ATIV_1 (Caderno 1 Etapa II - Organização Do Trabalho Pedagógico) - Stéfano Couto Monteiro
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ATIVIDADE 1 – ETAPA II – Caderno ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO MÉDIO
O professor Miguel Arroyo realiza uma discussão acerca da diversidade na sociedade
e na escola. Vamos assistir ao vídeo? https://www.youtube.com/watch?v=N2nOxZ9Wo_k,
Nós da Educação - Miguel Arroyo (parte 2 de 3), acessado em 19/12/2014.
Faça uma reflexão com seus colegas, com base nas questões:
1- A diversidade e a pluralidade constituem desafio na organização do
trabalho pedagógico escolar? Quais?
R = Essas questões são desafiantes à organização do Trabalho Pedagógico por
diversos motivos, entre os quais cito:
a) A falta de conhecimento dos professores em relação aos conceitos aqui
apresentados – diversidade e pluralidade, por formação precária ou por não
considerá-los importantes. Observar-se-á que as matrizes curriculares de formação a
nível graduação reservam pouco espaço (ou nenhum) para a integração desses
conceitos. Isso no caso dos profissionais que são formados em licenciaturas. Nem relato
aqui os casos de professores que não possuem licenciatura, pois estes no seu processo
formativo são conduzidos por elementos que não consideram a diversidade enquanto
“coletividade”, isto é, grupo social a ser contemplado.
b) Pergunto aqui: 1. Quantos professores já leram os PCN’s de Orientação
Sexual e Pluralidade Cultural? 2. Quais as formações recebidas sobre esses assuntos
após a entrada no mundo escolar para o exercício da atividade docente? 3. Como tais
professores encaram e discutem quando estão diante de situações que exigiria tal
conhecimento na Escola? 4. O que os professores concebem enquanto diversidade e
pluralidade?
c) A falta de clareza quanto a outros princípios que norteiam o trabalho
pedagógico como a transversalidade, isto é, dos temas que são de relevância social e
que devem ser articulados ao currículo a ser implantado/implementado pela escola.
Um exemplo disso, dá-se com a construção da usina de Belo Monte, quando
observam-se os beneficiários coletivos (para o consumo, pelo poder aquisitivo) mas
desconsidera-se a desterritorialização dos grupos indígenas (injustiçados
coletivamente), o que poderia ser explorado em Geografia, Sociologia, Filosofia,
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COLÉGIO ESTADUAL PROFESSORA TEREZINHA SCARAMUSSAPACTO PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO ÁREA Linguagens, Códigos e suas TecnologiasPROFESSORA ORIENTADORA: Delmacy Cruz Souza Data: 19 / 12 / 2014PROFESSOR CURSISTA: Stéfano Couto Monteiro, MscDISCIPLINAS: LÍNGUA PORTUGUESA, REDAÇÃO, INGLÊS e HISTÓRIA
História, Biologia, Química, Física, mas que, devido ao ensino ser descontextualizado
não contempla tal questão.
Outro exemplo disso, dá-se na repercussão e desdobramentos acerca do
assassinato do índio Galdino, da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe. Primeiro, o argumento
utilizado pelos assassinos para justificar o crime: “Pensamos que fosse um mendigo”.
Segundo, o tratamento diferenciado aos criminosos como se eles fossem as vítimas:
“Não podemos deixá-los presos só por causa disso. Eles tem todo um futuro pela
frente”. Isso remete a outras perguntas: a) Que valores regem a nossa sociedade? b) Se
fosse um mendigo poderia ser morto? c) Se o crime fosse cometido pelo índio quais
seriam as consequências? d) As medidas e as consequências dos atos são
determinadas a partir do status social de quem praticou tais atos? Não vou atentar aqui
para as possíveis disciplinas que poderiam explorar o assunto, pois, independente das
prescrições curriculares temos aqui questões de diversidade, as quais devem estar
presentes, pois na construção do currículo brasileiro há o princípio da transversalidade.
2- A pluralidade e a diversidade podem ser mola propulsora de nova
organização do trabalho pedagógico? Como? Por que? Essa reflexão
possibilitou um novo olhar sobre a diversidade da sua escola?
R = Não tenho dúvida quanto às contribuições e sobre a presença das questões
envolvendo pluralidade e diversidade na escola. Contudo, para que estes elementos
sejam colocados no centro enquanto eixos norteadores do trabalho pedagógico é
preciso compromisso político (FREIRE, 1997) e, por isso, deve ser uma condição
incluída no PPP da Escola e assumida por toda a comunidade escolar, desde a equipe
gestora até os pais, os professores e os alunos.
Entendo que a escola é um agente social de transformação e não apenas de
reprodução social, além de constituir-se um território de disputa (Arroyo) e de conflito
(Silva) e, sendo assim, através do empoderamento, haverá a concepção de uma escola
que cumpra os princípios contidos nas DCNEM e, consequentemente, a domesticação e
a familiarização da escola para o favorecimento de conquistas dos grupos sociais.
