ATHIAS, R Oralidade e Praticas de Ensino Entre Os Hupdah

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ORALIDADE E PRÁTICA DE ENSINO ENTRE OS PROFESSORES HUPD'ÄH DA REGIÃO DO ALTO RIO NEGRO Renato Athias NEPE/PPGA/UFPE Texto a ser apresnetado no XV ENDIPE, Belo Horizonte, 21 de abril de 2010 Resumo A partir de observação realizada durante curso de formação de professores Hupd'äh, Yuhup e Daw, (Curso de Magistério Indígena II modular), oferecido pela Secretaria de Educação do Município de São Gabriel da Cachoeira/AM, durante os anos de 2005 a 2008, busca-se discutir questões centrais para a compreensão da prática de ensino em contextos interculturais, como a língua, a identidade social do professor e a relação desses com a sua comunidade e, por fim, a representação sobre a escola entre os Hupd'äh. Este trabalho é resultado de investigação sobre a formação de docentes indígenas. Palavras Chave: Interculturalidade, Educação Indígena, Formação de Docentes Preâmbulo Esta apresentação(*) está baseada em análises realizadas durante as três primeiras etapas do Programa de Formação de Professores, denominado de Magistério Indígena, entre os índios da família linguística Nadahup (ou seja as línguas Hup, Yuhup e Dâw) do município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, durante os anos de 2005 a 2008. É importante salientar, logo de início, que esses povos têm o português como terceira língua (a segunda é o tukano, povo vizinho, que eles utilizam para comunicar com os outros índios da região), como também, a educação escolar não faz parte da tradição desse povo, como espaço/processo de transmissão do saber e/ou tradição. Portanto, as questões discutidas nesta apresentação, estão necessariamente relacionadas com o processo intercultural e as relações sociais situadas no processo de educação escolar e a prática de ensino neste contexto sociopolítico. Em geral as questões sobre formação e a profissão docente apontam para um debate sobre a prática de ensino, e nesse caso entre culturas distintas, que envolvem aspectos de uma prática escolar de uma escola indígena e a formacão específica do professor sobre a prática pedagógica do professor indígena. Estes agentes da educação, são percebidos como pessoas mobilizadoras de saberes tradicionais e profissionais. Gostaria de lembrar de um debate iniciado por Nietta Monte 1

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  • ORALIDADE E PRTICA DE ENSINO

    ENTRE OS PROFESSORES HUPD'H DA REGIO DO ALTO RIO NEGRO

    Renato AthiasNEPE/PPGA/UFPE

    Texto a ser apresnetado no XV ENDIPE, Belo Horizonte, 21 de abril de 2010

    Resumo

    A partir de observao realizada durante curso de formao de professores Hupd'h, Yuhup e Daw, (Curso de Magistrio Indgena II modular), oferecido pela Secretaria de Educao do Municpio de So Gabriel da Cachoeira/AM, durante os anos de 2005 a 2008, busca-se discutir questes centrais para a compreenso da prtica de ensino em contextos interculturais, como a lngua, a identidade social do professor e a relao desses com a sua comunidade e, por fim, a representao sobre a escola entre os Hupd'h. Este trabalho resultado de investigao sobre a formao de docentes indgenas.

    Palavras Chave: Interculturalidade, Educao Indgena, Formao de Docentes

    Prembulo

    Esta apresentao(*) est baseada em anlises realizadas durante as trs primeiras etapas do

    Programa de Formao de Professores, denominado de Magistrio Indgena, entre os ndios da

    famlia lingustica Nadahup (ou seja as lnguas Hup, Yuhup e Dw) do municpio de So Gabriel da

    Cachoeira, Amazonas, durante os anos de 2005 a 2008. importante salientar, logo de incio, que

    esses povos tm o portugus como terceira lngua (a segunda o tukano, povo vizinho, que eles

    utilizam para comunicar com os outros ndios da regio), como tambm, a educao escolar no faz

    parte da tradio desse povo, como espao/processo de transmisso do saber e/ou tradio. Portanto,

    as questes discutidas nesta apresentao, esto necessariamente relacionadas com o processo

    intercultural e as relaes sociais situadas no processo de educao escolar e a prtica de ensino

    neste contexto sociopoltico.

