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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
MARIA JOSÉ CREMASCO ZECHIM
ATIVIDADES PRÁTICAS E EXPERIMENTAIS PARA UMA
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM CIÊNCIAS
URAÍ - PARANÁ
2009
MARIA JOSÉ CREMASCO ZECHIM
ATIVIDADES PRÁTICAS E EXPERIMENTAIS PARA UMA
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM CIÊNCIAS
Artigo científico apresentado à Universidade
Estadual do Norte do Paraná, como requisito
para aprovação no Programa de
Desenvolvimento Educacional da Secretaria de
Estado da Educação – Paraná, sob a
orientação do Professor Ms. Marcio Akio Ohira.
URAÍ - PARANÁ
2009
ATIVIDADES PRÁTICAS E EXPERIMENTAIS PARA UMA APRENDIZAGEM
SIGNIFICATIVA EM CIÊNCIAS
Maria José Cremasco1
RESUMO
O presente artigo explicita os resultados obtidos da implementação de
um caderno pedagógico produzido em 2008, como material integrante do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), aplicado numa escola
pública de Ensino Fundamental do Paraná. O caderno foi elaborado dentro dos
conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares do Paraná e propõe uma
abordagem das atividades práticas e experimentais dentro de fundamentos
teóricos da pedagogia sócio-cultural de Vygotsky e da aprendizagem
significativa de Ausubel e Moreira, e Carvalho por enfocar a sua importância
para o ensino de ciências. A investigação foi realizada em uma sala de aula da
8ª série do ensino fundamental, onde foram aplicadas atividades práticas e
experimentais como estratégia de ensino e aprendizagem de conteúdos de
Física, relacionados às Mudanças de Estado Físico da Matéria, para verificar se
a sua utilização pode levar a uma interação entre o conhecimento prévio e o
conhecimento científico e promover uma aprendizagem significativa. Através da
análise dos resultados observou-se que as atividades experimentais contribuem
para a aprendizagem de conceitos científicos ajudando o aluno a integrar esse
conhecimento em sua estrutura cognitiva.
Palavras Chave: Atividades práticas e experimentais, aprendizagem
significativa, conhecimento científico.
1 Professora de Ciências Escola Estadual Prof. Paulo Mozart Machado – EF, Professora PDE – 2008.
Graduada em Ciências pela FAFI com Habilitação em Física. Pós-Graduada em Metodologia do
Ensino pelo Instituto Educacional de Assis – IEDA.
ABSTRACT
This article outlines the results of the implementation of a pedagogic notebook
produced in 2008, as a material of the Program of Educational Development
(PDE), implemented in a elementary public school of Paraná. The notebook
was produced on structural contents of the Curricular Guidelines of Paraná and
proposes an approach to practical activities and experiments within the
theoretical framework of socio-cultural pedagogy of Vygotsky and meaningful
learning of Ausubel and Moreira, and Carvalho to focus on its importance to
science education. The research was conducted in a classroom of 8th grade of
elementary school, where practical activities and experiments were implemented
as a teaching and learning strategy of physics content, related to changes in the
physical state of matter, to verify if their use may lead to an interaction between
prior knowledge and scientific knowledge and promote a meaningful learning.
Through the analysis of results showed that experimental activities have
contributed to the learning of scientific concepts by helping students to integrate
this knowledge into their cognitive structure.
Keywords: practical and experimental activities, meaningful learning, scientific
knowledge.
1 INTRODUÇÃO
O ensino de Ciências torna-se cada dia mais importante. O mundo atual
reverencia a Ciência, valoriza suas descobertas e depende delas para progredir,
alcançar a paz, a saúde e a tecnologia (CARVALHO, 2006).
O domínio do conhecimento científico torna-se uma necessidade que a
educação escolar não pode ignorar. O ensino de Ciências inserido na escola
tem a função de oportunizar ao aluno adquirir conceitos e atitudes que sirvam
de instrumentos na interpretação do mundo científico e tecnológico em que
vivemos para a sua formação como indivíduo e cidadão, construindo um saber
científico. O conhecimento científico facilita ao aluno não apenas fazer uma
leitura do mundo onde vive, mas utilizá-lo para transformar o mundo. A escola
deve permitir ao aluno compreender e saber sobre as ciências e suas
tecnologias, para prepará-lo como cidadão no mundo atual.
Hoje, e cada vez mais no futuro, a ciência e os resultados de suas aplicações tecnológicas estão permeando a nossa vida, interferindo no processo social, seja com aspectos positivos, seja com aspectos negativos. De seu lado, o homem comum, aquele que constitui a imensa maioria da população brasileira, de pouca ou nenhuma escolaridade, embora faça uso e conviva com alguns desses produtos, tem pouca chance de refletir sobre eles, colocando-se numa situação de mero espectador. À margem de um conhecimento para ele inatingível, acaba mistificando-o (DELIZOICOV,1991, p.46).