Finalizo aqui (apontando para a questão 3) sobre o itinerário a ser percorrido rumo às
transformações da escola (em especial, àquela que faço parte – o CEPTS) e sei que
isso perpassa talvez, não por um novo olhar, mas por assumir um compromisso para a
concretização de conquistas aos sujeitos das diversidades, o que também repercute no
meu trabalho enquanto experiência e construção de saber docente (Tardif, 2002).
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3 - Registre as conclusões dessa reflexão, destacando os aspectos que a comunidade escolar precisa considerar na reescrita do PPP e na elaboração do Plano de Trabalho Docente. Apresente os registros dessa reflexão ao Conselho Escolar para análise, apreciação e deliberação quanto a mudanças necessárias das práticas pedagógicas e de gestão da escola.
R = Considerando as reflexões de Arroyo (2014), cito inicialmente os itens que respaldam a nossa discussão. Em primeiro lugar, retomo a
citação de Arroyo (2014) quanto a percepção da Diversidade enquanto reivindicação dos movimentos sociais (de gênero, de orientação sexual, étnica,
de cidadania, juventude, campo), o que fora contemplada a ponto de constituir-se como um dos 07 (sete) eixos da Conferência Nacional de Educação –
CONAE 2014. Além disso, é preciso superar a tendência de vincular diversidades com a inclusão, uma vez que são caracterizados apenas como os
“excluídos”, “os coitados”, “os que estão fora da cidadela” (ARROYO, 2014), a partir da adoção das perspectivas decorrentes do entendimento sobre a
inclusão com justiça social, coletiva (ARROYO, 2014).
No tocante às práticas pedagógicas e a gestão da Escola, considero importantes os seguintes aspectos, acompanhados das respectivas
proposições:
Problema detectado Elemento comprobatório Ações sugeridas
Distanciamento entre escola e entorno social
a) 50% (cinquenta por cento) dos alunos se autodeclaram enquanto cristãos – católicos romanos (praticantes ou não) e protestantes –, mas o currículo de Biologia não considera esse aspecto, o que culmina na negação de suas identidades;
- Readequação do currículo com a criação de espaços que permitam a inclusão de outras cosmovisões no currículo, a partir da consideração das características do público atendido pela escola.
b) Entre 10 e 15% dos alunos da escola (incluindo ANEXOS) são indígenas. Entretanto, nem de forma interdisciplinar ou transversal essa temática é tratada na Escola;
- Implementação da Lei 10.645/2008 que trata da inclusão da História Indígena em Sala de Aula;- Envolvimento de lideranças e diálogo com professores que atuam nas escolas indígenas para tratamento do assunto;- Inclusão no calendário escolar atividades que favoreçam e respeitem as tradições indígenas no espaço escolar.
c) A maior parte do público atendido pela escola é pertencente (ou identifica-se enquanto feminino)
- Desmasculinização do currículo;- Incluir na agenda de estudos e formação de professores a temática;- Promover estudos que valorizem as questões de gênero, mostrando as contribuições dos papéis sociais desempenhados
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pela mulher ao longo da história e na contemporaneidade.d) Alunos em idade de transição entre
adolescência e juventude (entre 14 e 18 anos) assumindo (ou transitando/divagando) sobre as questões homoafetivas.
- A escuta desses alunos;- A busca por formação que forneça subsídios para o tratamento da referida questão;
e) A Escola possui dois anexos localizados em povoados – Santo Antônio e Ponto Central, contudo, o currículo é urbanizado;
- Formação voltada para os professores que atuam nessas localidades que insiram essas problemáticas nas discussões locais;- Ouvir os alunos.
f) A escola atende alunos das zonas periféricas – urbanizadas ou não, cujos alunos estão envolvidos ou afetados pelas consequências do tráfico de drogas;
- Aplicação de projetos interdisciplinares com parcerias com entidades e profissionais outros – Ministério Público, Conselho Tutelar, Secretaria de Assistência Social, Polícia Militar, Civil e Federal como medida de intervenção nessa realidade social.
g) O quadro de professores da Educação de Jovens e Adultos não obtivera formação para atuação nesta modalidade e, consequentemente, tem dificuldades de compreensão em relação à referida modalidade. Apenas 02 (dois) professores do quadro total de professores tem alguma formação continuada em EJA. Entretanto, apenas 01 (um) está a atuar;
- Busca de formação para os professores que atuam nesta modalidade;- Contato com Universidade e outras escolas com experiências exitosas sobre o assunto;- Adequação do currículo voltado para a EJA diferindo na metodologia em relação ao Ensino Médio Regular.
h) Os alunos dos bairros periféricos são dependentes do Transporte Escolar
- Estudo da legislação sobre o transporte escolar;- Mobilização das comunidades que tem alunos usuários do Transporte Escolar para o tratamento da questão, mostrando-lhes as interferências desses aspectos no percurso educativo;- Provocação do Legislativo local para a definição de uma região metropolitana, a fim de diminuir os impactos quanto ao custo do transporte urbano pago.
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