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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
LUCIENE MERI NEVES PEREZ
ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM
MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS
Londrina - Paraná
2016
LUCIENE MERI NEVES PEREZ
Londrina - Paraná
2016
ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM MÉDICOS
ANESTESIOLOGISTAS
Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em
Exercício Físico na Promoção da Saúde.
Orientador: Deise Aparecida de Almeida Pires Oliveira
LUCIENE MERI NEVES PEREZ
ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM MÉDICOS
ANESTESIOLOGISTAS
Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, referente ao Curso de Mestrado
Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre Profissional conferido pela Banca Examinadora:
_________________________________________
Prof. Dra. Deise Aparecida de Almeida Pires Oliveira
Universidade Norte do Paraná – Unopar
Orientador
_________________________________________
Prof. Dr. Rubens Alexandre Da Silva Júnior
Universidade Norte do Paraná – Unopar
Membro Interno
_________________________________________
Prof. Dr. Karen Barros Parron Fernandes
Universidade Norte Do Paraná – Unopar
Membro Externo
_________________________________________
Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Universidade Norte do Paraná – Unopar
Coordenador do Curso
Londrina, 17 fevereiro de 2016.
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação
Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Perez, Luciene Meri Neves
P515a Atividade física na promoção da saúde em médicos
anestesistas/Luciene Meri Neves Perez. Londrina: [s.n], 2016
75f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção
da Saúde). Universidade Norte do Paraná.
Orientador: Profª. Drª. Deise Aparecida de Almeida Pires Oliveira
1 - Exercício Físico - dissertação de mestrado - UNOPAR 2- Atividade
física 3- Qualidade de vida 4- promoção da saúde 5-Agentes comunitários
de saúde I- Oliveira, Deise Aparecida de Almeida Pires; orient. II-
Universidade Norte do Paraná.
CDU 796:61
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado força e coragem para fazer o mestrado, que era um sonho
para mim. Muito obrigada por mais essa etapa da minha vida concluída.
Ao meu marido Carlos, que sempre esteve ao meu lado e participou de cada etapa do
curso, me ajudando, incentivando e compreendendo. Faltam palavras para agradecer
todo o seu companheirismo. Você é um grande presente e me sinto muito honrada
em ter você na minha vida!
Aos meus pais e irmãs, que sempre me incentivaram. Muito obrigada por acreditar em
mim quando nem eu acreditava, e por me dar força nas horas difíceis e aplausos nos
momentos de vitória.
Aos meus dois filhos, Guilherme e Gustavo, que são a grande razão do meu existir.
Obrigada por me mostrar o que é um amor incondicional e como é amar alguém mais
que a si mesma.
A minha orientadora, que além de uma pessoa maravilhosa, é uma excelente
profissional. Professora querida, obrigada por me acolher, confiar e acreditar em mim.
Obrigada por cada palavra de encorajamento, por toda dedicação e paciência. Você
foi uma peça fundamental na minha formação e na conclusão desse trabalho. Sem a
sua ajuda teria sido muito mais difícil chegar até aqui!
A todos os meus amigos do mestrado. Cada um na sua maneira me ajudou, e me fez
crescer profissionalmente e pessoalmente. Se não fosse por todo o companheirismo
de vocês, eu não teria conseguido passar por esta fase da minha vida.
Muito obrigada a todos!
DEDICATÓRIA
Dedico este mestrado aos meus filhos,
Guilherme e Gustavo, e ao meu marido
Carlos, pelo incentivo e apoio em todas as
minhas escolhas e decisões. A vitória desta
conquista dedico com todo meu amor a
vocês!
“O homem não teria alcançado o possível,
se inúmeras vezes não tivesse tentado
atingir o impossível.”
Max Weber
PEREZ, Luciene Meri Neves. Atividade Física na Promoção da Saúde em Médicos Anestesiologistas. Número total de folhas 66. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2016.
RESUMO
A saúde da população tem apresentado importante melhora ao longo das últimas décadas, aumentando assim a expectativa de vida. Contudo, viver mais, não significa viver melhor, e debates sobre a melhoria da qualidade de vida e propostas de promoção da saúde e da qualidade de vida fazem necessárias. A promoção da qualidade de vida deve ser ampla e ao mesmo tempo contemplar especificidades de diferentes condições sociais e de diferentes ambientes laborais. Nesse sentido, considera-se importante a análise da qualidade de vida de médicos anestesiologistas, profissionais expostos a longas jornadas de trabalho, e grande responsabilidade profissional. Fatos esses que acabam por piorar a qualidade de vida desses profissionais. Com vistas a trazer contribuições para a promoção da qualidade de vida de médicos anestesiologistas, o presente relatório técnico objetivou a construção de um manual sobre atividade física e promoção da saúde em médicos anestesiologistas. O referido manual traz uma contextualização do papel do profissional, uma revisão sobre os conceitos envolvidos, qualidade de vida, promoção de saúde e atividade física, demonstrando que embora diversos sejam os fatores envolvidos, a atividade física possui grande importância para a qualidade de vida. Por essa razão, o referido manual incentiva e apresenta diversas possibilidades de incorporação da atividade física no cotidiano dos profissionais e estimula uma mudança de comportamento de indivíduos que não praticam essas atividades regularmente. Uma vez que o público alvo do manual se trata de profissionais com elevado nível intelectual, ao final do mesmo são elencadas diversas dicas que embasam todo o conteúdo do manual especificamente para médicos e para médicos anestesiologistas. Espera-se que a divulgação do manual possa contribuir para informação dos médicos anestesiologistas, bem como aumento do índice de anestesiologistas suficientemente ativos, e por consequência, melhora da qualidade de vida desses profissionais.
Palavras-chave: Atividade física. Qualidade de vida. Exercícios físicos. Promoção da saúde. Agentes comunitários de saúde.
PEREZ, Luciene Meri Neves. Physical Activity in Health Promotion of Physicians Anesthesiologists. Total number of sheets 66.Technical Report. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2016.
ABSTRACT
Population health has shown significant improvement over the past decades, thus increasing life expectancy. However, living longer does not mean living better, and debates on improving the quality of life and proposals for promoting health and quality of life are needed. The promotion of quality of life should be broad and at the same time to contemplate specificities of different social conditions and different working environments. In this sense, it is considered important to analyze the quality of life of anesthesiologists, workers exposed to long working hours, and great professional responsibility. Facts that ultimately reduce the quality of life of these professionals. In order to bring contributions to the promotion of quality of life of anesthesiologists, this technical report aimed to construct a manual on physical activity and health promotion in anesthesiologists. The manual that provides a contextualization of the professional role, a review of the concepts involved, quality of life, health promotion and physical activity, demonstrating that however diverse are the factors involved, physical activity has great importance to the quality of life. For this reason, the manual that encourages and presents several possibilities of incorporating physical activity in the daily lives of professionals and encourages a change in behavior of individuals who do not practice these activities regularly. Once the manual of the target audience it is professionals with high intellectual level, at the end of the manual are listed various evidence supporting the entire contents of the manual specifically for physicians and anesthesiologists. It is expected that disclosure of the manual to contribute for the information of anesthesiologists, as well as increased sufficiently active anesthesiologists index, and therefore improves the quality of life of these professionals.
Keywords: Physical activity. Quality of life. Physical exercises. Health promotion. Community health workers.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 12
2.1 Qualidade de Vida ........................................................................... 12
2.1.1 Relação Entre Qualidade de Vida e Atividade Física ................. 13
2.2 Qualidade de Vida para os Anestesiologistas ................................. 14
2.3 Benefícios da Atividade Física ........................................................ 16
3 DESENVOLVIMENTO ............................................................................. 18
3.1 Fundamentação Teórica ................................................................. 18
3.2 Construção do Manual .................................................................... 29
3.2.1 Introdução .................................................................................. 29
3.2.2 Relação Entre Qualidade de Vida e Atividade Física ................. 30
3.2.3 Benefícios da Atividade Física .......... ........................................ 30
3.2.4 Atividade Física na Promoção da Saúde em Anestesiologistas..30
3.2.5 Dicas de Atividade Física ........................................................... 31
3.2.6 Qualidade de Vida e Atividade Física em Médicos .................... 31
3.2.7 Conclusão .................................................................................. 31
4 CONCLUSÃO .......................................................................................... 32
4.1 Manual de Operação técnica ............................................................ 32
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 33
APÊNDICE A: Artigo Científico .................................................................... 38
APÊNDICE B: Trabalho Apresentado em Evento Científico ........................ 55
APÊNDICE C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................... 57
ANEXO A: Questionário Internacional de Atividade Física .......................... 58
ANEXO B: Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida .......... 61
10
1 INTRODUÇÃO
A saúde da população tem apresentado importante melhora ao longo das
últimas décadas, aumentando a expectativa de vida. Contudo, viver mais não significa
viver melhor, por isso, um dos desafios da atualidade é a melhoria da qualidade de
vida da população. Considera-se crucial a realização de discussões sobre a melhoria
da qualidade de vida e propostas de promoção da qualidade de vida. A promoção da
qualidade de vida deve ser ampla e ao mesmo tempo contemplar especificidades de
diferentes condições sociais e de diferentes ambientes laborais. A busca por uma
melhor qualidade de vida deve ser realizada para os pacientes, mas não podemos
negligencia-las dos próprios profissionais de saúde, que raramente (comparando com
as demais populações) são alvo de pesquisas científicas e materiais voltados para
sua realidade. Nesse sentido, considera-se importante a análise da qualidade de vida
de médicos anestesiologistas, profissionais expostos a longas jornadas de trabalho,
estresse e grande responsabilidade profissional1, 2.
