos ser cordiais, respeitadores e gentis. Devemos utilizar um tom de voz adequado, agradável para quem nos ouve, de forma clara e ajustada. Devemos ter uma atitude positiva. Devemos, essencialmente, saber ouvir, escutar com atenção aquilo que as outras pessoas nos dizem. Por isso: - O saber falar é um dom de muitos.

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- O saber calar é um dom de poucos. - O saber escutar é a generosidade de poucos. RELAÇÕES SOCIOPROFISSIONAIS Nas relações socioprofissionais devemos ter em conta que a 1ª impressão conta bastante. O candidato a uma vaga ou que vai ocupar, pela primeira vez, um determinado posto de trabalho deve saber algumas regras elementares de apresentação. Saber apresentar-se. Ser autêntico, assertivo. Ter em atenção os pormenores. Ser amistoso, cordial, prestável. Ser sincero e coerente, o que diz, faz. Fundamentalmente não esquecer: - A atitude - A motivação - O Ser mais do que o ter - Respeitar o outro. Já repararam como é difícil a gestão das relações humanas?! Muitas vezes não sabemos como agir, o que pensar, o que escolher. Para gerir as nossas relações humanas é como ter um passarinho nas mãos: se apertamos demais, ele morre;se abrimos demais, ele foge. É nesta simbiose que está o segredo, o trabalho e a dificuldade. Quantas vezes, com medo de perder, apertamos tanto que o outro não pode respirar, quase não pode existir. Sufocamos. E acabamos mesmo por perder. Quantas vezes agem de uma forma demasiada branda, aparentando falta de interesse, e como tal interpretado, que pode levar a abusos ou à fuga. Diz Antoine de Saint Exupéry que devemos cativar. Cativar e prender. Mas não uma prisão física nem psicológica. Cativar é envolver. É estar atento. É dar espaço. É saber estar presente. É saber estar ausente. Mas sempre atento e interessado. Interesse não manipulador e curioso. Os dez mandamentos das relações humanas 1º - FALE com as pessoas. Nada há tão agradável e animado quanto uma palavra de saudação, particularmente hoje em dia quando precisamos mais de sorrisos amáveis. 2º - SORRIA para as pessoas. Não custa nada. Lembre-se que accionamos 72 músculos para franzir a testa e apenas 14 para sorrir. 3º - CHAME as pessoas pelo nome. A música mais suave para muitos ainda é ouvir o seu próprio nome. 4º - Seja AMIGO e prestativo. Se você quiser ter amigos, seja amigo. 5º - Seja CORDIAL. Fale e aja com toda a sinceridade. Tudo o que fizer, faça-o com todo o prazer. 6º - INTERESSE-SE sinceramente pelos outros. Lembre-se que você sabe o que sabe, porém você não sabe o que os outros sabem. Seja sinceramente interessado pelos outros. 7º - Seja GENEROSO em elogiar, CAUTELOSO em criticar. Os líderes elogiam. Sabem encorajar e dar confiança aos outros. 8º - SAIBA considerar os sentimentos dos outros. Existem três lados numa controvérsia: oseu, o do outro e o lado de quem está certo. 9º - PREOCUPE-SE com a opinião dos outros. Existem três comportamentos de um verdadeiro líder: oiça, aprenda e saiba elogiar. 10º - PROCURE apresentar um excelente serviço. O que realmente vale na nossa vida é o que fazemos pelos outros. O CURRICULUM VITÆ (C.V.) O curriculum vitæ é um documento de tipo histórico que relata o que se fez no passado, mas

