Atividade de Análise de Fontes Conforme o Método Científico Histórico Tradicional

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Atividade de análise de fontes conforme o método científico histórico tradicional. DOCUMENTO 1: CARTA DE ESPERANÇA GARCIA. CRÍTICA EXTERNA DOS TESTEMUNHOS De acordo com o texto de Ciro Flamarion Cardoso, no procedimento da crítica externa dos documentos deve ser feita a crítica de erudição, na qual o historiador deve verificar e dizer se o documento é verdadeiro ou falso, isto deve ser feito comparando o documento com outros documentos verdadeiros da mesma época, além disso, deve observar se há coerência do documento dentro do contexto social e cultural da época. Nesse caso, a carta de Esperança Garcia condiz com o contexto de uma determinada da época, quando ela escreve o nome do lugar onde vivia e o nome da pessoa que administrava a fazenda, todas as informações dizem respeito a uma determinada época, mais especificamente o século XVIII, ela diz que vivia na fazenda Algodões, que era administrada por Antônio Vieira de Couto, toda a conjuntura escrita no documento remonta a época da escravidão. Quanto ao estado físico do documento, ele não possui rasuras de nenhum tipo o que lhe dá mais autenticidade. Quanto ao lugar de origem e a data do documento, sabe-se que a fazenda Algodões existiu na localidade de Oeiras no período de 1730, logo o documento pertence a esta época. Quanto à classificação do testemunho que pode ser direto ou indireto, o testemunho de Esperança Garcia é de alguém que sofreu diretamente as ações que ela narra, ela tanto presenciou as ações de violência contra seus familiares e companheiros como vivenciou, logo seu testemunho é direto. CRÍTICA INTERNA DOS TESTEMUNHOS Na crítica interna dos documentos deve-se buscar a veracidade do conteúdo do documento. O primeiro passo é então a interpretação ou tradução do texto, nessa parte deve-se verificar se a tradução que foi feita

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Atividade de análise de fontes conforme o método científico histórico tradicional.

DOCUMENTO 1: CARTA DE ESPERANÇA GARCIA.

CRÍTICA EXTERNA DOS TESTEMUNHOS

De acordo com o texto de Ciro Flamarion Cardoso, no procedimento da crítica externa dos documentos deve ser feita a crítica de erudição, na qual o historiador deve verificar e dizer se o documento é verdadeiro ou falso, isto deve ser feito comparando o documento com outros documentos verdadeiros da mesma época, além disso, deve observar se há coerência do documento dentro do contexto social e cultural da época.

Nesse caso, a carta de Esperança Garcia condiz com o contexto de uma determinada da época, quando ela escreve o nome do lugar onde vivia e o nome da pessoa que administrava a fazenda, todas as informações dizem respeito a uma determinada época, mais especificamente o século XVIII, ela diz que vivia na fazenda Algodões, que era administrada por Antônio Vieira de Couto, toda a conjuntura escrita no documento remonta a época da escravidão.

Quanto ao estado físico do documento, ele não possui rasuras de nenhum tipo o que lhe dá mais autenticidade.

Quanto ao lugar de origem e a data do documento, sabe-se que a fazenda Algodões existiu na localidade de Oeiras no período de 1730, logo o documento pertence a esta época.

Quanto à classificação do testemunho que pode ser direto ou indireto, o testemunho de Esperança Garcia é de alguém que sofreu diretamente as ações que ela narra, ela tanto presenciou as ações de violência contra seus familiares e companheiros como vivenciou, logo seu testemunho é direto.

CRÍTICA INTERNA DOS TESTEMUNHOS

Na crítica interna dos documentos deve-se buscar a veracidade do conteúdo do documento.

O primeiro passo é então a interpretação ou tradução do texto, nessa parte deve-se verificar se a tradução que foi feita não deformou de algum modo o conteúdo e o sentido do texto. Nesse caso, a carta de Esperança não precisou ser traduzida para outro idioma, e a linguagem de seu texto mantém as formas linguísticas do século XVIII, porém o documento pode ser claramente compreendido. Portanto não há problemas de interpretação neste documento.

Na crítica de sinceridade se busca saber as intenções de quem escreveu o documento, saber se ele está mentindo ou não, neste caso o documento referido é sincero, trata-se de uma denuncia contra os maus tratos vividos pela escrava, é do pleno conhecimento de todos que a escravidão sempre esteve atrelada à violência.