O cotidiano laboral aos quais os médicos anestesiologistas estão expostos,
apresenta diversos estímulos estressantes que podem ocasionar prejuízo à saúde,
podendo produzir transtornos psicológicos, somáticos ou ambos, minimizando o bem-
estar e a qualidade de vida. Para a prática clínica da anestesiologia, o profissional
necessita estar em suas melhores condições físicas, psíquicas e emocionais para ter
condições de integrar e aplicar todos os seus conhecimentos, destrezas e
habilidades3.
O cenário de trabalho e vida dos anestesiologistas é conturbado e dinâmico,
impossibilitando ações que interfiram diretamente no seu desempenho profissional.
Dessa maneira, a prática de atividade física surge como uma importante possibilidade
de melhoria da qualidade de vida desses profissionais1, 2.
Apesar de que, pareça simples, para indivíduos que não possuem o hábito de
praticar atividade física, faz-se necessário uma alteração complexa de
comportamento. Embora não existam estudos deste tipo em anestesiologistas no
Brasil, imagina-se que eles não diferem muito da população em geral, em que a
maioria dos que não praticam atividade física se encontram em fase de contemplação
ou preparação. Ou seja, de certo modo a maioria dos indivíduos reconhecem a
importância da prática de atividade física, sendo, portanto, relevante reforçar esse
11
conceito e incentivar para que consigam alcançar a ação. E para os indivíduos que já
praticam atividade física, ações de divulgação dos benefícios da atividade física
podem contribuir para que consigam se manter na fase de manutenção da prática
dessa atividade física4.
Em razão das evidências que apontam para problemas na qualidade de vida
de médicos anestesiologistas, e por conta da possível influência que essa variável
possa trazer para a execução dos serviços médicos, afetando negativamente o
atendimento do paciente, faz-se necessário estudos e iniciativas que visem a
alteração desse panorama. Neste sentido, considera-se importante a formulação de
um manual com propostas de atividades físicas, embasado na literatura, com relação
a melhorar a qualidade de vida de médicos anestesiologistas da cidade de Londrina-
PR.
Espera-se que a divulgação do presente manual possa orientar e estimular os
médicos anestesiologistas a desenvolverem atividades físicas regularmente, visando
uma melhora na qualidade de vida destes profissionais. Acredita-se que é possível
disseminar o conhecimento e sensibilizar os profissionais anestesiologistas quanto à
prática de atividades físicas como importante estratégia para a melhoria dos
indicadores de saúde e da qualidade de vida.
Essa ação pode ainda influenciar no sucesso da prestação de serviços da
saúde para a comunidade em geral, denotando não apenas uma contribuição para um
grupo fechado de profissionais, mas sim para diversas pessoas. Por fim, espera-se
ainda que os profissionais que praticam atividade física regularmente sejam
disseminadores desse conhecimento e, uma vez que são reconhecidos formadores
de opinião, sirvam de exemplo para outras pessoas e pacientes.
12
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 QUALIDADE DE VIDA
O conceito de qualidade de vida possui diferentes interpretações, uma vez
que visa integrar dimensões e sensações abstratas. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) definiu a qualidade de vida como a “percepção do indivíduo de sua posição na
vida no contexto da cultura e sistema de valores em que vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”5.
Objetivando melhorar a compreensão outros autores definem a qualidade de
vida como o nível de satisfação com a vida. Relacionando essa satisfação com uma
série de fatores, como hábitos de vida de cada indivíduo, prática frequente de
atividades físicas, alimentação, prevenção, bem-estar, condições físicas e do
ambiente, recursos financeiros, compreensão do que é saúde, relacionamento
familiar, amizades e do ponto de vista espiritual e religioso6.
Sendo o ambiente importante para a qualidade de vida dos indivíduos, sujeitos
expostos ao mesmo ambiente podem apresentar características peculiares. Com
relação a isso, destacam-se os ambientes de trabalho e as condições de trabalho ou
associadas ao trabalho. Nesse contexto, avalia-se que a qualidade de vida de médicos
está diretamente relacionada com sua carga de trabalho, em que quanto maior a carga
de trabalho (horas de trabalho), ou quanto menor o período para descanso, em
especial o tempo de sono nos intervalos entre plantões ou no período pós-plantão,
pior é a qualidade de vida7, 8.
A exposição ocupacional ainda pode resultar em estresse laboral, estafa física
e mental, que também são considerados como fatores para pior qualidade de vida9.
Especificamente para médicos anestesiologistas, a responsabilidade configurada no
ato anestésico, oriunda do impacto direto de suas ações para a vida do paciente,
revela-se como uma situação extremamente estressante, podendo gerar impactos
negativos para a qualidade de vida desses profissionais10.
A prática médica em anestesiologia é desgastante e estressante. As
características mais relevantes da vida destes profissionais são a vigilância e o estado
de constante alerta que lhes possibilitam reagir prontamente em situações críticas. As
demandas cognitivas geradas durante o procedimento cirúrgico exigem rápido acesso
13
e avaliação de informações, com desenvolvimento e implementação de medidas que
mantenham o paciente em condições clínicas adequadas. Além disto, implica no
convívio diário com o sofrimento alheio, demandando constante atualização e
habilidades manuais, constante cobrança de responsabilidades e bom relacionamento
com o paciente e com a equipe multiprofissional. Na maioria das situações, esse
contexto associado ao excesso de trabalho, cria insatisfação, que atinge diretamente,
a qualidade de vida e a saúde dos anestesiologistas8, 11.
2.1.1 Relação Entre Qualidade de Vida e Atividade Física
A Qualidade de Vida e a atividade física estão fortemente relacionadas, pois
a prática regular de atividade física proporciona bem-estar físico, mental e social.
Pessoas ativas fisicamente apresentam maior vigor e vontade de realizar atividades
diárias e profissionais, demonstrando maior energia e menor cansaço, contribuindo
para a melhora das relações interpessoais, familiar e no trabalho12.
Considerando que uma elevada proporção da população mundial é
fisicamente inativa (não pratica nenhuma atividade física) ou insuficientemente ativa
(realizam atividade física em frequência e/ou tempo inferior ao recomendado para a
intensidade realizada), acredita-se que mesmo um pequeno aumento no nível de
atividade física pode representar uma intervenção para a melhoria da saúde coletiva13.
Sendo assim, o American College of Sports Medicine (ACSM) e a American
Heart Association (AHA) recomendam que para a promoção da saúde, todos os
adultos saudáveis (18-65 anos de idade) necessitam de uma atividade física aeróbica
de intensidade moderada por pelo menos 30 minutos, durante cinco dias na semana
ou de uma atividade aeróbica de intensidade vigorosa por pelo menos 20 minutos,
durante três dias na semana. O ACSM ainda salienta que, combinações de atividade
de intensidade moderada e vigorosa podem ser executadas para satisfazer essa
recomendação14.
14
2.2 QUALIDADE DE VIDA PARA OS ANESTESIOLOGISTAS
Os profissionais de saúde possuem como responsabilidade a vida e bem-
estar de seus pacientes. O paciente ganha prioridade no agir e cuidar desses
profissionais, deixando em segundo plano a vida e a própria saúde. O médico, como
principal ator na equipe de assistência, tem a responsabilidade pela vida de seus
pacientes, especialmente em situações de risco à vida, como situações de
emergência e cirurgias. Neste contexto, o médico anestesiologista corre o risco de
acabar não olhando para a própria saúde e qualidade de vida15.
Em razão da subjetividade e complexidade do conceito de qualidade de vida,
para melhor avaliar a qualidade de vida dos médicos anestesiologistas faz-se
necessário desmembrar esse conceito em suas principais dimensões mensuráveis:
condições do ambiente, recursos financeiros, hábitos de vida, alimentação, condições
físicas, prática frequente de atividades físicas, relacionamento familiar e amizades6.
Em relação aos domínios envolvidos na qualidade de vida, o ponto mais
explorado na literatura se refere as condições do ambiente, especialmente o ambiente
de trabalho. Ao desempenhar suas funções, o anestesiologista é submetido a
constantes agressões de ordem psicológica, que são causas importantes de estresse.
Problemas e complicações inerentes do cuidado aos pacientes, podem gerar
intranquilidade, ansiedade e sobrecarga de responsabilidade ao anestesiologista
devido as pressões exercidas por parte dos pacientes e de seus familiares8, 9.
A multicausalidade do estresse, soma-se a situações específicas relacionadas
ao ambiente de trabalho, tais como a falta de material adequado para exercer seu
trabalho, presença de ruídos na sala de cirurgia, a sobrecarga de plantões ou jornadas
maiores que 8 horas/dia, a privação do sono e a poluição ambiental. Por fim, o
reconhecimento social do anestesiologista é frequentemente inferior à dos médicos
de outras especialidades, sendo que algumas pessoas não sabem que os
anestesiologistas necessitam de qualificações médicas16-22.