    Em geral as questes sobre formao e a profisso docente apontam para um debate sobre a

    prtica de ensino, e nesse caso entre culturas distintas, que envolvem aspectos de uma prtica

    escolar de uma escola indgena e a formaco especfica do professor sobre a prtica pedaggica do

    professor indgena. Estes agentes da educao, so percebidos como pessoas mobilizadoras de

    saberes tradicionais e profissionais. Gostaria de lembrar de um debate iniciado por Nietta Monte

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  • (2000) em seu artigo: Os outros, quem somos? Formao de Professores Indgenas e Identidades

    Culturais onde ela discute a trajetria profissional do professor indeigena enfatizabdo como eles e

    elas constrem e reconstrem os seus conhecimentos. Mostra, ainda a necessidade de utilizao de

    suas experincias, seus percursos formativos e suas prticas de ensino relacionda as suas culturas e

    aos seus modos prprios de aprendizado.

    O objetivo desta comunicao apresentar uma anlise sobre a questo dos chamados

    saberes docentes e as prticas de ensino, entre os Hupd'h que habitam a regio interfluvial do Rio

    Tiqui (ATHIAS 1995, 2003), identificando as diferentes abordagens terico-metodolgicas que os

    fundamentam, bem como os enfoques utilizados para entender o Programa de Formao de

    Professores Indgena (Curso de Magistrio Indgena II, como conhecido em So Gabriel da

    Cachoeira) no mbito de um contexto intercultural. O contato dos Hupd'h, com a sociedade

    nacional, ainda muito recente (ATHIAS 1995), e instituio escola introduzida na regio pelos

    missionrios catlicos em 1916, no se instalou entre os Hupd'h antes de 1962, pois at essa poca

    esse grupo tnico, em especial nessa regio, viviam de forma isolada nos interiores de uma regio

    de floresta. Esse um aspecto que deveremos levar em consideraco quando se discute a prtica

    pedaggica, qu deveria ser diferente daquela em uso pelos ndios Tukano e Arawak, que atualmente

    so os gestores da Secretaria Municipal de Educaco. Desta maneira, considero importante assinalar

    a noo de cultura discutida por Philippe Descola (2001) e Adam Kuper (2002) pode ser, muito

    bem, extendida aos Hupd'h, cujo arsenal conceitual e as representaces do cotidinao esto

    completamente associado ao seu ecossistema e seu ambiente social, a saber, o interior da regio

    interfluvial dos rios Tiqui e Papuri, com suas narrativas mitolgicas participes do cotidiano de cada

    um dos grupos locais (aldeias).

    Acredita-se que a investigao e debate sobre essas questes possibilitar identificar

    caminhos de investigacoserem percorridos dentro do contexto intercultural de pesquisas sobre o

    ensino e sobre os docentes indgenas.

    Conhecimentos e Saberes entre os Hupd'h

    A transmisso de conhecimento, no sentido amplo definido por Karl Popper (1999) envolve

    sempre a presena de duas ou mais pessoas, e esse processo entre os Hupd'h, envolve sempre os

    mais velhos e mais novos, os pais e filhos, avs e netos, os membros de um mesmo cl, e isso

    importante, pois os saberes (os cnhecimentos) esto sempre associados a um determinado cl. Os

    Hupd'h conceituam o conhecimento com o termo hiph, que significa saber, conhecer, lembrar e

    saber-fazer e est associado a ascestralidade dos Hupd'h que eles denominam de hiph-teh . Essas

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  • consideraes sobre o contexto cultural sobre as maneiras de repassar saberes aos outros, entre os

    Hupd'h ter como base os prinicpais elementos etnogficos, j identificados por Florestan

    Fernandes (1976) quando discute esse processo entre os Tupinamb. Ainda especificamente, sobre

    essa regio tambm apoio-me no estudo de Ivo Fontoura (2006) sobre transmisso de

    conhecimentos entre os Tariano de Iauaret, onde pode se encontrar uma descrio minunciosa dos

    modelos tradicionais do aprendizado entres esse povo. Ainda, sobre essas questes etnogrficas

    relacionadas aos contextos culturais e geopolticos utilizamos principalmente os trabalhos de Curt

    Nimuendaju (1978), Alfred Wallace (1936), Irving Goldman (1941), Koch-Grunber (2005),

    Eduardo Galvo (1959) , Betty Meggers (1971) Reichel-Dolmatoff (1997), entre outros.

    O aprendizado de saberes foi um dos mecanismos desenvolvido ao longo de sculos visando

    a sobrevivncia fsica, e, sobretudo, a cultural de um determinado grupo social (ROAZZI 1995).