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deve, ao mesmo tempo, ser orientado para o futuro, quer dizer: indicando o que se pode fazer, o tipo de serviços a que se pode propor a um empregador e o que sabe fazer. O curriculum vitæ deve conter: - A história profissional e a sua progressão, apresentada de uma forma simples e explícita. - As competências que estão contidas nos parágrafos que relatam a actividade profissional. - Os interesses profissionais/pessoais que sobressaem das etapas da carreira profissional e/ou das actividades extra-profissionais e dos passatempos. Um bom C. V. deve ser: - Fácil de compreender e ler; não deve conter demasiada informação nem fornecer dados em excesso. Um C.V. longo pode ser enfadonho, especialmente em períodos de recrutamento, em que se tem de ler um grande número deles; torna-se pois uma maneira simples de fazer selecção que é colocar de lado o C.V. do candidato. - O relato exacto das realizações; O C.V. deve referir-se a factos precisos, realizações concretas, fornecendo números ou apresentando provas tangíveis. Conclusão: - Não esquecer que as palavras-chave são: simplicidade, síntese e objectividade. - Atenção à máxima: um C.V. não é uma autobiografia. - Não esquecer que, ao enviar o C.V., pretende-se quea pessoa o leia e pense: Aqui está uma pessoa que parece ter o perfil desejado para a função. Vamos chamá-la para uma entrevista. Como fazer um C.V. - A apresentação deve ser dactilografada correctamente e não fotocopiada. - Devem utilizar-se verbos de acção tais como elabora, produzir, fazer dirigir, executar, etc. - As palavras utilizadas devem ser simples e concretas. - Evitar a adjectivação no superlativo. Por exemplo em vez de escrever “Tenho bastante (ou muita) experiência nesse domínio”, é aconselhável utilizar “Tenho uma experiência de 5 anos nesse domínio”. - Substituir os adjectivos por algarismos; por exemplo “uma dada taxa” por “uma taxa de 50%”, ou em vez de “numerosos clientes” optar por dizer “150 clientes”. - As frases devem ser curtas, claras e concisas. Utilizar um único verbo de acção em cada frase. - Os parágrafos devem ter 5 linhas no máximo e uma única ideia por parágrafo. Os números devem ser escritos por algarismos em vez de palavras. Por exemplo escrever 13 e não treze. - No caso de se utilizar uma sigla ou uma inicial deve escrever-se, entre parêntesis, o significado das siglas. Por exemplo: P. R. (Presidente da República). - As datas apresentam-se sempre da mesma forma. Por exemplo se escreve 25 de Abril de 1974 não se deve escrever a seguir 25/04/1974. - Actualmente há um C. V. a nível europeu, cujo conteúdo pode ser copiado facilmente pela internet. O Europass - Curriculum Vitae está disponível em diversas línguas entre as quais o português. Partes que constituem um C.V. - Identificação pessoal Nome, filiação, BI, naturalidade, idade, estado civil, situação militar,residência completa, telefone, telemóvel, fax, carta de consução, e-mail. - Habilitações Literárias Nivel de escolaridade, ano de conclusão, média do curso e Instituição.

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- Formação Profissional Cursos e Certificados adquiridos em escolas profissionais, em empresas ou outras. - Experiência profissional Locais em que já trabalhou, funções e cargos que desempenhou e respectivo período de tempo em cada actividade. Para além da formação, esta é a parte mais importante da C.V., a que mais conta para a entidade empregadora. Deve poder compreender-se, através das actividades profissionais, as capacidades e aptidões dos candidatos. - Outras informações relevantes Terá também o seu interesse na influência na decisão da escolha do candidato o facto de saber línguas, ter feito cursos de formação, participado em actividades culturais, desportivas ou comunitárias, em acções de voluntariado, etc. Como valorizar o C.V. Será que pelo facto de possuirmos uma licenciatura é o suficiente para valorizar o nosso C V? Se estamos à procura do 1º emprego, ou se nos encontramos desempregados, como aproveitamos o nosso tempo? Que actividades poderemos realizar nesta fase em que estamos sem trabalhar que sejam importantes para valorizarmos o nosso percurso de vida e rentabilizarmos o nosso C V? Por exemplo, poderemos fazer cursos de verão. Aprendendo uma língua estrangeira. Fazendo outros cursos de formação relacionados com Assistentes Familiares e de Apoio à Comunidade. Praticando actividades sociais ou fazendo voluntariado. Realizar um estágio ou trabalhar em part-time.