A solicitação noturna é o aspecto mais estressante da prática de um
anestesiologista. Este é considerado o principal motivo para o anseio da
aposentadoria18. Esses aspectos podem se somar à uma remuneração insuficiente e
também à sensação de culpa, nos casos de eventuais complicações, fazendo com
que o anestesiologista esteja sempre sob estresse e necessitando de grande
15
autocontrole. Outro ponto importante é que a relação entre as agressões psicológicas
e o desempenho profissional parece sofrer influência da experiência profissional,
sendo muito maior nos residentes e durante os primeiros anos da atividade
profissional19.
Um dos motivos que levam ao maior estudo das condições do ambiente é o
impacto que essa variável tem em relação aos demais domínios da qualidade de vida,
tal como os hábitos de vida22. Alterações no ciclo de sono-vigília provoca alteração do
ritmo circadiano, com consequente alteração hormonal, em especial o cortisol; tais
alterações levam a redução da função psicomotora, gerando estado mental similar à
indivíduos alcoolizados23. Alterações no sono podem interferir em outros quesitos,
como piorar a disposição física para realizar a sua rotina diária de trabalho, situação
essa que se agrava com o aumento da idade destes profissionais24.
Ainda englobando os hábitos de vida, verifica-se maior dependência de
substâncias ilícitas (drogas em geral) e lícitas (tranquilizantes, opióides, anestésicos
inalatórios ou venosos) e etilismo em médicos anestesiologistas, quando comparado
com outras especialidades médicas9,20,21,25. Piores hábitos alimentares também são
associados a esses profissionais26,27.
Comparando índice de atividade física de anestesiologistas28,29 e população
geral com alta escolaridade30, estes indicam uma menor porcentagem de atividade
física para os anestesiologistas, sendo poucos os estudos que abordam esse tema no
Brasil. Por outro lado, com relação às questões sobre relacionamento familiar e
amigos, os anestesiologistas passam menos tempo em atividades sociais do que a
população em geral, fato que afeta a avaliação da qualidade de vida desses
profissionais8,9.
Entre as medidas recomendadas para amenizar os problemas relacionados
ao ambiente de trabalho e consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos
anestesiologistas estão: planejamento do trabalho, com horários definidos e não
superiores a 8 horas/dia, períodos de descanso durante a jornada de trabalho,
plantões que não ultrapassem 24 horas, além de um dia de descanso por semana23.
Porém, ressalta-se que essas medidas muitas vezes independem da vontade dos
anestesiologistas, sendo parte de um contexto amplo e de difícil governabilidade.
Frente a isso, faz-se necessário o incentivo a mudanças com maior governabilidade,
como a prática de atividade física31.
16
2.3 BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA
A atividade física exerce ação direta na saúde mental, pois, contribui para o
bem-estar, favorecendo positivamente a saúde física, emocional e psíquica em todas
as idades e ambos os sexos. Além disso, reduz respostas emocionais frente ao
estresse, estado de ansiedade e abuso de substâncias; reduzindo também níveis
leves e moderados de depressão e ansiedade; amplia a criatividade e memória;
aumenta a capacidade de concentração. Portanto, sugere-se que há relação direta
entre atividade física e saúde mental32.
Pesquisa realizada com alunos, funcionários e professores da Universidade
Católica de Pelotas/Rs evidenciou a existência de uma correlação entre a atividade
física e a qualidade de vida, ou seja, quanto mais ativos fisicamente (avaliando o
tempo, frequência e intensidade), melhor era a qualidade de vida dos participantes.
Além disso, dentre as diferenças na qualidade de vida das pessoas praticantes de
atividades físicas comparadas com as que não praticam, não estão apenas os
aspectos de saúde física, mas também aspectos psicológicos e cognitivos, tais como
melhora da memória e capacidade funcional1,33.
Noce, Simim e Mello34, observaram os benefícios da atividade física em 20
indivíduos do sexo masculino que apresentavam uma deficiência física, sem
comprometimentos cognitivos, divididos em dois grupos. O primeiro foi constituído por
10 indivíduos deficientes em membros inferiores que não praticavam nenhuma
atividade esportiva no mínimo há seis meses; e o segundo grupo foi composto por 10
atletas de basquetebol em cadeira de rodas. O grupo Ativo apresentou escores mais
elevados na qualidade de vida em todas as dimensões (física, psicológica, social e
ambiental) do instrumento. Os resultados obtidos com esse estudo comprovaram que
o nível de qualidade de vida dos deficientes físicos ativos foi melhor do que a dos
sedentários.
Pode-se destacar diversos benefícios de um estilo de vida fisicamente ativo,
tais como diminuição nos fatores de riscos para doenças coronarianas, diabetes e
hipertensão, menor incidência de osteoporose e alguns tipos de câncer. Podendo
ainda melhorar alguns parâmetros como a redução da gordura corporal total, da
pressão arterial reduzida em repouso, e da mortalidade e morbidade. Questões
17
mentais e o desempenho geral também são melhorados com a prática de atividade
física, como menor ansiedade e depressão, sensações de bem-estar aprimoradas,
menor estresse, tensão e raiva, melhora da saúde muscular e esquelética, e melhor
desempenho nas atividades laborais, recreativas e desportivas35, 36.
Manter o estilo de vida saudável associado à prática de atividades físicas pode
ser considerado uma estratégia importante para a melhora dos indicadores de saúde
e qualidade de vida. Sendo essa uma importante estratégia para enfrentamento da
epidemia de doenças crônicas não transmissíveis, em que se espera realizar uma
redução de 10% na inatividade física da população37.
Devido à relação entre qualidade de vida e atividade física, a importância do
incentivo à prática de atividade física, e ação protetora cardiovascular, pretende-se
que a divulgação de material técnico à médicos anestesiologistas auxilie no processo
de conscientização prática de atividade física.
18
3 DESENVOLVIMENTO
Para atingir os objetivos propostos para o presente manual, foi realizada uma
busca na literatura para melhor compreensão do tema, especialmente da relação
entre qualidade de vida e atividade física em médicos anestesiologistas. Posterior a
etapa de leitura do material, realizou-se a estruturação do manual, de modo que fosse
apresentado um panorama do profissional anestesiologista, da qualidade de vida, da
prática de atividade física e da importância dessa prática por anestesiologistas na
melhora da promoção de saúde.
O manual foi o principal produto do presente relatório técnico, concomitante,
realizou-se uma pesquisa científica transversal com os anestesiologistas da cidade de
Londrina/PR a fim de verificar a qualidade de vida e nível de atividade física desses
profissionais. Sendo apresentado o Termo de consentimento Livre e Esclarecido a
todos os participantes (Apêndice C) e aplicado dois instrumentos contendo questões
sobre atividade física e qualidade de vida (Anexo A e B).
3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Procedeu-se buscas nas bases de dados Bireme: (Lilacs, Medline,e Scielo) e
Pubmed, sendo que o tema central da revisão foram trabalhos abordando qualidade
de vida e atividade física em médicos anestesiologistas. Todos os artigos encontrados
foram inicialmente avaliados pelo título. O mecanismo de busca contou com a
utilização de termos booleanos (AND e OR), sendo os respectivos mecanismos de
busca e seus resultados detalhados no quadro 1.
19
Quadro 1 – Descrição das bases de dados utilizadas na pesquisa, com seus
respectivos termos de busca e número de artigos encontrados.
Bases Termo de busca Artigos
Pubmed (quality of life) AND (activity physical) AND
(anesthesiologist OR fellow)
11
Bireme (qualidade de vida) AND (atividade física) AND
(anestesiologistas) OR (médicos) OR (residentes)
242
Os critérios de inclusão foram: artigos nos idiomas português, espanhol ou
inglês que abordassem o tema central da revisão. Como critérios de exclusão adotou-
se: artigos indisponíveis gratuitamente em sua versão completa e artigos repetidos
entre as bases de dados. Todos os artigos que tiveram seu título avaliado, e estavam
de acordo com o tema central da pesquisa, foram separados para leitura do
resumo/abstract. Por sua vez, todos os artigos que tiveram seu resumo/abstract lidos,
e eram do tema da pesquisa, foram selecionados para leitura completa, sendo nessa
etapa retirados os estudos repetidos e os que não estavam disponíveis gratuitamente
de modo integral (Figura 1).
20
Figura 1 – Fluxograma de triagem de artigos envolvendo o tema qualidade de vida e
atividade física em médicos anestesiologistas.
Todos os artigos com resultados relevantes para a pesquisa foram lidos
integralmente e utilizados para melhor embasar o manual, sendo utilizados em um
capítulo específico sobre qualidade de vida e atividade física em médicos
anestesiologistas. Considera-se esse passo importante para melhorar o nível de
evidências científicas, bem como o aprofundamento teórico do manual. Os artigos
triados como relevantes podem ser visualizados na tabela 1.
21
Tabela 1 – Descrição dos artigos relevantes envolvendo triados para composição do manual sobre atividade física e qualidade de
vida em médicos anestesiologistas.
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
Haika et al.
(2013)38
Revista de APS Transversal Avalia a qualidade de vida,
satisfação com o trabalho,
presença de transtornos
psíquicos e hábitos de
atividade física entre
trabalhadores da atenção
primária à saúde de Montes
Claros/MG. Incluindo 39
médicos
Como resultado foram verificados
menores índices de qualidade de vida
geral para médicos, em comparação com
os demais profissionais, apresentando
média similar à de agentes comunitários
de saúde. Sendo que apenas o domínio
ambiente foi superior para os médicos
participantes do estudo
Weight et al.