    So formas especficas que se criaram entre as diferentes culturas, como na sociedade ocidental

    contempornea, onde o conhecimento produzido transmitido atravs de livros, revistas, panfletos,

    Internet, etc., contudo nem todos tm acesso. Os povos indgenas transmitem a maioria dos seus

    conhecimentos principalmente atravs da oralidade, e esse aspecto, deveria ser colocado em prtica

    nos cursos de formao. Essa oralidade construda tendo por base de princpios filosficos e

    cognitivos estabelecidos pelos seus ancestrais nos primrdios de um tempo, e se expressa atravs de

    relatos mitolgicos e de saberes sobre o cotidiano.

    Eis uma segunda questo presente no processo de formao de professores, a escolha, a

    seleo do professor], daquele que ser responsvel em passar os conhecimentos em um lugar

    especfico denominado de escola. Tradicionalmente entre os Hupd'h no existe uma pessoa com o

    papel especfico de transmitir e repassar conhecimentos para grupos de pessoas, como

    assinalamos acima. Os conhecimentos so construdos em um dado momento e em determinado

    contexto. Os saberes assim construdos, nas suas especificidades, tm a sua validade para quem

    detentor deste. Da mesma forma como foi construdo esse conhecimento, cada povo desenvolve

    meios (tecnologias, metodologias) que posam facilitar a transmisso de saberes para os

    descendentes daqueles que construram, tendo em vista do uso que fariam no futuro prximo, pois,

    servindo-se deste conhecimento estes continuariam se perpetuando como pessoas em suas

    sociendades.

    Embora no renha realizado um estudo sobre a transmisso de saberes e conhecimento,

    Kluckhohn (1972:193) referindo-se a maneira de transmisso da cultura menciona que uma criana

    educada conforme o mecanismo desenvolvido pela sociedade a que ela pertence e que existem

    pessoas especficas para efetivarem essa transmisso, por isso, segundo o autor: Numa cultura, o

    tipo apreciado a matrona experiente, noutra o jovem guerreiro, noutra ainda o ancio erudito.

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  • Podemos perceber semelhantes situaes entre os Hupd'h. No processo de transmisso de

    conhecimentos entre os indgenas desta regio no nos parece ser diferente, sempre havero de

    existir pessoas com essas especialidades, ou melhor, pessoas com esse papel de assumir a tarefa de

    transmitir o conhecimento, por exemplo, do seu grupo social ao novo membro que no conhece

    ainda a histria do povo da qual faz parte. Tendo a memria e as narrativas da memria como

    central no processo narrativo (LE GOFF, 1996), o sucesso da aprendizagem dependero dessas

    pessoas. A mesma situao percebida entre os Hupd'h onde, os responsveis pela transmisso dos

    conhecimentos de elementos essenciais da cultura so principalmente os pais e os avs - as mes

    no tanto, em regra geral, por serem provenientes de outro cl, e por motivo da regras de casamento

    e da organizao patrilinear. Os saberes vinculados s tradies deste povo so mantidos hoje na

    memria dos mais velhos que se preocupam em transmitir aos mais novos, trocam conhecimentos

    da cultura que ainda possuem entre os parentes mais prximos, por perceberem que so cruciais

    para manter a dinmica da estrutura organizacional, o que no passado, foi colocado como um

    impeclio na escolarizao oferecida missionrios, como testemunham Filinto Sabana (1997) e

    Garcia (2000).

    Nesse trabalho, fao paralelos com a descrio de Florestan Fernandes (1976) em seu estudo

    sobre os Tupinamb, em uma organizao tradicionalista, ritualizada e fechada, afirma o

    autor, que importante considerar o que representa estrutura presentes na ordem da organizao

    social. Nesse sentido, compreende-se a importncia dos conhecimentos sobre a tradio do povo

    para reproduzir a sua estrutura organizada, e para isso, os Tupinamb desenvolveram, conforme este

    autor, mecanismos psicossociais e socioculturais que asseguram a continuidade da herana social

    atravs da estabilizao do padro de equilbrio dinmico do sistema societrio (FERNANDES

    1976:63). Como assinala Ivo Fontoura (2006:78) entre os Talyseri, que vivem na na mesma regio,

    e participam de um mesmo conjunto cultural que os Hupd'h, o conhecimento dos valores de sua

    cultura est muito prxima a estrutura social organizada do modelo hierrquico prprio, como

    atualmente percebida em suas narrativas, onde os primeiros a emergirem para este mundo se

    encontram na hierarquia mais alta, isto , se consideram irmos maiores com relao aos seus

    precursores.