O ensino de Ciências no nível fundamental deve levar o aluno a pensar,
desenvolver a capacidade cognitiva e se apropriar de conceitos científicos. Para
que isso ocorra o conhecimento anterior do aluno construído nas interações e
nas relações da sua vida cotidiana deve ser valorizado e utilizado no
desenvolvimento de novas idéias.
O ensino de Ciências baseado em atividades práticas e experimentais
tem grande importância, pois exerce uma função pedagógica de ajudar os
alunos a relacionar a teoria (leis, princípios) com a prática (trabalhos
experimentais), favorecendo a compreensão de conceitos, o desenvolvimento
de habilidades e atitudes por relacionar os conhecimentos adquiridos na sala de
aula com os fenômenos que o cercam. Essas estratégias podem contribuir para
a superação de obstáculos na aprendizagem de conceitos científicos, não
somente por propiciar interpretações, discussões e confrontos de idéias entre
os estudantes, mas também pela sua natureza investigativa.
Para Delizoicov a atividade experimental realizada apenas para provar
aos alunos leis e teorias são pobres, em relação aos objetivos de formação e
apreensão de conhecimentos básicos em Ciências. A atividade experimental
deve levar a uma discussão e interpretação de resultados obtidos com a
atuação do professor no sentido de apresentar e desenvolver conceitos, leis e
teorias envolvidos na experimentação.
O professor ao utilizar as atividades experimentais como estratégia no
ensino e aprendizagem, faz a mediação na construção do saber científico. Para
Vygotsky (2000) a aprendizagem é influenciada pela interação entre o aluno e o
professor, onde o professor faz a mediação para a construção do saber
científico, e tem papel fundamental neste processo. Na sua concepção de
aprendizagem também acredita que seja influenciada pela interação entre
estudante e outros membros da comunidade escolar. Relaciona a memória ao
ato de pensar do homem onde a mente humana cria estruturas cognitivas
necessárias à compreensão de um determinado conceito trabalhado no
processo ensino-aprendizagem, conhecimentos sistematizados e ensinados na
escola.
As atividades práticas e experimentais no ensino de Ciências podem
proporcionar espaço para que o aluno seja construtor de seu conhecimento e
agente de seu aprendizado numa perspectiva de construir uma aprendizagem
significativa de conceitos de física relacionando os novos conceitos ao seu
cotidiano e suas próprias experiências.
De acordo com as diretrizes curriculares, a escolha de estratégias
pedagógicas adequadas à mediação do professor contribui para que o aluno se
aproprie de conceitos científicos de forma mais significativa. As atividades
experimentais no ensino de ciências são estratégias fundamentais, pois podem
contribuir para a superação de obstáculos na aprendizagem de conceitos
científicos (PARANÁ, p. 37, 2008).
A atividade experimental para Carvalho (2004) pode ser uma estratégia
utilizada na criação de conflitos cognitivos, onde o aluno aprende confrontando
suas concepções espontâneas com os fenômenos ou com resultados
experimentais, e pode perceber que o conhecimento científico se faz através de
uma construção. A atividade experimental apresenta algumas vantagens em
relação à atividade teórica. Para Gaspar, durante a atividade experimental,
todos os parceiros vão discutir os mesmos questionamentos, uma das
condições essenciais para que se desenvolva uma interação social que tornem
as explicações mais acessíveis e eficientes, dito por ele como objetivo
fundamental das atividades experimentais. Uma segunda vantagem está na
produção dessa interação, pois a atividade teórica é restrita, limitada pelo
enunciado, com respostas previamente conhecidas, desestimulando
questionamentos importantes. Gaspar (2003 p.25) afirma que a atividade
experimental, mesmo as que seguem roteiros pré-estabelecidos podem ser
enriquecidas com questionamentos, não há respostas prévias, rigorosamente
corretas e as incertezas são inevitáveis, há mais a ser discutido o que leva às
interações sociais mais ricas.
O autor considera ainda que o objetivo da Atividade Experimental deve
ser eliminar o bloqueio de preconcepções já trazidas pelo aluno, para
possibilitar a aquisição das concepções cientificamente corretas, para uma
mudança conceitual.
No fim da década de 1950, surgiram teorias que traziam uma nova visão
do processo de ensino e aprendizagem e para a atividade experimental no
ensino de ciências. Essas teorias apontavam como objetivo propiciar aos
alunos a redescoberta da ciência, de seus princípios e de suas leis.
Em algumas escolas já haviam materiais destinados para práticas dos
alunos e salas mais adequadas ao funcionamento de laboratórios, mas ainda
prevalecia o uso da aula teórica em detrimento da atividade experimental e
mesmo durante sua realização eram seguidos roteiros que conduziam a uma
atividade proposta, mas nem sempre chegava a uma aprendizagem significativa
dos conceitos trabalhados.
A aprendizagem significativa no ensino de ciências implica no
entendimento de que o aluno aprende conteúdos científicos escolares quando
lhes atribui significados. Isso põe o processo de construção de significados
como elemento central do processo ensino e aprendizagem (PARANÁ, 2008, p.
21).
Para Ausubel (1968 apud MOREIRA, 1982) a ocorrência da
aprendizagem pressupõe disposição da parte do aluno em relacionar o material
a ser aprendido de modo substantivo e não arbitrário à sua estrutura cognitiva.