(2013)31
Mayo Clinic
Proceedings
Longitudinal 628 médicos foram inseridos
em um programa de atividade
física de 12 semanas para
avaliar o impacto da atividade
física sobre a qualidade de vida
e síndrome de burnout
Os resultados foram avaliados
comparando com grupo controle, sendo
verificado melhor qualidade de vida nos
indivíduos praticantes de atividade física.
Verificou-se menores porcentagens de
burnout nos que praticaram atividade
física, porém não houve diferença
estatística para essa análise
22
Tabela 1 – Continuação...
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
Arenson-
Pandikow et al
(2012)19
Revista Brasileira
de
Anestesiologia
Transversal Avalia diferenças na qualidade
de vida entre 67
anestesiologistas e 69 não
anestesiologistas. Utiliza
ferramentas que dividem a
qualidade de vida em 5
domínios: qualidade de vida
geral, físico, psicológico, social
e meio ambiente
Anestesiologistas apresentam menores
índices nos 5 domínios da qualidade de
vida. Sendo que a pior relação com os
chefes está associada à piores resultados
nos domínios psicológico, social e
qualidade de vida geral, e pouco tempo
para estudos e atualização se associa a
pior índice no domínio social, e o menor
tempo de experiência se associa a pior
índice no domínio meio ambiente
Andrade et al.
(2011)39
Revista Brasileira
de
Anestesiologia
Transversal Pesquisa sobre qualidade de
vida de 49 anestesiologistas de
uma cooperativa de Sergipe
Carga horária maior foi associada com
pior avaliação da qualidade de vida e
como barreira para o lazer
Santos e Oliveira
(2011)29
Revista Brasileira
de
Anestesiologia
Transversal Objetiva avaliar a qualidade de
vida e fatores laborais
associados. 83 médicos de
João Pessoa/PB
Longa jornada e pouco descanso são
associados com menos índices de
qualidade de vida. Associou-se a prática
de atividade física a melhores indicadores
de qualidade de vida
Tabela 1 – Continuação...
23
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
Santos et al.
(2011)28
Revista de
Ciências da
Saúde Nova
Esperança
Transversal Avaliou a qualidade de vida e
fatores laborais associados em
83 médicos de João
Pessoa/PB
Fatores de trabalho, como longa jornada e
pouco descanso são associados com
menos índices de qualidade de vida. A
renda não se associou com melhora na
qualidade de vida
Serralheiro et al.
(2011)40
Arquivos
Brasileiros de
Ciências em
Saúde
Transversal 59 anestesiologistas da região
metropolitana de São Paulo/SP
Demonstra que a prática de atividade
física exerce um fator de proteção para
despersonificação, um dos domínios
utilizados para avaliar a presença da
síndrome de burnout
Torres et al.
(2011)41
Revista Brasileira
de Epidemiologia
Transversal Objetivou avaliar a qualidade
de vida, saúde mental e saúde
física de 1.224 médicos que se
formaram em Botucatu/SP
Boa qualidade de vida se associou a boa
saúde física e mental, bem como com
maior renda, prática de atividade física
regular e não ser tabagista
Tabela 1 – Continuação...
24
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
Calumbi et al.
(2010)11
Revista Brasileira
de
Anestesiologia
Transversal Avaliou a qualidade de vida de
110 anestesiologistas da
cidade de Recife/PE
Identificaram uma correlação entre o
número de turnos trabalhados e a
qualidade de vida, sendo que quanto
menos turnos, melhor a qualidade de vida.
Avaliação do número de dias da semana
trabalhada não mostrou diferença, ou
seja, a carga horária é mais importante do
que a distribuição da jornada de trabalho
Pinto et al.
(2010)42
Arquivos de
Ciências da
Saúde
Revisão Revisão nas bases MedLine,
LILACS e SciElo com foco na
síndrome de burnout em
médicos
Médicos expostos a situações de estresse
buscam diversas estratégias de
enfrentamento, sendo muitas
inadequadas, tais como automedicação,
abuso do álcool ou outras substâncias e
tabagismo
Tabela 1 – Continuação...
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
25
Azoulay et al.
(2009)43
American Journal
Of Respiratory
And Critical Care
Medicine
Transversal Diferentes profissionais
(n=7.498) de Unidade de
Terapia Intensiva (UTI). (323
UTI de 24 países [21% dos
respondedores foram do
Brasil])
Alto percentual de estresse, dependendo
do local, o que gera um ambiente de
trabalho conflituoso. Sendo longas
jornadas como fator de risco para maior
estresse
Rosta (2008)44 Alcohol and
Alcoholism
Transversal
Avalia o consumo de álcool por
diferentes fatores em 1917
médicos, sendo 254
anestesiologistas
(médicos de 515 hospitais da
Alemanha)
Sendo os anestesiologistas a segunda
especialidade com maior risco de
consumo abusivo, atrás apenas dos
urologistas. A especialidade médica se
mostra como fator em modelos de
regressão logística
Firth-Cozens
(2007)45
Advances in
Psychiatric
Treatment
Artigo teórico Objetiva entender os fatores
que levam médicos a
problemas como estresse,
depressão e uso de drogas.
Propõem um modelo de desenvolvimento
de problemas mentais em médicos,
iniciado pela pouca experiência e
aspectos familiares, e piorado pela
responsabilidade do trabalho, propiciando
depressão, alteração do comportamento
sexual, uso de drogas e álcool
Tabela 1 – Continuação...
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
26
Trigo et al.
(2007)46
Revista de
Psiquiatria
Clínica
Revisão Revisão nas bases MedLine,
Scielo, American Psychiatry
Association, Evidence-Based
Mental Health, American
College of Physicians, Agency
for Healthcare Research and
Quality, National Guideline
Clearinghouse e na
Organização Mundial da
Saúde, com foco na síndrome
de burnout em diversos
profissionais, incluindo
médicos
Dependendo do país e do ambiente de
trabalho, as porcentagens da síndrome de
burnout em médicos variaram de 27-86%.
Sendo associada com esgotamento físico
Ortiz (2006)47 Revista
Argentina de
Cirurgía
Transversal
600 médicos cirurgiões
(pesquisa nacional, enviada à
1818 médicos da Argentina)
O estresse possui impactos
principalmente na saúde física dos
médicos, mas acaba refletindo nos
resultados práticos de seu trabalho
27
Tabela 1 – Continuação...
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
Calabrese
(2005)48
Revista
Colombiana de
Anestesiología
Artigo teórico Realiza reflexões a respeito de
alterações laboratoriais
decorrentes do trabalho com a
rotina de trabalho de
anestesiologistas
Associa alterações do sono com
alterações do ciclo circadiano, com
consequente alteração no nível de cortisol
e adrenalina, e com estresse, fadiga,
dificuldades de relacionamento social,
dentre outras
Perales et al.
(2003)49
Anales de la
Facultad de
Medicina
Transversal Objetiva avaliar a saúde mental
e hábitos de vida entre
estudantes de medicina em
comparação com outros
estudantes (508 estudantes de
medicina do Peru)
Associa maiores índices de abuso de
álcool, uso de tabaco, condutas de não
socialização e comportamento violento
em estudantes de medicina, em
comparação com outros estudantes
Kaetsu et al.
(2002)50
Journal of
Epidemiology
Transversal 4190 médicos japoneses para
avaliar relações associadas ao
tabagismo
Associa o não tabagismo a melhores
indicadores de vida saudável, como
prática de atividade física, não ter
problemas cardíacos, fazer exames de
rotina e menor consumo de álcool
28
Tabela 1 – Continuação...
Estudo Periódico Tipo do estudo População de estudo Principal resultado
Spickard Jr et al.
(2002)51
JAMA Atualização Análise de estudos
longitudinais sobre a satisfação
e evolução da carreira de
médicos dos Estados Unidos e
do Canadá
Demonstra como as relações de trabalho
afetam a vida social de médicos
canadenses, incluindo análises por
especialidades médicas, em que
anestesiologistas apresentam forte
descontentamento com sua vida social.
Coloca a importância de bem-estar físico
para melhoria da satisfação dos médicos
e como proteção para síndrome de
burnout
Töyry et al
(2000)52
Archives of
Family Medicine
Transversal 3313 médicos licenciados na
Finlândia. Avalia estado de
saúde e fatores associados,
comparando médicos
Identifica as principais queixas dos
médicos como sendo dor crônica e
doenças do trato gastrointestinal
29
Análise dos artigos encontrados demonstra uma maior preocupação da
literatura especialmente com problemas mentais, tal como a Síndrome de Burnout e
no quesito laboral, com a carga horária dos profissionais28,29,38-41. Pouco são os
estudos que trabalham de modo conjunto a qualidade de vida e prática de atividade
física em médicos, sendo esse um tema que além de relevante ainda é pouco
explorado em médicos, especialmente anestesiologistas19,31.
3.2 CONSTRUÇÃO DO MANUAL
O manual apresentado tem as seguintes especificações: medida de 22 cm
de altura por 15,3 cm de largura; tipologia em relação ao título: Lucida Bright; ao texto:
Life LT Std; a legenda: LTErgo. O papel utilizado para a confecção da capa foi o
Supremo 300g; para o Miolo foi o Couche Fosco 115g; com total de 48 páginas; projeto
gráfico e arte final por Visualitá Criação Visual; impressão realizada pela Midiograf; e
para as imagens foi utilizado o Banco de Imagens Shutterstock.