    Assim, um dos fatores que proporciona a adoo de formas especficas no processo

    ensino/aprendizagem, tem a ver com a organizao social de cada povo, porque possibilita a

    continuidade e a reproduo cultural em qualquer sociedade que seja, como esta que o autor

    estudou. Neste aspecto, acredita-se importante colocar em evidncia as questes apontadas. O

    significado do exemplo, nas prticas de ensino, foi uma das formas que os Tupinamb (ou em

    outras sociedades indgenas) encontraram para transmitir a sua cultura aos novos membros, uma vez

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  • que, em situaes novas, estes passavam a recorrer aos exemplos de sua tradio, que eram

    narrativas com contedos cheios de histrias dos feitos dos seus ancestrais (herana cultural), pois,

    atravs delas, eles procuravam encontrar elementos que pudessem ajudar a se reajustarem

    constantemente a qualquer mudana que acontecia, tanto em nvel da sociedade como a respeito de

    alteraes climatolgicas. Assim, faz sentido a nfase dada por Florestan Fernandes: ... 1 que toda inovao, por mais radical que seja, lana razes no passado e se alimenta de potencialidades dinmicas

    contidas nas tradies; 2 . que a inovao j nasce, culturalmente, como tradio, como experincia

    sagrada de um saber que transcende ao indivduo e ao imediatismo do momento (FERNANDES, 1976:

    65).

    A importncia da educao como forma de transmisso do conhecimento cultural foi assim a

    base de manuteno da herana social dos Tupinamb, por isso, entre eles, todos deveriam

    apreender indistintamente todas as tcnicas e as tradies como membros de um povo com uma

    organizao tradicionalista, sagrada e fechada. Nessa sociedade, como argumenta Fernandes

    (1976:72), a educao como mecanismo de transmisso da cultura se dava de acordo com o sexo e

    idade sob a orientao dos pais, mas, alm deles aponta que tambm:

    ... os velhos eram os portadores por excelncia dos conhecimentos, das tcnicas e das tradies tribais, nas duas linhas da diviso por sexo, mas o monoplio relativo que eles exerciam tambm no era rgidoe fechado: a prpria continuidade da ordem tribal exigia a transmisso aberta a herana cultural, com a sucesso das geraes na apropriao daqueles conhecimentos, tcnica e tradies (FERNANDES, 1976:72).

    A transmisso de conhecimentos da cultura Tupinamb aos novos membros se dava segundo

    FERNANDES (1976) pela via oral, dos contatos primrios, face a face, diariamente tendo

    como meta o valor da tradio, o valor da ao e valor do exemplo estes ltimos, por sua vez,

    envolviam o aprender fazendo, considerada a base filosfica da educao do grupo por ele

    estudado. A metodologia aqui se expressava no envolvimento dos imaturos pelos adultos em suas

    atividades que estimulavam a se exercitarem imitando-os, promovendo dessa forma a assimilao

    antecipada das atitudes, dos comportamentos e valores da herana cultural dos mais velhos. Essa

    interpretao coloca algumas questes para aqueles que so professores em escolas indgenas.

    ... os adultos em geral e os velhos em particular recebiam essa sobrecarga de uma maneira que no os poupava, j que tinham que dar exemplo e, por isso, estavam naturalmente compelidos a agir como autnticos mestres. O seu comportamento manifesto tinha de refletir, tanto quanto as suas palavras, o sentido modelar do legado dos antepassados e o contedo prtico das tradies (FERNANDES, 1972:73-4).

    A maneira como se efetiva o aprendizado de saberes entre os Hupd'h, no se diferencia

    muito dos Tupinamb como relatado por Fernandes (1976), e nem com a dos demais povos que

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  • residem na regio do Rio Uaups e Tiqui, e claro que no se pretende generalizar, pois sem

    dvida haver sempre alguma especificidade cultural nos modelos das narrativas que do conta dos

    processos de aprendizado. Como j temos notado a transmisso dos conhecimentos tradicionais

    entre os Hupd'h se d principalmente pela oralidade e a se podendo se distinguir em duas

    estruturas oral com demonstrao e com o Kapi, a bebida entegena nos rituais de Dabucuri.

    A aquisio, ento, se d pela observao, escuta e prtica de atividades cotidianas.