Para que isso ocorra há necessidade de que o aluno manifeste uma
disposição de relacionar o novo material de maneira substantiva e não arbitrária
na sua estrutura cognitiva, e não apenas memorizá-lo, para que o processo da
aprendizagem não se torne mecânico e sem significado. Quanto ao material a
ser aprendido deve ser potencialmente significativo para que possa interagir
com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva do aluno.
Para haver uma aprendizagem significativa é preciso que o aluno não só
tente memorizar, mas possua uma posição ativa perante sua aprendizagem,
buscando associar os novos conceitos apresentados com aqueles pertencentes
à sua estrutura cognitiva.
Pode-se, então, dizer, que a aprendizagem significativa ocorre quando
nova informação “ancora-se” em conceitos relevantes (subsunçores)
preexistentes na estrutura cognitiva. Ou seja, novas idéias, conceitos,
proposições, relevantes e inclusivas estejam, adequadamente claras e
disponíveis, na estrutura cognitiva do indivíduo e funcionem, dessa
forma, como ponto de ancoragem às primeiras (MOREIRA, 2006, P.
15)
A aprendizagem significativa no ensino de Ciências pode ser alcançada,
à medida que os conceitos ou novas informações interagem com conceitos
“subsunçores” existentes na estrutura cognitiva do aluno. O “subsunçor” é um
conceito, uma idéia, uma proposição já existente na estrutura cognitiva, capaz
de servir de “ancoradouro” a uma nova informação de modo que esta adquira
assim significado para o indivíduo, isto é, que ele tenha condições de atribuir
significados a essa informação. (MOREIRA, 2006 P.15).
A aprendizagem significativa só vai ocorrer se os novos conceitos se
ancorarem em conceitos (subsunçores) já existentes na estrutura cognitiva,
num processo de interação entre os antigos e novos significados.
O desenvolvimento cognitivo é, segundo Ausubel, um processo
dinâmico no qual, novos e antigos significados estão constantemente
interagindo e resultando em uma estrutura cognitiva mais diferenciada,
a qual tende a uma organização hierárquica, na qual conceitos e
proposições mais gerais ocupam o ápice da estrutura e abrangem,
progressivamente, proposições e conceitos menos inclusivo, assim
como dados factuais e exemplos específicos. (MOREIRA, 2006, p.41)
Por outro lado pode ocorrer a aprendizagem mecânica, onde novas
informações são aprendidas, praticamente sem interagirem com os conceitos
relevantes existentes na estrutura cognitiva, sem se ligarem a conceitos
subsunçores específicos (MOREIRA, 2006 p.16). Muitas vezes a memorização
de fórmulas, conceitos e leis, pode ser considerada uma aprendizagem
mecânica, pois não apresenta interações como acontece na aprendizagem
significativa. Mas, às vezes a aprendizagem mecânica se torna necessária,
para Ausubel aprendizagem significativa e mecânica não é uma dicotomia e sim
um continuum. Os conceitos físicos na disciplina de ciências podem ser
aprendidos mecanicamente e significativamente.
A aprendizagem pode ser realizada por descoberta ou recepção, na
aprendizagem por recepção os conceitos devem ser apresentados na sua
forma final, enquanto na aprendizagem por descoberta, eles devem ser
descobertos pelo aluno e só será significativa se o conteúdo descoberto se
incorporar à estrutura cognitiva do aluno. Por isso, um conceito físico pode ser
aprendido significativamente sem que o aluno tenha que descobrí-lo. Ele pode
receber o conceito pronto desde que na estrutura cognitiva tenha os
subsunçores adequados. Sendo assim a aprendizagem de Conteúdos pode
acontecer tanto na forma receptiva ou por descoberta. Em sala de aula a maior
parte da instrução é orientada de forma receptiva, o aluno não é obrigado a
descobrir os conteúdos para compreendê-los e usá-los significativamente.
Uma estratégia facilitadora da aprendizagem significativa muito utilizada
por Moreira como instrumento potencialmente útil no ensino é a técnica do
mapeamento conceitual, um instrumento potencialmente útil no ensino, na
avaliação da aprendizagem e na análise do conteúdo curricular.
Os mapas conceituais são esquemas conceituais que indicam relações
hierárquicas entre conceitos de uma disciplina e derivam sua existência da
própria estrutura conceitual da disciplina. Podem ser usados como instrumento
de ensino e/ou aprendizagem, para mostrar as relações hierárquicas entre os
conceitos que estão sendo ensinados em uma aula, uma unidade, ou em um
curso inteiro (MOREIRA, 2006, p.49).