O manual foi escrito em 7 tópicos principais: Introdução, Relação Entre
Qualidade de Vida e Atividade Física, Benefícios da Atividade Física, Atividade Física
na Promoção da Saúde em Anestesiologistas, Dicas de Atividade Física, Qualidade
de Vida e Atividade Física em Médicos e Conclusão. Encerrando o manual com as
referências utilizadas para embasamento cientifico.
3.2.1 Introdução
A introdução foi descrita com o objetivo de apresentar uma contextualização
histórica do profissional médico anestesiologista, ressaltando sua importância social
e os desafios laborais que ele enfrenta. Uma subseção intitulada Médico
Anestesiologista foi levantada em relação aos impactos da carga-horária laboral das
quais esses profissionais são expostos, e as consequências para sua saúde e
qualidade de vida. Essa subseção se encerra com a adaptação de um modelo sobre
qualidade de vida e as principais variáveis citadas na literatura que envolvem o
cotidiano dos anestesiologistas.
30
A segunda subseção da introdução, intitulada Qualidade de Vida, teve por
objetivo conceituar o que é a qualidade de vida, e quais os seus principais
componentes. Por último, a terceira subseção da introdução, intitulada Qualidade de
Vida em Anestesiologistas, foi detalhado os principais fatores que interferem na
qualidade de vida desses profissionais, e enfatizando a importância de ações que
visem a melhoria da qualidade de vida, especialmente a prática regular de atividade
física.
3.2.2 Relação Entre Qualidade de Vida e Atividade Física
Nesse capítulo foram exploradas as relações entre qualidade de vida e a
prática de atividade física, desde os mecanismos biológicos de reforço, como a
importância de uma mudança de comportamento, e que ocorre uma melhora
progressiva da capacidade física, possibilitando aumento da atividade
desempenhada.
3.2.3 Benefícios da Atividade Física
Nesse capítulo os benefícios da atividade física são detalhados, desde os
benefícios para a saúde física (melhora do tônus muscular, vigor e vitalidade), mental
(melhora da capacidade de concentração, humor) e diminuição do risco de doenças,
como a depressão, doenças cardiovasculares e metabólicas, sendo portanto
associado com redução da morbidade e mortalidade.
3.2.4 Atividade Física na Promoção da Saúde em Anestesiologistas
Com base nas recomendações do Colégio Americano de Medicina Esportiva
(American College of Sports Medicine – ACSM) e a Associação Americana de
Cardiologia (American Heart Association - AHA) são realizadas sugestões e
consideração com o objetivo de informar e sensibilizar os anestesiologistas sobre a
importância da prática de atividade física14.
31
Diversos exemplos de atividade são descritos, desde atividades leves, que
não contribuem para o indivíduo ser considerado como suficientemente ativo, até
atividades moderadas e intensas.
3.2.5 Dicas de Atividade Física
Dando continuidade ao capítulo anterior, são realizadas sugestões de modo
simples de como é possível incorporar o hábito de prática de atividade física na rotina
dos anestesiologistas, dando dicas de como fazer diferentes atividades simples do
cotidiano.
3.2.6 Qualidade de Vida e Atividade Física em Médicos
Esse capítulo apresenta de modo resumido as principais considerações da
revisão de literatura a sobre qualidade de vida e atividade física em médicos, os
benefícios em potenciais e os desafios enfrentados pelos médicos.
Embora seja uma profissão com alto risco para estresse e burnout, a prática
de atividade física tem se mostrada importante para diminuir esses fatores e melhorar
a qualidade de vida desses profissionais.
3.2.7 Conclusão
O manual se encerra resumindo a mensagem principal do mesmo, dos quais
os médicos, especialmente os anestesiologistas, apresentam diversos fatores que
podem desencadear o estresse, limitação de tempo para o lazer e outras condições
que podem aumentar a chance de que esses profissionais tenham pior qualidade de
vida. Para melhorar essa realidade, incentiva-se a prática de atividade física. E
seguindo recomendações internacionais, recomenda-se o mínimo de 30 minutos de
atividade física moderada, 5 vezes por semana, ou 20 minutos de atividade física
vigorosa, 3 dias por semana.
32
4 CONCLUSÃO
A dinâmica de trabalho dos médicos, especialmente dos anestesiologistas,
apresenta diversos fatores estressores, limitação de tempo para o lazer e outras
condições que podem aumentar a chance de que esses profissionais tenham pior
qualidade de vida. Frente a essa realidade, considera-se importante o incentivo a
prática de atividade física de médicos anestesiologistas, fato esse que além de
promover diretamente melhora na qualidade de vida, pode ainda iniciar um processo
de redefinição do autocuidado e aumentar indiretamente o tempo dedicado para o
lazer e atividades sociais.
Para que os benefícios da prática de atividade física se reflitam de modo
adequado também como fator de proteção cardiovascular, enfatiza-se a necessidade
de seguir as recomendações internacionais, ou seja, mínimo de 30 minutos de
atividade física moderada, 5 vezes por semana, ou 20 minutos de atividade física
vigorosa, 3 dias por semana.
O presente manual contemplou os objetivos propostos, de servir como uma
fonte de informação sobre o tema qualidade de vida em médicos anestesiologistas.
Além disso, considera-se que a sua divulgação possui imenso potencial para
incentivar que anestesiologistas iniciem a prática regular de atividade física, auxiliando
então, na saúde e qualidade de vida desses profissionais.
Pela relação entre atividade física e qualidade de vida ser muito ampla,
percebe-se que serão necessários futuros estudos, principalmente investigando a
associação entre elas, sobretudo em grupos mais específicos, como é o caso dos
médicos. Observa-se, particularmente, a necessidade de estudos com delineamento
experimental e longitudinal e com métodos precisos de medida da atividade física.
Dessa maneira será possível melhor compreender a relação entre atividade física e
qualidade de vida.
4.1 Manual de Operação Técnica
Impresso.
33
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38
APÊNDICE A: Artigo Científico
Atividade Física e Qualidade de Vida em Médicos Anestesiologistas da
Cidade de Londrina/PR
Physical Activity and Quality of Life of Anesthesiologists in the City of
Londrina/PR
Artigo a ser enviado para a Revista Brasileira de Medicina do Esporte.
Luciene Meri Neves PEREZ1, Deise Aparecida de Almeida PIRES-OLIVEIRA2
1. Possui graduação em Medicina – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2003). Fez Residência Médica em Anestesiologia – Hospital Evangélico de Londrina-Pr (2008). Mestranda em Exercício Físico na Promoção da Saúde pela Universidade Norte do Paraná – Unopar (2014-2016).
2. Docente da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, docente dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado e Doutorado em Ciências da Reabilitação - Programa associado UEL/UNOPAR, e do Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde - UNOPAR.
Correspondência:
Luciene Meri Neves Perez. Médica Anestesiologista do Hospital Universitário do
Norte do Paraná (Londrina- Pr). E-mail: [email protected]
39
RESUMO
Os médicos anestesiologistas são expostos a diversos fatores laborais que interferem em sua qualidade de vida, priorizando o paciente e sua carreira profissional. Diante disso faz-se necessário a pesquisa de variáveis e ações que possam melhorar a qualidade de vida dos anestesiologistas. O presente estudo visa caracterizar a qualidade de vida e prática de atividade física em médicos anestesiologistas na cidade de Londrina/PR, correlacionando e associando as variáveis de estudo. Trata-se de um estudo transversal, realizado nos 8 principais hospitais secundários e terciários da cidade de Londrina/PR. Todos os anestesiologistas dos hospitais selecionados foram convidados para participar da pesquisa, que foi composta por questões sociodemográficas e pelos questionários IPAQ (International Physical Activity Questionnaire) versão curta e o SF-36 (Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey). Dos 64 anestesiologistas que trabalhavam nos hospitais em estudo, 12 se recusaram a participar, sendo a população de estudo composta por 52 profissionais. Desses, 76,9% praticam algum tipo de atividade física regularmente, sendo que do total, quase a metade (48,1%) foram considerados como suficientemente ativos. O domínio capacidade funcional foi o que apresentou melhor resultado para a população pesquisada (1º quartil:76,2), sendo a saúde geral (1º quartil:52,0) e a vitalidade (1º quartil:50,0) os piores domínios da qualidade de vida. A prática de atividade física se correlacionou diretamente com melhores valores para os domínios capacidade funcional (Rs:0,649), estado geral da saúde (Rs:0,420), vitalidade (Rs:0,395), aspectos sociais (Rs:0,452), aspectos emocionais (Rs:0,296) e saúde mental (Rs:0,305); todos com p<0,05. Sendo que a caracterização de suficientemente ativos se associou com os domínios capacidade funcional (p<0,001), estado geral da saúde (p=0,022) e aspectos sociais (p=0,048). Os resultados foram sustentados pela literatura, reforçando o papel da atividade física como promotora da qualidade de vida.
Palavras-chave: Atividade física. Qualidade de vida. Promoção da saúde. Anestesiologista. Médico.