    Todas elas envolvem os pais, mais velhos, avs, avs, tal como descrito por Durvalino Chagas

    (2001:41). Nessas ocasies, os lugares e os espaos que so usados para proferirem as narrativas se

    tornam necessrias e importantes. Entre os Hupd'h, as festas, os rituais de iniciao so os

    momentos centrais para falar nos saberes tradicionais, no entanto, todos os momentos podem ser

    aproveitados para a transmisso, como no banhos matinais, caadas, pescarias, na selva e nos locais

    de trabalho.

    Entre os Hupd'h so transmitidos e assimilados, os mitos, as histrias, as tecnologias de

    caa, as frmulas teraputicas e de proteo - a hierarquia dos cls , todos estes conhecimentos so

    repassados pela oralidade tanto pelos pais aos filhos, avs aos netos. As narrativas mitolgicas e as

    histrias, as frmulas teraputicas e de proteo e a hierarquia dos cls acontecem durante as festas

    de Dabucuri, ou tambm os conhecimentos podem ser repassados durante a noite, segundo os

    Hupd'h o momento em que todos esto acomodados, sem barulhos que lhes incomode e

    principalmente pela mente estar descansada, facilitando a memorizao dos extensos contedos

    relativos trajetria percorrida pelos seus ancestrais. s vezes as narrativas acabavam se

    estendendo at os banhos matinais, ainda pela madrugada, sobretudo tendo em vista que certos

    conhecimentos no podem serem narrados na presena de mulheres e crianas. As mes e as avs

    relatam os conhecimentos sobre as regras de parentesco para s filhas, as regras de casamento,

    ensinam todas a atividades do cuidado com o corpo delas e dos seus prximos (ATHIAS, 1995).

    O dono da msica ou Mestre do Canto e Danas ensina tambm os cantos e as danas, e

    durante as festas, os espaos das casas comunais funcionam como lugares principais de troca de

    saberes especficos de um determinado cl. Dentro da casa comunal tambm so debatidos e falados

    publicamente os conhecimentos mais corriqueiros da vida econmica. Para os do sexo masculino:

    fabricao de utenslios domsticos: tipitis, abanos, bancos; instrumentos de pesca, de caa, de

    danas, enfeites; dos lugares de pesca, caa, das estaes do ano, da poca de roar e derrubar. Para

    os do sexo feminino: a fabricao de pratos, tigelas, fornos de cermicas de diferentes tamanhos e

    finalidades, o processamento da mandioca e a produo dos seus derivados, a preparao do caxiri,

    a plantao do roado, a tecelagem que envolvia a fabricao das redes de tucum e pu (rede de

    pesca).

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  • Quando questionados de como adquiriram os conhecimentos que tem das atividades

    econmicas, os Hupd'h, recorrem sempre as narrativas da passagem de K'eg-teh neste mundo, so

    episdios incrveis e de transmisso de contedos metoolgicos para realizar alguma iniciativa. E

    faz parte daquele repertrio das histrias dos Hiph-teh, de um conjunto de exmplos que se

    encaixam no saber-fazer hup. Por exemplo, sobre os locais de caa e as tcnicas de caa, a armao

    das armadilhas de caa, que conhecem, afirmam que foi K'eg-teh que deixou para a humanidade

    (incluindo todos ns). Nessas narrativas mticas pode-se localizar os lugares de caa, para

    identificarem os acidentes geogrficos e assim sucessivamente. As histrias mticas so fontes de

    conhecimentos dos Hupd'h, as aes de personagens mticos, so justificativas dos seus

    comportamentos. nesse sentido que fazem questo de transmitir essas histrias aos filhos, pela

    importncia que tem no contexto vivido por eles. So essas histrias que norteiam as suas

    atividades. Os Hupd'h so compreendidos por outros povos da regio atravs das histrias

    mitolgicas que os enquadram dentro de uma categorizao prpria dessa regio. Nos mitos podem

    se apreender as prinicpais referncias geogrficas, histricas e cosmolgica da que surge todo o

    conjunto de conhecimento (hiph) desse povo.