Segundo Moreira (2000, p. 242),
Os mapas conceituais podem ser utilizados em todas essas etapas
mencionadas a seguir, assim como na obtenção de evidências de
aprendizagem significativa: i) identificar a estrutura de significados no
contexto da matéria de ensino; ii) identificar os subsunçores
necessários para a aprendizagem significativa da matéria de ensino;
iii) identificar os significados preexistentes na estrutura cognitiva do
aprendiz; iv) organizar seqüencialmente o conteúdo e selecionar
materiais curriculares, usando as idéias de diferenciação progressiva
e reconciliação integrativa como princípios programáticos; v) ensinar
usando organizadores prévios, para fazer pontes entre os significados
que o aluno já tem e os que ele precisaria ter para aprender
significativamente a matéria de ensino.
Dessa maneira, esta investigação teve como objetivo identificar o
impacto das atividades práticas e experimentais como estratégia pedagógica no
ensino de Ciências do ensino fundamental e verificar se sua utilização pode
proporcionar uma aprendizagem significativa de conceitos científicos de física,
contextualizando e promovendo uma integração entre a teoria e a prática.
2 METODOLOGIA
O presente trabalho de investigação do uso das atividades experimentais
desenvolve-se sob a perspectiva de pesquisa qualitativa que tem como
características enfatizar a descrição, a indução, a teoria fundamentada e o
estudo das percepções pessoais, para “a compreensão dos comportamentos a
partir da perspectiva dos sujeitos da investigação" (BOGDAN E BIKLEN, 1994,
p. 16 apud FREITAS, 2002).
O estudo foi realizado com alunos de uma sala de aula de 8ª série do
Ensino fundamental, da Escola Estadual Professor Paulo Mozart Machado, em
Uraí, no estado do Paraná, utilizando as atividades práticas e experimentais
contidas em um caderno pedagógico elaborado como parte do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) do governo do Estado do Paraná, visando
melhorar a qualidade de ensino da escola pública.
As atividades práticas e experimentais foram desenvolvidas para aulas
de 50 minutos, com materiais de baixo custo e de fácil manuseio para os
alunos.
Para a realização da pesquisa em questão foram aplicados os
questionamentos do quadro 1 e 2 e a construção do mapa conceitual, aos
alunos, antes da realização das atividades práticas e experimentais para o
levantamento dos conhecimentos prévios e espontâneos sobre os conteúdos
que seriam abordados.
Após a realização das atividades práticas e experimentais, os
questionamentos e o mapa conceitual (quadro 1 e 2) foram aplicados
novamente, para verificar se houve aprendizagem do conteúdo abordado.
Assim, os questionamentos e a construção de mapas conceituais foram
realizados antes e após a aplicação das atividades experimentais.
Os temas das aulas envolvendo as atividades práticas e experimentais
eram sobre o conteúdo de mudanças de estado físico da matéria e a influência
da temperatura e pressão nestes fenômenos, que fazem parte do caderno
pedagógico. Seguem abaixo as etapas de aplicação das atividades.
Na primeira etapa, os alunos devem responder a um questionário
(Quadro 1 e Quadro 2), que contém perguntas sobre o conteúdo que seria
tratado posteriormente. Este questionário foi aplicado com o intuito de
realizarmos o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos a respeito
dos temas estudados, antes da realização das atividades práticas e
experimentais. Essa investigação dos conhecimentos prévios dos alunos sobre
os conteúdos serviu de parâmetro para o direcionamento do trabalho do
professor, para que, após o estudo do conteúdo e a aplicação destas mesmas
questões e de outras mais específicas, o professor possa verificar a construção,
interação e transformação dos conhecimentos, no processo de ensino e
aprendizagem.
Quadro 1: Ficha de questionamentos do pré-teste empregada no presente estudo sobre as mudanças de estado físico da matéria.
Questionamentos do pré-teste:
1. O ORVALHO CAIU. É correto dizer que o orvalho cai?
2. “ESTA NOITE VAI CAIR GEADA”. Esta expressão corresponde ao que ocorre na Natureza? Por que ocorrem as geadas?
3. Quando você segura um cubo de gelo na mão o que acontece. Por que?
4. Colocando-se um líquido gelado no copo, formam-se gotículas, no lado de fora, por que isto acontece?
5-Construa um mapa conceitual com as palavras-chave: átomos – temperatura – calor – mudanças de estado físico
Quadro 2: Ficha 2 de questionamentos sobre calor e as mudanças de estado físico da matéria.
Questionamentos do pré-teste
1-Qual a relação do calor com a subida do nível do mercúrio no termômetro ou com a água colocada para ferver.
2-O que você entende por calor?
3-Sentir frio é o contrário de sentir calor?
4- Ao aquecer uma substância no estado sólido, líquido ou gasoso o que ocorre com suas moléculas (átomos)?
5-Como você faz a diferença entre temperatura e calor?
6-Faça um mapa conceitual usando as palavras chaves; moléculas (átomos) – calor – temperatura – energia – termômetro.
Na segunda etapa, antes de cada atividade experimental, os alunos
recebiam um roteiro para ser preenchido no laboratório, que orientava o aluno
para que realizasse as observações pertinentes à aula (Quadro 3 e 4). Nestes
roteiros continham os objetivos das atividades experimentais, os materiais a
serem empregados, o procedimento experimental e sugestões de
questionamentos para que fizessem observações sistematizadas dos
experimentos.