40
ABSTRACT The anesthesiologists are exposed to various work factors that interfere with their quality of life, prioritizing the patient and his professional career. Thus is it important to research variables and actions that can improve the quality of life of anesthesiologists. Therefore, this study aims to characterize the quality of life and physical activity in medical anesthesiologist in Londrina / PR, correlating and linking the study variables. It is a cross-sectional study, conducted in leading 8 secondary- or tertiary-level hospitals in the city of Londrina / PR. All anesthesiologists of the selected hospitals were invited to participate in the survey, which consisted of sociodemographic questions and the IPAQ questionnaires (International Physical Activity Questionnaire) short version and SF-36 (Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey). Of 64 anesthesiologists working in hospitals under study, 12 refused to participate, and the study population comprised of 52 professionals. Of these, 76.9% practice some regular physical activity, with the total almost half (48.1%) were considered as sufficiently active. The functioning domain showed the best result for the studied population (1º quartile:76.2), and general health (1º quartile:52.0) and vitality (1º quartile:50.0) the worst areas of quality of life. The physical activity is directly correlated with better values for the domains functional capacity (Rs:0.649), general health (Rs:0.420), vitality (Rs:0.395), social aspects (Rs:0.452), emotional aspects ( Rs:0.296) and mental health (Rs:0,305); all p <0.05. Since the characterization of sufficiently active it was associated with the domains functional capacity (p<0.001), general health (p=0.022) and social aspects (p=0.048). The results were supported by the literature, strengthening the role of physical activity as a promoter of quality of life.
Key words: Physical activity. Quality of life. Health promotion. Anesthesiologist.
Doctor.
41
INTRODUÇÃO
O conceito de qualidade de vida possui diferentes interpretações, uma vez que
visa integrar dimensões e sensações abstratas. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define qualidade de vida como a “percepção do indivíduo de sua posição na
vida no contexto da cultura e sistema de valores em que vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”1. Objetivando melhorar a
compreensão outros autores definem a qualidade de vida como o nível de satisfação
com a vida. Relacionando essa satisfação com uma série de fatores, como hábitos de
vida de cada indivíduo, prática frequente de atividades físicas, alimentação,
prevenção, bem-estar, condições físicas e do ambiente, recursos financeiros,
compreensão do que é saúde, relacionamento familiar, amizades e do ponto de vista
espiritual e religioso2.
Considerando a importância do ambiente para a qualidade de vida dos
indivíduos, sujeitos expostos ao mesmo ambiente podem apresentar características
peculiares. Com relação a isso, destacam-se os ambientes de trabalho e as condições
de trabalho ou associadas ao trabalho. Nesse contexto, avalia-se que a qualidade de
vida de médicos está diretamente relacionada com sua carga de trabalho, em que
quanto maior a carga de trabalho (horas de trabalho), ou quanto menor o período para
descanso, em especial o tempo de sono nos intervalos entre plantões ou no período
pós-plantão, pior é a qualidade de vida3,4. A exposição ocupacional ainda pode resultar
em estresse laboral, estafa física e mental, que também são considerados como
fatores para pior qualidade de vida5. Especificamente para médicos anestesiologistas,
a responsabilidade configurada no ato anestésico, oriunda do impacto direto de suas
ações para a vida do paciente, revela-se como uma situação extremamente
estressante, podendo gerar impactos negativos para a qualidade de vida desses
profissionais6.
Embora muitos estudos enfoquem as características do trabalho, variáveis do
estilo de vida possuem influência em diversos domínios da qualidade de vida.
Alterações no ciclo de sono-vigília provoca alteração do ritmo circadiano, com
consequente alteração hormonal, em especial o cortisol.
Tais alterações levam a redução da função psicomotora, gerando estado
mental similar à indivíduos alcoolizados7. Alterações no sono podem interferir em
42
outros quesitos, como aumentando a suscetibilidade física à rotina de trabalho,
situação essa que piora com o aumento da idade8.
Verifica-se maior dependência de substâncias ilícitas (drogas em geral) e
lícitas (tranquilizantes, opióides, anestésicos inalatórios ou venosos) e etilismo em
médicos anestesiologistas, quando comparado com outras especialidades médicas5,9-
11. Piores hábitos alimentares também são associados a esses profissionais12,13. Com
relação às questões sobre relacionamento familiar e amigos, os anestesiologistas
passam menos tempo em atividades sociais do que a população em geral, fato que
afeta a avaliação da qualidade de vida desses profissionais4, 5.
Entre as medidas recomendadas para amenizar os problemas relacionados
ao ambiente de trabalho e consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos
anestesiologistas estão: planejamento do trabalho, com horários definidos e não
superiores a 8 horas/dia, períodos de descanso durante a jornada de trabalho,
plantões que não ultrapassem 24 horas, além de um dia de descanso por semana7.
Porém, ressalta-se que essas medidas muitas vezes independem da vontade dos
anestesiologistas, sendo parte de um contexto amplo e de difícil governabilidade.
Frente a isso, faz-se necessário o incentivo a mudanças com maior governabilidade,
como a prática de atividade física14.
Tendo em vista os desafios profissionais e os problemas laborais enfrentados
por médicos anestesiologistas, a identificação do panorama de qualidade de vida e
prática de atividade física é imprescindível para a orientação de campanhas de
esclarecimento e incentivo à prática de atividade física e melhora da qualidade de
vida. Por essa razão, o presente estudo tem por objetivo analisar a possível
associação entre a prática de atividade física e qualidade de vida em médicos
anestesiologista na cidade de Londrina/PR.
43
MÉTODO
Trata-se um estudo transversal com médicos anestesiologistas da cidade de
Londrina/PR. Foram elegíveis todos os anestesiologistas em atividade profissional nos
8 principais hospitais terciários e secundários na cidade de Londrina. Em cada hospital
os questionários foram entregues ao médico anestesiologista responsável, a fim de
que entregasse os formulários para cada profissional. Antes da entrega ao médico
responsável foi realizada uma reunião com o objetivo de explicar todo o procedimento
da pesquisa.
Todos os entrevistados foram apresentados aos objetivos do estudo, sendo
respeitados os preceitos éticos e realizada a pesquisa apenas nos que concordaram
em participar mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Os entrevistados tiveram um tempo para responderem aos questionários,
permanecendo em posse dos anestesiologistas por um período de 15 dias, dando
tempo hábil para preencher os dois formulários distribuídos. A medida que respondiam
os questionários, estes eram devolvidos ao responsável e posteriormente recolhidos
para serem analisados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos da Universidade Norte do Paraná (número 276.702).
O critério de exclusão foi a recusa em responder as questões relativas à
atividade física e/ou qualidade de vida. O critério de perda foi a recusa em participar
da pesquisa. A pesquisa foi realizada no período de abril a junho de 2015.
Foram aplicados os questionários IPAQ (International Physical Activity
Questionnaire)15 versão curta e o SF-36 (Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form
Health Survey)16 para avaliação da prática de atividade física e qualidade de vida,
respectivamente. Variáveis sociodemográficas e relacionadas à atividade profissional
foram coletadas para melhor caracterização dos resultados.
Os instrumentos foram digitados em duplicata no programa Epi Info (Versão
3.5.4), consolidados e analisados por meio do programa SPSS (versão 19). Para
análise da atividade física, as respostas do questionário IPAQ foram utilizas para o
calculado do tempo de atividade física total de cada entrevistado. Para esse cálculo o
tempo semanal de atividade física leve foi multiplicado por 0 (zero), o tempo semanal
de atividade física moderada foi multiplicado por 1 (um) e o tempo semanal de
atividade física intensa foi multiplicado por 2 (dois). O somatório desse tempo de
44
atividade foi empregado para, com base nas recomendações do American College of
Sports Medicine e da American Heart Association17, classificar os participantes em
inativos, insuficientemente ativos e suficientemente ativos.
A qualidade de vida foi avaliada por meio do cálculo dos 8 dominios da SF-
36: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental.16Cada domínio pode ser
pontuado de zero a cem, sendo que quanto maior o valor, melhor é a qualidade do
domínio. Os dados foram analisados pela média, desvio-padrão, frequência e
porcentagem. Os domínios da SF-36 foram submetidos ao teste de normalidade
Shapiro-Wilk, e posteriormente realizado o coeficiente de Spearman para correlação
com o tempo de prática da atividade física semanal.
Com o objetivo de verificar a associação entre a prática de atividade física
categorizada de acordo com o American College of Sports Medicine e da American
Heart Association17, os domínios da SF-36 foram categorizados segundo os tercis de
distribuição. O tercil com menor foi denominado de “ruim”, o tercil intermediário de
“médio”, e o tercil de maior pontuação foi denominado de “bom”. Então, realizou-se o
teste Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn.
45
RESULTADOS
Dos 64 anestesiologistas elegíveis, 12 (18,7% do total) se recusaram a
participar. Não houve nenhuma exclusão, ficando a população com 52 entrevistados.
A maioria dos entrevistados era do sexo masculino (71,2%) com idade média de 46
anos (±12,6) (Tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica dos anestesiologistas da cidade
de Londrina/PR (2015).
Variável n %
Sexo
Feminino 15 28,8
Masculino 37 71,2
Idade (anos)
26-34 13 25,0
35-46 15 28,8
47-56 13 25,0
57-73 11 21,2
A análise da qualidade de vida demonstrou que o domínio com pior qualidade
foi o estado geral da saúde, seguido pela vitalidade. Como destaque positivo destaca-
se o domínio capacidade funcional, com maior média 86,4 e com um valor mínimo de
60,0, muito superior aos demais domínios (Tabela 2). Com relação à prática de
atividade física, de acordo com os critérios seguidos, 12 (23,1%) dos anestesiologistas
foram classificados como inativos, 15 (28,8%) como insuficientemente ativos, e 25
(48,1%) como suficientemente ativos.