    O espao da casa comunal, que um ambiente familiar, serve como lcus do processo de

    aprendizado das crianas. L os pais ensinam tudo o que sabem aos filhos com a finalidade de

    prepar-los para o cotidiano, para que esses tenham a habilidade de sobreviver no ambiente da

    floresta. Entre os Hupd'h, assim como entre os j citados Tupinamb, o ensino est relacionado as

    classes de idade (gerao) e sexo. As crianas, os adolescentes, jovens, adultos e velhos, aprendem

    conforme o interesse, mas, na hora de ensinar, existe a seleo dos contedos por parte da pessoa

    que vai transmitir, principalmente aqueles referentes s crianas. Com os maiores j se torna mais

    flexvel e ao mesmo tempo objetivo, as orientaes so direcionadas para as questes sociais,

    culturais e econmicas. Os aprendizes Hupd'h so conduzidos a viverem a sua tradico e se

    tornarem verdadeiros Hupd'h, conhecedores dos costumes, crenas e tradies do seu povo; com

    possibilidade de viverem sem estar atrelados a seus pais, a sobreviverem conforme aprenderam de

    seus pais e com a condio de cuidarem de suas famlias. Todos os Hupd'h de um grupo local, via

    de regra, devem herdar conhecimentos dos seus ancestrais, de sua organizao social, poltica,

    econmica e cultural. Para isso, se torna indispensvel o papel dos pais que tem dever de ensinar

    toda a sabedoria que conhecem aos filhos, nova gerao, tambm aquelas que foram construdas

    pessoalmente e herdadas de seus pais, avs e avs.

    Como dissemos, no existe uma pessoa designada especificamente para transmitir

    conhecimentos e saberes aos demais membros de um determinado grupo. So os pais e os

    detentores de saberes (bi'd, bi'd ym) que tm a responsabilidade na educao de seus filhos, com

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  • os saberes clnicos sendo complementados pelo tio paterno. O sogro e os tios maternos ensinam

    como so os conhecimentos bsicos do cl de sua esposa, e geralmente esses saberes so

    literalmente trocados em festas de Dabucuri. s mes assumem a tarefa de ensinar as filhas todas as

    atividades que uma mulher deve realizar bem durante a sua vida, por exemplo, a culinria, as

    tcnicas de plantio, cruzamentos e seleo das manivas, conhecimentos sobre as plantas que se

    comem, etc. Situao semelhante acontece com os filhos, o pai se responsabiliza por transmitir os

    conhecimentos tradicionais e outras atividades, como o caso da escolha do terreno para a abertura

    de roados, conhecimentos das tcnicas e lugares de caar, enfim, orienta como dever dirigir a sua

    famlia nuclear.

    O valor do exemplo, tal como foi assinalado acima por Floestan Fernandes, a tcnica mais

    usada entre os Hupd'h. necessrio esclarecer que os pais so responsveis pelo ensino de seus

    filhos durante a infncia, sem levar em conta a que sexos pertencem, a responsabilidade prevalece

    tanto para os de sexo masculino e feminino. Mas, a maior parte da infncia acompanhada pela

    me. Thompson (1993) da mesma forma como Fernandes (1976), como Ivo Fontoura (2006)

    afirmam que o papel do grupo familiar (cl entre os Hupd'h) na transmisso de conhecimento da

    tradio entre as geraes to importante como so as outras instituies (exemplo: a escola, a

    igreja e o estado) por motivo de que:

    ... inclui no somente a transmisso da memria familiar [...], mas tambm da linguagem [...] do nome, do territrio e da moradia, da posio social e da religio, e, mais alm ainda, dos valores e aspiraes sociais, vises de mundo, habilidades domsticas, modos de comportamento, modelos de parentesco e casamento... (THOMPSON, 1993:11).

    A importncia do papel da famlia, tal como argumentada por estes autores, manifesta-se nos

    cuidados que os pais e as mes tm com as crianas Hupd'h. Aps o nascimento os recm nascidos

    permanecem sempre com a me, e conforme vo crescendo comeam a aprender a falar a lngua

    corrente, por volta dos quatro a cinco anos de idade. Hoje, a lngua Hupd'h a principal lngua

    falada entre os mais de 1.600 Hupd'h dessa regio. Atualmente a lngua portuguesa falada por

    poucos, apenas pelos jovens que foram as escolas dos vizinhos Tukano, alguns homens (que sairam

    para trabalhar em So Gabriel, enquanto que a maioria das mulheres, seno a totalidade, no

    entendem nada.

    Formao de Professores Indgenas Hupd'h

    As informaes etnogrficas relatadas so necessrias para mostrar que a formao de

    professores Hupd'h deve levar em considerao aspectos relacionados a sua cultura especfica - o

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  • que no novidade para os estudiosos do tema-, e sobretudo, aspectos relacionados a

    interculturalidade, tendo em vista os contedos curriculares dos cursos de formao de professores.