A atividade experimental era planejada de acordo com as respostas
obtidas no pré-teste, com a tentativa de que as respostas cientificamente
incorretas pudessem sofrer mudanças por meio da utilização de experimento,
com o intuito de promover um questionamento sobre as idéias prévias dos
alunos.
Quadro 3: Atividades práticas e experimentais sobre as mudanças de estado físico da matéria realizadas após os questionamentos do Quadro 1.
1-Atividade Prática: Ponto de Fusão Objetivo: -Demonstrar que a temperatura permanece constante enquanto o gelo está derretendo. -Mostrar o ponto de fusão do gelo a 0°C. Material: Cubos de gelo Béquer de 250 ml (copo vidro) Termômetro (-10°C a 110°C) Procedimento: Colocar os cubos de gelo no béquer, mergulhar em seguida o bulbo do termômetro dentro do béquer. Anotar a temperatura registrada no termômetro enquanto o gelo está derretendo. Sugestão de Questões: a) Durante a fusão do gelo, qual a temperatura registrada? b) A temperatura variou enquanto o gelo derretia? c) Como ficou a temperatura depois que o gelo derreteu? d) Quando a matéria (água) passa do estado sólido para o líquido ela perde ou ganha calor? 2-Atividade prática: Condensação Objetivo: -Observar a condensação do vapor de água da atmosfera. Material: -1 copo e água gelada com pedaços de gelo. Procedimento: colocar a água e os pedaços de gelo no copo e observar. Sugestão de questões: a) O que aconteceu com a parte externa do copo? b) O que se formou? Qual o nome do fenômeno que ocorreu? c) Como se explica? 3- Atividade Prática: Formação da geada Objetivo: - Compreender a formação da geada. -Explicar a mudança de estado ocorrida no processo. Material utilizado: - Lata de refrigerante vazia sem a tampa. -Gelo picado -Sal grosso -Termômetro Procedimento: Coloque gelo picado até aproximadamente a metade da latinha de refrigerante. Coloque o sal grosso até mais ou menos um quarto do volume da latinha. Mexa a mistura e observe o que vai acontecer. Espere uns 5 minutos e use o termômetro para medir a temperatura. Sugestão de questões:
a) Qual a temperatura encontrada? b) Como se formou o gelo na latinha? c) Houve mudanças de estado? d) Quais as condições para a formação da geada? e) Como se explica o fato da água permanecer líquida nesta temperatura? f) Por que nos países onde neva coloca-se sal nas calçadas sobre o gelo? Quadro 4: Atividades práticas e experimentais realizadas após o questionamento do Quadro 2. 1- Atividade Prática: Ebulição da água. Objetivos: - Observar como ocorre a ebulição da água. -Descrever as mudanças que ocorrem com a água durante o processo de ebulição. -Representar a variação da temperatura durante dos materiais durante a duração do experimento. Material: -Béquer de 250 ml contendo água até a metade com uma colher de sal dissolvido (100 ml) - Lamparina a álcool -Tripé e tela de amianto -Termômetro de laboratório - Colher Procedimento: Cobrir o tripé com a tela de amianto e colocar a lamparina sob ele. Colocar o béquer com água sobre a tela de amianto. Antes de iniciar o aquecimento medir a temperatura da água. Acender a lamparina e observar o que ocorre com a água durante o aquecimento e ir anotando a temperatura a cada minuto. Observar e anotar a temperatura em que se inicia a ebulição. Após a água entra em ebulição medir a temperatura mais 3 (três) vezes de um em um minuto. Anotar todas as modificações durante o aquecimento e ebulição da água. Repita todo o procedimento com a água com sal. Sugestão de Questões: a) Que modificações ocorrem com a água durante o aquecimento, na sua aparência e temperatura? b) Ao que se atribui às mudanças que ocorrem com a água durante o seu aquecimento? c) Em qual temperatura a água entra em ebulição? d) E a água salgada, em que temperatura entra em ebulição? e) O que ocorre com a temperatura da água salgada durante a ebulição? f) O que aconteceu com a temperatura durante o aquecimento da água pura? g) O que aconteceu com a temperatura durante a ebulição da água pura? f) Represente através do gráfico a variação da temperatura dos materiais aquecidos durante o tempo do experimento. 2- Atividade Prática: Corpo quente e Corpo frio
Objetivo: - Perceber as sensações térmicas de quente e frio. Materiais: Três recipientes: um com água gelada, outro com água morna e outro com água à temperatura ambiente (da torneira).
Procedimento: Colocar os recipientes próximos um do outro como mostra a figura. Mergulhar ao mesmo tempo uma mão no recipiente com água gelada e outra no recipiente com água morna. Ficar assim por 1 minuto. Em seguida colocar as mãos no recipiente com água na temperatura ambiente.