Avaliação da normalidade dos domínios da SF-36 apresentou valor de p<0,05,
ou seja, não há normalidade dos dados. Diante disso, foi realizado o coeficiente de
Spearman para correlação entre qualidade de vida e tempo semanal de prática de
atividade física, que demonstrou significância estatística entre o maior tempo semanal
de prática de atividade física moderada e intensa e maiores resultados nos domínios:
capacidade funcional, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos
46
emocionais e saúde mental (Tabela 3). A categorização das variáveis apresentou um
resultado semelhante, com diferença apenas para os domínios saúde mental,
vitalidade e aspectos emocionais, que não apresentaram diferença estatística nessa
análise (Tabela 4).
Tabela 2 – Aspectos quantitativos da avaliação da qualidade de vida (SF-36) para
cada domínio da escala SF-36 (Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health
Survey) em anestesiologistas da cidade de Londrina/PR (2015).
Domínios Mínimo 1º quartil Mediana 3º quartil Máximo
Capacidade Funcional 60,0 76,2 90,0 95,0 100,0
Aspectos Físicos 0,0 75,0 100,0 100,0 100,0
Dor 41,0 62,0 72,0 84,0 100,0
Estado Geral da Saúde 35,0 52,0 57,0 62,0 82,0
Vitalidade 20,0 50,0 65,0 75,0 90,0
Aspectos Sociais 12,5 62,5 87,5 100,0 100,0
Aspectos Emocionais 0,0 66,7 100,0 100,0 100,0
Saúde Mental 24,0 68,0 76,0 84,0 92,0
Tabela 3 – Correlação de Spearman (Rs) entre para cada domínio da escala SF-36
(Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey) e o tempo semanal de
prática de atividade física em anestesiologistas da cidade de Londrina/PR (2015).
Domínios Rs p
Capacidade Funcional 0,649 <0,001
Aspectos Físicos 0,271 0,052
Dor 0,206 0,143
Estado Geral da Saúde 0,420 0,002
Vitalidade 0,395 0,004
Aspectos Sociais 0,452 0,001
Aspectos Emocionais 0,296 0,036
Saúde Mental 0,305 0,028
47
Tabela 4 - Teste de Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn entre os tercis dos domínios
da qualidade de vida e a prática de atividade física de anestesiologistas de Londrina,
PR (2015).
Domínios
Inativo
Insuficiente-
mente ativo
Suficiente-
mente ativo
p n % n % n %
Capacidade Funcional <0,001
Ruim 6 46,2 6 46,2 1 7,7
Média 6 31,6 7 36,8 6 31,6
Boa 0 0,0 2 10,0 18 90,0
Aspectos Físicos 0,067
Ruim 4 36,4 5 45,5 2 18,2
Média 1 14,1 3 42,9 3 42,9
Boa 7 20,6 7 20,6 20 58,8
Dor 0,112
Ruim 7 29,2 9 37,5 8 33,3
Média 0 0,0 2 28,6 5 71,4
Boa 3 37,5 0 0,0 5 62,5
Estado Geral da Saúde 0,022
Ruim 7 35,0 8 40,0 5 25,0
Média 3 21,4 4 28,6 7 50,0
Boa 2 11,8 3 17,6 12 70,6
Vitalidade 0,113
Ruim 5 31,3 6 37,6 5 31,3
Média 5 21,7 7 30,4 11 47,8
Boa 1 9,1 2 18,2 8 72,7
Aspectos Sociais 0,048
Ruim 6 40,0 5 33,3 4 26,7
Média 5 23,8 6 28,6 10 47,6
Boa 1 6,7 4 26,7 10 66,7
Aspectos Emocionais 0,101
Ruim 5 55,6 2 22,2 2 22,2
Média 1 16,7 2 33,3 3 50,0
Boa 6 16,2 11 29,7 20 54,1
Saúde Mental 0,503
Ruim 6 40,0 4 26,7 5 33,3
Média 2 10,0 7 35,0 11 55,0
Boa 4 23,5 4 23,5 9 52,9
Total 12 23,1 15 28,8 25 48,1
48
DISCUSSÃO
O percentual de anestesiologistas que se recusaram a participar do estudo,
embora possa parecer elevado (18,7%), se encontra abaixo do relatado em outras
pesquisas envolvendo médicos3,18,19 e médicos anestesiologistas20-22. O percentual de
recusa/perda para essas pesquisas variou de 20,0-68,7%3,5,18-22, ou seja, mesmo
cientes da importância de pesquisas científicas, a falta de tempo e cansaço acabam
diminuindo substancialmente a participação nesses profissionais em estudos
científicos.
O gênero dos anestesiologistas varia de acordo com cada região, fato
evidenciado ao comparar o elevado percentual de homens no presente estudo
(71,2%) com a literatura, em que a porcentagem de homens varia de 31%- 63,9%9,21-
23. Com relação a faixa etária, os anestesiologistas do presente estudo apresentaram
idade média similar à literatura9,21-23.
A literatura apresenta poucos estudos com anestesiologistas, sendo o
principal enfoque no estresse, burnout e na jornada de trabalho4,10,24,25. Dentre os
poucos trabalhos que investigam a qualidade de vida de anestesiologistas, Arenson-
Pandikow e colaboradores12, encontraram melhores médias nas questões
relacionadas com o domínio da capacidade física. Esse resultado é concordante com
o encontrado por Andrade e colaboradores26, em que o domínio físico apresentou
melhor média em comparação com os demais domínios. Além disso, foi evidenciado
menor média para o domínio de qualidade de vida geral. Vale ressaltar que no
presente estudo os dados foram apresentados na forma de mediana, por serem não
paramétricos, porém a literatura citada apresenta os valores de média, que por sua
vez foram comparados com as médias do presente estudo.
Em aprofundamento da análise dos domínios, realizada por Santos e
colaboradores23, é confirmado o encontrado pelos demais autores, melhores médias
para o domínio físico e pior média para o domínio da qualidade de vida geral. Como
diferencial, os autores realizaram comparação de média em grupos estratificados, ou
seja, comparando se grupos com diferenças nas variáveis sexo, jornada de trabalho,
turnos trabalhados e renda apresentavam diferenças nos domínios de qualidade de
vida.
Foi evidenciado que a jornada de trabalho semanal influência direta na
49
qualidade de vida dos anestesiologistas, em que indivíduos que trabalham 60 horas
ou mais apresentam menores médias no domínio ambiente. Do mesmo modo, menor
renda também apresentou menor média para o domínio ambiente. Outras análises
apresentaram resultados interessantes, embora sem significância estatística, fato
esse que pode ser causado pelo baixo número amostral do estudo, que é um fator
limitante em estudos com anestesiologistas.
Com relação ao percentual de anestesiologistas que praticam atividade física,
considerando apenas os suficientemente ativos, o percentual encontrado (48,1%) foi
levemente superior ao relatado pelo Inquérito Vigitel27 para diversas capitais
brasileiras, que variou de 30,4% a 47,1%. O Vigitel considera para essa porcentagem
indivíduos que praticam ao menos 150 minutos de atividade física moderada por
semana, fato esse que possibilita a comparação dos valores percentuais. Porém, não
é possível inferir diferenças ou semelhanças, uma vez que o estudo Vigitel evidenciou
que em homens e em pessoas com maior escolaridade ocorrem maiores percentuais
de indivíduos suficientemente ativos, e a população do presente estudo é composta
por maioria de homens e todos com escolaridade elevada.
Poucos estudos investigam a prática de atividade física por anestesiologistas.
Santos e colaboradores23 identificaram que 30,8% dos anestesiologistas
entrevistados em João Pessoa fazem atividade física regularmente. Serralheiro e
colaboradores21 encontraram um percentual de 45,8% de anestesiologistas
praticando atividade física, sendo que 40,7% praticam de duas a três vezes na
semana. Embora qualquer comparação seja limitada pela não avaliação do tempo
semanal e a intensidade das atividades físicas praticadas, pode-se verificar que o
percentual de anestesiologistas suficientemente ativos é seguramente maior no
presente estudo.
A correlação encontrada entre a prática de atividade física e domínios da
qualidade de vida é relatada em outros estudos com populações diversas28-33 e com
anestesiologistas23. Na literatura, especialmente em estudo com elevado número
amostral, todos os domínios da qualidade de vida são maiores em indivíduos que
praticam atividade física28-33. Diante disso, infere-se que na população estudada os
domínios que não apresentaram significância estatística podem ter sido prejudicados
pelo número amostral limitado da população de interesse. Além de realizar correlação,
a descrição e associação encontrada entre indivíduos considerados suficientemente
50
ativos comprovam a necessidade de um período mínimo semanal para
potencialização dos efeitos benéficos da atividade física17.
Existem diversas possibilidades para melhorar a qualidade de vida dos
médicos anestesiologistas, sendo a prática de atividade uma dessas possibilidades14.
Nesse sentido, fazem-se necessários materiais de incentivo e esclarecimento
direcionados a esse público, visando o aumento da prática de atividade física e como
consequência, melhora da qualidade de vida.