    Esses processos no so evidentes na regio do Rio Negro, onde a reproduo da prtica de ensino e

    do sistema introduzido pelos missionrios ainda est muito presente entre os gestores da Educao

    Escolar. Vrias publicaes, entre as quais a de Nietta Lindenberg Monte (2000) debatem essa

    especificidade sobre a temtica, mas que ainda merecem ser debatidas de uma forma mais ampla,

    pois no de fcil entendimento para gestores de educao e para formadores de formadores. Tendo

    em vista a organizao curricular e a prtica pedaggica, apontamos as trs principais questes que

    fazem parte de um debate entre os professores do curso de formao de professores Hupd'h, assim

    como as que so transmitidas aos cursistas.

    Esse debate, no novo, Meli (1979) e Eunice Dias de Paula (2000) j introduziram essas

    questes anteriormente, mas carece de um melhor aprofundamento, sobretudo em contextos, onde a

    escolarizao encontra-se em diferentes estgios. Por exemplo, entre os Tukano, povo vizinho aos

    Hupd'h, iniciaram o processo de escolarizao, tanto do lado brasileiro como do lado colombiano

    (BECERRA, 2004:15) ainda nos anos de 1910, enquanto os Hupd'h tiveram acesso a escola apenas

    a partir de 1978, frizando que o acesso ocorreu nas escolas das aldeias Tukano. As escolas em

    aldeias Hupd'h vo ter incio apenas a partir de 1996 e num processo similar ao dos Tukano, que

    em muitas aldeias, na realidade, reproduz o modelo missionrio istalado em 1916.

    A primeira, e talvez uma das principais questes, que se assinala nesse processo formativo

    (no contexto acima descrito), a necessidade definida da aldeia, da comunidade selecionando

    pessoas com identidades sociais especficas (chamadas de professores), para serem formadores com

    um objetivo especfico de ensinar, a partir de uma proposta de escola centralizada, e discutida por

    profissionais, que s vezes no tm conhecimento sobre a cultura indgena em questo. Indica-se

    assim uma relao intensa com o processo de seleo desses professores e com os quais tenho

    trabalhado - , onde em tese foram escolhidos pela comunidade. Estes buscam compreender o que

    ser um professor nesses cursos de formao, ou seja, procuram instrumentos necessrios que

    garantam a transmisso de determinados conhecimentos, cuja didtica distinta daquela em uso nas

    aldeias.

    Diferentemente do que diz Nietta Lindenberg Monte (2000:21) em relao aos professores

    indgenas no Acre que ao formularem suas identidades sociais, os professores procuravam

    centrar seus interesses na prpria histria..., no caso dos professores Hupd'h no tenho certeza

    se seria essa perspectiva, ao contrrio, eles foram escolhidos para poder realmente transmitir a

    histria e a cultura ocidental. Pelo menos isso que a maioria dos cursisitas pensam. J desde a

    seleo so direcionados pelos mais velhos para apreender bem (tudo!) o que os tg-hon'dh (os

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  • brancos, os no-Hupd'h) sabem para poder transmitir aos demais do prprio grupo. A identidade

    social do professor de uma escola Hupd'h, se que a podemos identificar plenamente, seria saber

    transmitir o saber-fazer dos brancos e no os saberes dos Hupd'h. Ou, pelo menos, esse o

    interesse mais geral que se pode notar entre os cursistas do Curso de Magistrio II. No entanto, o

    processo formativo faz, a partir de uma perspectiva intercultural, que os conhecimentos Hupd'h

    possam tambm serem transmitidos por esse professor indgena ao conjunto de seu grupo. E aqui se

    encontra a grande contradio nesse processo, pois os conhecimentos so especficos de cada cl, e

    grande parte desses saberes no podem ser coletivizados devem obedecer as questes de idade,

    iniciao, de lugar gerogrfico e hierarquia. O que podemos verificar foi uma srie questes do ponto de vista de prtica de ensino que os prprios Hupd'h se questionam e explicitaram, porm

    no receberam resposta satisfatria.