Sugestão de questões: a) O que percebeu? b) Que conclusão chegou com este experimento? c) Qual a sensação térmica na mão nos três recipientes? 3- Atividade Prática: Transferência de Energia Térmica Objetivo: - Comprovar que a energia térmica se propaga de um corpo para o outro. Material: - Uma lâmina metálica -Pedaços de parafina -Fonte de calor (vela acesa)
Procedimento: Colocar um pouco de parafina em três pontos diferentes de uma lâmina, próximos de uma das extremidades, e aquecer a outra extremidade, em pouco tempo a parafina começará a derreter. Sugestão de Questões: a) O que ocorre neste processo para a parafina derreter? b) Como é conduzida a energia térmica pelos materiais? c) Por que o pedaço de parafina próximo à extremidade demora mais para derreter? Após a realização das atividades experimentais, os alunos são
novamente questionados com as mesmas perguntas feitas no pré-teste (quadro
1 e 2). O pós-teste ajuda a avaliar quais conceitos são apropriados de forma
significativa pelos alunos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisadas as respostas dos alunos antes e após a realização das
atividades práticas experimentais. De acordo com a reflexão feita por Moreira
(2006), sobre a aprendizagem significativa, através da interação, o
conhecimento escolar ganha significado e o conhecimento prévio se torna mais
rico, tornando o aprendizado menos complexo, pois, aprendemos melhor a
partir do que já conhecemos.
3.1 ANÁLISE DOS DADOS DO QUADRO 1
Na questão 1, consideramos como adequadas as respostas que
explicaram que o orvalho não cai, mas se forma pela condensação do vapor de
água que está na atmosfera. Na questão 2, sobre a geada, consideramos
adequadas as respostas em que foi explicado que as geadas se formam
quando ocorre solidificação. Na questão 3, sobre o gelo derretendo na mão,
consideramos que o gelo derrete porque ganha calor da mão, sofrendo uma
fusão. Na questão 4, sobre as gotículas no lado de fora do copo com água
gelada, consideramos adequada as respostas que explicaram que está
ocorrendo a condensação do vapor de água da atmosfera.
A aluna P. M. M. quando questionada sobre: É correto dizer que o
orvalho cai? (questão1) Respondeu no questionamento prévio: “-Sim”. Quando
questionada após a realização das atividades experimentais relacionadas ao
tema, respondeu: “-Não, o orvalho se forma quando o vapor do ar toca em uma
superfície fria e vira gotículas de água.” Na questão 4, sobre as gotículas que
se formam no lado de fora de um copo com líquido gelado, ela respondeu
inicialmente: “-Porque a água do copo está gelada e quando o calor do
ambiente toca o copo forma as gotículas de água.” No pós-teste ela respondeu:
“-Porque o vapor que está no ar toca no copo frio e condensa.” Com estas
respostas percebe-se que mesmo com dificuldade de escrever um conceito
sobre fusão, solidificação e condensação, o aluno consegue se apropriar do
conhecimento científico.
O aluno R. C. R. sobre o cubo de gelo na mão da questão 3, respondeu
no pré-teste: “-Ele vai derretendo, porque o frio sempre passa para o corpo
quente.” No pós teste, desta mesma questão respondeu: “- A mão queima e o
gelo derrete porque a mão perde calor e o gelo ganha calor.” Nesta questão
nota-se que o aluno entendeu que matéria pode perder ou ganhar calor.
Na colocação da aluna A. A. K. sobre a questão 2, no pré-teste: “-Devido
à baixa temperatura, as gotículas de orvalho se resfriam formando pequenos
flocos de gelo.” No pós-teste sua colocação sobre a mesma questão foi: “-
Quando a temperatura está muito baixa, as gotículas do vapor de água se
congelam quando tocam a superfície.” Na questão 4 a aluna respondeu da
mesma forma nos questionamentos prévios e posteriores às atividades
experimentais, escrevendo que: “-O vapor de água que estava na atmosfera
condensa quando toca na superfície gelada do copo.” Nestas questões a aluna
demonstra já ter um conceito formado de mudanças de estado da matéria.
Na análise dos resultados obtidos através dos questionamentos
(quadro 1) feitos antes da realização das atividades experimentais (quadro 3), a
porcentagem de alunos que não tinham um conceito formado sobre os
conteúdos de mudança de estado da matéria (fusão e condensação e
evaporação), é muito grande em relação à porcentagem de alunos que
demonstraram ter este conhecimento, como pode-se ver na tabela 1,
Tabela 1: Análise dos Resultados Obtidos Sobre as Questões Apresentadas para Levantamento de Conhecimentos Prévios (Quadro1) - Aplicadas Antes da Realização das Atividades Experimentais (Quadro 3) QUESTÕES 1 2 3 4
Conhecimentos prévios
cientificamente inadequados
90% 80% 70% 85%
Conhecimentos prévios
cientificamente adequados
10% 20% 30% 15%
Fonte: Maria José Cremasco Zechim (2009)
Após a realização das atividades experimentais do quadro 3, pode-se perceber pela aplicação dos questionamentos do quadro 1, que a porcentagem de alunos que conseguiram se aproximar do conceito cientificamente correto é maior , em relação à porcentagem daqueles que não tiveram a aprendizagem desejada ( tabela 2).