A crítica de exatidão esta ligada à crítica de sinceridade, nesta, se busca saber, se o escritor realmente tem conhecimento daquilo que está falando. No caso deste documento a

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escrava conta o que se passa com ela e sua família, na fazenda onde moram, logo ela tem o conhecimento direto do que está contando. Portanto este documento possui exatidão.

Por último, vem a definição do testemunho, se é voluntário ou involuntário, o testemunho voluntário é quando se tem a intenção de que seu escrito se torne público e importante, o indireto é aquele que não possui esta intenção especificamente, seu testemunho possui outra finalidade mas por algum motivo se tornou relevante e histórico.

DOCUMENTO 2: CARTA A D. PEDRO I

CRÍTICA EXTERNA

Pelos fatos e avisos que dona Maria Leopoldina descreve na carta a Dom Pedro I percebe-se que a conjuntura da qual o documento pertence é o momento que antecede a proclamação da independência do Brasil.

Quanto às condições materiais do documento, este também não possui deformações físicas, afirmando mais ainda sua autenticidade.

Quanto à procedência da carta, a mesma foi localizada e datada pela própria esposa de D. Pedro, ela escreve da seguinte maneira na carta; São Cristóvão, 28 de agosto de 1822, mostrando que o documento partiu de São Cristóvão durante o século XIX.

Na classificação dos testemunhos, o testemunho de dona Leopoldina pode ser tido como indireto, pois ela narrou ao marido os fatos que estavam ocorrendo na sociedade, não tendo ela uma ação direta nos fatos, como no caso de Esperança Garcia. Ela conta o que ficou sabendo por outras pessoas e sobre alguns fatos não tinha certeza, isso torna o seu testemunho indireto.

CRÍTICA INTERNA

Quanto à tradução do conteúdo do documento, não possui alterações relevantes, o significado do texto pode ser facilmente compreendido.

Em relação à sinceridade do conteúdo este possui duas intenções, a de comunicar sentimentos ao ente querido que está longe e dar-lhe informações sobre a conjuntura social e política entre os dois continentes( Europeu e Americano), o texto portanto possui sinceridade.

Ao mesmo tempo, a descrição detalhada de nomes e fatos e consequências revela que quem escreveu possui considerável conhecimento sobre os assuntos do qual trata no documento.

O testemunho da carta de Leopoldina à D. Pedro I é um testemunho involuntário, pois ao escrevê-la ela não tinha a intenção de que esta se tornasse um documento histórico relevante.

DOCUMENTO 3: CARTA DE JOSÉ BONIFÁCIO

CRÍTICA EXTERNA

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Em comparação com a carta de dona Leopoldina que foi escrita na mesma época e entregue juntamente com a de José Bonifácio a D. Pedro I, é possível verificar através das situações narradas nas duas cartas que os dois documentos pertencem à conjuntura que antecede a proclamação da independência brasileira, logo o documento de José Bonifácio é legítimo da época.

Em relação à crítica de restituição, o documento de Bonifácio também não possui deformações físicas de nenhum tipo, portanto está completo.

Quanto à crítica de procedência, o documento foi escrito na mesma época da carta de Leopoldina, mais ou menos um mês antes do dia 7 de setembro de 1822, José Bonifácio estando em Portugal quando escreveu, e D. Pedro no Brasil.

Em relação à classificação dos testemunhos, pode ser tanto direto como indireto, pois uma das situações narradas foi vidada por ele, no caso da ordem de prisão contra o mesmo, e outras diziam respeito às condições sociais e políticas do povo brasileiro e às atitudes das Cortes portuguesas perante a decisão de D. Pedro.

CRÍTICA INTERNA

Não há no documento falhas de interpretação, ou seja, de tradução, o conteúdo da carta é inteligível.

O conteúdo do documento escrito por Bonifácio também é sincero, pois ele escreveu para D. Pedro para alertá-lo das consequências de sua decisão, uma revolução do Brasil contra as Cortes portuguesas, logo na situação de risco em que estava não tinha motivos para inventar.

O testemunho também tem exatidão, pois José Bonifácio como assessor e ministro de D. Pedro I além de está amplamente envolvido possuía grande conhecimento da situação da qual estava alertando e orientando o imperador.

No último ponto, o testemunho se estabelece como involuntário, pois não houve por parte do ministro de D. Pedro a intenção de que ela se transformasse em um documento histórico, a carta foi muito importante naquele momento, porém possuía outros significados e interesses era um documento de troca de informações em uma situação arriscada, que o público em geral não poderia saber.

Márcia Cleide Lustosa de Aguiar.