O presente estudo conta com uma fragilidade que é o baixo número amostral,
fato que limitam as análises estatísticas. Contudo, é importante considerar que todo o
universo amostral pretendido foi incluso na pesquisa, não houve amostragem. E, uma
vez que a maioria dos anestesiologistas possuem vínculo com mais de uma instituição
e a pesquisa foi realizada nos principais serviços de saúde da cidade, considera-se
que os resultados são representativos para a população de anestesiologistas de
Londrina/PR.
51
CONCLUSÃO
O presente estudo identificou que a maioria dos anestesiologistas de Londrina
(76,9%) pratica alguma atividade física regularmente, sendo que do total quase a
metade (48,1%) são considerados como suficientemente ativos. O domínio
capacidade funcional foi o que apresentou melhor resultado para a população
pesquisada, sendo a saúde geral e a vitalidade os piores domínios da qualidade de
vida.
A prática de atividade física se correlacionou diretamente com melhores
valores para os domínios capacidade funcional, estado geral da saúde, vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Sendo que a caracterização
de suficientemente ativos se associou com os domínios capacidade funcional, estado
geral da saúde e aspectos sociais. Espera-se dessa maneira, orientar a construção
de materiais educativos para incentivar os anestesiologistas a realizar atividade física.
52
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32. Noce F, Simim MAM, Mello MT. A percepção da qualidade de vida de pessoas
portadoras de deficiência física pode ser influenciada pela prática de atividade
física? Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2009 Maio/Jun.; 15(3): 174-8.
33. Gonçalves AKS, Canário ACG, Cabral PUL, Silva RAH, et al. Impacto da atividade
física na qualidade de vida de mulheres de meia idade: estudo de base
populacional. Rev. Bras. de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(12): 408-13.
55
APÊNDICE B: Trabalho Apresentado em Evento Científico
56
57
APÊNDICE C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do Projeto: ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM MÉDICOS
ANESTESIOLOGISTAS
Prezado (a) Senhor (a), o objetivo deste trabalho é analisar o nível de atividade física e a qualidade de
vida dos médicos Anestesiologistas da cidade de Londrina-PR, buscando verificar se há relação entre a
prática de atividades físicas e a melhoria na qualidade de vida desses profissionais e para isso precisamos
de sua colaboração.
Necessitamos que você responda a dois questionários o questionário IPAQ (International Physical
Activity Questionnaire) versão curta para analisar o nível de atividade física dos Anestesiologistas e o
questionário SF-36, (Medical Outcomes Study36- Item Short- Form Health Survey) no qual se buscará
analisar a qualidade de vida dos entrevistados tendo em vista os seguintes aspectos: capacidade
funcional; aspectos físicos; aspectos emocionais; dor; estado geral de saúde; vitalidade; aspectos sociais.
Esta pesquisa não lhe trará despesas, gastos ou danos. Você terá livre acesso aos pesquisadores
envolvidos no projeto para esclarecimento de eventuais dúvidas.
Os principais investigadores são: Profª. Dra. DEISE A.A. PIRES OLIVEIRA, professora da
Universidade Norte do Paraná, no telefone 3371-9848 ou 9919-0839 e a aluna de mestrado do Programa
de Mestrado em Exercício Físico na Promoção da Saúde da Unopar, LUCIENE MERI NEVES PEREZ,
no telefone 3029-1575 ou 9965-1575.
Lembramos ainda que o senhor (a) terá acesso aos resultados da pesquisa ao final da mesma. É garantida
a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento e deixar de participar do presente
estudo. Os dados coletados serão mantidos sob sigilo e as informações obtidas serão analisadas em
conjunto com outros profissionais, não sendo divulgada a identificação de ninguém. Há o compromisso
dos pesquisadores de utilizar os dados e o material coletado somente para fins científicos.
Eu, ___________________________________________________________, após ter lido e entendido
as informações e esclarecido todas as minhas dúvidas referentes a este estudo, CONCORDO,
VOLUNTARIAMENTE, a participar do mesmo.
______________________________________________ Data____/____/____
Assinatura do participante ou responsável
Eu, _________________________________________, na qualidade de entrevistador, declaro que
forneci todas as informações referentes ao estudo para o participante.
58
ANEXO A: Questionário Internacional de Atividade Física
QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA - Versão curta
Nome: _______________________________________________________
Data: ______/ _______ / ______ Idade: ______ Sexo: F ( ) M ( )
Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas
fazem como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que
está sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos
ajudarão a entender que tão ativos nós somos em relação às pessoas de outros
países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade
física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no
trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como
parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO
importantes. Por favor responda cada questão mesmo que considere que não seja
ativo. Obrigado pela sua participação!
Para responder as questões lembre-se que:
� atividades físicas VIGOROSAS: são aquelas que precisam de um grande esforço
físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal
� atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum
esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal
59
Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza
por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez.
1a- Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10
minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um
lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
1b- Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos
quanto tempo no total você gastou caminhando por dia?
horas: ______ minutos: _____
2a- Em quantos dias da última semana, você realizou atividades
MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve
na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo,
carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como
varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar
moderadamente a sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO
INCLUA CAMINHADA)
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
2b- Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos
10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades
por dia?
horas: ______ minutos: _____
60
3a- Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS
por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica
aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços
domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos
elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou
batimentos do coração.
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
3b- Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10
minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por
dia?
horas: ______ minutos: _____
Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo
dia, no trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui
o tempo sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa
visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo
gasto sentado durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.
4a- Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?
horas: ____ minutos: _____
4b- Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de
semana?
horas: ____ minutos: _____
Referência: Matsudo S, Araújo T, Matsudo V, Andrade D, Andrade E, Braggion G. Questinário
internacional de atividade física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Revista
brasileira de atividade física e saúde. 2001; 6(2): 05-18.
61
ANEXO B: Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida (SF-36)
1- Em geral você diria que sua saúde é:
Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim
1 2 3 4 5
2- Comparada há um ano atrás, como você classificaria a sua idade em geral,
agora?
Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a Mesma Um Pouco
Pior
Muito Pior
1 2 3 4 5
3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente
durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer
estas atividades? Neste caso, quando?
Atividades
Sim, dificulta
muito
Sim, dificulta
um pouco
Não, não
dificulta de
modo algum
a) Atividades Rigorosas, que
exigem muito esforço, tais como
correr, levantar objetos pesados,
participar em esportes árduos.
1
2
3
b) Atividades moderadas, tais
como mover uma mesa, passar
aspirador de pó, jogar bola, varrer a
casa.
1
2
3
62
c) Levantar ou carregar
mantimentos
1 2 3
d) Subir vários lances de escada
1 2 3
e) Subir um lance de escada 1 2 3
f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-
se
1 2 3
g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3
h) Andar vários quarteirões 1 2 3
i) Andar um quarteirão 1 2 3
j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
seu trabalho ou com alguma atividade regular, como consequência de sua saúde
física?
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava
ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras
atividades.
1 2
d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras
atividades (por exemplo: necessitou de um esforço extra).
1 2
63
5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com
seu trabalho ou outra atividade regular diária, como consequência de algum
problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?
6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família,
amigos ou em grupo?
De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
Nenhuma Muito leve Leve Moderada Grave Muito grave
1 2 3 4 5 6
Sim Não
a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao
seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria?
1 2
c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto
cuidado como geralmente faz
1 2
64
8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho
normal (incluindo o trabalho dentro de casa)?
De maneira
alguma
Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido
com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma
resposta que mais se aproxime de maneira como você se sente, em relação às
últimas 4 semanas.
Todo
Tempo
A maior
parte
do
tempo
Uma
boa
parte do
tempo
Algum
parte
do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a) Quanto tempo
você
tem se sentindo cheio
de vigor, de vontade,
de força?
1
2
3
4
5
6
b) Quanto tempo
você
tem se sentido
uma pessoa muito
nervosa?
1
2
3
4
5
6
65
c) Quanto tempo
você
tem se sentido tão
deprimido que nada
pode anima-lo?
1
2
3
4
5
6
d) Quanto tempo
você
tem se sentido calmo
ou tranqüilo?
1
2
3
4
5
6
e) Quanto tempo
você tem se
sentido com muita
energia?
1
2
3
4
5
6
f) Quanto tempo
você tem se
sentido desanimado
ou abatido?
1
2
3
4
5
6
g) Quanto tempo
você
tem se
sentido esgotado?
1
2
3
4
5
6
h) Quanto tempo
você
tem se sentido
uma pessoa feliz?
1
2
3
4
5
6
i) Quanto tempo
você
tem se sentido
cansado?
1
2
3
4
5
6
66
10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física
ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como
visitar amigos, parentes, etc)?
Todo
Tempo
A maior parte
do
tempo
Alguma parte
do
tempo
Uma pequena
parte do
tempo
Nenhuma
parte do
tempo
1 2 3 4 5
11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
Muito obrigada.
Referência: Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W, Meinão I, Quaresma MR. Tradução para a língua
portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-
36). Revista Brasileira de Reumatologia. 1999; 39(3): 143-50.
Definitivamente
verdadeiro
A maioria
das vezes
verdadeiro
Não sei
A maioria
das vezes
falso
Definitivamente
falso
a) Eu costumo
obedecer um pouco
mais facilmente que
as outras pessoas
1
2
3
4
5
b) Eu sou tão
saudável quanto
qualquer pessoa que
eu conheço
1
2
3
4
5
c) Eu acho que a
minha saúde vai piorar
1
2
3
4
5
d) Minha saúde é
excelente
1
2
3
4
5
67