Tabela 2: Análise dos Resultados Obtidos Após o Quadro 3
QUESTÕES 1 2 3 4
Aproximaram parcialmente do
conceito científico
5% 25% 30% 30%
Conseguiram se aproximar do
conceito cientificamente correto
50% 35% 55% 35%
Não conseguiram se aproximar
do conceito cientificamente
correto
45% 40% 15% 35%
Fonte: Maria José Cremasco Zechim (2009)
3.2 ANÁLISE DOS DADOS DO QUADRO 2
A comparação feita do pré-teste com o pós-teste, após a realização das
atividades experimentais do Quadro 4, demonstrou uma outra representação
em relação aos conceitos prévios apresentados anteriormente pelos alunos.
Na questão 1, consideramos como adequadas as respostas que
explicaram que o calor faz com que as moléculas se agitem, e vibrem
aumentando seu volume. Na questão 2 consideramos adequadas as respostas
que explicaram: Calor é a quantidade de energia que passa de um corpo para
outro quando há uma diferença de temperatura entre eles. Na questão 3,
consideramos adequadas as respostas onde foi explicado: Não, sentir frio é
perder calor, é a falta de calor no corpo. Na questão 4, resposta correta: Ao
aquecer uma substância as suas moléculas se movimentam, se agitam e
vibram, e podem mudar o estado físico da matéria. Na questão 5, as respostas
consideradas adequadas seriam: Calor é a quantidade de energia que passa de
um corpo para o outro e temperatura é a medida do calor de um corpo.
A aluna B. A. respondeu nos questionamentos prévios sobre a relação do
calor com a subida do mercúrio no termômetro ou a água colocada para ferver
que quando aumenta o calor, da questão 1 que: “-Com o calor o mercúrio se
dilata e acaba subindo, isso ocorre quando o mercúrio esquenta e as moléculas
se movimentam.” Questionada após a realização da atividade prática
respondeu que: “-A água e o mercúrio esquentam através do calor fazendo com
que as moléculas se movimentem e vibram e o nível do mercúrio sobe e a água
ferve.” Na questão 4, sobre o que ocorre com as moléculas ao aquecer uma
substância respondeu no pré-teste que: “-Elas vibram mais fortes e se
movimentam.” No pós-teste respondeu que: “- As moléculas vibram mais forte
se movimentam mais e muitas vezes mudam de estado.”
O aluno G.M.N. respondeu ao questionamento prévio sobre o que ocorre
com uma substância no estado sólido, líquido ou gasoso ao ser aquecida, da
questão 4, que: “-As moléculas começam a se movimentar mais rápido.” No
pós-teste respondeu que: “-Há aumento de agitação, vibração e movimento das
moléculas.” Sobre o que entende por calor,na questão 2, respondeu
inicialmente que: “-Calor é uma fonte de energia que pode ser passada de um
corpo para outro.” Nos questionamentos posteriores respondeu que: “-Calor é
uma energia que passa de um corpo para o outro devido a uma diferença de
temperatura.” Na questão 3, respondeu nos questionamentos prévios que: “-
Sim, quando sentimos frio é porque nosso corpo não tem muita energia, quando
sentimos calor, nosso corpo produz muita energia.” Nos questionamentos
posteriores respondeu que: “-Não. Sentir frio não existe, esta sensação é na
verdade a perda de calor.”
O aluno L.F.D.A na questão 5 sobre a diferença entre temperatura e calor
respondeu no pré-teste que: “-Calor é a diferença entre as temperaturas de um
corpo,” no pós-teste ele respondeu que: “-Calor é a quantidade de energia de
um corpo e a temperatura é a medida de calor que passa de um corpo para o
outro”.
Pode-se perceber através da análise dos resultados obtidos com as
respostas das questões do quadro 2, aplicadas nos alunos antes da realização
das atividades experimentais, que a porcentagem dos alunos com
conhecimentos prévios cientificamente inadequados sobre as mudanças de
estado físico da matéria e calor, era maior em relação à porcentagem daqueles
que já tinham um conhecimento sobre o conteúdo questionado, mostrado na
tabela 3.
Tabela 3: Análise dos Resultados Obtidos Antes da Aplicação da Atividade
Referente ao Quadro 4
QUESTÕES 1 2 3 4 5
Conhecimentos prévios
cientificamente inadequados
65% 65% 65% 75% 80%
Conhecimentos prévios
cientificamente adequados
35% 35% 35% 25% 20%
Fonte: Maria José Cremasco Zechim (2009)
Analisadas as respostas das questões do quadro 2, feita pelos alunos
após a realização das atividades experimentais pode-se perceber que a
porcentagem de alunos que conseguiram se aproximar dos conceitos
cientificamente corretos é bem maior do que aqueles que não a conseguiram,
mostrado na tabela 4.