    A segunda questo, tambm importante, no debate pedaggico da educao escolar

    indgena, e na discusso com os cursistas no processo de formao de professores est relacionada a

    lngua indgena. Eles nos infomam que foi muito bom poder escrever na prpria lngua, e poder

    coloc-la no mesmo nvel que o portugus (E agora temos livros escritos em nossa lingua,

    disseram!), no entanto, no podem ir muito longe pela falta de mais textos na lngua e prticas de

    leitura, onde comeam a perceber, a partir da prtica pedaggica, que a ralidade o centro de todo o

    processo de aprendizado. A escola, contudo, vai sentido contrrio, colocando a escrita e a leitura em

    primeiro lugar em detrimento de uma oralidade fundamental na trasmisso do saber entre os

    Hupd'h.

    Muitas experincias tm sido realizadas nas escolas indgenas, e esse debate entre a

    oralidade e a escrita, merece ser ainda melhor debatido em processos pedagicos de formao, e

    essa discusso que nos coloca em uma posio de refletir mais sobre o aspecto. Por outro lado, o

    portugus no fornece elementos gramaticais suficientes, ou como diriam os Hupd'h, no tem

    palavras, para que o exerccio de traduo acontea para determinados aspectos de sua cultura. As

    crianas que iniciam os estudos da lngua portuguesa tem muita dificuldade justamente por

    aprenderem palavras que no correspondem as coisas que existem em suas aldeias, uma vez que em

    muitos casos, no existirem cartilhas apropriadas para esse letramento. Os prprios professores

    Hupd'h nesse processo se sentem enfraquecidos, uma vez que estes no tem instrumentos

    pedaggicos apropriados que possam facilitar essa transio. Essa foi uma das grandes reclamaes

    desses professores no processo de avaliao que tivemos oportunidade de realizar em Taracu na

    terceira etapa do Curso de Magistrio .

    A terceira, e ltima questo dessa comunicao, nos parece fundamental, o debate sobre as

    prticas pedaggicas e os processos de aprendizado, tais quais so desenvolvidos nesses cursos

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  • formao. Evidentemente que o que colocaremos a seguir vem a partir das observaes realizadas

    como antroplogo nesses cursos de formao, e tm relao direta com aspectos essenciais que

    percebemos na cultura Hupd'h, ou seja, de como estes vem esse mundo, ou propriamente do

    entendimento que estes tm dos processo de aprendizados, prprios e j utilizados por eles. Para

    alguns velhos, detentores de saber, com os quais tive a oportunidade de conversar, a escola nada

    mais que o lugar de aprender coisas do mundo dos tg-hon-dh, em ltima instncia, e com

    todos os seus sentidos; para eles ali se aprende a sabedoria dos brancos e o seu saber-fazer pode

    ser obtido no lugar de aprender, a escola. E essa sabedoria est associada principalmente e

    sobretudo ao saber fazer. Presenciei um dos velhos Hupd'h perguntar aos meninos que acabavam

    de sair da escola quando vocs vo aprender a fabricar uma espingarda. Para um Hupd'h a caa

    o que existe de mais central de sua tradio, e faz parte de todas as conversas no cotidiano. Para

    esse velho uma escola que no ensina saber-fazer as coisas dos brancos que lhes interessam, no

    uma boa escola. Essa percepo ainda vista hoje como evidente entre os Hupd'h e nos coloca em

    um dilema importante nesse processo de formao de professores indgenas (agentes da educao),

    quando estamos tentando sempre apresentar a cultura Hupd'h no aprendizado da escola, veja, por

    exemplo, as temticas colocadas nesses cursos. De um lado, a prtica pedaggica coloca em

    evidncia que a escola deve mostrar aspectos e elementos importantes da cultura Hupd'h, e estes,

    em sua maioria, esperando que a escola mostre a cultura dos brancos. Ou seja, a escola tal como

    formuladas por vrios senhores e senhoras Hupd'h deveria dar o essencial para a compreenso do

    mundo dos tg-hon-de, e isso no muitas vezes compreendido pelos encarregados que discutem e

    implementam os contedos desses processos de formao nas reas indgenas.

    (*) Uma primeira verso desse texto foi apresentada na mesa redonda intitulada: Intercuturalidade, Educao e Povos Indgenas no V Encontro Anual de Bolsistas da Fundao Ford, organizado pela Fundaco Carlos Chagas, em So Paulo, no dia 5 de Junho de 2008. Agradeo os meus colegas de mesa pelo debate dessas idias, comentrios de Flvia Rosemberg, colegas do NEPE, Ilana laterman (UFSC), Ana Gomes (UFMG) e a leitura cuidadosa realizada pela colega Georgia Silva (SSL).

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