Tabela 4: Análise dos Resultados Obtidos Após a Aplicação das Atividades
Referentes ao Quadro 4
QUESTÕES 1 2 3 4 5
Aproximaram parcialmente do
conceito científico
10% 10% 25% 20% 15%
Conseguiram se aproximar do
conceito cientificamente correto
85% 75% 60% 75% 70%
Não conseguiram se aproximar
do conceito cientificamente
correto
5% 15% 15% 5% 15%
Fonte: Maria José Cremasco Zechim (2009)
Analisadas as questões de cada aluno e comparados com os resultados
(tabela 1 e 2), percebeu-se que os alunos questionados antes das atividades
práticas tinham pouco conhecimento sobre o conteúdo, ao analisar as mesmas
questões após a realização das atividades práticas e experimentais verificou-se
que conseguiram se aproximar dos conceitos cientificamente corretos e não
apenas memorizá-los mecanicamente. Ao realizar os questionamentos prévios,
os alunos perceberam que não sabiam as respostas e por isso se interessaram
ainda mais em realizar as atividades práticas e descobrir as respostas corretas
de conceitos que fazem parte de seu cotidiano e que sempre estão ouvindo
falar e muitas vezes não sabem responder, levando para o seu cotidiano os
conceitos que haviam aprendido sobre calor, temperatura, e mudança de
estado físico da matéria.
A análise dos estudos sobre a utilização das atividades práticas e
experimentais sugere que esta estratégia pode ser muito importante no ensino e
aprendizagem de Ciências, quando mediada pelo professor de forma a
desenvolver o interesse dos alunos e criar situações de investigação e
formação de conceitos potencialmente significativos.
Com a manipulação, observação ou demonstração dos recursos como as
vidrarias, reagentes, instrumentos e equipamentos ou de materiais alternativos
usados para superar os obstáculos na aprendizagem, os alunos puderam
refletir sobre o conteúdo em estudo e os contextos que o envolvem e se
apropriar dos conceitos significativos.
3.3 MAPAS CONCEITUAIS
Os mapas conceituais foram utilizados para verificar como estavam
organizados os conceitos na estrutura cognitiva dos alunos. Foram
confeccionados mapas conceituais antes de realizar atividades práticas (prévio)
e após (posterior) a atividade experimental, para avaliar se ocorreu a
aprendizagem dos conteúdos, no sentido de obter informações sobre o que o
aluno sabe em termos conceituais, como está sua estrutura cognitiva nos
conhecimentos prévios e investigar se houve interações em sua estrutura
cognitiva durante a realização das atividades experimentais.
A utilização dos mapas conceituais como uma ferramenta facilitadora da
aprendizagem, avaliação e análise do conteúdo curricular foi importante, pois,
proporcionou a utilização de uma estratégia nova no ensino fundamental. Foi
difícil trabalhar com este instrumento, mas levou o aluno a pensar sobre os
conceitos e organizá-los, facilitando a aprendizagem. Mas, como forma de
avaliação da aprendizagem significativa, os mapas conceituais prévios
confeccionados não puderam ser utilizados. Por ser uma ferramenta nova, os
alunos apresentaram dificuldades em mapear os conceitos científicos
adquiridos.
Serão apresentados alguns exemplares de mapas conceituais feitos
pelos alunos após a realização das atividades experimentais, utilizados apenas
como ilustração.
Mapa Conceitual 1: Feito pelo aluno A. P. R. F.
Mapa Conceitual 2: Feito pela aluna K. L. G.
Mapa 3: Feito pelo aluno G. M. N. T.
4 CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi apresentar encaminhamentos metodológicos
e estratégias que demonstrem que as atividades práticas e experimentais são
instrumentos capazes de despertar o interesse dos alunos, com aulas mais
dinâmicas e motivadoras, promovendo situações de investigação,
compreensão, interpretação e discussão de conceitos científicos, levando às
reflexões e conclusões que possibilitem a construção do conhecimento
científico e do crescimento cognitivo.
Esta proposta de implementação verificou a importância do uso das
atividades práticas e experimentais no ensino de ciências, com a promoção de
uma interação entre a teoria e a prática, uma contextualização dos conteúdos
escolares, valorizando os conhecimentos prévios para a construção dos
conhecimentos, de forma a permitir que o aluno tenha uma aprendizagem
significativa.
Tentamos ainda verificar como uma mediação baseada em atividades
experimentais, junto com a utilização de uma investigação dos conhecimentos
prévios dos alunos e a construção de mapas conceituais poderia causar uma
aprendizagem significativa de conceitos científicos.
Através dos resultados obtidos conclui-se que as atividades
experimentais contribuem para a aprendizagem de conceitos científicos,
ajudando o aluno a integrar esse conhecimento em sua estrutura cognitiva. As
atividades experimentais despertam nos alunos um grande interesse e
motivação para as aulas de Ciências, levando o aluno a integrar o
conhecimento em sua vivência.
Esta pesquisa proporcionou-me uma grande experiência profissional,
com muitos desafios e muitas dificuldades, pois os alunos nem sempre estão
preparados para mudanças de estratégias no ensino e nem sempre estão
predispostos a aprender. Mas, a investigação da importância do uso de
atividades experimentais em aulas de Ciências deve ser alvo de educadores,
pois consiste em uma metodologia que pode ser ainda muito explorada na
formação do saber científico.
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